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Curso preparatório para professores- PEB I- 4º encontro

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Material preparado pela profª. Priscila de Medeiros

O JOGO DO e Educação Infantil. Após a sua


aposentadoria em 1997, intensificou sua

CONTRÁRIO EM atuação na formação de professores como


Conferencista e Consultora Educacional no

AVALIAÇÃO país e no exterior.

Jussara Hoffmann é também a idealizadora


e fundadora da Editora Mediação, onde atua
há 22 anos como Diretora Editorial, sendo
responsável pela publicação de mais de 220
títulos na área de formação pedagógica.
Reconhecida por suas contribuições à
melhoria da educação no país, é autora de
vários livros sobre o tema de seus estudos,
de capítulos em livros no Brasil e no exterior,
de inúmeros artigos em jornais e revistas,
com várias obras alcançando a categoria
HOFFMANN, Jussara. de bestsellers em educação!
Porto Alegre, Editora Mediação, 2005
Destacam-se entre elas: Avaliação mito &
Quem é Jussara Hoffmann?
JUSSARA HOFFMANN desafio: uma perspectiva
construtivista; Avaliação mediadora: uma
prática em construção da pré-escola à
universidade; Avaliar para promover: as
setas do caminho; O jogo do contrário em
Avaliação; Avaliação e Educação Infantil: um
olhar sensível e reflexivo sobre a criança;
Avaliando redações: metodologias e
instrumentos de avaliação.

Foco central do livro

Jussara Hoffmann é uma das maiores Neste livro Jussara destaca o que se tem
especialistas em avaliação da aprendizagem visto é uma corrida desenfreada de
do país. Iniciou seus estudos e pesquisas instruções, de dar conta dos conteúdos, de
nessa área em 1979, na UFRJ, tendo se apostilas, de atividades e dos compromissos
tornado a segunda Mestra em Educação do escolares. E nessa correria muitos alunos
país na Linha de Pesquisa Avaliação ficam esquecidos no meio do caminho. O que
Educacional. Desde lá, destaca-se pela sua pode ser feito em termos de uma avaliação
contribuição inovadora nessa área, mediadora é “pensar em cada aprendiz de
desenvolvendo a teoria de Avaliação uma sala de aula, acabando com os
Mediadora. anonimatos, valorizando-os como sujeitos de
sua própria história, assumindo o
Graduada em Letras pela UFRGS em compromisso, como educadores, de otimizar
1974, atuou desde jovem como professora e tempos e oportunidades de aprender” (p. 15).
coordenadora pedagógica na rede pública e Para Hoffmann a avaliação mediadora deve
privada de ensino de Porto Alegre. Após o acontecer em três tempos:
Mestrado, atuou como docente em curso de 1. tempo de admiração dos alunos;
especialização na PUCRS e, a partir de 2.tempo de reflexão sobre suas tarefas e
1986, como Professora Adjunta na manifestações de aprendizagem;
Faculdade de Educação da UFRGS, 3. tempo de reconstrução das práticas
instituição na qual ampliou estudos e avaliativas e/ou de invenção de estratégias
pesquisas sobre Avaliação Mediadora
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pedagógicas para promover melhores registrado nos arquivos das instituições.


oportunidades de aprendizagem” (p. 18-19). Esse tempo é prospectivo e não linear,
implicando um olhar “curioso” sobre o outro e
Parte 1 - “O jogo do contrário em sobre os próprios pensamentos.
avaliação” Observar um por um - Ao invés
de um olhar periférico, genérico e O princípio de compreender
circunstancial, cada aluno deve ser olhado em Vai além do explicar. Exige, segundo Morin,
sua singularidade, pois a aprendizagem en- volvimento, relação humana e visa
envolve as dimensões afetivas, éticas, estéticas, entender o ser humano como objeto, mas
epistêmicas de um sujeito. também como sujeito.
Os “difíceis estudos de caso -Desde 1998
Hoffamann coordena o PAAE (Programa de O exercício do aprendizado do olhar
Assessoria em Avaliação Educacional) para Admirar o aluno pressupõe:
professores das redes pública e privada no Rio - A atenção e a presença do educador.
Grande do Sul. Desenvolve-se, nesse pro- Inclui a escuta de silêncios e ruídos na
grama, de 2001 a 2003, estudos de casos em comunicação;
instituições de ensino médio, técnico - Entrega ao outro. Ouvir suas
profissionalizante e superior, com hipóteses, seu pensar, sua
acompanhamento intensivo de um ou dois história;
alunos participantes do programa via - Olhar pesquisador.
instituições nas quais estavam inseridos. São Selecionar dados, ordenar, classificar,
diferentes séries e níveis de ensino cujo comparar, interpretar os significados.
processo de aprendizagem estivesse sendo
considerado “difícil” pelos professores. Algumas questões iniciais
Com objetivo de desenvolver projetos e
práticas inovadoras de avaliação reuniram- - Quem é o aluno? O que se
se, quinzenalmente, por aproximadamente conhece de sua história de vida?
três meses, grupos de 30 educadores, da - Como é percebido no contexto
familiar e escolar?
educação infantil à universidade, com
- Como ele próprio se refere a
funções diversas (estudantes, professores, esses contextos e como se percebe
orientadores, supervisores, diretores, neles?
secretários etc.). Foram 80 estudos de casos - Como se deu a sua
de alunos (de 6 a 36 anos), da educação escolarização até esse momento?
infantil à universidade. Devido a participação - Quais são os seus interesses
maior de professores do ensino fun- pessoais e/ou profissionais, projetos de
damental, houve maior concentração nesses vida, conquistas, necessidades,
casos. Entre as redes pública e privada, o dificuldades?
número de participação foi aproximado. O - Como ele estuda na escola e
relato não é de cunho acadêmico, pois não é fora dela? Tempo e recursos que
pesquisa, sim assessoria. dispõem para isso?
- Que apoios e orientações
Avaliação mediadora em três tempos - recebe em termos de suas atitudes e
Cada etapa levou um mês, juntamente com as aprendizagens?
aulas teóricas, as leituras e os debates em - O que revelam suas tarefas
grupo, apresentação dos estudos de casos. anteriores, testes, cadernos, registros
escolares?
Passo a passo do trabalho de
O compartilhamento do olhar
Hoffamann dentro deste projeto.
avaliativo
1 - TEMPO DE ADMIRAÇÃO DOS
Pressupõe o diálogo contínuo com
ALUNOS
o aluno, familiares, amigos e com todos
os profissionais que compartilham os
espaços escolares. Há um pedido de
Inicia-se a partir do histórico do aluno “socorro” generalizado. O “verdadeiro”
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diálogo pressupõe retorno, interlocução,


reconstrução conjunta das práticas Valoração objetiva e subjetiva:
avaliativas. um olhar em ação
- Refere-se ao olhar subjetivo da avaliação:
A multidimensionalidade do Só posso ver no “outro” o que entra em
olhar sintonia comigo, com meus próprios
conhecimentos, experiências,
Necessita da “consciência” como sentimentos; assemelha contemplação em
elemento essencial da avaliação arte, isto é: de decifração (ativamente, dar
mediadora. Devido sua complexidade, sentido ao que vê); de mediação
caracteriza-se por interpretações de (multiplicar as direções do seu olhar...
diferentes intensidades e matizes atribuindo significados) e de realização
(qualidade), sobre as múltiplas (interagir com o aluno, para ter consciência
dimensões do aprender de cada aluno de suas aprendizagens); de realização
(aprendizagem), que se realizam a partir (interagir com o aluno, para ter cons-
de concepções de educação, de sujeito, ciência de suas aprendizagens). São
de sociedade também diferentes necessários os princípios de
(avaliação). provisoriedade e complementariedade,
isto é, olhar que vai além da primeira
impressão, privilegiando as diferenças em
detrimento de possibilidades
E o que se admira afinal homogeneizadoras.
dos e nos alunos?
Para compreender a trajetória Auto-avaliação: um olhar que
de um aluno, é necessária uma “realiza” o pró- prio aluno
observação em ação, isto é, uma O aluno precisa saber dos cuidados
reconstrução permanente de que lhe são destinados,
hipóteses. Algumas dimensões responsabilizando-se pela própria
investigadas em seus estudos: aprendizagem. Quando professores
o aluno em relação ao contexto dialogam continuamente com os alunos a
sociocultural e a sua própria história respeito do fazer pedagógico, desfaz-se
de vida; o mistério e o temor do processo
o cenário educativo; avaliativo, cria-se a empatia, reconhece-
o currículo em se a pluralidade de ideias, valorizam-se
desenvolvimento; as individualidades.
as questões da aprendizagem:
histórico de aprendizagem,
afetividade, Conselhos de Classe:
contextos de aprendizagem ex- compreender para encaminhar?
tracurriculares, Compreender é reunir os vários
projetos pessoais de estudo. elementos de uma dada explicação. O
sentido dos Conselhos é o de definir ações
A perigosa prioridade às diversificadas pelo coletivo dos
questões atitudinais - professores em termos do trabalho de
Abandonar as velhas posturas de formação dos alunos e do
encontrar justificativas diante dos casos acompanhamento de suas aprendizagens
“difíceis” não é tarefa das mais fáceis. É nas diferentes áreas.
preciso considerar o sujeito em sua
singularidade. Agressividade, apatia, Alguns princípios sobre Conselho
desinteresse, agitação. Ausência não de Classe:
explicam nem justificam problemas de
aprendizagem na escola. O inverso é
muito mais frequente. Em muitos casos 1 - É espaço pedagógico de
acompanhados, as condutas dos alunos compartilhamento de juízos avaliativos
melhoraram sensivelmente à medida que sobre aprendizagens e de troca de
avançaram na alfabetização, na escrita, na experiências docentes nesse sentido.
leitura, nas disciplinas nas quais estavam 2 - Delibera ações futuras e
sendo orientados. compartilhadas sobre casos individuais
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e/ou de grupo.Seu propósito é uma leitura


integral e interdisciplinar de aluno por Requer a intenção pedagógica do
aluno pelo coletivo dos professores em professor no sentido de que se faça o
determinados momentos do processo(…) “silêncio” que permita refletir, interpretar as
3 - É necessária a presença de um situações de aprendizagem e transformar as
mediador que assegure o diálogo entre práticas avaliativas em mediadoras. Assim, é
os professores. necessário:
4 - Dedicar um tempo maior a
alguns alunos e/ ou algumas turmas. - ultrapassar o “pensar como fazer
5 - Lembrar que (…) questões atarefado” da sala de aula em direção à ação
atitudinais, fatores emocionais, de saúde e reflexiva intencional, planejada e
familiares não explicam todas as longitudinal, em relação a cada aluno e em
questões de aprendizagem. relação ao saber pedagógico;
6 - É preciso constituir arquivos, - levar mais a sério as observações do dia
fazer e refazer trajetórias percorridas pelo a dia da sala de aula, anotando-as,
grupo, buscando estratégias que foram identificando os sujeitos dessas
positivas e reconstruindo novas formas de observações;
atuar. - perceber as faltas, as dissonâncias, os
obstáculos espistemológicos possíveis
Arquivos e registros: constituindo decorrentes das pro- postas pedagógicas,
histórias para vir a ajustar e detalhar os rumos do
planejamento;
- Professores constituam um dossiê do - interpretar o sentido das
aluno, com tarefas de acompanhamento de aprendizagens construídas nas tarefas
etapas evolutivas; faça comentários nessas avaliativas e situações de
tarefas, articulando-as, em outro momento, aprendizagem dos estudantes (para
com observações mais recentes. além de apenas corrigi-las), arquivando
informações que considerar relevantes
Leitura positiva com apoio para o seu acompanhamento;
multidisciplinar - conversar com os alunos sobre as
situações observadas e as tarefas
A avaliação (como ato valorativo) faz analisadas, mediando aprendi-zagens
emergir muitos sentimentos da própria história em construção;
do professor, e isso deve ser considerado no - reunir, de tempos em tempos,
processo avaliativo. Os pais não devem ser tarefas parciais e gradativas dos
responsabilizados pela aprendizagem de seus alunos que permitam a elaboração de
filhos. Compartilhar o projeto pedagógico é sínteses para a compreensão do
dialogar com familiares e responsáveis, conjunto e a to- mada de decisões
condição fundamental para uma boa pedagógicas em relação às
condução do processo avaliativo. aprendizagens individuais do grupo.

1 - Tempo de reflexão: Corrigir Algumas questões, a partir


tarefas ou interpretar situações de de tais premissas:
aprendizagem?
Esse tempo exige um silêncio que - Que instrumentos são utilizados
permita a exploração, o alargamento da para observar as aprendizagens dos
visão, a introspecção antes do agir, um olhar alunos?
reflexivo do avaliador, mantendo uma - Que acompanhamento se faz do
postura investigativa, uma atitude de material do aluno e de que forma (em
tolerância e de diálogo frente às novidades, grupo, individuais, textos, exercícios,
além de uma conduta de responsabilidade cadernos, outros)?
compartilhada: dialogar com colegas e - Como o professor
alunos, transformando reflexões e estudos corrige/interpreta os instrumentos
em práticas individuais. (formas de correção, de anotação no
instrumento do aluno, registro no
material do professor, etc.)?
Interpreta-se para compreender - Como procede em termos de
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devolução dessas correções ( tempo as suas possibilidades cognitivas. E para


que leva para isso, retomada indi- isso, não existe tempo determinado, todos os
vidual ou coletiva, devolução ou não dias, todos os momentos devem ser de
do instrumento, etc.)? investigação e tentarmos verificar, no aluno,
- De que forma trabalha a partir das às dimensões em que deve ser desafiado
dificuldades e necessidades para avançar em todas as áreas do saber.
percebidas nos alunos nesses A compreensão do aluno se dá em vários
instrumentos? espaços, muitos momentos de diálogo com o
- Como procede em relação a erros e próprio aluno, com a família, seus amigos,
acertos (que anotações faz nos colegas, professores, funcionários.
instrumentos ou nos seus registros, Jussara destaca que não podemos nos
comentários ao grupo ou individuais, abater, perder nosso entusiasmo diante das
planejamento de outras atividades
incerteza, mas sim fazer a diferença, escutar,
referentes, etc.)?
dialogar ao invés de “dados objetivos e
- Que códigos/anotações registra
mensuráveis que se originam de uma visão
sobre o desem- penho do aluno (notas,
classificatória e elitista” (p. 27).
conceitos, registros descritivos)?
O professor precisa provocar e fazer
- Como o professor chega ao
acontecer as diferenças sejam elas de ideias,
resultado final do bimestre, trimestre,
semestre (como realiza essa síntese)? de sentimentos de expressão, de jeitos de
Segue o regimento da escola ou faz viver e de ser. É fundamental que o professor
adaptações próprias? escute seu aluno, desafie-o a escrever sobre
- Como leva em conta as atitudes o que sabe, o que sente, o que deseja.
do aluno? Buscar a aproximação e confiança do aluno
- Como se dão os Conselhos de Classe e estabelecendo um diálogo intenso e “dizer
qual a forma de participação de alunos, que se está cuidando para que aprendam
professores, pais e outros? mais, que se está muito preocupado com ele,
- Como se tomam as decisões de carinhosamente. Sem surpresas, sem
aprovação e reprovação? mistérios” (p. 35).
- Quais os procedimentos pedagógicos Segundo Jussara, o sentido da auto-
decorrentes dos Conselhos de Classe? avaliação mediadora é o de que o aluno se
- Como são feitos os estudos de
recuperação? perceba aprendendo e que ele tenha prazer
- Qual a participação dos pais na entrega e curiosidade para querer aprender mais,
de resultados e outras questões da superando suas dificuldades. E a autora dá
avaliação? algumas dicas para que isso aconteça. Fazer
- Que formas de registro, relatórios, o aluno “participar do processo todo o tempo,
dossiês ou documentos sobre o aluno são desde o primeiro dia de aula, a partir do
arquivados na escola (por quem, de que diálogo, de processos interativos, de desafios
forma, para quê)? cognitivos, apontando-lhe os avanços,
vibrando com ele, escutando as perguntas
que faz, tornando-o mais curioso sobre tudo”
Conclusão parte 1 (p. 36).
Hoffmann destaca a importância de que o
- TEMPO DE ADMIRAÇÃO professor faça um dossiê dos alunos
“O tempo de admiração não se inicia com o arquivando tarefas, textos, testes para que se
ano letivo, mas antes de o professor iniciar possa ter um conjunto de dados sobre sua
com os alunos, pesquisando nos arquivos aprendizagem.
das instituições, resgatando suas histórias de É importante estar criando um grupo de
vida, a partir de entrevistas com eles, de especialistas, psiquiatras, psicólogos,
conversas com seus professores de anos psicopedagogos entre outros para apoiar e
anteriores e familiares, da análise de tarefas orientar no sentido de que direção,
e da leitura de registros de avaliação” (p. 21). professores, coordenação pedagógica
Esse primeiro tempo, para a autora, é o de saibam lidar com as dificuldades de
continuidade, o de compreender a vida do relacionamento.
aluno, suas vivências na família, na escola,
na sociedade, compreender a sua história e
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Manter-se atentos às
2-TEMPO DE REFLEXÃO: possibilidades dos alunos.
ENTRELAÇANDO OLHARES Ajustar tempos, espaços e
recursos às necessidades de
cada um.
- A prática da sala de aula exige
estratégias que vão além da base teórica.
*Mediar a experiência
Uma reflexão necessária em relação ao educativa- Promover a
cenário avaliativo, às relações afetivas, à inserção afetiva entre todos os
dinâmica das aprendizagens. elementos da ação educativa.
Desenvolver situações
Sobre o cenário avaliativo diversificadas em diferentes
tempos do processo.
Tom afetivo ou agressivo na condução
dos trabalhos pode ser diretivo e *Mediar a expressão do
limitador das respostas dos alunos ou conhecimento-Interpretar a
provocativo e convidativo à “expressão” das
aprendizagem. aprendizagens individuais.
Adequar tarefas avaliativas ao
Sobre as relações afetivas contextoeducativo.
Acompanhar a evolução e o
Propiciar o diálogo entre os conjunto das aprendizagens
envolvidos no processo avaliativo, dos alunos por meio de tarefas
evitando o clima de disputa. É preciso gradativas e complementares.
pensar algumas questões: Indaga-se:
- Qual é o significado das tarefas
avaliativas? O aluno se envolve com a tarefa
- Como proceder em termos de de aprender?
devolução das tarefas e testes para que A participação dos alunos processo
se mantenha o tom afetivo em relação avaliativo é essencial à formação de sua
ao educando? autonomia. Diligenti diz que os
- Como conversar com os alunos educadores devem voltar “seus olhares
sobre o que se observa deles? para compreensões educativas menos
- Como e quando os professores absolutas, mais ternas e acolhedoras”.
poderão trocar suas observações sobre
diferentes testes, tarefas e situações de Como o aluno interage com os
aprendizagem? outros?
- Como assegurar a participação dos
alunos nesse processo? Proporcionar ao aluno integração
- De que forma e em que em um grupo de trabalho, com
tempos isso poderá ocorrer? momentos de argumentação e troca de
ideias, fundamentais à superação
intelectual, contando com a mediação
Sobre a dinâmica das do professor.
aprendizagens
Mediar a expressão de sentido?
As propostas pedagógicas
mobilizam os alunos de forma É buscar entender o que o aluno
diferente. São etapas cíclicas e aprende na sua prática escolar através
evolutivas de mobilização do seu da manifestação de suas múltiplas
desejo ou necessidade de linguagens (fala, escrita, desenho, gestos
aprender (Charlot) etc.), que são interpretadas pelo olhar
avaliativo de um professor consciente
Desenvolvendo o tema: de que o observável é a expressão da
aprendizagem do aluno. No entanto,
DINÂMICA DA AVALIAÇÃO uma tarefa ou situação observada só
poderá ser considerada significativa
*Mediar a mobilização- para um processo avaliativo media- dor
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se as intenções do educador estiverem


claras a priori, e não a posteriori. No saber ler e no gostar de
ler?
Análise epistemológica dos
avanços e necessidades percebidas Gostar não é sinônimo de
- O objetivo da interpretação das aprender. Desenvolver o desejo de
tarefas e das situações de aprender e o compromisso do aluno
aprendizagem é o de traduzir as com sua tarefa de aprender.
reflexões em estratégias pedagógicas. O
professor, como mediador, deve propor - No aprender a ser e a
situações-problema e desafios conviver?
adequados para que os alunos os
vivencie e possam ultrapassá-los. Valorizar histórias, retomar diálogo
entre os envolvidos na ação educativa
Percursos possíveis de um olhar e o bom senso, precisam ser
reflexivo resgatados.
Toda manifestação do aluno tem de
se considerada relevante para o A qualidade dos instrumentos
avaliador. de avaliação

Em ideias interessantes e Como instrumentos são


diferentes? considerados algo concreto, uma
observação só se tornará instrumento
O que depende do cenário se for transformada em registro. Os
educativo, que é de instrumentos só terão sentido para
responsabilidade da escola e dos quem os interpretar. Algumas reflexões:
professores. 1 - Toda produção escolar com
intencionalidade do professor são
Em progressos tarefas avaliativas.
significativos nas várias áreas 2 - Tarefa elaborada pressupõe
do conhecimento? um tempo “a priori” de observação e
O educador deve ser capaz de reflexão.
perceber os saltos qualitativos, 3 - Nitidez progresso intelectual e
intelectuais e afetivos do aluno na moral, articulando-se cada etapa às
escola. etapas posteriores.

Em conteúdos aprendidos 4 - Refletir sobre as tarefas feitas


ou em suas formas de versus o momento/intenção em que
expressão? elas ocorrem.
O educador precisa mediar
saberes diferentes com estratégias Aspectos que devem ser
pedagógicas pertinentes. levados em conta ao se elaborar
tarefas avaliativas
- Não têm a finalidade de comparar
alunos e selecioná-los.
No conteúdo das perguntas - Devem conter diferentes questões
ou nas perguntas feitas? sobre uma mesma noção para que o
Uma mesma pergunta pode ser professor possa fazer uma interpretação
entendida diferentemente por cada consistente dos avanços e das necessidades
aluno. dos alunos na área investigada.
- Evitar questões objetivas e privilegiar
No aprender a aprender? questões dissertativas, produção textual.
- Tarefas que permitam melhor identificar
e descrever as aprendizagens individuais.
Dúvidas não são erros e processos - Reunir professores de uma mesma
não são resultados. Acompanhar um
área para analisar um conjunto de tarefas
processo de aprendizagem requer respondidas e já corrigidas e compartilhar.
observação, diálogo, anotações etc.
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reflexivo exige tempo e espaço e não pode


O tempo de reflexão e a dimensão do ser solitário, mas solidário e humilde. Exige
sensível também constância e fundamentação” (p. 73)
A aprendizagem é traduzida por meio de
palavras e dos sentimentos; a mediação é
como produção de sentidos: encontro, 3- TEMPO DE RECONSTRUÇÃO:
aproximação, interlocução, convivência. Avaliar para aprovar e reprovar ou
Esse é o objetivo de uma escola e da formar para a vida?
educação. Defende-se a possibilidade de escolhas
das avaliações que o educador pode praticar
Conclusão: nas escolas. Apresenta-se a experiência de
TEMPO DE REFLEXÃO alguns países que avançaram nesse
processo, ressaltando o olhar conservador e
“Predispor-se a momentos de pensar sobre o talvez “esperançoso” do Brasil para adotar
que se observa possibilita interpretar em práticas já prontas. No Seminário
termos didáticos, epistemológicos e Internacional “Educação, Ciência e
relacionais as situações de aprendizagem Tecnologia como Estratégia de
vividas pelos estudantes, transformando as desenvolvimento” (UNESCO/MEC), realizado
práticas avaliativas em mediadoras, no em Setembro de 2003, em Brasília,
sentido de serem intencionalmente especialistas da Coréia do Sul, Espanha,
construídas na direção de seus diferentes Finlândia, Irlanda, Malásia e Reino Unido
interesses e necessidades” (p. 46). relataram suas experiências de sucesso nas
Hoffmann destaca que “o processo avaliativo mudanças educacionais, resultando bons
destina-se a observar, refletir e favorecer indicadores de qualidade de educação
melhores oportunidades aos alunos na básica no instrumento de avaliação
sucessão de etapas que constituem a internacional, PISA.
dinâmica de sua aprendizagem” (p. 53) Na última pesquisa do PISA, para a
E ela insiste na seguinte dinâmica da Cooperação e desenvolvimento Econômico
(OCDE), o Brasil, entre 41 países, ficou nos
avaliação: Mediar a mobilização – Manter-se
últimos lugares do ranking. O objetivo era
atento aos interesses dos alunos, ajustando
analisar como os especialistas desses países
as atividades, introduzindo tarefas, novos percebiam as repercussões das mudanças
textos, mudando as situações e educacionais em relação a questões sociais.
diversificando-as, providenciando recursos Outras pesquisas, como a do Sistema de
necessários. “Esse é o tempo de assegurar o Avaliação do Ensino Básico (SAEB),
interesse dele em aprender, pela também apontam que as políticas
organização e manutenção de um ambiente educacionais brasileiras não estão sendo
provocativo, significativo e adequado às suas adequadas, por manterem a mesma lógica
possibilidades” (p. 55) do sistema, a seleção, a competição o
Ao trabalhar com situações interativas instrucionismo.
devemos assegurar o envolvimento dos
alunos, comentando suas soluções, seus
avanços, fazendo-o refletir sobre as tarefas Experiências e estudos no país -
realizadas, trabalhando em grupos para que Caminhos que as secretárias de
pensem juntos sobre estratégias de educação, escolas e professores vêm
resolução de problemas, cooperando pela trilhando em busca do sucesso,
troca de argumentos, pelos comentários e em relação:
pelos desafios.
Para Jussara, os trabalhos escolares Ao processo de reconstrução,
qual a direção que as instituições
devem ser em horário de aula com o
costumam seguir?
acompanhamento do professor nas - buscam melhoria das relações
discussões e observe o aluno na sua grupais, salariais; integração do corpo
individualidade. Os grupos devem ser docente e diálogo com os envolvidos
sempre variados. no processo de aprendizagem;
Jussara evidencia que precisamos de participação docente na elaboração
“olhares conscientes e reflexivos. Esse olhar de projeto político-pedagógico;
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formação continuada etc. A autora afirma que muitos são os desafios


para se colocar em prática uma avaliação
Às práticas avaliativas, que mediadora: famílias que não aceitam a
ações vêm sendo abolição das notas e médias; adoção de
implementadas por essas apostilas que acaba que o professor não
instituições e professores? decide as atividades, a sequência dos temas;
- visão integral do aluno (aspectos rotatividade de professores; formação
afetivos e dialógicos), integrando ao docente(curso superior e falta de leitura e
processo avaliativo as tarefas e estudos)
situações de aprendizagem, com
Hoffmann acredita que não podemos ficar
cuidado de registrar para contribuir
esperando as mudanças acontecerem, pois
com a construção de um dossiê de
cada aluno. isso é ilusão. As condições culturais, os
- Planejar e mediar os espaços que recursos que temos são esses. Então
facilitam a interação de todos. precisamos cuidar das nossas crianças e dos
- Pensar os Conselhos de Classe nossos jovens para que eles possam
de forma construtiva, estreitando a transformar o país que temos.
reflexão entre os professores sobre a “Quando se toma consciência de algo,
aprendizagem como processo. quando se entende uma questão em
- Dispor do apoio de grupos profundidade, em sua essência, destacando-
multidisciplinares. se o que é relevante dentre o que pode ser
visto e sentido, então se está avaliando este
Aos entraves percebidos? algo. Este algo, agora, parte de quem avalia.
- Um entrave em termos Não há como ficar de fora, passa a ser uma
administrativos, constatado na escola esperança vivida: um inédito-viável” (p. 121)
privada, é a família não aceitar a
abolição do sistema de notas. Outro, é
a adoção do sistema de apostilas,
destituindo o professor como autor em
sala de aula.
- A rotatividade dos professores que
também carecem de uma formação Parte 2 - Entre claros e escuros da
adequada e formação continuada. avaliação
Avaliação formativa ou avaliação
As últimas páginas dessa parte do livro mediadora?
apresenta alguns relatos de casos “difíceis”, Contrapõe-se a ideia de testes, provas ou
com a intenção de desvelar possibilidades de exercícios (instrumentos de avaliação),
fazer diferença nas escolas. Segundo Hoffmann, é boletins, relatórios, fichas, dossiê do aluno
ilusão esperar que as condições socioculturais (registros de avaliação) como avaliação.
melhorem para se cuidar das crianças e Avaliar é um processo contínuo, múltiplo e
jovens desse país como eles tanto precisam. complexo. Antes de mudar metodologias, é
Prefiro fazer o jogo do contrário: cuidar deles preciso pensar como os educadores
primeiro, para que eles transformem esse significam / pensam a avaliação. Esse
país. O essencial no jogo do contrário em processo só se constitui quando ocorrem
avaliação é DUVIDAR SEMPRE DO esses três tempos.
PRIMEIRO OLHAR! Processo subjetivo e multidimensional -
Em toda relação educador / educando faz-se
Conclusão:
necessário o processo avaliativo mediador,
TEMPO DE RECONSTRUÇÃO favorecendo procedimentos dialógicos.
Reforça-se a ideia de que o olhar avaliativo
Jussara relata as reformas implementadas deve se preocupar com as singularidades dos
na Finlândia e destaca que é o país que se educandos, justamente para que as
destaca em programas de leitura; Também estratégias pedagógicas não sejam
destaca sobre a reconstrução da educação homogeneizantes. Assim, além de prezar pela
na Malásia a partir da diversidade e da evolução individual, a avaliação deve
multidimensionalidade de valores de seu promover espaços interativos frente a um
povo. contexto da diversidade.
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Uma ação em três tempos - A observação, reflexão e resolução de problemas, contando
a reflexão e a ação não se dão em tempos com a mediação de um educador.
lineares, exigindo do professor uma
flexibilidade para o diferente, implicando no Vygostsky
diversificar sem rotular, sem discriminar, A mediação é fundamental para o
mantendo o respeito na relação dialógica. desenvolvimento humano como um processo
Sempre estão presentes, na dinâmica escolar, sócio-histórico, uma vez que, como sujeito do
os três tempos da avaliação mediadora: da conhecimento, seu acesso aos objetos de
admiração, da reflexão, da reconstrução conhecimento não é direto. Ao fala em ZDP
das práticas avaliativas. (zona de desenvolvimento proximal), ressalta
a importância do papel mediador do professor
Tempo de admiração no processo da aprendizagem. Ao intervir na
Aprende-se a “admirar” o aluno. É através ZDP o professor passa a ser um facilitador da
de um olhar ingênuo que ocorre a percepção aquisição de novos conhecimentos por parte
do objeto “admirável” como um dar-se conta, do aluno. Deve atentar, no entanto, ao que o
uma pura opinião. Mas quando se adentra o aluno já conhece (desenvolvimento real já
que se admira, se alcança, de fato, o conquistado) para o que possa vir a ser ou
conhecimento sobre o objeto “admirado”. conhecer.
(Freire) Para Piaget e Vygotsky, o papel do
educador na construção do conhecimento é
Tempo da reflexão insubstituível. Prezam, nos processos de
aprendizagem, a interação adulto / criança e
Propõe questionar as hipóteses criança / criança. Assim, avaliação mediadora
constantemente. busca promover o desenvolvimento dos
envolvidos nesse processo, contando com
Tempo da ação reflexiva / da relações afetivas equilibradas e desafios
mediação intelectuais permanentes, prezando o diálogo e a
interação. Dessa maneira, transpõe-se três
Pressupõe a tomada de consciência, do princípios essenciais para a prática avaliativa:
comprometimento dos professores.
Uma concepção formativa e mediadora
- Ao considerar um processo de avaliação
formativa a partir do pressuposto da
continuidade do processo de aprendizagem e 1-O princípio
intervenção pedagógica permeada por dialógico/interpretativo da
desafios, é preciso ressaltar que a avaliação, avaliação
mediante testes, é classificadora. Afinal, a A intenção é a de convergência de
essência de uma concepção formativa implica significados, de diálogo, de mútua
o estreitamento da relação do professor com o confiança para a construção conjunta de
aluno, promovendo, ao tomar consciência de conhecimento.
sua responsabilidade na aprendizagem, o 2-O princípio da reflexão
desenvolvimento de seus alunos mediante prospectiva
intervenções pedagógicas. Ou seja, Quem o aluno é, como se sente e vive
assumindo uma postura mediadora que as situações, o que pensa, como aprende,
realmente faça a diferença. com quem aprende? Uma leitura que
intenciona, sobretudo, planejar os
As contribuições de Piaget e próximos passos, os desafios seguintes
Vygotsky - Tanto Piaget quanto ajustados a cada aluno e aos grupos.
Vygotsky valorizam as interferências
mediadoras significativas. 3-O princípio da reflexão-na-
ação
Piaget
Privilegia desafios cognitivos nas situações Avaliar com um processo mediador se
educativas, responsabilidade do educador, em constrói na prática. Para acompanhar o
detrimento do “instrucionismo”. Sua concepção “ritmo alucinado de uma es- cola”, faz-se
de aprendizagem está permeada pelo necessário, também, admitir que não se
pressuposto do desequilíbrio, do conflito, da sabe, para então tentar descobrir como
fazer.
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Daí a importância de se ter valores éticos


1 - Aprender ou não aprender? de dignidade e justiça na condução desse
O não aprender de um aluno está processo.
diretamente ligado a algum parâmetro ou
expectativas de desempenho definido pela Evolução e conjunto das aprendizagens
escola, permeando o olhar avaliativo do - É uma visão dialética do conhecimento
professor. Assim o aluno não aprendeu que permeia a avaliação
determinadas informações, no tempo aprender/processo, seguindo os princípios
programado, no ritmo de outros, a da provisoriedade e o da
responder de acordo com o previsto, complementariedade, já discutidos
habilidades previstas, em tarefas anteriormente. A avaliação mediadora é
propostas. de caráter longitudinal, isto é, acompanha a
evolução das aprendizagens nos vários
Com que critérios avaliamos? tempos e no espaço dos múltiplos fazeres,
Há sempre critérios implícitos nos e alcança significado por meio de uma
processos avaliativos, uma vez permeados visão de conjunto (diversas situações e
pela subjetividade que interfere no juízo manifestações do aluno em articulação e
avaliativo. Demo diz que toda avaliação é complementação).
injusta, incompleta, autoritária, excludente
etc. Os critérios de avaliação devem ser O aprender e o desejo de aprender - É
pontos de partida do olhar avaliativo, e um equívoco das escolas a prática
não pontos de chegada, abrindo-se à classificatória que transforma a
perspectiva multidimensional da aprendizagem em obrigação, em
aprendizagem do aluno. competição, destituindo do aluno o prazer e
o gosto pela aprendizagem, além da
experiência de alegria, dito por Fernández.
Leituras positivas e negativas - A Para entender de avaliação
avaliação classificatória é uma prática formativa/mediadora, é fundamental
negativa, que destaca o não- feito, com forte conceber o aprender no conceito
inclinação para reprovar. No jogo do multidimensional. Portanto:
contrário, propõe-se uma leitura positiva - A avaliação não tem por objetivo definir
sobre o aprender, isto é, avaliar para se os alunos aprendem ou não aprendem. (…)
promover, cujo olhar tem de ser prospectivo, todos aprendem (…) É preciso perguntar
multidimensional, com atenção às sobre que oportunidades podemos criar.
potencialidades. - Não há parâmetros de julgamento que
dêem conta da diversidade do contexto
O aprender ser complementos - É educacional e do ato criativo nas
necessário fa-zer a pergunta “o aluno aprendizagens. Critérios de avaliação são
aprendeu?”, ao se pensar o acompanhamento pontos de partida do olhar avaliativo,
da aprendizagem, por considerá- la mais subjetivos, questionáveis e passiveis de
ampla e abrangente. O Relatório da dúvidas.
UNESCO para a Educação do Séc. XXI - A leitura sobre o aprender precisa ser
(publicado em 1996, com o título: “Educação, positiva, prospectiva e multidimensional: um
um tesouro a descobrir”) tem o olhar confiante das várias potencialidades
compromisso de abranger as dimensões do dos alunos, não importando as diferenças.
aprender, do aprender a aprender, do - É possível e desejável conjugar o verbo
aprender a fazer, do aprender a viver aprender sem complementos, isto é, de
junto, do aprender a ser. Pensando a desenvolvimento do aluno, de formação
avaliação, o verbo aprender, no sentido moral e intelectual. A avaliação mediadora
multidimensional, propõe acompanhar a se efetiva se entendida como observação,
aprendizagem no seu processo, captando análise e mediação acerca do conjunto das
sua dinâmica,atentando para o provisório e aprendizagens, privilegiando o
o complementar. aprender/processo e não o aprender/
O Avaliador constrói significados na produto.
relação com o aluno, uma vez que seu olhar - É imperativo ensinar e mediar o prazer de
é interpretativo, que vão muito mais além do aprender nas escolas, valorizando-o e
que instrumentos objetivos podem captar. percebendo-o na dimensão estética do
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conhecimento. qualitativa, mediante registro e observações do


professor sobre o processo de aprendizagem
2 - Respeitar ou valorizar as do aluno.
diferenças
Além do respeito às diferenças, é preciso Qualidade e diversidade: uma questão
valorizá-las. Isso pressupõe a não de critério?
uniformidade dos modelos classificatórios de Toda avaliação carrega critérios subjetivos,
avaliação. A justiça em avaliação só é baseados na experiência de vida do
possível mediante a palavra diversidade mediador. Requer, devido sua complexidade,
(origem em divergir, que significa afastar-se avaliadores que tenham responsabilidade,
progres- sivamente dos limites fixos e atenção às diferenças e individualidades,
precisos, discordar, dis- crepar, questionar além de bom senso e atenção aos fatores
padrões, buscar a diferença.) Além de ser que interferem nos juízos avaliativos:
justo, é preciso ter outras virtudes: generosi-
dade, humildade e tolerância. a) o efeito de halo (avaliação holística):
fatores isolados dos alunos podem levar a
Cuidados especiais - Há alunos que interpretações generalizantes;
necessitam de cuidados especiais, como b) os estereótipos e preconceitos: apelidos
uma criança “surda”, por exemplo. Neste pejorativos, alunos nota dez etc.;
sentido, faz-se necessária formação c) o foco em aspectos relevantes para o
profissional adequada para que se possa com- professor: revelando o caráter sempre
preender e atuar nesse contexto. interpretativo do processo avaliativo pelo
professor;
Uma pedagogia do contágio - É d) a extensão no tempo: um fato ocorrido
fundamental que o professor compartilhe sua com o aluno afeta, por decorrência, muitas
prática, buscando avanço teórico e novos outras situações de sua trajetória escolar.
desafios, contando com a contribuição de
mediadores para seu desenvolvimento Sensibilidade, razão e conhecimento -
profissional. Há regulares mudanças políticas, Sucesso é cooperar, é aprender junto com
o que causa entraves, principalmente na o outro, é ser feliz com o outro, é viver e
pressa por resultados imediatos. É preciso valorizar as diferenças que preservam a
investir na formação e alcançar o humanidade. Por isso, a escola não pode ser
envolvimento de todos. Uma “pedagogia do considerada um lugar onde se educam
contágio”, garantindo ao professor o papel de “vencedores” à custa de perdedores.
protagonista de sua ação.

Quantidade ou qualidade em
avaliação? Sistema de avaliação é causa ou
Os números (notas a testes e tarefas) conseqüência do fracasso escolar?
posicionam o aluno em uma escala de valor.
Essa posição parece “camuflar” outras As discussões sobre os ciclos - Os
questões mais graves da educação. Por ser resultados do SAEB 2003 comprovam que em
superficial, poupa o educador de fazer uma todo o Brasil a aprendizagem é deficitária. O
avaliação qualitativa das aprendizagens al- desencadeador está na alfabetização.
cançadas. Discute-se o sistema de avaliação para
disfarçar o problema. Não se constrói para as
Qualidade e aprendizagem: conceitos crianças espaços efetivos de aprendizagem,
multidi- mensionais - Ao buscar estratégias que privilegiem a concepção
mediadoras que possam promover novas multidimensional.
oportunidades de aprendizagem, a avaliação
mediadora exige qualidade do professor no Sobre o princípio de não reprovar –
sentido de registrar suas percepções sobre o Hoffmann Abre os parênteses para dizer que
processo vivenciado pelo aluno, aprova plenamente o princípio de não-
considerando as diversidades. reprovação, essência de um processo de
avaliação mediadora.
Da observação à ação-reflexiva - Há
necessidade de uma avaliação mediadora
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Avaliação e universidade - Sobre o
ensino superior, a avaliação segue os
mesmos parâmetros do ensino fundamental,
com discurso semelhante dos professores.
Reclamam dos sistemas menos rigorosos em
avaliação, quando comparados com
“antigamente”. Na universidade, o pacto é de
“mediocridade e laissez-faire”. Falar, então, de
rigor nesse processo implica retomar a
avaliação mediadora que pressupõe
compromisso tantos dos professores como dos
alunos. O primeiro, desafiador e orientador;
o segundo, assumindo o desafio buscando
autonomia em sua aprendizagem.

Movidos pela aprendizagem?


Predominam as discussões sobre as
formas de registro do desempenho escolar,
dando-se pouca atenção ao processo da
aprendizagem. São muitos professores
universitários sem formação pedagógica,
reproduzindo modelo classificatório de
avaliação. Se não houver mudança de
concepção, não ocorrerão avanços. Afinal,
discute-se avaliação para tentar melhorar a
aprendizagem dos alunos, quando se
deveria fazer exatamente o inverso: discutir
a aprendizagem dos alunos para aperfeiçoar o
processo avaliativo e a educação
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avaliação e demandam o aprofundamento em


teorias do conhecimento e áreas específicas de
TESTES trabalho dos professores.
b) repousam no estudo das teorias de medidas
1.A avaliação numa perspectiva mediadora, educacionais e tratamentos estatísticos.
conforme entende Jussara Hoffmann , tem a c) priorizam a elaboração de instrumentos e
finalidade de: registros de avaliação que devem ser o ponto
de partida dessa discussão.
a) Estabelecer a classificação entre os alunos d) valorizam o significado da avaliação que
capazes e incapazes, comparar diferenças, ocorre nas escolas em detrimento da avaliação
definir padrões homogêneos de sucesso e que se processa em nosso dia a dia, dos atos
fracasso. diários.
b) Acompanhar e favorecer a progressão e) apontam a necessidade de separar o tempo
contínua do aluno, através das etapas de de agir (dar aulas, explicações, exercícios) do
mobilização, experiência educativa e expressão tempo de pensar, refletir, julgar resultados.
do conhecimento.
c) Possibilitar a tomada de decisões de 4-Alice, uma professora de educação
classificação com relação ao aluno, e decisões básica adjunta, auxilia Cleide, professora
referentes à promoção e certificação pelo titular da classe de 2º ano do ensino
sistema educacional. fundamental, no acompanhamento dos
d) Manter o controle de cada passo do alunos durante a produção de textos em
processo de aprendizagem dos alunos, para duplas, atenta aos tipos de erros que os
classificá-los. estudantes cometem, aplicando a concepção
e) Favorecer o exercício da função burocrática, mediadora de avaliação de Hoffmann (2005),
com base em regras neutras, objetivas e segundo a qual o momento de correção
supostamente justas. passa a existir como um momento de

2. Acerca da avaliação mediadora, descrito a) reflexão sobre as hipóteses que vêm sendo
por Jussara Hoffmann, é correto afirmar: construídas pelo aluno.
b) apuração das hipóteses como
a) A avaliação deve ser como um controle definitivamente certas ou erradas.
permanente exercido sobre o aluno para que c) percepção dos erros reais e sistemáticos do
ele demostre comportamentos definidos como aluno.
ideais pelo professor. d) coleta de informações para avaliar o aluno e
b) Somente o sistema de avaliação tradicional selecioná-lo.
e classificatório assegura um ensino de e) classificação do aluno a partir de seus erros e
qualidade. acertos.
c) A manutenção das provas e notas é a
garantia do sucesso do processo de 5-Jussara Hoffmann, em seu livro: O JOGO
ensino/aprendizagem. DO CONTRÁRIO EM AVALIAÇÃO
d) A avaliação deve ser como uma ação apresenta posturas avaliativas classificatórias
provocativa do professor, desafiando o aluno a e mediadoras. Analise as afirmativas a
refletir sobre as situações vividas, a formular e seguir, com base na autora citada:
reformular hipóteses encaminhando-se a um
saber enriquecido. I. A avaliação mediadora realiza
pareceres descritivos com concepções
e) A avaliação deve ser classificatória, pois disciplinadoras, sentencivas e
somente dessa forma o aluno se tornará capaz comparativas que ferem seriamente o
de enfrentar a sociedade competitiva. respeito à infância.
II. A avaliação classificatória, geralmente é
3. De acordo com Jussara Hoffmann , os construída no final do semestre ou do
fundamentos de uma ação avaliativa ano letivo, registrando os
mediadora comportamentos que a criança
a) ultrapassam os estudos sobre teorias de apresentou não levando em
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consideração o cotidiano da criança. atividades e dos compromissos


III. A avaliação mediadora busca escolares. E nessa correria muitos alunos
permanentemente o significado de cada ficam esquecidos no meio do caminho. O
momento do trabalho para a formação que pode ser feito em termos de uma
de crianças autônomas, críticas e avaliação mediadora é:
participativas, sujeitos de seu próprio
desenvolvimento.
IV. Na avaliação mediadora, a história da I ( ) Pensar em cada aprendiz de uma sala
criança passa a ser de fundamental de aula, acabando com os anonimatos
importância, e os fatos vividos por cada II ( ) Valorizando os alunos como sujeitos
uma delas em diferentes situações, de sua própria história,
“não para comprovar que alcançou os III ( ) Assumir o compromisso, como
objetivos previstos pelo professor” educadores, de otimizar tempos e
(porque não os alcançará oportunidades de aprender
imediatamente), mas por serem pontos IV ( ) Praticar uma avaliação extremamente
de referência para uma ação educativa, classificatória e Tradicional
permanentemente, voltada ao seu
desenvolvimento máximo possível. Com Estão corretas, exceto:
base nas afirmativas acima assinale a
alternativa correta: A( ) I, II e III
B( ) II e III
A ( ) Somente as alternativas I, II e III estão C( ) II, III e IV
corretas. D( ) somente a IV
B ( ) Somente as alternativas I, III e IV estão
corretas. 8- Para Hoffmann a avaliação mediadora
C ( ) Somente as alternativas II, III e IV deve acontecer em três tempos:
estão corretas.
D ( ) Todas as alternativas estão corretas. I ( ) Tempo de admiração dos alunos
II( ) Tempo de reflexão sobre suas tarefas e
6- Jussara Hoffman quando pondera manifestações de aprendizagem;
sobre o uso equivocado dos testes, está III ( ) Tempo de reconstrução das práticas
preocupada em saber se os educadores avaliativas e/ou de invenção de estratégias
pensam e definem a intencionalidade pedagógicas para promover melhores
básica inerente à aplicação de testes ou oportunidades de aprendizagem
solicitação de tarefas ao aluno. Afirma ela IV ( ) Tempo das avaliações classificatórias
que, em função dos equívocos V ( ) tempo da avaliação mediadora e
decorrentes de imprecisões da classificatória
terminologia, o teste é entendido como VI ( ) tempo da cultura das diferenças e
instrumento: semelhanças

A ( ) adequado para a apreensão das


habilidades adquiridas Estão corretas:
B ( ) de constatação e mensuração e não de
investigação. A( ) IV, V e VI
C ( ) que possibilita a compreensão do B( ) I, II e III
desenvolvimento global dos alunos. C( ) I, IV e V
D ( ) privilegiado, para garantir a função D( ) II, III e VI
seletiva da escola na sociedade moderna.

9- Hoffmann cita em seu livro: o Jogo


7-No livro: O jogo contrário da Avaliação, contrário da avaliação, dois teóricos que
Jussara destaca o que se tem visto é uma contribuem para a valorização das
corrida desenfreada de instruções, de dar interferências mediadoras significativas.
conta dos conteúdos, de apostilas, de São eles:
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A( ) Skinner e Piaget
B( ) Cortellla e Lino de Macedo
C( ) Wallon e Vygostky
D( ) Piaget e Vygostky

GABARITO:

1-B, 2- D, 3- A, 4- A, 5- C, 6- B, 7-D, 8-B, 9-D

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