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O artigo de Alves e Teixeira (2023) trata-se de um levantamento da literatura

publicada nos últimos 10 anos a respeito do assunto. Os termos Orientação Vocacional e


Orientação profissional são considerados da seguinte forma: a Orientação Vocacional
está mais associada ao conceito de vocação ou predestinação, enquanto a Orientação
Profissional refere-se à busca das aptidões considerando o contexto profissional.
Os artigos selecionados para a revisão foram separados em três categorias
principais: "Tecnologias e Escolha Profissional", "Prática da Orientação Vocacional e
Profissional" e "Papel da Escola na Escolha Profissional". A primeira categoria,
"Tecnologias e Escolha Profissional", aborda questões relacionadas à influência das
tecnologias na decisão profissional dos jovens. A segunda categoria, "Prática da
Orientação Vocacional e Profissional", engloba estudos que discutem abordagens e
práticas relacionadas à orientação profissional e vocacional.
A terceira categoria, "Papel da Escola na Escolha Profissional", é a mais
abrangente e contempla a maioria dos artigos analisados. Esses estudos exploram o
papel das instituições educacionais na orientação e apoio aos estudantes durante o
processo de escolha profissional.
O texto destaca a influência de fatores relevantes na escolha profissional dos
adolescentes, como a influência de pessoas próximas e questões socioeconômicas, que
muitas vezes os deixam desanimados e inseguros. Ressaltou ainda a importância da
orientação ao fazer a transição do ensino regular para o ensino profissional, destacando
a necessidade de apoio vocacional e profissional para os alunos. Discute também a
implementação de programas de orientação vocacional e profissional nas escolas,
enfatizando a necessidade de preparar os jovens para a tomada de decisão vocacional
desde cedo. No entanto, ainda há uma carência de políticas e práticas consistentes nesse
sentido, especialmente em escolas públicas.
O trabalho ressalta a importância da Orientação Vocacional no ensino médio,
destacando o papel da escola e da família na escolha dos alunos. A autora ressalta a
necessidade de mais vivências dos estudantes no final do Ensino Médio na área e a
importância da escola em acompanhar esse processo. A orientação vocacional muitas
vezes é privilegiada na rede privada de ensino, enquanto na esfera pública diversos
fatores influenciam a trajetória escolar e profissional dos alunos.
A pesquisa revela uma falta de políticas públicas consistentes para a orientação
profissional nas escolas, com serviços mais disponíveis nas instituições privadas. Além
disso, destaca-se a importância de começar a orientação desde o Ensino Fundamental
para melhorar a qualidade de vida futura dos jovens. No entanto, há uma demanda
significativa por orientação profissional na escola, e é fundamental que as instituições
de ensino incentivem e ofereçam ferramentas e programas de orientação vocacional
para seus alunos.
A conclusão geral é que a orientação vocacional e profissional desempenha um
papel crucial no apoio aos alunos na escolha de suas carreiras, mas são necessários mais
esforços para implementar políticas e práticas eficazes nesse sentido, especialmente nas
escolas públicas e em comunidades mais vulneráveis.
O artigo de Nascimento, 2020, versa a respeito da orientação profissional
em interface com a psicologia e educação. A orientação profissional (OP) no Brasil
abrange diferentes abordagens, com ênfases psicométrica, clínica e psicossocial. A
predominância histórica das duas primeiras reflete sua associação inicial com
consultórios privados, atendendo principalmente camadas mais privilegiadas da
sociedade. A abordagem psicométrica foca na compatibilidade individual com áreas
profissionais, enquanto a clínica, influenciada pela psicanálise, apoia adolescentes em
crises e conflitos de escolha. A partir dos anos 1990, a abordagem psicossocial ampliou
o acesso à OP, com intervenções coletivas e criativas, especialmente em contextos
empobrecidos.
A legislação educacional brasileira atribui às escolas a responsabilidade de
preparar indivíduos para o trabalho e a cidadania, impulsionando projetos de OP no
ambiente escolar. No entanto, apesar dos esforços para ampliar o acesso à OP, a
predominância das abordagens psicométrica e clínica sugere desafios persistentes, o que
corrobora com a conclusão do artigo de Alves e Teixeira (2023).
Segundo Nascimento (2020), oferecer serviços de OP para grupos
negligenciados pela psicologia, é crucial evitar práticas discriminatórias e exclusivas,
que reproduzem ideais de meritocracia. Em contextos menos privilegiados, as
abordagens tradicionais da psicologia podem não ser adequadas, exigindo uma
consideração mais ampla dos contextos sociais, históricos e culturais.
Uma revisão de literatura consultada por Nascimento (2020) destaca práticas de
OP em contextos escolares, incluindo intervenções psicossociais para jovens, com
ênfase na conscientização sobre escolhas profissionais e na crítica aos estereótipos. No
entanto, algumas intervenções ainda refletem concepções tradicionais de adolescência e
escolha profissional, negligenciando as influências sociais e culturais.
Algumas experiências inovadoras, como oficinas de re-escolha profissional e a
transversalização da OP no currículo escolar, buscam abordagens mais holísticas e
integradas. No entanto, essas iniciativas enfrentam desafios como a resistência dos
professores aos currículos tradicionais e a necessidade de parcerias com empresas e
comunidades locais.
Nascimento dividiu da seguinte forma as intervenções de abordagem clínica em
contextos cscolares:
1. Estudo de Selig e Valore (2008):
 Realizaram atendimentos grupais em uma universidade pública com o
objetivo de orientação profissional ancorada na abordagem clínica.
 Participaram sete estudantes, sendo seis de escola pública e um de
colégio particular, durante dois meses, com encontros semanais de duas
horas.
 Atividades incluíram dinâmicas de grupo, produção de desenhos
autobiográficos, autoaplicação de questionários e entrevistas com
profissionais de diferentes áreas.
 O estudo focou na investigação da personalidade dos participantes em
relação aos processos de escolha profissional, buscando promover o
aprendizado da escolha e o autoconhecimento.
2. Estudo de Silva et al. (2012):
 Analisaram práticas de orientação profissional em um projeto de
extensão de uma instituição de ensino superior privada.
 Atenderam 121 estudantes do ensino médio de instituições públicas e
privadas, utilizando diversas atividades ao longo de uma média de dez
encontros.
 As intervenções incluíram dramatizações, testes de personalidade,
aquisição de conhecimento sobre diferentes ocupações, entre outras.
 Apesar de ser uma abordagem clínica, houve integração de técnicas de
outras abordagens, visando compreender as características individuais
dos participantes em processo de escolha.
No que se refere à resistência e re-existência em contextos empobrecidos:
1. Estudo de Souza et al. (2009):
 Focaram em estudantes do ensino médio em uma escola pública,
buscando discutir o cotidiano escolar para problematizar concepções
naturalizadas e relações de dependência entre professores e alunos.
 Onze alunos participaram de atividades que estimularam reflexões sobre
os fatores que influenciam o gosto pela escola e pelo estudo.
 Os participantes expressaram queixas sobre a qualidade do ensino e
refletiram sobre os significados das escolhas profissionais diante dos
impasses sociais, econômicos e familiares.
2. Estudo de Castro e Bicalho (2013):
 Trabalharam com jovens moradores de uma comunidade no Rio de
Janeiro, utilizando a orientação profissional como estratégia para
problematizar os processos de escolha e os modos de existência
engendrados pela marginalização social.
 Realizaram entrevistas individuais e práticas de intervenção em grupo,
promovendo discussões sobre a trajetória de vida de cada jovem e
desconstruindo preconceitos sobre a comunidade.
 Questionaram ideais meritocráticos e provocaram rupturas nos modos de
pensar, agir e sentir dos participantes, buscando uma compreensão mais
ampla dos fatores que influenciam as escolhas profissionais.
Como considerações finais, Nascimento (2020) ressaltou que os estudos
destacam a importância da orientação profissional como uma estratégia para ampliar o
acesso ao conhecimento psicológico e estabelecer conexões entre psicologia e educação.
Salientam a relevância de práticas inclusivas e abrangentes de orientação profissional,
especialmente em contextos educativos afetados pela precarização estrutural e pela falta
de políticas públicas emancipatórias. Essas considerações, mais uma vez, corroboram
com o que trouxe Alves e Teixeira (2023), no sentido da necessidade de um maior
investimento do poder público nessa área.
O estudo de Santos (2021) discute a evolução e a relevância da orientação
profissional, especialmente dentro do contexto educacional contemporâneo. Inicia-se
abordando as raízes históricas dessa prática, destacando sua associação ao
desenvolvimento industrial e à necessidade de adequar os indivíduos às demandas do
mercado de trabalho. A partir dessa perspectiva, a orientação profissional é apresentada
como uma ferramenta não apenas para auxiliar na escolha de uma carreira, mas também
para promover o autoconhecimento, a saúde mental e o conhecimento das diversas
profissões.
Ao longo do texto, são analisadas as transformações socioeconômicas que
influenciaram a orientação profissional, especialmente no final do século XX, marcado
pelo avanço da tecnologia e mudanças significativas no mundo do trabalho. Essas
mudanças exigiram uma adaptação das práticas de orientação, destacando-se a
importância de uma formação técnica e teórica adequada dos profissionais orientadores.
A emergência da psicologia vocacional durante a Segunda Guerra Mundial é
discutida como um marco importante no desenvolvimento da orientação profissional,
destacando-se seu papel na seleção e valorização do trabalho. Posteriormente, a
incorporação dessa prática nos cursos de psicologia no Brasil é analisada, evidenciando
a sua evolução ao longo do tempo.
O trabalho de Santos (2021) também aborda aspectos psicológicos da escolha
profissional, como o conflito enfrentado pelos adolescentes ao decidir sobre seu futuro
profissional e a importância de considerar fatores individuais, sociais e culturais nesse
processo, questões também ressaltadas nos artigos de Alves e Teixeira (2020) e de
Nascimento (2023). Destaca-se a necessidade de políticas públicas que promovam o
acesso à orientação profissional, especialmente dentro das instituições de ensino,
visando preparar os indivíduos para um mercado de trabalho em constante
transformação, apontando para a mesma conclusão apresentada por Alves e Teixeira
(2020)
O texto discute a relevância da orientação profissional no contexto educacional,
delineando-a como um processo de apoio colaborativo entre profissionais e alunos na
definição e realização de seus projetos de vida profissional. Destaca-se a importância da
participação dos educadores nesse processo, conforme ressaltado por Nascimento
(2023), auxiliando os alunos em um momento crucial de escolha de carreira e
construindo junto com eles propostas que facilitem essa decisão. Além disso, são
mencionados os princípios fundamentais que norteiam o trabalho pedagógico, como
igualdade, qualidade, gestão democrática, liberdade e valorização do magistério.
O texto aponta para contradições presentes no sistema educacional, como a falta
de atenção aos espaços de convivência e a crescente desigualdade entre formação e
demandas do mercado de trabalho. Destaca-se também a necessidade de políticas
públicas que promovam a orientação profissional desde o ensino fundamental até o
médio, possibilitando discussões sobre qualidade de vida e carreira.
São apresentadas reflexões sobre a importância da orientação vocacional ao
longo da vida escolar e sua relação com a promoção da saúde mental e do protagonismo
dos indivíduos. O texto enfatiza o papel do psicólogo escolar como integrante de uma
equipe multidisciplinar, trabalhando para criar um ambiente favorável na escola e
contribuindo para o desenvolvimento acadêmico e de carreira dos alunos.
Por fim, são abordadas questões relacionadas à superqualificação dos
profissionais e a necessidade de uma abordagem preventiva por meio da orientação
profissional, visando à promoção da saúde mental e ao desenvolvimento de uma nova
perspectiva de trabalho. O texto conclui ressaltando a importância de uma intervenção
em plano de carreira na escola, promovendo reflexões socioeconômicas e culturais que
auxiliem os alunos na construção de seus projetos de vida profissional de forma
responsável e humanizada.
Percebe-se que as três bibliografias selecionadas direcionam-se à considerações
finais que se aproximam, versando a respeito da importância da orientação profissional
nas escolas, preferencialmente iniciada no ensino fundamental, como fonte de aumento
da qualidade de vida e saúde física e mental do indivíduo, bem como a necessidade de
criação de políticas públicas para possibilitar o acesso a esse serviço por parte da
população menos favorecida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GIMA NEVES , H.; SOARES FERNANDES LEAL, F. Cenário da Publicação


Científica dos últimos dez anos sobre Orientação Profissional no Contexto Escolar:
Scientific Publication Scenario of the last ten years on Professional Guidance in the
School Context. Revista Cocar, [S. l.], v. 19, n. 37, 2023. Disponível em:
https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/7775. Acesso em: 6 fev. 2024.

NASCIMENTO, L. R. Orientação Profissional na interface entre Psicologia e


Educação: uma revisão de literatura. DOXA: Revista Brasileira de Psicologia e
Educação, Araraquara, v. 22, n. 1, p. 5–20, 2020. DOI: 10.30715/doxa.v22i1.13214.
Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/view/13214. Acesso em: 6
fev. 2024.

SANTOS, Ayran Vinícius dos. Um estudo sobre a orientação profissional em contextos


educacionais. Contradição - Revista Interdisciplinar de Ciências Humanas e
Sociais, [S.L.], v. 2, n. 2, p. 1-11, 2021. Editora Universitaria EduFatecie.
http://dx.doi.org/10.33872/revcontrad.v2n2.e025. Disponível em:
https://doi.org/10.33872/revcontrad.v2n2.e025. Acesso em: 06 fev. 2024.

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