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EDUCACIONAIS
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................……………..... 03
INTRODUÇÃO
Prezados alunos,
As ideias aqui expostas, como não poderiam deixar de ser, não são neutras, afinal,
opiniões e bases intelectuais fundamentam o trabalho dos diversos institutos educacionais,
mas deixamos claro que não há intenção de fazer apologia a esta ou aquela vertente,
estamos cientes e primamos pelo conhecimento científico, testado e provado pelos
pesquisadores.
cívico, doméstico, industrial e de renome) para que seja possível realizar uma análise da
cultura escolar. Esses contextos mostram em suas peculiaridades qual o referencial
estrutural, o modo de racionalidade, os mecanismos de poder na relação pedagógica, a
forma de saber, o valor predominante e a forma institucional que professores e alunos
assumem dentro da instituição de ensino, portanto, estabelecem um panorama de como o
espaço escolar está construído.
Também oferece para a análise do espaço escolar quatro tipos de clima (clima
controlado, consultivo, separatista empenhado e participativo prospectivo) que
possibilitam saber como se estabelecem às relações no ambiente educativo, se há
empenho para a busca de transformações ou não, enfim, são aspectos específicos do
ambiente escolar que são partilhados por todos.
Libâneo (2001) reforça a importância da cultura da escola na criação da identidade
profissional do docente, já que ela não está desvinculada da organização, da gestão, das
formas da participação e das relações de trabalho presentes na escola. A cultura
organizacional é um conjunto de fatores sociais, culturais e psicológicos que influenciam
os modos de agir da organização como um todo, além do comportamento particular das
pessoas.
Além dos aspectos administrativos que compõem as escolas, existem os culturais,
representados, por exemplo, no currículo oculto que está presente nos modos de
funcionamento da escola e nas práticas dos professores. Assim a escola é, também, um
mundo social, que tem suas características de vida próprias, seus ritmos e seus ritos, sua
linguagem, seu imaginário, seus modos próprios de regulação e de transgressão, seu
regime próprio de produção e de gestão de símbolos. (LIBÂNEO, 2001, p.84)
Os professores e alunos são compostos por características culturais próprias que
trazem consigo e que compartilham no meio escolar. O contexto cultural e social deve ser
considerado quando a escola elabora seu projeto político pedagógico e seus planos de
ensino. O planejamento precisa considerar a comunidade, suas expectativas e valores
para a formação dos alunos.
Essa cultura interna pode ser reformulada para atingir novas metas, como por
exemplo, a união do grupo escolar, originando um clima favorável para o trabalho da
equipe educativa. A organização escolar é uma cultura, constituindo-se de significados a
partir das práticas e atitudes dos participantes que a compõem, englobando alunos,
diretores e professores.
Cada escola vai compondo à sua maneira de ser, a sua forma de enfrentar os
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orientações refletem a realidade que não pode se limitar a disposições formais ou legais.
As organizações são compostas por tensões, conflitos entre todos os membros que
estruturam o meio escolar não são espaços homogêneos e estáticos.
Pensar em uma administração centralizada, não significa que as imposições
diretivas sejam praticadas, o contexto educativo tem a capacidade de ser seletivo e
interpretativo, já que possui uma autonomia relativa e uma auto-organização para pensar
nos benefícios a seu espaço.
Segundo Lima (2003), o ideal é a análise da organização escolar a partir de um
caráter multifocalizado dos modelos organizacionais, já que a escola apresenta diversas
concepções e perspectivas em sua ação pedagógica. Existem regras destinadas para a
ação no campo educativo, mas é preciso saber o que realmente é praticado no plano da
ação, o que os atores educacionais produzem, modificam ou atualizam.
Através de uma perspectiva sociológica, também existem modelos em constante
construção, sendo os modelos organizacionais para a ação ou em ação. No contexto dos
modelos para a ação existem em seu interior os decretados, interpretados e recriados e
nos modelos em ação há os em atualização. Os modelos decretados ou orientados têm o
papel de regular o funcionamento das unidades de ensino, pois estão descritos e
formalizados na legislação e em outros documentos oficiais. São estabelecidas regras, há
detalhamento, onde se pode evidenciar o modelo de gestão que predomina atualmente,
através da regulação da ação organizacional e administrativa.
Quando o modelo decretado toma conhecimento na realidade educativa, há a
possibilidade de o mesmo ser repensado, comentado ou criticado, de acordo com o meio
e os participantes envolvidos, o que vem a caracterizar os modelos interpretativos ou de
recepção. Referindo-se ainda aos modelos decretados, as regras podem ser totalmente
modificadas, fruto das ações dos atores educativos e de seu contexto específico,
classificando essa nova produção dentro dos modelos recriados ou orientados para a
produção.
As regras produzidas (interna ou externamente a escola) podem ser atualizadas,
representando os modelos organizacionais praticados ou em ação, já que as escolas
possuem um caráter plural e diversificado em sua prática. A construção dos modelos
organizacionais é complexa, já que no tocante a imposição de modelos, é ingênuo não
observar que os atores escolares têm inteligência suficiente para inovar e propor
mudanças.
Tais atores são essenciais para a concretização ou origem dos modelos no
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contexto da ação, representam e praticam uma autonomia relativa. A escola deve basear-
se nos modelos decretados, todavia, ter a liberdade e autonomia para a produção de
outras normas, recriando e legitimando novos princípios que representam a
especificidade e a contextualização da ação organizacional.
Em suma, também a construção de uma obra própria, e não apenas a pressuposta
reprodução de uma obra alheia, ou seja, uma Co construção ou produção em regime de
coautoria, desta forma concretizando os direitos dos atores à participação na governação
democrática das escolas públicas, entendidas como instituições e como locais de trabalho
e não como meros instrumentos. (LIMA, 2003, p.114)
Assim Lima (2003) nos leva a perceber que os modelos organizacionais
influenciam políticas, reformas de ensino e até mesmo a legislação e que a escola tem
uma autonomia relativa, já que toda instituição recria e interpreta o que lhe é decretado,
entretanto, também deve seguir algumas medidas burocráticas comuns a todas as
instituições.
Ao falar sobre o contexto de cada unidade escolar em sua especificidade é preciso
repensar, além das questões da autonomia e das políticas educacionais, nas formas de
administração das instituições educacionais.
Sander (2007) discorre sobre esse aspecto, mostrando quatro dimensões que
fazem parte do processo administrativo, sendo a favor de um paradigma multirreferencial,
denominado paradigma multidimensional de administração da educação, o qual é
composto por quatro dimensões da administração, sendo elas, a dimensão econômica, a
pedagógica, a política e a cultural. Cada uma delas apresenta critérios de desempenho,
representados respectivamente pela eficiência, eficácia, efetividade e relevância.
Cada dimensão possui algumas especificidades que podem ser caracterizadas,
como é evidenciado na dimensão econômica em que há envolvimento de recursos
financeiros e materiais, sendo representada pelo critério administrativo da eficiência, ou
seja, da lógica econômica na utilização desses recursos. A dimensão pedagógica é
representada por princípios e técnicas educacionais relacionadas com os objetivos
almejados pelo sistema educacional possui um critério administrativo de busca da eficácia
pelas demandas da educação.
A dimensão política está articulada com o critério da efetividade, sendo assim, uma
administração que considera a sua comunidade, que possui compromisso político em
atender as demandas do seu contexto social. Também importante é a dimensão cultural,
que se articula com o critério administrativo da relevância, considerando os valores,
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Esse tipo de gestão nos remete a pensar no tipo de cultura organizacional que a
escola possa ter, pois ela demonstra os modos de agir da instituição escolar, com a
presença de aspectos sociais, psicológicos e culturais que influenciam a todos. Esse
modelo compreende a escola como uma organização cultural, já que apresenta as
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subjetividades e as interações sociais dos seus membros, por outro lado, também recebe
influência sociocultural e da política externa.
A escola se organiza e estrutura para a transformação social ou não e os modos
de gestão contribuem para essa compreensão, refletindo posições políticas e concepções
de sujeitos. A organização escolar tem uma estrutura interna que ordena e dispõe os
papeis para o funcionamento da instituição.
O organograma reflete qual a ideia de gestão de uma determinada escola e
representa a sua estrutura básica. Ele é composto pelo conselho de escola (espaço de
democratização) pela direção, o setor pedagógico e técnico administrativo, professores,
alunos, pais e a comunidade.
A instituição escolar precisa de uma ação racional, estruturada e coordenada, com
uma gestão democrática, que para ser colocada em prática precisa ser organizada e
coordenada pela direção e coordenação pedagógica da escola. Assim, o esforço coletivo,
o planejamento, a avaliação e os conhecimentos devem estar articulados para se atingir
as metas da escola. Os instrumentos para atingir as metas são o planejamento, a
organização, a direção/coordenação, a formação continuada (para aperfeiçoar e capacitar
o trabalho) e a avaliação.
A escola também produz práticas organizacionais próprias, representadas por
Nóvoa (apud TEIXEIRA, 2002) dentro de uma zona de invisibilidade e de uma zona de
visibilidade. A zona de invisibilidade é composta por uma base conceitual, com valores,
crenças e ideologias; já a zona de visibilidade apresenta manifestações verbais e
conceituais: com fins, objetivos, currículo, linguagem, história e estruturas, manifestações
visuais e simbólicas: arquitetura, equipamentos, uniformes, imagens exteriores e
manifestações comportamentais: rituais, regulamentos, ensino, aprendizagem e
cerimônias.
A linguagem não verbal também manifesta valores, intenções e comportamentos.
A escola no seu cotidiano parece um ritual pedagógico, com alunos, docentes, com uma
organização burocrática formada por programas, provas, expressando uma concepção de
mundo.
poder, pelos conflitos e pela pluralidade de interesses. Dessa forma, evidenciamos que as
organizações são políticas e existem variadas formas de gerir as mesmas, como através
de práticas autoritárias ou por meio de uma gestão democrática participativa e
problematizadora.
No tocante a questão política, Morgan (1996) relata que ela faz parte das
organizações, sendo evidenciada através de conflitos e jogos de poder. É inerente as
organizações que os conflitos surjam, pois há divergência de interesses e de desejos dos
sujeitos que compartilham esses espaços, sendo assim, nesse contexto a política tem o
papel de conciliar os interesses e buscar soluções para os conflitos.
Toda organização apresenta uma maneira de liderar politicamente, sendo estas
formas de governar como um modelo autoritário, em que o líder impõe uma realidade, ou
uma forma participativa, onde um líder democrático busca a integração das opiniões para
a situação que se vivencia.
Essas possibilidades podem classificar as organizações como coalizões, pois os
sujeitos possuem diferentes interesses na área do trabalho, na vida pessoal e com
relação à carreira profissional, e nesse espaço o conflito é esperado e parte integrante do
mesmo. Assim, é preciso pensar se as organizações são realmente equipes, como se
desenvolvem as questões de poder e se é possível haver uma sociedade democrática em
meio a tantas adversidades.
Especificamente no meio escolar também são evidenciados conflitos e relações de
poder, sendo que cada instituição educativa perpetua uma política própria da sua
realidade, de acordo com seus valores de educação, formação de alunos, crenças e
normas. É de grande importância a presença dos conflitos em todas as organizações, já
que Quaglio (2009) propõe uma governação democrática nesses estabelecimentos, com
a participação crítica e reflexiva de todos os sujeitos que fazem parte do processo
educacional. Essa prática propicia que as pessoas se desenvolvam e encontrem
respostas para as dificuldades.
Segundo Morgan (1996), uma gestão democrática, participativa e dialógica deve
articular os aspectos que compõem o meio educativo, pois não são proveitosas práticas
autoritárias, individualistas ou pela imposição e domesticação, já que dessa maneira
somente perpetuamos as desigualdades e não procuramos transformações.
Tragtenberg (2010) ressalta que as relações de poder estão presentes no meio
educativo assim como no espaço da sociedade, fazendo uma relação entre poder e saber
dentro desse contexto, enfatizando o poder disciplinar da escola. No ambiente
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Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
TÍTULO II
a arte e o saber;
equivalentes.
símbolos de uma realidade específica. Tem suas origens por meio da ação humana e
possuem representações sociais dos sujeitos que as formulam, exprimindo normas e
práticas sociais de uma determinada cultura.
É interessante pensar que uma política pública pode atender a diversos interesses,
muitas vezes contraditórios, além de seu processo de elaboração e implantação não
serem momentos imediatos, já que o contexto político e as questões sociais podem ser os
responsáveis por essa ruptura entre a elaboração e o período de implantação. (ROTHEN e
CONTI, 2010)
Especificando nas políticas públicas educacionais, Azevedo (2004) retoma que a
escola é o foco de concretização de tais políticas, estando às mesmas relacionadas ao
contexto mais amplo das políticas da realidade social. A política educacional está
articulada com o projeto de sociedade de um determinado momento histórico e tem sua
construção a partir da evidência de uma necessidade. Assim, há mobilização para a busca
das melhores soluções, porém, vale ressaltar a existência de um sistema ideológico que
determina as prioridades e o que merece a ação estatal e a prática política.
Em última instância, o professor é responsável por viabilizar ou não as políticas
públicas educacionais em sua prática cotidiana e isso nos leva a pensar sobre uma
postura de adesão, resistência ou de simulação. O trabalho docente acaba sendo alvo de
culpa pelo contexto desfavorável em que se encontra a educação. Observa-se, entretanto,
uma falta de articulação entre as políticas públicas educacionais e o trabalho desenvolvido
nas escolas. As políticas destinadas ao ensino precisam se deter a organização, a
realização e a motivação do trabalho docente, deixando bem claro qual tipo de educação
almejam, através da busca de subsídios para contribuir com uma educação de qualidade.
(ROTHEN e CONTI, 2010).
Azevedo (2004) propõe a necessidade de pensar no percurso de desenvolvimento
que a sociedade vem passando e consequentemente nas políticas públicas que surgem
desse contexto de injustiça e desigualdade, já que a política educacional recebe influência
dessa ordem social.
Rothen e Conti (2010) estabelecem um breve panorama histórico onde explicitam
o caminho das políticas públicas educacionais, articulando as mesmas com a função da
escola em determinado período histórico; retomam que na primeira metade do século XX a
educação tinha a finalidade de compor uma elite que exercia a função dirigente.
No período de desenvolvimentismo do Brasil, englobando as décadas de 1950,
1960 e 1970, a grande função social do processo educativo era a de formar sujeitos para
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sua relação com o mundo”, indo além do preparo de competências direcionadas para a
mera possibilidade de adaptação ao mercado”. (SILVA, 2007, p. 108).
Esse panorama de mudanças e movimentos nos faz pensar sobre a atual
conjuntura educacional, relacionando o papel das políticas públicas atualmente:
Contudo, não é necessário ser um observador muito atento para perceber o quão
distante de uma cultura democrática e autônoma, envolvendo a participação de todos,
estão as escolas públicas brasileiras. Caracterizadas pelo abandono e pela carência
material, submetidas a uma carga de trabalho e obrigações que só tem aumentado nos
últimos anos, fica difícil esperar dos profissionais da educação e dos usuários dessas
escolas que tenham tempo e disposição para uma participação diferenciada e politizada no
cotidiano escolar. (OLIVEIRA, 2010, p. 143).
Demo (1993) é a favor de um gerenciamento escolar de forma colegiada,
proporcionando maior autonomia, manutenção e investimento em seu espaço. A relação
dos órgãos superiores com municípios e estados deve ser de coordenação e de apoio e
não de transferência de atribuições. Auxiliar e zelar pelas futuras políticas para a
educação, avaliar o processo educativo, promovendo novos programas.
O contexto atual promove um repensar que o objetivo maior das unidades
educativas é a busca do ensino e aprendizagem dos alunos. Dessa forma, Vieira (2007)
alerta para a necessidade de uma gestão que seja verdadeiramente democrática e
participativa. O acesso aos conhecimentos básicos proporciona o ato de participar e
produzir na sociedade, e assim representa à qualidade educativa oferecida a população. A
formação básica dos sujeitos é aquela que oferece subsídios para dominar os
conhecimentos e saber reproduzi-los no contexto atual da modernidade. (DEMO, 1993). A
educação é composta pelo caráter formal e político, onde promove o incentivo a
criticidade, não se detendo a um arcaísmo apenas culturalista. “A educação do primeiro
grau é necessariamente prioritária, englobando sua universalização em quantidade e
qualidade, o desafio crucial”. (COSTA, 1990 apud DEMO, 1993, p.37). A formação básica
é proporcionar o aprender a pensar, informar-se, questionar, refazer as informações para
exercitar os sujeitos a serem participativos e produtivos.
É preciso existir o direito e o dever constitucional de universalizar a educação
básica com a promoção de qualidade, já que ela está articulada com a produtividade
econômica, mas também com a cidadania, enfim, com o progresso e desenvolvimento do
país. Infelizmente, evidencia-se que o saber adquirido pelo aluno não ajuda na sua
instrumentalização para o processo de mudanças, não é um saber estratégico. O aluno é
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considerá-la em sua totalidade e compreender a mesma como grupo social e não somente
em sua dimensão administrativa.
A estrutura administrativa de uma escola exprime a sua organização no plano
consciente, e corresponde a uma ordenação racional, deliberada pelo Poder Público. A
estrutura total de uma escola é, todavia algo mais amplo, compreendendo não apenas as
relações ordenadas conscientemente, mas, ainda, todas as que derivam da sua existência
enquanto grupo social. (Cândido, 1974 apud PARO, 2008, p. 14)
Isso leva a um repensar sobre a permanência de uma estrutura autoritária, de
uma educação não crítica e não participativa que impeça a criação de um espaço
verdadeiramente democrático na escola.
É interessante buscar relacionar a estrutura da escola e a permanência de práticas
democráticas em seu espaço. Essa estrutura atual não carrega fins democráticos, já que é
notória a defesa de uma educação que apenas transmite conhecimentos, que não
considera a construção da personalidade dos sujeitos que a compõem. O desejo de
democratização da escola deve estar atrelado à superação da estrutura autoritária vigente.
(PARO, 2008)
A educação pode ser compreendida como a transmissão da cultura as gerações,
sendo, por isto, um instrumento para o contato com a cultura produzida historicamente. A
educação, produz um ser humano histórico, sujeitos dentro de uma relação pedagógica
em condições democráticas. Indaga-se, portanto, qual estrutura escolar propicia uma
educação dentro de um processo democrático?
Esse questionamento gera a reflexão sobre alguns aspectos presentes no meio
escolar, como a postura do diretor de escola como um mero representante do estado, sem
poder evidenciar a sua própria vontade. A estrutura didática e os currículos também
precisam ser repensados para a busca de meios democráticos, já que observamos a
organização seriada do ensino e a visão conteudista da educação. Quanto à autonomia do
educando é possível refletir sobre como estão organizados os momentos de ensino,
quando os alunos são responsáveis por tornarem-se sujeitos de sua aprendizagem. A
integração da comunidade a escola precisa considerar a importância dos pais na vida
escolar dos filhos, familiarizando-os com as ações educacionais que a escola propõe.
A escola apresenta necessidades de caráter interno, externo, instrumentais e
substantivos, sendo assim, necessita de uma administração e organização escolar que
busque a participação, a gestão democrática e o objetivo maior da escola, a aprendizagem
dos alunos. Esse contexto proporciona um paradigma multirreferencial, denominado
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que oferece as futuras oportunidades para a vida em sociedade, além de estar inserida em
um contexto de adversidades e contradições que causam impactos e exigem novas formas
de organização, gestão e formação.
O processo de instrumentalização dos sujeitos está atrelado aos profissionais da
educação, a qualidade da formação e da gestão praticada na organização escolar irão
oferecer ou não o acesso aos meios sociais. As políticas públicas devem centrar-se na
qualidade da formação desses sujeitos, atentando para o enciclopedismo e a
fragmentação do saber. Os profissionais da educação devem ser formados para a
cidadania, com base na solidariedade e na justiça social.
Quanto à gestão da educação, todos os profissionais desse campo, como os
professores, são integrantes da organização educativa. O docente em seu cotidiano
exerce a prática de planejar, executar, coordenar, acompanhar e avaliar suas atividades.
Com isso, é um gestor e administrador de sua classe e dos saberes que compartilha com
os outros, da qualidade do processo de formação do humano.
A gestão acontece na sala de aula, nas relações, no ensino e na aquisição de
saberes, todos apresentando princípios e valores para uma determinada educação. Para a
formação para a cidadania a gestão democrática necessita de um projeto político-
pedagógico construído coletivamente e de uma escola com autonomia.
(...) processo de aprendizado e de luta política que não se circunscreve aos limites
da prática educativa, mas vislumbra, nas especificidades dessa prática social e de sua
relativa autonomia, a possibilidade de criação de canais de efetiva participação de
aprendizado do “jogo” democrático e consequentemente, do repensar das estruturas de
poder autoritário que permeiam as relações sociais e, no seio dessas, as práticas
educativas. (Dourado apud FERREIRA, 2006, p.167-168)
A gestão democrática deve permear a formação dos educadores, já que nela
representa-se a qualidade da educação. Para a autora, gestão é administração, tomar
decisão, gerir, organizar e dirigir, compostos pela participação interna e externa da
comunidade escolar, pela elaboração do projeto político pedagógico, por essa autonomia
pedagógica e administrativa do contexto educativo.
Essa gestão aparece em todos os espaços escolares e fica mais evidente no
planejamento e nas ações que constam no projeto político pedagógico. A gestão
democrática da educação precisa de transparência, autonomia, participação, trabalho
coletivo, representatividade e competência. Representa o desejo de formar sujeitos para
serem cidadãos e de uma sociedade democrática. Essa gestão é concreta e tem como
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS
BORDENAVE, J.E.D. O que é participação. 8. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. DEMO,
EIZIRIK, M.F. Saber e poder: os dispositivos institucionais. In: EIZIRIK, M.F. Educação e
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135.
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar: introdução crítica. 6 ed. São Paulo:
Cortez,1993.
PARO, V.H.. Estrutura da escola e educação como prática democrática. In: CORREA,
Bianca Cristina; GARCIA, Teise Oliveira (organizadoras). Políticas Educacionais e
organizações do trabalho na escola. São Paulo: Xamã, 2008.
SANTOS FILHO, J.C. dos. Democracia institucional na escola: uma discussão teórica. In:
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SILVA, R.S. Gestão da educação nos anos 90: equidade e conservadorismo. In:
FERREIRA, Naura (org.) Políticas Públicas e gestão da educação: polêmicas,
fundamentos e análises. Brasília, DF: Líber Livro, 2007. p. 87-109.
VIEIRA, S.L. Política(s) e Gestão da Educação Básica: revisando conceitos simples. In:
Revista Brasileira de Política e Administração da Educação – v. 23, nº 1-jan/abr, 2007.
p.53 a 69.