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INTRODUÇÃO
adolescente faz-se necessário pensarmos sobre a família e seus conceitos e, como ela é vista
para o crescimento das gerações mais novas e lugar de bem-estar de todos os seus membros;
tanto isso é assim que, o Estatuto da Criança e do Adolescente, (ECA- 1990), no sentido de
dizer que as crianças e adolescentes, que devem receber proteção e assistência para se
desenvolverem plenamente, priorizou-a como o meio por excelência para que isto aconteça.
Mas, por outro lado, a família nem sempre consegue cumprir adequadamente suas
familiar, sendo a presença da violência um deles, ou seja, o lugar que deveria ser seguro
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Entrevista com o participante número 12.
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Os dados revelam que a violência que atinge as crianças é muito grande; a literatura
internacional mostra que 70% dos atos de violência física contra crianças, em geral, são
praticados pelos pais, sendo as faixas etárias mais vulneráveis de 7 a 13 anos, SAFFIOTI
(1999).
(MINAYO, 1999, 2001; PASCOLAT, 2001), é praticada dentro do lar, tendo como
contra as crianças e adolescentes, vamos conceituar família, famílias essas que muitas vezes,
são as responsáveis pela violência doméstica contra a criança e adolescente, que é o assunto
desse estudo.
considerada como o primeiro socializador e, com funções estabelecidas não poderia deixar de
mutável de acordo com a cultura em que seus membros se inserem. É invariável, porém, que
grupo.
“um grupo social composto de indivíduos diferenciados por sexo e por idade, que
se relacionam cotidianamente, gerando uma complexa e dinâmica trama de
emoções; ela não é uma soma de indivíduos, mas um conjunto vivo, contraditório e
cambiante de pessoas com sua própria individualidade e personalidade ”
BRUSCHINI (1997, p. 77).
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Existem vários conceitos a serem atribuídos para a família, pois esse é um assunto e
Para, BIASOLI-ALVES (1999), “A família é um tema que vem sendo muito estudado,
históricos para outro, que iram determinar sua existência como também o papel
desempenhado por cada elemento que a compõem, sendo assim, BIASOLI-ALVES (1995)
diz que,
“a família vem sendo transformada por variáveis amplas do social, pelo momento
histórico, pela cultura em que esta inserida, mas que também ao assimilar o que
vem de fora ela modifica e devolve ao casal um produto novo, que por sua vez o
altera, e assim indefinidamente.”
A família além das mudanças históricas, por quais passa, tem também as diferenças de
uma sociedade para a outra, fazendo com que ela a cada período de tempo seja pensada de
Assim sendo a família está sempre em constante mudança, seja em sua estrutura ou
organização, não existindo portanto modelos prontos e acabados, pois não é possível pensar
na família como sendo um modelo pronto, não sujeito as alterações dos períodos de cada
Isso permite que se compreenda melhor as diferentes definições bem como as funções
que a ela são atribuídas, o que exige também que se analisem as alterações por que passa.
É certo que a concepção de família ao longo dos séculos vem se alterando, não
existindo uma definição única e abrangente, observando-se que muitas vezes, cada
pesquisador, dentro de seu contexto, adota uma definição para família; como pode ser
constatado a seguir.
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própria noção do que é família, da que é considerada como ideal e também da real.
Para (SZMANSKI; DIAS, 1995); a família é composta por pai, mãe e crianças
O modelo familiar nuclear que hoje é comum, composto de marido, esposa e filhos, é
descendente do modelo burguês surgido no século XVIII, que coloca o lar como sendo o
refúgio da vida social, o lugar de afeto mútuo, de privacidade individual e de socialização das
crianças. Nesse modelo, a relação entre pais e filhos tornou-se mais íntima e amorosa, focada
no mito do amor materno incondicional. Em que o pai assume o papel de figura moral que
mantém e protege a esposa e os filhos; a mãe é que tem como função a educação dos filhos e
da família, em que o marido/pai exerce poder sobre a esposa e filhos e apresenta uma divisão
A família pode ser compreendida a partir do número de integrantes que fazem parte
A família também é vista por suas relações e ligações que formam entre seus
membros, sendo assim, LAING (1983); diz que essas relações familiares se caracterizam por
com os membros morando na mesma casa, permanece como o modelo mais comum; ainda
de família e, as relações homossexuais surgem como novas formas de famílias nos últimos
anos e que ultimamente a justiça tem permitido a esses novos casais terem o direito de adotar
uma criança.
A família tem sua concepção centrada a uma construção cultural definida e redefinida
Como pode ser observado são muitas as formas como cada pesquisador pensa em
características intrínsecas ao próprio sistema familiar, mas podendo mudar diante das
Para OSÓRIO (1996, p. 16), a definição de família apresenta um conceito mais amplo;
“família é uma unidade grupal onde se estabelecem três tipos de relações pessoais-
aliança-casal, filiação – pais e filhos e consangüinidade – irmãos – e que a partir
dos objetivos genéricos de preservar a espécie, nutrir e proteger a descendência e
fornecer-lhes condições para a aquisição de suas identidades pessoais,
desenvolveu através dos tempos funções diversificadas de transmissão de valores
éticos, estéticos, religiosos e culturais” (p-16).
- lá nos coloca a frente de uma realidade muita próxima, que é a definição de família, que
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temos como um modelo interiorizado e idealizado, “que se confunde com o que somos, com
Para falar de família no século XXI, torna-se necessário fazer uma contextualização,
Para isso torna-se importante falar sobre a mulher, pois a família que sofre tantas
O que se observa nas famílias é que a grande maioria das mulheres tem sua vida
inteiramente definida pelos ditames da família, e nos moldes da sociedade em que ela está
inserida.
a que ela era submetida dava-lhe como uma única opção ser dedicada a casa, marido e filhos,
A situação da mulher não era tão favorável e no Brasil, até as últimas décadas do
século XVIII e primeiras do XIX, os casamentos eram arranjados e impostos, era um contrato
essencialmente diferente, ela educada para ser amável, prestativa, modesta, prendada e
trabalhadeira, devendo se tornar boa esposa e boa mãe, ele ensinado para assumir
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responsabilidades da casa e da vida familiar, que era o elo entre o privado e o público, que
Já a educação dos meninos seguia caminhos diversos, a começar pelos brinquedos que
exigiam uma atividade física muito maior, são bolas, pipas, carros, bicicletas, as brincadeiras
os levavam para fora de casa e desde cedo aguçavam suas noções de espaços e de limites.
mulher ao longo do século XX, tendo como foco a família e a sociedade, afirma que os
padrões rígidos vão sendo alterados vagarosamente nesse período, fruto de 'macro' varáveis
do social, como a crescente industrialização e urbanização, mesmo nos países, até esse
KALOUSTIAN (1998) faz uma análise das décadas de 50 e 60 sobre a influência que
influência a mulher ter uma redefinição, de seu papel na família e na sociedade, o que
família e na vida das mulheres que a partir desse momento podem determinar sua fecundidade
e escolherem o melhor momento para serem mães, caso queiram ser, isso provoca na
Os anos 70, para SEGALEN (1999), foram marcados pela entrada das mulheres das
camadas médias no mercado de trabalho, que até então permaneciam em casa cuidando dos
filhos e da casa.
As jovens passam a ter direito a uma educação melhor, que aos poucos se compara a
dos homens, passaram a ter direito a universidade, e começam a pensar em uma atividade
No final do século XX, foi comum ouvirmos que a instituição familiar estava
passando por crises e até mesmo poderia se extinguir, mas, a realidade que se apresenta é de
O que esta mudando é o modelo de família nuclear burguesa, onde é formada pela
presença do pai, mãe e filhos, vivendo sob o mesmo espaço físico e em família.
Atualmente o modelo de família que pode existir possibilita várias formas de relações
entre as pessoas, como o casal com filhos - família nuclear, um pai e filhos - família
patrifocal, uma mãe e filhos- família matrifocal, casais que se casaram novamente após a
separação com filhos de outros casamentos - famílias reconstituídas, casais com filhos
desenvolvimento familiar.
A noção de família nuclear tem se apresentado cada vez mais como minoria, uma vez
famílias extensas e sucessivas da inclusão de outros membros além dos membros nucleares ao
Com esses novos laços que se formam a família passa a ter alterações na estrutura, nos
papéis desempenhados por seus membros, e também no tamanho dessas novas famílias que
surgem.
família, tendo diminuído o número de casamentos, bem como de filhos, chegando-se a uma
constituídas, não podem ser vista como uma unidade isolada dentro do contexto social e da
sociedade.
Pensar em família nos dias de hoje, leva-nos a dizer que cabe a ela a obrigatoriedade
de ser a transmissora de vínculos de afeto, como também dos valores morais, e principalmente
ser um lugar seguro e protetor, fazendo com que a criança sinta-se bem e possa ter um
desenvolvimento saudável.
Nesse sentido, BERGER e LUCKMAN (1976, p. 2); afirmam que na tarefa de criar e
membros, responsável por seu cuidado e sobrevivência; é também quem ensina e atribui os
fundamentos da formação do indivíduo, pois através das atitudes, dos valores e dos
familiar responsável pela imagem que ela criará de si, dos outros e, do mundo.
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São muitos os autores que afirmam que a família está relacionada como grupo social
que exerce grande influência sobre a vida das pessoas e de todos que a cercam (ARAÚJO e
FILHO, 1998), buscando, na maioria das vezes que haja bom aprendizado e desenvolvimento.
Mas, há um outro aspecto, que deve ser focalizado hoje, quando se discute
Pensando assim, não podemos deixar de nos referir como acontece a socialização das
criança.
contribuições muitos importantes na vida dessa criança, fazendo com que a personalidade da
criança se estruture bem, como a sua auto-imagem, e a que tem dos outros e do mundo,
partindo-se dessas idéias, a educação e o modelo de relacionamento que a criança tem dentro
A família não é o único meio que proporciona a socialização, ela tem lócus
privilegiado para tanto, uma vez que tende a ser a responsável pela socialização,
Assim sendo a família torna-se dentro da nossa cultura, um espaço importante para o
desenvolvimento do ser humano uma vez que nela se inicia o processo de construção e da
É na família que se forma toda a base psicológica do individuo, que vão acontecer as
pensar que, ao nascer ela é inserida dentro de um contexto familiar e irá fazer parte de
ambientes formados por crença, culturas, pensamentos já prontos e estabelecidos e dela será
mundo em que existe uma série de significados e comportamentos que ela deverá ter,
ensinando a ela quais atitudes e comportamentos estão de acordo com o que se espera e deseja
conceitos e passa a conviver e compartilhar com seus pares, faz trocas dentro desse
individuais, ter segurança para conviver em sociedade e, para que isso ocorra de maneira
saudável, torna-se imprescindível que a família dê subsídios e segurança para que a criança se
criança seus primeiros anos de vida em família e como isso será determinante em seu
socializada, mas também interfere, levando os adultos a aprenderem a como lidar com ela, o
que significa que as gerações mais nova e mais velha aprendem uma com a outra e enquanto a
criança adquire comportamentos compatíveis com o esperado pelos adultos socializados, estes
Por outro lado, é também importante enfatizar que os adultos significativos são
modelos para a criança, ou seja, ela adquire muitos comportamentos tomando por base a
indivíduo, está fundamentado em uma visão de influências bilaterais, o adulto ensina aos das
gerações mais novas, através das tarefas que propõe, das atitudes e valores que passa, e é
ensinado por elas, quer no seu papel, quer na revisão dos seus códigos de normas, ao se
pais e receber deles afeto e estímulo, indicando-lhe suas competências, porque a partir daí ela
comportar de forma mais tranqüila, mantendo bons relacionamentos tanto com os adultos
Mas, nem sempre o ser humano pensou nas conseqüências da importância da infância
que as famílias atribuíam a seus filhos recém nascidos, essas crianças não traziam aos pais
sentimentos valorosos de proteção, amor e cuidado, esse tipo de pensamento das famílias em
relação a seus filhos demorou muito tempo para ser modificado e a criança ser vista como
criança, que necessitava de cuidados especiais, amor, proteção, para poder crescer e se
As relações familiares vêm passando por muitas modificações ao longo das últimas
décadas e, podemos perceber que, muitos comportamentos que outrora eram aceitos e
compreendidos como sendo algo da cultura da época, como é o caso da força física aplicada
A mudança nesse contexto familiar sobre os danos causados pela força física é lento
dentro da história da humanidade e nos dias atuais ainda persiste a idéia de que a força física e
a punição física que os pais aplicam aos filhos, hoje são justificada como sendo uma prática
educativa.
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Quando pensamos em práticas de educação são muitas as questões que nos vêem no
pensamento, como cada família interage com seus filhos no tocante à educação ao
comportamento.
O estilo e as técnicas de criação de filhos que cada pai ou mãe desenvolvem são uma
A forma como os pais educam, interagem, e socialização se com seus filhos é muito
da criança é fundamental.
A valorização da criança foi muito tardia, legalmente ela torna-se sujeito de direito a
envolve o desenvolvimento infantil e as práticas educativas usadas pelos pais e suas relações
com o comportamento dos filhos, e assim neste contexto surge o debate acerca da punição
corporal, prática milenar que é perpétua até os dias atuais (WEBER et al., 2004).
uma sociedade a seus indivíduos, e também fazer com que sejam preparados para exercer a
assim, ela a responsável por ensinar e adaptar os filhos a viverem em sociedade e também a
quais eles dispõem para orientar o comportamento dos filhos cumprindo seu papel como
1998).
transformações pelas quais passaram a família ao longo da história, pois essas mudanças irão
Antigamente a família tinha o grupo familiar bem definido, sendo nuclear o modelo
que era predominante, com todas as mudanças sociais que ocorreram nas últimas décadas,
como o divórcio, a mulher passa a trabalhar, os pais tem dupla carreira, isso muda a estrutura
da configuração familiar, pois as crianças passam a ter menos contato com os pais, a
qualidade do relacionamento dos pais com seus filhos esta afetada, pela falta de tempo e com
isso os pais passam a ter menos disponibilidade para educar seus filhos.
E, surge nesse momento um segundo socializador, que será a escola, pois as crianças a
cada dia que passa ficam mais tempo em contato com professores e amigos de escola, do que
com os próprios pais e tem uma importância maior na vida dessas crianças e adolescente.
Para entender como se da atualmente as pratica de educação dos filhos nas famílias,
Pois o educar, vem com a preocupação com o presente, mas, sobretudo, pensando no
suas famílias a lidarem com seus filhos com diferentes formas de comportamento que eles
possam apresentar.
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A socialização da criança esta centrada em tudo aquilo que ela durante todas as etapas
Brasil, durante os séculos XVIII e XIX, tem se uma primeira maneira de educar a criança que
é amoralidade religiosa que esta centrada na idéia de salvar a lama da criança, e que para
torna-ala obediente a Deus valoriza o extremo da obediência, quando os filhos não obedecem
as mães dizem que Deus esta vendo e vai castigar através do medo e do nome de Deus, faz
com que a criança a obedeça, isto impõe a criança que tenha um comportamento exemplar a
Tempos depois, no final do século XIX e após o fim da primeira Guerra Mundial,
surge a moralidade higienista, que não pensa mais na salvação da alma mas, sim do corpo
sadio, as crianças agora não tem nenhuma satisfação de suas vontades realizadas, elas tem de
serem disciplinadas, segue com rigor o que o adulto determina, não levanta a voz, não se
defende, obedece a tudo sem questionar, é limpa, correta e de bom caráter, não é permitido
Nas décadas de 30 e 40 começa a surgir o efeito psicológico, e isso faz com que
valores e práticas sejam repensados a partir do ponto de vista psicológico, fazendo com que a
moralidade das necessidades naturais, que é tudo passa a ser visto como bom desde que a
criança queira, que seja seu desejo natural, a criança recebe o direito de falar, opinar, ter
SILVA, 1986).
A partir dos anos 80 surge uma moralidade mista, onde o afeto social, emocional
felicidade.
da criança para que ela não venha a ter problemas na vida adulta e enfatiza o desenvolvimento
As transformações foram muitas e sem dúvida nenhuma não foram fáceis, e a presença
mudanças foram rápidas demais, e existe um conflito intenso entre a socialização primária,
que seu comportamento é inadequado.A retirada do afeto, consiste em mostrar a ela que seu
comportamento teve ou pode ter como conseqüência a ruptura do elo afetivo entre ela e o
adulto.
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de poder, definem o poder como o potencial de uma pessoa em compelir a outra e agir de
A relação dos pais esta centrada na concentração de poder nas mãos dos pais, e os
mesmos podem utilizar este poder para alterar o comportamento dos filhos, utilizando para
envolvendo práticas educativas que digam ao filho o desejo dos pais de que seu
2003).
com as outras pessoas, ela não usa nenhuma forma punitiva para a criança, esta prática
envolve muita conversa dos pais com os filhos, explicações do que são regras, valores
advertência moral, essa técnica implica em mostrar a criança que seu comportamento pode ser
prejudicial a ela e aos outros, e que ela é responsável pelo seu comportamento e que sua
moralidade esta motivada mais por fatores internos do que externos, (KOLLER e
BERNARDES, 1997).
No que diz respeito a disciplina coercitiva ela reafirma e reforça o poder parental, é
caracterizada por práticas que utilizam a força e o poder dos pais sobre seus filhos, e incluem
punição física, perda de privilégio, ameaças, isso leva a criança a ter medo, ansiedade, essas
ensinando-a que a razão pela qual tem que se comportar bem, positivamente, é externa, a
década de sessenta, por BAUMRIND (1966) que constatou através de seus registros,
do ambiente familiar. Ela observou que pais amorosos e comunicativos tinham filhos seguros
Para BAUMRIND (1966) ela diz que acredita que a educação dirigida aos filhos não
deveria ser nem punitiva, nem indiferente, mas que os pais estabelecessem regras claras e
sempre demonstrassem afetividade a seus filhos, dessa forma a educação caminharia de forma
mais positiva.
autoritativo.
comportamento de seus filhos, agem de forma punitiva e restritiva, usam a força física como
disciplinadora, s crianças devem seguir regras rígidas impostas pelos pais, sem discutir ou
envolvimento dos pais e de forma restritiva, não se levando em consideração a opinião dos
obediência excessiva STANROCK (1990), a punição física não faz bem ao comportamento da
criança que passa a ser quieta, desconfiada, e sente-se muitas vezes rejeitada.
Enquanto, no estilo autoritativo, os pais estabelecem limites e regras claras aos filhos,
O estilo permissivo foi subdividido em, pai permissivo indulgente e pais permissivos
negligentes, essa subdivisão se dá pelo fato, de que, pode ocorrer que pais sejam permissivos
por acreditarem em uma ideologia de liberdade e igualdade para criar os filhos usando a
democracia e pouca cobrança e exigência, e por outro lado os pais permissivos negligentes o
são pela falta de interesse e de vontade de participar da educação dos filhos PACHECO
(1999).
as decisões tomadas por seus filhos e dão grande liberdade a eles, são pais afetivos e
negativos dos filhos e isso dá aos filhos a falsa sensação de que podem fazer o que querem.
O comportamento negligente, é que os pais são pouco afetuosos com seus filhos e
indiferentes, distantes, eles não se envolvem e dedicam-se pouco tempo a seus filhos.
diversas variáveis explicativas presentes na forma de educar os filhos fazem com que seja
impossível criar os filhos da mesma maneira, os pais com o tempo se modificam, ganham
experiência e cada filho é diferente do outro, reage de forma diferente do que é dito pelos eu
pai, não existe uma receita pronta na pratica de educar um filho, pois cada um é cada um.
“ a forma como os pais interagem e educam seus filhos é crucial para a promoção
de comportamentos socialmente adequados ou de comportamentos considerados
pelos pais e professores como inadequados”.
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Segundo ZAMBERLAN (2002); os pais querem ter controle sobre filhos e com isso
valorizam a obediência e a educação, fazendo com que usem a punição ou força, conforme
utilizadas para levar a que a criança tenha um bom comportamento, ou se existem mais
excessos do que uma ação que a criança possa compreender como correção do que fez de
errado.
As colocações de BUENO (1989, p.107) já eram neste sentido, quando ele coloca que
“Castiga-se a criança para educá-la, castiga-se por que ela não obedeceu; não agiu direito;
adolescente estão expostos faz com que eles socializem a violência e o castigo como formas
de educar, ou seja, como uma prática adequada, e o que se coloca hoje como questão é que se
e SARIA; SIDMAM, 1995; KAISER e HESTER; CONTI; KAPLAN, 1997; DEL PRETTE,
1999), com a leitura desses trabalhos é possível identificar fatores para problemas de
comportamentos.
anti-social dos filhos, as famílias estimulam essa conduta quando usam de meios de
disciplinas inconsistente e não interagem com seus filhos de forma positiva e não exercem
MONTADON (2005); nos diz que, nas famílias ainda existem certas proibições e
regras que os pais não discutem e os filhos aprendem que, se algumas coisas são negociáveis,
outras não.
A questão da prática educativa é muito importante pois, ela da subsídio para que a
criança, sinta-se segura, confiante para se desenvolver. A forma como são educadas pelos pais
além de ser um modelo para a criança é também a forma de transmitir valores, costumes e
cultura.
A prática educativa quando punitiva, não ensina, não faz bem a criança, podendo levar
a casos em que, essa conduta dos pais, em punir fisicamente, possa exceder e tornar-se
agressões físicas o que é muito mais grave, gera violência e maus-tratos nas crianças e
adolescentes, e isso ocorre muitas vezes, quando os pais estão educando ou ensinando seus
filhos usando práticas punitivas, onde a punição física é constante e eles extrapolam para
condutas mais agressivas e não conseguem perceber que estão se excedendo e machucando
seus filhos.
longo dos tempos para podermos compreender com o passado vivido o que se apresenta no
presente como forma de entender, o que acontece na infância atualmente e, o que pode ser
longo dos tempos e com isso efetuarmos comparação com o passado, para podermos interferir
no presente.
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A infância pode ser considerada um objeto de estudo recente na pesquisa. Até porque
Nos primórdios da história têm-se registros que nos remetem a crianças que tinham
pouco ou nenhum direito e sua vida nem sempre tinha valor para sua família, SHAFFER
(2005).
sociais e nas mais diferentes culturas, religiões e cor da pele, ela existe desde sempre e por
A pesquisa histórica tem demonstrado que, até o século XVII, as crianças não eram
consideradas seres humanos com necessidades próprias e que precisavam de afeto e cuidado.
como tal e, até o século XIX, não existiam sequer leis específicas para as crianças
1993).
Até então, não existia nenhuma preocupação com o conceito ou a vontade de ter uma
melhor compreensão do que era feito às crianças, qual era na realidade a noção dos maus-
ARIÈS (1981); diz que o sentimento de infância é novo e que sua construção é muito
recente, e até por volta do século XII não existia, e com isso a criança em seus primeiros anos
de vida não tinha uma característica definida, e essa falta de caracterização especifica, perdura
até o final da Idade Média em que a criança era considerada como um adulto pequeno e
Durante os séculos XVI e XVII, a criança passa a ser tratada de um lado com
indiferença e pouco ou quase nenhum cuidado, do outro como um objeto de paparicação, “em
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que a criança por sua ingenuidade, gentileza e graça, se tornava uma fonte de distração e de
Quanto mas se pensa na história da criança, ao longo de muitos séculos, mas se tem
possibilidades de encontrar tristeza, abandono, falta de proteção dos meios jurídicos, crianças
aparece até em textos bíblicos, a própria Bíblia tem passagens onde ela demonstra que os
maus-tratos eram praticados abertamente sem nenhuma conotação de que tal ato seria
condenável ou até mesmo errado, a Bíblia diz que o povo hebreu em períodos em que houve
escassez de alimentação o povo comia as crianças mais novas, “ Dá cá o teu filho para que
A história nos relata que entre os povos helenos, Licurgo determinou que crianças
ROMERO (1972).
Nesse período de nossa História, crianças portadoras de deficiência tanto física como
mental eram consideradas pelas pessoas, como sendo sub-humanas, o que legitimava sua
O autor VEYNE (1992); diz que a prática do infanticídio era aceita pelas sociedades
antigas sendo facultado aos pais acolher ou renegar o filho recém- nascido.
O período que antecede o século XIII inicia os castigos, da punição física aos
começa a surgir no século XIII, quando a partir da iconografia começa-se a perceber que os
retratos de crianças passam por transformações na forma como ela passa a ser representada,
não mais como um adulto em miniatura como era feito até então.
Mas, a importância da infância cresce aos poucos e lentamente, ainda no século XII a
infância é vista como foi dita por ARIÈS (1981), quando ele retrata as palavras citadas por
Montaigne, “Perdi dois ou três filhos, não sem tristeza, mas sem nenhum desespero”.
Como vimos acima a infância é algo que demorou para fazer sentido e ser -lhe
atribuídos sentimentos, até então, ela sempre foi tratada como algo que a qualquer momento
poderia ser substituído ou até destruído como sendo algo velho, que joga fora, sentimentos e
Quando nos referimos a falar de crianças, isso envolve complicadas definições e entrar
O universo da infância envolve duas realidades distintas em que ela nem sempre teve
o afeto e o amor familiar e, também não teve o amor materno em sua plenitude.
tempo e da história e sempre a infância foi vista de diferentes maneiras e nem sempre a
Na Idade Média, as crianças não eram vistas como indivíduos em fase especial de
”Assim que a criança deixava os cueiros (...) ela era vestida como os outros homens de sua
condição”, ARIÈS (1986, p. 69). Deste modo, elas dividiam com os adultos o mesmo espaço
da rua, estabelecendo ali diversas relações sociais, independentes das familiares. Da mesma
maneira, ela logo se afastava (ou era afastada) dos pais e colocava-se como aprendiz em
Por muito tempo a criança foi vista como um adulto em miniatura e, foi passando por
sucessivas mudanças a partir do século XV, a infância independente da classe social sempre
teve uma fase de pequena duração, a partir do momento em que as crianças, demonstram-se
aptas a viverem sem os cuidados básicos maternos para sua sobrevivência elas ingressam no
mundo do adulto. E, passam a vestir-se como adulta, participam do mundo dos adultos como
adultos, não eram vistas e nem percebidas como crianças, elas são inseridas no mundo dos
adultos, ainda crianças, para a família a criança não era importante e, muitas vezes ela tido
como um problema.
Todas as fases pelas quais uma criança passa desde seu nascimento, crescimento e
desenvolvimento, são ignoradas, não existe até então nenhuma preocupação para com a
criança, nem um ato simples como o registro de nascimento não é realizado, a idade da
criança não tinha valor, pois não havia a necessidade de saber a idade real das pessoas, isso
Nesta época era comum às famílias pobres dormirem com seus filhos pequenos na
cama do casal, no meio dos pais, isso ocorria com muita freqüência e em muitas vezes isso
acabava causando a morte da criança por asfixia, para essas famílias o filho chegava a ser um
problema para a sobrevivência dos pais, e ele acabaria sendo abandonado, prática comum que
ARIÈS (1981); afirma que a infância sempre foi ligada aos modelos da sociedade e
não havia uma ruptura entre o mundo adulto e a criança, isso faz com que tenha-se conceitos
ARIÈS (1986); afirma que o sentimento de infância é relativamente novo, que até por
volta do século XII ele inexistia e que não se tinha uma definição do que seria esse período da
momento que a forma de perceber a criança sofre muitas mudanças de pensamento, a infância
deixa de ser a idade do pecado como se referia Santo Agostinho (354-430 d. c.), que
justificava a violência física e o castigo corporal pelo fato da infância ser imbuída da
Sobre esse pensamento, ARIÈS (1981), comenta que no século XVIII, quando aparece
o malthuismo é que o sentimento de infância passa a ser semelhante ao que vimos atualmente.
e que é facilmente percebido quando pergunta-se a criança, o que você vai ser quando crescer,
essa pergunta deixa claro que a criança tem seu valor no que ela irá ser e não pelo que ela é
ALVES (1990).
ASSIS (1994), se referi que nos anos de 315-329 d.c, na Itália, criou-se uma lei que
propunha sujeitar as mãos dos pais, para afastá-los do infanticídio, no ano de 830 d.c, a
mulher que matasse seu filho recém-nascido ou praticasse o aborto ou apenas tentasse abortar,
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deveria ser excomungada, e cabia aos sacerdotes decidirem pela diminuição da pena ou
Ainda no século XII, a Inglaterra aprova uma lei que trata da morte de crianças por
sobre a vida de seus filhos e sempre tiveram contra seus filhos comportamentos agressivos.
No entender dos pais esse comportamento estava ligado ao processo educativo e que
através dos tempos foi usada como sendo um processo de socialização e, portanto uma
resposta automática a desobediência e a rebeldia dos filhos que acaba gerando a violência por
parte dos pais contra seus filhos, esse comportamento existe desde os primórdios da história
da humanidade.
A autora (DAY et al., 2003); nos coloca que os adultos acreditavam que as crianças
poderiam ser moldadas de acordo com os desejos dos adultos, isso de alguma maneira
Uma lei hebraica do período 1250 – 1225 a.c, se referia ao comportamento dos filhos
caso não obedecessem seus pais, cabia aos anciãos, puni-los expondo-os a serem apedrejados
ou mortos, (BÍBLIA).
BADINTER (1985, p. 58), menciona a descrição que faz Chamousett em 1756 de 12 mil
crianças abandonadas em Paris, morrem como moscas, sem nenhum lucro para o estado, pior
ainda representa um ônus para a nação, obrigadas a mantê-las até que morram.
criança, como sendo um sentimento dos adultos de que os pequenos seriam fonte de distração
e divertimento, nos séculos XVI e XVII, esse sentimento passa a receber críticas dos
moralistas que não se contentavam com a atenção que as crianças estavam recebendo, eles
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estavam preocupados como a disciplina seria aplicada e com os costumes, pois para eles a
orientação das mães sobre a forma como os cuidados dispensados às mesmas na primeira fase
de suas vidas, continuando ela, chama a atenção para os novos discursos que surgem a partir
do século XVIII, que se referem ao processo de amor materno nas relações entre as mães/
lado, o número de crianças abandonadas, uma vez que as mulheres tinham que trabalhar e
Rosseau (toda a criança é potencialmente boa) e de John Locke (a criança não é má nem boa,
mas uma folha em branco). Com esses novos conceitos de pensamentos a sociedade da
segunda metade do século XIX e início de século XX, considera a criança como uma pessoa
concreta, com direitos e deveres que deveriam ser respeitados, PEREIRA (2003).
Somente no século XX, segundo ARIÈS (1978); é que a criança deixa de ser tratada
com modelos adultos, sendo criada então, uma condição especial; a infância, legalmente a
essa faixa etária, resultou num conceito tirânico de família que destruiu a sociabilidade e
acontece apenas no século XX, onde a infância passa a assumir um papel importante na vida
No final do século XIX e início do XX, é marcado pela moralização religiosa, em que
entidades assistências para crianças órfãs, ligadas a Igreja Católica, onde as mesmas
AZEVEDO e GUERRA (1989); nos colocam que, a história social da infância tem-se
adultocêntrica, uma vez que assentadas no pressuposto poder do adulto sobre a criança.
3.1 No Brasil
No Brasil a história da infância não é diferente do que ocorreu na Europa, nos estudos
DEL PRIORI (1999), diz que a documentação referente ao período colonial, não faz
em falar sobre assuntos políticos e econômicos, que de alguma maneira afetava diretamente
os governantes, com isso percebesse que na época não notava o sentimento da infância,
COSTA (1983), diz que a condição da criança no período colonial é de anjinho, isso
obscurecia a infância como sendo uma etapa de vida com necessidades e características
próprias.
31
No período colonial criaram-se as Rodas dos Expostos, que era uma maneira que
permitia aos pais abandonarem seus filhos de forma anônima, essas Rodas se multiplicaram,
deixando claro que os vínculos familiares se rompem, isso permanece até 1950 GRACIANI
(1997).
A questão das Rodas dos Expostos é muito séria e demonstra o quanto o abandono
entre os séculos XVIII e XIX foi grande nesse período no Rio de Janeiro existiam cerca de
42.000 enjeitados e abandonados DEL PRIORI (1998). As rodas dos expostos recebem
inúmeras críticas e discussões em razão do alto índice de mortalidade dos internos, quando a
No Brasil colônia MARCILIO (1998), e em todo o Império apenas uma parcela muito
pequena de crianças abandonadas foi assistida por instituições, a maioria era acolhida em
Segundo DEL PRIORI (1998); no Brasil, foram nos séculos XVI e XVII, que se
iniciam os trabalhos com as crianças, pela Companhia de Jesus, ensinando os a ler, escrever,
evangelizar, aprender bons costumes, tudo realizado nas casas dos muchachos, durante todo o
período colonial e, do primeiro e segundo impérios, não havia no País nenhuma instituição
O interesse pela infância era pequeno mas, que de alguma maneira era mencionada em
um ou outro documento, que muitas vezes eram descritos por viajantes estrangeiros o que
e isso podia ser observado por suas vestimentas, atividades de trabalho realizadas por ela, o
convívio social junto ao adulto, e da própria alimentação. Isso não quer dizer que não existisse
o afeto pelas crianças, há registros de mimos excessivos com crianças pequenas e, que os
32
moralistas não aceitavam essa conduta, para eles a boa educação implicava em castigos
Com essa conduta as famílias alternavam mimos com uma disciplina onde a
punitivas.
No Brasil Republica, século XIX, a criança já era entendida como sendo um problema
social, em função da abolição dos escravos, imigração de mão-de-obra européia, entre outras
causas geram um número expressivo de crianças na rua abandonadas a sua própria sorte.
A partir desse contexto nascem as escolas asilos com destaque a Escola de Aprendizes
(LIMA et al., 1998), coloca que os resultados dessas instituições são percebidos
moral e religiosa, visava com essas atitudes a preparação das crianças pra o mundo do
trabalho.
OSTETTO (1992), fala que a descoberta e a valorização da infância que teve início no
século XIX, no Brasil se consolida na Republica e, que inicialmente atinge apenas as crianças
ricas, e que mais tarde chega até as crianças pobres, através dos meios assistenciais.
A infância começa a ganhar visibilidade no século XIX, e passa a ser objeto de ações e
Já o século XX fica marcado pelo aparecimento do Estado na vida familiar, isso fará
com que a criança seja vista como cidadão em formação, com seus direitos discutidos em
No Brasil, se convive com crianças e adolescentes abandonados há anos, seja por suas
famílias, ou pelo estado que não as protege, ou pela sociedade que as discriminas, mas, o
certo é que sempre existiu crianças abandonadas e, em situações de perigo, expostas a todas
formas de violência, quer aquela gerada dentro de seus próprios lares e praticadas pelos seus
direitos que são diariamente violados de milhares de crianças e adolescentes em nosso País,
temos ainda que ter em mente que a violência contra a criança e o adolescente é uma realidade
de desrespeito as crianças e aos adolescentes, que vai desde a exploração do trabalho infantil,
ação da polícia contra crianças pobres, negras e sem falar na aviltante diferenças na
Mas, recentemente fomos surpreendidos pela mídia televisa onde a notícia, de que
uma adolescente no Pará havia ficado presa por cerca de um mês em uma cadeia para homens
e, que dividia a cela com os mesmos. A mesma relata que sofria abusos sexuais diários e, que
uma providencia no sentido de ajudá-la só aconteceu quando o Conselho Tutelar foi avisado,
34
por que até aquele momento o Ministério Público mesmo tendo ciência da irregularidade não
fez nada, se omitiu, isso ocorreu em pleno século XXI, no ano de 2007, sendo que o Estatuto
adolescente,
O que esse fato demonstra é que a história da humanidade com relação à criança e o
adolescente ainda tem que ser pensada e repensada, no sentido de termos em um futuro
próximo, situações como esta sendo punidas exemplarmente, e assim podermos acreditar que
e mais conquistas positivas, como também ter justiça, a criança e o adolescente merecem
proteção, cuidados, carinho, amor e respeito, existe até um estatuto que resguarda a infância e
menos injustiça, e com uma vontade maior de acertar, e resguardar a infância e juventude
colonial com a origem da instituição Roda dos Expostos, que foi a primeira instituição
brasileira com maior duração de tempo que atendia crianças abandonadas por sua família, o
A roda mantinha o sigilo e o segredo de qual família abandonava seu filho e mantinha
As rodas dos expostos tiveram origem na Idade Média, na Itália, surgem no século XII
As rodas eram cilindros rotatórios que existiam nos mosteiros, que tinha como
que por serem religiosos viviam enclausurados, dessa forma não havia contato, do religioso
Os mosteiros medievais sempre receberam crianças que eram doadas por suas famílias
para o serviço de Deus e, a roda foi um meio utilizado para a família que iria abandonar seu
bebe, em função disso surge a outra utilidade da roda o de receber bebes abandonados,
MARCILIO (1999).
As Câmaras Municipais tinham que prestar assistência a essas crianças e o faziam com
muita resistência, por essa razão conseguem aprovar uma lei que foi chamada de lei dos
Câmaras Municipais dessa obrigação, sendo assim na cidade que houvesse uma Santa casa de
Misericórdia, a Câmara Municipal poderia usar seus serviços para a instalação da roda e
assistência aos enjeitados que recebesse, isso feito em parceria com a Assembléia Provincial,
com isso perde-se o caráter de caridade desta ação para ter início a filantropia, isso associava-
Um fator que podemos observar após essa lei é que tenta-se buscar a iniciativa
particular de ajudar a criar essas crianças abandonadas, dessa forma a municipalidade estaria
livre dessa incumbência, tem-se início nesse momento, as primeiras ações entre a caridade e o
governo, onde a caridade toma a iniciativa e o governo fornece recursos financeiros para os
estabelecimentos criados.
CARVALHO (2000), diz que no início incumbia-se à igreja a assistência para crianças e
em razão disto a pobreza, vem se tornar a principal causa do abandono nas rodas, isso
36
propicia aqueles que não podem criar seus filhos, um local onde poderiam entregá-los, a casa
de misericórdia, e se tivessem sorte poderia ser adotados por uma boa família.
A roda não é apenas utilizada por pessoas pobres, que não podiam criar seus filhos,
teve muita utilidade para pessoas de famílias influentes que não poderiam assumir a
paternidade de possíveis filhos e a roda garantia a eles o sigilo e sentiam-se seguras em usar
esse serviço.
Os motivos pelos quais as famílias abandonavam seus bebes, eram muitos entre eles,
morte dos pais, doença dos pais, nascimento de gêmeos, tamanho da família, discórdia entre
deficiências dos bebes, enfermidades dos bebes, MARCILIO (1998), todos esses motivos
PEREIRA (1999), diz que o índice de mortalidade infantil nessa época era altíssimo,
70%, 80%, chegando até mais de 90%, das crianças abandonadas nas Santas Casas de
Misericórdias.
instituições cerca de 43.750 crianças, FREITAS (1999, p. 70); diz que, muitos filhos da roda
entregues aos cuidados das amas sob pagamento, quase todas pobres, solteiras e residentes
nas cidades, que recebiam um “estipêndio pequeno", e podiam explorar o trabalho das
Muitas dessas crianças, após passarem um tempo com as amas, retornam as casas de
misericórdia, porém, são muitas as que não conseguem mais serem acolhidas pela instituição
e irão ter a rua como a única saída, vão viver de esmolas, cometer pequenos furtos, e se
prostituir, o número alto de crianças abandonadas e enjeitadas pelas famílias, fez surgir os
Neste momento a pobreza ainda é muito grande sendo considerada como o principal
Inicia-se no Brasil influenciado pela Europa, movimentos que não serão mais
para que alguma medida fosse tomada para minimizar essa problemática, criam-se as
São criados os asilos e educandários, que tem como objetivo a capacitação profissional
das crianças com a finalidade de tirar-lhes daquela situação que não tinham nada para fazer e
no Rio de Janeiro em 1861, o Instituto dos Menores Artesãos, em 1882 em Niterói o asilo
para a Infância Desvalida. Surgem também as colônias agrícolas na Bahia, Fortaleza, Recife
essas colônias tinham fundamentos na ideologia da época que dizia-se ter a necessidade de
altíssima e que a situação era complicada e a intensificam movimentos para que acabem com
o funcionamento da Roda dos Expostos, seguindo o que se pregava na Europa Liberal com
pressões para que a Roda dos Expostos encerrasse suas atividades por achá-las imorais, o final
das Rodas dos Expostos no Brasil é em 1950, sendo este o último país a tomar essa decisão.
FREITAS (1999), se refere ao fim das rodas como sendo um processo que teve a
iniciativa dos médicos higenistas, que estavam perplexos com as taxas de mortalidade dentro
38
das casas dos expostos, esse movimento tem também a finalidade da melhoria da raça
humana, com base nos pensamentos e nas teorias evolucionistas, pelos higienistas.
COSTA (1989), coloca que desde o século XIX, a Faculdade de medicina do Brasil já
Continuando COSTA (1989), diz que as rodas não tinham condições adequadas e as instalações eram
pobres e, com isso as crianças não recebiam o cuidado necessário e acabavam morrendo, com isso a roda era um
foco de mortalidade infantil, que colocava a justiça pública, como sendo omissa nos casos, pois não havia
punição para os crimes de infanticídio, pois as rodas muitas vezes serviam para encobrir essa prática, as crianças
fazendo com que o Estado, pressionado comece assumir a responsabilidade pela assistência e
adolescente, nas décadas de 30 e 40, com isso a infância pobre ganha visibilidade e, é vista
Nessa época foram criadas várias instituições em 1938, a casa do pequeno jornaleiro,
tendo a função de recuperar e reintegrar os jovens ao convívio social, foi criado em 1942, o
Serviço de Assistência ao Menor- SAM, junto com o SAM, vêm os reformatórios que eram
permanece o desafio de implantá-las, para que cada dia mais crianças e adolescentes de todas
as classes sociais, tenham uma infância totalmente resguardada, e que não seja vivida desta
abandonada, são criadas instituições de abrigo que tem a finalidade de proteger, educar,
cuidar e dar capacitação a criança abandonada e adolescente delinqüente, eles isolavam essas
crianças e adolescentes mais pobres e infratores para que pudessem ser educados e
conservador da sociedade e em Dezembro de 1964, é criada a lei n.4.513 que traz as diretrizes
Menor em 1976 teve seu nome alterado para Fundação Estadual do Bem- Estar do Menor
institucionalização que era perverso, COSTA (1990); diz que surge nesse momento o enfoque
crítico estrutural, que tem como princípios o Bem- Estar Social, a criança passa a ser vista de
juventude.
Nesse momento tem início no Brasil a mudança do olhar para a situação da criança e
do adolescente pensando nas formas e meios que poderiam ser utilizados para que elas
igreja passando por filantropos até ser de responsabilidade de estado como acontece
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, surge na Europa e posteriormente nos demais
inicia nos anos 80, com a celebração do Ano Internacional da Criança (1979) e a Convenção
O Brasil não ficou atrás neste movimento, ao contrário, ao promulgar o ECA em 1990,
Ele reza em seu artigo 1º: “Essa Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
adolescente”.
médicas, jurídicas e pedagógicas, fazendo com que tenham seus primeiros direitos
assegurados.
foram incorporados em 1924 pela Liga das Nações, que reunida no Canadá, constitui a
para ajudar as crianças que sofrem com a pobreza absoluta que vivem, cria um Fundo
United Nations International Child Emergency Found (UNICEF); que tem o objetivo de
Universal dos Direitos Humanos que visa garantir a todos homens, mulheres, valor da família,
Criança, que visa garantir entre outras coisas, os direitos da criança e combater o abuso e a
Nesse momento a criança passa a ser prioridade absoluta e sujeitos de direitos onde
deve ser cuidada, receber afeto, ter direito a um desenvolvimento saudável e a família que não
Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, e em 1996 seus termos já tinham
42
sido ratificados por 96% dos países e que se comprometiam por lei tomar as medidas
A convenção das Nações Unidas, sobre o Direitos das Crianças procura influenciar os
governos de todos os países para dar uma maior atenção as crianças, para que os direitos e
garantias que elas tem assegurados, não fique apenas no papel e se torne algo prático,a criança
tem direito a viver em família, ser bem cuidada pelos pais, ter direito a ter uma identidade
própria, pensamentos e ações próprias, ter liberdade de opinião e poder acessar informações, e
principalmente crescer em meio a ambiente seguros onde ela tenha direito a saúde, educação,
A partir de agora tem-se início uma luta mundial para que a criança tenha respeitado
esses direitos e que a questão da violência contra ela e a punição física dos pais contra seus
formas de ajudar, apoiar as crianças que vivem em situações de risco conseguindo algumas
realizações importantes;
realizada em Estocolmo.
No Brasil até o final da década de 80, quem definia a atenção e o cuidado a criança e
adolescentes era o Código de Menores, que cuidava e legitimava, a situação irregular que se
encontravam, ou por estarem em situações que violavam as regras sociais, ou por não estarem
recebendo o cuidado e atenção necessários para que suas necessidades básicas fossem
ocorre por força dos movimentos internacionais e nacionais, no sentido de que os países
deveriam cumprir os direitos da infância e adolescência que rege a Declaração dos Direitos da
Criança de 1959.
A autora SOUZA (2003), diz que, com isso, os movimentos organizados no Brasil
passaram a ter mais força para exigir do Poder Legislativo um estatuto que estabelecesse
menoridade e conduz à idéia de criança como cidadã, com direitos e deveres, enquanto
Conselho Tutelar.
Estado e da sociedade civil, de garantir proteção a crianças e adolescentes. Em seu art. 227,
temos:
13 de julho de 1990 é então aprovada a Lei n.º 8.069, o Estatuto da Criança e do Adolescente,
44
passando a vigorar a partir de 14 de outubro do mesmo ano. O artigo 227 - CF, é o norteador
continuam vivendo sem ter seus direitos preservados é, o que se observa em uma parcela
considerável das crianças e adolescentes, prova maior dessa realidade é a fome, exclusão
social, violência praticada contra elas, por seus pais, abusos sexuais e toda forma de violência
existente.
se observa e constata através de pesquisa, como sendo algo que se tem observado nas
diferentes culturas e contextos sociais dentro da história da humanidade e que foi descrita por
criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, como forma de termos subsídios para que
possamos proteger, cuidar e ver a criança e o adolescente como seres humanos passiveis de
direitos e deveres.
Organização não Governamental que atuaram de forma muito eficaz na formulação do art.
227, que se refere as crianças e adolescentes e da lei 8.069/90 que regulamentou o Estatuto da
Criança e do Adolescente.
45
O ECA veio para fazer reformulações na forma como a criança e o adolescente eram
tratadas e transfere o poder do nível federal para os níveis estadual e local e, deixando bem
claro o direito das crianças e dos adolescentes a serviços sociais, educacionais, de saúde e
Elas, são seres humanos mais vulneráveis por que ainda estão em formação e são
vida dos mesmo ao longo da história da humanidade, sempre envolta em violência, maus-
tratos, abandono, situações estas que foram ao longo dos tempos sendo condenada e
buscando-se medidas que pudessem proteger e acolher esses seres que precisam tanto ter
direitos a uma vida saudável e a um desenvolvimento que possibilite que seu futuro não seja
prejudicado.
adolescente passam a ser uma importante contribuição de mão- de obra barata na relação
Que utilizavam as crianças e adolescentes de uma forma que as exploravam por serem
menores e, não terem ninguém que os defendessem, os pais também exploravam seus filhos e
Na década de 80 a pobreza urbana esta cada vez mais crescente e juntamente com isso
a violação dos direitos da criança e soma-se a isso uma grande incapacidade do Poder
surgir movimentos sociais que saem em defesa dos direitos dessas crianças, esses movimentos
46
são contrários aos processos de internação e repressão a que as crianças e adolescentes eram
submetidas, e passam a criar projetos alternativos voltados para ações comunitárias que
GRACIANE, 1999).
adolescente como cidadãos e sujeitos de direito, numa nova tentativa de garantir os direitos da
criança.
O Estatuto em seus artigos, surgem com propostas trazidas pela Constituição para dar
pela Convenção de Direitos das Crianças das Organizações das Nações Unidas (American
O termo criança, passa a ser empregado, para os efeitos desta lei, à pessoa até 12 anos
direito.
sociedade.
estadual e federal).
infância e juventude e, de defender seus interesses e sempre ter em mente o bem- estar das
juventude. Em seus artigos 3º e 5º, das Disposições Preliminares, como obrigações gerais
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à
Está, pois, evidente a preocupação com a infância e a adolescência em nosso país, pelo
menos no que diz respeito à existência de Lei que regulamente a matéria, que, de acordo com
48
adolescentes brasileiras.
BAZILIO (2000), diz que a redação de texto da nova lei; a criança; é entendida como
Finalmente a criança e o adolescente passam a ter direitos que pensem nele como um
O ECA surgem com muitas inovações e dentre ela a garantia de responsabilizar todos
medidas de proteção quando ocorre a violação dos direitos que são garantidos no art. 98 -
responsável. Existem várias medidas que podem ser tomadas para a garantia do resgate da
cidadania, art.101.
comunidade, a sociedade e o poder público devem agir, pois legalmente estão encarregados de
e Conselhos Tutelares, são os órgãos que garantem o cumprimento dos direitos da criança e
do adolescente.
49
COSTA (1990), diz que a modernidade político e social que o Estatuto da Criança e
O ECA é atualmente uma das legislações mais avançadas do mundo no sentido de dar
Mesmo tendo todos os artigos do ECA, percebe-se no Brasil que apesar de todas as
discutidas por vários setores sociais e políticos durante a última década, ainda não se firmou e
nem se constituiu uma cultura política democrática que formule e de sustentação a valores e
social e o panorama das desigualdades sociais brasileiras em geral e muito menos no que se
refere as crianças e adolescentes, elas são castigadas pela pobreza, exclusão em vários níveis,
e muitas vezes pela negligência e maus-tratos e violência vivenciados dentro de sua família.
O Brasil é um país de contradições onde estamos diante de uma das mais modernas
legislações e temos um cotidiano ainda onde a prática repressiva existe, BAZILIO (2000).
mesmas estão inseridos em nosso cotidiano, possibilitando com isso uma distância muito
VOLPI (2001); analisa a situação dada a criança e adolescência em nosso país dizendo
que ainda não é ideal mas que apresentou grandes evoluções, não se pode ter dúvida que o
Estatuto nesses últimos anos desde sua promulgação conseguiu muitos progressos nas práticas
institucionais. Entretanto tem-se um longo caminho a ser percorrido no sentido de a lei seja
adolescentes que estão em situação de risco ainda necessita de mais atenção pois a violência
cometida contra a criança e adolescente dentro do ambiente familiar é muito grande e atinge
uma parcela imensa das crianças e dos adolescentes, que vivem em suas casas com suas
famílias que deveriam protegê-las e cuidar para que tivessem um desenvolvimento saudável.
Mas, o que as pesquisas nos trazem é que a família ambiente que tem como dever e
função promover a criança e o adolescente, condições para que seu dia a dia tenha as
condições necessárias para que ocorra a promoção do seu bem-estar, mas é na família que
contraditório é que a mãe é a maior responsável pelas agressões e violências cometidas contra
seus filhos.
Quando se realiza uma pesquisa com crianças e adolescentes, existem princípios que
estão no ECA e que visam a proteção à criança e adolescente, como os princípios voltados a
Em seu art. 15 o Eca fala sobre aos direitos que os jovens, crianças e adolescentes,
respeito e à dignidade.
contra a criança, identificando-se ao longo dos séculos violência e morte como conseqüência
adolescentes; AZEVEDO e GUERRA (1998); diz que esta prática é tão antiga que se
O primeiro trabalho realizado sobre a questão da violência contra a criança foi uma
Sevices et Mauvais Traitements Exercés sur des Enfants, escrita por Ambroise Tardieu,
O mesmo autor, já em 1857, em Étude Médico-Légale sur Les Attentats aux Moeurs,
que analisou 632 casos de abuso sexual de mulheres, em que a maioria eram meninas, e 302
casos de meninos e jovens do sexo masculino, em que eram descritos os sinais do abuso e a
gravidade da agressão.
formas de violência e maus-tratos como são conhecidos hoje. O que ele infelizmente não
conseguiu foi convencer médicos como ele, de que o abuso, violência e os maus-tratos contra
escolares, mas também no seio das famílias praticados por seus pais, LABBÉ (2005).
O trabalho realizado por Tardieu, influenciou muito Sigmund Freud, fazendo com que
ele publicasse um texto em 1896 no qual afirmava que a etiologia da histeria estava nos
abusos sexuais da infância. No ano seguinte, 1897, Freud abandonou essa teoria, explicando
as memórias de abuso sexual como fantasias, conforme sua teoria do complexo de Édipo
Se passaram mais cem anos para que o trabalho de Tardieu, médico francês fosse
(KRUGMAN e LEVENTHAL, 2003, 2005), que com esse trabalho mudou a forma como a
questão da violência contra a criança e o adolescente era vista nos Estados Unidos e em outros
países do mesmo hemisfério, a alteração de leis e a criação de políticas públicas que teriam a
Até a década de 60, a questão da violência contra criança era muito pequena, assim
pensavam algumas pessoas, quando (KEMPE et al., 1962), nos EUA, em seu artigo, apresenta
um estudo com 749 casos, com 78 mortes de crianças, onde ele descreve e caracteriza, o que
vem a ser chamado de Síndrome da Criança Espancada, que passou desde então a ser definida
Conforme relata os autores, a partir desse artigo os pediatras passam a olhar para essa
A influência desse artigo foi muito grande e com isso começam a surgir trabalhos
(KEMPE, et al., 1962), demonstram que para a sociedade uma forma de violência até
torna-se pública quando a menina Mary Ellen de 8 anos, foi severamente maltratada pelos
seus pais. A atitude dos pais em relação a sua filha escandalizou a sociedade da época e surge
a partir dessa situação tão triste e violenta a fundação, Sociedade de Prevenção a Crueldade
descoberta do raio X, veio para ajudar e complementar o diagnóstico de fraturas que até então
eram denominadas de trauma desconhecido, e esses casos de trauma, a explicação que os pais
ou responsáveis eram confusas e contraditórias, sendo que a forma como o trauma sofrido
pela criança era relatado não convencia, o surgimento do raio X, contribui para que essas
situações não sejam tão freqüentes e os pais possam ser questionados por suas atitudes
mesmo se fazendo presente a séculos nas civilizações Aristóteles; CHARLOT (1986); dizia, a
No Brasil, existem relatos de estudos em que os índios não usavam de violência para
“nenhum gênero de castigo tem para os filhos, nem há pai nem mãe que em toda
vida castigue nem toque em filho, tanto trazem nos olhos. Esses pequenos são
obidientissimos a seus pais e mães e todos muito amáveis e aprazíveis, tem muitos
jogos a seu modo, que fazem com muito mais festa e alegria que os meninos
portugueses (GUERRA, 1998 p. 76-77).
introduzidas no Brasil pelos primeiros padres jesuítas da Companhia de Jesus, que aqui
chegaram.
problema clínico, psicológico e social e, a partir de então algumas medidas são tomadas,
Espancada.
década de 80, começa a ser pensado e discutido no meio científico (MARQUES, 1986;
54
SANTOS, 1987; AZEVEDO e GUERRA, 1988, 1989, 1995; MINAYO, 1993; SAFFIOTI,
1997).
campo da saúde, acumulando 83% de toda produção intelectual até então disponível
PEREIRA (2003) diz que no Brasil, a questão da violência encontra como elementos
pelo atendimento que se dispõem a fazer; em São Paulo, os Centros Regionais de Atenção aos
forma complexa e cabe nesse momento definir qual será o referencial teórico a ser usado
nessa pesquisa, e teremos como definição para a violência doméstica contra a criança e o
Esta pesquisa se deterá apenas na violência física, que ocorre no ambiente doméstico
e que, é ou foi, praticada pelos seus pais, podendo ser o pai ou a mãe, que comete a violência
A violência contra crianças e adolescentes dentro do ambiente familiar pode ter uma
duração infinita por causa do caráter de sacralidade imposto a essa situação, e também o fato
de seus pais exercerem sua autoridade contra seus filhos, impondo-lhes um pacto de silêncio
sobre a violência sofrida, que gerando muitas vezes em uma cumplicidade com a situação
vivida.
Ela acontece dentro de suas casas locais estes que deveriam protegê-las, cuidar,
receber carinho, atenção e todos os cuidados que uma criança tem o direito de receber.
Mas, o que se tem observado é que a violência, é praticada por seus pais e esse ato
ocorre dentro de sua casa, e o que mais chama atenção é que essas crianças e adolescentes,
estão correndo perigo em suas casas, locais esses que deveriam ser de proteção, respeito, amor
e carinho para com seus filhos, mas a contradição existente é que, quem deveria proteger,
assimetria de poder que é a submissão do mais fraco pelo mais forte, que se traduz em,
negligência, e abandono SILVA (1998), muitas vezes a violência praticada contra a criança e
e também por ameaças que os filhos sofrem para que não revelem o que acontece dentro de
Essa questão é facilmente comprovada por estudos que demonstram e evidenciam que
a violência ocorre dentro do lar dessas crianças e adolescentes, tendo como agressor seus pais
que essa violência ocorre de muitas formas diferentes; (MUZA 1994; MINAYO 1999, 2001;
É na família, considerada como local sagrado e de união entre seus membros e que
devido à inviolabilidade do espaço familiar, se escondem situações em que a criança não está
recebendo amor, carinho, proteção, e nem tem assegurado seus direitos a um desenvolvimento
pleno e saudável.
A idéia de que o lar é o lugar de maior segurança e que confere proteção, carinho e
atenção à criança, nem sempre é verdadeiro. A literatura nos mostra que, a maioria dos casos
grande parte silenciosa, camuflada, e muitas vezes esse problema nem é observado,
KRISTEN (2000).
Uma das maiores dificuldades tem sido a negação desse fenômeno, principalmente por
que o ambiente em que a violência está presente é a casa da criança e, quem deveria protegê-
la comete a violência.
ambiente familiar um local de privilégio para que ocorra, em função do que ocorre dentro da
família, nela deva permanecer, fazendo que com isso a lei do silêncio seja preservada e nada
seja tido sobre os problemas enfrentados, no seio familiar, (STRAUS, et al., 1980; GUERRA,
1985; SANTOS, 1987; AZEVEDO e GUERRA; OLIVEIRA, 1989), infligidos quase sempre
57
pelos próprios pais e exercidos de forma variada, isto é, através de violência física, violência
Lentamente essa atitude vem sendo superada, em razão de que algumas formas de
anos, devido a novas ações e direitos, que a criança e o adolescente conseguiram ter direito,
mas mesmo assim, essa quebra de silêncio tem sido lenta, mas esta ocorrendo.
violência doméstica contra a criança e o adolescente, no sentido de trabalhar para que cada
vez mais a lei do silêncio fique para trás, e leve a criança e o adolescente a terem seus direitos
A violência doméstica contra a criança e adolescente ocorre dentro de sua casa, como
já mencionamos anteriormente e são muitos os estudos que tem demonstrado essa veracidade
ao longo dos tempos, infelizmente, mesmo com todo progresso que vivenciamos nas últimas
décadas, uma questão como essa, ainda se faz gritante, presente na realidade e no cotidiano de
e modalidades que são classificadas em, são classificadas em, violência física, violência
Essas modalidades podem ocorrer na forma pura, quando se trata de uma única
A violência física é a mais notificada, presente em 58% dos casos. É seguida pela
negligência e violência psicológica, cada uma representando 34,5% e, por último, a violência
sexual aparece em 29% das notificações. Na forma pura, a violência psicológica é a menos
identificada, 4%, e cada uma das demais modalidades representa cerca de 14%; BRITO
(2005).
Estudo recente realizado em Porto Alegre demonstra que 80% dos casos de violência
família e, de acordo com dados do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) de
da Saúde (2001), 80% dos casos de violência contra a população infantil e jovem ocorrem
classe social 3- existe uma tendência para a coisificaçao dos filhos pelos pais, que entendem e
pensam que as crianças e adolescentes são sua propriedade da qual podem dispor como bem
quiserem e por último 4- a sensação que a criança e o adolescente tem de que eles são
Nos últimos 150 anos, a questão da violência contra a criança têm sido vistos como
maior importância nos aspectos sociais, jurídicos e familiares, mesmo com as conquistas
doméstica, a punição física é usada como sendo uma prática educativa e que é aceitável, por
Se, até pouco tempo atrás, a família ainda era uma instituição imune a qualquer crítica
externa, graças a sua lendária função de proteção e cuidado, (AZEVEDO e GUERRA, 1994;
GUERRA, 1998; VERONESE, 1998); diz que ainda se cometem humilhações e desrespeito
desafios, a serem conquistados para que realmente o que se pregoa nos artigos do ECA, sejam
Para entender e poder enfrentar com determinação o conjunto dos problemas que estão
encontram entre os problemas mais sérios da sociedade contemporânea e que tem muitas
60
conseqüências graves, sérias que acarretam problemas e dificuldades ao longo do tempo para
para que a violência doméstica contra a criança e o adolescente ocorra, não podemos deixar
de lembrar que a violência de que falamos ocorre nas casas dessas crianças e adolescentes,
abandonos, são punidos fisicamente e sofrem violência por parte de seus pais, quem deveria
protegê-los, e isso acontece dentro do seio da família que deveria ser o local de proteção,
crianças e adolescentes são muitas como veremos a seguir, através de estudos que foram
realizados que deixam muito claro quais as conseqüências na vida delas o fato dele sofrerem
violência e abusos.
contra a criança e adolescente pode sofrer no âmbito familiar; (SIDEBOTHAM, et al., 2006),
esse autor menciona também que, o reconhecimento que a violência que a criança e o
adolescente sofrem é um problema social e requer pesquisas e intervenção para que possamos
conhecer as razões e as causas dessa problemática, é algo muito recente em nossa história.
61
inúmeras, podendo causar grande comprometimento acerca do seu futuro e, de seus vínculos,
a maior parte das pesquisas dizem respeito ao impacto que eles tem sobre a criança e o
físicas desse ato, que vão desde pequenas cicatrizes, hematomas, fraturas, até danos cerebrais
permanentes e morte.
problema muito grave que se apresenta, sendo muitos os autores que evidenciam essas
psicossociais, de acordo com estudos realizados por; (MUZA, 1994; PASCOLAT; MINAYO,
Como mencionado acima fica muito claro as conseqüências pelas quais elas estão
sujeitas a sofrer, todas são muito sérias e comprometem o seu desenvolvimento, levando a
viverem em uma situação de desamparo aprendido, pela ausência dos pais e por viverem em
auto-estima baixa, não foi ensinado e não aprendeu que precisa se valorizar; (JONZON et al.,
2006), com auto-estima baixa, o individuo permite que façam com sua vida inúmeras coisas,
ficando vulnerável por não ter desenvolvido capacidade de se defender e se valorizar e, com
isso perceber que, é detentor de coisas boas em sua vida e merece coisas positivas e formar
vínculos positivos.
podem trazer sérios danos em dois sentidos, atingindo a criança e o adulto que ela vai se
quem sofreu a violência, observou-se uma correlação forte entre a violência física e violências
familiares e não familiares no futuro do indivíduo, maior propensão a uma vida criminosa,
método nos estudos vistos. Apesar disto, é consensual que, quanto mais prontamente se
Não são apenas sintomas emocionais que podem ser observado em uma criança ou
As conseqüências da violência são tão séria que, autores têm considerado fundamental
pesquisa há muito pouco tempo, cerca de 45 anos, apesar de que a violência contra criança é
64
Os abusos físicos e sexuais têm sido relacionados à prática de delitos. O segundo, aos
crimes da esfera sexual, enquanto o abuso físico vem sendo ligado a outros tipos de violência
na infância, com níveis de gravidade que variam com o tipo de abuso, sua duração e, o grau
como responsáveis por cerca de 50%, das psicopatologias encontradas nos adultos
das vítimas variarão de indivíduo para indivíduo, conforme o tipo de violência sofrida e a
relação de violência na infância gera problemas que se manifestaram com outras pessoas,
serão jovens que apresentaram um número alto de vínculos inseguros e com adultos que não
Como foi demonstrado até agora percebe-se que as conseqüências relativas a violência
contra a criança e o adolescente são inúmeras e atingem cada criança e adolescente de uma
maneira diferente, pois têm que ser levado em consideração a idade em que a violência teve
início, mas é indiscutível o quanto é devastadora na vida de quem sofre e vivencia em seu
cotidiano.
FURNISS (1993); relata que o dano psicológico pode estar associado a idade de início
Por outro lado, um enfoque importante e novo surgiu nas últimas duas décadas e diz
violência entre os pais (FREIDRICK e EINBENDER, 1983), existindo a afirmação por parte
da convivência das crianças em situação de grande conflito podem ser piores do que quando
aquelas crianças que testemunham a violência entre seus pais, experimentam uma série de
sentimentos negativos que podem levar a criança e o adolescente ter baixo rendimento
doenças somáticas crônicas, entre outros (EISENSTAT et al., 1999; KERKER et al., 2000;
implicando efeitos nocivos a vida dela e agora merece ser vista e pensada como uma forma de
ação direta a saúde e bem-estar de seus filhos, sendo que, a descoberta da violência doméstica
contra a mulher, possa efetivamente ajudar, proteger e de certa maneira cuidar de seu filho,
criança ou adolescente, que presencia essa violência, (BOROWSKY; DOUD et al.; 2002).
66
pois a descoberta dessa violência, será importante para ajudar e cuidar da criança e do
adolescente, no caso filhos da mulher que sofre a violência, (KERKER et al., 2000;
estaria contribuindo para a existência dos problemas acima referidos (HILBERMAM, 1980;
REICHENHEIM, 1999). Algumas pesquisas têm mostrado que essa concomitância tem efeito
sinérgico sobre a saúde da criança e que a gravidade da situação conjunta é maior que a
soma dos dois abusos em separado” (HASHANI et al., 1992; BRANCALHONE, 2004).
Segundo (JOURILES et al., 2001), a criança não precisa observar a agressão para ser
afetada por ela, assim sendo se a criança viu, ouviu um incidente com a mãe, viu o resultado
as marcas, ou vivenciou seu efeito quando interage com seus pais (HOLDEN, 1998).
entre seus pais para sentir-se exposta a violência, ela é afetada de todas as formas
independente de presenciar o que ocorre, ela é afetada e sofre da mesma maneira como se
fosse maltratada.
que seja pensado como o desenvolvimento infantil podem ser comprometido por estarem em
comportamentais.
A literatura nos mostra que, a criança e adolescentes expostos à violência conjugal que
que esses prejuízos podem ser minimizados por meio de intervenções (HILTON, 1992;
Essa questão é muito grave pois são muitas as conseqüências associadas a sofrer
durante a infância tem sido associado à delinqüência e à violência juvenis, tanto quanto às
ansiosos, com medo, inseguros, a espera de quando a agressão voltara a acontecer, apenas
ou observando os episódios de agressão entre seus pais, para sentir-se expostos a violência,
ela é afetada de todas as formas independente de presenciar o que ocorre, ela é afetada e sofre
da mesma maneira como se fosse ela quem sofre a agressão, o que faz com que a violência
contra a criança e o adolescente além de ser algo destrutivo na vida delas, traz graves
para as crianças que presenciam ou observam as cenas de agressões (CORREA et al., 2000).
que seja pensado como o desenvolvimento infantil podem ser comprometido por estarem em
passar do tempo, ir para a escola, auto-estima positiva, bem-estar, segurança, são alguns dos
aspectos que as crianças e os adolescentes merecem ter de forma segura e tranqüila para
mulher, ele seu desenvolvimento afetado e poderá estar aprendendo que a violência é uma
Uma das explicações mais utilizadas quando a questão é a violência doméstica contra
doméstica que foram vivenciadas durante a infância, e que contribui para que se perpetuem
essa violência.
infância, CARIOLA (1995), por terem sofrido os mesmos tipos de violência, (DAVOLI e
NETO, 1994).
69
Pensando assim, numa família onde toda a estrutura é perturbada e cheia de conflitos,
a criança vai herdar este comportamento dos pais (CENTEVILLE et al., 1997) e poderá ser
Assim, segundo essa visão, ocorre um círculo vicioso, as crianças recebem todos os
agressivos, potencializando cada vez mais situações agressivas (KORN et al., 1998).
pais em relação à violência contra a criança, realizada com 8.145 famílias (STRAUS e
SMITH, 1995), foram encontrados os seguintes resultados, os pais que sofreram violência
quando crianças apresentavam um índice de violência contra os seus filhos duas vezes maior,
Com esse resultado podemos pensar que a violência doméstica contra a criança e o
vivenciam, essas questões têm a sua razão de ser porque se admite que a criança como o
(1997).
Nos últimos anos o alcoolismo é apontado também como uma explicação para a
No caso especifico do álcool apesar das pesquisas ainda não é possível inferir que o
uso do álcool afete o comportamento das pessoas envolvidas, não é possível saber se essas
Pensando ainda na correlação do álcool e violência, ele é apontado como sendo uma
e NASCIMENTO, 1998).
Com referência ao uso do álcool e de outras drogas, como também o fato de os pais
terem sido submetidos a violência doméstica em sua infância, esses são traços encontrados
com certa freqüência nas famílias de crianças e adolescentes que sofreram de atos de
violência e que certa maneira podemos dizer que, esses fatores levam-se a que se cometa atos
Para que isto ocorra temos que ter visibilidade do problema, que se torna possível
através dos registros de notificações, que é obrigatório desde o ECA que são estabelecidas
Receio da criança, ser enviada a um abrigo, ou para a FEBEM o que lhe causaria
maiores danos, a visão de que se trata de um problema de família, medo de poder estar
enganado e notificar uma suspeita infundada, crença de que ele deve cuidar das lesões e
comoção, aos profissionais que estão de maneira direta ou indireta em contato com essas
adolescente.
como esta a dinâmica familiar mas, são muitas as controvérsias e problemas que permeiam o
De acordo com PASCOLAT (2001), estima-se que para cada caso notificado, dois não
o são.
contra a criança e o adolescente, pois se espera ter suspeitas bem evidentes da ocorrência ou
mesmo, a confirmação do mesmo, talvez isso ocorra em função das interferências, que
quer se separar da família, essas são questões sérias, que levam muitas vezes a sub-
No Brasil
Não há a pretensão de fazer uma revisão da literatura nacional sobre essa questão.
72
de 4,5 milhões de crianças vítimas de abuso e negligência por ano no país. Estatísticas do
1990. Destes, 64% eram casos de violência doméstica. A Associação Brasileira de Proteção à
Dados estatísticos notificados pela Polícia Civil do Rio de Janeiro no ano de 1991
indicam que cerca de 70% dos homicídios de crianças de zero a onze anos foram perpetrados
(CBCA), analisando os crimes no período de 1987 a 1989, verificou que 37% estavam
relacionados a posse sexual mediante fraude e sedução e 13% eram casos de estupro.
Em São Paulo, SAFFIOTI (1993) estudou 346 crimes contra crianças e adolescentes
1993 realizou 3.981 atendimentos a crianças maltratadas nos lares na cidade do Rio de
janeiro.
HILTON (1992), diz que em um estudo realizado com mulheres que sofrem violência
doméstica por parte de seu marido, 55% delas dizem que seus filhos testemunham a violência
física que elas sofreram. Nos Estados Unidos, estimam que entre 3,3 milhões a 10 milhões de
crianças estão expostas a violência doméstica contra a mulher, no caso a mãe dessas crianças,
infância como vitimas de abuso ou negligencia, o abuso físico e sexual representa 40% de
Os dados revelam que a violência que atinge as crianças é muito grande; a literatura
internacional mostra que 70% dos atos de violência física contra crianças, em geral, são
praticados pelos pais, sendo as faixas etárias mais vulneráveis de 7 a 13 anos (GUERRA,
1996).
No Rio de Janeiro nos anos de 1999 a 2002 foram realizadas 3.628 notificações
Entre os anos de julho de 1999 a agosto de 2000, foram notificados no Rio de Janeiro,
pelas redes de saúde, das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde 1061 casos de violência
Estudo recente realizado em Porto Alegre demonstra que 85% dos casos de violência
violência doméstica física é mais notificada, sendo que de 1988 a 2000 representou 51% do
família e, de acordo com dados do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) de
da Saúde (2001), 80% dos casos de violência contra a população infantil e jovem ocorrem
Segundo dados analisados por CARVALHO (2000), no Brasil, em 1994, 12% das
55,6 milhões de crianças com menos de 14 anos sofreram algum tipo de violência em casa.
denunciada é a violência física e um aspecto que pode justificar essa notificação é o fato de
que ela pode deixar marcas visíveis no corpo da criança, facilitando sua identificação.
especifico junto aos pais o Conflit Tactic Scale que avalia as práticas educativas e conclui-se
que 46% das famílias cometiam alguma forma de violência física e como forma de punição
Tutelares no ano de 2003, para a faixa de 0 a 18 anos era de 398 casos sendo que 55% dos
pais eram negligentes, 17% cometiam maus-tratos físicos, 18% abuso sexual, e 4%
dentro do ambiente familiar, cometidos por seus pais, e que também ocorre nessas famílias a
presença da violência contra a mulher por parte de seu marido ou companheiro, BORDAO
ALVES (2005).
maiores estudos para que se compreenda o por que e o como da violência doméstica, seus
efeitos, bem como se comece a delinear ações que possam ser desenvolvidas no sentido tanto
Para que se tenha um entendimento acerca dos maus-tratos cometidos contra a criança
nos Estados Unidos e, em alguns outros países acerca da violência doméstica contra a criança
e adolescente.
Em inquérito realizado nos Estados Unidos em 1985, apontou-se que 62% dos pais
utilizavam a agressão, materializada em empurrões, tapas e, até, uso de armas, no trato com os
Segundo o National Incidence Study, ao longo do ano de 1986, nos Estados Unidos,
311.500 crianças, ou 4,9 em cada 1.000, foram abusadas fisicamente; 188.100 crianças, ou 3
abusadas sexualmente; e 507.700, ou 8,1 em 1.000, foram vítimas de negligência física (U.S.
Nos Estados Unidos em 1991 e a cada ano 10 milhões de crianças e adolescentes estão
agências dos serviços de proteção à infância como sendo possíveis vítimas de abuso e
negligência, sendo que o abuso físico e sexual representava 40% de todos os relatos.
Por mais que esses dados possam ser gritantes, há uma séria desconfiança de que ainda
esteja subestimada verdadeira população de criança e adolescente que sofre violência em seu
De acordo com PASCOLAT (2001), estima-se que para cada caso notificado, dois não
o são.
Os dados revelam que a violência que atinge as crianças é muito grande; a literatura
internacional mostra que 70% dos atos de violência física contra crianças, em geral, são
76
praticados pelos pais, sendo as faixas etárias mais vulneráveis de 7 a 13 anos (GUERRA,
1996).
varáveis de 16 a 32%, com cerca de 300 a 350 mil pessoas com idade de 12 anos ou mais, que
sofrem violência domestica contra a criança anualmente (RENNISSON, 1997, 1999), e igual
número de vítimas com idade abaixo de 12 anos. No Brasil, inexistem dados globais a
respeito do fenômeno, estimando-se que menos de 10% dos casos chegam às delegacias
(FAUNDES, 1998).
área de violência doméstica se faz necessários para ter-se a real situação do problema.
informações são fornecidas pelos responsáveis pela recepção e seguimento das denúncias,
muito menor que o número real dos casos, e não se pode levar em consideração os números
Nos Estados Unidos, somente no ano de 2002, 896 mil crianças foram consideradas
ocorrência de maus-tratos na infância foi de 16% sofreram maus tratos físicos e 7% de abusos
(negligencia), e 11% abuso sexual, dando um total de 51% de crianças e adolescentes vítimas
Austrália- Pesquisa realizada entre os anos de 1997 e 1998, pelo, Australian Istitute of
Health and Welfare, divulga taxas de incidência que varia de 5,1 a 5,9 por 1000 crianças,
esses dados se referem apenas a dados confirmados e foram coletados nos 3 maiores estados
australianos, ficando o total da amostra da seguinte maneira, abuso físico de 27% a 35%,
Portugal- Estudo retrospectivo com pais de crianças que freqüentam escolas públicas,
dando como resultado uma amostra de 1000 adultos, eles foram convidados a responderem
Foi encontrada 73% mas o abuso físico severo com seqüelas e machucados foi de 9,5
%, a maioria dos abusos ocorreram antes dos 13 anos, (FIGUEIREDO et al., 2004).
Chile – Estudo realizado na cidade de Temuco, com 422 famílias que através da
Conflit Tactic Scale, constatou-se que 45% das famílias empregavam violência física e 17%
al., 2001).
ora têm significado avanços, ora assumem a característica de retrocesso, ou de ‘marcar passo’
deles; como já se pontou, ela está presente desde sempre, aparecendo com maior ou menor
intensidade em épocas diferentes, como um fenômeno mundial que perpassa todas as culturas,
Entretanto, nos dias atuais, ela tem grande visibilidade, seja porque o interesse está em
denunciar, ou pelo fato de que se encontra exacerbada entre os mais diversos grupos sociais,
seja ainda porque se mostra gratuita, mas, sobretudo pela consciência de que a sua presença
significa um confronto direto com os Direitos da Pessoa, uma vez que suas conseqüências
1999).
inicialmente a grande complexidade do tema, porque ele diz respeito ao mesmo tempo a
alguma coisa que acontece no espaço do privado, sendo, então, restrito às pessoas que dele
sociais menos favorecidos, mas o que não significa que as camadas mais privilegiadas não
A violência contra a mulher é reconhecida pela Assembléia Geral das Nações Unidas,
em 1993, como qualquer ato de violência de gênero que resulte, ou tenha possibilidade de
incluindo também a ameaça a tais atos, a coerção à liberdade e a privação desta, ocorrendo
começar pelo seu tamanho, pelos papéis atribuídos ao homem e à mulher, aos adultos e às
79
crianças, mas que se constitui em um tipo de agrupamento estável através das sociedades e
dos tempos, fundado na responsabilidade pelo cuidado e educação das gerações mais novas,
(SAGIM, 2004).
De outro, a sociedade que interfere e que é chamada a oferecer subsídios para que a
“A violência doméstica ocorre numa relação afetiva cuja ruptura demanda, via de
regra, intervenção externa. Raramente uma mulher consegue desvincular-se de um
homem violento sem auxílio externo. Até que isso ocorra, descreve uma trajetória
oscilante, com movimentos de saída da relação e retorno a ela”.
privacidade de cada um, segundo o princípio de não tornar público o que acontece dentro de
casa, para não expor a imagem da instituição familiar, que deve permanecer intocada.
Pode-se dizer que se entende por uma situação de violência doméstica contra a mulher
o que pode ser registrado como uma ação freqüente, agressiva, a ela dirigida, seja física,
Podemos perceber que se está diante de uma contradição, porque o imaginário social
vê a casa como um lugar seguro, tranqüilo onde o ser humano inicia seu desenvolvimento,
assimilam modelos; assim, quando nessa família a violência se faz presente fica muito mais
difícil reagir, e mesmo entender a situação porque a pessoa foi ensinada que é nesse ambiente
que ela terá amor, carinho e proteção. Por esta razão é que SAFFIOTI (1997, p. 53) diz que;
É muito difícil pensar e aceitar que dentro de seu lar a mulher esteja à mercê de um
companheiro agressivo; isto contraria o que se poderia esperar, uma vez que este espaço é
80
visto como sagrado. No casamento supõe-se que homens e mulheres encontrarão não só a
satisfação sexual, mas também uma compreensão mútua de suas necessidades afetivas, num
As questões que se referem a violência doméstica contra a mulher é algo muito sério
afeta a saúde física e emocional da mulher, portanto é muito importante que se tenha uma
visibilidade desta questão para podermos prevenir e interferir, fazendo com que a mulher
possa viver em sua casa sem ter, presente o medo da violência a ela dirigida por parte de seu
companheiro, como também, já é mais do que hora de começarmos a pensar nos filhos dessas
mulheres que assistem, interferem, vivenciam as agressões, violências, humilhações que essa
um lar onde ele sofre violência doméstica praticada contra ele por seus pais, e vivenciar as
situações de violência doméstica contra a sua mãe, praticada por seu pai, acarreta uma
infinidade de conseqüências a esses filhos, e temos que pensar muito seriamente sobre essa
situação.
Através de estudos sobre a questão da violência doméstica contra a mulher, que nos
dessas mulheres e podem e muito contribuir para que os lares sejam mais seguros para as
mulheres, mães e seus filhos, para que eles possam ter direito a se desenvolver com qualidade
de vida, em termos de relação afetiva, carinho, respeito e amor entre e seus pais.
RODRIGUEZ (1996), diz que na cidade de Guadalajara 82% das mulheres vítimas de
violência têm emprego, poderiam se sustentar sozinhas sem seus companheiros e sair da
O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) apresentou dados que mostram
em apenas seis anos. Entre os casos a Lesão Corporal foi o crime mais denunciado (113.727
De acordo com as estatísticas, a violência seria crescente, e não apenas no Brasil, mas
em todo o mundo; como exemplo tem-se o caso da Áustria, que evidenciou que em 1500
al., 1998; BRANCALHONE et al.; KITZMANN et al.; WOLFE et al., 2003), os prejuízos
causados aos filhos de mulheres que assistem cenas de violência entre seus pais, para as
crianças e adolescentes estudos mostram que, as conseqüências são muito serias quando os
No Brasil alguns estudos na saúde revelam dados bem assustadores, entre usuárias do
serviço público, cerca de 50% a 60% das mulheres entre 15 a 49 anos relatam terem sofrido
Dados estatísticos referentes ao Rio de Janeiro em 1997 revelam que foram registradas
5.098 ocorrências de violência doméstica por mês, ou seja, 170 casos ao dia. A abrangência
desses dados é muito grande, pois, significa que a cada hora há 7 mulheres em situação de
do Rio de Janeiro, apresentando dados referentes a 1999-2000, indica que em 70% dos casos
por eles atendidos a violência foi praticada pelo marido ou companheiro da vítima, (BLAY,
2001).
Calcula-se que uma em cada quatro mulheres será agredida pelo menos uma vez
familiar. Segundo estimativas do Banco Mundial, uma mulher tem maior probabilidade de ser
espancada, violada ou assassinada pelo seu parceiro atual ou anterior que por um estranho,
(WHO, 1997).
identificada. Isto porque muitas vezes elas não procuram atendimento médico, ou porque os
física é praticado por seu marido, estudos em vários países deixam claro a violência física
contra a mulher praticada por seu marido é muito grande e varia de país a país, 21% da
mulheres sofrem violência na Holanda e Suíça Estados Unidos, 22%; no Canadá 29%; Egito,
A pesquisa mostra que os incidentes acontecem dentro de casa, sendo que mais de
40% resultam em lesões corporais graves decorrentes de socos, tapas, chutes, amarração,
desestrutura o núcleo familiar, por se constituir num desrespeito aos limites impostos a todos
Objetivo Geral
Esta pesquisa esta estruturada tendo como objetivo analisar a percepção que crianças e
adolescentes, que vivem em ambientes em que a violência doméstica esta presente, tem a
respeito dela, incluindo-se tanto a situação em que eles são vitimas da violência dos adultos,
quanto a que a violência ocorre entre os pais, em especial contra a mãe, e eles estão na
categoria de observadores.
Objetivos Específicos
83
MÉTODO
1- Construindo a Metodologia
central no interior das teorias. Para LENIN (1965, p. 148), o método e a alma da teoria.
indagação e construção da realidade, é com a pesquisa que temos um ensino atualizado frente
ao mundo, portanto, embora sendo uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação.
somando-se o conhecimento teórico acumulado a respeito dele, através das leituras tendo-se o
Para se construir uma pesquisa faz-se necessário ter-se uma metodologia que abranja
inúmeros caminhos para tentar refletir e entender como se apresenta, na perspectiva de como
Para iniciar essa pesquisa foi necessário fazer um estudo e uma análise de quais
estratégias melhor se adequariam à opção metodológica, então, optou-se por uma pesquisa
tendo um cunho de natureza descritiva, por possibilitar que sejam alcançados os significados e
Fez-se a opção por trabalhar com entrevistas, com dois formatos diferenciados,
entrevista estruturada e entrevista semi estruturada, que serão aplicadas as mães, crianças e
adolescentes.
que se pode com isso, ir além da simples descrição do dado puro em si, incorporando novas
interpretações dos resultados obtidos, que podem tornar a análise dos dados mais ampla e rica,
sentença incompleta e desenhos que contém situações e interações familiares, que serão
Também se faz necessário o uso de uma agenda, onde serão anotados todos os dados
referentes a cada família tais como; nome, endereço, quantos filhos participariam da pesquisa,
essa agenda tem como finalidade o agendamento de cada família, com os horários das
entrevistas e o local onde cada família reside, a pesquisadora buscou cada uma das famílias
em sua casa.
entrevistas e observações gerais que no futuro poderiam ajudar na interpretação dos dados e
numa melhor forma de contextualizar, entender, compreender de forma mais clara o conteúdo,
Nesse sentido nos coloca, (BOGDAN et al., 1997), sobre as notas de registro em um
diário, elas podem registrar, idéias, estratégias, emoções, comportamentos, reflexões, que
seriam um relato escrito do pesquisador que ouve, vê e reflete ao coletar dados em uma
pesquisa qualitativa.
A escolha dessa estratégia de coleta de dados foi devido à flexibilidade que esta
direcionar o que pretende obter dos participantes, além do que ele permite tanto análises
Para trabalhar com entrevista é necessário que se crie um ambiente acolhedor, uma
atmosfera agradável e confiável, iniciar com uma conversa informal, não ficar com medo do
silêncio em alguns momentos, ter a paciência para ouvir cuidadosamente, e sempre respeitar o
grande e que deve evitar a tendencionalidade das perguntas ou a indução das respostas pelos
MORGAN (1988), diz que uma entrevista consiste numa conversa intencional entre
duas pessoas ou mais, tendo como objetivo obter e extrair informações sobre a outra pessoa,
no caso de uma pesquisa qualitativa a entrevista surge com um formato próprio (BURGES,
1984).
Para (Trentini et al, 2004), a entrevista além de ter o propósito de coletar informações,
ela constitui uma condição social para a interação humana, a qual a produção fornecerá
DUARTE (2004) se refere às entrevistas dizendo que elas são fundamentais quando se
importantes a respeito de crenças, valores e sentimentos que contribuem para que se faça uma
THIOLLENT (1982) diz que a entrevista em uma pesquisa não é apenas um ato de
coleta de dados, mas, sempre é uma situação de interação entre duas pessoas e que as
vinculação com sentimentos, crenças, valores” e (LUDKE et al., 1986), fala da importância
elaborados de forma que possa ser aplicada a todas participantes, as perguntas seguem uma
forma flexível e a seqüência e minuciosidade ficam por conta dos participantes e da dinâmica
Com relação aos dados qualitativos desta pesquisa, foram analisados pela técnica de
analise de conteúdo, modalidade temática, BARDIN (1977, p. 105), essa análise temática,
aparição podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido”, além de buscar
respostas para questões, com essa técnica pode se caminhar na direção da descoberta do que
esta por trás dos conteúdos manifestos indo além das aparências do que se esta analisado,
modelo proposto por (BOASOLI-ALVES, 1998). Nesta análise a forma adequada de iniciar
uma interpretação dos dados seria ler e reler o material, para evidencialisar pontos
importantes, esse tipo de análise requer dois momentos distintos de agrupamentos, o das
É importante perceber o que cada pergunta permite obter e classificar as questões e dar
um sentido nas informações, a montagem e definição desse tipo de análise pode ter por base
(BIASOLI-ALVES, 1998).
Depois desse procedimento parte para uma nova etapa que é a de categorização das
respostas através de um estudo minucioso e exaustivo das falas dos participantes e que por
fim teremos as categorias formadas através das falas das participantes e prontas para serem
dois tipos de análise dos dados, a análise qualitativa nos diz MINAYO (1996), que ela
responde muito bem a questões referentes, onde se trabalha com o universo de significados,
motivos, crenças, valores e atitudes e isso responde a uma maior relação nos processos,
Ela também diz que a pesquisa qualitativa é importante, pois compreende os valores,
que se processam entre os grupos sociais tanto no âmbito das instituições dos movimentos
MINAYO (2004, p. 10), diz que há pesquisa qualitativa é entendida como sendo
Já TURATO (2003, p. 167), nos diz que a pesquisa qualitativa se caracteriza como
sendo um método que permite a captação dos sentidos que o fenômeno tem para o informante
Quanto a (SPINK et al., 1999), ele se refere a idéia do rigor em pesquisa qualitativa a
ser equivalente a tornar claro e bem definido os caminhos para chegar a interpretação, e tem
que ser bem evidente, e ser bem definido a explicitação do processo utilizado na interpretação
dos dados.
A seguir descreveremos as etapas de cada passo dos caminhos metodológicos para que
2- Participantes da Pesquisa
Crianças e Adolescentes
A pesquisa foi realizada em uma cidade de grande porte do interior do Estado de São
adolescente por parte de seus pais, e que foram sinalizados pelo Conselho Tutelar ou
Ministério Público.
E, com famílias em que a violência se faz presente também entre os pais, a violência
doméstica contra a mulher, e que pode ou não acontecer na frente dos filhos, e que já ocorreu
E, também famílias que apresentavam episódios de violência física entre o casal e que
A amostra da pesquisa ficou composta da seguinte maneira; 17- famílias, (mães) e 77-
A pesquisa foi realizada em uma cidade de grande porte do interior do Estado de São
Paulo.
Foi definido que em razão do conteúdo desta pesquisa é conveniente não identificar a
cidade, pois os dados coletados são referentes a famílias em situação de risco psicossocial
pela presença da violência e evitamos dar maiores informações sobre o local físico da coleta
de dados para não violar o termo de confiabilidade de que não seriam identificados e não seria
As famílias que ali residem têm problemas semelhantes e muitas vezes idênticos aos
Assistência Social, constitui-se numa unidade pública estatal, pólo de referência, coordenador
direcionando o foco das ações para a família, na perspectiva de potencializar e fortalecer sua
função protetiva.
2
As informações pertinentes ao local da coleta de dados foram retiradas e copiadas do site da Prefeitura da
cidade em que a coleta de dados foi realizada, muito do que esta presente neste texto é copia do que foi retirado
deste site e com prévia autorização do funcionário da secretaria deste município, autorização esta verbal.
91
“medida pertinente aos pais ou responsáveis”; crianças e adolescentes sob medida protetiva de
referência com a rede de serviços socioassistenciais da proteção social básica e especial, com
estreita articulação com os demais serviços da proteção social básica e da especial, com as
Social, compondo o Piso Fixo de Média Complexidade (conforme Portaria Nº440/2005 - Art.
3º).
3-Procedimentos
2- Procedimentos Éticos;
92
etapa.
Para participar do estudo piloto foram convidadas três famílias juntamente com seus
filhos.
Esta etapa da pesquisa teve como objetivo, testar, corrigir, adequar os instrumentos
Assim sendo as famílias e seus filhos que participaram desta pesquisa nesta etapa,
foram excluídos da análise, pois nesse momento o objetivo era o treinamento e a adequação e
O Estudo Piloto ficou definido com uma amostra de três mães e de dez crianças e
adolescente, cada participante foi identificado da seguinte maneira, em se tratando das mães a
identificação ficou sendo como família = (F) e recebia o número da seqüência de entrevista,
por exemplo, família 1, família 2, e assim por diante e com seus filhos foi adotada a seguinte
abordagem, família 1, (entrevistado 1, entrevistado 2), e assim por diante até todos os filhos
O número do entrevistado é seqüencial, mas, o filho de cada família foi ouvido junto
com sua mãe, teve se o cuidado de começar e terminar uma mesma família, para depois
iniciar a coleta de dados com a segunda família, e com isso o número de participantes ficou
93
assim sucessivamente.
O local para a realização do estudo piloto, para que os instrumentos pudessem ser
testados foi uma unidade do CREAS, onde os dados seriam coletados e as famílias
onde havia a privacidade necessária e a segurança para que pudéssemos abordar questões tão
barulho para que, as mães ou seus filhos pudessem de alguma maneira sentirem-se
desconfortáveis ou constrangidas pela presença de terceiros, e também para que pudessem, ser
pesquisadora levava a família de volta a sua residência e se necessário fosse retornaria para
buscá-la em data e horário apropriado para a participante dar seqüência nas entrevistas e
assim também foi feito com cada criança e adolescente, acompanhado por um responsável.
Antes de iniciar qualquer etapa da pesquisa foi envidado ao Comitê de Ética dessa
a realização da pesquisa, quando a instituição deu ciência de que o projeto foi aprovado e que
a coleta de dados poderia se realizada em uma unidade do CREAS, foi então feito o contato
propriamente dito com a unidade e teve-se a fase formal que foi conhecer a Assistente Social
que estava a frente dessa unidade e que em muito contribui, e a partir daí, escolher as famílias
Livre e Esclarecido,4 para a participação dela como participante da pesquisa como é à mãe
quem autoriza e assina por seu filho dando consentimento para que ele participasse da
enfrentam sérias questões metodológicas e também éticas, devem-se tomar todos os cuidados
necessários.
Segundo DELL AGLIO (2000), os pesquisadores devem ter cuidado com as questões
Segundo, APTEKAR (1996) diz que é importante observar durante a coleta de dados
se esses adolescentes não vão mentir ou contar estórias, pois costumam mentir sobre seus
3
O projeto também foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto – USP, seguindo as normas estabelecidas pela Legislação relativas à pesquisa com seres humanos.
4
O de Termo de Consentimento dado à mãe e ao seu filho, que no caso quem assina por ele e sua mãe dando
consentimento para que ele participe da pesquisa, esse termo encontra-se em anexo n -1.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo comitê de ética e encontra-se em anexo 3
?
O projeto também foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão
Preto – USP, seguindo as normas estabelecidas pela Legislação relativas à pesquisa com seres humanos.
95
Para Lisboa e KOLLER, s/d este mecanismo tem por finalidade quando ocorre serem
participantes pareçam necessitar de ajuda mesmo que isso não tenha vinculo a pesquisa em
suporte urgente, não se pode omitir de tomar as devidas providências (DELL AGLIO, 2000;
que pediram ajuda para seus filhos ou para ela e isso foi feito pela pesquisadora que as
sentido, pois só assim poderemos ter um mapa que nos possibilite fazer avaliações e propor
projetos de intervenções e vislumbrar caminhos que levem a mudanças deste quadro social
É importante ouvir a criança e o adolescente, pois esta escuta nos trará subsídios para
Acredita-se “(...) que seja muito importante ouvir a criança e talvez seja este o meio
eficaz de o Estado fazer sua intervenção no momento certo” JUNQUEIRA (1989, p. 172)
SOUZA (1999) acredita e diz da importância da criança em ser vista como um sujeito,
pessoa capaz de mudar e atuar na sua vida e não de ser vista e tratada como ser passivo diante
das pessoas participantes, bem como deixá-las cientes de seus objetivos, e do uso do gravador,
96
que não foi autorizado por nenhuma das mães, para elas era fundamental que nada fosse
gravado, e isso foi respeitado, as entrevistas foram escritas pela pesquisadora no momento em
que as participantes relatavam os fatos, nem tampouco as entrevistas dos seus filhos foram
gravadas.
Foi feito um compromisso com a unidade do CREAS, onde a pesquisa foi realizada de
que após o término da tese haveria uma devolutiva dos dados e resultados, como também
através da assistente social dessa unidade do CREAS, e que encaminhou e apresentou cada
família a pesquisadora, e a mesma, foi quem fez o convite para a mãe participar desta fase da
pesquisa e esclareceu também que, nessa etapa os dados coletados seriam desprezados da
pesquisa, mas teriam grande importância para a composição dos instrumentos da pesquisa.
cuidados éticos que deveriam ser respeitados, em caso de aceitar participarem da pesquisa, a
pesquisadora agendava um dia e horário mais conveniente para as famílias sem que houvesse
uma das famílias em suas residências e após o término da entrevista deixá-la em casa, sem
que a participante tivesse qualquer problema no sentido de transporte até a unidade e assim foi
Nesta fase foram elaborados roteiros de entrevista para serem aplicados aos adultos
responsáveis pela criança e adolescente no caso sua mãe, como também em seus filhos
idade, escolaridade, no caso das crianças e adolescentes, (anexo-4) com relação às mães as
para suas mães contendo seis questões, que visaram o cotidiano de cada família, (anexo-7).
reestruturado por (BAZON e VENTURINI, 2002), será o modelo utilizado nessa pesquisa.
Foi feita uma consulta para Bazom e Venturini, para que o modelo idealizado por elas
foi dada, e usamos na integra o jogo de sentença incompleta idealizado por BAZON e
VENTURINI (2002).
Quanto aos desenhos foi feita uma adaptação do modelo utilizado por (DELFINO, V.
2003)6, foi efetuada uma consulta a idealizadora do instrumento para receber permissão para
utilizar o mesmo, e a permissão foi dada e algumas modificações foram necessárias no sentido
de adequá-los para a atual pesquisa, onde foram criadas novas perguntas e selecionados os
5
Foi feita uma consulta informal e verbal a prof: Dra: Bazon e a aluna de pós-graduação no sentido de pedir
autorização para que os instrumentos referentes ao JSI, pudessem ser utilizados nesta pesquisa na integra e em
alguns casos com relativa cópia na integra e foi autorizado pelas duas autoras o uso do mesmo.
6
Em relação aos desenhos também ouve uma conversa e pedido para que pudessem ser usados alguns desenhos
dessa autora nessa pesquisa, e mesma deu permissão e autorização.
98
Foram utilizados onze e cada um com três perguntas adequadas para a atual pesquisa.
Em função de buscar as famílias em suas residências pode ser feito uma observação
proximal de como é a residência de cada família como vivem e se organização em seus lares e
buscá-la em sua casa para participar da pesquisa sobre assuntos tão doloridos e sofridos para
As entrevistas-piloto foram realizadas em seis dias com duração de três horas cada
uma com as mães, e com as crianças e adolescente tiveram a duração em média de duas horas
e meia.
subsídios para adequação da mesma como auxiliou no sentido de observar as mudanças que
se fez necessária e que tempo se levar em média em cada entrevista com as mães e com seus
filhos.
mães) ficariam tocadas com as questões abordadas e para a pesquisadora o quanto seria difícil
conter as emoções e disfarçar a tristeza diante de relatos tão doloridos e repletos de violência
famílias em seu dia a dia, em situações diferentes, dentro do seu contexto e cotidiano familiar.
As crianças e adolescentes respondiam uma a uma a cada pergunta que lhe era
formulada e sempre emitia sua opinião e também às vezes ao término das perguntas e
encerrada a entrevista eles emitiam opiniões sobre os desenhos fazendo um paralelo sobre
Pode ser observado que esse instrumento tocava os participantes de uma maneira
muito particular, teve participante que durante o estudo piloto rasgou o desenho, outros após
terminarem suas falas, choravam copiosamente, esses episódios não foram acontecidos em
testados, adequados e estavam prontos para serem aplicados, e ficou composto da seguinte
praticada por seu marido/companheiro e que ela ou seu marido foram sinalizados ao Conselho
Esse foi o critério utilizado para ter acesso às famílias, pois a pesquisa tem como foco
como objetivo principal o cuidado com a pesquisadora, no sentido de que ela não
100
entrevistasse famílias onde havia a presença de problemas de saúde mental, e, também foram
excluídos famílias onde a mãe estava em tratamento psiquiátrico, famílias com histórico de
muita agressividade.
fossem perigosas, pela presença do tráfego de drogas, e índice alto de violência na região,
mas, a pesquisadora pediu que esses locais fizessem parte da seleção de participantes e não
fossem excluídos e foi aceito pela assistente social e essas regiões fizeram parte da pesquisa.
entre a pesquisadora e a Assistente Social, para que ela apresenta-se as famílias selecionadas e
a partir desse momento começamos a falar sobre o problema que envolvia cada família e a
A amostra selecionada ficou inicialmente delimitada com 100 famílias e seus filhos
delineada e passou-se então a uma segunda etapa por assim dizer, que foi também efetuada
Coube a assistente social e estagiaria fazerem o primeiro contato com cada uma das
famílias selecionadas e foi feito um convite para que ela comparecesse a unidade do CREAS,
e quando no comparecimento de cada família era colocado o motivo pelo qual o convite foi
participante.
cuidado que se tem quando se envolvem com um assunto tão difícil de ser abordado que é a
o início com a assistente social e não ocorreu nenhum contato com a pesquisadora.
compareceram ao convite inicial para que ela comparecesse a unidade do CREAS, para
pesquisa.
horário que fosse melhor para cada mãe e seus filhos e que a pesquisadora compareceria a
residência de cada participante para buscá-los em data e nos horários marcados e que após o
término da entrevista levaria a mesma até sua residência, sem que a participante tivesse
qualquer ônus ou problema em seu trabalho por estar participando da pesquisa, isso foi feito
com todas as participantes e seus filhos, que sempre estiveram acompanhados por um
responsável.
perguntas e também foram grosseiras com a pesquisadora, logo que a primeira pergunta foi
feita.
Dessas 35 famílias, 12 não permitiram que seus filhos participassem da pesquisa, logo
que foi apresentando a elas os instrumentos de coleta de dados, alegando que as perguntas que
seriam feitas a eles não eram adequadas e de maneira nenhuma concordaram com a
comprometer e não acreditaram que os dados seriam sigilosos e o Ministério Público não
ficaria sabendo do conteúdo das conversas tanto dela (mãe), como de seus filhos.
102
desde a preparação do estudo piloto até a fase em que todos os dados já haviam sido
coletados.
A pesquisadora buscou cada família em sua residência como também seus filhos, esse
procedimento foi feito com cada uma das famílias e seus filhos até o término de cada família,
não importando se necessitasse ir até a residência da família várias vezes, e isso ocorreu com
e todos os seus filhos para depois ter iniciam a participação da família número 2 e seus filhos
Cada família foi identificada como família 1, (F-1), que na realidade família é a mãe
em questão e seus filhos, foram identificados como entrevistado 1 (E-1) e assim por diante
O início da pesquisa teve como protocolo, primeiramente ouvir as mães, ter uma
Livre Esclarecido, pedir que ela assine o termo permitindo a entrevista dela e de seus filhos é
a mãe quem assina autorizando a participação de seus filhos na pesquisa por eles serem menor
de idade.
Após o Termo de Consentimento ter sido assinado, tem inicio a pesquisa, com as
mães e depois tem inicio a pesquisa com as crianças e adolescentes, com as questões
encontram-se em anexo.
apresentado por elas foi que tinham medo de alguém ouvir, e também todas tem medo do juiz.
escreveu na integra as palavras das mães, as mães colaboraram falando mais pausadamente
para que pudessem ter todas as falas escritas na integra, tendo se o cuidado de não perder
Foi utilizado um diário de campo, para que informações dadas antes ou depois das
entrevistas como também após a pesquisadora ir buscar a família em casa, eram informações
A entrevista foi realizada numa sala disponibilizada pela assistente social na própria
unidade, essa sala tinha mesa, cadeira, tinha silêncio, privacidade e tranqüilidade para abordar
Cada entrevista semi estruturada aplicada as mães teve duração em média de 3 horas e
instrumento, ocorrendo que, com algumas crianças esse tempo foi muito maior, como também
aconteceu dela iniciar a conversa e responder as questões e pediu para responder no outro dia,
não queria continuar conversando naquele dia, e esse pedido era respeitado e ele era levado de
tivessem sido ouvidos, a pesquisadora fazia uma revisão novamente do que estava escrito lia e
em banco de dados idealizados pela pesquisadora, para que os dados fossem digitados de
forma a não perder nenhuma informação e que se caso necessário fosse os dados de cada
organização sistemática dos dados coletados através das entrevistas, registro de notas no
Esta análise que ocorre após o término da coleta de dados, se dá á medida que os
dados são lidos, sendo sistematizados e por fim categorizados e agrupados por temas que se
Para (LUDKE et al., 1986) dizem que essa etapa de análise após a coleta de dados, é a
fase formal, pois esta ocorre quando a coleta de dados esta terminada, nesse momento o
pesquisador já tem as possíveis direções teóricas da pesquisa e parte para leituras e trabalho
em cima dos dados acumulados com a coleta e nesse momento busca-se destacar os principais
A análise de dados desta pesquisa será feita de duas formas distintas; primeiramente
será feita uma análise quantitativo-interpretativa, das entrevistas estruturadas, realizadas com
sistemas abertos para categorizar respostas com base em inferências quanto ao seu
significado”.
Na análise quantitativo-interpretativa, os dados são lidos diversas vezes, após essas
calcular porcentagens, criar e elaborar as tabelas, gráficos, para que essa tarefa possa ser
realizada etapa por etapa, quando a coleta de dados foi finalizada, foi criada banco de dados
no computador para que os dados pudessem ser transcritos na íntegra e também pudessem ser
visualizados da forma que cada família pudesse ser visualizada em sua totalidade.
Para continuarmos a análise dos dados, será feita uma segunda análise referentes às
seguindo o modelo de análise temática descritiva de conteúdo, modelo proposto por BARDIN
(1977), que consiste em analisar e classificar e dividir por temas os segmentos para dispor os
dados.
BARDIN (1977), diz que a análise de conteúdo se coloca de três formas distintas; 1- a
foram analisados os dados referentes aos instrumentos aplicados as mães, esse procedimento
106
teve como objetivo uma melhor interpretação e contextualização das famílias que foram
participantes da pesquisa.
objetivo saber e entender como são as famílias e conseqüentemente como é a vida da criança
e do adolescente inserido nesse cotidiano, isso facilita no sentido de que possibilita uma maior
Após a análise dos dados referentes às famílias, começamos a análise dos dados das
semi estruturadas e após o término das mesmas, passamos a análise dos desenhos, ambos os
entrevistas semi estruturadas com as mães e com seus filhos, várias páginas contendo as
respostas dos jogos de sentenças incompletas, e outras páginas referentes aos desenhos, todas
de coleta de dados.
Em seguida foram feitas inúmeras leituras desse material até que surgiram os temas
principais que seriam abordados na discussão e que serão discutidos no próximo capitulo.
contidas nas entrevistas foram agrupadas em temas centrais, podendo assim posteriormente
ser categorizadas.
Material
Aplicação de desenhos
3) Foi utilizado um diário de campo e uma agenda para anotar as datas e horários para
4) Material de escritório
Instrumentos
aplicação dos instrumentos com as crianças e adolescentes, que seguiam a ordem, primeiro a
Entrevista Estruturada, seguido pela Entrevista Semi Estruturada, pelos Jogos de Sentenças
Para ALONSO (1995), a entrevista pode ser compreendida como um processo através
do qual o entrevistador obtém informações que se destacam por terem muita riqueza de
conteúdo.
108
NETO (1994) diz que a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo,
através dela o pesquisador busca informes contidos em suas falas e que nos mostram fatos
relatados ao que vivenciam e que isso nos direciona a informações sobre um determinado
tema cientifico.
Uma entrevista consiste em uma conversa intencional entre duas pessoas ou mais e
dirigida por uma pessoa com o objetivo de conseguir informações sobre a pessoa entrevista
como sendo uma técnica apurada no sentido de se querer conhecer a vida social dos
participantes por meios verbais, e com isso interpretam o que os participantes dizem a partir
informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados
As entrevistas desta pesquisa foram realizadas com as mães e com seus filhos crianças
responder, completar as sentenças com a primeira frase que lhes vier à cabeça, sem nenhuma
preocupação com a forma da resposta que esta sendo emitida, concordância verbal, tamanho
da frase, ou palavras erradas que possam estar usando, ou com a exatidão da resposta, nesse
instrumento não há respostas certas ou erradas tudo pode ser categorizado e analisado.
109
de fácil e rápida aplicação, é um instrumento que propicia uma riqueza de conteúdo muito
grande, e também contem fortes conteúdos emocionais pelo fato de estarmos trabalhando com
O último instrumento a ser coletado é o desenho, que foi aplicado com crianças e
adolescentes, o desenho era mostrado a criança e ao adolescente e se fazia três perguntas, que
sempre seguia a mesma ordem e que só após o término da primeira pergunta, que se iniciava a
Resultados e Discussão
estruturada com as mães que foi o primeiro instrumentos utilizado nesta pesquisa.
As famílias que participaram desta pesquisa são chamadas de mães, pois foram as
mães que fizeram parte da pesquisa, não há nenhuma entrevista realizada com o pai.
pesquisa e na tabela a seguir podemos observar como é composta cada família participante
Iniciamos a discussão dos resultados pelas mães, por acharmos que deixa a pesquisa
mais ilustrativa dentro do contexto familiar e com isso é se torna mais fácil entender o
A seguir as famílias;
110
A tabela acima demonstra a média de filhos por família que é de 5,9 sendo que a
família que tem maior número de filhos possui 11 filhos e a menos numerosa tem 2 filhos.
mães pesquisadas e como se observa a maioria são de analfabetas, (41,2%), seguido de mães
111
que essas sabem apenas escrever seu próprio nome e conhecem dinheiro, é uma triste
realidade que se apresenta e esta é a razão por que muitas das crianças e adolescentes filhos
O que se observa acima na tabela é que a grande maioria das mães trabalham fora de
casa, (53%) e com isso se tornam a principal provedora dos filhos e da casa, e o trabalho que
exercem é de diarista e faxineira que na prática são a mesma atividade, mas as participantes se
referem como sendo diarista e outras como sendo faxineiras, ambas exercem essa atividade
A renda dessas famílias é complementada por programas sociais que o governo federal
CREAS e cada unidade atribui as famílias que necessitem mediante uma visita a família em
questão.
alguma atividade remunerada e é evidente que a grande maioria não trabalha (53%), essas
estruturada.
nas despesas de casa quando estão trabalhando ou fazem algum bico, e o que fica claro é que
(47,1%), não ajudam e não colaboram nas despesas de casa, ficando para a mulher toda essa
entrevista estruturada.
Como observamos com esses resultados, as mães em sua grande maioria trabalha fora,
e leva o sustento para seus filhos e familiares, e tem a renda familiar completada por auxílios
Cabe a mulher ser provedora, ser mãe, e cabe a ela administrar uma família sozinha,
pois os homens não contribuem em quase nada para a manutenção da família, e o homem tem
o hábito de levar coisas, presentes e dar dinheiro quanto tem a sua filha ou filho, ele não cuida
do filho(a) de outro pai, mesmo convivendo com ele diariamente, as crianças se referem
muito a essa atitude do pai, e a mãe também coloca isso durante a entrevista.
Nesta categoria de respostas as mães se referem a infância que tiveram, e como era a
relação dos seus pais com os filhos e com a mãe. O que fica muito claro nas falas é que ela
presenciou em sua infância muitos episódios de violência entre os pais e também sofreu essa
violência de forma muito grave, sendo algumas ate hospitalizadas em decorrência da violência
sofrida.
113
Essas mães deixam muito claro que cresceram em meio a violência, discussão e
muitas brigas entre seus pais, e que isso afetou muito a infância de cada uma, pois a violência
também era sofrida por elas e que isso prejudicou suas vidas de maneira muito significativa,
muitas saíram de casa em função da vida que levavam em família e foram para a rua onde
conheceram outro tipo de violência muito mais destrutiva e não encontram o que buscavam,
liberdade e paz, infância não tive não, minha vida foi um inferno fui pa rua e ai vi que o
inferno e pior, apanhava da policia, fui estuprada e violentada, mexi com droga, peguei
AIDS, minha mãe me odeia e não me ajuda, a rua foi pior que meu pai e sua violência sofri o
diabo em casa e na rua, infância e vida de criança nem sei que é isso (M-6).
Essas mulheres não tiveram infância, sentem-se abandonadas com medo de tudo, não
tem estudo, não possuem estrutura para terem família, seus filhos sofrem o que elas sofreram
em sua infância, não conseguem agir de forma diferente, se preocupam muito com seus filhos,
e para que eles não passem por todas as situações que elas passaram, mas não sabem o que
fazer.
Para essas mães sua infância foi repleta de violência, de situações vividas por suas
mães e observadas por seus filhos, e que elas não querem que os filhos sofram, pois a vida de
Desde cedo aprenderam a conviver não apenas com a violência mas também com a
Meu pai bebia e batia na mãe espancava ela, que quase matava de pancada, ele bebia
ficava bêbado e batia na gente, os fio apanhava ate cai no chão, não quero isso pos meus fio,
é ruim não te infância, não se feliz, so tive pancada e vi minha mãe fica que nem morta no
chão, (M-12).
Essas mães se preocupam com os filhos quando dizem que não querem que eles
passem pelo que cada uma passou, isso ficou claro em todas as entrevistas, mas elas não
114
conseguem romper esse ciclo de violência e acabando fazendo a seus filhos o que elas
presenciaram em sua infância, a violência, agressão, bebida, brigas e por alguma razão que
não dá para explicar pelos resultados obtidos nessa pesquisa, por que essas mães se sujeitam a
terem a vida que suas mães tiveram e dar a seus filhos a mesma violência que receberam, isso
não fica claro em meus resultados e portanto não tenho como discutir.
Para essas mães a infância é o retrato da dor, humilhação e violência, nunca tiveram
uma chance em sua infância de estudar pois, a maioria dos pais não deixava seus filhos irem a
escola, pois queriam que eles trabalhassem e trouxessem dinheiro para casa, e o dinheiro eles
gastavam na bebida e chegava em casa bebo e batia (M-7), nunca estudei e nem sei le e
escreve, não quero isso pos meus filhos, o pai dizia que so podia trabalha, não deixava sai de
casa, ficava preso em casa, meu irmão quando cresceu batia no pai e não aceitava a
bravessa do pai, ele batia no pai ate o pai cai, o pai tinha medo dele (M-3).
Podemos observar pelas falas que são mulheres que não tiveram infância e sofreram
muito, e hoje não conseguem perceber que estão fazendo o mesmo com seus filhos, pois elas
próprias admitem que batem quando precisam, mas não se referem a força nem a violência
contra os filhos.
Estamos falando de famílias em que a presença de violência existe e que essas criança
estão crescendo e desenvolvendo em ambientes onde não há nada favorável para que esse
ambientes seguros para se desenvolver e não é isso que temos aqui, muito pelo contrario a
violência faz parte da vida de gerações sendo passada de mãe para filhos ao longo dos tempos,
pois a partir do momento em que a mãe quando criança vem de um lar onde existe violência
contra ela e sua mãe e que muitas vezes ela própria presencia esses atos, e quando ela hoje
adulta se torna mãe, se une a um homem violento, agride seus filhos esta repetindo o que
As mães de hoje, já foram crianças e quando se fala de criança tem-se que pensar que,
ao nascer ela é inserida dentro de um contexto familiar e irá fazer parte de ambientes
formados por crença, culturas, pensamentos já prontos e estabelecidos e dela será esperado
caberá aos pais inseri-la nesse mundo em que existe uma série de significados e
comportamentos que ela devera ter, ensinando quais atitudes e comportamentos estão de
conceitos e passa a conviver e compartilhar com seus pares; faz trocas dentro desse
característicos e desejáveis em sua cultura . E, é por esta razão que a família é considerada
diferenças individuais, e ter segurança para conviver em sociedade; e, para que isso ocorra de
maneira saudável, torna-se imprescindível que a família dê subsídios e segurança para que a
Pensando nessa colocação Perez et al (1994) falam da importância que é para a criança
seus primeiros anos de vida em família e como isso será determinante em seu
Por outro lado, é também importante enfatizar que os adultos significativos são
modelos para a criança, ou seja, ela adquire muitos comportamentos tomando por base a
indivíduo, está fundamentado em uma visão de influências bilaterais, o adulto ensina aos das
gerações mais novas, através das tarefas que propõe, das atitudes e valores que passa, e é
ensinado por elas, quer no seu papel, quer na revisão dos seus códigos de normas, ao se
os pais e receber deles afeto e estímulo, indicando-lhe suas competências, porque a partir daí
ela irá desenvolver uma auto estima positiva, sentir-se-á segura com suas habilidades.
comportar de forma mais tranqüila, mantendo bons relacionamentos tanto com os adultos
Mas, nem sempre o ser humano pensou nas conseqüências da importância da infância
Acriança que vive a violência acredita que a vida é assim e que ela não tem direito a
ser feliz, minha vida só tem tristeza, foi assim desde cedo, so apanho, trabaio, não tenho
nada, bato nos fio pa desconta as magoas da vida, e bato muito, as veiz por que to com raiva
e bato nele desconto no meus fios as tristeza da vida, as veiz penso em morrer, nada é feliz
(M-17).
Meu pai me vendeu por uma garrafa de cachaça eu tinha 13 anos ele era bem mais
velho e so queria sexo o dia todo eu tinha dor, nojo dele e vergonha de transa toda hora no
banheiro, o quarto não tinha porta, sofri muito na mao desse homem, não penso em nada
117
bom para mim, e meus fio, não sei le, so triste tenho vontade de morre, passei de mão em
mão, o pai me vendeu isso é triste é a vida não da pa se feliz, sofri e sofro muito, (M-7).
Essas mulheres não esperam nada de bom dá vida, perderam a esperança a muito anos
atrás em razão de tudo que vivenciaram em sua infância e que deixou marcas bem profundas,
como fica a vida dessas crianças quando passam por situações tão graves e que deixam,
que os pais deveriam ter para com seus filhos, como a criança que hoje apanha e tem a
infância com vivencias de violência, será amanha com seus filhos, essa pesquisa demonstra
que a criança de ontem, mãe de hoje ira repetir o que viveu em sua infância.
agressões são tão fortes que o espancamento a que o homem submete a mulher a leva para o
hospital onde freqüentemente fica internada ou quando não fica é por que pedi para ir embora
e sempre omitem do medico a razão e a causa dos ferimentos, eu apanho todo dia, já fui po
hospital toda machucada, oia aqui minhas pernas (pedi para que a pesquisadora olhe as
pernas todas marcadas por pauladas, e sua costelas quebradas), ele me deito no chão e me
quebrou toda, dói muito, não fui no médico, tive medo, de deixa os fio com ele, (ela tem 13
filhos), ele ta doido bate e machuca tenho dor, ele bebe e a pinga deixa ele assim, (M-15)
“Para todos os lugares que olharmos, o homem e a mulher não são apenas
diferentes, mas se completam tão bem que, juntos são quase todo-poderoso:
senhores da vida, artesãos de sua sobrevivência, de seu prazer e do calor afetivo
necessário. Separados Um do Outro, parecem ao mesmo tempo inúteis e em perigo
de morte, como se apenas a unidade dos dois tivesse sentido e eficácia. Um deve
esposar o Outro e colaborar com ele para que a humanidade fique completa, isto é
realizada, acabada perfeita”. Nada indica a priori a supremacia de Um ou a
menor necessidade do Outro “.
.
Nos dias atuais, a violência tem grande visibilidade, seja porque o interesse está em
denunciar, ou pelo fato de que se encontra exacerbada entre os mais diversos grupos sociais,
seja ainda porque se mostra gratuita, mas, sobretudo pela consciência de que a sua presença
significa um confronto direto com os Direitos da Pessoa, uma vez que suas conseqüências
1999).
inicialmente a grande complexidade do tema, porque ele diz respeito ao mesmo tempo a
alguma coisa que acontece no espaço do privado, sendo, então, restrito às pessoas que dele
começar pelo seu tamanho, pelos papéis atribuídos ao homem e à mulher, aos adultos e às
crianças, mas que se constitui em um tipo de agrupamento estável através das sociedades e
dos tempos, fundado na responsabilidade pelo cuidado e educação das gerações mais novas.
“A violência doméstica ocorre numa relação afetiva cuja ruptura demanda, via de
regra, intervenção externa. Raramente uma mulher consegue desvincular-se de um
homem violento sem auxílio externo. Até que isso ocorra, descreve uma trajetória
oscilante, com movimentos de saída da relação e retorno a ela”.
É fácil, neste caso, perceber que se está diante de uma contradição, porque o
imaginário social vê a casa como um lugar seguro, tranqüilo onde o ser humano inicia seu
119
relações afetivas, assimilam modelos; assim, quando nessa família a violência se faz presente
fica muito mais difícil reagir, e mesmo entender a situação porque a pessoa foi ensinada que é
nesse ambiente que ela terá amor, carinho e proteção. Por esta razão é que SAFFIOTI (1997,
mercê de um companheiro agressivo; isto contraria o que se poderia esperar, uma vez que este
SAFFIOTI (1999, p. 23) diz que “de qualquer maneira, a violência doméstica pode
ter causas muito mais profundas do que o afloramento de raivas e tensões, colocando como
fator de manutenção do ‘status quo’ a grande dependência que a mulher manifesta em relação
ao homem, mesmo quando não existe a necessidade de ser por ele sustentada. SAFFIOTI
“Muita coisa num lar deixou de ser suprida, e não estamos falando de bens
materiais. O lar, que seria o local para a construção da matriz da família –
favorecendo assim o desenvolvimento psicológico, emocional e social de seus
membros deixou de ser, para muitos, o ninho que deveria promover acolhimento,
aconchego, conforto, confiança e afeto. É muitas vezes este modelo familiar em que
o casal está inserido, construindo um padrão de relacionamento baseado na
ameaça, na desqualificação, no ciúme, na competição, na traição: não há espaço
para aceitar o (a) parceiro como ele é. E, essa intolerância torna-se também uma
dificuldade no entrosamento afetivo, pois não se respeitam as diferenças
individuais, rejeitando-se anulando-se o outro, estabelecendo-se um vinculo no
qual um dos parceiros se coloca como superior, e não como igual”.
Isto leva a que se indague, quais seriam as conseqüências da violência contra a mulher
A literatura tem sido enfática no colocar que uma das conseqüências da violência é
que ela deixa marcas importantes, geram feridas que comprometem a auto-estima, os
relacionamentos futuros.
contundente;
“Quando um homem espanca uma mulher, mais do que o seu corpo, o que ele
espanca são ilusões, sonhos, projetos investidos na relação. Quanto mais frágil,
mais desprotegida e sem recursos é a mulher, mais ela conta com o marido como
protetor mais importância ela atribui à casa como um lugar seguro. Quando essa
“ordem natural das coisas” se rompe o perigo passa a viver dentro de casa pelas
mãos do protetor, instala-se o pânico, como se o chão lhe fugisse debaixo dos pés.
Sem protestos, sendo agredida, só lhe resta enfrentar sua própria situação,
esquecer os heróis novelescos que prolongam os príncipes encantados da infância
e enfrentar a vida real”.
A presença da violência física entre o casal é algo que destrói o relacionamento e que
na maioria dos episódios os filhos presenciam e muitas vezes apanham junto, as seqüelas da
violência para a mulher, além de deixarem profundas marcas em seu corpo destroem seu
emocional.
Essas mulheres, crescem em lares tendo famílias que não proporcionaram a elas
momento que necessitavam de carinho, amor, atenção, proteção, e que não encontraram,
cresceram presenciando violência, agressões, brigas, e adultas repetem esse ciclo ao unir-se a
companheiros violentos, se permitem bater e agredir seus filhos e não sabem o que fazer para
As mães que fizeram parte dessa pesquisa deixam claro em suas entrevistas o quanto a
bebida tem fator importante nos episódios de violência vivenciados pelo casal, quando ele
121
bebe, fica violento, e começa a bate, (M-12), para as mulheres o fato de que seus maridos
batem e ficam violentos, esta relacionado ao fato do uso de bebidas alcoólicas como um fator
desencadeante para a violência, se eles não bebessem não ficariam agressivos, e a violência
não existiria, ele so bate, porque bebe, (M-1), eu acho que ele não ia bate em nois se não
bebesse pinga, a pinga deixa ele doido, ai pertuba nois e os fios, bate, quebra tudo em casa,
não tenho coisa em casa ele quebra quando bebe pinga, a violência que bate em nois vem da
Como observamos nessa fala, a justificativa que essas mulheres apresentam para a
violência que sofrem esta relacionada a bebida que seus maridos fazem uso, mas, o
contraditório dessa fala, é que as mães bebem também e ficam violentas quando bebem, os
filhos durante a entrevista foram claro ao dizer que, suas mães bebem pinga ou cachaça como
outros se referem a bebida alcoólica. As mães não admitem que bebem em nenhum momento
chupando bala de hortelã para disfarçar o cheiro, e que em função disto a entrevista nem pode
Em todas as entrevista as mães se referem ao uso da bebida alcoólica por parte dos
companheiros, e dizem também que os pais de seu marido bebiam e também eram violentos e
que talvez por isso o marido aja assim, o pai e a mãe do meu marido bebia muito e espancava
ele ele foi mora no abrigo e la foi violentado ele é assim por causa disso, minha mãe e pai
também bebi e sempre bateu nos fios ai nois fugia pa rua e so voltava a noite bem tarde, (M-
11).
Essas falas mostram que a presença da bebida na vida dessas pessoas existe desde
sempre, e que isso no final acaba se tornando um ciclo de repetição, a mãe e o pai bebem, os
filhos aprendem a beber vendo os pais bebendo, aprender a ser violentos pois vem os pais
serem violentos, ou aprendem com os pais, como eles próprios disseram ao observarem os
122
desenhos, que será discutido mais a frente quando apresentarmos os resultados referentes as
Ao certo se sabe que essas famílias são destruídas pelo uso de bebida de seus pais, os
filhos ficam a mercê da vida, enquanto seus pais caem na rua por causa da pinga, um filho
disse na entrevista que, meu pai e mãe bebe e cai na calçada tenho vergonha, e ajudo ela a
Na família a presença do álcool é muito grave pois coloca os filhos sempre alerta no
momento em que seus pais chegam em casa, para perceber se estão bêbados ou não, o pai
manda eu compra cachaça e ai sei que a violência vai começa ele bate na mãe, quebra tudo e
A fala acima deixa claro o quanto é grave a presença do álcool no contexto familiar, o
próprio filho vai ao bar compra a cachaça que o pai vai beber e depois de beber, vai ficar
violento, agressivo, com a mãe e com os filhos, como também ira quebrar tudo em casa, meu
A situação é péssima pois o filho é quem traz para casa o motivo que leva a tanta
destruição, a bebida, sem a bebida a violência não ocorreria, como será que fica no imaginário
dessa criança ou adolescente, ir até o bar comprar a cachaça e o pai ficar doido na frente dos
filhos e da esposa e iniciar os episódios de violência, isto é um ponto importante a ser pensado
pois situações como essas acontecem diariamente no cotidiano das famílias onde há a
situações de violência (JONG, 2000; CONRADO, 2001); é fato que o álcool faz com que o
7
Este texto teve como base a Dissertação de Mestrado, Estudo sobre relatos de violência contra a mulher
segundo denúncias registradas em delegacia especializada na cidade de Goiânia-Goiás nos anos de 1999-2000,
de autoria de Mirian Botelho Sagim.
123
2001; LANGLEY e LEVY, 1980), não fica claro porque os homens bebem, se por motivos
Entretanto, a questão da bebida pode e deve ser analisada incluindo o contexto em que
o homem costuma beber e tudo o mais que acontece na situação de ele estar sentado no bar
com seus amigos/companheiros, tomando cerveja ou pinga. É um fato que nessa hora rolam
muitas conversas; OLIVEIRA (2001) relata em um dos casos que analisou no seu mestrado, a
fala de um homem que afirma claramente chegar em casa ‘de cabeça cheia’, já desconfiando
de sua mulher porque os seus ‘parceiros de mesa’ diziam que ele precisava prestar mais
atenção porque ela tinha saído muito arrumada, ou tinha sido vista em tal e tal lugar. Portanto,
parece que não se trata apenas de que a bebida o põe violento, libera seu controle (Conforme
assinala AZEVEDO (1985), mas e sobretudo porque no bar, além de estar junto a seus iguais,
podendo usufruir de um tempo em que o comando sobre sua vida é inteiramente seu, ainda
acontece de lhe ‘darem razões’ para chegar em casa numa posição de ataque (que enquanto
que convive com o marido alcoólatra, e deixa claro que para a mulher é um sofrimento viver
com alguém que bebe, e que com isso gera violência, e causa danos na estrutura da família.
Para (SALCEDO et al., 2005), o álcool é responsável por vários episódios de violência
contra crianças que acabaram levando a óbito e a conseqüências graves a saúde de seus filhos,
A conseqüência da presença do álcool para o cotidiano das famílias onde ele se faz
presente é que além da violência que se instala pode também gerar sentimentos negativos com
Este é quarto tema a ser discutido referente as entrevistas semi estruturadas realizadas
com as mães.
entrevistas realizadas com as mães, elas dizem que os maridos são ciumentos e que quando
sentem ciúmes brigam e ficam violento, segundo as mesmas não existe razão nenhuma para
que eles sintam ciúmes delas, mas, que ao sentirem se tornam violentos e que isso seria uma
As falas deixam claro o ciúme como sendo um fator que gera episódios de violência
de ambas as partes.
As mães relatam que não podem fazer nada sem dar satisfação de onde estão indo e
por que, e essas mães de família quando saem para trabalhar tem que ter hora para voltar caso
atrasem não importa qual a justificativa dada por ela, a briga e a violência irão ocorrer, onde
se teve que demoro pa chegar, tava me chifrando ne sua vagabunda, (M-12), seus maridos
parecem que por algum motivo não claro nessa pesquisa, tudo é motivo para que as mulheres
traiam seus maridos, a insegurança é tamanha que chegam a cometer atos graves de violência
e de tentar contra a vida da própria esposa, ele tento me mata, pois fogo na casa com nois tudo
dentro, ele tem ciúme doentio, diz que os fio não é dele, ele não trabaia e nem deixa eu
trabaia, ele já tento me mata e os fio também, tudo por causa do ciúme, (M-1), segundo as
entrevistadas não existe nenhum motivo para que seu marido proceda dessa maneira e ao
fazer ele humilha a mulher e comete atos impensados de violência, podendo até causar a
morte da mesma, por um motivo tão fútil, e sem nenhuma prova da traição da mulher.
Essa questão é muito séria pois atinge aos filhos também, pois os atos de violência tem
As mulheres sofrem muito com isso pois não é só a violência que ocorre por causa do
ciúme do companheiro, mas a vergonha, a humilhação são bem piores segundo elas relatam,
125
ele me xinga na rua diz que boto chifre nele e transo com os amigo dele, diz isso gritando na
rua, na porta do meu trabaio, é muito pior que apanhar, dói muito, não é verdade, (M-10).
O ciúme das mulheres em relação a seus maridos também, existem e em muitos casos
são exacerbados e acabam por levar a mãe para a delegacia e os filhos para os abrigos de
menores, tudo em razão de brigas entre a mãe e o pai por causa do ciúme que ambos sentem
um pelo outro, minha mãe morre de ciúme do pai, ela odeia a vizinha que ela fala que gosta
do pai, chama ela de macaca feia e veia, e um dia ela foi na porta da casa da muie e deito na
rua abriu as pernas sem calcinhas e tiro a saia so pa vizinha vê que ela é muie e pa ela para
de da em cima do meu pai, a policia veio e minha mãe foi presa e nois fomo tudo po abrigo
(E-66).
Eu morro de ciúme do meu veio, a macaca da vizinha da encima dele e ele fica oiando
pa ela ai eu parto pa cima dela, só muie por que oia pa ela so muie também oia pa mim não
so muie, a macaca é preta e feia, fui presa por causa dela, por atentado violento ao pudor,
abri as perna pa ela vê que so muie e tenho tudo no meio das pernas (M-16).
Esse relato nos mostra que o ciúme pode ser de ambos e que sempre ira resvalecer nos
filhos prejudicando-os e dando péssimo exemplo de conduta que uma mãe e pai devem ter.
As mulheres alegam que seus maridos tem ciúmes injustificados e que agem assim por
não terem o que fazer no seu dia a dia, não trabalham e ficam pensando besteiras sobre elas,
ele não faiz nada ai fica pensando bobage tinha que procura trabaio ai parava com essa
besteira (M-15).
A vida dessas famílias é bem comprometida pelo ciúme por que isso gera episódios de
violência sem fim, pois sempre há um motivo para terem ciúme, meu marido não faiz nada o
dia todo, por isso me vigia, me leva e busca no emprego todo dia, não posso sai sozinha,
tenho que faze tudo que ele pede, até na cama, se não ele fala que vai sai com outra e me
126
deixa, ai faço mesmo sentido dor, tem que faze sexo todo dia e sempre que ele que, se não diz
que to dando pa outro, ele tem ciúme que eu trai ele, (M-14).
Como pode ser observado as razões apresentadas pelo ciúme são várias e sempre
acaba muito mal, com episódios de violência contra a mulher e contra seus filhos.
A alegação de que o motivo para o ato de violência é o ciúme que o agressor tem da
o masculino, pensar em a mulher estar sendo vista como um objeto sobre o qual o homem tem
tira a liberdade, mas é também indicativo de que ela se constitui em algo importante para o
seu marido/companheiro que não a quer dividir com ninguém, mesmo que isto não
corresponda à realidade; em outras palavras, a mulher pode se sentir valorizada pelo ciúme do
marido, construindo para si a imagem de que ela é indispensável na vida dele, e que o exagero
Assim, a relação violenta vivida parece ser multifacetada, tanto no que diz respeito aos
A questão da violência contra a mulher não escolhe cor, raça, credo religioso, cultura,
Pode-se, assim, afirmar que o problema da violência é muito difundido e antigo, o que
o coloca também como um assunto discutido por muitos, pesquisado por grupos de diferentes
áreas, mas ainda sem uma compreensão mais ampla, capaz de auxiliar na sua prevenção.
127
em 1980 quando ocorre uma sucessão de crimes que tiveram repercussão nacional:
inicialmente o ‘crime de Búzios’, logo seguido por mais dois assassinatos de mulheres em
Minas Gerais; as três vítimas pertenciam à classe média alta e os agressores eram seus
É certo que se espera seja o lar, o local de proteção, de afeto e de cuidado, o que leva a
um sentimento de maior estranheza por ele se tornar o espaço da violência e agressões entre a
A violência é algo muito grave que pode ocorrer a qualquer momento e sem que a
vitima no caso a mulher perceba quando os episódios terão inicio, e não se pode deixar de
lado a possibilidade de que muitas vezes a violência entre membros do casal vem
com a situação.
Nesse sentido, não se pode deixar de pontuar que a seriedade da questão da violência
doméstica contra a mulher assume um caráter ainda mais sério, porque ou estão os filhos
Segundo (JOURILES et al., 2001), a criança não precisa observar a agressão para ser
afetada por ela, assim sendo se a criança viu, ouviu um incidente com a mãe, viu o resultado
as marcas, ou vivenciou seu efeito quando interage com seus pais (HOLDEN, 1998).
entre seus pais para sentir-se exposta a violência, ela é afetada de todas as formas
128
independente de presenciar o que ocorre, ela é afetada e sofre da mesma maneira como se
fosse maltratada.
relação de violência na infância gera problemas que se manifestaram com outras pessoas,
serão jovens que apresentaram um número alto de vínculos inseguros e com adultos que não
violência ocorre sofrera muitos danos psicológicos e emocionais e que poderá afetar seu
desenvolvimento.
As mães sempre deixaram evidente o fato dos filhos não apenas assistirem as cenas
dos episódios de violência contra ela, como também interagem de muitas maneiras
diferenciadas onde, irão interferir a favor da mãe para que esses episódios tenham um fim,
sem que a mãe sai tão ferida, ou espancada como eles sempre tem o hábito de presenciar.
Elas relatam que o filho sempre esta perto ou escuta quando as discussões tem inicio e
Meu filho sempre assiste a violência do pai, ele começa a me bate e meu filho entra no
meio da briga, e começa a grita com o pai, xinga, bate no pai com a vassoura, e joga água,
faiz de um tudo pa que ele pare de me bate, ele chora muito quando vê a violência, fica
129
desesperado querendo ajuda, entra no meio de nois dois e apanha junto, o pai não para de
me bate por que o fio pede, ele nem vê o fio, so xinga o menino, e continua batendo e
espancando eu e o fio, meu fio sofre muito com isso, e pede po pai i embora de casa, (M-13).
ajudar sua mãe para que ela não seja espancada como ele está habituado a ver, e como não
consegue cessar a violência acaba apanhando junto, e pedindo a mãe que mande seu pai
embora e esse pedido para a mãe não deve ser fácil para um filho chegar a esse ponto no
Para o filho assistir e interferir nos episódios de violência entre seus pais é muito
difícil pois, por mais que ele tenta ajuda e interferir ele não consegue isso, e como são
episódios repetitivos ele sempre precisa de algum modo agir no sentido de ajudar e proteger a
mãe.
Meu filho sofre tentado me ajuda, ele pega a mangueira e vai pa cima do pai, pega
pau, bate na cabeça do pai, faiz isso po pai não me machuca, ele tenta me protege, pa não me
vê machucada, ele sempre vê o pai judia de mim, e fico sempre muito machucada, ele
espanca e vo po hospital, e os fio vê e ficam com ódio do pai, fala que quando cresce vai
mata o pai, e não vai deixa mais ele bate em mim, nem nos fios, (M-14).
raiva pelo pai, e os filhos acabam tendo experimentando sentimentos negativos que os fazem
pensar em se vingar do pai quando for maior, dizendo que quando eles forem grandes o pai
não encosta mais um dedo neles, nem na mãe, a violência irá acabar.
A violência afeta esses filhos de muitas maneiras diferentes e necessitam ter-se mais
pesquisa sobre a questão da violência dos pais sendo assistidas pelos seus filhos, para
podermos ter um alcance maior e definido do quanto isso causa danos e acaba gerando ainda
mais violência.
130
inúmeras e atingem cada criança e adolescente de uma maneira diferente, pois tem que ser
levado em consideração a idade em que a violência tem inicio, mas, é indiscutível o quanto é
(1998).
tendência das crianças e adolescentes em definir família, como algo positivo, isto se observa
nas categorias (A, B), seja por atribuir a família atributos e adjetivos positivos sendo, ela
legal, boa, e também atribuem a família sentimentos de plenitude como a família sendo o
local onde se respondem a todas as necessidades que eles têm para as crianças e os
Vale ressaltar que o percentual de crianças e adolescentes que não souberam ou não
local de respostas a todas as necessidades; tudo, uma coisa boa na vida: n=14 (18,2%).
Tabela 10 -Categoria e porcentagens referentes à sentença: Para mim uma família feliz
é...
Categorias de Respostas Quantidade Percentagem
A) Reafirmam a sentença 70 90,9
B) Não responderam 07 9,1
Total 77 100
indicando que, para a grande maioria dessas crianças e adolescentes é muito difícil definirem
e ou conceber o que seja uma família feliz, tornando-se mais evidente se levarmos em
consideração as crianças e adolescentes que não responderam essa questão, essa não resposta
pode ser sim, uma dificuldade de responder o que para eles é uma família feliz.
8
N= número total de respostas dadas pelos participantes a sentença perguntada.
132
indicando que, para a grande maioria dessas crianças e adolescentes é muito difícil definirem
e ou conceber o que seja uma família infeliz, indicando uma possível dificuldade na definição,
e isto se torna mais evidente se levarmos em consideração as crianças e adolescentes que não
responderam essa questão (6,5%), essa não resposta pode ser uma dificuldade em responder
Desejos de mudanças no comportamento dos pais (37%) das respostas obtidas é um valor
considerável que expressa o desejo dos filhos para que ocorra uma mudança concreta no
comportamento dos pais, gostariam que na família não tivesse briga, discussão, e sem
violência.
positiva no sentido da família ser alegre feliz e legal, eles gostariam que seus pais fossem
O número de crianças e adolescentes que não responderam essa questão foi muito
pequeno.
133
pais em relação à presença de violência e brigas; sem violência, sem briga, sem discussão:
n=30 (37%)
controle dos pais sobre seus filhos, como sendo esta uma condição de bem-estar na família.
estão bem.
A categoria dos que não respondem (7,4%) dos participantes, pode se pensar que para
essas crianças e adolescentes é muito difícil definirem e ou conceber o que é sentir-se bem em
casa.
9
N, esta com 81 respostas pois os participantes responderam mais de um item.
134
estar em casa, com uma dinâmica familiar negativa e ou conflitiva, temos que considerar que
casa, refere-se à família e para esses participantes a família é local de brigas, discussões e
violência
associam o mal-estar na família a eventos inespecíficos, onde as respostas não nos permitem
A categoria dos que não respondem (6,2%), pode se pensar que para essas crianças e
adolescentes é muito difícil definirem e ou conceber o que é sentir-se bem em casa e sentir-se
mal em casa.
conflitantes entre seus membros; tem muita briga, tem muita discussão, tem muita violência”.
n=58
(filhos), onde eles expressam o desejo que os pais fossem bons, e que eles parassem com a
negativo dos pais; ah, fossem bons, não bebessem, ah, não batessem: n=60
totalidade das respostas estão presentes na categoria Prática educativa punitiva (96,3%),
sinto muita dor, eu choro, fico muito triste, fico muito mal: n=78
Tabela 17- Categoria e porcentagens referentes à sentença: Para mim violência é...
Categorias de Respostas Quantidade Porcentagem
A) Vivencia de sentimentos de tristeza 40 51,9
B) Reafirmam a sentença 34 44,2
C) Não responderam 3 3,9
Total 77 100
para eles.
C) Não responderam
sentimentos de tristeza é onde se concentra a maioria das respostas (51,9%), onde são
137
C) Não responderam
sentimentos dos filhos em relação às brigas dos pais, esta evidente os sentimentos de tristeza
Quanto a categoria Papel ativo dos filhos na situação de violência entre os pais (40%)
fica claro como os filhos reagem nessa situação, eles interferem nas brigas de forma direta,
briga e violência; eu entro no meio deles, jogo água pra para a briga: n=30
Discussão
observar que, de modo geral eles definem família como algo positivo, seja em atributos e
crescimento das gerações mais novas, sendo, considerado como o lugar da privacidade, das
trocas afetivas intensas e, de certa forma o espaço do bem-estar de todos os seus membros.
(.....) um grupo social composto de indivíduos diferenciados por sexo e por idade,
que se relacionam cotidianamente gerando uma complexa e dinâmica trama de
emoções; ela não é uma soma de indivíduos, mas um conjunto vivo, contraditório e
cambiante de pessoas com sua própria individualidade e personalidade...
BIASOLI-ALVES (2004), nos coloca que a família seria o meio natural para o bem-
estar de todos seus membros em particular e de maneira muito especial das crianças, que
devem receber proteção, e cuidados necessários para que se desenvolvam plenamente, cabe a
família e aos pais serem os agentes principais da socialização primária dos filhos .
padrões que são característicos e desejáveis em sua cultura. (p.338), por esta razão que a
diferenças individuais, e ter segurança para conviver em sociedade e, para que isso ocorra de
maneira saudável, torna-se imprescindível que a família dê subsídios e segurança para que a
Pensando nessa colocação Perez et al (1994) falam da importância que é para a criança
seus primeiros anos de vida em família e como isso será determinante em seu
o adolescente e quanto maior forem às atribuições e adjetivos positivos dados a ela, melhor
Os participantes sentem e entendem que a família é algo bom, positivo, onde eles
podem se sentir felizes e que a família é uma coisa muito boa na vida deles.
Continuando nas sentenças sobre família, as sentenças, 2 e 3, Para mim família feliz
tema, eles reafirmam a sentença perguntada, levando-nos a pensar que, essa dificuldade possa
estar centrada na ausência de experiências reais do que deveria ser uma família feliz e do que
seria uma família infeliz, pois o cotidiano dessas crianças e adolescentes sempre é muito
igual, não há diferenças de um dia para o outro, seus amigos e vizinhos, tem a mesma situação
140
familiar vividas por eles, essa dificuldade possa estar relacionada a falta de vivencias e
experiências onde existam no seu cotidiano dias felizes, dias tristes, para que eles possam
entender o que é uma família feliz e qual a diferença para uma família infeliz, para essas
Essa dificuldade acerca de família feliz e infeliz, também pode estar relacionada a uma
convencional, do que seria família feliz e infeliz, como os participantes foram instruídos a
responder os jogos de sentenças incompletas, com a primeira palavra que lhe vem a cabeça,
isso ajuda a pensar que como já foi dito anteriormente, a dificuldade esta centrada na ausência
de experiências reais que diferencie o que é para eles uma família feliz e o que é uma família
infeliz, onde não há um modelo de experiências positivas não tem como se referir ao que não
se sente não se conhece, ficando difícil até definir algo negativo, como a família infeliz.
Um apontamento que se apresenta nesse momento, é que eles definiram família como
evasivos quando reafirmam o que para eles é família feliz e infeliz, não há dados e resultados
Não dispomos de dados nem resultados para que esse apontamento possa ser discutido
e entendido.
minha família fosse; Sinto-me bem em casa quando; Sinto-me mal em casa
quando;Gostaria que meus pais fossem); referem-se ao que é esperado da família pelas
crianças e adolescentes.
141
seus pais fossem bons, não bebessem, não batessem, demonstrando que o cotidiano dessas
com a presença de bebida, eles dizem que os pais bebem muito e gostariam que mudassem de
atitude.
2001; SAGIM, 2004), sua presença é indicativo da violência doméstica na família contra a
mulher e a criança.
Quando as crianças e os adolescentes relatam que gostariam que seus pais não
bebessem é por que entendem ou percebem que sem a bebida o comportamento dos pais seria
diferente, ou quando o pai não está bebendo ou bêbado, ele não comete violência, não batendo
em seus filhos, e que sem a presença da bebida não há episódios de violência e discussões
Nos últimos anos a bebida, (álcool) é apontada, como uma das explicações para a
No caso especifico do álcool apesar das pesquisas ainda não é possível inferir que o
uso do álcool afete o comportamento das pessoas envolvidas, não é possível saber se essas
2002).
Quanto ao fato que gostariam que seus pais não batessem, fica demonstrado que a vida
em família é permeada por fatores de risco que comprometem seu desenvolvimento ao longo
segundo (MUZA 1994; MINAYO 1999, 2001; PASCOLAT 2001), é praticada dentro do lar,
podendo causar grande comprometimento acerca do seu futuro e de seus vínculos a maior
parte das pesquisas acerca da violência, dizem respeito ao impacto que ela tem sobre a criança
As crianças e adolescentes tem em seus pais e família um local onde não há segurança,
carinho, afeto, o respeito que deveriam receber não existe, todo esse contexto familiar
permeado por vínculos frágeis, pois, a violência não permite que seja dada as crianças e
possibilitam que seu desenvolvimento seja seguro e não comprometido pelas vivências
familiares.
Em relação às respostas, como gostariam que seus pais fossem, respondem que,
gostariam que fossem bons, isso demonstra que os pais não são bons, que a ausência de afeto
e carinho, no sentido que seus filhos entendam como pais bons, não esta acontecendo, o que é
muito preocupante, pois a falta desse afeto positivo causa na criança e no adolescente a
sensação de que não gostam dela, causando baixo auto-estima e um comprometimento acerca
Para mim violência contra criança é, Quando vejo meus pais brigando eu).
143
Segundo ZAMBERLAN (2002), os pais querem ter controle sobre os filhos com isso
fazem uso da punição ou força, conforme julguem necessário; o que se questiona é se de fato
o que se espera realmente acontece com a prática utilizada, ter um bom comportamento, ou se
existem mais excessos do que uma ação efetiva para que a criança possa compreender como
A forma autoritária dos pais agirem com seus filhos, utilizando a prática educativa
punitiva, a força física como disciplinadora, faz com seus filhos sintam-se triste e com dor
devido à punição física, e choram muito pela dor que sentem isso não educa, mas deixam
evidente os limites de controle dos filhos, a comunicação entre pais e filhos não existe, nem a
consideração e respeito pela opinião dos filhos (BAURIND, 1966; CEBALHOS, RODRIGO,
psicológicos que vão desde a baixa auto estima até desordens psíquicas, as cognitivas desde a
variam desde a dificuldade de se relacionar com seus pares e colegas até os comportamentos
dos pais, por viverem em famílias onde há presença da violência, não se formando vínculos
afetivos positivos.
Serão crianças ansiosas, depressivas, terão sentimentos de menos valia e baixa auto-
estima, (STANROCK, 1990), esses problemas emocionais trarão sérias conseqüências quando
al., 2006), permitindo que façam com sua vida inúmeros atos, que não aconteceriam se ela
No que se refere à questão dos filhos presenciarem atos de brigas e discussões entre
seus pais um enfoque importante e novo surgiu nas últimas duas décadas e diz respeito às
entre os pais (FREIDRICK e EINBENDER, 1983), existindo a afirmação por parte de alguns
convivência das crianças em situação de grande conflito podem ser piores do que quando elas
Mas, não se pode deixar de lado a possibilidade de que muitas vezes a violência entre
Isto torna difícil, com freqüência, compreender o efeito isolado de cada fator que
estaria contribuindo para a existência dos problemas acima referidos (HILBERMAM, 1980).
Algumas pesquisas têm mostrado que essa concomitância tem efeito sinérgico sobre a saúde
da criança e que a gravidade da situação conjunta é maior que a soma dos dois abusos em
Segundo (JOURILES et al., 2001), a criança não precisa observar a agressão para ser
afetada por ela, assim sendo se a criança viu, ouviu um incidente com a mãe, viu o resultado
as marcas, ou vivenciou seu efeito quando interage com seus pais (HOLDEN, 1998).
entre seus pais para sentir-se exposta a violência, ela é afetada de todas as formas
independente de presenciar o que ocorre, ela é afetada e sofre da mesma maneira como se
fosse maltratada.
tabelas para que os resultados se tornem mais evidentes e que possibilite maior comparação
entre os participantes possibilitando que o dado fique dinâmico e de fácil visualização com
adolescentes, onde se pode observar que a amostra tem mais crianças do que adolescentes.
A tabela acima demonstra como ficou a amostra de participantes quanto ao sexo das
20,7% (16), de alunos matriculados, seguida por 13% (10) alunos matriculados na 3 serie,
11,7% (09) de alunos não estudam, não sabem nem ler, mas já foram na escola e atualmente
deixaram de estudar, querem voltar para a escola mas a mãe não permite, por dizer que o
lugar onde funciona a escola é perigoso. E, 10,4% (08), são analfabetos, nunca foram na
147
escola, não sabem ler e escrever, e alegam como motivo para isso a mães não deixá-los ir na
escola onde residem pois tem trafego de drogas e muita violência, essas são as alegações
apresentadas.
questões e pressupostos que norteiam esse estudo, desenvolveu-se a análise de todo material
coletado, os dados desta investigação estão categorizados abaixo, de uma forma que
possibilite uma maior compreensão e entendimento dos temas e categorias encontradas e que
Para melhor ilustrar, buscou-se elaborar e montar um quadro ilustrativo das categorias
Quadro 1- Síntese das categorias temáticas referentes às entrevistas com as crianças e os adolescentes.
B) Papel ativo dos filhos nos episódios de violência entre seus pais (36,7%)
C) Papel passivo dos filhos nos episódios de violência entre seus pais (15%)
10
O valor das porcentagens é sobre a quantidade respostas obtidas sobre as 77 entrevistas realizadas
148
4-Propondo soluções
podemos compreender como é o cenário familiar em que estão inseridos e como funciona a
dinâmica familiar.
Para essas crianças e adolescentes o relacionamento entre seus pais é bom, eles não
sentem dificuldade em falar sobre essa questão e respondem prontamente, sempre se referindo
a seus pais como pessoas boas e de quem eles gostam muito e são apegados.
Percebe-se que para eles os pais trazem coisas boas e são bons, em nenhum momento
eles fazem qualquer critica ao comportamento dos pais, eles sempre atribuem respostas
positivas, dizendo, meu pai é muito bom, minha mãe é boa e bonita, (E-12, E-20).
Para eles os pais são presentes e contribuem para que o relacionamento seja algo bom,
tudo tem inicio, sua função é muito importante para o desenvolvimento saudável da criança e
do adolescente. Isso os torna aptos para viver em sociedade, a família é algo primordial para
um desenvolvimento seguro.
relações afetivas e reagem frente a diferentes situações, ou seja, o cenário familiar esta
Nesta categoria as respostas das crianças e adolescentes, referem-se a seus pais como
sendo eles, são bons e que não há nada de errado no relacionamento entre eles. Sempre se
referem aos pais como pessoas boas e bonitas, o contexto familiar onde estão presentes há a
presença da violência doméstica e, em nenhum momento essas crianças mencionam esse fato
quando falam dos pais, para eles os pais são bons e esta tudo bem assim.
Eles sentem muito carinho pelos pais, falam da família com respeito e amor, em
nenhum momento eles referem-se aos pais com palavras ou entonação de voz que possa
Com isso podemos inferir que a família é algo muito importante para eles, mesmo que
essa família tenha problemas como a presença da violência é a família que eles têm e
conhecem.
Para elas o afeto pelos pais independe da presença da violência doméstica existente o
ambiente em que vivem é permeado por cenas rotineiras de violência contra as mães e
também contra seus filhos, mas isso não aparece quando eles falam da relação com os pais, e
como se sentem seguros com os pais, e dizem que sua casa é o lugar mais seguro que eles
conhecem, meu pai e minha mãe são bons me sinto bem em casa (E-21).
São crianças e adolescentes que de alguma maneira conseguem não ser atingidos pelas
situações de conflitos e violência existente a sua volta, não dá para saber se eles não percebem
ou sentem essa violência, ou apenas para eles independente dessas situações os pais são mais
importantes e o lar o lugar mais seguro que eles conhecem, o resto não importa, vai se
vivendo, fica difícil entender melhor essas colocações, pois não se têm dados que demonstrem
São muitos os autores que afirmam que a família está relacionada como grupo social
que exerce grande influência sobre a vida das pessoas e de todos que a cercam (ARAÚJO e
ALVES, 2003), através das medidas educativas que são tomadas e direcionadas no seu
interior (DRUMMOND et al., 1998), buscando, na maioria das vezes que haja bom
aprendizado e desenvolvimento.
Assim, pode-se dizer que a família aparece como um primeiro ambiente socializador
de seus filhos, responsável pelo seu cuidado e sobrevivência; é também a lançadora dos
bem como a sua auto-imagem, e a dos outros e do mundo; partindo-se dessas idéias, a
educação e o modelo de relacionamento que a criança tem dentro da família são muito
importantes.
Nesse momento cabe-se esclarecer que, o que foi descrito e discutido acima, refere-se
aquelas crianças e adolescentes que mesmo a violência doméstica existindo e estando tão
presente no dia-a-dia, sentem afeto positivo pelos pais, mas isso não é uníssono, tem também
as crianças e adolescentes que sentem e são atingidos pela violência que os cercam a seguir
com seus pais, ficam quietas, pensativas um breve silêncio, as respostas começam a surgir nas
falas. Eles dizem que seus pais são pessoas ruins e violentas, que fazem o uso da violência
contra eles constantemente e passam a falar como é o ato de violência que eles sofrem em
casa, como isso acontece e dizem que a mãe é muito brava e bate muito.
violência, eles se referem ao fato de apanhar sempre sem nem saber por que, minha mãe bate
151
sempre muito, nem sei por que apanho, não pode fala, pedi comida, não pode que vem
Para eles a violência se faz presente rotineiramente, são crianças que falam com
tristeza dos pais, que gostariam de ter pais e uma vida diferente, são crianças tristes,
magoadas com seus pais, e querem muito ter uma vida sem violência, pois, apanham muito
extremamente grave, minha mãe bate tanto que espanca, já fui pó hospital muitas veiz, ela
bate com pau, correia, nem sei apanho todo dia, e com muita forca, ó tenho marca na perna
apanhei com tabua, ela queimou minha mão dói muito, (E-17, E-43, E-46, E-50), esses relatos
não só deixam evidente a violência sofrida como também a forma como ela vem sendo
aplicada.
São crianças e adolescentes que estão sendo vítimas de violência por parte de seus pais
e o que é pior isso acontece dentro de suas próprias casas locais esses que deveriam trazer
segurança e proteção.
O que mais surpreende e torna a situação grave é quem deveria protegê-los é quem os
maltrata e cometem tantos atos de violência, sua própria mãe, os relatos são claros a mãe bate
muito mais que o pai e de forma muito mais violenta, esse dado aparece em outras pesquisas
(GELLES, 1979; GIL, 1978, 1988) e vem a reforçar a mãe é quem mais comete atos de
violência física contra seus filhos, talvez por que seja ela quem passa mais tempo junto aos
filhos, e que na maioria das vezes é quem toma as decisões sozinhas sobre o cotidiano e a
convivência familiar.
A mãe é a figura mais próxima da criança cabendo a ela o papel educar, proteger e
cuidar e nem sempre isso ocorre, (BRITO et al., 2005) ela é a maior perpetuadora de violência
casas dizem que esta decorre de uma violência inerente as relações interpessoais e que
possuem caráter abusivo e que é perpretada pelo adulto (OLIVEIRA, 1989, p. 89),
Para eles o lar não e um lugar seguro, a mãe não os protege, mas mesmo assim eles
sentem amor por esses pais, de forma que a violência e o maltrato sofrido fica em segundo
plano, mesmo quando eles relatam os episódios de violência eles dizem que fizeram alguma
coisa, mesmo não sabendo o que para justificar a atitude de violência, fiz coisa errada eu
acho ai apanho né, se sabe faiz coisa errada merece, (E-25, E-34, E-39).
num lar violento possui elos que enlaçam todos os seus componentes, não só o ato abusivo,
A idéia de que o lar é o local de maior segurança e que confere proteção a criança nem
sempre é correta, pois é dentro dele que a violência ocorre e afeta as crianças e adolescentes
A violência faz parte da vida de cada criança e adolescente que respondeu a essa
pergunta, é uma violência rotineira sem qualquer motivo aparente por parte deles, e que
deixam marcas profundas de tristeza, e insegurança eles sempre estão à espera de um novo
O que fica demonstrado é que mesmo nos dias atuais o desrespeito aos direitos das
crianças e adolescentes existe e que não dá sinais de que venham a acontecer mudanças em
153
médio prazo, o que para as crianças chega a ser desastroso e podem acarretar vários
problemas.
adolescente se faz presente e como se formam os vínculos entre pais e filhos num cenário de
seu dia-a-dia, eles aprendem desde muito cedo que vão apanhar por qualquer razão ou
nenhuma razão apenas apanham, eles tem um comportamento na hora das entrevistas muito
peculiar de quem tem medo de falar e com isso prejudicar seus pais ou a eles mesmos, eles me
pergunto que, se eu responde e fala com você, ninguém vai sabe, não quero ir para o abrigo,
gosto da minha mãe do meu pai, você não fala pa ninguém não, (E-14, E-16, E-39).
Depois que esclareço muito bem que a entrevista ninguém terá acesso apenas eu e que
o nome deles não aprece e que tudo é muito sigiloso, ai sim eles começam a conversar e
São crianças e adolescentes que vivem em lares onde a falta de tudo, desde o principal
e mais importante que é o amor dos pais, até a falta de comida, copos, de qualquer forma de
Muitas dessas crianças e adolescentes vivem em lares onde o pai biológico não está
presente, seus irmãos são cada um de um pai diferente, e aprendem que, tem carinho do pai o
filho biológico verdadeiro, não conheço meu pai, nunca vi ele, meu padrasto só gosta da
minha irmã pa ela ele da tudo, pega no colo da carinho, da abraço apertado eu e os outro
154
não temo nada disso, só pancada, queria te meu pai aqui, pa te carinho (E-43, E-44, E-56, E-
62).
entre um e o outro, como apreendem que a vida é muito sofrida e triste, não restando muitas
violência esta tão presente que para eles nada tem muita importância, só triste, se peço mais
comida, mais pão, por que é tudo dividido um pedaço pa cada um e ai apanho, e não como, e
adolescentes e que é praticada muito mais pela mãe do que pelos pais.
Essas crianças e adolescentes convivem diariamente com esse problema de tal forma
que para eles se torna estranho o dia que eles não apanham e nesse dia eles falam que o dia foi
feliz, apanho todo dia, quebro um copo e minha mãe bate tanto que machuca eu toda, se abri
a boca apanho, eu nem sei pó que mais apanho sempre e já fui pó hospital muitas veiz, o dia
dos pais em vários aspectos, são crianças que já passaram por diversas internações
hospitalares, onde as causas foram as mais diversas, desde a desnutrição até a questão dos
Uma das entrevistadas uma menina de 8 anos, me diz muito triste que esta careca, pois
tem tantos piolhos por que a mãe não cata, que ela tem que ficar careca e que já ficou muitas
vezes internada com uma forte anemia em decorrência dos piolhos e dos carrapatos que ela
também sempre teve, ela diz que se sente feia e muito diferentes das outras crianças de sua
Ela relata que a mãe é tão brava que já esteve até internada para ficar menos brava, é
uma menina de pele bem clara seus cabelos que estão nascendo são bem clarinhos, é uma
criança linda, triste, bem pequena em tamanho, e faz relatos tão doloridos sobre sua vida em
família, e o quanto para ela seria uma felicidade se ela tivesse cabelo, comida, e não
apanhasse.
As crianças e adolescentes que fizeram parte desta pesquisa pertencem a famílias onde
não há nenhuma estrutura que possibilite um desenvolvimento saudável das mesmas, eles
passam por várias formas de violência que seus pais praticam contra eles, desde tapa, até a
Essas crianças e adolescentes dizem que gostariam que a vida mudasse no sentido da
violência não fazer mais parte do cotidiano, elas dizem que os pais poderiam mudar o
comportamento deixando de bater tanto neles, minha mãe bate tanto nunca fala, só da tapa
muitas vezes a chorar, quando começam a falar sobre o quanto apanham, a dor que sentem,
são tristes, vivem em uma realidade que esperam o ano inteiro pelo Natal chegar, por que vão
ganhar doces, festa na escola, e tem uma pessoa no local onde moram que faz festa para as
crianças e adolescentes de famílias carentes do bairro, nessa ocasião eles podem comer a
vontade, beber refrigerante, tem doce e bolo e muitas vezes ainda chegam até a ganharem
presentes, as entrevistas que foram realizadas próxima ao Natal essas falas ficaram bem
evidenciadas e a alegria pelas quais elas esperavam a vinda desse dia, na minha casa a
comida é pouca o leite tem pouco e da pa todos tudo divide, tenho fome, não tem carne e bolo
só como no Natal la na minha vizinha que faiz festa pa gente, ai eu fico feliz esse dia e bom
não apanho em casa, não peço comida e a mãe fica boa (E-45, E-47, E-55).
156
A vida dessas crianças e adolescentes é tão difícil que elas se tornam adultas muito
cedo, com muitas responsabilidades em casa, dão banho nos irmãos, ajudam nas tarefas da
casa, ajudo minha mãe em casa, não posso nem brinca e ainda apanho muito é ruim (E-69,
E-70, E-71).
Eles que vivem nesse ambiente, terão todo seu futuro comprometido, muitos estudos
mostram os graves danos provocados pelos maus tratos e violência sofrida, provocam efeitos
ao longo de sua vida, são mais propícios a cometerem suicídios, (BRYANT e RANGE 1995),
já (BACHAR et al., 1997), mostram que criança e adolescentes que apanham esta associados
Para GUERRA (2001) a violência contra a criança e o adolescente tem na família sua
ecologia privilegiada a família pertence à esfera do privado, com isso a violência domestica
violência se instala e faz de vitimas seus membros, pois o que esta em jogo é o direito
fundamental das pessoas, de terem uma vida em que a violência não se faça presente, a
A violência dentro dos lares demonstra o quanto à família tem problemas que não
aparecem de forma clara devido ao sigilo imposto em relações a fatos que ocorrem dentro de
suas casas, as crianças e adolescentes são quem mais sofre com esse pacto de sigilo, pois se
perde muito com essa atitude, levando essas crianças e adolescentes a viverem uma rotina de
medo e angustia, pois estão sempre a espera de quando terá mais um ato de violência contra
157
elas, são crianças e adolescentes angustiados e muitos são tristes de tal forma que parece que
estão com depressão, minha vida é tão triste eu apanho por que tenho fome, (E-51).
É muito difícil falar sobre a situação familiar envolvida com episódios de violência, os
pais, freqüentemente tem baixa auto-estima muitas vezes vivem isolados socialmente e com
stress, são famílias que possuem muitos problemas e sentem grandes dificuldades para
resolverem seus problemas e conflitos e isso acaba levando a violência contra a criança e
adolescente e os pais acabam usando os filhos para canalizar suas frustrações e angústias,
gerando a violência.
Acredita-se (ALGERI et al., 2006), que o ciclo de violência a que estas crianças e
afetivo entre pais e filhos e que muitas delas sentem-se ameaçadas, tristes, abandonadas, não
encontrando motivos em sua casa, no seu próprio ambiente, que vivem para crer que de
alguma maneira são importantes para seu pai e sua mãe, estão constantemente submetidas a
violência, apreendem que só dessa forma errada e inadequada existe uma solução para seu
problemas e eles que vivem em ambientes violentos tendem a acreditar que essa é a única
forma de socialização existente e isso além de gerar mais violência, acaba por contribuir para
Estamos no século XXI e existem a nossa volta crianças e adolescentes que apanham
muito por que tem fome, que realidade está construindo para o futuro, onde se apanha por ter
fome e por outras razões que mesmo quem apanha não sabem.
violência que a cerca, como essa violência é percebida e sentida por essas crianças e
adolescentes.
158
Essa categoria irá descrever como são as características desses episódios de violência
e qual é o comportamento dos filhos durante esses episódios que eles presenciam.
violência e elas são observadoras desses episódios, irão sofrer sérias conseqüências
emocionais no seu futuro, JUNQUEIRA (1998, p. 432), diz que, os pais reproduzem os
modelos de educação vividos na infância, uma criança e adolescente que vive ou presencia
atos de violência quando adultos irão produzir esses atos em seus filhos, podendo em seu
futuro vir a ser um autor de maus tratos e violência a criança e adolescente quando se tornar
violência é bem diversificado no sentido dos sentimos que podem acarretar, desde problemas
FURNISS (1993), diz que o dano psicológico pode estar associado com a idade de
inicio da violência, quanto tempo de duração, grau ou ameaça de violência, como podemos
onde existe a presença da violência é extremamente preocupante por que irá interferir de
forma definitiva no seu futuro, vindo a interferir no adulto que ele deveria vir a ser.
sempre e por várias vezes, não é um episódio único, é repetitivo e acontece na presença e na
Os filhos relatam que as mães apanham sempre, minha mãe só apanha, meu pai bate
nela e ela fica doente e machucada, já foi pó hospital, a violência do meu pai pa minha mãe é
As crianças e adolescentes relatam os episódios de violência com uma voz triste e para
eles é um sofrimento ver seus pais brigando e assistirem as ocorrências de violência, para eles
Nos relatos e nas conversas após o término da entrevista, que foram registrados em um
diário de campo, o que eles mais dizem é que, é muito ruim ver o pai e a mãe brigando, e que
muitas vezes sentem muito medo da situação vivenciada, correm para a rua e chamam a
polícia, foram várias as crianças e adolescentes que relatam que chamam a polícia quando as
brigas têm inicio, mais que isso pouco ajuda, pois a polícia não leva o pai preso e o pai ainda
acaba batendo no filho em decorrência de ter chamado a polícia, com isso os filhos sem ter
muito o que fazer diante da situação que se apresenta, ah chamo a polícia toda veiz que tem
perdidos e divididos no meio das brigas entre os pais, o que para seu desenvolvimento será
apreender que com a violência se resolve tudo, é difícil para eles entenderem isso de outra
maneira, pois o ambiente e o local onde vivem é repleto de violência e de casos semelhantes
aos que eles vivenciam, a mulher la da rua perto de casa os filhos tão no abrigo, por que a
policia foi la e levo ele, tinha briga igual la em casa, no abrigo é ruim, tenho medo de i pa la
ambientes em que a violência está tão presente, e em função dos locais onde moram seus
amigos, conhecidos e vizinhos tem vivência e experiência muito próxima ou igual a que eles
vivem em suas casas, e com tantos episódios de violência próximos, eles podem sim achar
que assim é que tem que ser, passam a ter tolerância em relação á violência e a dor.
160
que foi vítima de violência é uma correlação forte entre abuso físico e violências familiares e
não familiares no futuro desse individuo, uma maior propensão para a vida criminosa, maior
falta diz ele é, maiores trabalhos, com resultados mais precisos para se ter uma maior exatidão
Um adolescente (E-26), com 16 anos de idade, que foi participante dessa pesquisa, e
que quando fui buscá-lo em sua casa, juntamente com sua mãe e seus irmãos ele estava muito
triste, angustiado, é um adolescente muito calado, mais a verdade com que ele realizou a
relatos ele disse que estava muito triste, antes da entrevista e que sua intenção após a
entrevista e a longa conversa que tivemos com mais de duas horas de duração, ele iria se
matar, foram essas as palavras dele, eu to aliviado, saco, foi bom, minha parada com a
senhora feiz eu para e pensa, não vo mais me mata, levantei hoje com essa idéia na cabeça, é
uma parada brava, mais to bem agora, não vou mais me mata, hoje não, valeu meu.
Esse adolescente fez relatos inimagináveis sobre a violência que sofreu sua vida
inteira, desde ficar amarrado em uma cadeira com um fio elétrico, não pode estudar, nem ter
amigos, ficava trancado em casa amarrado quando os pais saíam, levou uma marretada nas
costas, a violência por ele sofrida deixou marcas mais do que profundas.
Mas, para ele o que mais deixou marcas, foram os momentos em que ele viu seu pai
bater na sua mãe, e as inúmeras vezes em que ele chamou a polícia, entrou no meio para
defendê-la, e depois de interferir na briga, ele apanhava que ficava desmaiado pela violência
Hoje ele diz que, quer morrer, não vê futuro em sua vida, e que não irá mais deixar seu
pai encostar na sua mãe, pois irá interferir na briga e que esta decidido a matá-lo, como forma
de livrar sua mãe dessa tristeza, maldade e dessa vida sem um caminho seguro, sua voz ao
fazer esse relato esta embargada em tristeza, e angustia. Em sua casa a irmã mais velha tentou
matar o pai, com uma foice, ela avançou no pai com a foice nas costas dele, não mato, mais
machuco, e ai o pai tento mata ela, enforcando, o pai foi preso, por tenta mata a filha, minha
irmã tinha 13 anos e o pai ia abusa dela, é por isso que se ele bate na mãe e eu vê, mato ele e
me mato depois. Esses são relatos tristes de um adolescente que não vê em seu futuro nada
que tenha sentido, só a morte para ele será um alívio no seu sofrimento.
O relato desse adolescente não foi o único, outros expressaram a vontade de se matar o
pai, eles não falam cometer suicido (ele fala em se matar no inicio), mas são adolescentes tão
angustiados e tristes e que foram tão afetados pelos episódios de violência que presenciaram
que para eles a vida perdeu o sentido, mais em seus relatos eles deixam bem claro o fato de
não terem nenhuma conduta criminosa, e nem fazem uso de drogas, por terem muito medo da
polícia, tem amigos que já passaram pela FEBEM e eles dizem que não querem essa vida para
eles, pó tenho medo saco os caras são foda batem e sacaneiam to fora disso, quero sim é
Como pode ser observado acima o efeito da violência é inquestionável e o que mais
fica claro é que para os filhos verem a mãe apanhar dói mais, os sentimentos de raiva e ódio
pelo pai aparecem nos momentos em que a mãe apanha e não quando ele filho é vítima,
apanha dói mais vê minha mãe leva porrada todo dia é foda dói mais ela apanha (E-75, E-
76, E-77).
desajustes e violência, com isso perdem seus vínculos afetivos e tornam-se adultos agressivos,
162
potencializando cada vez mais situações de violência, situações agressivas (KORN et al.,
1998).
Podemos ter isso mais evidente quando (STRAUS e SMITH, 1995), realizou uma
pesquisa com 8.145 famílias e de acordo com esse estudo os pais que sofreram violência
quando crianças apresentavam índice de violência contra seus filhos duas vezes maiores que
(BRANCALHONE et al., 2000), diz que o conceito de criança exposta a violência não
se restringe ao fato de estar presente no episódio de violência, abrangendo essa condição por
completo, ou seja para estar exposta a violência é suficiente a criança e o adolescente tenha
ou ver a agressão e violência que sua mãe sofre, para ser afetada por ela.
A presença da violência faz com que criança e adolescente sintam medo e ansiedade e
Nesta categoria será discutida a forma como os filhos reagem aos episódios de
Ah, eu entro no meio, jogo água, pego a vassoura e bato nele grito pa ele para, não
faiz isso com a mãe, solta ela, e bato a vassoura na cabeça dele, (E-60, E-65, E-66)
Essas são falas que demonstram claramente o papel dos filhos nos momentos em que a
violência começa e no transcorrer dos atos, e o que se percebe é que os filhos têm um papel
ativo e participativo nos atos da violência eles ficam totalmente inseridos nos problemas dos
pais e vivenciando essas ocorrências, e o que não se pode esquecer é que são crianças e
Mas, nesse momento de suas vidas eles estão preocupados, ansiosos vivendo o
momento em que novos episódios de violência entre seus pais, irá começar e o que farão para
ajudar, são crianças que tem problemas para dormir por medo de acordarem e os pais estarem
brigando, não tenho sono, tenho medo de dormi, e não ouvi a briga, (E-75).
violência entre seus pais, essa não é conduta nem o papel a ser desempenhado pelos filhos,
mas eles fazem isso de forma bem ativa, e interferem a maneira deles a moda deles, do jeito
que naquele momento for mais fácil de acabar com o sofrimento e dor da mãe como a dor que
Para eles dói muito verem a mãe apanhar, ficar machucada na frente deles, eu chamo a
polícia e jogo água nele, chamo ele de covarde e falo mãe manda ele embora, (E-24, E-27, E-
31). Para essas crianças e adolescentes a vida em família envolta em episódios de violência
diuturnamente, para seu desenvolvimento é extremamente danoso para todo seu futuro.
As formas que os filhos interferem nos episódios de violência são vários que vai desde
chamar a polícia, os avós que moram na casa em frente, até a interferência onde eles entram
no meio da briga, eu entro no meio dos tapas e chutes, abraço a mãe e apanho junto, (E-22,
E-30, E-40), como podemos observar o filho que interfere na violência dos pais entrando no
meio das brigas apanha junto, essa atitude além de ser mais perigosa, deixa o filho com uma
sensação maior de impotência, por que o pai continua a bater na mãe e agora também no filho,
sem se importar com nenhum dos dois, é triste apanha e apanha com mãe, (E-13, E-17, E-
66).
A vida dessas crianças e adolescentes desde muito cedo esta permeada por contatos
com a polícia, hospital, e ver a mãe machucada ou ferida pelas brigas e cenas de violência, a
interferência dos filhos nessa situação coloca a vida dos mesmos em mais uma situação de
riscos além das que já existe a violência contra os filhos de forma bem efetiva pelos pais
164
contra eles, principalmente a mãe, que é quem mais agride seus filhos, e ironicamente seus
filhos a defendem tanto, interferindo nos episódios de violência do seu pai contra a mãe.
Nesta categoria iremos discutir as respostas em que os entrevistados dizem que sentem
medo e insegurança em relação aos episódios de violência que eles assistem, e o quanto se
em casa decorrente das brigas e discussões entre seus pais, falam com tristeza e medo, e para
eles é muito difícil assistir por que sentem se impotentes, não tem o que faze ne, choro e fico
quieto olhando tenho muito medo, faze o que, nada tem pa faze (E-27, E-51, E-37, E-56).
A partir dessas falas percebe-se o quanto eles se tornam passivos diante do que
assistem e o quanto isto os deixa paralisados e sem ação diante do que vêem e presenciam
diante de seus olhos, são crianças e adolescentes que nesse momento experimentam um
sentimento de impotência de imobilidade e surpresa diante do medo que estão em ver o que
ocorre com a mãe e com o medo de perdê-la em decorrência dos ferimentos ou até mesmo
pelo fato da mãe ir embora, como ela sempre diz aos filhos.
São muito pequenos para ter esse tipo de problema e de experiência de vida, ao qual
nunca esqueceram, são crianças e adolescentes que vivem em lares onde há presença da
Não existem relatos de pesquisas em que tenham dados como esses descritos se
referindo ao fato dos filhos assistirem e interferirem nos episódios de violência, não se pode
saber nesse momento qual será o efeito a curto e em longo prazo, o que essas crianças e
adolescentes, terão como efeito em seu estado emocional e psíquico diante de vivências tão
negativas.
165
individuais, e ter segurança para conviver em sociedade; e, para que isso ocorra de maneira
saudável, torna-se imprescindível que a família dê subsídios e segurança para que a criança se
Pensando nessa colocação (PEREZ et al., 1994) falam da importância que é para a
criança seus primeiros anos de vida em família e como isso será determinante em seu
segundo um processo bi-direcional, em que a criança está sendo socializada, mas também
interfere, levando os adultos a aprenderem como lidar com ela, o que significa que as
gerações mais novas e mais velhas aprendem uma com a outra, enquanto a criança adquire
Por outro lado, é também importante enfatizar que os adultos significativos são
modelos para a criança, ou seja, ela adquire muitos comportamentos tomando por base a
Qual a percepção das crianças e adolescentes para a questão da violência dos pais
contra os filhos e na percepção deles qual deve ser o caminho para existir qualidade de vida
em família.
Nesta categoria as respostas das crianças e adolescentes vão direto ao fato de dizerem
que a violência em sua casa só existe por que o pai e a mãe bebem muito pinga, se eles não
bebessem não tinha isso (E-49, E-56, E-61), a bebida para eles desencadeiam os episódios de
violência ah, meu pai para de bebe cachaça ele fica bonzinho, quando ele bebe apanho de
pau e quebra tudo, a bebida faiz ele fica loco (E-30, E-32, E-47).
Para eles a violência e o quanto eles apanham esta ligado a bebida, pois eles vêem o
pai chegar bêbado em casa ou pedir para que eles comprem a bebida, eu compo a cachaça ai
tem briga, (F-65), minha mãe bebe de cai, já fui busca ela caída suja na esquina a cachaça
famílias em pessoas violentas, que contribui para a falta ou ausência completa de comida, eles
se referem muito a falta de alimentos, não terem tanto alimentos disponíveis e tudo tem que
ser dividido ou apenas ir dormir com fome, minha barriga dói, choro, minha mãe e meu pai
167
ta la caído com a cachaça na cabeça e eu tenho dor na barriga de fome (E-35, E-41, E-53, E-
68, E-71).
Para eles se os pais deixarem de beber o cotidiano de suas vidas irá melhorar em todos
tudo isso para eles é causado por que os pais bebem cachaça ou chegam à casa bêbados.
Os pais pedem aos filhos para que compre a cachaça no bar, essa atitude para os filhos
é desastrosa, pois eles estão indo buscar o que causa a eles e aos próprios pais tristeza, dor,
violência (JONG, 2000; CONRADO, 2001), é claro que o álcool faz com que o agressor
LEVY (1980), diz que não fica claro por que os homens e mulheres bebem, se isso não ocorre
para que tenham uma forma de permissão social para praticar a violência e arrumar uma
São vários os estudos que buscam possíveis explicações para as questões que se
referem á violência, GUERRA (1985) analisando famílias com a presença da violência diz
violência tanto naquela que se refere às mães quanto a seus filhos, (GIOVANI et al., 1982;
violência, e por essa razão quando menciona, o que gostariam que ocorresse de mudanças em
sua casa, a presença da bebida aparece em primeiro lugar, eu queria que meu pai parasse de
bebe e ficasse bonzinho, (F-70, F-69, F-50, F-47), ele é apontado pelas crianças e adolescentes
como o principal problema no contexto familiar capaz de gerar brigas e violência, mas, não
168
existem dados de pesquisa que venham a validar essa colocação por parte das crianças e
em 41% relatam que seu agressor não estava sob efeito do álcool no momento da violência,
(VIZCARRA et al., 2001), esses estudo apontam que não foi possível ao contrário do que se
Nesse estudo não prevaleceu nas questões de violência doméstica contra a mulher e
seus filhos, a presença do álcool, eles esclarecem que esses resultados podem estar
subestimados, pois parte das vítimas não desconheciam o uso do álcool ou não havia em seus
Não fica claro realmente a importância do álcool em episódios de violência, mas para
própria pele e corpo os efeitos disso em seu cotidiano, a percepção clara deles é que sem a
bebida, no caso a cachaça, pinga, como eles falam a vida ficaria melhor.
Nesta categoria iremos abordar a questão do ciúme como um dos motivos que levem a
episódios de violência, segundo os relatos das crianças e adolescentes o ciúme do pai pela
mãe ou da mãe pelo pai, sempre é motivo de briga e violência, meu pai e ciumento demais
qualque coisa bate na mãe, tem ciúme de tudo se ela atrasa do serviço, ele fica dizendo que ta
levando chifre, que a mãe ta traindo ele, é o ciúme dela, (E-21, E-24, E-38).
Para eles o ciúme acaba levando a discussões e essas se transformam em violência que
de certa maneira acaba também por envolvê-los, pois a partir do momento que eles interferem
na violência dos pais, acabam por apanhar junto, e se o pai deixasse de ser ciumento, na
percepção deles a violência não teria inicio, minha mãe e meu pai briga muito, minha mãe
169
tem ciúme da vizinha meu pai não pode oia po lado da casa da vizinha que a mãe parti pa
briga, chama a muie de macaca fedida, já foi presa por causa disso, tiro a roupa e abriu a
perna pa muie olha e sabe que ela é muie também ai foi presa, e nois fomos tudo po abrigo,
tudo por causa do ciúme, a mãe é boa mais bebe cachaça e briga muito por causa do pai,
Esses relatos são de uma família onde o casal teve 13 filhos e a casa e a família é
adolescentes que vivem na rua, jogados de lá para cá, não tomam banho, vivem sujos, alguns
freqüentam a escola, outros não, vão regularmente ao núcleo, os pais bebem muita pinga, e a
Quando a violência tem inicio os filhos fazem tudo o que é possível são muitas as
interferências possíveis para que a mesma cesse, chamam a policia inúmeras vezes, até o dia
em que a polícia resolveu levar os pais presos em decorrência da violência entre o casal e os
filhos que entravam no meio para que tudo acabasse e até as brigas dos vizinhos, todos os
filhos foram para o abrigo e lá dizem eles que é muito pior do que na sua casa, pois apanham
dos outros, dormem no chão e sentem muito mais medo e desamparo do que em casa, junto
dos pais,eles briga, bebe pinga, tem um ciúme do outro pa morre briga até de olha po lado,
mas se gosta e gosta de nois, tem que o ciúme não acontece e a pinga para, (E-62, E-63, E-
64, E-65).
Esses são relatos de crianças e adolescentes que percebem a violência como sendo
fruto do ciúme entre seus pais, e que a não existência dele, á vida seria boa e tranqüila, sem
percepção dessas crianças e adolescentes todo o problema de sua família se resume ao ciúme,
uma Delegacia de Atendimento a Mulher, que a presença do ciúme estava presente em quase
sua totalidade nos episódios de violência doméstica contra a mulher e também contra os
filhos.
episódios de violência, a criança e o adolescente que presencia as cenas de ciúme entre seus
pais e logo a seguir os episódios de violência tem inicio eles realmente associam o ciúme
como forma de violência em sua casa e contra sua própria mãe e seus filhos.
Para eles o fato de os pais não trabalharem e ficarem diariamente em casa sem fazer
nada apenas bebendo pinga, xingando e a mãe saindo para ir trabalhar e voltando sempre ao
iniciar a noite, e quando chega sempre tem discussões e brigas que acaba gerando violência,
para eles como o pai passa os dias sem fazer nada, isso já causaria motivos para violência.
As crianças e adolescentes dizem que, o pai fica em casa não faiz nada, não traiz
dinheiro, nem comida, ele tem que trabaia (E-14, E-17, E-22, E-25), eles associam a idéia de
ver o pai em casa sem fazer nada e quando a mãe chega do trabalho cansada eles brigam.
violência (BRITO et al., 2005), mas ainda não há estudos suficientes que deixem a associação
Nesta categoria não é possível discuti-la de maneira mais ampla, pois não temos dados
dados das entrevistas nos remetem a falas em que as crianças e adolescentes dizem que a falta
de um trabalho para o pai é o que faz ele cometer os atos de violência contra a mãe e contra
Para todos os desenhos foram feitas três perguntas a seguir; para as crianças e
adolescentes.
O procedimento para realização deste instrumento foi de que cada desenho fosse
O desenho 1- Criança jantando em família, neste desenho existe uma família reunida
jantando.
O desenho 2- O pai esta contando uma história para seu filho na cama enquanto ele
não dorme.
Foi pensada uma tabela onde se engloba todas as categorias identificadas nos
entendimento delas.
emitindo uma descrição do desenho como ocorreu na questão de número um, ou se referem ao
comportamento da criança na questão dois, comportamento este que pode ser adequado ou
esses sentimentos tanto podem ser positivos como negativo, mas a totalidades das respostas
adolescentes.
Desenho 1
173
adolescente.
174
O desenho número um, como pode ser observado acima, ser refere a uma família
reunida á mesa jantando e o pai dizendo aos filhos para irem escovar os dentes e depois irem
dormir.
estavam vendo, é uma família jantando (E-3), todas as respostas estão centradas na descrição
da família do desenho ou do que eles estavam observando como sendo algo mais significativo
ou importante para eles, a família é bonita, tem prato, colhe e faca, na minha casa não tem
Essas observações talvez sejam mais significativas, pois além de emitir uma opinião
sobre o cotidiano de sua família a criança e o adolescente faz observações sobre o fato da
família em questão no desenho ter prato, colher, e associarem ao fato de que a família de
origem não tem, isso para eles de certa forma marca como sendo algo importante, por que em
muitas ocasiões durante a entrevista ou na conversa que antecede a coleta de dados, eles
sempre mencionam que se eles quebrarem um copo, ou prato eles sempre apanham muito, e
quando eles mencionam o fato de que a família do desenho é bonita e tem prato e colher,
talvez seja por que em seu cotidiano isso são utensílios que dispõem de muito valor, que
quando se quebra eles apanham e também por que nem todos os entrevistados possuem em
Desenho 2
176
Nesta categoria iremos discutir as respostas das crianças e dos adolescentes e que
Todas as respostas emitidas nos onze desenhos essa categoria esta presente.
Como pode ser observado na página anterior o desenho dois, refere-se a um pai
contando história para seu filho deitado na cama enquanto o mesmo não adormece.
As respostas dadas a essa questão foi no sentido de emitir uma opinião sobre o
comportamento da criança do desenho, como sendo uma criança boa, e por isso o pai é bom.
desenho, como sendo ela boa de bom comportamento e seu pai um homem bom, talvez esses
fatos apareçam por que os participantes não vivenciam essa experiência com relação a seu pai,
o modelo de pai dos participantes, é de um pai violento, que bebe, bate nos filhos e na mãe.
Esse modelo de pai do desenho, para eles esta muito longe da realidade vivida no seu
cotidiano, talvez seja essa a razão pela qual aparecem respostas mencionando o
nada di errado, o pai dele é bom, o meu pai é ruim, (E-27, E-31, E-39), essas respostas vão de
encontro com o que lhes falta em sua própria casa, em seu cotidiano em família.
desenho, e quando vêem o que um pai pode fazer pelo seu filho mencionam como a criança
no desenho é boa e como seu pai, não que ela seja ruim e seu pai não seja um bom pai, para
ela o pai não é assim, e não faz nada disso, e para ela ver esse desenho o entristece muito.
adolescentes que choraram ao ver o desenho e disseram o quanto gostariam de ter um pai
177
como aquele do desenho, meu pai não é assim, podia, queria isso pa mim, queria um pai
bonzinho, queria isso (E-30, E-35, E-45), para essas crianças e adolescentes se depararem
com essa situação familiar de afeto, apego do pai pelo filho, é muito difícil e por isso muitos
choram e apesar do choro não quiseram deixar de ver os desenhos, mas, o que mais tocou
muito tocadas também com o fato do pai da criança do desenho saber ler, pois eles
mencionam depois de responder sobre o desenho eles dizem que o pai deles não sabem ler
nem escrever e que muitos tem até dificuldade de conhecer dinheiro, meu pai não sabe le, ele
nem sabe fala direito, nunca foi na escola, meu pai ta longe, ta preso, não sabe le, (E-37, E-
41, E-46).
todos os desenhos apresentados, eles referem se ao fato dos desenhos apresentarem famílias
bonitas, as crianças do desenho são bonitas, com roupas bonitas, o quarto e a casa delas é
bonita a minha não é, nem tenho um quarto so pa mim, (E-47, E-51, E-56).
Para essas crianças e adolescentes o desenho é uma realidade que eles não têm uma
vida que eles desconhecem pai e mãe presentes, família unida a mesa, eles não tem nada disso
e se ressentem muito, a realidade para eles é muito difícil, diferente, e muitas vezes dolorida.
178
Desenho 3
O desenho acima refere-se a duas irmãs, a irmã maior dando banho na irmã menor, as
respostas são sempre no sentido de dizer o quanto o comportamento da irmã maior é boa e o
Os participantes dizem que, a irmã é boa, e ajuda a mãe (E-49, E-55), o que ressalta
que eles fazem o que o desenho demonstra, eu do banho nos irmanzinho menor, faço isso
banho na irmã menor, isso para os participantes é algo próximo que diz muito a respeito do
seu cotidiano, pois as meninas disseram que realizam essa tarefa em casa para ajudar as mães
nas tarefas domésticas, elas elogiam a menina do desenho como sendo, boa, bonita e muito
comportada.
Quando observa esse desenho as crianças e adolescentes fazem elogios para o quanto a
menina tem um comportamento adequado ajudando em casa e elas também tem, pois
ajudando a mãe e se colocam no desenho, olham para o desenho e relatam episódios do dia-a-
dia que vivenciam e o como a mãe ensinou a elas a dar banho e cuidar da irmã menor, quando
elas vêem o desenho se sentem bem, pois tem uma situação no desenho que faz parte de seu
cotidiano.
Essas crianças e adolescentes desde muito cedo aprendem a ajudar nas tarefas
domésticas, pois as mães trabalham fora e são muitos os irmãos que elas têm e a ajuda da irmã
Quando observa o desenho elas ficam até felizes, se vêem na situação do desenho de
desenho e que para a realidade dos participantes desta pesquisa é algo presente no seu
cotidiano e de forma muito positiva vista por eles, pois eles se vêem retratados no desenho.
180
sendo errado, um comportamento inadequado da mãe por deixar a filha sozinha em casa e isso
para eles é muito significativo mais de maneira negativa, pois eles vivenciam isso no dia-a-
dia, e para eles a mãe é ruim, eles vivem isso diariamente e para eles o desenho mostrou algo
181
triste a eles, Ah, mãe faiz isso me deixa, diz que não vai volta, fala que vai embora e não volta
mais, vai deixa nois, a mãe é ruim, não pode se assim (E-27, E-33, E-43, E-54, E-64, E-71).
O que pode ser observado é que as respostas vão de encontro com o cotidiano dos
participantes, que vivenciam essa realidade e em alguns momentos esquecem que vêem um
desenho, mais sim se colocam como sendo eles no desenho, retratando a vida que tem em
Esse desenho é muito importante para eles, pois remetem de forma integral á vida que
eles tem e que não esquecem, o participante (E-48), um adolescente de 16 anos ao olhar esse
desenho, lembrou-se quantas vezes em sua infância foi deixado em casa sozinho, e com os
olhos cheios de lagrimas ele disse que, no desenho a mãe não podia faze isso, a filha sofre,
dói, da medo, a mãe dizia não vo volta, vo deixa você po seu pai, você é ruim não chora
menino, não volto. Para ele esse desenho lembra sua infância e momentos difíceis que ele
vivenciou e não esqueceu e isso foi muito difícil de ser visto e lembrado, pois ele chorou,
pediu desculpas por estar chorando, mas que era difícil lembrar-se do passado, sem chorar dos
momentos tão tristes, esse adolescente já tentou o suicídio uma vez, e durante nossa conversa
disse que são essas lembranças que fazem ter vontade de morrer.
inadequado da mãe ao deixar a filha sozinha, essa é a realidade que eles vivenciam e que tanto
O desenho os faz lembrar que a mãe faz isso e diz que vai embora e irá abandoná-los
com o pai, o que para muitos deles é algo extremamente ruim e doloroso.
medo, medo do abandono da mãe, medo de como a mãe vai estar quando chegar, até o
momento que a mãe não retornou para casa, vindo do trabalho, eles ficam ansiosos, nervosos
e tristes, pois ao sair à mãe disse que não sabia se iria voltar.
182
O desenho acima de numero 5 representa a mãe batendo em sua filha, ela não
da mãe ao bater na filha e o comportamento inadequado da filha por não obedecer à mãe.
adolescentes ao verem o desenho emitem valores ao papel da criança como sendo ela uma
criança ruim e fez coisa errada tem que apanha (E-44, E-46, E-56, E-58), elas ao
observarem esse desenho, discorrem sobre o papel da criança e não sobre a atitude da mãe,
elas se referem ao fato da criança ser ruim e merece apanhar, ao falarem isso, talvez elas
estejam inferindo suas ações sobre o desenho se colocando no desenho e emitindo valores,
ou elas acreditam que o fato de a mãe bater na filha não é um ato de prática de educação, e
sim que a filha merece por ser ruim e fazer algo errado, se faz algo errado a conseqüência é
apanhar e a mãe esta certa, pois é isso que o dia-a-dia dessas crianças e adolescentes mostra.
183
mãe é inadequado não é batendo que a filha vai entender, portanto a mãe é ruim, essas
adolescentes se referem ao desenho, como sendo uma situação vivenciada por eles, o
desenho mostra a mãe batendo na filha, eles vêem a mãe sendo ruim, eles não conseguem
observar apenas o desenho, eles se colocam no desenho, minha mãe é assim, isso é sempre
Para eles o que importa é que vivem isso no dia-a-dia, e é algo ruim e que deixa
marcas, quando se referem ao fato de ser assim em suas casas com suas mães, a voz, o
falam que a mãe age dessa maneira sempre, apanho e nem sei por que, (E-55).
Essas são crianças e adolescentes que se sentem desprotegidos e que a forma como
são tratados em casa por sua mãe deixa os triste e para eles o comportamento é sempre de
alguém ruim, por isso se referem ao desenho como sendo a mãe ruim, ou culpam a criança
pela forma como a mãe esta agindo, neste caso a mãe passa a ter um comportamento
adequado e a criança que apanha um comportamento inadequado, ela merece apanhar fez
coisa errada (E-33, E-42), essas crianças e adolescentes estão no início de suas vidas de seu
desenvolvimento, é já viveram situações difíceis e dolorosas que irão deixar marcas, pois só
de olhar o desenho eles ficam tristes, e alguns dizem isso é assim, minha vida assim so
pleno, seguro e não tendo emoções tão negativas ao olhar um desenho e ver a sua vida ali
retratada.
184
No desenho acima podemos observar a aluna devolvendo ao professor o livro que ele
lhe emprestou, neste desenho as respostas foram no sentido de dizer o quanto comportamento
Os pais ensinam a ser assim educada, bem bonita, lembram sempre que, a roupa da
menina é muito bonita e a menina também, e que esse comportamento é por que o pai e a mãe
imprescindível para que ela aprenda a ser assim tão educada, o pai e a mãe ensina, ela tem
Para eles o fato de esse desenho apresentar uma menina educada, isso tem muito a ver
com o comportamento dos pais em relação a ensinarem a filha ter respeito e educação com os
mais velhos, os pais são educados e ensinam aos filhos, se referem a isso de forma que
deixam claro que seus pais não fazem isso, não tem essa conduta por não terem educação se
Os pais ensinam aos filhos o que eles sabem o meu pai não sabe se educado é ruim
(E-12, E-68, E-75), essas crianças e adolescentes vivem com famílias que apenas gritam e
xingam não sabem conversar e falar baixo, a mãe grita na escola, não tem respeito não, e não
casa com os pais, se os pais não têm educação e nem respeito pelos outros, conversam
gritando e xingando, como vão ensinar aos filhos serem educados e terem respeito pelo outro
Este desenho remete as crianças e adolescentes a situações de impotência dos seus pais
em serem melhor diante dos filhos, ensinando-os a serem educados e terem respeito pelos
outros, para eles é muito difícil ver isso retratado num desenho, e mostrar a eles como é difícil
ter uma família onde o comportamento é tão diferente daquele vivenciado nos desenhos
apresentados, isso mexe profundamente com suas emoções e eles acabam ficando tristes.
186
O desenho sete, o menino esta sendo mal-educado, neste desenho as respostas são no
criança algo ensinado e apreendido por exemplos que o pai dá aos filhos em casa, o pai ensina
187
a briga, a mãe e o pai ensina a se assim, vê briga em casa aprende ne (E-67, E-73, E-76),
para eles fica muito claro que o comportamento inadequado dos pais leva ao comportamento
inadequado da criança.
ensina o filho a brigar ou não, o desenho mostra o pai dizendo ao filho que ele era mal-
inadequado do pai no sentido em que ensina ou demonstra com atitudes que a briga e a
mas os filhos que entrevistamos estão tão envolvidos em cenários onde as brigas e discussões
e violência fazem parte do seu dia-a-dia, que para eles o comportamento da criança é
As cenas de violência estão tão inseridas na vida dessas crianças e adolescentes que
para eles o que eles assistem, vivenciam, percebem e sentem na própria pele esta interferindo
para que eles possam a ver o desenho como um desenho, e não como um fato que acontece
com eles e que o comportamento deles esta inserido na vida em família que eles tem.
É importante ressaltar que essas crianças e adolescentes crêem que seus atos, atitudes
esta relacionado com sua vivencia e experiências familiares a que estão expostos diariamente.
188
O desenho acima nos mostra o pai dizendo ao filho para não quebrar o brinquedo, as
apreende a fazer o que vê em casa, vê o pai faze isso e faiz igual (E-14).
objetos dentro de casa, jogando tudo na parede e quebrando tudo em cenas de extrema
reflexo do que eles vêem o pai fazendo e tomam isso como exemplo, o pai quebra tudo em
casa o filho aprende, o pai ta não pode ce assim, e feio quebra as coisa,(E-32, E-45, E-53, E-
63).
As crianças e adolescentes ao verem esse desenho são unânimes em dizerem que o pai
é assim vê o pai faze isso, o pai quebra tudo, o filho aprende ne (E-49, E-57), para eles o
comportamento do pai de certa forma molda o comportamento do filho, o filho faz aquilo que
Os filhos repetem o que vêem o pai fazendo tanto em situações positivas como nas
qualquer situação de suas vidas será usado como modelo a ser seguido.
que a mãe ensinou, a mãe ensino ela a se assim sem educação (E-67), eles atribuem a mãe
comportamento inadequado da mãe e da criança, pois eles acreditam que o desenho retrata
aquilo que eles vivenciam em casa com seus pais, e se a menina do desenho não é comportada
e não obedece á mãe é por que a mãe ensinou a ser assim, não deu educação nem ensinou aos
filhos a terem respeito por elas, e a obedecer quando a mãe manda ou pede alguma coisa.
observam os desenhos, a mãe manda e eu não faço, não so empregada, a mãe não deu
educação, a mãe ensina a se assim sem educação, a mãe não manda em mim (E-55, E-76, E-
77).
O que pode ser observado com os desenhos é que eles fazem com que as crianças e
desenhos situações vividas com seus pais, se eles são crianças e adolescentes que são
agressivos ou vivem brigando eles transportam esse comportamento ao que vem em suas
casas.
191
O desenho dez acima nos mostra duas crianças discutindo no recreio das aulas em uma
escola.
comportamento dessas crianças é errado e que aprenderam isso em casa, vendo os pais
educação e violência as respostas dadas foram todas no sentido de que esse comportamento
192
inadequado foi apreendido em casa pelos pais que não ensinam a seus filhos a terem respeito
e educação.
violência contra sua mãe é muito marcante, a tal ponto que todas as cenas que insinuam
violência eles sempre dizem que o culpado são os pais e que esse comportamento foi
apreendido em casa, assistir e viver em ambientes marcados pela violência deixa marcas
profundas.
das duas crianças se deve ao comportamento inadequado dos pais em casa, aprende em casa,
vê o pai e a mãe briga e acha certo ai faiz igual, o pai ensina a bate e briga, a mãe bate ele
aprende, isso ele vê em casa, em casa e assim, (E-21, E-34, E-49, E-56, E- 65).
como algo ruim e principalmente como sendo um comportamento apreendido por elas e
Desenho 11- O menino briga com outro menino com mais violência
O desenho onze acima é o último e mostra uma cena de briga no recreio da escola, e as
respostas forma todas no sentido de que esse comportamento é errado e foi apreendido em
casa pelos atos de seus pais e que eles presenciam e observam, eles sabem que isso é errado
desenhos que lhes foi mostrado, em todos os desenhos o que apareceu foi à criança e o
adolescente dizerem que os desenhos eram tristes essas respostas foram dadas em todos os
desenhos.
Pode se entender que para eles o desenho retrata o mundo em que vivem em suas
casas, com suas família, as crianças do desenho realizam tarefas domésticas para ajudar a mãe
como eles fazem, o cotidiano do desenho é próximo a realidade vivenciada por eles e por esta
Os desenhos que não retratam a vida que eles têm ou vivem, mostram a eles o que lhes
muito tristes, esse sentimento de tristeza esta relacionado à vida que eles desfrutam em família
onde não há carinho, afeto, respeito e educação tudo para eles é muito triste no dia-a-dia, eles
se referem aos desenhos como algo triste e que dá vontade de chora muito (E-43, E-46, E-76).
adolescentes chorarem ao ver os desenhos, ou após o término dos desenhos, eles diziam que
os desenhos eram feios e tristes demais e começavam a chorar, essas reações estão
relacionadas ao dia a dia dessas crianças e adolescentes, que é muito dolorido, pois esta
repleto de sentimentos negativos, como a tristeza, por ver a mãe apanhar e por eles próprios
sensações levando essas crianças e adolescentes a sentirem tão tocada por um desenho, que
esta ali diante de seus olhos e que retrata tudo que lhes falta ou o que é de mais evidente em
195
seu dia a dia, e o quanto eles gostariam de esquecer tudo isso, pois a realidade o dia-a-dia é
Esses resultados vão de encontros com pesquisas que dizem que a criança que assisti,
percebe, observa e vivencia violência ou é vítimas dessa violência tem comprometido todo
A questão da violência contra a criança deixa marcas que muitas vezes se tornaram
irreversíveis para a vida dessas crianças e adolescentes que no momento de suas vidas que
mais precisam de atenção e carinho e afeto, encontro a violência dentro de suas casas