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Resumo
O trabalho teve como objetivo construir uma significância real do processo de ensino-aprendizagem a
partir da avaliação formativa. Em um primeiro momento desenvolveu-se uma revisão bibliográfica em
torno da questão avaliativa no processo de ensino e aprendizagem de Ciências, aprofundando-se
também no uso do portfólio como instrumento de avaliação formativa. A partir desta perspectiva teórica,
elaborou-se um plano de intervenção pedagógica na disciplina de Ciências junto à escola e à
comunidade local e ribeirinha, abordando-se os conceitos de preservação ambiental, na perspectiva da
avaliação formativa. Para tanto foi analisado o contexto educacional e comunitário do entorno da escola
no que tange ao Rio Ivaí, evidenciando suas fragilidades e perspectivas para a forma de preservação
ambiental e manejo consciente dos recursos naturais por ele proporcionado, partir de entrevistas
realizadas pelos alunos. Após, os educandos identificaram problemas e soluções para sua realidade e
desenvolveram um seminário com cinco oficinas para a comunidade local. Ao fim, identificou-se que os
alunos, em sua maioria, tiveram um maior envolvimento com os conteúdos desenvolvidos, imprimindo
importância para o que estavam realizando, atribuindo significados vivenciais ao que aprenderam.
Introdução
para a Ciência UNESP/Bauru (2002 e 2008). Atualmente Profa. Adj. C do Dep. Biologia Geral, Área de
Metodologia e Prática de Ensino de Ciências e Biologia da Universidade Estadual de Londrina - UEL.
no ânimo: permanecem inertes e são absorvidos pelo sistema de exclusão social. Os
alunos cada vez mais se preocupam menos em aprender e se entregam à vida do
senso comum. E por quê? Provavelmente porque a vida no senso comum faz sentido
em suas atitudes e lhe estimula a viver.
A escola pública, produzindo e reproduzindo de maneira artificial, não consegue
incutir o desejo pelo aprendizado, pelo conhecimento, pela crítica e construção de
novas saídas, soluções pelos próprios educandos. Como consequência disso, cada
vez menos temos a construção de alunos autônomos e capazes de perceber-se como
agentes de transformação social.
Em vista disso, este artigo pretende mostrar o resultado de uma mudança na
prática docente durante o processo de ensino-aprendizagem, pela qual os alunos
passaram a ser os protagonistas de seu conhecimento, esforçando-se para
transformar a realidade, possibilitando construir, junto com o sistema escolar
(educandos, professores e agentes educacionais) e comunidade local, significância
real do processo de ensino-aprendizagem, sobre sustentabilidade e preservação
ambiental.
Em um primeiro momento, faz-se uma revisão bibliográfica quanto à concepção
moderna de avaliação, o percurso histórico da avaliação, a avaliação formativa como
uma possível prática que transforma o ambiente escolar e o portfólio como
instrumento.
A seguir, o projeto desenvolvido é explicitado, expondo-se a maneira como se
foi trabalhada, as etapas de desenvolvimento e a construção final, pelo próprios
alunos, de um seminário com cinco oficinas de aprendizagem aberto à comunidade,
que busca trazer problematizações e soluções para a realidade em que estão
inseridos.
Para Perrenoud (1999) nossas práticas avaliativas são atravessadas por dois
conjuntos: avaliação somativa e formativa, as quais, convivem em nosso sistema.
Acerca da avaliação somativa, Sordi aponta que:
3 Avaliação Formativa
Vale ressaltar inicialmente que a escola por ser pequena e estar situada em
zona rural, possui um número considerado pequeno propiciando um trabalho de
intervenção que abrangeu toda a comunidade escolar e local.
Participaram os alunos do oitavo e nono ano do Colégio Estadual do Campo
Benedito Serra, Município de Lidianópolis, Paraná.
Foram realizadas atividades para a comunidade escolar e comunidade local,
seguindo-se o plano de ação constante no Apêndice A.
Todas as atividades foram norteadas por três questões consideradas
importantes para o desenvolvimento local, são elas:
(a) As famílias que vivem no entorno da escola, conseguem sobreviver com a
utilização dos Recursos naturais do Rio Ivaí?
(b) Quais situações encontram no modo de exploração desses recursos?
(c) Como a comunidade escolar e local pode reverter, melhorar, propor formas
conscientes de exploração desse Recurso natural?
Seguindo esse roteiro de questões previamente estudadas e discutidas com os
alunos na escola, os mesmos visitaram as casas dessas famílias e realizaram
entrevistas em busca de respostas a esses questionamentos, anotando todo o
processo em seu portfólio, chamado de Diário de Campo.
Com as informações obtidas, discutiu-se em sala de aula os problemas locais
e eventuais soluções; realizando-se, por fim, um seminário de integração com a
comunidade escolar e local, no qual os alunos apresentaram problemas e soluções
para a realidade vivenciada.
5.1 Entrevistas
Considerações Finais
A realidade em que se está inserido não pode ser olvidada. A escola não deve
ser espaço de domínio de comportamentos. Deve servir como campo de libertação e
promoção dos valores eleitos pela comunidade em que se está inserido.
Diante deste contexto, a avaliação que é posta em prática e perpetrada no
ambiente de ensino deve refletir este papel que é atribuído à escola. Sendo assim, a
avaliação somativa e classificatória não serve aos novos propósitos pensados para a
consecução da finalidade escolar. É pela avaliação formativa que se consegue
promover os desideratos da escola contemporânea. Neste caminho, várias estratégias
e técnicas podem ser utilizadas, como o uso do portfólio.
Importante ressaltar que a mudança no avaliar é uma composição de
mudanças de concepção. Ao se estabelecer sua modificação, uma série de outros
elementos presentes no ambiente de ensino acabam por se alterar. Tendo em conta
tal perspectiva, mister destacar que uma escola renovada não surge tão somente pelo
discurso de uma nova avaliação, mas sim pela prática e teoria dos novos paradigmas
escolares nos diversos vieses que compõe a vivência escolar.
Portanto, este trabalho buscou reunir elementos teóricos que propiciassem um
novo encaminhamento à prática avaliativa no contexto de ensino de Ciências da
Escola Estadual do Campo Benedito Serra, ensejando também todo um novo conjunto
de posturas relativas aos conteúdos, práticas de ensino e diálogos presentes na
escola.
A partir desta conjuntura teórica suscitou-se a implementação de tais
perspectivas na concretude da Escola Estadual do Campo Benedito Serra, com a
elaboração de uma proposta de transposição da avaliação formativa no ensino de
Ciências, servindo como uma experiência de uso deste viés, a fim de que se possa
vislumbrar a efetividade desta visão de avaliação na realização dos fins da educação
escolar.
Com o desenvolvimento do projeto e sua implementação, percebeu-se que o
comportamento dos estudantes alterou-se em grande medida, passando a
desenvolver uma autonomia na construção de seu conhecimento e estando ligados
aos problemas que sua realidade enfrenta. Agora, a maior parte dos alunos que
participaram do projeto, demonstram ver um sentido para a escola, como um espaço
para a transformação social.
Com isso, percebeu-se que o projeto alcançou seu objetivo, construindo uma
significância real para o ensino de Ciências.
Referências
ESTEBAN, Maria Tereza (org.) Ser professora: avaliar e ser avaliada. In: SILVA, J.
F.; HOFFMANN, J.; ESTEBAN, M. T. (orgs.). Escola, currículo e avaliação. São
Paulo: Cortez, 2003. p. 13-37.
___. O que sabe quem erra? Reflexões sobre a avaliação e fracasso escolar. Rio
de Janeiro: DP&A, 2001.