Você está na página 1de 1

A referida pesquisa contemplou seu objetivo, contribuindo significativamente para o presente

estudo. As pesquisadoras apresentaram reflexões pertinentes à influência das concepções no


comportamento do professor em relação aos tratamentos dispensados a alunos considerados
normais e àqueles com deficiência. Observa-se que a concepção de aprendizagem e
desenvolvimento se centra apenas nas capacidades individuais dos estudantes,
desconsiderando as contribuições das inter-relações sociais e culturais, e as colaborações
entre colegas durante as atividades. A perspectiva de ensino limita aqueles que são
considerados incapazes para aprender. Entende-se que o estudo analisado poderia ter
explicitado os comportamentos mediacionais desenvolvidos pelos professores na realização do
atendimento aos alunos com deficiência, em prol da inclusão escolar. Leonel e Leonardo
(2014) fizeram uma pesquisa em um município do Paraná, em duas escolas de Educação
Básica, na modalidade de Educação Especial para DI (Associação de Pais e Amigos dos
excepcionais). O objetivo foi o de analisar as concepções de professores dessa modalidade
sobre o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos com DI, nos anos iniciais do
Ensino Fundamental. A fundamentação teórica teve como aporte a teoria histórico-cultural. A
pesquisa identificou as seguintes compreensões: aprendizagem reduzida às limitações
biológico-individuais desses alunos; pouca relevância do professor no processo de
aprendizagem; aprendizagem e ensino são dissociáveis; uso constante de materiais concretos
e atividades lúdicas para auxiliar na aprendizagem lenta de alunos com DI. Como resultados,
encontraram: pouco conhecimento sobre DI; mínimas expectativas dos professores e da escola
no que concerne ao desenvolvimento desses alunos; escolarização restrita ao
desenvolvimento das funções elementares, 37 permanecendo nos conhecimentos do
cotidiano; desenvolvimento dos alunos relacionado com a maturação biológica, estando
desvinculado do tipo de ensino promovido pela escola; formações inconsistentes e
insuficientes acerca da DI (LEONEL; LEONARDO, 2014). Observou-se, na referida pesquisa, que
as dificuldades manifestadas pelos professores para lidar com o aluno com DI são muito
próximas daquelas apresentadas por docentes de escolas regulares. Merece atenção o fato de
que os profissionais informaram ter formações lato sensu na área da Educação e Educação
Especial, bem como outros cursos relacionados. Além disso, todos possuíam experiência. No
entanto, não se sentiam preparados para lidar com esses alunos. Logo, infere-se que as
formações deveriam subsidiar melhor o trabalho pedagógico e promover possibilidades para o
desenvolvimento das aprendizagens escolares desses alunos. Compreende-se que o estudo
empreendido por Leonel e Leandro (2014) é relevante, visto que expõe fragilidades nos
atendimentos de instituições de Educação Especial. Portanto, esses atendimentos precisam ser
repensados e reorganizados. Neste sentido, deve-se questionar se os objetivos de entidades
filantrópicas, ao proporem a Educação Especial, coadunam com a escolarização dos alunos
com DI, ou estão voltados para o assistencialismo, promovendo a reclusão e a segregação,
considerandoos anormais e incapazes, ratificando o modelo impresso pela sociedade. Assim
sendo, entender a finalidade educativa das escolas especiais nos atendimentos a alunos com
DI é um objetivo que deve ser considerado em pesquisas futuras.

Você também pode gostar