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CURSO PREPARATÓRIO PARA PROFESSORES- PEB - 2º ENCONTRO

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Material elaborado pela profª. Priscila de Medeiros

RESUMO

2º ENCONTRO
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QUEM É CELSO VASCONCELLOS?

Prof. Celso dos Santos Vasconcellos, Doutor em Educação pela USP, Mestre em
História e Filosofia da Educação pela PUC/SP, Pedagogo, Filósofo, pesquisador,
escritor, conferencista, professor convidado de cursos de graduação e pós-
graduação, responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e
Assessoria Pedagógica.
Autor dos livros: Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e
Projeto Político-Pedagógico; Construção do Conhecimento em Sala de
Aula; Avaliação: Concepção Dialética-Libertadora do Processo de Avaliação
Escolar; (In)Disciplina: Construção da Disciplina Consciente e Interativa em Sala de
Aula e na Escola; Para Onde Vai o Professor - resgate do professor como sujeito de
transformação; Superação da Lógica Classificatória e Excludente da Avaliação: do
“é proibido reprovar” ao é preciso garantir a aprendizagem; Avaliação da
Aprendizagem: Práticas de Mudança - por uma práxis transformadora;
Coordenação do Trabalho Pedagógico: do projeto político-pedagógico ao cotidiano
da sala de aula; Indisciplina e Disciplina Escolar: fundamentos para o trabalho
docente; Currículo: A Atividade Humana como Princípio Educativo.
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RESUMO: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM SALA DE


AULA

Construção do Conhecimento em Sala de Aula

Celso Vasconcellos vem trazer, através deste livro, uma valiosa contribuição, na medida em
que coloca e desenvolve esta discussão, não mais num plano puramente especulativo, mas
naquele plano bem concreto e imediato da prática real do educador. É isso mesmo: sem perder,
em nenhum momento, o apoio rigoroso de seus referenciais teóricos, a exposição/ reflexão de
Celso parte da experiência concreta do trabalho pedagógico na sala de aula, onde ele acontece
de maneira efetiva e imediata.

A abordagem desenvolvida pelo autor já é uma experiência muito palpável da unidade profunda
dos processos envolvidos na relação educacional. Com razão, afirma que é na sala de aula que 'o
professor tem sua prática, seleciona conteúdos, passa posições políticas, ideológicas, transmite e
recebe afetos e valores. A relação pedagógica, cerne da efetivação da formação humana, é
mediada pela própria realidade, pois nela se 'dialoga' sobre o mundo real.

Esta obra visa:

-Possibilitar uma tomada de consciência dos pressupostos implícitos na prática


pedagógica

-Fazer a crítica da relação pedagógica de cunho tradicional, alienado

-Despertar para a necessidade de superar a relação pedagógica baseada na mera


justaposição, em direção à interação.

-Trabalhar os fundamentos da Metodologia Dialética de Construção do


Conhecimento em Sala de Aula, estabelecendo alguns princípios norteadores da
prática pedagógica.
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INTRODUÇÃO
Não há aprendizagem sem o interesse do aluno em aprender.

Para que um determinado objeto se torne objeto de conhecimento é


imprescindível que o aluno esteja mobilizado para conhecê-lo. É preciso que o
aluno tenha mobilidade para tal, tendo a intenção de conhecer esse objeto
desconhecido. E o ato da mobilização para o conhecimento do objeto exige do
sujeito uma carga energética física e psíquica durante todo o processo.

É importante ressaltar que durante essa aprendizagem também estão presentes


cargas afetivas em torno do objeto a ser conhecido, e que essas cargas não podem
ser demasiadas, pois assim poderá ocasionar distúrbios, em virtude da grande
ansiedade de quem quer conhecer o objeto. Para que o sujeito conheça o objeto
também é de grande necessidade abordá-lo, e nesse sentido podemos dizer que
não há possibilidade de conhecimento do objeto se ele estiver ausente do sujeito.
Mas para o sujeito construir o seu conhecimento a respeito de um objeto qualquer é
preciso também que esse objeto tenha significado para o sujeito. Mesmo um
simples significado no primeiro momento já é o suficiente. O que vale é prender o
aluno ao objeto, para que no segundo momento ele desperte mais desejo de
conhecê-lo, se este fizer parte das suas necessidades.

Nesse sentido, podemos afirmar que a mobilização é o caminho e a meta é o


significado que o objeto tem para o sujeito. Em se tratando da mobilização para o
conhecimento, podemos dizer que nenhum sujeito se debruçará horas a fio sobre
um objeto que não satisfaça as suas necessidades num sentido bem amplo. E isto
é o grande problema que enfrentamos na sala de aula hoje em dia – não
conseguimos despertar a atenção dos nossos alunos porque não estamos
oferecendo para eles objetos que satisfaçam as suas necessidades, as suas
curiosidades. Partindo-se do princípio da dialética da mobilização, concordamos
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plenamente que ninguém motiva ninguém, ninguém se motiva sozinho, os sujeitos


se motivam em comunhão, mediados pela realidade – parafraseado de Paulo
Freire. Já os professores adeptos da linha pedagógica tradicional não aplicam
a dialética da mobilização em sala de aula. Eles têm uma visão equivocada sobre o
que é construção do conhecimento. Para esses professores o caráter reflexivo e
ativo dos alunos em torno do objeto não tem significância, e basta que esses alunos
estejam em sala de aula, pois sendo assim eles acham que os alunos já podem
estar motivados.

Articulação realidade-Objeto-Mediação

Para que o educando, sujeito conhecedor ou transformador do objeto, no


processo de mobilização para o conhecimento, tenha sucesso na sua empreitada a
favor das descobertas, é necessário que a sua ação seja consciente e voluntária,
tão quanto necessária seja a do professor. É preciso, nesse sentido, que o
professor conheça a realidade dos seus alunos, suas necessidades, para assim
poder traçar a mobilização para o conhecimento e ter conhecimento de onde quer
chegar. Somente assim o trabalho da metodologia dialética poderá ter sucesso.

Conhecer a realidade do aluno é um ponto de partida muito importante se


quisermos realmente buscar a mobilização. Mas uma realidade concreta e vista
pelos olhos da razão, desprezando a realidade empírica que corresponde a
somente o superficial das coisas. Portanto, para que isso ocorra, o primeiro passo
seria a prática social comum a professor e aluno. Para o educador construtivista é
importante ressaltar a presença da psicogênese durante o processo de
conhecimento, no qual estão inter-relacionados a infraestrutura orgânica, o cérebro,
o amadurecimento da função e as relações sociais. O homem é geneticamente
social, mas ele também é social e o seu conhecimento é produto da inteligência. A
forma de conhecer as coisas tem elementos diferenciados, mesmo apresentando
estrutura básica semelhante.
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Vejamos que em certa fase da vida a criança pode deixar de entender algo que
para o homem na sua fase adulta seja tão óbvio, tão comum! Às vezes os adultos
não percebem certas coisas, mas nem por isso elas deixam de existir! Durante o
processo de ensino-aprendizagem é muito comum observarmos educadores que
pulam/queimam as etapas da aprendizagem – os professores ao invés de se
prenderem aos pormenores iniciais sobre o assunto, vão logo, para o que eles
dizem “ao que interessa”. É o que chamamos de técnica do atalho. Isso bloqueia
o raciocínio lógico do aluno, tendo em vista que a aprendizagem é um processo
visto em fases.
Uma característica da mobilidade para o conhecimento é a clareza dos objetivos.
Mas não tratamos aqui dos objetivos mecânicos que não despertam o sujeito para o
conhecimento, e sim, de objetivos que satisfaçam realmente as necessidades dos
alunos. Infelizmente os objetivos traçados pelas escolas só atendem às regras do
sistema, tendo como prioridade o programa conteudista, o que o diretor quer e o
que possivelmente poderá cair no vestibular.
Desse modo fica difícil educar para a vida! Sendo assim, a intencionalidade do
educador, que aponta a real definição sobre o seu papel, deixa de existir e,
consequentemente, a intencionalidade do sujeito/aluno também não tem sentido.

CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO.

Consiste em possibilitar que o aluno faça o confronto direto com o objeto, de


forma a apreendê-lo em suas relações internas e externas. Tal procedimento deve
permitir que o aluno estabeleça relações de causa e efeito e compreenda o
essencial. Quanto mais abrangentes essas relações forem, melhor o aluno as
compreenderá. É exatamente o momento em que o aluno, no seu estudo, passa a
conhecer o objeto e tirar conclusões sobre tal, para assim poder construir novos
conhecimentos sobre o mesmo. É nesse momento que o aluno vai conhecer o
objeto a ser estudado, mas com a ajuda do professor.
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Nenhum dever toma partido de um aprendizado isolado. Os dois, “em comunhão,”


devem interagir constantemente em torno do objeto e a realidade. Sendo assim, o
professor, ao invés de dar o conhecimento pronto para o aluno, mobiliza-o,
estimula-o para que ele mesmo possa buscar o conhecimento e refletir sobre o
mesmo, com o auxilia da ajuda do professor.

Processo de conhecimento em sala de aula- Apesar da mobilização do sujeito


ser uma característica para conhecer os objetos, ainda somente isto não é
necessário para eu haja a construção do conhecimento. A ação do sujeito sobre o
objeto a ser conhecido é a necessidade primordial. Isto posto, podemos dizer que o
importante então não é só motivar, mas colocar o sujeito a par da construção do
conhecimento. E para isso o aluno deve ter em conta que a contradição é o núcleo
para que isso ocorra.
O homem deve ser ativo para superar as contradições, as dúvidas em torno do
objeto. Se não houver as contradições não teria sentido algum a construção do
conhecimento. A contradição deve existir para que seja superada, em torno da ideia
que há entre o objeto e o sujeito.
Diante do exposto, o papel do professor seria estabelecer a contradição, tendo
em vista as representações mentais que o aluno tem consigo. Mas essa negação
não é o simples fato de dizer “não” para o vazio, uma negação sem sentido. É uma
negação/contradição que provoque o aluno a sair do seu estado de inércia e se
mobilize através da expressão do seu pensamento, criticando a realidade dos fatos
existenciais.
Para isso o professor tem que ter em mente os conhecimentos já adquiridos
pelos alunos, afinal o aluno tem um quadro de significados e uma gama de
conhecimentos anteriores que precisam ser aprimorados. A vontade de vencer a
contradição sempre existente entre o sujeito e o objeto é uma luta constante dos
homens. Mas essa contradição pode sofrer interferências no estabelecimento. Às
vezes o sujeito não se sente desafiado por uma contradição porque está mais
ligado em outro – deslocamento de contradição.
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Em outro momento o sujeito esquece certa contradição e vai à busca daquela que
mais lhe interessa, esquecendo as demais – bloqueio de contradição.

Para a construção de conhecimentos pautada na visão libertadora a criticidade


deve fundamentalmente existir. Como poderia o professor entrar em contradição
com o aluno se este estivesse no senso comum? O aluno, nesse caso,
permaneceria numa passividade e longe de ser um sujeito crítico e pensante. Mas a
criticidade a que me refiro não é aquela que somente fala mal das coisas ao nosso
redor, e sim, aquela que questiona a realidade, a razão de ser das coisas. Uma das
tarefas mais difíceis para o educador é trazer o sujeito/aluno do senso comum –
estado sincrético – para o senso crítico – análise e síntese do conhecimento. O
problema aqui é denominado de continuidade e ruptura. Mas o certo é que o
educador deve partir do ponto onde o educando se encontra para então, a partir
daí, procurar estimular o conhecimento do aluno, através de análises sobre o objeto
até então desconhecido. E, para isso, é grandiosa a importância que teremos de
dar às aproximações sucessivas acerca do objeto a ser estudado, afinal a
construção do conhecimento em torno de um objeto não se dá de uma só vez. Aos
nos aproximarmos de um objeto teremos a oportunidade de conhecê-lo, feito isto é
hora de analisá-lo com persistência e demora.
Somente depois disso podemos fazer a síntese sobre o objeto estudado. Para
que o educando tenha conhecimento pleno da realidade ele deve analisar o objeto
o qual pretende conhecer na sua totalidade.Mas não é isso que as escolas pregam.
A escola é organizada em disciplinas e com a função de “vomitar” conteúdos e mais
conteúdos, deixando a desejar na relação sujeito e realidade social. Para a práxis
pedagógica podemos afirmar que não existe aprendizagem passiva.
Toda prática de aprendizagem exige ação ativa por parte de quem quer conhecer
o objeto. E nessa prática ativa não basta somente prestar atenção ao que o
professor fala, pois sendo assim o ato de agir, contestar ficaria no esquecimento,
dando lugar à passividade por parte d aluno. O aluno deve comparar levantar
hipóteses, duvidar, questionar, julgar, dar solução aos problemas, pois só assim ele
estará desenvolvendo o que nós chamamos de operações mentais.
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Na metodologia dialética o que se pretende é uma prática pedagógica que tenha


sentido e que seja de alto grau de significância. Não bastam somente as tarefas.
Fazer as tarefas só pó fazer, quando o aluno está condicionado às notas não é uma
prática educativa decente. A escola deve procurar uma ação consciente:
intencionalidade do sujeito. É preciso que o aluno queira fazer, tenha intenção de
fazer. Nada forçado tem sentido positivo. Quanto às tarefas, é ideal que não
olhemos para os tipos de atividades e sim observemos se elas representam algo de
concreto. Que seja uma atividade que exija raciocínio, que seja mais motora, pois
sendo assim poderá criar uma ação ativa mais concreta sobre o aluno, para que ele
desenvolva seus conhecimentos com mais vontade.

Na construção do conhecimento deve existir uma ligação forte entre o sujeito e o


objeto, ambos devem estar inter-relacionados com o social para que a construção
desse conhecimento não seja restrito. Sujeito e objeto são sempre modificados e
dependentemente da prática social, e isso é o que chamamos de caráter social
do conhecimento.

No processo ensino-aprendizagem o professor não pode fazer sozinho a tarefa.


Não pode fazer pelo aluno, mas também o aluno não pode realizar suas atividades
sozinho. O professor deve sim, ser o mediador na construção do conhecimento,
estimulando o aluno a dar passos mais largos em busca de novos horizontes. Esta
sim, é que deveria ser a forma de trabalho em sala de aula. Além disso, o professor
deve provocar o aluno a pensar, criticar, estar sempre com o pensamento em
atividade. Deve dispor de objetos e dar condições para que o aluno tenha
rendimento naquilo que ele se debruça para conhecer. Deve interagir com o seu
aluno em busca de soluções para os problemas propostos.

A problematização caracteriza a construção do conhecimento no momento em


que o sujeito vive sendo desafiado pela natureza para poder transformá-la. O
sujeito encontra problemas para conhecer ou transformar o objeto. E são
justamente esses problemas o motor principal que faz com que o sujeito seja
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motivado para o desafio de construir mais conhecimentos em torno do objeto de


estudo.
Estabelecendo a contradição -Estabelecer contradição representa um passo
primordial para a constante busca da construção do conhecimento. Pela
problematização o professor deve sempre adotar a contradição, confrontando-a
como o conhecimento elementar ou parcialmente apropriado que o aluno tem. E
isso traz a possibilidade de ganho de conhecimento por parte do aluno, transpondo-
lhe do senso comum para o senso crítico. E sendo assim, ao invés do professor
sobrecarregar a memória dos alunos com questões fúteis que não trazem
significado algum para os alunos, ele devia persistir no levantamento de situação
problema, para que os alunos sejam estimulados a refletir/penar sobre algum tema-
problema. Sendo assim, os alunos tentarão resolver o problema e, caso não
consigam, o professor dá um ajuda e o encaminham novamente para a
continuidade da resolução do problema.

O importante é se ligar no problema- A respeito do planejamento das aulas, o


professor deveria estimular muito mais a criatividade dos alunos, lendo textos e
pedindo que tirassem a ideia central dos mesmos e interrogando sobre dúvidas
acerca do conteúdo abordado, ao invés de ficar no círculo vicioso da tarefa
mecanizada. No ato do planejamento ou elaboração das aulas, o professor deve
estar preocupado com o movimento do real, esquecendo, portanto, do movimento
do conceito. Uma coisa é o professor conceituar para os alunos algo que pode estar
ligado à realidade. Outra coisa é o professor tentar conceituar para esses mesmos
alunos uma expressão química muito distante das experiências vividas por esses
alunos.

O professor jamais deverá ser escravo dos programas que só abordam


conteúdos fora da realidade. Isto posto, é bom ressaltar que não é fácil estabelecer
a mudança da prática pedagógica por parte do professor, no sentido da dialética da
travessia. Muitos problemas de várias ordens são vistos como barreiras para que o
professor saia do seu estado de estagnação e mergulhe na prática educacional
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inovadora. As condições de trabalho, sua condição, econômica, etc, são alguns


entre tantos fatores que impedem o rompimento da barreira da pedagogia
tradicional.
Exposição dialogada

A prática pedagógica marcada pela exposição dialogada tem certa vantagem


sobre a metodologia expositiva, em virtude da primeira favorecer ao aluno a
liberdade de poder opinar, levantar hipóteses sobre problemas tratados na sala de
aula. Um outro lado positivo é a própria interação que há entre o aluno e o
professor durante a abordagem do assunto em pauta. De a aula dialogada
corresponde a um avanço em relação à expositiva, o que diríamos da exposição
provocativa? É justamente nesse tipo de exposição que os problemas são
colocados para serem solucionados pelos alunos. Nesta fase os alunos são
estimulados para desenvolver uma reflexão de confronto.

O que o professor diz é investigado pelos alunos. Aqui, tanto a postura dos alunos
quanto a do professor tomam outro rumo. Face ao exposto, perguntamos: diante de
tanta liberdade dada ao aluno para que ele possa falar à vontade, podemos dizer
que o professor não pode mais falar? Claro que não! O professor sempre deverá
ser o mediador na sala de aula e a sua presença será muito importante para ajudar
o aluno a sair do estágio sincrético da construção do conhecimento. Certamente o
professor contribui para a aceleração da reconstrução do saber – investigação
versus exposição – quando orienta os alunos em meio às dúvidas na solução dos
problemas. O aluno traz o seu conhecimento sincrético e o professor como
mediador expões algumas informações e o aluno, nesse sentido, deverá ser capaz
de superar este estágio do conhecimento.

O professor, quanto à questão das técnicas, deverá ficar atento quando exigir dos
alunos apresentação de trabalhos em grupo. O que importa aqui não é esperar
uma apresentação, uma exposição espetacular daquilo que foi estudado pelos
alunos, nem sequer poupar as energias do professor. O mais importante mesmo
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com isso é ajudar para que dessa forma os alunos engrandeçam a sua construção
de conhecimento. De certa forma, esta ou outras técnicas deverão ser submetidas
a um método ideal, onde seja necessária a apresentação sincrética do objeto de
estudo, expressão das representações prévias, problematização, fornecimento de
subsídios, elaboração de hipóteses, síntese conclusiva, etc.

ELABORAÇÃO E EXPRESSÃO DA SÍNTESE DO CONHECIMENTO

Aqui o aluno recolhe novos elementos apresentados pelo professor, estabelece


novas relações até então não percebidas ou ainda percebidas de maneira diferente.
Essa ação permite que o aluno construa um conhecimento mais elaborando, a
partir da complementação ou da negação do conhecimento anterior. É o momento
em que o educando, tendo terminado o seu estudo sobre o objeto, possa fazer um
apanhado sintético a respeito dele. É neste momento que se espera que esta
síntese tenha consistência fidedigna sobre o objeto estudado, do contrário, o aluno
deverá percorrer todo o caminho de volta, da síncrese para a análise até chegar à
construção de uma nova síntese.

Necessidade de expressão

A expressão material do conhecimento auxilia o aluno na concretização da sua


síntese. Se esta vai ser materializada através da fala, tem a vantagem da interação
social provocar a correção de possíveis erros detectados na síntese. Se a síntese
for materializada através da escrita isto ajudará para que o trabalho sintético seja
bem mais elaborado e tenha maior perfeição, pois a partir da formatação podem se
fazer correções à vontade ( ao contrário da síntese falada). Na relação do sujeito
com o mundo, o professor deve entender que a fala é, sem dúvida, não somente
um meio de comunicação, mas um instrumento de pensamento.
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À medida que o sujeito vai conhecendo algo, interagindo com o mundo social à
sua volta, ele sente vontade de expressar-se sobre as descobertas advindas desse
conhecimento. E, ao passo que o objeto é mais estranho para o sujeito ele sente
muito mais vontade de fazer uso da palavra para poder conhecer o objeto de
estudo. No processo de determinação da síntese observamos que, enquanto aquilo
que sintetizamos está somente em nossa cabeça, podemos expor esse
conhecimento de forma mais generalizada, mas, à medida que formatamos a
síntese materializando-a para o texto escrito, estamos concretizando o trabalho,
realizando uma síntese conclusiva e restrita ao que está no papel.
É certo afirmar que jamais poderemos subjulgar a nossa síntese material, pois,
sendo assim estaríamos confessando a nossa própria impossibilidade de construir
o conhecimento. A interação social entre o educador e o caminho que o educando
está trilhando se concretiza no momento em que há a expressão contínua das
representações sintéticas elaboradas pelos educandos.

Ao passo que as representações sintéticas são expostas e comentadas em sala


de aula, ocorre uma interação social entre os alunos, como também entre esses e
um novo conhecimento que poder ser reconstruído naquele momento. Para que
haja uma interação social dentro da classe é preciso que se crie um ambiente
interativo. Esse ambiente só pode ser construído se houver um clima de respeito
mutuo entre os alunos.

O professor, para isso, deverá ajudar para que esse ambiente saudável seja
criado. É nesse clima que tudo que o aluno fala deverá ter importância. Também
ninguém poderá tomar o espaço de outro falando demais. Mas falar de menos
também prejudica o desenvolvimento do trabalho. São tantas as formas de
expressão do conhecimento que o educando pode utilizar: oral, gestual, gráfica,
escrita, etc. em todas elas estão presentes a construção de conhecimento que, de
certa forma, provocou a mudança da realidade em relação a um conhecimento
prévio sobre o assunto abordado.
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Elaboração da síntese
Tendo em vista que a própria construção do conhecimento pode ser considerada
de síntese, e em virtude de que só podemos fazer análises do problema depois da
elaboração de uma síntese precária, fica difícil determinar em qual momento seria
oportuno e aconselhável para a elaboração da síntese, isto porque a análise e a
síntese estão intimamente muito articuladas.
Em se tratando dos níveis de síntese, podemos entender que há uma
complexidade específica para cada forma de expressão dessa síntese. Na ordem
crescente de abstração de conhecimento podemos citar a dramatização, a forma
verbal e por último a forma escrita.
Para qualquer objeto de conhecimento há infinita possibilidade de se realizar a

sequência : síncrese >análise > síntese.


Síncrese
É o ponto de partida para a exposição de determinado assunto, sendo o momento para explicitar
a visão de conjunto do todo.

Análise
É o momento de mediação, de explorar os instrumentos teóricos na intenção de determinar
conceitos, para analisar, refletir, observar, etc.

Síntese
Se trata da observação atenta do conteúdo dos documentos incorporando as reflexões obtidas
durante a desconstrução/reconhecimento das partes até então estudadas isoladamente.

E para saber se o educando chegou ao grau de síntese minimamente satisfatória


na construção do conhecimento, os educadores observam a expressão dos
educandos em torno da problematização abordada, para assim poder verificar se os
alunos atingiram a síntese mínima.
Interação na elaboração -Se o educando assim preferir, ele pode solicitar várias
formas de expressão da síntese elaborada pelos alunos – de uma síntese
provisória ele pode solicitar que os alunos construam uma síntese menos
elaborada, uma mais elaborada. E pode ainda pedir uma síntese em grupo,
promovendo a interação durante a elaboração. E pode ainda o professor exigir que
os alunos construam uma síntese pessoal ou individual a partir da síntese grupal. É
importante saber que existe um limite na elaboração da síntese.
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Nem todos os educandos são capazes de chegar ao estágio da síntese, ficando


paralisados na síncrese. Mesmo com a ajuda do educador alguns alunos sentem
dificuldades e são limitados na elaboração da síntese. O conhecimento científico
apurado, presente em alguns textos, juntamente com o conhecimento filosófico,
podem ser um dos motivos que atrapalha certos alunos a chegar na reta final do
estágio síncrese-análise-síntese, porque sentem dificuldades em analisar os textos.
Retorno à prática social se a prática da construção do conhecimento é pautada na
realidade social, podemos afirmar que o ser humano como sujeito detentor e
construtor de conhecimento, poderá modificar a sua realidade através da prática
social, com vista na força da sua expressão carregada de significados. Para isso, o
sujeito deverá ser compreendido e ter o dom de envolver as pessoas através do
seu conhecimento, articulado com a realidade social.

PONTOS IMPORTANTES

 A função primordial da educação está na construção do conhecimento. A


ação pedagógica na escola deve oportunizar a construção do conhecimento,
o que numa instância maior resulta na constituição de identidades autônomas,
capazes de estabelecer relações críticas entre os homens, suas ações e o
mundo. Entretanto sabemos que nem sempre as práticas pedagógicas
atingem, ou procuram atingir a construção do conhecimento.
 Esse é um processo no qual é necessária a permanente busca de significado,
de sentido. O conhecimento só acontece através do significado que adquire
aquilo que se estuda, aquilo que se fala e que se faz por quem realiza a ação,
seja ele professor ou aluno; e principalmente só acontece quando há
interação, onde todos têm voz para falar e discutir. Caso contrário, só se tem
informações e sujeitos. Falta a interação entre eles, ou seja, a construção de
significados.
 A escola é a referência para a elaboração de uma leitura de mundo baseada
no conhecimento científico. Logo, o principal determinante no processo de
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elaboração dessa leitura, que é construção de conhecimento, está no


currículo – formal, em ação e oculto – como ação pedagógica.
 Dessa forma é fundamental ao professor e aos profissionais da educação,
avaliar as questões curriculares, na busca de uma ação pedagógica que
contribua efetivamente para a construção do conhecimento. Somente uma
revisão profunda das questões curriculares, que envolva o planejamento dos
programas, a discussão dos mesmos, a formulação dos planos de trabalho
dos professores e a sua aplicação, ou seja, toda a ação pedagógica; poderá
transformar a situação em que se encontra a situação educacional hoje.

TESTES
1-Para que o educando, sujeito conhecedor ou transformador do objeto, no
processo de mobilização para o conhecimento, tenha sucesso na sua
empreitada a favor das descobertas, é necessário que a sua ação seja,
Segundo Vasconcelos:

A ( ) Consciente e sistemática
B ( ) aberta e flexível
C ( ) consciente e voluntária
D ( ) flexível e reguladora

2-Em relação à construção do conhecimento, Vasconcellos esclarece:

I ( ) Consiste em possibilitar que o aluno faça o confronto direto com o objeto, de


forma a apreendê-lo em suas relações internas e externas.

II ( ) Tal procedimento deve permitir que o aluno estabeleça relações de causa e


efeito e compreenda o essencial.
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III ( ) Quanto mais abrangentes essas relações forem, menos o aluno as


compreenderá.

IV ( ) É exatamente o momento em que o aluno, no seu estudo, passa a conhecer


o objeto e tirar conclusões sobre tal, para assim poder construir novos
conhecimentos sobre o mesmo.

V ( ) É nesse momento que o aluno vai conhecer o objeto a ser estudado, mas com
a ajuda do professor.
Está (ão) correta(s), exceto:

A( ) I e III
B( ) somente a III
C( ) I, II, IV
D( ) IV e V

3- Segundo Vasconcelos: “Na construção do conhecimento deve existir uma


ligação forte entre o .................... e o ..................., ambos devem estar inter-
relacionados com o social para que a construção do conhecimento não seja
restrito.

A alternativa que contêm as palavras corretas para completar as lacunas é:

A( ) aluno \ objeto
B( ) criança\ ensino
C( ) indivíduo\ meio
D( ) sujeito\objeto

4- No Livro: Construção do conhecimento em sala de aula, Vasconcelos


coloca que no processo ensino-aprendizagem o professor não pode fazer
sozinho a tarefa. Não pode fazer pelo aluno, mas também o aluno não pode
realizar suas atividades sozinho. O professor deve sim, ser o:

A ( ) Investigador
B ( ) apoiador
C ( ) Mediador
D ( ) facilitador
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5- Coloque V para Verdadeiro e F para Falso acerca das colocações de


Vasconcelos:

I ( ) . As condições de trabalho do professor, sua condição, econômica, são


alguns entre tantos fatores que impedem o rompimento da barreira da pedagogia
tradicional.
II ( ) Na relação do sujeito com o mundo, o professor deve entender que a fala é,
sem dúvida, não somente um meio de comunicação, mas um instrumento de
passividade.
III ( ) O ser humano como sujeito detentor e construtor de conhecimento, poderá
modificar a sua realidade através da prática social, com vista na força da sua
expressão carregada de significados.
Estão corretas as colocações:

A ( ) I e III
B ( ) somente a II
C ( ) II e III
D ( ) todas estão incorretas

6- Conforme Vasconcelos, qual a metodologia é mais positiva para um


conflito cognitivo?

A( ) Confronto com o objeto


B( ) repetição e memorização
C( ) Lista de exercícios de memorização
D( ) leitura e técnicas de resumos

7- Segundo Vasconcelos, o aluno deve questionar , levantar hipóteses e


duvidar do objeto a fim de construir seu conhecimento? Essa frase, partindo
dos pressupostos do autor em seu livro: Construção do conhecimento em
sala de aula é:

A( ) Insuficiente
B( ) Falsa
C( ) Questionável
D( ) Verdadeira
CURSO PREPARATÓRIO PARA PROFESSORES- PEB - 2º ENCONTRO
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Material elaborado pela profª. Priscila de Medeiros

GABARITO:

1-C, 2-B, 3-D, 4-C, 5-A, 6-A, 7-D

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