Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SOBRE O ALUNO
Resumo:
Acreditam que o bom aluno é fruto unicamente de um bom suporte familiar e de atributos
Abstract:
The purpose of this paper was to investigate the representations of basic education teachers
about the student. The participants were fifteen teachers of an estate public school of the
interviews with the teachers, that happened in two stages: 1st stage: investigation about the
professional trajectory and graduation; 2nd stage: representations about the student. The
data were submitted to content analysis and taking as reference the theoretical
2
presuppositions of the qualitative research. At the second time, the analysis was proceeded
starting from of the Social Representation's Theory. Results revealed that most of the
teachers don't recognize themselves in the success neither failure of their students. They
believe that the good student is fruit only a good familiar support and personal attributes.
The student with difficulty of learning is described with characteristics opposed to good
Introdução:
período a pesquisa de Barroso et al. (1976) que denuncia um enfoque de sucesso escolar
destacamos os estudos de Maluf e Bardelli (1991), Paro (1992), Gama e Jesus (1994),
Torezan (1994), Neves e Almeida (1996) e Pereira, Rossi e Araújo (2001) que encontraram
fracasso escolar pelos professores. O mau desempenho dos alunos era atribuído a estes e
as suas famílias.
este trabalho, encontraram-se estudos desenvolvidos por Andrade (1986, 1999 e 2000),
Bardelli (1986), Penin (1989, 1992), Souza (1991), Castorina e Kaplan (1997), Rangel
3
(1997), Nunes e Andrade (1998), Mantovanini (1999), Abranches (2000), Siqueira (2000),
Hollanda (2001) e Franco (2002) nos quais o modelo de bom aluno era aquele interessado,
áreas distintas, sendo uma delas a de pesquisa sobre o pensamento do professor. Dentro
Sociais no campo educacional tiveram seu início em meados de 1980. Desde lá, tem
crescido e buscado consolidação no meio científico, como nos mostra Carvalho (2001),
Método
(2002) foi quase projetiva e teve como objetivo favorecer manifestações verbais mais
pesquisado.
Investigaram-se quatro temas em cada sessão. Cada tema foi abordado em 3 etapas.
segunda sessão foram: "Os alunos de minha turma"; "O aluno com dificuldade de
Resultados e Discussão
"Formação Profissional"; apenas uma das professoras relatou não ter concluído o curso
5
superior, as demais fizeram faculdade, e só uma delas fez um curso que não era
complementação pedagógica.
experiências com crianças, adultos, alunos difíceis e relatam o quanto a profissão requer
Sobre a categoria "A escola onde trabalho", percebe-se que ela é considerada, pela
maioria das professoras, como um bom lugar para se trabalhar, no qual há a possibilidade
para lidar com o que tem problemas de aprendizagem e compararam o de hoje com o de
"O bom aluno" é apresentado como aquele com bons atributos pessoais e
familiares, bons relacionamentos, que não dá problema na classe, enfim, "é tudo que o
professor deseja". O suporte familiar aparece como boa alimentação, afeto, educação "de
bom aluno tenha alguma relação com o professor ou com a escola. O sucesso escolar, do
ponto de vista destas professoras, depende do próprio aluno e de seu meio familiar.
como o oposto do "Bom aluno": indisciplinado, insuportável, desatento, baixa auto -estima,
especializada para este aluno, visto que, o professor não tem formação específica para
A maioria das professoras descreve "O Aluno de Hoje" com características muito
próximas tanto das representações que apareceram em suas falas sobre "o aluno com
hoje também é descrito por uma professora como um aluno violento. Algumas professoras
descrevem "o aluno de hoje" como mais curioso, mais investigativo, muito afetivo e
muito carinhoso e com muita esperança também; ele espera muito mais da vida e da escola,
pois está mais amadurecido por que, também, é mais sofrido; tem muitas responsabilidades
fundamental sobre o bom aluno está relacionada com características pessoais deste, tais
é apresentado como aquele que tem um bom suporte familiar. Por outro lado, "o aluno com
"desinteressado", "inquieto", "que não teve suporte familiar", "que não sabe ler e escrever",
7
aquele que obedecia cegamente aos rituais e rotinas e se portava com ordem e disciplina,
podendo-se afirmar que equivale ao aluno "bem comportado" da fala das professoras de
nossa pesquisa.
lugar, o aluno pela má qualidade do desempenho escolar, sendo indicados por elas por
percebidos como inibidos, briguentos, sem iniciativa, entre outros adjetivos semelhantes,
além de vistas como crianças que tinham pouca saúde, pouca higiene e faltavam muito às
aulas. Nessa pesquisa, a maioria dessas características ainda se repete na concepção das
professoras sobre "o aluno com dificuldades de aprendizagem". São elas: "briguento",
(1986), parece relacionar-se ao que se verifica na fala das professoras da pesquisa como o
personalidade vistos no trabalho de Bardelli (1986), neste estudo foram concebidos pelas
aptidão da criança são valorizados e explicados pela origem familiar. Apenas uma das
professoras desta pesquisa se envolvia e se engajava para auxiliar o aluno que apresentava
aluno estavam em relação de oposição como por exemplo: participação x não participação;
Nesta pesquisa também foi evidente a relação de oposição entre o bom aluno e o
aluno com dificuldades de aprendizagem. Das professoras investigadas apenas uma fez
uma alusão remota à possibilidade do desempenho dos alunos se relacionar ao seu modo de
dar aulas. Ainda que brevemente reflita sobre sua prática, a professora coloca sobre seus
alunos o mérito pelo sucesso e a responsabilidade pelo fracasso. "São bons por que apesar
vida cotidiana em quatro escolas públicas do 1 o grau, na cidade de São Paulo que o aluno
possuidor de características "desejáveis" pelas professoras era o que tinha higiene, era
sério, ou seja, o aluno pobre era excluído desta concepção, se enquadrando, quando muito,
na característica "obediência".
Aparece nesta pesquisa o "bom aluno" como o desejável pelo professor e o grupo, o
9
que corrobora com a pesquisa de Penin (1989). O "limpinho", "arrumadinho", da fala das
"bem comportado", "que cumpre os seus deveres", "faz tudo o que o que o professor
características "fluente verbalmente" e que "não tinha problema econômico sério", não
o suporte familiar como boa alimentação, afeto, educação "de berço", cuidado com os
honestidade, fé e boa conduta. A "boa alimentação" aqui é explicada pela professora como
tomar o "café da manhã antes de vir para a escola", o afeto é descrito como ter "beijinho da
alunos com mau desempenho escolar, situações de família não constituída, vir para a
e que não causasse transtorno. Os alunos com problemas de aprendizagem eram definidos
presente na pesquisa de Rangel (1997) que destacou, sobretudo, a associação entre ‘mérito’
e ‘esforço pessoal’ do ‘bom aluno’ com acesso ao trabalho, acesso ao ensino superior e
sucesso na vida. Rangel constatou ainda que, no campo de representação, a imagem real ou
ideal do ‘bom’ aluno se apresentava na expressão dos próprios alunos como “disciplinado”,
“respeitador”.
de socorro das professoras. A maioria delas consegue perceber que possui poucos recursos
para lidar com seus alunos de maneira adequada, necessita de ajuda especializada para
precisam ser atendidas. Ainda que estes pedidos pareçam, por um momento, "medicalizar"
percepção das professoras de que, de fato, algo não vai bem. Estão tentando, com seus
poucos recursos, remediar a situação em sala de aula, porém, sentem-se impotentes diante
de tantos desafios. Mas, em meio a tantas dificuldades, uma das professoras afirma que se
precisa reverter este processo, imbuindo-se de esperança quando resgata uma citação que
leu em algum lugar e a usa para exemplificar o que acredita que devam fazer em relação
aos alunos: "para ver mais longe subi em ombros de gigantes". Ela sai do lugar de
impotência para se colocar no de "gigante" sobre cujos ombros os alunos poderão ser
Referências
Pernambuco, Recife.
contexto das diretrizes propostas para o ensino fundamental a partir da nova LDB.
17-37.
Ribeirão Preto.
professoras e alunos de uma escola de primeiro grau. Psicologia: Teoria e Pesquisa,7 (3),
263-271.
13
(2),147-156.
Autores Associados.
Ribeirão Preto.