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FAMÍLIA:
CONCEITUAÇÃO E
CATEGORIZAÇÃO
Professor (a) :

Me. Nathalia Barbosa Limeira

Me. Fernanda Regina Cinque de Brito

Objetivos de aprendizagem
• Compreender o conceito de família.

• Entender a função/papel de cada um dos membros na relação familiar.

• Compreender o ciclo vital da instituição familiar.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Considerações iniciais sobre a família

• Mas, afinal, o que é família?

• Ciclo Vital da família

Introdução
Entendemos que o homem enquanto um ser naturalmente sociável, se relaciona e precisa destas relações para sobreviver. Neste
sentido, podemos supor que o homem é dependente de seus pares. O processo de socialização do homem, de seu estado primitivo
para seu estado entendido como sociável, ocorre quando o homem abre mão de seus instintos individuais para se socializar. O
princípio do prazer é substituído pelo princípio da realidade, o qual torna o homem capaz de socializar-se.

Para tratarmos acerca da dinâmica familiar, essa consideração se faz essencial. Somente podemos falar de família quando falamos
em socialização, porque em seu sentido estrito a família é o primeiro espaço de socialização do homem.

Buscaremos, então, discutir inicialmente a questão da afetividade. Para isso, reportamo-nos ao historiador francês Philippe Ariès,
o qual parte do pressuposto de que a revolução da afetividade na família somente ocorre na passagem do mundo moderno. E
poderíamos falar em família sem tratarmos da afetividade?

Por conseguinte, refletimos com base em diversos estudos sobre o que é família. Buscamos aqui uma definição que dê conta de
contemplar todos os arranjos familiares, deixando à margem desta discussão a definição que contempla somente os componentes
pai (homem), mãe (mulher) e filhos. Isso porque os novos arranjos familiares tornam impossível definirmos e compreendermos a
família sobre esta perspectiva tradicional.

Por fim, discutimos sobre o ciclo vital das famílias. Assim como temos um ciclo vital em nossas vidas, nascer – desenvolver-se –
morrer, a família também tem um ciclo que lhe próprio. Porém, uma ressalva deve ser feita aqui: assim como entre o nosso
nascimento e morte não percorremos o mesmo caminho, mas tomamos decisões distintas, traçamos modos diferentes de viver
nosso percurso, também com a família ocorre o mesmo.

Caro(a) aluno(a), o convidamos a iniciar seus estudos sobre esta temática.

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A


FAMÍLIA
Definir o que seja família parece-nos uma tarefa complexa. Se observarmos essa instituição ao longo dos anos e a partir do
movimento da história de nossa civilização, perceberemos que ela se modificou em cada período histórico. Mesmo que não
façamos esse retorno histórico e conceitual acerca deste termo, se olharmos à nossa volta, perceberemos a diversidade e a
complexidade de definirmos este termo.

Ariès (1981), historiador francês bastante influente nas discussões acerca da infância e da família, estuda este último termo,
relacionando-o à história e cidade e, neste sentido, sua investigação procura identificar como a noção de família modificou-se
paulatinamente, em decorrência do surgimento das cidades, ainda na Idade Média. Sua tese inicial aponta para a ideia de que “a
comunidade, mais que a família, determinava o destino do indivíduo” (ARIÈS, 1981, p.13). Isso porque cada sujeito nascia em uma
comunidade formada tanto pela família quanto por vizinhos ou pessoas com as quais mantinham uma relação de proximidade.
Ocorre que ao “sair da barra da saia da mãe” os filhos precisavam buscar seu espaço dentro desta comunidade. A noção de domínio
é fundamental aqui. A ocupação do espaço dentro da comunidade marca-se como uma demarcação de domínio.

Para Ariès (1981), o domínio, ou seja, o espaço ocupado pelo homem dentro da comunidade, embora houvesse uma determinada
rigidez nas relações sociais, dependia do homem, de sua agilidade em conquistar o espaço. Quando afirmo que havia determinada
rigidez nas relações sociais, refiro-me aos espaços ocupados por cada um dos membros familiares – e que, consequentemente,
compõem a comunidade. A mulher tem seu papel bastante definido, tanto na comunidade quanto no seio da família. A ela, as
discussões públicas, as decisões sobre o rumo da cidade ou o trabalho fora de casa lhe eram negados. Seu espaço de vivência
restringe-se ao núcleo familiar, o qual organiza, mantém e gera. Na comunidade, sua ação se restringe à participação das
cerimônias religiosas, procissões ou festas. Mas o papel a er desempenhado por ela aparece como já determinado: ajudar o marido,
cumprir suas obrigações de esposa e ser religiosa.

Ainda de acordo com Ariès, três mudanças importantes, ocorridas entre os séculos XIX e XX, vão fundar um novo conceito de
família. A primeira mudança refere-se à “[...] repugnância com que a sociedade global, isto é, o Estado, passou a encarar o fato de
certas áreas da vida escapar ao seu controle e influência” (ARIÈS, 1981, p.15). O Estado, até então, mantinha-se neutro nas
questões da vida privada de cada um dos seus partícipes. Com o avanço das ideias iluministas, o Renascimento e a industrialização,
o Estado exige para si o domínio tanto da vida pública quanto da privada.

Um segundo fator importante relaciona-se à questão acima: a separação entre o lugar do trabalho e os demais lugares, seja a casa,
o campo ou a rua. De acordo com Ariès:
Este lugar específico para o trabalho foi uma invenção desta nova sociedade, derivada das relações capitalistas e liberais que se
impunham, e daí emerge um

espaço de ocupação e de domínio que antes não existia. A terceira mudança importante para o novo conceito de família decorre
das modificações postas acima, porém sua natureza é psicológica. “A grande revolução da afetividade”, como afirma Ariès (1981,
p.16), é que proporciona uma nova perspectiva sobre as relações familiares. Os homens trabalhadores se dividirão entre estes dois
polos: família e trabalho. Decorre daí que aqueles que não trabalham, mulheres, crianças e velhos, têm suas vidas absorvidas pelo
ambiente familiar. Isso não significa que não haja relações de afetuosidade no ambiente familiar, mas como são sujeitas ao controle
e vigilância, as relações estabelecidas neste polo são bastante distintas das relações desenvolvidas no ambiente familiar.

Neste sentido, a família incorpora, não sem intolerância e mal-estar, as atribuições que lhe são infundidas, decorrentes da crise
vivida nas cidades. A organização das cidades, do ambiente de trabalho, da vigilância do Estado sobre os atores da cidade insurgem
na família a ideia de que somente ali pode-se ser o que é, sem o controle externo. “A família passou então a deter o monopólio da
afetividade, da preparação para a vida, do lazer” (ARIÈS, 1981, p.23).

Para o autor, somente a partir daí é que se pode pensar nas relações familiares, como relações de e com afetividade. Claro, nos
parece que esta afirmação seja precipitada e justificam-se aqui as críticas tecidas a este historiador, já que podemos ver, ainda na
Idade Média, por exemplo, a preocupação com a educação e com a vida afetiva da mãe, e também mulher, com seu filho. É o caso,
por exemplo, de Dhuoda (1995), a qual, em sua obra La educacion cristiana de mi hijo, reflete acerca da formação de seu filho.
Escrita sob a forma de Espelho de Príncipe, no século IX, a obra considera a ética, a fidelidade e a religião como fundamentos
essenciais para se pensar a educação. Porém, o que trago à discussão é a ideia da afetividade, tanto nas relações entre o casal
quanto na formação da criança, a qual, a partir de agora, ganha espaço nas relações familiares e sociais.

A criança, vista como adulto em miniatura, tanto em vestimenta quanto em atitude, paulatinamente vai
perdendo espaço em prol de uma nova visão sobre a infância e sobre o sentimento e cuidados que ela impõe
para si. Isso não significa que todo o tempo anterior a este a criança era ignorada. Não. O que ocorre é que
ela ganha um espaço que lhe será próprio e específico, decorrente do fato mesmo de que a família tenha
absorvido para si a responsabilidade tanto de formação social quanto da afetividade em suas relações.

Fonte: elaborado pelas autoras.

O desenvolvimento das relações de trabalho, do liberalismo e do capitalismo e a separação entre o espaço do trabalho da vida
familiar insurgem novas formas de relação, tanto social quanto familiar. Neste sentido, é que podemos compreender a afirmação
de Ariès, de que “a causa profunda da crise atual da família não está na família, mas na cidade” (ARIÈS, 1981, p.23), ou seja, as
mudanças nos contextos social, político e econômico interferem na organização da família.
MAS, AFINAL, O QUE É FAMÍLIA?

Muitas são as definições que podemos sugerir ao termo família. Se perguntasse a você, caro(a) aluno(a), o que é família, o que você
responder-me-ia? Antes de avançar na leitura, pare um pouco e reflita sobre isso: o que é família? Talvez você possa ter pensado
em consanguinidade, e então poderíamos afirmar que família são aqueles que possuem relação de parentesco, dada pela
consanguinidade. Mas talvez você possa ter afirmado que família relacionasse com o vínculo afetivo que estabelecemos entre
nossos pares e, então, não depende essencialmente da consanguinidade, mas da afetividade, para dizermos quem é ou não parte
de nossa família.

Muitas são as definições que podemos ter acerca desta instituição. Uma primeira aproximação com o tema poderia entender
família como “[...] a unidade básica da interação social” (OSÓRIO, 1996, p.15). Mas esta definição nos parece genérica demais, pois
a família não pode ser vista apenas como o espaço de interação social. Aqui, permito- me uma pequena exposição sobre os termos
interação e relação. Fundamento esta discussão nos trabalhos desenvolvidos por Dessen (2008), a qual difere estes termos,
afirmando que uma relação é composta por interações, ao passo que nem todas as interações podem ser consideradas como
relações.

A interação pode ser compreendida como incidentes ou episódios entre, no mínimo, duas pessoas. Nestes
episódios uma pessoa emite determinado comportamento em direção à outra pessoa e esta, por sua vez,
emite uma resposta, formando cadeias de comportamento que caracterizam o fluxo da interação. Uma
relação é composta por interações já estabelecidas entre, no mínimo, duas pessoas [...] o que
essencialmente define a relação é a influência de uma interação sobre as outras (DESSEN, 2008, p.121,
122).

Na citação acima, Dessen distingue interação de relação. As interações, para esta autora, referem-se a episódios estritamente
limitados, ao passo que as relações envolvem uma trajetória de tempo que pressupõe passado, presente e futuro. Neste sentido,
compreender a família como unidade básica da interação social parece-nos equivocado, se compreendermos a família como uma
unidade dinâmica. Parece-nos mais adequado entendê-la como uma unidade básica de relações sociais.

Uma segunda aproximação com o tema, dada por Lévi-Strauss (1958), remete o termo família a três tipos de relação fundamentais:
aliança (casal), filiação (pais e filhos) e consanguinidade (irmãos). Ainda que esta seja uma definição importante e usualmente
empregada na definição da família, ela me parece insatisfatória para a definição que procuramos atualmente.

As mães e pais solteiros, as famílias compostas por avós e netos, ou ainda as famílias nas quais os filhos não
têm a consanguinidade como fundamento, por serem adotados, estão fora desta definição. Não poderemos
considerar os casos acima expostos como família?

Fonte: elaborado pelas autoras.


Osório (1996), na tentativa de conceituar o que seja a família, considerará três formatos que a distingue: a nuclear, a extensa e a
abrangente: “Por família nuclear, entenda-se a constituída pelo tripé pai-mãe-filhos; por família extensa, a que se componha
também por outros membros que tenham quaisquer laços de parentesco, e a abrangente, a que inclua mesmo os não parentes que
coabitem” (OSÓRIO, 1996, p.16).

A definição dada por Osório, embora não considere a consanguinidade como fundamento destas relações, ainda supõe a família
composta pelo tripé pai-mãe-filho, onde se sugere que nesta relação pai e mãe sejam heterossexuais. Se desejamos, como
psicopedagogos, uma compreensão extensa deste termo, para compreendermos a dinâmica destas relações, será necessário
compreendermos este termo de modo mais amplo, dadas as modificações sociais e culturais que temos vivenciado nas últimas
décadas. A família extensa pode ser composta pelos avós, tios e mães ou pais com filhos que convivam em um mesmo ambiente. Já
a família abrangente engloba outros pares que não tenham relação de consanguinidade, mas que se insiram no contexto familiar.
Este pode ser o caso, por exemplo, de um casal com filhos que assume a responsabilidade sobre outro sujeito, ainda que
temporariamente.

Mas há outras definições de família que gostaria de refletir com você. Soifer, em seu livro Psicodinamismos da família com crianças
(1982), discute o conceito de família trazendo diversas definições, dentre as quais aquela em que a família se constitui pelo:

cuidado da vida tanto afetivo como social, onde se dão e se aprendem noções fundamentais para a
[...]

consecução de tal fim que poderíamos resumir como se segue: procriação, cuidado da saúde, preservação
da vida, aquisição de habilidades profissionais, aprendizagem da convivência familiar e social (SOIFER,
1982, p.11).

Neste sentido, o termo família é entendido pelo viés biológico e social, que supõe procriação, mas também o cuidado necessário
com seus pares, além da educação para a vida social. Ou seja, o termo aparece aqui como a instância primeira e fundamental ao
indivíduo.

Uma definição de família dada por Soifer e a qual corrobora com nossa conceituação do que seja ela:

Um núcleo de pessoas que convivem em determinado lugar, durante um lapso de tempo mais ou menos
longo e que se acham unidas (ou não) por laços consanguíneos. Este núcleo, por seu turno, se acha
relacionado com a sociedade, que lhe impõe uma cultura e ideologia particulares, bem como recebe
influências específicas (SOIFER, 1982, p. 22).
Nesta definição, podemos compreender a família como um grupo de pessoas que vivem juntas durante determinado período de
tempo e que se relacionam tanto com o mundo exterior a ela quanto se relacionam entre si.

Outra definição que se aproxima do conceito de família que buscamos refletir aqui é nos apresentada por Macedo (1994):

A família é um pequeno grupo composto por indivíduos relacionados uns aos outros em razão de fortes
lealdades e afetos recíprocos, ocupando um lar ou um conjunto de lares que persiste por anos ou décadas.
Entra-se na família através do nascimento, adoção ou casamento e deixa-se de fazer parte dela apenas pela
morte. [...] O que define a família, ao nosso ver, são as funções desempenhadas por seus membros em suas
inter-relações, um sem número de arranjos entre membros com tais características de lealdade, afeição,
durabilidade de pertinência, como por exemplo: casal sem filhos, casal com vários filhos, avós, filhos e netos,
um pai ou mãe singular e filhos, casais recasados com filhos de outras relações. Todas são famílias no sentido
dessa definição (MACEDO, 1994, p.185).

A definição exposta por Macedo configura a família de modo macro e micro: na macro definição, apresenta a família como todos os
participantes de uma mesma unidade. São consideradas, então, partes de uma mesma família os avós, pais, tios, primos, sobrinhos
e a pluralidade de pessoas que podem compor esta instituição. Na micro definição deste termo, podemos perceber o núcleo
familiar, ou seja, as personagens que compõem a família e que vivem em um mesmo ambiente: pode ser que seja um pai, uma mãe e
seus filhos, mas também pode ser um pai, uma mãe e seus filhos vivendo em um mesmo ambiente com avós, tios, primos ou outros
pares familiares. Tendo definido o que entendemos por família, resta-nos refletir sobre seu ciclo vital.

CICLO VITAL DA FAMÍLIA

Assim como tudo o que é vivo possui um ciclo vital, também a instituição familiar o possui. De acordo com Macedo (1994),
compreender este ciclo vital possibilita-nos observar as características funcionais da família em cada etapa de seu
desenvolvimento através das gerações. Enquanto psicopedagogos, importa-nos compreender esse ciclo na medida em que
podemos, a partir dele, inferir em que estado vital a família se encontra. Compreender o ciclo vital da família parece-nos, portanto,
fundamental.

Para Osório (1996), o ciclo vital familiar pode ser resumido nos seguintes tópicos:

1. Formação de um casal para a construção de uma nova família.

2. Nascimento dos filhos.

3. Adolescência dos filhos.

4. Saída dos filhos da casa paterna.

5. Morte dos avós.

6. Envelhecimento, doença e morte dos pais.

Importa-nos, inicialmente, afirmar que a sequência acima exposta pode ou tende a variar e, via de regra, as famílias não percorrem
estas etapas de modo sequencial. Há casos em que o filho torna-se órfão ainda pequeno, ou ainda, em que a morte dos avós
acontece antes mesmo de a criança (neto) nascer. Porém, assim como poderíamos afirmar que nossa vida, de modo geral, possui
um ciclo vital, também as famílias o possuem. Acerca do ciclo acima descrito, afirma Osório (1996, p.23), “o ciclo vital da família é
algo dinâmico e que não pode estar rigidamente contido num esquema descritivo”.

A formação do casal para a construção de uma nova família é o ponto inicial do ciclo vital desta instituição. Deixar a casa dos pais
para construir um novo lar marca um momento decisivo para o novo casal: a diferença de crenças, culturas e educação familiar
gera conflitos necessários ao estabelecimento de uma nova família com características que lhe serão próprias. É do embate entre
esses elementos que se organizará a personalidade do casal enquanto família. Novos hábitos, novas crenças e a fusão das crenças e
da cultura já existentes geram uma dinâmica que é própria e singular de cada família. Administrar os conflitos gerados desta nova
organização é essencial para a saúde familiar.

Uma segunda grande mudança, essencial ao ciclo vital da família, é o nascimento do primeiro filho. “A passagem de serem filhos
para serem pais implica numa série de transformações, quanto às relações entre si (casal), e com o filho, em termos de necessidade
de abrir espaço para a criança” (MACEDO, 1994, p.192). Tais mudanças redefinem os papéis assumidos até então na configuração
familiar. De esposa e filha, a mulher passa a ser vista também como esposa, filha e mãe. Conciliar essa nova função às funções já
existentes exige tanto do esposo, quanto da esposa, dedicação e entendimento de que esta nova função (paterna ou materna) não
implica no abandono das funções já agregadas (de esposo ou esposa).

O nascimento dos demais filhos gera novos conflitos na família, pois vão se modificando as regras, os costumes e as necessidades
da própria instituição familiar, o que modifica, novamente, sua estrutura interna. “São períodos críticos em que mudanças são
necessárias, testando a flexibilidade do sistema, seus valores, seus padrões de interação” (MACEDO, 1994, p.193). O nascimento
do segundo filho pode gerar, se não for bem administrado, ciúmes, raiva e mesmo depressão no primogênito.

Sabemos que o nascimento de um novo membro na família impacta a criança e suas relações com a
aprendizagem escolar. Organizar, deste modo, junto à família, estratégias para que este nascimento não seja
visto como algo ruim à criança é necessário em seu trabalho enquanto psicopedagogo.

Fonte: elaborado pelas autoras.

A adolescência dos filhos, por sua vez, marca uma nova fase de conflitos familiares necessários à formação do adolescente. Estes
conflitos geram inseguranças tanto nos pais, quantos nos filhos. A adolescência é marcada, nesta perspectiva, como o início do
rompimento gradual com a família, que se concluirá com a saída deste da casa dos pais. Ainda que o vínculo e a afetividade
permeiem essa relação, a adolescência desloca a configuração do filho no núcleo familiar, pois paulatinamente ele vai tornando-se
independente. Isso significa que as relações estabelecidas a partir daí serão relações entre adultos e não mais entre adultos e
criança.
A adolescência é a fase de transição da infância para o mundo adulto. O adolescente almeja os privilégios do
adulto. Dessa forma, o adolescente precisa sentir que controla alguns aspectos de sua vida, tais como:
escolha de amigos, horários, aparência física etc. Geralmente, tais temas são motivos de conflitos com os
pais que precisam saber lidar com os filhos nessa idade.

Fonte: EIZIRIK, Cláudio laks; BASSOLS, Ana Margareth Siqueira. O ciclo da vida humana: uma perspectiva
psicodinâmica. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.

A saída dos filhos de casa, uma quarta mudança no ciclo vital da família, é vista pelos pais como o esvaziamento do ninho (OSÓRIO,
1996). Novamente a família precisa reorganizar-se para acomodar essas novas modificações, seja pela saída do filho para o estudo,
trabalho ou casamento. Uma nova configuração familiar deverá ser instaurada para que os pais possam então lidar com a
“síndrome do ninho vazio” e, por sua vez, um novo ciclo vital se inicia com a saída dos filhos, que agora formarão suas próprias
famílias.

Por fim, a morte dos avós e dos pais encerram um ciclo familiar nuclear. A morte é encarada nesse momento como sentimento de
perda, e o luto vivido de maneira saudável é necessário à própria reorganização familiar.

Como afirmamos anteriormente, este ciclo é variável e não se constitui em uma sequência a ser seguida rigorosamente, “os
divórcios [...] face às inúmeras variáveis que introduzem na estrutura familiar, bem como as alterações significativas que
promovem no ciclo vital da família, nos obrigam a repensá-la em novos contextos” (OSÓRIO, 1996, p. 23).

O que nos importa na compreensão do ciclo vital familiar é a reorganização sempre saudável e acomodativa das novas fases de
expansões ou dispersões que lhe são intrínsecas. Claro é que dada a diversidade de organização e estruturas familiares que temos
e dada a diversidade de possibilidade de definirmos o termo família, cada uma destas instituições organizar-se-á de forma distinta,
mas algumas regularidades lhe são intrínsecas, como a constituição de um novo núcleo familiar, o nascimento dos filhos e a morte
dos componentes familiares.
O processo de adaptação ao ciclo vital é de extrema importância neste sentido. A não adaptação às mudanças ocasionadas neste
ciclo podem gerar estresse e o aparecimento de sintomas, sinais visíveis de que o sofrimento à aceitação de uma nova fase não foi
vivida de modo saudável.

“O significado que a família atribui ao tempo e às transformações está intimamente ligado à possibilidade de
se adquirir novos conhecimentos, diferenciar-se do grupo de origem, através do saber e adquirir assim uma
identidade própria” (POLITY, 2001, p, 39)

Fonte: POLITY, E. Dificuldades de Aprendizagem e família: construindo novas narrativas. São Paulo: Vetor,
2001.

Deste modo, mais que compreender o ciclo vital peculiar a cada família, importa-nos, enquanto psicopedagogos, compreender
como a família encara o processo de mudança necessário, mas também como permite aos seus filhos a criação de uma identidade e
personalidade que lhe seja própria.

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ATIVIDADES
1. Vimos em nossos estudos que o historiador francês Philippe Ariès discute acerca da família, relacionando-a à história da
cidade, ou seja, para ele a noção de família modificou-se em decorrência do surgimento das cidades. Ariès destaca três
mudanças importantes entre os séculos XIX e XX. Sobre estas mudanças, leia as assertivas e assinale a correta.

A primeira mudança está relacionada com a propagação das ideias liberais e com o modo de produção capitalista em
a)
ascensão. Neste momento, ocorre o que Ariès determinou como sendo a separação entre o lugar do trabalho e o da casa.

A segunda mudança
b) é caracterizada pela sua natureza econômica, ou seja, as mudanças do sistema de produção alicerçadas
na expropriação da força de trabalho influenciaram a organização familiar na segunda fase.

A terceira mudança é decorrente de mudanças de caráter psicológico, sendo que


c) a afetividade proporciona uma nova
perspectiva sobre as relações familiares.

A segunda mudança está associada ao avanço das ideias iluministas, o Renascimento


d) e a industrialização. Neste contexto, o
Estado, exige para si o domínio da vida privada e pública.

e) Nenhuma das alternativas acima está correta.

2. Vários autores apresentam definições ao termo família. Um deles é Macedo (1994) que propõe uma interessante definição do
termo e que corrobora com a definição proposta em nossos estudos. Sobre as ideias de Macedo em relação ao conceito de família,
leia as assertivas e assinale a alternativa correta.

I. A referida autora propõe a definição de família configurando-a de modo nuclear, extensa e abrangente.

II. A ideia central da definição apresentada por Macedo é a função familiar desempenhada por cada um dos integrantes.

Macedo propõe que a família é uma unidade básica da interação social, sendo que as relações estabelecidas na família
III. é
composta por interações. A autora diferencia interação de relação.

IV. A definição proposta por Macedo configura a família de modo macro e micro. Em relação ao primeiro modo a família é
apresentada como todos os participantes de uma mesma unidade. já no segundo modo, podemos perceber o núcleo familiar, ou
seja, as personagens que compõem a família que vivem em um mesmo ambiente.

a) Estão corretas apenas II e III.

b) Estão corretas apenas II e IV.


c) Estão corretas apenas I, II e III.

d) Estão corretas apenas II, III e IV.

e) Nenhuma das alternativas acima está correta.

3. O ciclo vital da família, como vimos, é de suma importância na compreensão e no entendimento da dinâmica das relações que se
estabelecem nesta instituição. Pensando na discussão sobre ciclo vital, proposta por Osório (1996), apresentamos a seguir alguns
tópicos sugeridos pelo autor, analise-os e relacione as colunas.

(1) Nascimento dos filhos.

(2) Adolescência dos filhos.

(3) Saída dos filhos da casa paterna.

(4) Morte dos avós.

( Marca uma nova fase de conflitos familiares necessários


) à formação do filho nesta etapa. Tais conflitos geram inseguranças
tanto nos pais quanto nos filhos.

( É caracterizada pelo encerramento de um ciclo familiar nuclear


) e deve ser vivido de maneira saudável necessário
, à própria
reorganização familiar.

( Implica uma série de transformações e redefinem os papéis assumidos até então na configuração familiar, exigindo do casal
)

dedicação e entendimento de que a nova função não implica no abandono das funções já agregadas.

( É vista pelos pais como o esvaziamento do ninho


) e os pais devem saber lidar com o que comumente chamamos de “síndrome
do ninho vazio”.

A sequência correta é:

a) 1, 2, 3 e 4.

b) 2, 1, 4 e 3.

c) 3, 2, 4 e 1.

d) 2, 4, 1 e 3.

e) 4, 2, 1 e 3.

Resolução das atividades

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RESUMO
Ao longo deste estudo, buscamos repensar uma definição de família que desse conta de incluir todas as modificações vividas em
nosso mundo contemporâneo. De uma definição de família constituída apenas pelo homem-mulher-filho, propomo-nos a pensar
em uma definição que incluísse todas as possibilidades de constituição familiar.

Com isso, nossa trajetória buscou, em diferentes autores, elementos que corroborassem com nossa ideia de que a família,
independente da forma que é organizada, constitui-se como o núcleo primordial de socialização, afetividade e humanização do
homem.

Vimos que o vínculo afetivo, tão importante na conceituação de família moderna, é um fenômeno recente e que, embora possamos
perceber esses vínculos em alguns momentos da história de nossa civilização, o afeto e esta noção de pertencimento são
acontecimentos recentes. Vimos que a partir do historiador Ariès, a crise familiar que enfrentamos, esse questionamento e a
sensação de não sabermos como proceder com a educação de nossos filhos, não é causada pela família, mas tem sua causa fora
dela. A entrada do homem no mundo do trabalho, o surgimento do liberalismo e do capitalismo e o modo de produção burguês
reconfiguram a noção de família.

Além disso, discutimos o ciclo vital da família, o qual, embora possa variar de família para família, é importante conhecermos e
compreendermos, pois um ciclo malsucedido, com perdas, traumas ou cisões, contribui para a formação de sintomas e/ou
dificuldades, tanto de relacionamento quanto de aprendizagem. A formação da personalidade e da identidade dos filhos tem sua
base na organização familiar e longe de querermos afirmar que somente as famílias com ciclos vitais como o descrito aqui são
passíveis de sucesso, o que nos importa é refletir sobre as estratégias de compreensão da organização familiar e de sua dinâmica
singular a cada núcleo familiar.

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Material Complementar

Leitura
História Social da Criança e da Família

Autor: Philippe Aries

Editora: Ltc Editora

Sinopse nesta obra, o historiador medievalista mostra como as relações


:

familiares se alteraram durante o século XVIII a partir do


comprometimento dos pais com seus filhos, sobretudo, após o controle
da natalidade e o alto índice de mortalidade registrado.

Discursando sobre o nascimento do sentimento de infância, Ariès retrata


como as crianças eram compreendidas pela sociedade, isto é, ora como
inocentes, ora como seres que mereciam controle e disciplinamento. Do
mesmo modo, o autor conceitua a família e apresenta sua trajetória
histórica desde o período medieval até a modernidade.

Filme
A Canção da Estrada

Ano: 1955

Sinopse a família Brahmin é alterada quando o pai, Harihara, um homem


:

sonhador e poeta, viaja em busca de novo emprego capaz de suprir as


necessidades da família. A dinâmica familiar é alterada com essa ausência
e quando o pai retorna ao vilarejo de Bengala encontra sua família um
pouco diferente daquela que havia deixado.

Comentário: o filme justifica-se, pois nele podemos perceber a mudança


na dinâmica familiar e como tal mudança atinge toda a família,
modificando sua estrutura.

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REFERÊNCIAS
ARIÈS, P. A família e a cidade. In: FIGUEIRA, S.; VELHO, G. (Orgs). Família, Psicologia e Sociedade Rio de Janeiro: Campus, 1981.
.

DESSEN, A. L. C. J. A ciência e o desenvolvimento humano [recurso eletrônico]: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto
Alegre: Artmed, 2008.

DHUODA. La Educación Cristiana de mi Hijo Pamplona: Ediciones Eunate, 1995..

EIZIRIK, Cláudio laks; BASSOLS, Ana Margareth Siqueira. O ciclo da vida humana uma perspectiva psicodinâmica. 2 ed. Porto :

Alegre: Artmed, 2013.

LÉVI-STRAUSS, C. L’Antropologie Structurale Paris: Plon, 1958. .

MACEDO, R. A família diante das dificuldades escolares dos filhos. In: OLIVEIRA, V. B.; BOSSA, N. A valiação psicopedagógica da
criança de zero a seis anos Petrópolis: Vozes, 1994.
.

OSÓRIO, L. C. Família hoje Porto Alegre: Armed, 1996.


.

POLITY, E. Dificuldades de Aprendizagem e família construindo novas narrativas. São Paulo: Vetor, 2001.
:

SOIFER, R. Psicodinamismos da família com crianças. Petrópolis: Vozes,

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APROFUNDANDO
A fim de explicitar melhor o assunto sobre a afetividade, reportamos-nos ao estudo realizado por Ariès (1992), intitulado Amor e
Sexualidade no Ocidente. Neste estudo, Ariès analisa os novos arranjos afetivos que se desdobram sobre a família, tendo como
subsídio o amor e o sexo.

Para este historiador, a nova configuração familiar que se propõe entre os fins do século XIX e início do século XX resultam de
processos sociais e políticos, mas também afetivos. O modo como são encaradas as relações entre sexo e amor origina este
sentimento de afetividade inerente na noção de família. Flandrin (apud ARIÈS, 1992, p.105) afirma que, com exceção de nossa
civilização ocidental contemporânea, em todas as civilizações existiram dois amores bastante distintos: “[...] o amor-paixão fora do
casamento, e o amor conjugal, sendo extremamente inconveniente misturar os gêneros.”

Se levarmos em conta que os casamentos desde a época antiga eram arranjados pelos próprios pais dos noivos, podemos
compreender estas espécies de amores: no casamento arranjado não há espaço para o amor-paixão, haja vista que seu arranjo não
considerava a vontade dos noivos, os quais viviam suas relações amorosas fora do casamento.

No entanto, a partir do século XVIII, com a “revolução da afetividade no quadro da família” (ARIÈS, 1992, p.105), a sociedade exige
do casamento o amor reservado aos amantes, trazendo para o âmbito familiar o amor tanto sexual quanto afetivo. Essa revolução
implica consequentemente na reorganização dos arranjos familiares dispostos até então: a afetividade torna-se inerente à família
e sua amostra ocorre tanto nas relações entre pais e filhos quanto nas relações marido e mulher.

A família passou então a deter o monopólio da afetividade, da preparação para a vida, do lazer. Portanto, não seria o caso hoje de falar
propriamente de crise da família, como muitas vezes fazemos, mas da impossibilidade da família desempenhar todas as funções de que foi,
sem dúvida, improvisadamente investida durante o último século (ARIÈS, 1981, p. 23).

A implicação da revolução da afetividade na família, no século XIX, como Ariès afirma, trouxe consigo implicações importantes
para pensarmos aqui: o surgimento da afetividade implica no cuidado e no zelo com os partícipes familiares.

A família, neste sentido, toma para si a responsabilidade da educação dos filhos, mas também do amor-paixão e da manutenção
deste amor na relação marital. Além disso, a ela convêm os momentos de lazer e a responsabilidade pela formação dos sujeitos que
ali convivem. E é exatamente essa série de funções que lhe são delegadas, que Ariès analisa e questiona. Para este historiador, são
as modificações ocorridas no campo da economia e da política, as quais se vislumbram na cidade que conferem à família tais
responsabilidades. Quando, portanto, afirmamos que há uma crise na instituição familiar, seja porque não consegue cumprir as
funções que lhe são delegadas, seja porque ela parece ruir em meio ao mundo pós moderno, a causa dessa crise, para Ariès, não
encontra-se na família.

Ali,percebem-se os sintomas. Mas a causa lhe é externa: advém da própria sociedade, das modificações que nela ocorreram ao
longo destes dois últimos séculos e que influem nas relações familiares.

Esta pequena digressão pareceu-nos importante para discutirmos o conceito de família, partindo de um retorno histórico. É
importante considerarmos que as relações afetivas, ou mesmo familiares, não foram sempre similares ao que entendemos como
família hoje. O vínculo afetivo, que se torna a base para pensarmos a família atual, é uma criação humana e recente, assim como a
criação do termo infância. Sim, crianças sempre existiram, assim como as famílias. Porém, o modo de percebê-las, vivê-las e
considerá-las modifica-se ao longo do tempo

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; LIMEIRA, Nathalia Barbosa; BRITO, Fernanda Regina Cinque de.

Dinâmica Familiar e Aprendizagem.

Nathalia Barbosa Limeira; Fernanda Regina Cinque de Brito.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

28 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Família. 2. Aprendizagem. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 370

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

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FUNÇÕES DA FAMÍLIA

Professor (a) :

Me. Nathalia Barbosa Limeira

Me. Fernanda Regina Cinque de Brito

Objetivos de aprendizagem
• Compreender a família como possuidora de funções.

• Refletir sobre os diversos papéis familiares intrínsecos à noção de família.

• Refletir sobre as implicações dos papéis familiares no desenvolvimento da criança.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Funções da família

• Papéis: conjugal, parental, fraterno e filial

• Implicações acerca dos papéis familiares

Introdução
O objetivo de nossa discussão neste momento é apresentar e analisar as funções de cada um dos componentes da família. Quando
falamos em funções, estamos tratando dos papéis que cada um destes integrantes representa ou devem representar para a
construção de um ciclo familiar saudável.

As relações familiares possuem sua singularidade e cada uma destas relações possui uma dinâmica que lhes é própria. Com isso,
quero afirmar que para compreendermos as dinâmicas das relações familiares, tema principal de nossa discussão, será preciso
compreender como se estrutura e se organiza cada um dos partícipes da família. Ainda que tenhamos uma família formada
somente por mãe e filho, ou ainda na substituição da família como tradicionalmente a compreendemos, na estruturação pai-mãe-
filho, a função que cada um dos pares, nesta relação, incorpora permitirá ou não o crescimento saudável e autônomo de seus filhos.

Neste sentido, discutiremos aqui quais os papéis ou funções destinados aos pais, mães e filhos dentro da família, sempre fazendo a
ressalva de que, ainda que não se faça presente uma destas figuras, o espaço deixado por esta ausência precisa ser suprido por
uma terceira personagem.

Nossa personalidade forma-se a partir das relações estabelecidas dentro de nossas famílias e, portanto, conhecer como ocorre a
dinâmica das relações familiares torna-se essencial em nosso trabalho. Ainda que a família não determine fundamentalmente
como será o sujeito e ainda que não possamos afirmar que famílias mal estruturadas, consequentemente, gerem filhos
perturbados ou problemáticos, sua influência tem um fator preponderante na formação do indivíduo. Assim, caro(a) aluno(a)
vamos iniciar nossa jornada de estudos!

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FUNÇÕES DA FAMÍLIA
Os papéis familiares referem-se à forma como cada membro do sistema irá desempenhar a função que lhe compete naquele
momento. De acordo com Ríos-González (2003), os papéis familiares se originam das funções e se baseiam nas relações familiares
ou nas atribuições que a família institui a cada membro dela mesma.

De acordo com Macedo (1994, p.186), “a família tem como propósito fornecer um contexto que permita a sobrevivência e o
desenvolvimento de seus membros, procurando atender as necessidades de todos”. Neste sentido, podemos afirmar que duas são
as necessidades atendidas primordialmente pela família, são elas: as necessidades relativas à sobrevivência que implicam na
segurança física, alimento e moradia, e as necessidades relativas ao desenvolvimento cognitivo e emocional de seus membros por
meio da transmissão dos valores, de aceitação e de ligação afetiva permanente.

Partindo deste pressuposto e segundo as indicações de Osório (1996), podemos dividir as funções da família em três eixos:
biológica, psicológica e social. Uma leitura apressada destas funções poderia creditar a função biológica à reprodução. Porém, a
função biológica vai além do aspecto reprodutivo. Neste sentido, ela consiste em assegurar a sobrevivência da espécie através dos
cuidados com o recém-nascido, garantindo- lhe que este cuidado perpasse seu crescimento. Neste sentido, a garantia da
sobrevivência divide-se em ensinar os cuidados com a alimentação, com a respiração, sono, locomoção, linguagem, entre outros.

A função psicológica refere-se, de acordo com Osório (1996), ao provimento do alimento afetivo indispensável à sobrevivência
emocional dos filhos. Neste sentido, garantir um bom desenvolvimento afetivo, tanto para a criança como nas relações que são
estabelecidas entre ela e seus progenitores, é fundamental. É a partir da mediação realizada pelos pais com a criança que ela
percebe e se relaciona com o mundo. De acordo com Winnicott (1993), a família contribui de dois modos para a maturidade
emocional da criança:

de um lado, dá-lhe a oportunidade de voltar a ser dependente a qualquer momento; de outro, permite-
[...]

lhe trocar os pais pela família mais ampla, sair desta em direção ao círculo social imediato e abandonar esta
unidade por outras ainda maiores (WINNICOTT, 1993, p.137).
Cabe tanto à função psicológica, como à função social favorecer o processo de maturidade e inserção social
da criança no contexto em que vive.

Fonte: elaborado pelas autoras

Sobre a função psicológica, Polity (2001) afirma que a família é responsável por garantir a ideia de pertencimento, mas também de
promover a individualização do sujeito. A ideia de pertencimento relaciona-se à ideia de identificação com o ambiente familiar ao
qual ela pertence, tanto pelo sobrenome como pelas relações que estabelece neste ambiente. Quanto à ideia de individualização,
paulatinamente, cabe à família permitir que a criança desenvolva sua personalidade e identidade, vendo-se como um sujeito que,
embora tenha uma família, se singularize da mesma. Neste sentido, a função psicológica refere-se à garantia de um ambiente
adequado para a aprendizagem empírica da criança.

Com relação à função social, lemos em Osório (1996, p.21):

Entre as funções sociais da família, por sua relevância ao longo do processo civilizatório, está a transmissão
das pautas culturais dos agrupamentos étnicos. Outra das importantes funções sociais da família, e que a ela
é delegada pela sociedade, é a preparação para o exercício da cidadania.

Neste sentido, compreendemos que embora a família tenha, entre suas funções, a função social, esta é compartilhada com a escola,
haja vista que a escola é entendida como um ambiente de socialização da criança. Juntas, família e escola assumem, portanto, a
função de socialização e de preparação para o exercício da cidadania. Soifer (1982) divide as funções da família partindo das
mesmas bases expostas por Osório (1996) com a ressalva de que, em seus estudos, a autora fragmenta cada uma das funções,
como podemos perceber logo a seguir:

FUNÇÕES DA FAMÍLIA

Defesa da vida nos diferentes âmbitos:

1. Ensinar o cuidado físico

-- respiração, alimentação, sono, vestir-se, locomoção, higiene, perigos etc.

2. Ensinar as relações familiares

-- elaboração da inveja, ciúmes e narcisismo;

-- desenvolvimento do amor, respeito, solidariedade e características psicológicas de cada sexo;

3. Ensinar a atividade produtiva e recreativa

-- jogar e brincar;

-- tarefas domésticas; aprender a aprender.

-- destreza física;

-- estudos e tarefas escolares;

-- artes;

-- desportos.

4. Ensinar as relações sociais

-- com outros familiares: avós, tios, primos etc.

-- com amigos e outras pessoas em geral.


5. Ensinar a inserção profissional (relações de trabalho)

6. Ensinar as relações sentimentais

-- escolha de um parceiro (parceira);

-- noivado.

7. Ensinar como formar e consolidar uma nova família.

Fonte: adaptado de Soifer (1982, p.25)

As funções postas por Soifer evidenciam a função familiar como defesa e preparo para a vida em diferentes âmbitos. Além do
cuidado físico e do preparo psicológico indispensável às relações humanas, acresce-se aqui a função intrínseca à família com
relação às atividades produtivas e recreativas.

As funções tanto biológicas, quanto sociais ou psicológicas que cabem à família foram somente divididas aqui para uma
apresentação didática da mesma, pois na prática, não há como separá-las. É a partir destas funções destinadas à família que
podemos pensar então nos papéis atribuídos a cada um dos membros familiares, sobre os quais discorreremos a seguir.

PAPÉIS: CONJUGAL, PARENTAL,


FRATERNO E FILIAL
Agora, caro(a) aluno(a) é importante que entendamos a respeito dos papéis no contexto familiar, para isso, vamos destacar os
papéis conjugal, parental fraterno e filial separadamente para melhor elucidação dos mesmos.

O papel conjugal

O papel conjugal deve ser entendido como o papel do casal e as relações que cada um estabelece nesta relação. Neste sentido,
para compreendermos os papéis conjugais inerentes à família, é preciso compreendermos o arranjo familiar que esta institui ao se
formar, sendo que os papéis desempenhados por cada um são distintos.
Esta clareza na identificação das atribuições nem sempre é visível ao casal e muitas vezes, no processo de diagnóstico
psicopedagógico, este aspecto pode surgir como um entrave. Se a relação conjugal não se concretiza de maneira saudável, isso
recai consequentemente sobre os filhos, ainda que “o papel conjugal não abarque [...], as atribuições decorrentes da função
reprodutora, que pertencem à esfera do papel parental” (OSÓRIO, 1996, p.18).

Aqui reside a complexidade do diagnóstico e do processo de intervenção e compreensão dos papéis familiares: é preciso distinguir,
ainda que isso demande uma reconstrução destes papéis, quais são os papéis desempenhados, por exemplo, pela mãe, mulher e
esposa, e perceber nestas singularidades onde estes papéis contêm fraturas e onde tais fraturas incidem sobre as dificuldades
vivenciadas pelas crianças.

O que nos importa na compreensão deste papel desempenhado pelo casal é a sua organização diante das responsabilidades
inerentes à vida a dois. Quem é o provedor financeiro e sentimental? Quem toma as decisões, o casal ou apenas um? Como se
organizam quanto ao cumprimento das tarefas do lar? Quem fica responsável pelo quê?

Essas questões são importantes para compreendermos a dinâmica da relação instituída pelo casal e, desta forma, nos permite
visualizar a organização da família sobre seus diferentes âmbitos e papéis.

O papel parental

Enquanto o papel conjugal, como vimos, refere-se à relação instituída entre o casal, o papel parental refere-se aos papéis
desempenhados pelos pais com relação aos filhos.. Neste sentido, afirma Polity (2001, p.37): “Os pais transmitem a seus filhos seus
conhecimentos, de acordo com as possibilidades psicológicas reais que possuem, determinadas pelos respectivos traços de
caráter, e estes, por sua vez, configuram a cultura e a ideologia da família”.

As funções biológicas, sociais e psicológicas, apresentadas na primeira seção, incidem aqui, haja vista que são os pais os
responsáveis pelo cuidado biológico, psicológico e social de seus filhos. As expectativas postas pelos pais para com seus filhos
também aparecem como fundamentais à nossa compreensão da dinâmica familiar, pois a projeção dos pais sobre os filhos incide na
negação da personalidade e aparecimento da individualidade dos filhos.

Essas projeções podem ser doloridas e traumáticas para os filhos, os quais muitas vezes não conseguem ultrapassar a barreira
destas projeções e não internalizam seu próprio eu, ficando à margem das vontades de seus pais. Os pais têm, neste sentido, a
função de cuidar, mas também de impor limites e ensiná-los a convivência familiar e social.

Claro é que limites muitos rígidos são tão danosos quanto à falta deles. Então como proceder? Enquanto a criança é pequena, sua
dependência é quase total de seus pais e, paulatinamente, ela avança para tornar-se independente e, consequentemente, seus
limites vão sendo alargados pela família. Mas, essencialmente, é no seio familiar que ela encontrará a noção de realidade, daquilo
que pode e não pode, daquilo que é real e daquilo que é imaginário.

Barbosa (2001), em um dos seus capítulos do livro A Psicopedagogia no âmbito da instituição escolar, nos
oferece um belíssimo texto intitulado “A criança falando dos limites”. Aqui, a autora fala pela voz de uma
criança, sobre a noção de limite, estabelecendo uma relação desde o ventre de sua mãe. Incentivo que você
faça a leitura do texto completo.

Fonte: BARBOSA, L. M. S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar.

Curitiba: Expoente, 2001.

O limite se estabelece, como podemos perceber, como uma barreira importante e saudável ao crescimento da criança. É ele quem
baliza e orienta a criança naquilo que pode ou não fazer e os pais são os maiores responsáveis por esta orientação, além das
funções biológicas, sociais e psicológicas, como já mencionamos acima.

O papel fraterno

O papel fraterno refere-se à relação entre irmãos e, de acordo com Osório (1996, p.19), “o papel fraterno oscila entre dois
comportamentos antagônicos: a rivalidade e a solidariedade”. Para compreendermos estes dois conceitos – rivalidade e
solidariedade –, devemos pensar na relação entre irmãos. Pensemos, pois, no nascimento do segundo filho de um casal. Sua
chegada, ainda que planejada e preparada, traz consigo a angústia do primeiro filho, que como sabemos, “perde sua majestade”. A
atenção não é mais voltada somente a ele, mas ao bebê que requer tantos ou mais cuidados que ele. Isso pode gerar na criança
certa inveja e também ciúmes, já que, agora, as visitas, os telefonemas e as preocupações se dão em torno do recém-nascido. O
bebê é visto então, ainda que inconscientemente, como um rival de seu irmão, pois desloca a atenção que antes era sua.

Neste sentido, ainda que os pais tenham maturidade emocional para lidar com este período, certo é que ao longo da vida dos filhos,
esses dois conceitos, de rivalidade e solidariedade, perpassam as relações desenvolvidas entre os irmãos.

Podemos compreender que o papel fraterno se estabelece tanto dentro quanto fora do contexto familiar. Tanto nas relações
amistosas quanto profissionais, entre outras, há a prevalência desta rivalidade, mas também da solidariedade. Compreender como
se organiza estas relações entre irmãos é fundamental para a compreensão do sintoma e da hipótese diagnóstica.

O papel filial

O papel filial, como o próprio nome indica, refere-se ao papel dos filhos na família. E qual seria este papel? De acordo com Soifer
(1982, p.30), “[...] fica, portanto, claro que a função dos filhos é essencialmente de aprendizagem”. Se o papel parental tem sua
significância pela orientação e aprendizagem da criança, no estabelecimento dos limites e dos cuidados necessários à sua
sobrevivência, o papel filial terá, neste sentido, sua importância na aprendizagem destes limites, assim como na contenção dos
impulsos destrutivos.
“O papel filial está centrado na dependência, cujas raízes remontam à prematuridade peculiar à situação do recém-nascido
humano, que depende dos cuidados parentais para sobreviver” (OSÓRIO, 1996, p.19). Esta noção de dependência é essencial na
relação filial. Desde bebê, o filho depende dos cuidados de outros para sua sobrevivência. À medida que cresce, esta dependência
vai diminuindo e, consequentemente, sua independência aumentando. O crescimento sadio dos filhos pressupõe que os pais
auxiliem a criança nesta passagem, de modo que ainda que ele se torne independente, realizando sem a ajuda de outrem os
cuidados com seu corpo e com sua vida, seja profissional, financeira, psicológica ou social, o indivíduo deve compreender que sua
independência nunca é total. Necessitamos sempre do outro.

Um indivíduo de extrema independência pode tornar-se egoísta e seu narcisismo impor-lhe conflitos psicológicos. Porém, a
mediação na passagem da heteronomia para a autonomia deve ser realizada pelos pais, no sentido de ajudá-lo a compreender o
mundo e a si mesmo.

IMPLICAÇÕES ACERCA DOS PAPÉIS


FAMILIARES
Ao longo da discussão, identificamos, ainda que sucintamente, a função da família e de cada um dos integrantes dela. Mas quando
pensamos na família contemporânea, nos novos arranjos e dinâmicas que ela exige, percebemos o quão frágil e também confuso
pode parecer à família o desempenho destes papéis. Talvez essa confusão se deva ao fato de que ainda estamos reorganizando-nos
quanto aos papéis familiares e ao próprio conceito de família. A sociedade da informação e do conhecimento, a entrada da mulher
no mercado de trabalho, a taxa crescente de divórcios, o aumento de números de famílias compostas por pais ou mães solteiras
exigem que pensemos e reconfiguremos o que entendemos por família.

De fato, com uma jornada de trabalho que passa das 40 horas semanais, acrescido dos afazeres domésticos e dos cuidados com os
membros da família, como conciliar tantas funções e papéis? Neste sentido, os apontamentos realizados por Moraes contribuem
para nossa discussão acerca deste fato:
No século XX, com a expansão das cidades e o crescente processo de assalariamento da mulher, também se
inicia o rompimento do ciclo essencial na reprodução da família conjugal: a dependência econômica da
mulher ao homem. Daí a importância da autonomia financeira das mulheres, que se exprime bem na palavra
de ordem feminista de que “o trabalho liberta”. Salário e pílula permitiram o começo da implosão da família
tradicional [...]. Era a família idealizada dos filmes dos anos 1950, nos quais papai ia trabalhar depois de dar
um beijo em mamãe que, com um avental irrepreensível, acenava da porta de casa, enquanto um casal de
filhos loiros e saudáveis brincava nos belos jardins das casas sem muros dos subúrbios norte-americanos

(MORAES, 2001, p.19).

Longe estamos do modelo de família apresentado acima. Acerca deste tema, cabe-nos afirmar que em se tratando de famílias
ocidentais, parece-nos importante destacar dois aspectos: a Revolução Industrial e as ideias postas pelo Iluminismo, acerca da
igualdade e dos valores democráticos. Esses conceitos fundamentam a ideia de que homens e mulheres são iguais e, portanto, têm
os mesmos direitos e deveres. Isso modifica a estrutura familiar, porque põe em cheque o antigo modelo da família ideal, esboçado
na citação acima.

Claro nos parece que o modelo de família patriarcal e tradicional sofre, atualmente, sua derrocada e urge refletirmos sobre esse
fato, repensando principalmente a criança neste contexto.

Neste sentido, podemos inferir que a principal transformação que tem ocorrido no âmbito familiar situa-se sobre o fim do
patriarcalismo, que marca, consequentemente, a autoridade imposta institucionalmente pelo homem sobre a mulher e seus filhos.
Ainda de acordo com Castells (1999), a globalização, o movimento feminista e a entrada da mulher no mercado de trabalho são
fatores essenciais que originam novos formatos de família.

Importa-nos, neste sentido, compreender que a função familiar, dada pelas funções biológicas, psicológicas e sociais, permanece
independente dos arranjos e deslocamentos realizados ao longo dos anos neste grupo. Desta forma, cabe-nos compreender que:

Os papéis familiares nem sempre correspondem aos indivíduos que convencionalmente designamos como
seus depositários. Assim [...] o papel fraterno poderá ser acoplado ao papel do avô que circunstancialmente
desempenha funções de confidente ou companheiro de um neto que é filho único; o papel filial poderá estar
depositado num dos cônjuges cuja maturidade emocional o torne carente da proteção e cuidados
habitualmente requeridos por uma criança, e assim por diante (OSÓRIO, 1996, p.17).

A discussão posta por Osório é fundamental neste sentido, ela mostra-nos que independente dos arranjos existentes o que deve
prevalecer são os papéis ou as funções que à família cabe, independente de quem ocupa, ainda que ocasionalmente, este lugar.

Caro(a) aluno(a), independente do arranjo familiar, é a qualidade destas relações e não a organização da mesma (no que se refere à
sua formação, se por pai-mãe-filho, mãe-filho, avôs-filho etc.) que incide sobre a criança. Ambientes sadios são proporcionadores
de crianças sadias, pois o ambiente é favorável ao pleno desenvolvimento, ao passo que ambientes disfuncionais são geradores de
sintomas ou transtornos que implicam sobre o desenvolvimento da criança.

Dentre estes transtornos de desenvolvimentos relacionados à dinâmica familiar, Soifer (1982) apresenta os seguintes transtornos:
1) transtornos de conduta (fobias, obsessões, alucinações, impulsividade, roubos, mentiras, toxicomania, entre outros); 2)
transtornos de aprendizagem escolar (disgrafia, dificuldade escolar em geral); 3) transtorno de linguagem (falta ou atraso na
aquisição da linguagem, dislalias, gagueira etc); 4) transtornos esfincterianos (enurese noturna ou diurna, encoprese); 5)
transtornos de sono (insônia, terrores noturnos, pavor, pesadelos, sonambulismo); 6) doenças psicossomáticas (inapetência,
sonambulismo, anginas, bronquites, adenoidite, eczemas, psoríase e outras doenças da pele, úlcera gastroduodenal, colite
ulcerosa, constipação, diarreia, diabete, obesidade, reumatismo cardíaco e artrite; nefrite) e 7) configurações familiais especiais
(famílias com gêmeos ou trigêmeos etc.; famílias com filhos adotivos, casais separados).

Quer saber mais sobre os transtornos de desenvolvimento relacionados à dinâmica familiar apontados por
Soifer? Leia o livro de Raquel Soifer, intitulado Psicodinamismos da Família com Crianças: Terapia Familiar
com Técnicas de Jogo. Petrópolis: Vozes, 1983.

Ainda com relação aos transtornos de desenvolvimento causados pela família, especificamente com relação ao papel
desempenhado pela mãe, Spitz (1968 apud RODRIGUES, 1976) apresenta uma série de atitudes maternas e seus efeitos na
criança. No quadro 1, reproduzimos as principais atitudes maternas e seus efeitos na criança, de acordo com Spitz:

Quadro 1: Efeitos das atitudes maternas sobre as crianças

Fonte: Spitz (apud RODRIGUES,1976, p.28)

Ao longo do processo de diagnóstico e hipóteses do trabalho psicopedagógico, será importante reconstruirmos a história de vida
de nossos alunos/pacientes, levando em consideração o ciclo vital da família, assim como sua organização, no que tange aos papéis
familiares desempenhados por cada um dos integrantes que a compõem. Nem sempre esta reconstituição, necessária, é simples.
Por isso, o olhar atento ao comportamento dos mesmos e de todos os integrantes da família pode fornecer-nos indícios que a
entrevista familiar ou mesmo a anamnese não nos oferece.

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ATIVIDADES
1. De acordo com Macedo (1994) a família tem o objetivo de fornecer condições adequadas que favoreçam a sobrevivência e o
desenvolvimento de seus membros, buscando atender as necessidades de todos. A partir do exposto, leia as afirmativas e assinale
a correta.

a) Uma das necessidades primordiais que devemos considerar é a necessidade referente à sobrevivência que implica na segurança
cultural, emocional, econômica e religiosa.

b)A transmissão de valores, de aceitação e de ligação afetiva permanente são exemplos relacionados às necessidades relativas ao
desenvolvimento cognitivo e emocional.

c) A única responsabilidade da família é em relação ao atendimento dos cuidados básicos, ou seja, alimentação, higiene e moradia,
as demais são responsabilidades da escola.

d)Os cuidados relacionados ao desenvolvimento da criança somente podem ser efetivados na estrutura de família extensa, as
demais organizações não permitem o desenvolvimento saudável.

e) Nenhuma das assertivas acima está correta.

2. A partir da definição das funções da família, podemos refletir acerca dos papéis atribuídos a cada um dos membros familiares.
Apresentamos quatro papéis, quais sejam: conjugal, parental, fraterno e filial. Sobre o papel fraterno é correto inferir:

I.O papel fraterno está associado ao papel dos filhos no contexto familiar e a ideia central é a dependência que será mantida até a
vida adulta.

II. O papel fraterno está relacionada à relação estabelecida entre irmãos.

O papel fraterno envolve três comportamentos que se complementam, ou seja, a amizade, a lealdade
III. e a disputa. Todos são
essenciais para que a relação fraternal, ou seja, entre pais e filhos aconteça de forma harmônica.

IV.O papel fraterno pode ser estabelecido tanto no ambiente familiar como em outro contexto, ou seja, pode ocorrer tanto nas
relações amistosas quanto nas profissionais, entre outras, pois há a prevalência da rivalidade, mas também da solidariedade.

a) Estão corretas apenas I e II.

b) Estão corretas apenas II e III.

c) Estão corretas apenas II e IV.


d) Estão corretas apenas I, III e IV.

e) Nenhuma das alternativas acima está correta.

3. Em nossos estudos discutimos a importância de analisar a instituição familiar na contemporaneidade, haja vista as mudanças
decorrentes, sobretudo nas últimas décadas. Sobre este assunto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( A entrada da mulher no mercado de trabalho é uma das mudanças que exigiu repensar
) a dinâmica familiar, neste contexto, a
mulher precisa dividir seu tempo com o trabalho e os afazeres próprios da casa.

( A função familiar, dada pelas funções biológicas, psicológicas


) e sociais, permanece independente dos arranjos e
deslocamentos realizados ao longo dos anos.

( ) A dinâmica familiar deve promover ambientes saudáveis, pois são favoráveis ao pleno desenvolvimento da criança.

( Independente da organização familiar podemos verificar ambientes saudáveis


) e disfuncionais, no último caso poderá
provocar alguns transtornos, como por exemplo, de conduta e de aprendizagem.

A sequência correta é:

a) V, V, F, F.

b) V, F, V, F.

c) F, F, V, V.

d) F, V, F, V.

e) V, V, V, V.

Resolução das atividades

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RESUMO
Ao longo de nossas discussões, buscamos refl etir sobre a importância dos papéis familiares e sua influência no desenvolvimento
cognitivo, social e psicológico da criança. Neste sentido, percorremos quais seriam os papéis do casal, dos pais, dos filhos e dos
irmãos, buscando compreender a família enquanto um sistema não rígido, nem fechado em si, que se reconstrói e permite a
mobilidade de seus integrantes na busca de sua harmonia.

Vimos que nas famílias disfuncionais, os papéis desempenhados não cumprem com o esperado para eles, o que ocasiona um
sintoma ou um transtorno, o qual muitas vezes é melhor percebido no ambiente escolar. De qualquer forma, famílias disfuncionais
emitem sinais que muitas vezes não são característicos de sua disfunção. Portanto, na elaboração da hipótese diagnóstica, se não
conseguirmos perceber essas singularidades, não compreenderemos com clareza os sintomas apresentados.

Muitas vezes, porém, a família favorece o crescimento harmonioso e saudável da criança, mas ainda assim, persistem alguns
sintomas com relação à sua aprendizagem. Neste caso, excluídas as disfunções familiares, o que nos resta investigar? O espaço
escolar e a relação da família com este outro universo. Ocorre que a criança perpassa tanto o universo escolar quanto o familiar e,
muitas vezes, permanece mais no primeiro ambiente do que no segundo.

Resta-nos, neste sentido, fazer uma observação cautelosa e coerente, buscando nas evidências, perceber como se estabelecem a
dinâmica e as relações familiares. Geralmente, estas evidências não são dadas pelas palavras e discursos familiares, mas pelas
projeções dos alunos/pacientes, seja por meio das provas projetivas, relatos, brincadeiras e testes psicológicos.

Para finalizar, é importante percebermos como a família se organiza com relação aos papéis por ela estabelecidos. Desta
organização deriva o que denominamos dinâmica das relações familiares. Neste sentido, é imprescindível conhecermos e
compreendermos a função e o papel desempenhado por cada um dos integrantes da família.

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Material Complementar

Leitura
Tutoria e interação em educação a distância

Autor: José Ângelo Gaiarsa

Editora: Agora

Sinopse este livro parte do princípio que vivenciamos três revoluções: a


:

tecnológica, a consideração da influência social na modelagem da


personalidade e a educativa. Sobre a educação, o autor afirma a profunda
transformação que a área passa, construindo um novo paradigma de
desenvolvimento que concebe a criança pequena como um gênio em
potencial, capaz de aprender além das palavras.

Filme
Título: Passeio de Família

Ano 2010
:

Sinopse: este curta-metragem apresenta a aventura da uma família


composta pelos pais e duas filhas em um passeio simples. Pelos olhos da
filha mais nova, percebemos o mundo, a beleza e o quão importante é a
participação da família na vida da criança.

Comentário importa-nos ver este filme a fim de percebermos como as


:

relações familiares são fundamentais na formação da personalidade da


criança. No filme, a questão da afetividade, da criação de vínculo afetivo e
de participação familiar é retratada sob a ótima de uma criança

Na Web
Apresentação: A sugestão de material para leitura propõe compreender
as atitudes maternas sobre três enfoques: irritabilidade, rejeição e
intrusão. Ressaltando os elementos cognitivos e interacionais da criança.

Link: Para ler o texto na íntegra, acesse:

Acesse

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REFERÊNCIAS
BARBOSA, L. M. S. A psicopedagogia no âmbito da instituição escolar Curitiba: Expoente, 2001. .

CASTELLS, M. O poder da identidade São Paulo: Paz . e Terra, 1999.

MACEDO, R. A família diante das dificuldades escolares dos filhos . In: OLIVEIRA, V. B.; BOSSA, N. Avaliação psicopedagógica da
criança de zero a seis anos. Petrópolis: Vozes, 1994.

MORAES, M. L. Q. A estrutura contemporânea da família In: COMPARATO, M. C. M.; MONTEIRO, D.


. S. F. A criança na
contemporaneidade e a Psicanálise. Vol. 1. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

OSÓRIO, L. C. Família hoje Porto Alegre: Armed, 1996.


.

POLITY, E. Dificuldades de Aprendizagem e família: construindo novas narrativas. São Paulo: Vetor, 19.

RÍOS-GONZÁLES, J. A. Vocabulario básico de orientación y terapia familiar Madrid. Editorial CCS, 2003.
.

RODRIGUES, M. P sicologia educacional: uma crônica do desenvolvimento humano São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1976. .

SOIFER, R. Psicodinamismos da família com crianças Petrópolis: Vozes, 1982.


.

WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual São Paulo: Martins Fontes, 1993.


.

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APROFUNDANDO
Caro(a) aluno(a), vimos em nossas discussões a respeito da importância de a criança estar inserida em um ambiente saudável que
favoreça o seu desenvolvimento. Isso implica em ter suas necessidades de sobrevivência satisfeitas que incluem segurança física,
alimentação e podemos falar da moradia também. Mas, para um desenvolvimento saudável não basta somente ofertar os cuidados
de sobrevivência, a criança precisa fazer parte de um contexto de afetividade e de interação. Tais condições contribuem,
sobremaneira, para o seu desenvolvimento cognitivo.

Para aprofundar seu conhecimento sobre este assunto, convido você, aluno(a), a continuar a leitura do caso a seguir, apresentado
por Rodrigues (1976).

Zezinho, o Menino Mecânico

Rejeitado desde a gravidez por ambos os pais, Zezinho foi gestado em clima de absoluta indiferença afetiva. Tanto o pai quanto a
mãe ignoravam a sua existência de modo radical. Um complexo e trágico “isolamento in útero” verificou-se. A mãe portava-se como
se não estivesse em estado de gestação: usava roupas ajustadas, alimentava-se como sempre, não interrompeu jamais suas
atividades costumeiras, nem profissionais, nem de lazer, e não providenciou absolutamente nada para o bebê, como se ele não
fosse nascer.

Após o nascimento, Zezinho foi imediatamente entregue aos velhos avós paternos, sem que a mãe o tivesse visto. Na ocasião, ela
negou-se a vê-lo e, como o marido, portou-se como se finalmente houvesse se livrado de algo extremamente desagradável.

Zezinho teve o desenvolvimento normal até os quatro anos, quando seu avô morreu. A avó, inconsolável, passou a apresentar
comportamentos regressivos que a incapacitaram de continuar com a criança.

Zezinho foi entregue aos pais que, finalmente, o conheceram e, de imediato, contrataram uma enfermeira para cuidar dele e da
qual exigiam tratamento absolutamente “científico”, sem quaisquer manifestações de afetividade. O contato deles com a criança
sempre foi mínimo, superficial e indiferente.

Dez meses depois, Zezinho, de inteligência normal, sofreu violenta agressão: esqueceu tudo quanto sabia, não falou mais, perdeu a
motricidade conquistada, deixou de andar, não mais controlava as excreções e alheou-se a tudo.

Na escola para crianças anormais, em que seus pais o colocaram, a Escola Ortogênica Sonia Shankaman, da Universidade de
Chicago, Zezinho mostrou-se passivo, sem reações, movimentos, alegrias ou sofrimentos. Só depois de intenso tratamento
psicomotor, foi reconquistando as capacidades perdidas, recusando-se, porém, a comunicar-se oralmente com os outros. Sua
forma de comunicação era através de máquinas, a princípio imaginárias e, depois, construídas engenhosamente com canudos de
refrigerantes. Ele as usava para tudo. Só depois de ligá-las numa tomada elétrica imaginária, Zezinho podia comer, andar, excretar,
brincar e dormir. Frequentemente, demorava-se tanto na construção de suas “máquinas de viver” que, ao terminar, já havia
perdido o interesse pela brincadeira projetada.

Seu primeiro desenho foi um autorretrato, para o qual ele projetou uma criança mecanizada, feita de fios elétricos e ligada numa
tomada. Só assim ele chegava às pessoas. Tinha medo. Parecia que o contato humano era, para ele, sumamente doloroso.

Aos nove anos, após sério tratamento orientado pelo professor Bruno Bettelheim, em que todos os funcionários da clínica, desde
os médicos e terapeutas até os de função mais modesta, entraram no seu jogo mágico como medida para atingi-lo, Zezinho era
declarado “normal”, apresentava desempenho escolar bom, inteligência média e uma prodigiosa engenhosidade para a construção
e manipulação de maquinários. Talvez possa se apreciar o grau de recuperação desta criança ao saber-se que Zezinho construiu um
carro alegórico para um desfile escolar e nele colocou uma faixa em que dizia: “Os sentimentos são o que de maior existe debaixo
do sol”.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; LIMEIRA, Nathalia Barbosa; BRITO, Fernanda Regina Cinque de.

Dinâmica Familiar e Aprendizagem.

Nathalia Barbosa Limeira; Fernanda Regina Cinque de Brito.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

26 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Família. 2. Aprendizagem. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 370

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

Diretoria de Design Educacional

Equipe Produção de Materiais

Fotos Shutterstock
:

NEAD - Núcleo de Educação a Distância

Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900

Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360

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FAMÍLIA,
APRENDIZAGEM E
ESCOLA
Professor (a) :

Me. Nathalia Barbosa Limeira

Me. Fernanda Regina Cinque de Brito

Objetivos de aprendizagem
• Compreender a relação essencial e intrínseca entre a família e escola no processo de aprendizagem do sujeito.

• Refletir sobre a importância da família na promoção de um clima e estruturas favoráveis ao desenvolvimento escolar da criança.

• Conhecer as estratégias acerca da devolutiva à família.


Plano de estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:

• Ambiente familiar e aprendizagem dos filhos

• O envolvimento dos pais no processo de desenvolvimento dos filhos

• Estratégias sobre a devolutiva à família

Introdução
A escola assume um papel importante na vida das crianças: o processo de transmissão dos conhecimentos culturalmente
aprendidos faz parte de uma de suas funções. Mas o cuidado, a socialização e a formação de um cidadão crítico sobrepõem-se à sua
função inicial. Neste sentido, tanto a escola quanto a família conservam em si funções que lhe são próximas. Cabe a estas duas
instituições, cada qual com sua função favorecer um contexto favorável ao pleno desenvolvimento do sujeito.

Tanto a instituição escolar quanto a instituição familiar precisam compartilhar características semelhantes, pois a aprendizagem –
objetivo tanto de uma quanto de outra – é primordial para o crescimento sadio da criança nestes ambientes. Desta forma, uma
criança que encontra dificuldades de aprendizagem ou que sofra situações traumáticas ou difíceis em sua família, pode vir a refletir
tais dificuldades ora na escola, ora na família.

Em que se pesem as discussões sobre as relações familiares, o eixo escola-família é fundamental para esta compreensão. A família
possui um importante papel na vida e nas relações de aprendizagem da criança. É ela, a família, que gera uma modalidade de
aprendizagem específica na criança e é a partir dela que se constitui também o vínculo sadio ou não sobre a aprendizagem.

Importa-nos, neste sentido, discutir a relação entre escola e família, sob a perspectiva psicopedagógica, instrumentalizando a
discussão sobre o tema e subsidiando o trabalho de você, caro(a) aluno(a), futuro(a) psicopedagogo(a). Para isso, nesta etapa de
nossos estudos iremos elencar, além da influência da família no desempenho escolar, as estratégias sobre a devolutiva à esta
instituição. Dessa forma, convido-o a continuar seus estudos sobre esta importante temática. Bons estudos!

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AMBIENTE FAMILIAR E
APRENDIZAGEM DOS FILHOS

Fato é que a influência do ambiente familiar no aprendizado escolar é amplamente reconhecida (MARTURANO, 2000). Neste
sentido, devemos adotar uma posição de cautela ao discutir este tema, a fim de que não a isentemos de sua responsabilidade e
nem coloquemos sobre ela, a família, toda a carga de responsabilidade sobre o desempenho escolar do aluno. Assim como não
podemos adotar atitudes radicais com a família em relação à aprendizagem escolar, não podemos também adotar este mesmo
radicalismo para com a escola: a não aprendizagem escolar ou baixo desempenho dos alunos nesta instituição não é
responsabilidade única e exclusivamente da escola.

Portanto, uma observação se faz necessária para avançarmos em nossas discussões: quando pensamos no nosso trabalho
enquanto psicopedagogos, estaremos lidando diretamente com dificuldades e problemas escolares apresentados, seja pela escola,
seja pela família. Mas a ideia central é de que você, caro(a) aluno(a), lidará com crianças que em algum momento apresentam
dificuldades de aprendizagem escolares, sejam o baixo rendimento, o mau desempenho escolar, a falta de atenção ou estímulo,
entre tantos outros sintomas que têm todos, em comum, a escola como espaço de vivência destas angústias e dificuldades. O palco
é, neste sentido, a escola.

Mas o seu olhar não deve pautar-se somente neste ambiente. Ali é onde tudo se manifesta, mas lembremo-nos sempre de que a
família, sua dinâmica, organização, papéis atribuídos a cada um dos pares familiares, a relação destes com a aprendizagem, a
modalidade de aprendizagem e toda a história de seu ciclo vital devem ser retomados por você na busca de uma compreensão
tanto mais ampla quanto mais coerente.
Algumas condições presentes no ambiente familiar têm sido, neste sentido, consideradas como fundamentais para a aprendizagem
escolar (MARTURANO, 2000).

Dentre essas condições, podemos destacar: a organização do ambiente físico e a disponibilidade dos materiais educacionais; o
envolvimento dos pais no processo de desenvolvimento dos filhos; a interação dos pais-filhos e uso da linguagem no lar; clima
emocional positivo, práticas educativas e disciplina apropriada, além das crenças e expectativas dos pais sobre seus filhos. Essas
questões devem ser consideradas porque subsidiam as discussões sobre a influência e importância da relação escola e família no
processo de desenvolvimento saudável da criança.

A organização do ambiente físico e a disponibilidade dos materiais


educacionais

O processo de aprendizagem faz parte da vida do homem e não se restringe, neste sentido, somente ao ambiente escolar. Neste
sentido, quando pensamento em aprendizagem e em seu processo, não podemos restringi-lo somente à escola; ela é responsável
pela transmissão dos conteúdos cientificamente construídos e passados de geração à geração. Mas a experiência de aprendizagem
é muito anterior à entrada da criança nesta instituição.
A família pode contribuir de modo significativo proporcionando e inserindo em sua rotina, materiais e recursos pedagógicos à
criança. Neste sentido, podemos pensar, por exemplo, nos jogos com fins não somente lúdicos, mas educacionais ou mesmo em
brinquedos que favoreçam a reflexão e o pensamento, ou seja, brinquedos em que se possa atuar sobre os mesmos. No entanto,
não basta somente dispor os materiais e recursos à criança. É preciso que os pais realizem atividades deste cunho com eles. “Os
recursos do ambiente físico só facilitam a aprendizagem quando os pais funcionam como mediadores, ajudando as crianças a usá-
los” (MARTURANO, 2000, p.96).

Caro(a) aluno(a), é fundamental que se tenham espaços destinados, dentro do ambiente familiar, ao estudo
e à leitura.

Fonte: elaborado pelas autoras.

Neste sentido, é importante que os pais participem e proponham atividades aos filhos que contribuam para o seu desenvolvimento
escolar. Além disso, é fundamental que se tenham espaços destinados, dentro do ambiente familiar, ao estudo e à leitura. Em geral,
esses espaços devem ser calmos e proporcionar à criança que ela consiga realizar suas tarefas e estudos de modo tranquilo e
concentrado.

Pensemos, por exemplo, em uma casa onde não há espaço destinado à realização das tarefas escolares. Onde a criança realiza,
então, suas tarefas da escola? Na impossibilidade de haver um espaço destinado a isso, é preciso nos utilizar de criatividade e
proporcionar espaços para isso. Sabemos que dispor de um local onde há televisão e outros recursos tecnológicos pode dividir a
atenção da criança. Neste sentido, podemos pensar em um lugar que seja calmo, livre de interferências externas e que a criança
possa ocupar, não somente em um dado momento do dia, mas onde possa, por exemplo, colar calendários de provas, anotações
importantes, entre outros.

É importante que durante a estada da criança nestes ambientes a circulação de pessoas seja pequena, a fim de favorecer a
concentração da criança. Os pais devem permanecer, ainda que inicialmente neste ambiente, seja para verificar e auxiliar a criança
nas tarefas a serem realizadas, seja para garantir que tudo tenha sido feito de modo correto.
Casas onde não há espaço para a realização das atividades escolares ou onde os pais não incentivam a leitura, os jogos e atividades
que desenvolvam o pensamento e a psicomotricidade podem estar fadados ao fracasso escolar, pois sabemos que a aprendizagem
escolar não se encerra somente no período em que a criança permanece na escola.

O ENVOLVIMENTO DOS PAIS NO


PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO
DOS FILHOS
Anteriormente, falamos que a participação dos pais é importante na relação de ensino e aprendizagem escolar e:

isso inclui não apenas atenção aos assuntos escolares dos filhos, mas também uma postura mais
[...]

centrada na criança. Através de seu envolvimento, os pais fornecem recursos emocionais essenciais ao
desenvolvimento de um senso de competência, tanto quanto recursos mais concretos, que contribuem para
um melhor desempenho na escola (FUNAYAMA, 2000, p.97).

Este envolvimento pode incluir atitudes simples, como ler para as crianças ou ainda ouvi-las ler, importar-se com o que aprendeu
na escola, encorajar seus esforços e favorecer sua autonomia na realização das tarefas escolares. Além disso, pressupõe uma
atenção em todos os momentos da vida da criança. Importar-se com aquilo que faz, com quem faz e onde faz, assistir programas de
televisão em conjunto, questionando e conversando sobre os mesmos, monitorar suas saídas e suas amizades faz parte deste
envolvimento. Isso contribui para que a criança sinta-se protegida e cuidada e reflita, consequentemente, sobre sua vida escolar.
Segundo Charmeux (1995, p.119), “ter lembranças que associem prazer e cultura na mais tenra idade significa uma possibilidade
maior de sucesso escolar”.

Quando tratamos acerca das interações entre pais e filhos, devemos salientar que a reciprocidade é fundamental para que estas
interações sejam significativas e possam contribuir para o desenvolvimento da criança. Esta interação deve pressupor ainda um
distanciamento das situações vividas a fim de que os pais auxiliem os filhos a repensarem os fatos vividos ou futuros. Propiciar
condições para que este distanciamento ocorra favorece o desenvolvimento do senso crítico e reflexivo, tão necessário à formação
de um sujeito autônomo.

Além disso, é preciso considerar o clima emocional positivo e as práticas educativas.

Bradley (1988), em seus estudos com crianças de 10 anos, encontrou uma relação direta entre bom desempenho na aprendizagem
matemática e clima familiar positivo. Isso significa que um clima positivo, incentivador e acolhedor é de fundamental importância.
Neste contexto, não se pode afirmar que todas as crianças que têm dificuldades na aprendizagem de matemática possuem
ambientes familiares negativos, mas que os ambientes favoráveis sugerem uma melhor aprendizagem devido ao clima de
cordialidade, cooperação e solidariedade existentes.
Quanto às práticas educativas, é importante destacarmos duas condições essenciais: o suporte à autonomia e a estruturação de
regras. É necessário que os pais deem suporte aos filhos nas rotinas escolares, acompanhando a realização das tarefas escolares,
assim como os estudos, tanto em casa quanto na escola, mas este acompanhamento deve propiciar o desenvolvimento da
autonomia da criança, já que com a adolescência e o preparo para a vida adulta, é importante que ela saiba e consiga estudar
sozinha. Para que isso ocorra, a estruturação de regras se faz imprescindível. É necessário que as crianças saibam quando, onde e
como devem estudar dentro do ambiente escolar. Aqui, a noção de limites é invocada novamente, pois necessário é que os pais
criem horários e uma rotina que promovam o hábito dos estudos.

Em uma pesquisa realizada recentemente, em um grupo de alunos do 5º ano do ensino fundamental,


verificou-se que a média de tempo para estudos em casa era de 20 minutos (VICENTE, 2013). Subentende-
se daí que os alunos não têm o hábito de estudo em casa e que a grande maioria utiliza este tempo apenas
na realização das tarefas e não do estudo.

Fonte: VICENTE, J. et. al. Relatório Técnico por Cidade: região da Amusep. Maringá: Unicesumar. Programa
Excelência na Educação Básica, 2013. Não publicado.

A falta de hábito de estudo, de uma rotina que contemple momentos de leitura, estudo e atividades que não estejam relacionadas
somente à televisão ou aos videogames, favorece essa cultura do não estudo e pode ser produtora das dificuldades de
aprendizagem. A falta de comprometimento e autoridade dos pais, neste sentido, pode ser apontada como uma falha promovedora
da não aprendizagem infantil.

Outro aspecto importante a considerar e que é destacada por MIlicic (1990) é que a forma como a família reage perante as
dificuldades ou transtornos de aprendizagem enfrentados pela criança pode agravar ou ajudar sua recuperação. Neste sentido,
conhecer, além da dinâmica familiar, o modo como ela reage às dificuldades apresentadas e vivenciadas pela criança fará toda a
diferença na elaboração da hipótese diagnóstica.

Supondo que a família reaja, atribuindo à criança a responsabilidade por seu fracasso ou insucesso e, consequentemente,
eximindo-se da culpa, ela contribui para que se agravem as dificuldades enfrentadas pela criança.
Por outro lado, uma família que entende as dificuldades vivenciadas pela criança, que consegue ajudá-la a superá-las e a apoia em
seu crescimento contribuirá para sua recuperação, fornecendo-lhe maturidade emocional e subsídios para lidar com suas emoções
e dificuldades futuramente.

Neste sentido, importa que no momento da elaboração da hipótese diagnóstica nosso contato com a família, por meio das
entrevistas ou sessões de anamnese da criança, vise compreender como a família se organiza, como entende a dificuldade e/ou o
problema enfrentado pela criança e, ainda, como ela, família, enquanto cumpridora dos papéis sociais, biológicos e psicológicos
que lhe cabem, desenvolve tais papéis em relação à criança.

Milicic (1990) afirma que algumas questões, como: como a criança se vê; quais são seus objetivos; que conceitos são centrais em
relação à sua imagem pessoal; quais são seus interesses e como se imaginam no futuro, são questões fundamentais tanto para
fazermos à criança como aos pais, pois buscam traçar um perfil da criança. Contrapor as respostas obtidas pode ser interessante à
medida que podemos compreender como a família vê a criança dentro de sua dinâmica e como a criança se vê dentro da família.

A seguir, caro(a) aluno(a) vamos analisar algumas estratégias quanto a interação da família e escola no processo de tratamento da
criança.

Estratégias sobre a devolutiva à família


Em se tratando de entregar a informação à família, é importante que consideremos alguns fatores, pois toda a família deve
envolver-se no tratamento da criança. Não é apenas a criança que sofre o impacto de nossas intervenções, mas a família deve
compreender seu papel de importância neste momento.
Um primeiro aspecto que devemos ressaltar é a crença, seja da família, seja da criança, sobre sua personalidade, ou ainda, sobre a
forma como se vê. Se a família ou a criança se refere a si mesma a partir do verbo “ser” para se autoconceituar (como: sou omissa,
sou preguiçosa...), isso implica, consequentemente, que se enxergam de maneiras determinadas e, portanto, dificilmente poderão
mudar seu comportamento ou agir de forma diferente. É o caso, por exemplo, de pais que acreditam que os filhos sejam lentos,
difíceis de lidar ou mesmo ansiosos demais. No processo de intervenção psicopedagógica, será necessário que envolvamos a
família no processo de tratamento da criança.

Sánches (2004, p. 18) complementa que “[...] a intervenção não só parte das necessidades apresentadas
pelas pessoas com dificuldades de aprendizagem e por suas famílias, como também das necessidades que,
em relação a isso, manifestam as pessoas do meio em que participam ou com quem interagem.

Fonte: SÁNCHES, Jesús-Nicasio García. Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica.


Porto Alegre: Artmed, 2004.

Neste sentido, Milicic (1990) sugere quatro atitudes que podem auxiliar este trabalho. São elas: a repartição das diretrizes, o
ensinamento do autocontrole, da autoinstrução e da demora das respostas às questões rotineiras e escolares. A seguir, trataremos
acerca de cada um dos itens analisados por Milicic:

Repartindo as diretrizes

Esta sugestão de intervenção e inserção da família no processo de tratamento da criança refere-se à divisão dos papéis e tarefas,
tanto com relação à vida escolar da criança, quanto na repartição das tarefas domésticas.

Para conseguir este envolvimento, o primeiro passo é estabelecer uma aliança com a pessoa que pareça
menos comprometida, perguntando, por exemplo, ao pai, em forma direta, a sua opinião. Ao fazer a
pergunta, coloca-se o pai na hierarquia e ele mudará de uma posição crítica a uma posição de ajuda e
colaboração com o terapeuta (MILICIC, 1990, p.328).
Com base no exemplo dado na citação acima, podemos supor que envolver o pai na realização do estudo ou das tarefas escolares
com a criança possibilita uma reestruturação na relação pai e filho, incluindo, desta forma, o pai ausente para as questões latentes
à criança.

No entanto, Milicic (1990) faz uma ressalva bastante pertinente sobre este aspecto. A autora ressalta que se o pai, como no caso
do exemplo mencionado aqui, não tiver saúde mental e equilíbrio, a inclusão deste com o filho, em momentos de estudos, pode
agravar a relação da criança com os estudos.

Geralmente, quando uma criança encontra dificuldades em seu processo de aprendizagem, o vínculo com a mesma, assim como a
noção de desejo, encontra-se rompido e esta reconstrução se faz essencial. Porém, se ao invés de proporcionar momentos
agradáveis, a criança enfrentar momentos de frustração e castigo, é melhor que esta inclusão não seja realizada.

Ensinando autocontrole aos pais

Segundo Milicic (1990, p.328), “o significado mais amplo de auto controle é o prover, nas pessoas, habilidades que lhes permitam
resolver de forma autônoma seus problemas, tanto na área cognitiva como na área emocional.” Ocorre que crianças que
apresentam dificuldades ou transtornos de aprendizagem sofrem desta falta de autocontrole, o que lhes prejudica ou agrava suas
dificuldades com relação às realizações das tarefas escolares, por exemplo.

Neste sentido, ensinar o autocontrole às crianças é tarefa que deve caber também à família, pois sua dinâmica interior propicia
diversos contextos para que seja trabalhado o autocontrole e a interação social.

Ante esta realidade, os professores e os pais tendem a aumentar os mecanismos de controle externo, com o
qual a criança aprende a ser controlada, mas não a controlar-se. Fixar metas, propor estratégias, deve ser
um processo que possa, através dos próprios mediadores da criança, alcançar efetivamente a complexa
tarefa de aprender a auto-regular-se (MILICIC, 1990, p.329).

Esta estratégia deve ser utilizada por famílias e professores, permitindo, desta forma, que a criança, paulatinamente, consiga
incorporar esse controle, que a priori lhe é externo.
Treinando para a autoinstrução

Esta estratégia, proposta por Meichebaum e Goodman (1979 apud MILICIC, 1990, p.329), refere-se à divisão das ações que a
criança executará em etapas sucessivas. Neste sentido, a estratégia consiste em auxiliar a criança a organizar suas ações, por meio
de cinco etapas, as quais destacamos aqui:

1. O adulto realiza a tarefa, falando em voz alta as instruções, na medida em que realiza as ações;

2. A criança realiza as ações enquanto o adulto lhe fala, de forma lenta e em voz alta, as ações que ela deve realizar.

3. A criança realiza a tarefa, instruindo-se em voz alta, enquanto a executa. O adulto deve, neste momento, apenas observá-
la.

4. Novamente, a criança realiza a tarefa, porém com a voz baixa, instruindo-se e realizando a tarefa.

5. A criança realiza a tarefa, instruindo-se mentalmente, apenas utilizando-se de sua linguagem interna.

Estes passos devem ser utilizados, tanto por pais quanto por professores, no auxílio à criança. Como se trata de tarefas realizadas
em etapas, sugere-se que os cinco passos não sejam realizados todos em seguida, um após o outro, pois pode ocorrer de cansar a
criança, estressando-a. A ideia é que possamos ir incorporando essas tarefas no dia a dia da criança até que ela incorpore
mentalmente a realização das mesmas.

Aumento na demora das respostas

Esta estratégia, proposta por Milicic (1990), tem como objetivo levar a criança a aumentar o tempo entre a pergunta que lhe é feita
e a resposta dada pela mesma. Esta técnica auxilia no desenvolvimento da atenção e da reflexão, pois acredita-se que,
paulatinamente, a criança consiga refletir sobre a questão e/ou tarefa que lhe é proposta.

Frente a qualquer tarefa pedagógica, pede-se à criança que escute primeiro, repita as instruções de forma
interna, que somente depois procure eventuais respostas possíveis e que demore pelo menos dez segundos
antes de dar a resposta. Ao escutar e repetir a instrução, aumenta-se o tempo dedicado à reflexão, antes de
dar uma resposta. Com isso, diminuem-se significativamente os erros e melhora a qualidade da resposta
(MILICIC, 1990, p.330).

Esta estratégia é bastante utilizada, não somente em crianças com hiperatividade, mas em crianças cuja ansiedade e déficit de
atenção impedem-lhe de ler as questões, analisando seu significado. São crianças, em sua maioria, que não terminam de ler o
enunciado e já respondem, ou que na realização de uma tarefa não conseguem seguir todas as etapas, mas pulam, uma ou outra
etapa, pensando apenas no resultado final, ou seja, na resposta.

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ATIVIDADES
1. O olhar do psicopedagogo não deve se limitar ao espaço escolar, mas considerar a instituição familiar, ou seja, sua dinâmica,
organização, papéis atribuídos a cada um dos pares familiares, a relação deste com a aprendizagem etc. Nesse sentido, leia as
afirmativas e assinale a alternativa correta.

I. Uma das questões que se deve perceber é se a família insere em sua rotina materiais e recursos pedagógicos à criança.

A simples oferta de materiais pedagógicos às crianças não garantirá sucesso no seu desenvolvimento, pois
II. é preciso que os pais
assumam o papel de mediadores, ajudando as crianças a usá-los.

A leitura deve ser incentivada no ambiente familiar. Para isso, recomenda-se que no ambiente familiar haja espaços destinados
III.

ao estudo e à leitura.

IV.Os ambientes familiares em que não há espaços apropriados aos estudos, a família fica isenta de incentivar a criança no
processo de leitura, até porque é responsabilidade exclusiva da escola promover o gosto pela leitura.

Assinale a alternativa correta:

a) Estão corretas apenas I e II.

b) estão corretas apenas II e IV.

c) Estão corretas apenas I, II e III.

d) Estão corretas apenas II, III e IV.

e) Nenhuma das alternativas acima está correta.

2. Vimos que o envolvimento dos pais é fundamental na relação de ensino e aprendizagem escolar. Este envolvimento inclui não
apenas atenção aos assuntos escolares dos filhos, mas também uma postura centrada na criança. Nesse sentido, leia as afirmativas
e assinale a alternativa correta:

I. O envolvimento dos pais requer uma atenção em todos os momentos da vida da criança.

II. Atitudes como ler para as crianças ou ouvi-las ler, encorajar seus esforços são exemplos do envolvimento positivo dos pais.

O envolvimento dos pais pode se expressar ao assistir programas de televisão em conjunto, questionando
III. e conversando sobre
os mesmos.
IV. O envolvimento dos pais pode ser evidenciado ao monitorar as saídas e as amizades dos filhos.

a) Estão corretas apenas I e III.

b) Estão corretas apenas II e III.

c) Estão corretas apenas I, II e IV.

d) Estão corretas apenas II, III e IV.

e) Estão corretas I, II, III e IV.

3. No processo de intervenção psicopedagógica, Milicic (1990) propõe quatro atitudes que podem auxiliar o trabalho. Sobre estas
quatro atitudes, relacione as colunas.

( 1 ) Repartindo as diretrizes.

( 2 ) Ensinando autocontrole aos pais.

( 3 ) Treinando para a autoinstrução.

( 4 ) Aumento na demora das respostas.

( Esta técnica auxilia no desenvolvimento da atenção


) e da reflexão uma vez que tem como objetivo levar a criança a aumentar
o tempo entre a pergunta e a resposta.

( É uma estratégia que permite a criança, paulatinamente, incorporar o controle, que


) a priori lhe é externo, por isso, a
importância da participação da família.

( Refere-se
) à divisão dos papéis e tarefas, tanto com relação à vida escolar da criança, quanto na divisão das tarefas
domésticas.

( É uma estratégia que compreende em auxiliar a criança a organizar suas ações por meio de algumas etapas, como por
)

exemplo, a criança realiza as ações enquanto o adulto lhe fala, de forma lenta e em voz alta, as ações que ela deve realizar.

A sequência correta é:

a) 1, 2, 4 e 3.

b) 2, 4, 3 e 1.

c) 1, 2, 4 e 3.

d) 4, 2, 1 e 3.

e) 3, 2, 1 e 4.

Resolução das atividades

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RESUMO
Caro(a) aluno(a) buscamos refletir sobre como a família e a escola devem manter uma relação próxima se desejam o êxito no
processo de ensino e aprendizagem da criança. Neste sentido, buscamos trazer estratégias, tanto às famílias, quanto ao nosso
trabalho enquanto psicopedagogos, que possibilitem uma reflexão acerca do papel da família e da escola no que se refere à
aprendizagem da criança.

Sabemos que lares onde há rotina, clima acolhedor, cooperação e vínculo emocional saudável a experiência de aprendizagem se
torna parte de seu cotidiano e, desta forma, ao adentrar a escola, a criança já terá desenvolvido um bom vínculo com a
aprendizagem. Porém, de modo geral, esses fatores não são encontrados com facilidade em todas as famílias, seja por ignorância
dos mesmos acerca destes temas, seja por falta de vontade, ou ainda, comprometimento dos pais com a educação e aprendizagem
dos filhos.

Neste sentido, acreditamos que nosso trabalho enquanto psicopedagogos é o de propiciar estratégias onde as famílias possam
refletir sobre seus papéis e atuar de forma consciente no auxílio à criança. Quando nos propomos a trabalhar com psicopedagogia,
é preciso considerar que este trabalho não acontece de forma isolada, seja na clínica, seja na instituição escolar. É um trabalho de
conjunto, o qual, muitas vezes a você, caro(a) aluno(a), caberá o papel de motivador e incentivador, tanto das famílias quanto de
seus filhos.

O aumento da jornada de trabalho da mulher, que além de trabalhar fora de casa, ainda agrega as responsabilidades com a
organização da casa, aliadas à rotina de trabalho de seu cônjuge, são quase sempre os motivos pela falta de tempo de qualidade
com seus filhos e, consequentemente, pela falta de estímulos e criação de vínculo com a aprendizagem. Acontece que esta
característica do mundo contemporâneo não pode servir de desculpas para descontextualizar a responsabilidade dos pais.
Enquanto psicopedagogos, cabe-nos repensar essas questões, propondo ações que, de fato, revertam ou resinifiquem os papéis
atribuídos a cada um.

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Material Complementar

Leitura
Família e aprendizagem: uma relação necessária

Autor: Fabiani Ortiz Portella

Editora: Wak

Sinopse: as contribuições presentes neste trabalho visam estabelecer


conexões entre a educação, saúde e psicologia, e compreender como as
diversas configurações familiares interferem na aprendizagem infantil,
além de propor direcionamentos para o campo psicopedagógico.

Filme
Título Pais & Filhos
:

Ano 2013
:

Sinopse esta história relata como a vida de um grande homem de


:

negócios pode ser modificada pela revelação de que criara, até então, o
filho de outro homem. O drama relata a relação estabelecida entre as
famílias que tiveram seus destinos traçados pela troca dos bebês. Expõe
os conflitos entre as famílias, uma financeiramente estável, mas ausente
de dedicação, e outra que pouco tem a oferecer materialmente, mas que
oferece atenção, dedicação e amor.

Comentário o filme ilustra de modo claro e bastante emotivo o papel dos


:

pais na educação dos filhos: seria apenas material ou afetivo? Qual a


função dos pais na formação da criança?

Acesse

Na Web
Apresentação Este artigo apresenta uma interessante pesquisa que
:

busca relacionar os recursos familiares e o desempenho escolar de alunos


do 5º ano do Ensino Fundamental de escola pública. Disponível em:

Acesse

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REFERÊNCIAS
BRADLEY, R. H. Home environment and school performance : a ten follow-up and examination of three models of environmental
action. Child Development, USA, 59, p. 852-867, 1988.

CHARMEUX, E. Aprender a ler vencendo o fracasso. São Paulo: Cortez, 1995.


:

FUNAYAMA, C. A. R. (Org). Problemas de Aprendizagem enfoque multidisciplinar. Campinas: Alínea, 2000.


:

MILICIC, N. Estratégias de tratamento para famílias de crianças com baixo rendimento escolar In: SCOZ, B. . J. L. (et al.).
Psicopedagogia: o caráter interdisciplinar na formação e na atuação profissional. Porto Alegre: Artmed, 1990.

SÁNCHES, Jesús-Nicasio García. Dificuldades de aprendizagem e intervenção psicopedagógica Porto Alegre: Artmed, 2004.
.

VICENTE, J. et. al. Relatório Técnico por Cidade: região da Amusep. Maringá: Unicesumar. Programa Excelência na Educação
Básica, 2013. Não publicado

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APROFUNDANDO
Caro(a) aluno(a), vimos no decorrer dos estudos a importância de algumas atitudes da família em relação ao desenvolvimento dos
filhos, tais como: a interação entre pais e filhos, o uso correto da linguagem, o estabelecimento do clima emocional e práticas
educativas e disciplina apropriada.

Agora, quero chamar a sua atenção para outro fator, não menos importante que é em relação às crenças e expectativas dos pais
sobre seus filhos, pois as expectativas criadas pelos pais em relação ao sucesso da criança no ambiente escolar pode influenciar o
aproveitamento escolar.

Este aspecto é preponderante sobre a aprendizagem escolar dos filhos. Pais que não acreditam na inteligência, esforço ou
capacidade dos filhos projetam no mesmo frustrações que incidem sobre sua não aprendizagem. “As crenças e expectativas dos
pais sobre as capacidades da criança podem, quando desfavoráveis, diminuir a motivação para aprender, o que terá um efeito
negativo sobre o desempenho escolar” (MARTURANO, 2000, p.101). Pais que dizem diretamente a criança que não é capaz de
aprender é prejudicial ao seu desenvolvimento.

Frases do tipo “Você tirou nota baixa, assim vou desistir de você” ou “seu irmão é muito melhor, nunca me deu trabalho na escola”
não devem ser ditas, pois pode criar bloqueios na criança, levando-a a acreditar que não pode ter êxito das atividades escolares.

Por outro lado, pais que depositam expectativas grandes sobre seus filhos também podem contribuir para seu insucesso, por
exemplo, pais que projetam filhos para serem médicos, engenheiros ou profissões socialmente conceituadas e que possuem boa
remuneração financeira. Sabemos que não basta ser inteligente para ingressar em uma universidade, mas que depende muito mais
de seu esforço e dedicação do que propriamente da inteligência. Neste caso, os pais, ao projetarem e delinearem o futuro de seus
filhos, corroboram para sua frustração posterior: primeiro, devido ao fato de que cerceiam sua independência e autonomia;
segundo, porque muitas vezes criam expectativas maiores do que a criança ou o adolescente pode corresponder.

“O que acontece na realidade é que o esforço para cumprir ou deixar de cumprir a expectativa ocupa o lugar da aprendizagem. O
aprender deixa de ser um desejo seu e passa a ser um ato para satisfazer o outro” (SERAFINI et al. 1996, p.5).

Consequentemente, o vínculo com a aprendizagem é desfeito e a criança passa a não ver mais sentido na aprendizagem que não a
satisfação do outro. A ideia de que o conhecimento liberta, propicia autorias, saberes e visão crítica do mundo e é deturpada em
consequência das expectativas que lhe são impostas.

Neste sentido, cabe salientar que cada criança possui um tempo para sua aprendizagem e este tempo deve ser considerado, tanto
nos ambientes escolares, quanto nos ambientes familiares. Os pais, então, devem manter o equilíbrio no que tange às expectativas,
incentivar os filhos é saudável e ajuda o desenvolvimento integral dos mesmos, mas estabelecer de forma autoritária o que os
filhos devem fazer, como por exemplo, a escolha de um curso de graduação apenas para satisfazer os anseios dos pais, sem
considerar as particularidades e escolhas dos filhos é, sobremodo, prejudicial, acarretando em problemas futuros.

Destarte, sabemos o quanto a família influencia no processo de aprendizagem da criança e, por isso, ter expectativas em relação
aos filhos é natural, contudo, o problema é quando os pais expressam isso de forma inapropriada, fazendo comentários ou com
atitudes que desmotivam o filho. Finalizamos destacando a importância do diálogo na relação entre família e crianças, sabendo
que o que é falado às crianças pode deixar marcas tanto positivas quanto negativas.

PARABÉNS!

Você aprofundou ainda mais seus estudos!

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EDITORIAL

DIREÇÃO UNICESUMAR

Reitor Wilson de Matos Silva

Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho

Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva

Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin

Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ Núcleo de Educação .

a Distância; LIMEIRA, Nathalia Barbosa; BRITO, Fernanda Regina Cinque de.

Dinâmica Familiar e Aprendizagem.

Nathalia Barbosa Limeira; Fernanda Regina Cinque de Brito.

Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.

28 p.

“Pós-graduação Universo - EaD”.

1. Família. 2. Aprendizagem. 3. EaD. I. Título.

CDD - 22 ed. 370

CIP - NBR 12899 - AACR/2

Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar

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