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INFANTOJUVENIL
sUMÁRIO
UNIDADE 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DA LITERATURA .......................................................... 1
VII
TÓPICO 3 – GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II .................................................... 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 A COMPOSIÇÃO DOS TEXTOS LITERÁRIOS ............................................................................ 77
2.1 A AÇÃO ............................................................................................................................................ 79
2.2 AS FALAS NA NARRATIVA ......................................................................................................... 80
2.3 O ESPAÇO ......................................................................................................................................... 84
2.4 O TEMPO .......................................................................................................................................... 85
3 A PERSONAGEM E SEUS ASPECTOS ........................................................................................... 85
3.1 A FÁBULA ....................................................................................................................................... 89
3.2 A LENDA ......................................................................................................................................... 90
3.3 A PARÁBOLA .................................................................................................................................. 92
3.4 A PARLENDA ................................................................................................................................. 92
3.5 O ROMANCE ................................................................................................................................... 94
4 LEITURA E A DIMENSÃO COGNITIVA ....................................................................................... 95
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 98
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 102
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 104
VIII
UNIDADE 1
CONTEXTUALIZAÇÃO DA LITERATURA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:
PLANO DE ESTUDOS
Esta utida de está dividida em três tópicos. Ao fta lt de ca da um deltes você
etcottra rá a tivida des visa tdo à compreetsão dos cotteúdos a presetta dos.
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UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Preza do(a ) a ca dêmico(a ), tesse tópico você ettra rá em cotta to com
a ltguma s teoria s e discussões, em torto da s qua is importa ttes relta aões se
esta beltecem ettre a rte e itfâtcia . Pa ra ta tto, tão só o presette texto, qua tto os
dema is tópicos desta utida de, estão cotstruídos de modo a possibiltita r-lthe tão
a peta s tecer cotsidera aões a cerca da temática em questão, como ta mbém em
a judá-lto(a ) a colther impltica aões que, em a ltguma medida , possa m a uxiltiá-lto(a ) a
melthor observa r, refetir e posteriormette opita r sobre a rea ltida de da ltitera tura
itfa ttojuvetilt to cottexto a tua lt da s itstituiaões de etsito.
3
2 ASSIMETRIA ENTRE MATURIDADE E INFÂNCIA
Ora , uma da s possíveis cotsequêtcia s de ta lt exercício é que, a pa rtir da
experiêtcia pessoa lt, podemos cotsta ta r que essa s expressões tão só revelta m, ma s
simultta tea mette cottra põem dois modos distittos de se perceber e experimetta r
a existêtcia , a sa ber: um primeiro modo, gera ltmette cotsidera do irra ciota lt, por
vezes puerilt e iterette a qua se todo itdivíduo que se etcottre ta fa se “tra tsitória ”
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TÓPICO 1 | O ADULTO VERSUS A CRIANÇA: QUAL O MODELO?
UNI
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Ma is a dia tte, cotsta ta rá Ma ga lthães (1984 a pud ZILBERMAN, 1984), essa
tra tsmissão idea ltiza da de torma s, propa lta da ta tto pelta s itstituiaões tra diciota is
qua tto peltos comporta mettos e a titudes “ma dura s” dos a dulttos, visa ria tra tsforma r
a cria taa em um “a dultto pa cifca do”, ou, melthor dizetdo, em um itdivíduo ca pa z
tão a peta s de cotter, por meio de potdera aões ra ciota is, sua s itquieta aões, como
ta mbém de respotder a evettos imprevistos de uma ma teira educa da e ltógica :
TE
IMPORTAN
A partir das observações anotadas até aqui, você consegue imaginar o quanto
esse modo assimétrico de relação, que se estabelece entre a criança e o adulto, pode ir muito
além da relação familiar, adentrando quase todas as esferas de convívio social? Percebe também
que, como uma regra geral, quase sempre se dá a primazia do segundo modo de existência
sobre o primeiro, fazendo predominar os valores e os pontos de vista dos adultos?
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Você deve cotcorda r que, a itda tos dia s a tua is, é a escolta , e tão a obra
de a rte, o pritcipa lt espa ao etca rrega do de tra tsmitir e redimetsiota r a hera taa
culttura lt ettre gera aões. Se a ssim o for, ta mbém poderemos cotcorda r que a sua
evoltuaão ta história se da ria cotforme a escolta , ta cottra mão do petsa metto
plta tôtico, tão ma is recusa sse o sa ber a preetdido pelta s setsa aões, pelta s emoaões
e pelta ima gita aão, e pa ssa sse a a dquirir ca ra cterística s de uma obra de a rte,
desfa zetdo-se, porta tto, dos modeltos ideoltógicos vigettes que ma ttitha m a
compreetsão equivoca da de que a itfâtcia fosse a peta s uma fa se a berta a toda
sorte de fa tta sia , cretaa to ma ra vilthoso e em distoraões da rea ltida de pa ltpávelt.
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AGORA PENSE E RESPONDA: Pa ra você, o metdigo em questão teria
a gido coerettemette? Dito de outro modo: em seu ltuga r você ta mbém teria opta do
pelta cha lteira a o itvés da lta mpa rita ? Por quê?
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TÓPICO 1 | O ADULTO VERSUS A CRIANÇA: QUAL O MODELO?
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do ltúdico e da fa tta sia , ma ttetdo-se a berto a um jogo de sigtifca aões itcessa ttes
– cotteria um modo de cotsciêtcia tão a peta s provisório, ma s ta mbém
imprescitdívelt à elta bora aão do próprio rea lt.
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TÓPICO 1 | O ADULTO VERSUS A CRIANÇA: QUAL O MODELO?
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De modo gera lt, o mutdo a dultto cotfere a o ltúdico a peta s uma importâtcia
pa rcia lt, secutdária e tempora ltmette ltoca ltiza da em determita da eta pa do
desetvoltvimetto itfa ttilt. Assim, embora elta seja a dmitida como a tivida de
tecessária a o crescimetto sa udávelt da cria taa , a a tivida de ltúdica a ca ba por
ser reduzida a o forma to útilt de britca deira s e jogos destita dos a promover a
tecessária – esta sim uma futaão importa tte – itterta ltiza aão de regra s, pa drões e
comporta mettos socia is:
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TÓPICO 1 | O ADULTO VERSUS A CRIANÇA: QUAL O MODELO?
Você recorda ta mbém de que modo esses jogos era m vistos, isto é, que va ltor
lthes era m a tribuídos pelta s própria s cria taa s e peltos a dulttos da quelta época ?
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Va mos lter o texto Ma gia e Felticida de. Subltithe o que você cotsiderou ma is
importa tte. Petse ta relta aão jogo, ltudicida de, cria taa e felticida de.
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LEITURA COMPLEMENTAR
MAGIA E FELICIDADE
Giorgio Aga mbet
Betja mit disse, certa vez, que a primeira experiêtcia que a cria taa tem
do mutdo tão é a de que “os a dulttos são ma is fortes, ma s sua itca pa cida de de
ma gia ”. A a frma aão, proferida sob o efeito de uma dose de vitte miltigra ma s de
mesca ltita , tão é, por isso, metos exa ta . É provávelt, a ltiás, que a itvetcívelt tristeza
que às vezes toma cotta da s cria taa s ta saa precisa mette dessa cotsciêtcia de tão
serem ca pa zes de ma gia . O que podemos a ltca taa r por tossos méritos e esforao
tão pode tos torta r rea ltmette feltizes. Só a ma gia pode fa zê-lto. Isso tão pa ssou
despercebido a o gêtio itfa ttilt de Moza rt, que, em ca rta a Bultltitger, visltumbrou
com precisão a secreta soltida rieda de ettre ma gia e felticida de: “Viver bem e viver
feltiz são dua s coisa s diferettes, e a segutda , sem a ltguma ma gia , certa mette tão
me toca rá. Pa ra isso, deveria a cottecer a ltgo verda deira mette fora do ta tura lt”.
Cottra essa sa bedoria puerilt, que a frma que a felticida de tão é a ltgo que
se possa merecer, a mora lt coltocou sempre sua objeaão. E o fez com a s pa lta vra s do
fltósofo que, metos do que qua ltquer outro, compreetdeu a diferetaa ettre viver
digta mette e viver feltiz. “O que em ti tetde a rdorosa mette pa ra a felticida de”,
escreve Ka tt, “é a itcltita aão, o que depois submete ta lt itcltita aão à cotdiaão de
que deves primeiro ser digto da felticida de é tua ra zão”. Ma s de uma felticida de
de que podemos ser digtos, tós (ou a cria taa em tós) tão sa bemos o que fa zer.
É uma desgra aa sermos a ma dos por uma multher porque o merecemos! E como é
cha ta a felticida de que é prêmio ou recompetsa por um tra ba ltho bem feito!
Na a ttiga máxima segutdo a qua lt quem se dá cotta de ser feltiz já deixou
de sê-lto, mostra -se que o estreita metto do vítculto ettre ma gia e felticida de tão
é simpltesmette imora lt, e que elte pode a té ser sita lt de uma ética superior. A
felticida de tem, pois, com seu sujeito uma relta aão pa ra doxa lt. Quem é feltiz tão
pode sa ber que o é; o sujeito da felticida de tão é um sujeito, tão tem a forma de
uma cotsciêtcia , mesmo que fosse a melthor. Nesse ca so a ma gia fa z va lter sua
exceaão, a útica que permite a um homem dizer-se ou cotsidera r-se feltiz. Quem
sette pra zer de a ltgo por etca tto esca pa da hybris impltícita ta cotsciêtcia da
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TÓPICO 1 | O ADULTO VERSUS A CRIANÇA: QUAL O MODELO?
felticida de, porque a felticida de, embora elte sa iba que a tetha , em certo settido
tão é sua . Assim, Júpiter, que se ute à belta Altcmeta , a ssumitdo a s feiaões do
cotsorte Atftrião, tão sette pra zer com elta como Júpiter. Nem sequer, a pesa r da s
a pa rêtcia s, como Atftrião. Sua a ltegria pertetce tota ltmette a o etca tto, e se sette
pra zer, cotsciette e pura mette, só com o que obteve peltos ca mithos tortuosos
da ma gia . Só o etca tta do pode dizer sorritdo: “eu”, e só a felticida de que tem
sotha ría mos merecer é rea ltmette merecida .
Essa é a ra zão últtima do preceito segutdo o qua lt só existe sobre a terra uma
possibiltida de de felticida de: crer to divito e tão a spira r a a ltca taá-lto (uma va riávelt
irôtica é, em cotversa de Ka fa com Ja touch, a a frma aão de que há espera taa ,
ma s tão pa ra tós). Essa tese a pa rettemette a scética só se torta itteltigívelt se
ettetdermos o settido do tão pa ra tós. Não quer dizer que a felticida de esteja
reserva da a peta s a outros (felticida de sigtifca , precisa mette: pa ra tós), ma s que
elta só tos ca be to potto em que tão tos esta va destita da , tão era pa ra tós. Ou
seja , por ma gia . Nesse mometto, qua tdo a a rreba ta mos da sorte, elta coitcide
itteira mette com o fa to de tos sa bermos ca pa zes de ma gia , com o gesto com que
a fa sta mos, de uma vez por toda s, a tristeza itfa ttilt.
Há, porém, outra e ma is ltumitosa tra diaão, segutdo a qua lt o tome secreto
tão é ta tto a cha ve da sujeiaão da coisa à pa lta vra do ma go, qua tto, sobretudo, o
motogra ma que sa tciota sua ltiberta aão com relta aão à ltitgua gem. O tome secreto
era o tome com o qua lt a cria tura ha via sido cha ma da to Édet, e, a o protutciá-lto,
os tomes ma tifestos e toda a ba belt dos tomes a ca ba ra m em peda aos. Por isso, a
cria taa tutca fca tão cottette qua tto qua tdo itvetta uma ltítgua secreta própria .
Sua tristeza tão provém ta tto da igtorâtcia dos tomes mágicos, ma s do fa to de tão
cotseguir se desfa zer do tome que lthe foi imposto. Logo que o cotsegue, ltogo que
itvetta um tovo tome, elta ostetta rá ettre a s mãos o pa ssa porte que a etca mitha à
felticida de. Ter um tome é a cultpa . A justiaa é sem tome, a ssim como a ma gia . Livre
de tome, bem-a vettura da , a cria tura ba te à porta da a ltdeia dos ma gos, otde só se
fa lta por gestos.
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você viu que:
• Pôde refetir que pa ra uma cotcepaão diferetcia da de escolta fa z-se tecessária a
distâtcia de pottos de vista excltusiva mette ltógicos e ra ciota is e, ta lt qua lt uma
obra de a rte ltiterária , a escolta pa sse a itcorpora r referetcia is ltúdicos em toda s a s
dimetsões do etsito.
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AUTOATIVIDADE
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UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico busca remos esta beltecer uma a ltia taa ma is profícua ettre
a ltitera tura e a pa lta vra a pa rtir de uma breve futda metta aão teórica a cerca dos
modos de compreetsão do objeto ltiterário, pa ra depois esta beltecermos a ltguma s
diferetaa s ettre o ltiterário e o tão ltiterário.
2 A ARTE E A PALAVRA
Certo autor famoso dividiu um livro seu em duas
partes: na primeira, contos reais; na segunda, contos
fantásticos. Resultado: tem-se a frustrada impressão
de que fcou cada uma das partes amputada da outra,
quando na realidade os dois mundos convivem. Por que
chamar de invisível ou fantástico a esse mundo que por
enquanto não conseguimos apreender, em contraposição
a este mundo que está na cara (...)? (QUINTANA,
1979, p. 73).
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FIGURA 3 - MENINAS, PABLO PICASSO
UNI
Caro(a) acadêmico(a), observe que João Cabral de Melo Neto (1997, p. 287), por
meio de um poema transcrito a seguir, define a essência da arte e, de modo especial, de sua
própria literatura.
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TÓPICO 2 | A LITERATURA ENTRA NO JOGO
É a ssim que o a utor, to poema cita do, a o tetta r a preetder a ltguma s da s
essêtcia s que perpa ssa m a pittura do a rtista pltástico Joa t Miró, a ca ba ca ptura tdo
os modos de fa zer e de fruiaão comuts a qua ltquer obra de a rte, itcltusive à ltitera tura .
Ma is do que isso, o poeta -teórico demotstra o que viria a ser tão a peta s uma a aão
a utêttica , váltida como modelto de composiaão de obra s pictórica s ou ltiterária s,
ma s ta mbém sugere, de modo sutilt, em que cotsistiria uma postura itova dora
dia tte da vida , a sa ber: a de rea pretder a “ca da itsta tte, a recomeaa r-se”.
Fa aa mos uma outra refexão: você já observou o qua tto é ra ro, to dia a dia ,
utiltiza rmos uma via itespera da , fora do comum, de tossa rotita ha bitua lt? Petse,
por exemplto, to percurso que você fa z de ca sa pa ra o tra ba ltho, do tra ba ltho pa ra
a utiversida de, ou vice-versa ... Não é fa to que gera ltmette repetimos o ca mitho
ma is fácilt, rápido e usua lt? Percebe que ra ra mette tos questiota mos sobre isso? É
como se, quem é ca thoto, ra ra mette experimetta sse a mão direita ; ou a esquerda ,
pa ra quem é destro.
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a utôtomo em relta aão a o mutdo em que vive o a utor, com seus seres
fcciota is, seu a mbiette ima gitário, seu código ideoltógico, sua própria
verda de: pessoa s meta morfosea da s em a tima is, a tima is que fa lta m a
ltitgua gem huma ta , ta petes voa dores, cida des fa ttástica s, a mores
itcríveis, situa aões pa ra doxa is, settimettos cottra ditórios etc. Mesmo
a ltitera tura ma is rea ltista é fruto de ima gita aão, pois o ca ráter fcciota lt
é uma prerroga tiva itdecltitávelt da obra ltiterária . (D’ONOFRIO, 2006
p. 19).
Assim, etqua tto ta vida rea lt tão tos é possívelt explticita r tossa s emoaões
ma is ba ixa s ou itdesejáveis, que de fa to settimos em relta aão a os outros, a exemplto
do ftgimetto, que pa ssa a ser, ta mbém, uma da s ca ra cterística s ma is ma rca ttes de
tossa existêtcia cotidia ta , em uma história fcciota lt, por sua vez, a s persota gets
podem se expressa r itteira mette, revelta tdo sua s ra iva s, ba ixeza s, temores e, dessa
forma , a gem de um modo ma is a utêttico do que o fa zemos ta vida rea lt.
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TÓPICO 2 | A LITERATURA ENTRA NO JOGO
UNI
Eis, porta tto, uma da s ra zões pelta s qua is a a rte é tão tecessária a o homem:
embora elta esteja cotsta ttemette va ria tdo de modo de expressão, seja ta pittura ,
ta ltitera tura , to citema etc., elta a ca ba por ser uma fotte a utêttica – e, ta ltvez, uma
da s ma is segura s – de compreetsão da rea ltida de.
Assim, a um certo mometto, essa virtude da a rte seria tão só recothecida ,
ma s em lta rga medida tra duzida pa ra uma outra fta ltida de, qua lt seja : a de
cotverter, a tra vés da escolta e em tome da ordem vigette, a ltiberda de a rtística em
uma mora ltida de a dequa da à forma aão da cria taa ,
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3 A LITERATURA COMO FONTE HUMANIZADORA
A ltitera tura (e a qui itcltuímos ta mbém outra s ma tifesta aões a rtística s)
a tetde, como discutimos a tteriormette, a o mutdo da ima gita aão, propicia um
projeta r-se pa ra o mutdo dos sothos, pa ra o ltúdico, pa ra a fruiaão, essetcia is à
vida do homem. A pa rtir delta poderemos compreetder, itterpreta r, modifca r ou
etertiza r relta aões socia is.
Azevedo (2007) a frma que, embora tão fa aa settido discorrer sobre a
futaão da ltitera tura , sua importâtcia é itdiscutívelt, pois é por ittermédio delta
que ettra mos em cotta to com os tema s huma tos como a pa ixão, a a miza de, o
a utocothecimetto, a a tgústia , o ciúme, a mettira , a existêtcia de diferettes pottos
de vista sobre determita do a ssutto. Altém disso, pa ra o a utor,
o cotta to com tema s da vida cotcreta e com vozes diferettes da s tossa s
pode, por meio da idettifca aão, cotstituir um extra orditário recurso de
huma tiza aão e socia biltiza aão. Em tempos de cotsumismo sem ltimites,
itdividua ltismo doettio e coisifca aão do homem – com efeitos tefa stos
tuma socieda de desequiltibra da como a tossa –, a lteitura de fcaão e
poesia pode ter um pa pelt regetera dor e itsubstituívelt. (AZEVEDO,
2007, p. 66).
Nós possuímos – mesmo que, como vimos, por vezes tolthida – a ca pa cida de
de fa tta sia r e, pa ra Ca tdido, essa moda ltida de, possibiltita da ta mbém por meio da
fcaão, é muito rica . É o que elte tomeia de futaão psicoltógica . Aitda segutdo o
a utor, a fa tta sia tem uma estreita relta aão com a rea ltida de, e é por meio dessa
ltiga aão com o rea lt que a ltitera tura pa ssa a exercer outra futaão: a forma dora , que
a tua como itstrumetto de forma aão e educa aão do ser huma to, por exprimir
rea ltida des permea da s pelta s ideoltogia s. Na s pa lta vra s de Ca tdido (2002, p. 85), a
ltitera tura “[...] tão corrompe tem edifca , ma s, tra zetdo ltivremette em si o que
cha ma mos o bem e o que cha ma mos o ma lt, huma tiza em settido profutdo,
porque fa z viver”.
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TÓPICO 2 | A LITERATURA ENTRA NO JOGO
a ltítgua va i pa ra otde quer, ma s é setsívelt às sugestões da ltitera tura .
Sem Da tte tão ha veria um ita ltia to utifca do. Qua tdo Da tte, em vultga ri
eltoquettia , a ta ltisa e cotdeta os vários dia ltetos ita ltia tos e se propõe a
forja r um tovo vultga r iltustre, titguém a posta ria em semeltha tte a to de
soberba , e to etta tto elte ga thou, com a Comédia , a sua pa rtida . (ECO,
2003, p. 10-11).
a tua r sobre a s mettes, otde se decidem a s votta des ou a s a aões; e sobre
os espíritos, otde se expa tdem a s emoaões, pa ixões, desejos, settimettos
de toda ordem... No etcottro com a Litera tura (ou com a Arte em gera lt),
os homets têm a oportutida de de a mpltia r, tra tsforma r ou etriquecer
sua própria experiêtcia de vida , em um gra u de ittetsida de tão
igua lta da por tethuma outra a tivida de. (COELHO, 2000, p. 29).
NOTA
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de tova s perspectiva s. A obra ema tcipa tória é prospectiva , porque pelta
a mostra gem de tova s possibiltida des propicia experiêtcia s futura s; a
obra cotvetciota lt é retrospectiva , porque va ltida experiêtcia s pa ssa da s
sem redimetsiotá-lta s critica mette. (MAGALHÃES It: ZILBERMAN,
1984, p. 54).
Sigtifca dizer que a escolta deve proporciota r a os jovets cotta to com a s
ma is va ria da s produaões ltiterária s, fa vorecetdo uma a titude de curiosida de, de
itteresse pelta descoberta , com vista s à forma aão de um lteitor ca pa z de dia ltoga r
com textos e teltes recothecer-se e distitguir expressões estética s e a rtística s.
UNI
Umberto Eco enfatiza que a literatura possui e mantém a língua como patrimônio
coletivo e contribui para a sua formação, na medida em que intensifica um modo de expressão
de um grupo.
O prefxo reitera tivo a ttes do verbo lter pode ser uma pequeta hipocrisia
por pa rte dos que se etvergotha m de a dmitir tão ter ltido um ltivro fa moso. Pa ra
tra tquiltizá-ltos, ba sta rá observa r que, por ma iores que possa m ser a s lteitura s
"de forma aão" de um itdivíduo, resta sempre um túmero etorme de obra s que
elte tão lteu.
[...] Isso cotfrma que lter pelta primeira vez um gra tde ltivro ta ida de
ma dura é um pra zer extra orditário: diferette (ma s tão se pode dizer ma ior
ou metor) se compa ra do a uma lteitura da juvettude. A juvettude comutica
a o a to de lter como a qua ltquer outra experiêtcia um sa bor e uma importâtcia
pa rticulta res; a o pa sso que ta ma turida de a precia m-se (deveria m ser a precia dos)
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TÓPICO 2 | A LITERATURA ENTRA NO JOGO
muitos deta lthes, tíveis e sigtifca dos a ma is. Podemos tetta r ettão esta outra
fórmulta de deftiaão:
De fa to, a s lteitura s da juvettude podem ser pouco profícua s pelta
impa ciêtcia , distra aão, itexperiêtcia da s itstruaões pa ra o uso, itexperiêtcia
da vida . Podem ser (ta ltvez a o mesmo tempo) forma tiva s to settido de que dão
uma forma às experiêtcia s futura s, fortecetdo modeltos, recipiettes, termos
de compa ra aão, esquema s de clta ssifca aão, esca lta s de va ltores, pa ra digma s de
belteza : toda s, coisa s que cottitua m a va lter mesmo que tos recordemos pouco
ou ta da do ltivro ltido ta juvettude. Reltetdo o ltivro ta ida de ma dura , a cottece
reetcottra r a quelta s cotsta ttes que já fa zem pa rte de tossos meca tismos
itteriores e cuja origem ha vía mos esquecido. Existe uma foraa pa rticulta r da
obra que cotsegue fa zer-se esquecer etqua tto ta lt, ma s que deixa sua semette.
A deftiaão que delta podemos da r ettão será:
Segutdo Ca ltvito, deveria existir um tempo ta vida a dultta específco pa ra
relter a s lteitura s feita s ta juvettude, pois tós muda mos o foco ou os focos serão
tovos, outros.
Porta tto, cotforme o a utor: usa r o verbo lter ou o verbo relter tão tem
muita importâtcia . De fa to, podería mos dizer:
6. Um cltássico é um ltivro que tutca termitou de dizer a quilto que titha pa ra
dizer.
7. Os cltássicos são a queltes ltivros que chega m a té tós tra zetdo cotsigo a s ma rca s
da s lteitura s que precedera m a tossa e a trás de si os tra aos que deixa ra m
ta culttura ou ta s culttura s que a tra vessa ra m (ou ma is simpltesmette ta
ltitgua gem ou tos costumes).
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Ca ltvito a rgumetta sobre o poder que a lteitura de um cltássico possui.
Existe uma itversão de va ltores muito difutdida segutdo a qua lt a ittroduaão,
o itstrumetta lt crítico, a bibltiogra fa são usa dos como cortita de fuma aa pa ra
escotder a quilto que o texto tem a dizer e que só pode dizer se o deixa rmos fa lta r
sem ittermediários que pretetdem sa ber ma is do que elte. Podemos cotcltuir que:
9. Os cltássicos são ltivros que, qua tto ma is petsa mos cothecer por ouvir dizer,
qua tdo são ltidos de fa to ma is se revelta m tovos, itespera dos, itéditos.
Se a cetteltha tão se dá, ta da feito: os cltássicos tão são ltidos por dever
ou por respeito, ma s só por a mor. Exceto ta escolta : a escolta deve fa zer com que
você cotheaa bem ou ma lt um certo túmero de cltássicos ettre os qua is (ou em
relta aão a os qua is) você poderá depois recothecer os "seus" cltássicos. A escolta é
obriga da a da r-lthe itstrumettos pa ra efetua r uma opaão: ma s a s escoltha s que
cotta m são a quelta s que ocorrem fora e depois de ca da escolta .
[...]
Com esta deftiaão tos a proxima mos da ideia de ltivro tota lt, como
sotha va Ma ltlta rmé. Ma s um cltássico pode esta beltecer uma relta aão igua ltmette
forte de oposiaão, de a ttítese. Tudo a quilto que Jea t-Ja cques Roussea u petsa
e fa z me a gra da , ma s tudo me itspira irresistívelt desejo de cottra dizê-lto, de
criticá-lto, de briga r com elte. Aí pesa a sua a ttipa tia pa rticulta r tum plta to
tempera metta lt, ma s por isso seria melthor que o deixa sse de lta do; cottudo, tão
posso deixa r de itcltuí-lto ettre os meus a utores. Direi, porta tto:
11. O "seu" cltássico é a quelte que tão pode ser-lthe itdiferette e que serve pa ra
deftir a você próprio em relta aão e ta ltvez em cottra ste com elte.
28
TÓPICO 2 | A LITERATURA ENTRA NO JOGO
12. Um cltássico é um ltivro que vem a ttes de outros cltássicos; ma s quem lteu
a ttes os outros e depois ltê a quelte, recothece ltogo o seu ltuga r ta getea ltogia .
A esta a lttura , tão posso ma is a dia r o probltema decisivo de como relta ciota r
a lteitura dos cltássicos com toda s outra s lteitura s que tão seja m cltássica s. Probltema
que se a rticulta com pergutta s como: "Por que lter os cltássicos em vez de cotcettra r-
tos em lteitura s que tos fa aa m ettetder ma is a futdo o tosso tempo?" e "Otde
etcottra r o tempo e a comodida de da mette pa ra lter cltássicos, esma ga dos que
somos pelta a va lta tche de pa pelt impresso da a tua ltida de?".
13. É cltássico a quilto que tetde a reltega r a s a tua ltida des à posiaão de ba rultho de
futdo, ma s a o mesmo tempo tão pode prescitdir desse ba rultho de futdo.
14. É cltássico a quilto que persiste como rumor mesmo otde predomita a
a tua ltida de ma is itcompa tívelt.
29
Resta o fa to de que lter os cltássicos pa rece esta r em cottra diaão com
o tosso ritmo de vida , que tão cothece os tempos ltotgos, o respiro do otium
huma tista ; e ta mbém em cottra diaão com o ecltetismo da tossa culttura , que
ja ma is sa beria redigir um ca táltogo do clta ssicismo que tos itteressa .
Verifco que Leopa rdi é o útico tome da ltitera tura ita ltia ta que citei.
Efeito da expltosão da bibltioteca . Agora deveria reescrever todo o a rtigo,
deixa tdo bem clta ro que os cltássicos servem pa ra ettetder quem somos e
a otde chega mos e por isso os ita ltia tos são itdispetsáveis, justa mette pa ra
serem cotfrotta dos com os estra tgeiros, e os estra tgeiros são itdispetsáveis
exa ta mette pa ra serem cotfrotta dos com os ita ltia tos.
Depois deveria reescrevê-lto a itda uma vez pa ra que tão se petse que os
cltássicos devem ser ltidos porque "servem" pa ra qua ltquer coisa . A útica ra zão
que se pode a presetta r é que lter os cltássicos é melthor do que tão lter os cltássicos.
E se a ltguém objeta r que tão va lte a peta ta tto esforao, cita rei Ciora t (tão
um cltássico, pelto metos por etqua tto, ma s um petsa dor cottemporâteo que
só a gora comeaa a ser tra duzido ta Itáltia ): "Etqua tto era prepa ra da a cicuta ,
Sócra tes esta va a pretdetdo uma ária com a fa uta . 'Pa ra que lthe servirá?',
pergutta ra m-lthe. 'Pa ra a pretder esta ária a ttes de morrer' ".
FONTE: CALVINO, Ítalo. Por que ler os clássicos. Ed. Cia. das Letras. 2004.
30
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:
• A ltitera tura é uma ltitgua gem especia lt que tece a pa lta vra , que a tua to petsa metto
huma to, à qua lt são a tribuída s ta tureza e futaões distitta s, de a cordo com a
rea ltida de culttura lt e socia lt de ca da época , a ssutto sobre o qua lt refetiremos a
seguir.
• Pa ra Attotio Ca tdido, a ltitera tura exprime o homem a o mesmo tempo em que
a tua ta sua forma aão.
• É ta escolta que o jovem poderá obter um cotta to com a s produaões ltiterária s.
O professor, testes momettos, proporciota rá uma a titude de curiosida de,
de itteresse pelta descoberta , um etcottro que possibiltita rá tra tsforma aão,
etriquecimetto, experiêtcia de vida e tra tsmissão de ideia s.
• Os cltássicos são ltivros que exercem uma itfuêtcia pa rticulta r qua tdo se impõem
como itesquecíveis e ta mbém qua tdo se ocultta m ta s dobra s da memória ,
mimetiza tdo-se como itcotsciette coltetivo ou itdividua lt.
• Os cltássicos são a queltes ltivros que chega m a té tós tra zetdo cotsigo a s ma rca s
da s lteitura s que precedera m a tossa e a trás de si os tra aos que deixa ra m ta
culttura ou ta s culttura s que a tra vessa ra m (ou ma is simpltesmette ta ltitgua gem
ou tos costumes).
31
AUTOATIVIDADE
2 Como você observa a s questões ltiga da s a o modo de ettetder a ltitera tura ?
32
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Você, certa mette, a o lter o texto de Ca ltvito, itferiu que o a utor deltiteia o
que é um cltássico, defetdetdo a ideia de que lter cltássicos é melthor do que tão os
lter. Nosso objetivo de escolther este texto é o de que você refita sobre ltivros já ltidos
e sitta votta de de relter e lter ta ttos outros ltivros, cotforme a frma Ca ltvito: lter
a quelte ltivro sobre o qua lt você escutou pessoa s cometta tdo “estou reltetdo”, tutca
“estou ltetdo”. Ma s, a fta lt, o que é a ltitgua gem ltiterária cottida tos cltássicos? É o
que veremos teste tópico.
33
Octávio Pa z (1982, p. 47) cotceitua ltitera tura a rgumetta tdo que ta cria aão
poética os vocábultos são forja dos a ta scerem tova mette:
Autopsicografa
O poeta é um ftgidor.
Fitge tão complteta mette
Que chega a ftgir que é dor
A dor que devera s sette.
E os que lteem o que escreve,
Na dor ltida settem bem,
Não a s dua s que elte teve,
Ma s só a que eltes tão têm.
E a ssim ta s ca ltha s de roda
Gira , a ettreter a ra zão,
Esse comboio de corda
Que se cha ma o cora aão.
(Ferta tdo Pessoa , 1977).
34
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA
TE
IMPORTAN
Você poderá ler mais sobre o formalismo e literatura no livro de Terry Eagleton,
intitulado Teoria da Literatura: uma introdução. Tradução de Waltensir Dutra. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
35
UNI
Texto 1
Bullying: é preciso levar a sério ao primeiro sinal
Esse tipo de violtêtcia tem sido ca da vez ma is toticia do e precisa de
educa dores a tettos pa ra evita rem cotsequêtcia s desa strosa s. [...] Pa ra evita r o
bullying, a s escolta s devem itvestir em prevetaão e estimulta r a discussão a berta
com todos os a tores da ceta escolta r, itcltuitdo pa is e a ltutos. Pa ra os professores,
que têm um pa pelt importa tte ta prevetaão, a ltguts cotselthos dos especia ltista s
Cltéo Fa tte e José Augusto Pedra , a utores do ltivro Bullying Escolta r (Artmed).
- Observe com a tetaão o comporta metto dos a ltutos, dettro e fora da sa lta de
a ulta , e perceba se há queda s brusca s itdividua is to retdimetto escolta r.
36
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA
Texto 2
Catar Feijão
37
itdica dores muito rígidos e presos a o cottexto de comutica aão, tão deixa tdo
ma rgem à ltivre movimetta aão do lteitor” (BORDINI; AGUIAR, 1993, p. 15).
O texto tão ltiterário prioriza a itforma aão, tem uma função utilitária para
convencer, explicar, responder e ordenar. São exempltos de textos não literários:
ma tua is de itforma aão a o usuário, totícia s e reporta gets jorta ltística s, textos
de ltivros didáticos de história , fltosofa , ma temática , textos ciettífcos em gera lt,
receita s cultitária s, bulta s de remédio.
38
TÓPICO 3 | CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM LITERÁRIA
39
rea ltida de. Assim, o que quer que seja repetido to texto tão visa a detota r o
mutdo, ma s a peta s um mutdo etceta do. Este pode repetir uma rea ltida de
idettifcávelt, ma s cottém uma diferetaa decisiva : o que sucede dettro delte tão
tem a s cotsequêtcia s iterettes a o mutdo rea lt referido. Assim, a o se expor a si
mesma , a fcciota ltida de a ssita lta que tudo é tão só de ser cotsidera do como se
fosse o que pa rece ser; toutra s pa lta vra s, ser toma do como jogo.
FONTE: Texto adaptado de ISER, W. “O Jogo do Texto”. In: JAUSS , H. R. et al. A literatura e o leitor:
textos de estética da recepção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 105-107.
40
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
• Pa ra a dimetsão ltiterária o a utor fa z uso específco e compltexo da ltítgua , expltora
sots, a s rima s, a s metáfora s, a s metotímia s, o settido da s pa lta vra s e a orga tiza aão
fra sa lt.
• O texto tão ltiterário prioriza a itforma aão, possui futaão utiltitária pa ra cotvetcer,
expltica r, respotder e ordeta r. Exempltos de textos tão ltiterários: ma tua is de
itforma aão a o usuário, totícia s e reporta gets jorta ltística s, ettre outros.
41
AUTOATIVIDADE
42
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• a ta ltisa r a s diferettes fa ses da cria taa e sua itfuêtcia ta escoltha de ltivros;
• refetir sobre a ltguts dos fa tores que cottribuem pa ra a forma aão do jovem
lteitor;
• perceber que o texto ltiterário tão se ltimita a o etsito da gra mática e/ou
escolta s ltiterária s;
PLANO DE ESTUDOS
Esta utida de está dividida em três tópicos. Ao fta lt de ca da um deltes você
etcottra rá a tivida des visa tdo à compreetsão dos cotteúdos a presetta dos.
43
44
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Há palavras verdadeiramente mágicas. O que há de
mais assustador nos monstros é a palavra “monstro”. Se
eles se chamassem leques ou ventarolas, ou outro nome
assim, todo arejado de vogais, quase tudo se perderia
do fascinante horror de Frankenstein... (QUINTANA,
1979, p. 21)
45
2 OS TEXTOS DESTINADOS AO JOVEM LEITOR
Ao que pa rece, o surgimetto de uma ltitera tura pa ra cria taa s etcottra -se
ltiga do à toveltística populta r medieva lt, que tem sua s origets ta Ítdia . Descobriu-se
que a ma gia e o etca tto dessa s cria aões, vitda s, em sua ma ioria , da tra diaão ora lt e
mitoltógica , repa ssa da s a tra vés de gera aões e a da pta da s pelta experiêtcia do a dultto,
poderia m sa tisfa zer a mette fértilt e itesgotávelt do públtico itfa ttilt (OLIVEIRA,
2007).
Ettreta tto, veja mos:
46
TÓPICO 1 | ASPECTOS DA LITERATURA INFANTIL
47
UNI
Que ta lt? Recordou? Ettão, a tette pa ra o fa to de que, teste cotto, Perra ultt
descreve a preocupa aão dos cotvida dos qua tto a o vestuário, os sa ltões de festa ,
a s da taa s, a ca rrua gem, etfm, o glamour da tobreza cottra potdo-se à vida dos
ca mpoteses, ma rca da pelta priva aão devido a o a gra va metto da s cottra diaões
ecotômica s. Etredos com a spectos que provitha m do povo humiltde, eltemettos
da corte, a vida e a s festa s tos pa ltácios.
Qua tdo Ultisses, rei de Íta ca , pa rtiu pa ra a Guerra de Troia , deixou seu
fltho Teltêma co a os cuida dos de seu felt e a migo Mettor. Mesmo tetdo a guerra
termita do, Ultisses tão retorta a o seu lta r. Teltêma co cresce vetdo o pa trimôtio de
48
TÓPICO 1 | ASPECTOS DA LITERATURA INFANTIL
seu pa i ser dilta pida do peltos pretetdettes de sua mãe. Itdigta do com ta lt situa aão,
pa rte em busca de totícia s do pa i e lteva cotsigo Mettor pa ra oriettá-lto e etcora já-lto.
UNI
O escritor Fénelon foi tutor do neto de Luis XIV e seu livro fez grande sucesso,
inspirando muitos pedagogos.
La Fotta ite, por sua vez, imorta ltizou-se a tra vés da s fábulta s, ettre outros
escritos.
A Raposa e a Cegonha
- Você tão está gosta tdo de mitha sopa ? - Perguttou, etqua tto a cegotha bica va
o ltíquido sem sucesso.
Dia s depois foi a vez de a cegotha cotvida r a Ra posa pa ra comer ta beira
da La goa , serviu ettão a sopa tum ja rro lta rgo emba ixo e estreito em cima .
49
A Ra posa tão a cha va ta da tem podia a cha r, pois seu focitho tão pa ssa va
pelto ga rga lto estreito do ja rro. Tettou ma is uma ou dua s vezes e se despediu de
ma u humor, a cha tdo que por a ltgum motivo a quilto tão era ta da etgra aa do.
MORAL: Às vezes recebemos ta mesma moeda por tudo a quilto que
fa zemos.
FONTE: Disponível em: <http://pensador.uol.com.br/frase/ODEwMzk3/>. Acesso em: 5 out. 2012.
Ca rrolt expltora eltemettos dos cottos de fa da , a tima is que fa lta m, reis
e ra itha s, persota gets etigmáticos que em um pa sse de mágica a pa recem,
desa pa recem e muda m de ta ma tho. A história se pa ssa dettro de um sotho, é
ma rca da pelto recurso do nonsense - termo que itdica a usêtcia de settido. No
ca so da ta rra tiva em questão, os episódios são permea dos por a ltgum recurso de
ltiga aão, ga ra ttitdo, a ssim, uma coerêtcia itterta . Altém disso, o etredo de Altice
to pa ís da s ma ra viltha s tão exige uma ltógica tota lt dos a cottecimettos, uma vez
que se pa ssa to “mutdo dos sothos”, um utiverso to qua lt coisa s ma is itsóltita s
são a ceita s como ta tura is.
Alice é uma obra que permite vária s itterpreta aões. Uma delta s é a de que a s
muda taa s, os cotfitos da a doltescêtcia à ma turida de podem esta r represetta dos
ta obra . Altém dessa itterpreta aão, podemos cotsidera r questões histórica s, como,
por exemplto, crítica s à socieda de itgltesa vitoria ta .
50
TÓPICO 1 | ASPECTOS DA LITERATURA INFANTIL
Podemos a itda jutta r a esta ltista obra s como: As milt e uma toites, Dom
Quixote de lta Ma tcha (de Miguelt de Cerva ttes), Os três mosqueteiros, O Cotde
de Motte Cristo, e um rolt ittermitávelt de lteitura s.
52
TÓPICO 1 | ASPECTOS DA LITERATURA INFANTIL
Loba to optou pelta sistemática de repetir a s persota gets, ta lt qua lt história s
em série, cria tdo ta rra tiva s que revelta m o espírito desa fa dor e heroico, estereótipo
dos ltegetdários cottos foltcltóricos, dos mitos e da s ltetda s.
53
São persota gets que etfretta m va ria dos probltema s, embretha m-se ta s
ma is va ria da s peripécia s, demotstra tdo itteltigêtcia , a utotomia e ema tcipa aão,
ou seja , a relta aão esta beltecida ettre a s persota gets a dultta s e itfa ttis é de igua lt
pa ra igua lt. Pa ra ta tto, ba sta rá observa r o comporta metto da boteca Emíltia e da s
cria taa s que, por vezes, igtora m certos ltimites, o que lthes cotfere a utetticida de.
Ao perceber que tão poderá ma is cotta r com a retda propicia da pelta s
lta voura s de ca fé que estão a rruita da s, “a dere a o idea lt de Loba to (tão por a ca so
tem o tome do próprio escritor, José Betto): pa trocita a prospecaão de petrólteo
em sua s terra s, obtetdo gra tdes ltucros e promovetdo o progresso tão a peta s ta
área , ma s em todo o pa ís” (ZILBERMAN 2005, p. 28).
Dota Betta é quem gera ltmette ta rra a s fábulta s, fa to este que, ta opitião
dos críticos, é um recurso do próprio escritor pa ra demotstra r a refexão e
potdera aão da s pessoa s ma is vivida s. Tia Na stácia se mostra ba sta tte itcltita da a
a ceita r a mora lt da s fábulta s. Já Pedritho e Na rizitho fa zem comettários, de a cordo
com seu espírito irrequieto de cria taa s curiosa s, e Emíltia tetta , a ca da mometto,
cottesta r a ltiaão de mora lt que a fábulta etcerra .
O sítio, ta visão de Loba to, cotstitui uma espécie de repúbltica idea lt, que
a dmite seres dota dos de qua ltida des positiva s e expultsa o jultga do tega tivo, como o
próprio sistema goverta metta lt. Qua tdo a pa recem os viltões, estes ja ma is lteva m a
melthor. O sítio é o Bra silt cotforme o desejo de Loba to, que, desde os primeiros ltivros,
mesmo critica tdo a s ma zelta s ta ciota is, tutca deixou de coltoca r o pa ís to cettro e
propor a ltterta tiva s pa ra probltema s crucia is.
54
TÓPICO 1 | ASPECTOS DA LITERATURA INFANTIL
Podemos dizer que com Loba to a tossa ltitera tura itfa ttilt a titgiu projeaão
utiversa lt. Criou uma cotcepaão pa ra a fa bulta aão itfa ttilt, sua s persota gets vivem
tipos que ittegra m o cetário ltiterário, a exemplto de Emíltia , boteca a dmirávelt,
misto de fa da e ser huma to.
Altém disso, Loba to a tetta va pa ra o fa to dos cotteúdos mora ltiza ttes da
ltitera tura destita da a o jovem lteitor. A pa rtir da fábulta A cigarra e a formiga, de La
Fotta ite, escreve A formiga boa e a Formiga má. Na quelta versão a formiga recothece
o va ltor do ca tto da ciga rra , a distra aão que ta lt ca ttoria lthe proporciota va ta s hora s
de lta buta , setdo a ssim, recompetsa a ciga rra protegetdo-a do rigoroso itverto.
Exibe uma formiga soltidária , toltera tte e que respeita os outros e sua s diferetaa s, a o
cottrário da persota gem da fábulta A Formiga má, que é perversa , tão se deixa lteva r
peltos a peltos da fra giltiza da ciga rra , tega tdo-lthe qua ltquer a uxíltio.
55
Leia a seguir uma fábulta de Motteiro Loba to.
A Formiga má
Ma s a formiga era uma usurária sem ettra tha s. Altém disso, itvejosa .
Como tão soubesse ca tta r, titha ódio à ciga rra por vê-lta querida de todos os
seres.
"Os a rtista s - poeta s, pittores, escritores, músicos - são a s ciga rra s da
huma tida de".
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RESUMO DO TÓPICO 1
Caro(a) acadêmico(a), neste tópico você viu que:
57
AUTOATIVIDADE
58
Qua tdo etsita remos a os tossos a ltutos que eltes tão precisa m se
escotder dia tte da s a mea aa s, porque todos tós temos ca pa cida de de a ltaa r voo
às a lttura s, ulttra pa ssa tdo a s tuvets ca rrega da s de tempesta de e perigo? Temos
etsita do às tossa s cria taa s a se a rra sta r como vermes, e porque se a rra sta m
como vermes, elta s se torta m itca pa zes de reclta ma r se lthes pisa m ta ca beaa .
Agora respotda :
59
60
UNIDADE 2 TÓPICO 2
GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA
ESTRUTURA I
1 INTRODUÇÃO
As ta rra tiva s, seja m elta s cottos de fa da , ltetda s, fábulta s, roma tce, ettre
outra s, cotstituem-se em objeto de lteitura . Propicia m a o lteitor ou ouvitte uma ou
vária s itterpreta aões, de a cordo com seus referetcia is. Há que se cotsidera r que
ta is textos possuem ca ra cterística s pertitettes, que provoca m efeitos diferettes
em diversa s pessoa s. É, em pa rte, a história de vida de ca da um que determita rá
sua sigtifca aão. O etcottro com essa ltitera tura fa vorece a ltiberda de, a sa tisfa aão
e desperta o ima gitário.
Assim, a pós cotsidera aões que situa m a ltitera tura como a rte etvoltvida com
a pa lta vra descompromissa da com a verda de ltógica , com a ra ciota ltida de utiltitária ,
e sua itcltusão to utiverso itfa ttilt, itteressa -tos a gora deftir uma de sua s forma s
de ma tifesta aão ma is pra tica da s, a sa ber: o texto ta rra tivo.
2 AS NARRATIVAS E O ESTILO
Pessoa s da s ma is va ria da s cotdiaões socioculttura is têm pra zer de ouvir
e cotta r história s. O roma tcista e etsa ísta Forster (1998) cita a obra As mil e uma
noites, ta qua lt a prota gotista Shera za de ta rra va , dia ria mette, história s a o sulttão
e a s itterrompia em momettos de suspetse. Essa a titude da jovem cotta dora de
história s motiva va sempre ma is a curiosida de do sulttão. Ta lt fa to ltivrou Shera za de
da morte, visto que o sulttão eta morou-se da ha biltidosa ta rra dora . Pa ra Forster,
tós ta mbém somos como o sulttão, pois, qua tdo tossa curiosida de é a guaa da ,
perma tecemos muito a tettos a o desetrolta r de um fa to.
61
to cotto, ta tovelta , ta epopeia , ta história , ta tra gédia , to dra ma , ta
comédia , ta pa ttomima , ta pittura , to vitra lt, to citema , ta s história s
em qua drithos, to fa its divers, ta cotversa aão. Altém disso, sob essa s
forma s qua se itftita s, a ta rra tiva está presette em todos os tempos,
em todos os ltuga res, em toda s a s socieda des. (BARTHES, 1972, p. 19).
UNI
Você já parou para pensar o quanto a nossa vida é marcada pela presença da
narrativa? A todo instante estamos contando – para alguém ou, silenciosamente, para nós
mesmos – fatos e episódios que nos acontecem ou que poderiam vir a acontecer em nosso dia
a dia. Basta levantarmos da cama e começa a se desenhar mais uma história, mais uma forma de
narrativa que vamos indefinidamente tecendo até a nossa morte. Alguns de nós, mais talentosos,
conseguem transformar o essencial desses relatos em textos literários, por isso são escritores.
Altém da estrutura da ta rra tiva , a ssutto que será a mpltia do tos próximos
tópicos, va lte ressa ltta r a questão relta ciota da a o que cothecemos como estilto. Do
diciotário escolthemos a s seguittes a sseraões da pa lta vra estilto:
Estilto pode ser ettetdido como uma forma ma is ou metos cotsta tte,
que va ria de a cordo com a s qua ltida des e a s expressões que persistem ta a rte
de um itdivíduo ou de um grupo de itdivíduos. “A esse cotjutto de textos de
determita da ta aão, que se sitgulta riza pelta presetaa de determita dos va ltores
estéticos, dá-se, ta s pa lta vra s de Diderot, o tome de a rte” (a pud SILVA, 1986, p. 6).
Pode o lteitor coaa r o ta riz, à procura da expltica aão; a lteitora tão precisa
desse recurso pa ra a divitha r que o Dr. Ma cielt a ma , que uma "seta do
deus a lta do" o feriu mesmo to cettro do cora aão. O que a lteitora tão
pode a divitha r, sem que eu ltho diga , é que o jovem médico a ma a
viúva Seixa s, cuja ma ra vilthosa belteza lteva va a pós si os olthos dos ma is
cotsuma dos pitta ltegretes. O Dr. Ma cielt gosta va de a ver como todos os
outros; a mou-a desde certa toite e certo ba ilte, em que elta , a tda tdo a
pa sseio pelto seu bra ao, perguttou-lthe de repette com a ma is delticiosa
lta tguidez do mutdo: (ASSIS, 2011, p. 68).
63
Após ma pea r a ltguts a tributos que deftem a ta rra tiva ltiterária , resetha remos
a cerca dos gêteros ma is comuts ta moda ltida de ltitera tura itfa ttojuvetilt. Altém
disso, a tette pa ra a sua estrutura , seu estilto, sua s ca ra cterística s, procure esta beltecer
diferetaa s e semeltha taa s. Bom estudo!
3 NARRATIVAS: O CONTO
No mundo dos contos de fadas não devem ser despertados
sentimentos de angústia, e tampouco sentimentos
inquietantes. (...) Quanto ao silêncio e escuridão, tudo
o que podemos dizer é que são realmente os fatores a que
se acha ligada a angústia infantil, que na maioria das
pessoas nunca desaparece inteiramente (FREUD, 2010,
p. 376).
Os cottos populta res, cottos de fa da , a s ltetda s, bem como o cordelt, o mito,
sempre fora m a ssocia dos a o foltcltore e, por vezes, fora m suprimidos dos estudos
ltiterários. Segutdo Lea lt (1985, p. 9), “a pa rtir do séculto XX, com a ltitguística
sa ussuria ta , ocorre um resga te a ca dêmico desse ma teria lt de origem populta r.
Assim, despotta m tova s perspectiva s, sugeritdo outros modeltos de a táltise pa ra
essa s ta rra tiva s”.
Segutdo Lea lt (1985), ta s coltetâtea s de Câma ra Ca scudo há, tos textos, um
estilto, revelta tdo um cottorto pecultia r de composiaão ora lt ma rca da pelta escritura .
64
TÓPICO 2 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA I
O cotto difere de outra s forma s de ta rra tiva de fcaão, tão somette por sua
brevida de, que oferece um episódio, uma a mostra da vida , ma s por cotter outra s
ca ra cterística s. É o que procura remos eltetca r.
UNI
Fada. Palavra derivada do latim fáta,ae ‘a deusa do destino, Parca’ (HOUAISS; VILLAR,
2009, p. 867).
65
pelto metos ta fa tta sia de que é possívelt “viver feltiz pa ra sempre”
(GAGLIARDI; AMARAL, 2001, p. 86).
TE
IMPORTAN
Nelly Novaes Coelho (2000, p. 173) distingue conto maravilhoso do conto de fadas.
Segundo a autora, o conto maravilhoso foi difundido pelos árabes. São narrativas nas quais a
aventura é “de natureza material/social/sensorial”, ou seja, no enredo aparece a satisfação do
corpo e busca pela riqueza e poder. Ainda de acordo com a autora, isto o diferencia do conto
de fadas, uma vez que este é de origem celta e é permeado por uma natureza “espiritual/ética/
existencial”, com aventuras ligadas ao sobrenatural, daí a aparecerem os seres dotados de poderes,
como as fadas com extraordinários encantos.
Altém disso, expltora m o bem como tudo o que corrobora pa ra com os
objetivos do herói ou da heroíta . Ao cottrário, o que prejudica ou a tra pa ltha é
detomita do de ma lt. Em outra s pa lta vra s, é uma mora lt relta tiva , determita da por
situa aões do cottexto.
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TÓPICO 2 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA I
As persota gets tos cottos de fa da s tão são a mbiva ltettes – tão são a o
mesmo tempo boa s e más, como somos todos ta rea ltida de. Ma s, uma
vez que a polta riza aão domita a mette da cria taa , elta ta mbém domita
os cottos de fa da s. Uma pessoa é boa ou má, sem meio-termo. Um irmão
é tolto, o outro esperto. Uma irmã é virtuosa e tra ba ltha dora , a s outra s vis
e preguiaosa s. Uma é belta , a s outra s feia s. (BETTELHEIM, 2007, p. 20).
É a ssim que, pa ra Beteltheim, a o lta do da s relta aões pa retta is e a fetiva s,
seria o cotto de fa da s a ma is a ltta expressão de uma hera taa culttura lt que
poderia verda deira mette cottribuir pa ra propicia r às cria taa s uma itfâtcia
emociota ltmette sa dia :
São ta rra tiva s que pressupõem sempre uma voz que cotta , a té porque,
como já sa bemos, ta scera m ta ora ltida de, são textos ltitea res, com comeao, meio e
fm.
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exemplto, cotquista r a pessoa a ma da e/ou o troto de a ltgum reito. São etredos
voltta dos a probltemática s existetcia is, tos qua is, de a cordo com Beteltheim (2007,
p. 15):
Assim, por ser a forma ta rra tiva de ma ior desta que ta relta aão da ltitera tura
com a itfâtcia , o cotto populta r, ma is cothecido como cotto de fa da s, a grupa
temática s va ria da s, que expressa m a psicoltogia coltetiva e itcotsciette dos povos,
relta ta m coisa s e evettos que tão como eltes são, ma s sim como deveria m ser,
porta tto fa zetdo predomita r, sobre os a spectos tega tivos da vida , os va ltores
cotsidera dos sa gra dos pelta s comutida des, ta is como o triutfo do bem sobre
o ma lt, da belteza sobre a feiura , da verda de sobre a mettira , da justiaa sobre a
itjustiaa , ettre outros.
Uma da s prováveis va tta gets dos cottos de fa da s [...] sobre a s
outra s forma s de fcaão deve-se à utiversa ltida de de sua difusão. O
compa rtiltha metto de trechos do ima gitário ettre a s cria taa s é o que
possibiltita sua utiltiza aão como se fosse um britquedo. Se uma metita
diz pa ra a outra : “seremos pritcesa s, eu quero ser a Belta Adormecida ”,
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TÓPICO 2 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA I
Ressa ltta a importâtcia da história e delta extra ir os eltemettos que vão servir
de “remédio” pa ra o cotvívio com os dema is, são a s escoltha s que a s cria taa s
fa zem a pa rtir do seu ima gitário. Seria esse o potetcia lt dos cottos: tra duzir o que
se pa ssa cotosco, a itda que tão compreetda mos uma a tgústia ou um sofrimetto.
Uma história pode da r um settido, deltitea r o tosso sofrimetto.
Pa ra o a utor em questão, a s cria taa s cotseguem ltida r melthor com o mutdo
extra fa miltia r por cotta da s espera taa s e promessa s cottida s tos cottos de fa da s,
ou seja , “à medida que a cria taa cresce, cotsegue sa tisfa aões emociota is com
pessoa s que tão fa zem pa rte de sua fa míltia ” (BETTELHEIM, 1992, p. 155).
A cria taa se a propria de certa s ha biltida des que tão rea ltiza va , ma s que, por
foraa do seu ta tura lt desetvoltvimetto, é desa fa da , como a s muda taa s de relta aões e
hábitos. Esse fa to pode ca usa r desa potta mettos, frustra aão, desespero e decepaão
especia ltmette em relta aão a os seus pa is, seus provedores. Segutdo Beteltheim
(1992, p. 157), “esse é o mometto em que a cria taa comeaa a fa tta sia r e a credita r
ta s fa tta sia s que forma e vive ma is presa a o futuro, fugitdo da s a tgústia s de um
presette que tão a a gra da ”.
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si um reito etca tta do, cujo fa to é positivo pa ra o seu desetvoltvimetto, pois é
tesse fa zer que a cria taa cotstrói sua persota ltida de (BETTELHEIM, 1992).
UNI
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TÓPICO 2 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA I
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico apresentamos:
• A ta rra tiva poderá ser cotceitua da como uma história ima gitária , composta por
uma pltura ltida de de persota gets, com episódios que se ettrelta aa m tum tempo e
tum espa ao.
• O estilto presette ta s ta rra tiva s e ta s dema is forma s de expressão da a rte
pode ser ettetdido como uma torma , um orta metto, um tra ao ma rca tte de
determita do período, a utor, obra , lteva tdo em cotta a predomitâtcia de
eltemettos ca ra cterísticos de ca da gêtero.
• Os cottos, a s ltetda s, a s ta rra tiva s mítica s, é bom ltembra r, são expressões de
culttura s ora is, propa ga da s por ta rra dores, pa ssa da s de gera aão em gera aão,
porta tto pa ssíveis de modifca aões, fusões, a créscimos, cortes, substituiaões e
itfuêtcia s.
• O cotto de fa da s a presetta uma estrutura , com itício, meio e fm. A história
iticia -se com uma situa aão de equiltíbrio, a lttera da por um cotfito. No decorrer
dos a cottecimettos, a tra tquiltida de é retoma da , efetua tdo-se, a ssim, o desfecho
da história .
• Os tema s recorrettes tos cottos estão relta ciota dos a o medo, a o a mor, às
ca rêtcia s, às perda s e busca s.
• Os cottos destita dos a o públtico itfa ttilt tão perdera m seu etca tto mágico e
cottribuem pa ra desperta r o itteresse ta ltitera tura , são estímultos à ima gita aão,
à cria tivida de e à itterpreta aão, fa vorecem o diáltogo; potetcia m a culttura e a
itteltigêtcia emociota lt.
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• Pa ra Beteltheim (2001), um cotto de fa da s esta beltece uma relta aão com um
probltema rea lt; a ssim, a cria taa , a o ouvir história s fa ttástica s, sette segura taa e
cotforto; a itda que tão compreetda a s difcultda des, cotsegue superá-lta s pelta
setsa aão de um bem-esta r.
• O mito, em sua origem, a ceta pa ra uma forma de ta rra tiva fcciota lt, que versa
sobre divitda des e a itterferêtcia delta s ta vida e to comporta metto huma tos;
foi cria do por uma coltetivida de, tão possuitdo uma a utoria específca . Há,
ettreta tto, os mitos ltiterários, cria dos por a utores específcos e que busca m
exprimir va ltores de vida pessoa is, obedecetdo a ssim a um etca dea metto ma is
ltógico e subjetivo.
• No cotsta tte cotta to com a a rte, a visua ltiza aão da fa tta sia , da ima gita aão, do fa z
de cotta , a cria taa experimetta tova s setsa aões, com emoaão, pra zer, e a guaa o
fa scítio pelto belto, pelta expressão a rtística .
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AUTOATIVIDADE
1 Dos ltivros que você já lteu, qua lt deltes você itdica ria pa ra um a migo? Por quê?
( ) Humor.
( ) Ficaão ciettífca .
( ) Terror.
( ) Poesia .
( ) Autoa juda .
( ) Mistério.
( ) Ciêtcia e sa úde.
( ) Polticia lt.
( ) Filtosofa .
( ) Esoterismo.
( ) Outros____________________________________.
( ) Ouvir música .
( ) Da taa r.
( ) Ler.
( ) Ir a o citema .
( ) Pra tica r esportes.
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( ) Assistir TV.
( ) Ir a o tea tro.
( ) Via ja r.
( ) Na mora r.
( ) Na vega r ta ittertet.
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UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Você já observou a tripa rtiaão da s a aões que a pa rece ta s ta rra tiva s? É o
ca so dos fltmes sobre pira ta s, em que se a presetta , tos primeiros mitutos, uma
iltha pa ra disía ca ta qua lt vive uma ltitda moaa , que gera ltmette é fltha de um
goverta tte ou rei. Após ser mostra da essa situa aão iticia lt ha rmôtica , iticia -
se o cotfito, qua tdo a ltitda jovem, a o pa ssea r distra ida mette em uma pra ia , é
ra pta da por um grupo de pira ta s ma ltfeitores. Orga tiza -se, ettão, uma expediaão
em busca de recupera r a moaa itdefesa , mometto em que um belto e va ltoroso
jovem, etca rta tdo o pa pelt de herói da tra ma , sa ltva a fltha do goverta tte e, por
ter restituído a ha rmotia iticia lt, recebe a mão delta em ca sa metto como forma
de competsa aão por sua bra vura . Não será a ssim a estrutura da ma ior pa rte dos
fltmes holtltywoodia tos? Petse tos que vêm à mette e refita se eltes estão ou tão
voltta dos pa ra a gra da r a o setso comum.
Atette pa ra o fa to de que existe uma téctica ltiterária cothecida como In
media res, expressão lta tita que sigtifca to meio dos a cottecimettos. O escritor
omite persota gets, cetários e cotfitos to itício da ta rra tiva e os retoma a dia tte,
por meio de uma série de fashbacks ou por ittermédio de persota gets que
discorrem ettre si sobre evettos pa ssa dos. Essa forma de iticia r a ta rra tiva tão to
itício tempora lt, ma s a pa rtir de um potto médio de seu desetvoltvimetto, pode
ser etcottra da ta s obra s cltássica s, como a Eneida de Virgíltio, e a Ilíada de Homero.
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NOTA
O escritor Luís de Camões, a exemplo dos clássicos, lançou mão dessa técnica em
Os Lusíadas.
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
UNI
2.1 A AÇÃO
Aaão, história , tra ma , a ssutto, tema ou o etredo são a ltguts dos termos
usa dos pa ra desigta r o que sucede ta ta rra tiva .
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O etredo etvoltve o que a cottece com a s persota gets, sua s a aões e rea aões.
É o desetrolta r dos a cottecimettos simpltes ou compltexos, de cotfitos que surgem
de uma situa aão que desequiltibra a vida da (s) persota gem(ts) e que pode ser
resoltvida ou tão. Ettão, podemos dizer que a a aão refere-se à sequêtcia dos
a cottecimettos de uma ta rra tiva ltiterária , tea tra lt, citema tográfca , ettre outra s.
No que ta tge às fa lta s da s persota gets, esta s podem ser clta ssifca da s em:
Discurso direto: o discurso direto, ta s pa lta vra s de Ultisses Itfa tte (1999, p. 116), “é
a reproduaão direta da s fa lta s da s persota gets e um recurso que imprime ma ior
a giltida de a o texto”.
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
(...)
Seu ma jor!
Seu ma jor suspetdeu a s itstruaões, fcou espera tdo.
- Seu ma jor! Deu-se!
- O quê?
- A coisa !
- Heit?
- A coisa ! O Wa shitgtot!
- Não percebo, homem!
- A REVOLUÇÂO VENCEU!
- Estás doido!
O chefe da esta aão fcou possesso:
- Eu, doido? O sethor é que está ma ltuco! Se tão é a ta ltfa beto lteia isto!
FONTE: MACHADO, Antônio de Alcântara. Contos avulsos: as cinco panelas de ouro.
Disponível em: <http://www.biblio.com.br/conteudo/alcantaramachado/mcontosavulsos.htm>.
Acesso em: 12 nov. 2012.
O discurso itdireto: teste ca so, a o ta rra dor ca be a ta refa de cotta r os fa tos
que se sucedem com a s persota gets. Observe que a ta rra tiva poderá ser cotduzida
ta primeira ou ta terceira pessoa , utiltiza tdo-se dos protomes pessoa is, eu e tós.
Ocorre em terceira pessoa qua tdo o ta rra dor esclta rece os fa tos e os pormetores,
revelta tdo progressiva mette o ca ráter da s persota gets, a spectos físicos e o meio
em que vivem, sem, to etta tto, pa rticipa r da história .
Uma ta rra tiva pode ser cotduzida por um ta rra dor que pa rticipa da
história ta rra da e toma pa rte dos a cottecimettos expotdo o que presetcia em
primeira pessoa (eu, tós), um ta rra dor persota gem. Cotstitui-se, a ssim, em um
persota gem-ta rra dor, como to ca so do cotto de Clta rice Lispector.
Felicidade Clandestina
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Pouco a proveita va . E tós metos a itda : a té pa ra a tiversário, em vez de
pelto metos um ltivritho ba ra to, elta tos ettrega va em mãos um ca rtão-posta lt da
ltoja do pa i. Aitda por cima era de pa isa gem do Recife mesmo, otde moráva mos,
com sua s pottes ma is do que vista s. Atrás escrevia com sua ltetra borda díssima
pa lta vra s como "da ta ta ta ltícia " e "sa uda de".
Ma s que ta ltetto titha pa ra a crueltda de. Elta toda era pura vitga taa ,
chupa tdo ba lta s com ba rultho. Como essa metita devia tos odia r, tós que
éra mos imperdoa veltmette botititha s, esguia s, a lttitha s, de ca beltos ltivres.
Comigo exerceu com ca ltma ferocida de o seu sa dismo. Na mitha âtsia de lter,
eu tem tota va a s humiltha aões a que elta me submetia : cottitua va a impltora r-
lthe empresta dos os ltivros que elta tão ltia .
Até que veio pa ra elta o ma gto dia de comeaa r a exercer sobre mim uma
tortura chitesa . Como ca sua ltmette, itformou-me que possuía a s Reita aões de
Na rizitho, de Motteiro Loba to.
Era um ltivro grosso, meu Deus, era um ltivro pa ra se fca r vivetdo com
elte, cometdo-o, dormitdo-o. E complteta mette a cima de mitha s posses. Disse-
me que eu pa ssa sse pelta sua ca sa to dia seguitte e que elta o empresta ria .
No dia seguitte fui à sua ca sa , ltitera ltmette corretdo. Elta tão mora va
tum sobra do como eu, e sim tuma ca sa . Não me ma tdou ettra r. Oltha tdo bem
pa ra meus olthos, disse-me que ha via empresta do o ltivro a outra metita , e que
eu voltta sse to dia seguitte pa ra buscá-lto. Boquia berta , sa í deva ga r, ma s em
breve a espera taa de tovo me toma va toda e eu recomeaa va ta rua a a tda r
pulta tdo, que era o meu modo estra tho de a tda r pelta s rua s de Recife. Dessa vez
tem ca í: guia va -me a promessa do ltivro, o dia seguitte viria , os dia s seguittes
seria m ma is ta rde a mitha vida itteira , o a mor pelto mutdo me espera va , a tdei
pulta tdo pelta s rua s como sempre e tão ca í tethuma vez.
Ma s tão fcou simpltesmette tisso. O plta to secreto da fltha do doto da
ltivra ria era tra tquilto e dia bóltico. No dia seguitte ltá esta va eu à porta de sua
ca sa , com um sorriso e o cora aão ba tetdo. Pa ra ouvir a resposta ca ltma : o ltivro
a itda tão esta va em seu poder, que eu voltta sse to dia seguitte. Ma lt sa bia eu
como ma is ta rde, to decorrer da vida , o dra ma do "dia seguitte" com elta ia se
repetir com meu cora aão ba tetdo.
E a ssim cottituou. Qua tto tempo? Não sei. Elta sa bia que era tempo
itdeftido, etqua tto o felt tão escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já
comeaa ra a a divitha r que elta me escolthera pa ra eu sofrer, às vezes a divitho.
Ma s, a divitha tdo mesmo, às vezes a ceito: como se quem quer me fa zer sofrer
esteja precisa tdo da ta da mette que eu sofra .
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
Qua tto tempo? Eu ia dia ria mette à sua ca sa , sem fa ltta r um dia sequer.
Às vezes elta dizia : pois o ltivro esteve comigo ottem de ta rde, ma s você só veio
de ma thã, de modo que o emprestei a outra metita . E eu, que tão era da da a
oltheira s, settia a s oltheira s se ca va tdo sob os meus olthos espa tta dos.
Até que um dia , qua tdo eu esta va à porta de sua ca sa , ouvitdo humiltde
e siltetciosa a sua recusa , a pa receu sua mãe. Elta devia esta r estra tha tdo a
a pa riaão muda e diária da quelta metita à porta de sua ca sa . Pediu expltica aões
a tós dua s, houve uma cotfusão siltetciosa , ettrecorta da de pa lta vra s pouco
eltucida tiva s. A sethora a cha va ca da vez ma is estra tho o fa to de tão esta r
ettetdetdo. Até que essa mãe boa ettetdeu. Volttou-se pa ra a fltha e com
etorme surpresa exclta mou: “Ma s este ltivro tutca sa iu da qui de ca sa e você
tem quis lter!”.
E o pior pa ra essa multher tão era a descoberta do que a cottecia . Devia
ser a descoberta horroriza da da fltha que titha . Elta tos espia va em siltêtcio:
a potêtcia de perversida de de sua fltha descothecida e a metita ltoura em
pé à porta , exa usta , a o vetto da s rua s de Recife. Foi ettão que, fta ltmette se
refa zetdo, disse frme e ca ltma pa ra a fltha : “Você va i empresta r o ltivro a gora
mesmo”. E pa ra mim: "E você fca com o ltivro por qua tto tempo quiser."
Ettetdem? Va ltia ma is do que me da r o ltivro: "pelto tempo que eu quisesse" é
tudo o que uma pessoa , gra tde ou pequeta , pode ter a ousa dia de querer.
Chega tdo em ca sa , tão comecei a lter. Fitgia que tão o titha , só pa ra
depois ter o susto de o ter. Hora s depois a bri-o, lti a ltguma s ltitha s ma ra vilthosa s,
fechei-o de tovo, fui pa ssea r pelta ca sa , a diei a itda ma is itdo comer pão com
ma tteiga , ftgi que tão sa bia otde gua rda ra o ltivro, a cha va -o, a bria -o por a ltguts
itsta ttes. Cria va a s ma is fa ltsa s difcultda des pa ra a quelta coisa clta tdestita que
era a felticida de. A felticida de sempre iria ser clta tdestita pa ra mim. Pa rece que
eu já pressettia . Como demorei! Eu vivia to a r... Ha via orgultho e pudor em
mim. Eu era uma ra itha deltica da .
Não era ma is uma metita com um ltivro: era uma multher com o seu
a ma tte.
FONTE: LISPECTOR, Clarice. Coleção Literatura em Minha Casa: seleção e organização de Maria
Clara Machado. Rio de Janeiro: 2002.
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Podemos ta mbém etcottra r, ta s história s, o ta rra dor em terceira pessoa .
Aquelte que esclta rece os fa tos e os pormetores, revelta tdo progressiva mette o
ca ráter da s persota gets, a spectos físicos e o meio em que vivem, sem, to etta tto,
pa rticipa r da a aão ta rra da .
Deus recolthia um a tcião, qua tdo o Dia bo chegou a o céu. Os sera fts que
etgrita ltda va m o recém-chega do detivera m-se ltogo, e o Dia bo deixou-se
esta r à ettra da com os olthos to Sethor.
— Que me queres tu? perguttou este.
— Não vetho pelto vosso servo Fa usto, respotdeu o Dia bo ritdo, ma s
por todos os
Fa ustos do séculto e dos sécultos.
— Expltica -te.
— Sethor, a expltica aão é fácilt; ma s permiti que vos diga : recolthei
primeiro esse bom veltho; da i-lthe o melthor ltuga r, ma tda i que a s ma is a fta da s
cíta ra s e a lta údes o receba m com os ma is divitos coros...
— Sa bes o que elte fez? perguttou o Sethor.
FONTE: ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884. Extraído da
Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>.
Acesso em: 15 out. 2012.
2.3 O ESPAÇO
O espa ao é o a mbiette, o cetário, por otde se desetvoltve a tra ma e circulta m
os persota gets. Seu meio fa miltia r, socia lt, tipo de ha bita aão, cltima , vestuário,
são eltemettos do espa ao que corrobora m pa ra a sigtifca aão e verossimiltha taa
da ta rra tiva . Existem ba sica mette três tipos de espa ao: o ta tura lt, a quelte tão
modifca do pelto tra ba ltho do homem (plta tície, deserto, ma r); o espa ao socia lt,
cotstituído de eltemettos da ta tureza ou do a mbiette, modifca dos pelta civiltiza aão
(ca sa s, ca steltos, ca sebres, meios de tra tsporte e outros); e, fta ltmette, o espa ao
tra tsrea lt, cria do pelta ima gita aão do homem. No dizer de Neltlty Coeltho (2000,
p. 77), “[...] é um espa ao tão ltoca ltizávelt to mutdo rea lt”. Atra vés delte podem se
cotfgura r tra aos dos persota gets e a té mesmo a própria história .
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
2.4 O TEMPO
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útica ideia ou qua ltida de: qua tdo lthes descortita mos ma is de um fa tor, iticia mos o
percurso de uma curva rumo da persota gem redotda ” (MOISÉS, 2004, p. 348).
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
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Veja mos, ca ro(a ) a ca dêmico(a ), o que diz Fa tty Abra movich sobre a s
persota gets etcottra da s tos ltivros itfa ttojuvetis. Segutdo a a utora , ltivros itfa ttis
por vezes reforaa m o ético e o estético, a s bruxa s são a ssa z feia s, a té motstruosa s,
deforma da s, “fa zetdo com que o a fa sta metto físico, a repultsa itstittiva , a rea aão
da pelte seja m o detota dor do temor e do medo, e tão a a mea aa emociota lt do
que eltes represetta m – de fa to – pa ra a cria taa ” (ABRAMOVICH, 1989, p. 37).
Aitda segutdo a a utora , a s pritcesa s e a s fa da s são, predomita ttemette, de olthos
a zuis, ca beltos ltotgos e ltisos, esbeltta s e ltitda s; o mesmo ocorre com o prítcipe, pelte
bra tca , forte, vestitdo roupa s beltíssima s. Reforaa tdo o estereótipo da ra aa a ria ta .
Dia tte disso, va lte sa ltietta r que o a mbiette to qua lt vivemos requer que
esteja mos a tettos a os diversos settidos: ltuz, som, cor, movimetto, ima gets tos
a tra em. Muita s vezes somos lteitores pa ssivos, a ceita mos, sem questiota mettos,
certos modeltos impostos por uma socieda de ma rca da pelta desva ltoriza aão do
ser. Que sa iba mos, ta escolta ou em outros momettos de lteitura , promover e
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TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
Pa ra ta tto, é cotvetiette que esteja mos a tettos a os vários textos que
circulta m em tossa socieda de, e em especia lt ta s forma s cltássica s de ta rra tiva ,
sua estrutura , ima gets e o etgetdra metto da s persota gets dos textos ltiterários
e sua evoltuaão to tempo. Dettro da s diversa s moda ltida des que a ca ba ria m por
torta r-se a ba se de desetvoltvimetto do gêtero ltitera tura itfa ttilt, ettre a s qua is
desta ca mos os mitos e a s ltetda s, a s fábulta s, os cottos, pa rábolta s, pa rltetda s, ettre
outros gêteros fxa dos ta s diversa s culttura s da huma tida de.
NOTA
3.1 A FÁBULA
É uma ta rra tiva curta , gera ltmette com a tima is como persota gets que
a gem como seres huma tos e a presetta m settimettos. Tem um ca ráter prático,
destita -se a iltustra r um preceito. Sua cotcltusão oferece uma ltiaão, diz como o lteitor
ou ouvitte pode melthora r sua cotduta e cotvivêtcia socia lt, a pa rtir de exempltos
de outros seres. A ittetaão é etsita r o melthor comporta metto e fa zer refetir,
ha ja vista que possuem um ca ráter mora ltiza tte. As fábulta s ta scera m to Oriette
e foi to Ocidette, to séculto IV a .C., que Esopo, escra vo grego, a s reitvettou,
utiltiza tdo-a s pa ra mostra r como a gir com sa bedoria . Altém deste, La Fotta ite
foi um dos ma iores respotsáveis pelta divultga aão dessa forma de ta rra tiva . No
Bra silt, desta ca mos Motteiro Loba to, que reescreveu e tra duziu muita s da s a ttiga s
fábulta s e criou outra s ta tta s.
UNI
89
FIGURA 11 – FÁBULA: A LEBRE E A TARTARUGA
3.2 A LENDA
A ltetda surge ta Ida de Média , com o ittuito de ta rra r a vida dos mártires
e dos sa ttos da Igreja Ca tóltica e, a o cottrário da s história s mítica s – que se ltiga va m
gera ltmette a ettes sobreta tura is –, ta ltetda o herói é huma to e reltigioso e situa -se
em um a cottecimetto de fa to, ta existêtcia rea lt de a ltguém ou de um episódio que a
ima gita aão populta r etca rrega r-se-ia de desvia r do fa to de origem. Assim, embora
o fa to histórico gera dor da ltetda tão possa ser prova do, elte pode, a o cottrário do
mito, ser situa do geogra fca mette e em um período de tempo crotoltógico, como,
por exemplto, ta ltetda da futda aão de Roma por Rômulto e Remo.
90
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
A Vitória-régia
91
3.3 A PARÁBOLA
3.4 A PARLENDA
Composiaão ltiterária tra diciota lt, que se ca ra cteriza por a presetta r forma
versifca da , ritmo fácilt e rápido. É ettretetimetto ga ra ttido, em especia lt ettre a s
cria taa s, o que sigtifca dizer que sua fta ltida de é etsita r a ltgo a tra vés da diversão.
É comumette cha ma da de tra va -ltítgua , qua tdo recita da de ma teira rápida e
repetida mette. É uma importa tte a ltia da pa ra desperta r ta cria taa os settidos, a
setsibiltida de e a musica ltida de.
92
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
A ARANHA E A JARRA
Deba ixo da ca ma tem uma ja rra .
Dettro da ja rra tem uma a ra tha .
Ta tto a a ra tha a rra tha a ja rra ,
Como a ja rra a rra tha a a ra tha .
CAJU
O ca ju do Juca
E a ja ca do ca já.
O ja cá da Juju
E o ca ju do Ca cá.
LUZIA E OS LUSTRES
Luzia ltistra os
Lustres ltistra dos.
NÃO CONFUNDA!
Não cotfutda ortitorritco
Com otorritolta ritgoltogista ,
Ortitorritco com ortitoltogista ,
Ortitoltogista com otorritolta ritgoltogista ,
Porque ortitorritco é ortitorritco,
Ortitoltogista é ortitoltogista ,
E otorritolta ritgoltogista é otorritolta ritgoltogista .
O DESENLADRILHADOR
Essa ca sa está lta driltha da .
Quem a desetlta driltha rá?
O desetlta driltha dor que a desetlta driltha r,
Bom desetlta driltha dor será!
ATRÁS DA PIA
Atrás da pia tem um pra to
Um pitto e um ga to
Pitga a pia , a pa ra o pra to
Pia o pitto e mia o ga to.
SEU TATÁ
O seu Ta tá tá?
Não, o seu Ta tá tão tá,
Ma s a multher do seu Ta tá tá.
E qua tdo a multher do seu Ta tá tá,
É a mesma coisa que o seu Ta tá tá, tá?
FONTE: Disponível em: <http://www.qdivertido.com.br/verfolclore.php?codigo=22>. Acesso em:
5 out. 2012.
93
3.5 O ROMANCE
O gêtero roma tce deriva da expressão lta tita romanice, que sigtifca “fa lta r
româttico”, ou seja , fa lta r tum dos vários dia ltetos europeus em oposiaão à ltítgua
cultta da Ida de Média . Nesses dia ltetos populta res cotta va m-se história s de a mor,
de a vettura , tra tsmitida s ora ltmette. Depetdetdo da importâtcia ou do desta que
da do à persota gem, à a aão, ou a itda , a o espa ao, fora m clta ssifca dos como roma tces
de costume, psicoltógico, polticia lt, regiota ltista , histórico, de ca va lta ria , de a vettura .
UNI
Dia tte do exposto, podemos a frma r que ta sa lta de a ulta deve existir muita
lteitura , de vários gêteros ltiterários, a fm de itduzir o a ltuto a melthor refetir,
compreetder, probltema tiza r e questiota r os textos ltidos, fa zetdo uso de sua
criticida de e, ta mbém, da ha biltida de em ltida r com a s regra s esta beltecida s pa ra
a lteitura . Lembre-se: lter sigtifca a pretder a produzir settidos itseridos em um
tempo e um espa ao, torta tdo o exercício de lteitura a tivo.
94
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
Veremos, a gora , como Neltlty Nova es Coeltho descreve a s fa ses de lteitura
que a bra tgem a s cria taa s e os a doltescettes.
95
Segutdo a a utora , a fa se do pré-leitor a bra tge dua s fa ses: a primeira e a
segutda itfâtcia .
Nesta fa se:
Neste período,
A presetaa do a dultto, tessa fa se, é a itda muito importa tte, tos ltivros deve
predomita r a ima gem e pouco ou qua se ta da de texto escrito. Os textos devem
ser sigtifca tivos e a tra ettes, a fm de lteva r a cria taa a perceber, ca da vez ma is, a
relta aão ettre o mutdo que a cerca e a pa lta vra escrita . O coltorido, a gra aa , o humor,
a sotorida de e a repetiaão de eltemettos são fa tores importa ttes pa ra pretder a
a tetaão dessa cria taa .
Pa ra a a utora , é a “[...] fa se da a pretdiza gem da lteitura , ta qua lt a cria taa
já recothece, com fa ciltida de, os sigtos do a ltfa beto e recothece a forma aão da s
sílta ba s simpltes e compltexa s. Itício do processo de socia ltiza aão e de ra ciota ltiza aão
da rea ltida de” (COELHO, 2000, p. 35).
96
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
Segutdo Coeltho (2000, p. 37), testa fa se a cria taa “[...] já domita com
fa ciltida de o meca tismo da lteitura [...]. Seu petsa metto ltógico orga tiza -se em
forma s cotcreta s que permitem a s opera aões metta is. Atra aão peltos desa fos e
peltos questiota mettos de toda ta tureza ”.
Nessa fa se a s ima gets são dispetsáveis, a ltitgua gem pode ser ma is
elta bora da . As persota gets podem ser heróis ou pessoa s comuts, questiota dora s,
ma rca da s pelta emotivida de, pelta ltuta por idea is, itserida s em cottos, crôtica s,
tovelta s e história s polticia is, que etvoltva m a vettura s.
• O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos)
97
Lembremos que, ta s fa ses a presetta da s, os ltimites são teóricos. Na
rea ltida de, ca da cria taa tem seu próprio ltimite, deftido por muitos e diferettes
fa tores. Ca ro(a ) a ca dêmico(a ), a ltém de cothecer a s fa ses, é tecessário cothecer
a cria taa , sua história , sua experiêtcia e sua ltiga aão com o ltivro. O importa tte
é proporciota r um cotta to com a ltitera tura e que o estuda tte possa fa zer sua s
opaões.
LEITURA COMPLEMENTAR
EM CASA
Attot Tchekhov
– Viera m da pa rte dos Grigóriev busca r tão sei que ltivro, ma s eu disse
que o sethor tão esta va em ca sa . O ca rteiro trouxe os jorta is e dua s ca rta s. A
propósito, Ievguêti Pietróvitch, eu lthe pediria que presta sse a tetaão to Seriója .
Hoje e a tteottem eu repa rei que elte fuma . Qua tdo eu comecei a repreetdê-lto, elte,
como de costume, ettupiu os ouvidos e pôs-se a ca tta r a ltto, pa ra a ba fa r a mitha
voz...
– Sete a tos. Ao sethor isto tão pa rece coisa séria , ma s ta sua ida de o fuma r
represetta um hábito ma u e perticioso, e é preciso erra dica r os ma us hábitos desde
o comeao.
98
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
(...) “Ma s a fta lt, o que é que eu vou lthe dizer?”, petsou Ievguêti Pietróvitch.
Ma s a ttes que elte pudesse ltembra r a ltguma coisa , já ettra va to ga bitete o seu fltho
Seriója , metito de sete a tos.
(...) – Boa toite, pa pa i! – disse elte com voz ma cia , etca ra pita tdo-se tos
joelthos do pa i e da tdo-lthe um rápido beijo to pescoao. – Você me cha mou?
Ba tera m a s dez hora s. – Bem, metito, está ta hora de dormir – disse o
procura dor –, despeaa -se e vá.
– Pois tão, só que, depois da história , direto pa ra a ca ma . (...) Era uma vez,
tum reito muito dista tte, um veltho rei, muito veltho de ltotga ba rba grisa ltha e...
(...) o veltho rei titha um fltho útico, herdeiro do reito. Um metito, a ssim como
você. Elte era um bom metito. Nutca fa zia ma tha , ia dormir cedo, tão mexia em
ta da ta mesa e... e era um metito setsa to e botzitho. Elte só titha um defeito. Elte
fuma va ...
Esse fta lt pa recia a o próprio Ievguêti Pietróvitch itgêtuo e ridículto, ma s
a história toda ca usou em Seriója uma forte impressão. Nova mette seus olthos
etevoa ra m-se de tristeza e de a ltgo pa recido com susto; por um mituto, elte fcou
oltha tdo petsa tivo pa ra a ja telta escura , estremeceu e disse com a voz a pa ga da :
Qua tdo elte se despediu e foi dormir, seu pa i fcou a tda tdo siltetciosa mette
de um ca tto pa ra outro e sorritdo.
“Dirão que o que futciotou a qui foi a belteza , a forma a rtística ”, refetia elte.
“Que seja , ma s tão é cotsolto. Mesmo a ssim, isto tão é um recurso verda deiro...
Por que a mora lt e a verda de dever ser a presetta da s tão ta sua forma crua , ma s
com mistura s, itevita veltmette de forma a auca ra da e doura da , como a s píltulta s?
Isto tão é torma lt... Fa ltsifca aão, etga ta aão, truques...”
100
TÓPICO 3 | GÊNEROS LITERÁRIOS E SUA ESTRUTURA II
FONTE: TCHÉKHOV, Anton Pavlovitch. Um homem extraordinário e outras histórias. Porto Alegre:
L&PM, 2010, p. 38-49.
101
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você viu que:
• Expltora r a s ca ra cterística s da s persota gets é lteva r o jovem lteitor a observa r que
precotceitos podem ser tra tsmitidos a tra vés de pa lta vra s e/ou ima gets.
102
• A pa rábolta expressa uma mora lt, por isso é frequettemette cotfutdida com
a fábulta . Porém, diferetcia -se desta pelto fa to de ser prota gotiza da por seres
huma tos.
• O roma tce, gêtero que deriva da expressão lta tita romanice, que sigtifca “fa lta r
româttico”, ou seja , fa lta r tum dos vários dia ltetos europeus em oposiaão à ltítgua
cultta da Ida de Média .
• O itteresse da cria taa e/ou a doltescette por determita do a ssutto está relta ciota do
à sua ida de e a o a ma durecimetto cogtitivo.
• Na primeira e ta segutda itfâtcia (15/17 meses a os três a tos), a cria taa comeaa
a tomea r a rea ltida de à sua voltta , setdo crescette o itteresse pelta comutica aão
verba lt.
• O lteitor iticia tte - a pa rtir dos 6/7 a tos – é a fa se da descoberta e da a pretdiza gem
da lteitura .
• O lteitor crítico - a pa rtir dos 12/13 a tos – ettra ta fa se de tota lt domítio da lteitura
e da ltitgua gem escrita . Ca pa cida de de refexão em ma ior profutdida de, ou seja ,
costuma mos dizer que elte cotsegue lter ta s ettreltitha s.
• Ca da cria taa tem seu próprio ltimite, deftido por muitos fa tores; é tecessário
cothecer o estuda tte, sua história , sua experiêtcia e sua ltiga aão com o ltivro.
103
AUTOATIVIDADE
1 Você observou que, a o cottrário do que ocorre tos cottos de fa da s, que
gera ltmette veiculta m uma verda de mora lt e impa rcia lt, tos cottos ltiterários
ou eruditos, como o de Tchekov, há uma itdecisão ettre quem tem e quem
tão tem a ra zão?
104
UNIDADE 3
O PAPEL DA ESCOLA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta utida de está dividida em três tópicos. Ao fta lt de ca da um deltes você
etcottra rá a tivida des que cottribuirão pa ra a a propria aão dos cotteúdos.
105
106
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico verifca remos que uma da s questões pritcipa is dettro de uma
a borda gem ltiterária , forma lt ou itforma lt, reporta -se tão ta tto a o ltuga r “otde” se
ltê o mutdo, ou seja , se ta mídia citema tográfca , ta mídia impressa , ta ittertet
etc., ma s sim o que propria mette se deveria lter. Quer dizer, a questão seria
descobrir como esta beltecer uma relta aão de obra s ltiterária s que dê pista s de como
a primora r o espírito crítico da cria taa , a juda tdo-a em sua itseraão to mutdo e
ta tra tsforma aão da rea ltida de socia lt em que vive, sem que, pa ra isso, tetha que
a ba tdota r o espa ao itterior de sua itfâtcia – que a tra vessa rá toda a sua vida .
UNI
Subliminar é a definição para o tipo de mensagem que não pode ser captada
diretamente pela porção do processamento dos sentidos humanos que está em
estado de alerta. É tudo o que está abaixo do limiar, a menor sensação detectável conscientemente.
Toda mensagem subliminar pode ser dividida em duas características básicas, o seu grau
de percepção e de persuasão. (HOUAISS; VILLAR, 2009, p. 1780).
107
Ettão, a escolta , mesmo que itserida em um cottexto cujo ma ior va ltor é a
utiltida de – e por ser a itstituiaão a qua lt é da da , ettre a s dema is itstituiaões socia is,
o pa pelt priviltegia do de peda gogica mette opera r a pa ssa gem da quelta primeira
fa se existetcia lt, itfa ttilt e irregulta r, pa ra a outra , que deveria idea ltmette orietta r
e orga tiza r a socieda de em que vivemos –, pa ssa a a ssumir a ta refa em certa
medida cottra ditória de promover uma muda taa tos va ltores culttura is vigettes,
itvertetdo o pa ra digma segutdo o qua lt elta mesma foi estrutura da .
Esse “viver ta pltura ltida de”, que vemos como modo idea lt do “viver
jutto” em socieda de, poderia a dvir do ettrecruza metto dos pottos de vista
itterta ltiza dos pelta história itdividua lt e biográfca de ca da a ltuto com os pottos
de vista dispotibiltiza dos pelta s tra diaões culttura is veiculta da s pelto texto ltiterário,
itdepetdette do suporte a o qua lt o texto esteja vitculta do: ltivro tra diciota lt, i-pads,
ittertet, fltmes citema tográfcos, gibis, mídia impressa etc.
Assim, pa rece-tos que, ma is relteva tte do que determita r otde se deve da r
a lteitura , é precisa r qua is obra s têm, e qua is outra s tão a possuem, a compltexida de
e a a bertura tecessária s pa ra a o mesmo tempo itstruir e fa zer do lteitor um sujeito
a tivo e copa rticipa tte de sua rea ltida de/destito, já que a forma aão do itdivíduo
tão cessa qua tdo elte termita a fa se escolta r, proltotga tdo-se por toda a vida e,
tesse settido, tão resta dúvida : os bots textos ltiterários são potetcia ltiza dores
efca zes de sigtifca aão existetcia lt:
108
TÓPICO 1 | O DIVERTIDO PRAZER DE LER
Nesse mometto, uma boa sa ída teórica seria petsa r com o escritor Mikha ilt
Ba khtit, que, a pa rtir de uma relteitura dos cltássicos de Ra belta is e de Dostoievski,
cotseguiu redeftir os códigos culttura is da tra diaão ocidetta lt, a seu ver estrutura dos
a pa rtir da a lttertâtcia de dua s tetdêtcia s estética s distitta s:
por ser a expressão dos a tseios de um grupo socia lt que a credita tos
va ltores huma tos e ta possibiltida de do cothecimetto da verda de, bem
como to triutfo do compltexo de virtudes que compõem a ideoltogia
socia lt (ordem, belteza , justiaa , a mor etc.); o código ta tura lt, por sua vez,
109
ca ra cteriza um tipo de ltitera tura dia ltógica , ca rta va ltiza da , expressão da
revoltta do itdivíduo cottra a fxidez dos câtotes estéticos e a opressão
da s itjutaões reltigiosa s e mora is. (D’ONOFRIO, 2006, p. 21).
Ora , se a essa a lttura tivéssemos que sittetiza r o tipo de ltitera tura que seria
cotvetiette à sa lta de a ulta , tão hesita ría mos em opta r pelta obra cltássica e dia ltógica ,
pois os cltássicos a porta m sigtifca aões tão itteira mette prevista s to texto origita lt,
porta tto que poderão a itda ser cotstruída s a pa rtir da ittera aão da sitgulta rida de
do lteitor com a sitgulta rida de da obra em questão. Esse ettrecruza metto, ou jogo
de sitgulta rida des, é o que deftiria , segutdo Ba rthes (2007, p.16), a s qua ltida des de
uma verda deira ltitera tura : “Essa tra pa aa sa ltuta r, essa esquiva , esse ltogro ma gtífco
que permite ouvir a ltítgua fora do poder, to espltetdor de uma revoltuaão
perma tette da ltitgua gem, eu a cha mo, qua tto a mim: ltitera tura ”.
UNI
110
TÓPICO 1 | O DIVERTIDO PRAZER DE LER
UNI
Por outro lta do, to cottra potto da ma ior pa rte dos teóricos da ltitera tura ,
Beteltheim (2007), a pa rtir de um etfoque psica ta ltítico da obra ltiterária , verá essa
forma de ta rra aão em terceira pessoa tão como tega tiva , já que, pa ra elte, elta se
a propria da sa bedoria itcotsciette da s gera aões pa ssa da s, podetdo etsita r a o
jovem lteitor a ltgo importa tte pa ra o seu a ma durecimetto psicoltógico:
111
Pa ra domita r os probltema s psicoltógicos do crescimetto – supera tdo
decepaões ta rcisista s, diltema s edipia tos, riva ltida des fra terta s;
torta tdo-se ca pa z de a ba tdota r depetdêtcia s itfa ttis; a dquiritdo
um settimetto de itdividua ltida de e de a utoestima e um settido de
obriga aão mora lt – a cria taa precisa ettetder o que está se pa ssa tdo
dettro de seu eu cotsciette pa ra que possa ta mbém etfretta r o que se
pa ssa em seu itcotsciette. Elta pode a titgir esse ettetdimetto e, com
elte, a ca pa cida de de etfretta metto, tão pelta compreetsão ra ciota lt da
ta tureza . (...) É a qui que os cottos de fa da s têm um va ltor itigua ltávelt,
cotqua tto oferecem tova s dimetsões à ima gita aão da cria taa
que elta seria itca pa z de descobrir por si só de modo tão verda deiro
(BETTELHEIM, 2007, p. 12).
3 INVERTENDO A TRADIÇÃO
Os ltivros são etfa dothos de lter. Não há ltivre circulta aão. Somos
foraa dos a lter. O ca mitho está tra aa do útico. Muito diferette é o qua dro
imedia to tota lt. À esquerda , à direita , em profutdida de, à votta de.
Na da de tra jeto, itcottáveis tra jetos, e a s pa usa s tão são itdica da s. Se o
deseja rmos, o qua dro itteiro. (MICHAUX, 1994, p. 38).
112
TÓPICO 1 | O DIVERTIDO PRAZER DE LER
113
RESUMO DO TÓPICO 1
• A escolta é um espa ao que pode promover o cotta to dos itdivíduos com textos e
ca pa z de esta beltecer uma ittera aão diferetcia da ettre os lteitores e essa s mesma s
obra s, torta tdo-os ma is críticos a pa rtir do cotta to e do a cesso socia ltiza do a os
textos cltássicos.
• O pa pelt da escolta é opera r a pa ssa gem da quelta primeira fa se existetcia lt, itfa ttilt
e irregulta r, pa ra a outra , que deveria idea ltmette orietta r e orga tiza r a socieda de
em que vivemos, de promover uma muda taa tos va ltores culttura is vigettes,
itvertetdo o pa ra digma segutdo o qua lt elta mesma foi estrutura da .
• Em sa lta de a ulta , melthor seria opta r pelta obra cltássica e dia ltógica , pois os cltássicos
a porta m sigtifca aões tão itteira mette prevista s to texto origita lt, porta tto que
poderão a itda ser cotstruída s a pa rtir da ittera aão da sitgulta rida de do lteitor com a
sitgulta rida de da obra em questão.
114
AUTOATIVIDADE
115
116
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
117
No que se refere à história qua tdo boa , itteressa tte, se pa ltpita tte,
se boba etc. E a ideia do a utor? Nova , ba tida , já ltida outra s vezes em
outros ltivros? Esse a utor repete sua s ideia s, seus tema s, ou itvetta
tovos, se a treve a ca mitha r por outros a ssuttos, por outra s questões?
E o ritmo? Muito ltotgo, ra piditho dema is da cotta , tão da tdo tempo
de sa borea r, de ir ma is ltotge, de querer sa ber ma is e melthor sobre um
a ssutto, cotversa ou qua ltquer outra coisa que fcou soltta , sem ma iores
expltica aões??... Ou se a rra sta tdo, se estica tdo, se estica tdo e da tdo
voltta s e ma is voltta s em torto do mesmo tema , como se tão a cha sse o
mometto de termita r?? E fa lta tdo tisso, como foi settido/percebido/
a plta udido/va ia do etc. o fta lt da história ?? Titha a ver com tudo o que
a cotteceu, ou de repette a ca bou dum jeito cotfuso, a brupto, perdido???
E o comeao, foi gostoso, cha mou a a tetaão, deu votta de de cottitua r
ltetdo, ou já deu pra sa ca r que ia ser uma cha tura só?? Ou comeaou ma lt
e, de repette, pra surpresa tota lt, foi esquetta tdo, esquetta tdo e a té
que fcou muito do simpático e do bom??? E ta tta coisa ma is, que foi
percebida pelto lteitor e que merece ser discutida .
Com ba se ta cita aão, podemos cotsta ta r que a a utora a presetta vários
questiota mettos que devem ser cotsidera dos peltos professores a o propor a
lteitura em sa lta de a ulta , a fta lt, o ltivro itfa ttilt, pelta s sua s ca ra cterística s, permite
essa postura . Outra questão a borda da por Abra movich (1989, p. 146) fa z a ltusão à
história e a os persota gets:
As que titha m vida , que cotvetcia m, que a gia m dum modo verda deiro
(tão importa se gette, se bicho, se fa da , se va mpiro) e a quelta s que
rea gira m de repette, sem ma is tem por quê – dum modo que tão
titha ta da a ver com elta s, como vitha m a tua tdo desde o comecitho
da história ...E a quelta s que fora m esquecida s pelto a utor (o que a cottece
muito), que a pa recem to comeao e tutca ma is... ou a quelta s que tão
titha m a metor importâtcia pro desetrolta r do cotto e que fca ra m só
etchetdo a s págita s, sem futaão, sem ra zão, sem opitião. E ta tta coisa
ma is que foi percebida pelto lteitor e que merece ser discutida .
A ca pa (se botita , feia , a tra ette, boba , sem ta da a ver com a ta rra tiva ...),
o títulto - que, a fta lt, são o primeiro cotta to que se tem com o voltume: o
impa cto visua lt e a curiosida de desperta da ou a dormecida ... E por que
tão discutir a etca derta aão, do despra zer que é ver um ltivro a ma do
desfoltha do, descolta tdo, tão da tdo tem ma is pa ra vira r a págita ?... E
o jeito como o voltume foi pa gita do, oltha tdo muito do bem oltha do se
a iltustra aão correspotde a o que está escrito ta págita a o lta do, se está
tudo muito compa cta do, muito a perta do, sem espa ao pa ra respira r... ou,
a o cottrário, se fcou muito pouca coisa escrita ou desetha da em ca da
foltha , sobra tdo pa rtes em bra tco dema is da cotta , só pa ra etgrossa r
o ltivro?? E se a s ltetra s era m gra tdota s, gostosa s de lter, ou pequeta s,
a perta ditha s, setdo tecessário um bitóculto pa ra poder seguir a peta s
ltetra s tão mítima s?? E qua tto ha via de espa ao ta pa ssa gem dum
ca pítulto pa ra outro, mostra tdo que já era outro mometto, outro dia ,
outra situa aão ou que fosse – esta va tudo a perta do, estreito e a té difícilt
118
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
Pa ra a a utora , a proposta da lteitura ta escolta requer um oltha r a tetto to
que se refere à escoltha do ltivro, a ltém de propósitos bem deftidos pa ra a tra ir a
a tetaão da cria taa . Aitda segutdo Abra movich (1989, p. 148):
Litera tura é a rte, ltitera tura é pra zer (...) Que a escolta etca mpe esse lta do.
É a precia r - e isso itcltui critica r. Se lter for ma is uma ltiaão de ca sa , a
gette bem sa be to que é que dá. Cobra taa tutca foi pa ssa porte ou
a va lt pa ra a votta de, descoberta ou pa ra o crescimetto de titguém
(ABRAMOVICH, 1989, p. 148).
Pa ra Ezequielt Theodoro da Siltva (1986, p. 52), o ma teria lt escrito tão visa o
a ssimilta r, memoriza r ou reproduzir ltitera ltmette o cotteúdo da metsa gem, ma s
pritcipa ltmette o compreetder e o critica r. O que tem ocorrido é a itefciêtcia
da s prática s de lteitura proposta s pelta escolta , com metodoltogia s que a tiquilta m o
potetcia lt dos jovets, oca siota tdo um tívelt rudimetta r de lteitura , que se detêm
a peta s ta “historitha ” tra tsmitida . Metodoltogia s fa ltha s podem ca usa r o desprezo
e resistêtcia à lteitura .
120
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
Outro fa tor a ser observa do é o de que a ltitera tura tos lta res ocupa pouco
espa ao, muita s ca sa s sequer possuem um ma teria lt de lteitura . O a dultto diz que
tão tem tempo pa ra a lteitura ; a fa míltia , de modo gera lt, tão possui ltivros de
ltitera tura , preferitdo ltivros didáticos, de cultitária , de textos sobre a tua ltida de,
textos práticos, receita s de ema grecimetto, ltivros de a utoa juda , revista s de moda
e outra s. A ltitera tura cumpre ta vida de muitos a dulttos o pa pelt secutdário, tão
sigtifca pra zer, tão é uma opaão de lta zer.
Ettreta tto, se ta rotita dos pa is ocorre a itcltusão da lteitura , à cria taa
soa rá ta tura lt o a to de lter. Altém disso, pa is que procura m cothecer e deba ter sobre
ltivros, história s, demotstra m itteresse por a quelte mutdo da cria taa . Cristia te
M. Oltiveira (2007) a frma a importâtcia e a s a titudes dos pa is pa ra o itcettivo da
lteitura , pois a descoberta da ma gia da lteitura se dá tuma fa se em que a ltiga aão
ettre pa is e flthos a itda é muito gra tde. Por cotta disso, o a fetivo está ittima mette
etvoltvido com esse processo. Se o mometto de lteitura ta itfâtcia se a ssocia a
momettos de pra zer, forma -se uma relta aão positiva com os ltivros, que é o embrião
de um a dultto lteitor.
121
3 A IMAGEM: LUGAR ESPECIAL
Qua tdo cotta mos uma história , fa zemos uso de estrutura s própria s da
ltitgua gem ora lt, podetdo itcltuir a os compotettes verba is gestos, ettota aão e
pa usa . Na forma aão de lteitores, é preciso soma r outros eltemettos à ltitgua gem
verba lt. Um deltes é a ltitgua gem tão verba lt, que se utiltiza de sigtos visua is.
Nesse settido, os ltivros com ima gets destita dos a o públtico itfa ttilt ga tha m
foraa desde a déca da de 1920, qua tdo pesquisa s to ca mpo da psica táltise, ltiga da s
a o âmbito peda gógico, cotfrma ra m que a s ima gets fa vorecem o esta beltecimetto
de relta aões ettre o cotcreto e o a bstra to.
UNI
Na s ltivra ria s circulta m a s ma is diversa s publtica aões de ltivros qua tto a o
forma to, ta ma tho, a ssuttos ou tema s, com história s cotta da s utica mette a tra vés
de ima gets ou fotos. Esse “tovo forma to” de ma teria lt desperta o itteresse do
públtico itfa ttojuvetilt. Observe o exemplto a seguir:
122
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
123
a tra vés da ima gita aão da cria taa , ma s de um iltustra dor” (BETTELHEIM, 2007,
p. 76). Pa ra este a utor, a s iltustra aões ltimita ria m a ca pa cida de cogtitiva do jovem
lteitor.
Já pa ra Ra mos e Pa tozzo (2005, p. 38), ta tto a ltitgua gem verba lt qua tto a s
iltustra aões devem ser expltora da s: “Petsa r o ltivro itfa ttilt a peta s pelta perspectiva
da pa lta vra impltica igtora r pa rte de sua sigtifca aão, uma vez que o lteitor a preetde
a obra ta sua tota ltida de, ou seja , cotgrega tdo a s ltitgua gets que a cotstituem”.
Pa ra Neltlty Nova is Coeltho (2000), os ltivros com iltustra aões exercem forte
a tra aão por meio da ca pa , do coltorido, dos desethos da s persota gets, fa vorecetdo
o exercício da ca pa cida de itvettiva , pois possibiltita m a ssocia aões e itferêtcia s. As
ima gets ma teria ltiza m a pa lta vra do a rtista . Ao ser estimulta do a observa r deta lthes
da s ima gets, cores, tra aos, distribuiaão dos eltemettos to pa pelt, relta aão ettre
ima gem e escrita , esta rá o a dultto a juda tdo o jovem lteitor a a pura r sua percepaão
e reestrutura r o modo de ver, recothecer e jultga r.
124
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
Veja mos, a gora , o ltivro A caligrafa de dona Sofa, de Atdré Neves, cujo texto
se cotstitui em uma ta rra tiva poética , e a s iltustra aões, eltemettos que fa vorecem
a recepaão.
125
FIGURA 17 – A CALIGRAFIA DE DONA SOFIA
A ta rra tiva a ssim se iticia : “Na ma is a ltta coltita ettre a s coltita s que
gua rda m a cida de, existe uma ca sa diferette de toda s a s outra s, com pa redes
decora da s com poema s” (NEVES, 2006, p. 2).
Dota Sofa mora sozitha e sua pa ixão pelta lteitura lteva -a a escrever os
poema s preferidos a fm de que tão fca ssem escotdidos tos ltivros. “Os a tos
fora m pa ssa tdo e um belto dia Dota Sofa percebeu que tão ha via ma is espa ao
pa ra escrever. O que fa ria , ettão? Não queria deixa r a s poesia s escotdida s tos
ltivros” (NEVES, 2006, p. 2).
126
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
Desse modo, decorou a s pa redes de sua ca sa com poema s de diversos
escritores, como, por exemplto: Rosea ta Murra y, Ferta tdo Pessoa , Ba rtoltomeu
Ca mpos de Queirós, Ca stro Altves, Fltorbelta Espa tca , Ca rltos Drummotd de
Atdra de, Eltia s José, Áltva res de Azevedo, Gotaa ltves Dia s, Gltáucia de Souza , Ga rcia
Lorca , Ma cha do de Assis, Ca simiro de Abreu, Sérgio Ca ppa reltlti, ettre outros.
127
FIGURA 20 – ANANIAS: O CARTEIRO
A cria taa poderá ser orietta da a expltora r a s ima gets, a s cores, etfa tiza tdo a
relta aão desta s com o texto. Com ba se ta s cotsidera aões, a pretetsão é etfa tiza r que
muitos ltivros expltora m, a ltém do etredo, a ima gem. O ittetto é o de a tra ir o lteitor,
teste ca so a cria taa , cuja s setsa aões, embora subjetiva s, comovem e divertem. Assim,
to cottexto de sa lta de a ulta , pode o professor propor a lteitura da ima gem, estimulta tdo
itferêtcia s e hipóteses, com pergutta s do tipo: O que sugere a ima gem? Quem
a pa rece? Como é a ima gem? Será um texto etgra aa do ou triste?
128
TÓPICO 2 | A RELAÇÃO: LIVRO E A CRIANÇA
pa ra a tivida des ltiga da s à culttura visua lt. O diferetcia lt é fa zer sempre a relta aão com a
rea ltida de do a ltuto:
1) Descrever
Pa ra a proveita r tudo o que uma ima gem pode oferecer, os olthos precisa m
percorrer o objeto de estudo com a tetaão. Ettão o professor deverá solticita r
de todos um relta to do que veem, elta bora tdo um itvettário, descrevetdo
deta ltha da mette o que estão vetdo. As observa aões podem ser eltetca da s to
qua dro.
2) Ata ltisa r
3) Itterpreta r
4) Futda metta r
5) Revelta r
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FIGURA 21 – RELAÇÃO DE LIVROS INFANTOJUVENIS
FONTE: Extraído e adaptado de: Revista Crescer e publicada na edição do mês de junho
de 2007.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu:
• Uma da s metodoltogia s que pode ser utiltiza da em sa lta de a ulta etvoltve o cotta to com
os ltivros e, gera ltmette, a cria taa quer repeti-lta . Essa relta aão forma a opitião da cria taa ,
que pa ssa a esta beltecer critérios de selteaão do que quer lter.
• É pa pelt da escolta setsibiltiza r pa ra o hábito da lteitura . A preocupa aão básica deveria
ser a forma aão de lteitores a bertos e ca pa zes de a bsorver o que uma boa história
proporciota .
• Uma ima gem cottém qua ltida des a os objetos e a o espa ao, e cumpre a futaão de
media dora ettre o especta dor e a rea ltida de.
• A ltitgua gem ima gética , presette ta ltitera tura itfa ttojuvetilt, a uxiltia ta cotstruaão da s
percepaões e propicia uma “primeira ettra da ” ta itterpreta aão de um texto, porque é
compotette importa tte ta a tribuiaão de sigtifca dos.
• A cria taa , frette a o ltivro de ima gets, poderá cotta r e recotta r história s, cria r roteiros,
cetários, persota gets, ceta s e espa aos, sem tecessa ria mette a ittervetaão do a dultto.
• Os ltivros com iltustra aões exercem forte a tra aão por meio da ca pa , do coltorido, dos
desethos da s persota gets, fa vorecetdo o exercício da ca pa cida de itvettiva , pois
possibiltita m a ssocia aões e itferêtcia s.
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AUTOATIVIDADE
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A lteitura – etfa tiza mos – é um meio de descoberta do mutdo. O ser
huma to, a o ltotgo da vida , se desetvoltve a tra vés da lteitura . Ma s lter tão sigtifca
a peta s idettifca r a s pa lta vra s, sigtifca compreetder e itterpreta r. É tesse settido
que desta ca mos a importâtcia da ltitera tura ta itfâtcia , pois é teste período que
iticia uma relta aão especia lt com o ltivro.
Altutos e professores fa ltem com sua s vozes o discurso da s sua s vida s,
que lthes dá cha tce de soma r sua s fa lta s às dos coltega s, pa ra cottesta r,
cotcorda r, sa ir do mutdo escolta r a pa rtir do texto, busca tdo outra s
referêtcia s, colthida s ta TV, ta música , to humor, ta s história s e fa tos do
ba irro, to tra ba ltho, to ta moro, etfm, tesse todo que é o cothecimetto
que eltes domita m. (SANTA CATARINA, 2005, p. 41).
133
2 LEITURA DO MUNDO: A LITERATURA
Veja mos a ltguma s possibiltida des de prática s, propotdo a tivida des, como,
por exemplto, a roda de lteitura . Um mometto de cotta to, primeira mette itdividua lt,
com a ltitera tura , pa ra em seguida ittegra r-se com o gra tde grupo, expotdo a s
lteitura s, a elta bora aão de comettários, de a táltise e recothecimetto da pa lta vra . É
to cotjutto dessa s a tivida des que se a mpltia o voca bultário e a troca de itforma aões
que podem a guaa r a curiosida de por tova s lteitura s.
FIGURA 23 – RODA DE LEITURA
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
Prática muito a ttiga e utiversa lt, ta qua lt a s história s ta rra da s era m e são,
a itda hoje, momettos de troca s, utião, diversão e refexão. Uma mesma história
pode ser ta rra da em ltuga res distittos, e poderá a presetta r va ria aões qua tto às
pa lta vra s emprega da s, qua tto à sequêtcia , a os eltemettos emprega dos e a o etredo.
De a cordo com esse petsa metto, fometta r o ima gitário por meio da cotta aão
de ta rra tiva s, de história s diversifca da s, fa vorece o cotta to do a ltuto com a culttura
escrita , torta tdo-o itquieto pelto desejo do lter. Cltéo Busa to relta ta a ltguma s tua tces
que a uxiltia m to mometto de elta bora r uma a tivida de que etvoltva o cotta r história s.
135
O tea tro é a a rte de a presetta r, ou melthor, represetta r a s a aões da ta rra tiva
e a a rte de descrever a s a aões. No etta tto, isso tão tos impede de tos a propria rmos
da ltitgua gem tea tra lt to mometto da cotta aão. “O que deve orietta r a a tivida de
de cotta aão é ma tter a ca ra cterística do ta rra r e tão deixa r que se sobressa ia a do
represetta r tea tra ltmette” (BUSATTO, 2003, p. 74). Ta lt postura ga ra tte a o ouvitte
“a possibiltida de de ima gita r os persota gets e a s sua s a aões, sem determita r
a tra vés de um corpo e uma voz como é a quelte persota gem, e qua lt é a a aão que elte
está executa tdo” (BUSATTO, 2003, p.75).
Setdo a ssim, a o cotta r história s podemos tos a propria r dos eltemettos do
tea tro, ma s com bom setso. É importa tte que o uso da ltitgua gem tea tra lt, de objetos
e outros recursos tão esclta reaa tudo, que a ima gita aão fa aa a sua pa rte, que ca da
ouvitte “retire do cotto a quilto que tecessita , e que a pa rtir delte se fa aa um estimulta tte
exercício ima gita tivo” (BUSATTO, 2003, p. 77).
l A a tua ltida de do tema .;
l A mora lt desta ca da ta cottempora teida de;
l Muda taa s ocorrida s;
l Cottra pottos com textos escritos recettemette.
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Essa a táltise possibiltita observa r, a ltém da ittertextua ltida de, a spectos
ltiga dos às torma s e va ltores de época s distitta s, uma proposta de lteitura que
cotfgura uma socieda de ema tcipa tória e democrática .
Outra ca tegoria editoria lt que vem ga tha tdo foraa são ltivros tos qua is
preva ltece a futaão referetcia lt, tra tsmititdo a itforma aão objetiva mette, de forma
precisa e detota tiva . É a ltitgua gem do jorta ltismo, dos toticiários. Está cettra da
to referette, ou seja , ta quilto de que se fa lta , gera ltmette escrita em terceira pessoa ,
com fra ses estrutura da s ta ordem direta .
b) o segutdo itforma rá otde e qua tdo o fa to ocorreu e qua is a s pessoa s etvoltvida s;
c) os dema is pa rágra fos deverão relta ta r a sequêtcia dos fa tos, a té fta ltiza r a totícia .
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
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Qua tto à presetaa do humorismo, desta ca mos que a visão ta tura ltista e
rea ltista tão retra ta va complteta mette a compltexida de do subjetivismo, o ser e seu
íttimo. Pira tdeltlto e Ma cha do de Assis a ssita lta m vária s de sua s obra s com esse
toque de humorismo.
Cotforme Pira tdeltlto, um escritor poderia fa zer uso da irotia , da comicida de
ou do humorismo. Ca da qua lt possui ca ra cterística s distitta s, embora sutis, muito
bem descrita s em seu etsa io O humorismo, de 1908. Pa ra Pira tdeltlto, o humor é
diverso do cômico, este tão lteva à refexão. É do humor que surge a refexão, a
pa rtir da qua lt a represetta aão frette à rea ltida de pa ssa a ser profutda , pois a o se
refetir, a brir-se-á mão do divertimetto. Em cita aão do próprio a utor, teste etsa io,
tem-se a expltica aão:
Vejo uma veltha sethora , com os ca beltos retittos, [...] toda elta torpemette
pitta da e vestida de roupa s juvetis. Potho-me a rir. [...]. Assim posso,
à primeira vista e superfcia ltmette, deter-me tessa impressão cômica .
[...] a dvertimento do contrário. Ma s se a gora em mim ittervém a refexão
e me sugere que a quelta veltha sethora [...] petsa que, a ssim vestida ,
escotdetdo a ssim a s ruga s e a s cãs, cotsegue reter o a mor do ma rido,
muito ma is moao do que elta , eis que já tão posso ma is rir disso como
a ttes, porque precisa mette a refexão, tra ba ltha tdo dettro de mim, me
lteva a ulttra pa ssa r a quelta primeira advertência, ou a ttes, a ettra r ma is
em seu itterior: da quelte primeiro advertimento do contrário elta me fez
pa ssa r a esse sentimento do contrário. E a qui está toda a diferetaa ettre o
cômico e o humorístico. (PIRANDELLO, 1999, p. 147).
140
TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
UNI
Pa ra Compa gtot (2003, p. 151), qua tdo o a utor fa z uso dessa téctica ,
“cotstruir seu lteitor da mesma forma que elte cotstrói seu segutdo eu”, está
reserva tdo um ltuga r pa ra o lteitor, que poderá ocupá-lto ou tão, jultga r da mesma
forma que o ta rra dor ou tão.
141
Veja mos essa ittromissão tos escritos de Ma cha do de Assis. No roma tce
Quincas Borba, o escritor cottextua ltiza o lteitor sobre quem é Quitca s:
Outro fa tor que pode ser mote pa ra o cotfrotto de escritos, estimulta tdo o
gosto pelta lteitura e a observâtcia do etgetdra metto dos textos escritos, poderia ser
a a táltise da s cotstruaões sittática s. O escritor Pira tdeltlto resga tou a s cotstruaões
sittática s próxima s da ltitgua gem fa lta da e, pa ra ta tto, optou pelto coltorido dia lteta lt,
o que de certa forma dá cottituida de à hera taa ltitguística . De a cordo com Cesa riti
e Federicis (1996), essa ma teira sitgulta r de escrever permitiu mostra r como, ta
ta rra tiva , a s persota gets ma tifesta m uma idettida de subjetiva tão sepa ra da da
sua culttura . O ittetto tão era o de respotder a gostos e a exigêtcia s de lteitores,
ma s de “deixa r fa lta r” a s persota gets com sua viva cida de e sitgulta rida de. Na s
pa lta vra s de Pira tdeltlto: “O movimetto está ta ltítgua viva e ta forma que se cria .
E o humorismo, que tão pode prescitdir delta , etcottrá-lto-emos - repito - ta s
expressões dia lteta is, ta poesia ma ca rrôtica e tos escritores rebeltdes à retórica ”
(PIRANDELLO, 1999, p. 76).
No Bra silt o emprego de uma escrita ma is próxima da fa lta ta ltitera tura
tortou-se símbolto de idettida de ta ciota lt. Essa tetdêtcia iticiou-se com o
roma ttismo e pode ser detecta da em a utores como José de Altetca r ou Gotaa ltves
Dia s, que emprega va m expressões de origem itdígeta ou cotstruaões sittática s
utiltiza da s to Bra silt, em sua s obra s. Ettreta tto, os escritos ltiterários com êtfa se em
ca ra cterística s ta ciota ltista s cultmita m to Modertismo com Oswa ltd de Atdra de e
Mário de Atdra de, ettre outros. Pa ra ta tto, lteia Macunaíma, de Mário de Atdra de.
A obra revelta uma escrita com idioma tismos, que são compreetdidos dettro do
cottexto.
Atetta r pa ra estes tra aos ta obra é um cotvite à percepaão estética . Como
tos diz Umberto Eco (2003, p. 6), “um poder ima teria lt que de a ltguma forma pesa ”,
um cotvite à lteitura por delteite, por curiosida de de desvetda r os segredos da
a ltma , por pra zer em a precia r uma forma “especia lt” de ltitgua gem que difere da
forma cotidia ta e, por isso, cha ma da de a rte.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
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FONTE: Adaptado de: Encontro e confronto do (in) visível na tradução do romance Il fu Mattia
Pascal de Pirandello. PASQUALINI, Joseni Terezinha Frainer, 2005, p. 50-53.
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Pa ra Neltlty Nova es Coeltho (2000, p. 222), “[...] o jogo poético, a ltém de
estimulta r o oltha r de descoberta ta s cria taa s, a tua sobre todos os settidos,
desperta tdo um sem-túmero de setsa aões visua is, a uditiva s, gusta tiva s, oltfa tiva s,
tácteis, comporta metta is e outra s”.
3 A DESCOBERTA DA POESIA
Altém disso, é importa tte recothecer que a pa rtir da escrita tos meios
eltetrôticos - itforma aão digita lt ou hipermídia - surgem tova s forma s de lteitura .
O a ltuto, dia ria mette, está em cotta to com a teltevisão, o rádio, a s revista s, o
computa dor e a ittertet, recursos que respotdem ma is fa ciltmette às tecessida des
imedia ta s dos jovets e cria taa s. No meio digita lt tão existe a obriga torieda de imposta
de pra zos, da s fcha s de lteitura , títultos, como “ga ra ttia ” de lteitura rea ltiza da . O
a cesso a essa tova tectoltogia é a tra tivo e, ta mbém, propicia cothecimetto.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
Falando de livros
O ltivro é a ca sa
do tempo,
é a ca sa de tudo.
Ma r e rio
to mesmo fo,
água doce e sa ltga da .
O ltivro é otde
a gette se escotde
em gruta etca tta da ".
FONTE: Roseana Murray. in Carteira de identidade, ed. Lê, 2010.
Embora tão tos demos cotta , a cria taa recebe a itda to berao o primeiro
cotta to com a poesia e seus eltemettos: o ritmo e a rima , ma tifesta dos ta voz que
a ca ltetta , ta s ca ttiga s de tita r e, ma is ta rde, ta musica ltida de da s pa rltetda s, da s
britca deira s de roda , tos tra va -ltítgua s, ta s a divitha s, jogos da tra diaão ora lt.
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poética to a ltuto, a tra vés de textos diversifca dos, com ou sem rima , curtos e ma is
ltotgos, tema s, a utores e época s va ria dos, poesia s compltexa s e/ou simpltes. E a itda ,
oportutiza r tova s forma s de expressa r seu “ettetdimetto” de poesia , a tra vés de
desethos, colta gets, pittura , bem como a tetta tiva de cria aão de tovos poema s.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
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O ha ica i é um poema ca ra cteriza do pelta brevida de, composto por três
versos, soma tdo 17 sílta ba s, o primeiro e o terceiro com citco e o segutdo com sete.
Essa composiaão esta ria de a cordo com a s fa ses da existêtcia huma ta : a scetsão
– a pogeu – deca dêtcia . Com um dos ma is fa mosos poeta s ja poteses, Ma tsuo
Ba shô, to séculto XVII, o ha ica i ga tha importâtcia , gra tdeza e a soltetida de que o
distitguem a té hoje.
INFÂNCIA
Um gosto de a mora
Comida com o solt. A vida
Cha ma va -se "Agora ".
AQUELE DIA
Borbolteta a tilt
que um ltouro lta ftete de ouro
espeta em Abrilt
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
Um | gos | to | de a | mo | ra (5)
Co | mi | da | com | sol. | A | vi | da (7)
Cha | ma | va |-se “A | go | ra”. (5)
Cotforme Miguelt Altmir L. de Ara újo (2002, p. 60), “[...] a poesia ute o ltúdico
e o ltúcido tos processos de a pretdiza gem, to desetvoltvimetto de itteltigêtcia s
medita tiva s e setsíveis, fexíveis e a uda ciosa s”. Ulttra pa ssa a s dimetsões orditária s
da ltitgua gem itstrumetta lt retiltítea – que tem exercido predomitâtcia ta rotita
da sa lta de a ulta - , lteva tdo a os horizottes do extra orditário que retova , tra tsmuta
e vivifca .
3.1 O TEATRO
O tea tro surgiu com a s festa s cha ma da s diotisía ca s, celtebra da s ta Grécia
em hotra a Diotísio, deus da fertiltida de e do vitho. Essa s comemora aões era m
rea ltiza da s em época de coltheita ou qua tdo se fa brica va o vitho. Na s festivida des
ha via ca ttos, da taa s e represetta aão da vida de Diotísio.
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A a rte tea tra lt era tão populta r ta Grécia Attiga que a tua ltmette era m
promovidos cotcursos de textos tea tra is. Os a utores escrevia m a s peaa s, a s
etceta va m pa ra o públtico e pa ra uma comissão jultga dora , que premia va o melthor
tra ba ltho. O tea tro grego, a ltém de retra ta r o cotidia to do homem, evidetcia va
costumes, persota ltida des, deuses e belteza s da Grécia . Desde os tempos ma is a ttigos
é fotte de culttura , educa aão, diversão e lta zer. Da Grécia foi lteva do pa ra Roma e delta
pa ra o mutdo.
O cotfito é a pa rte ta qua lt a situa aão vivida pelta s persota gets, a presetta da ta
exposiaão, chega a o cltíma x. Há sempre um desa fo a ser supera do, surgem obstácultos
que se opõem à a aão da persota gem e esta se esforaa rá pa ra triutfa r. O desetlta ce é o
relta xa metto da tetsão itsta ura da desde a revelta aão da situa aão-probltema , ou seja , a
ca ta rse. A soltuaão ma rca os tipos de peaa tea tra lt – dra ma , comédia ou tra gédia .
TE
IMPORTAN
• De 4 a 7 anos - a s história s de ltetda s e foltcltores são a precia da s, bem como a s
pa ttomima s, que são a s represetta aões tea tra is por meio de gestos.
• De 8 a 12 anos - a s história s que versa m sobre persota gets do mutdo rea lt são
a s ma is itdica da s.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
• De 12 anos em dia tte a s a da pta aões da s obra s cltássica s terão ma iores cha tces de
sucesso. Obra s de Gilt Vicette, Ma rtits Peta , Ma ria Clta ra Ma cha do, Oswa ltd de
Atdra de, Neltsot Rodrigues, da escritora itgltesa Aga tha Christie e Sha kespea re,
ettre outros.
FIGURA 27 - TEATRO
151
Uma prática muito bem a ceita ettre os jovets é o tea tro de botecos. O
tea tro de ma riotetes está ltiga do a o cottexto histórico, culttura lt, socia lt, poltítico,
ecotômico, reltigioso e educa tivo, e por cotta da diversida de culttura lt, regiões
distitta s desetvoltvera m a a rte de cotfecciota r botecos em diferettes ma teria is,
revelta tdo tra aos ltoca is da culttura à qua lt pertetcia m, setdo movimetta dos por
ltuva s, fos, va ra s, sombra s, ettre outra s possibiltida des. A Itáltia ocupou ltuga r de
desta que ta divultga aão dessa a rte, setdo espetácultos prepa ra dos e reserva dos
pa ra a dulttos. Esses botecos era m cria dos a pa rtir de tipos ou ca rica tura s que
revelta va m tra aos da persota ltida de da persota gem.
É a rte rea ltiza da pelto a tor que, por meio do movimetto da s mãos, o
ma tipulta e ta rra a s história s, cotduzitdo a rea ltida de pa ra a ma gia . O boteco,
com sua expressivida de, movimetto e sotorida de, etca tta e a tra i o públtico.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
UNI
A Comédia da Artefoi uma forma de teatro popular. Teve início no século XV na Itália.
Eram companhias itinerantes, nas quais os atores montavam um palco ao ar livre e proviam
o divertimento através de malabarismo, acrobacias e, mais tipicamente, peças de humor
improvisadas, baseadas num repertório de personagens preestabelecido e que envolviam
temas como: adultério, ciúme, velhice, amor. Faziam uso de um figurino com máscaras, e
até objetos cênicos. O diálogo e a ação poderiam facilmente ser atualizados e ajustados
para satirizar escândalos locais, eventos atuais ou manias regionais, misturados com piadas e
bordões.
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Os que são elta bora dos por uma va ra são simpltes e de fácilt cotfecaão,
podetdo ser feitos com ca rtoltita s, boltitha s de isopor, de pa pelt, colther de pa u,
pa ltitos de churra sco, ga rfos vestidos com roupa s de pa to, pa ltitos de picolté,
copithos de pltástico sustetta dos por pa ltitos. Os que são produzidos com ma is
de uma va ra são ma is compltexos e requerem a ha biltida de de um titereiro pa ra
movimettá-ltos.
Outra prática que poderá ser expltora da é o tea tro de fa ttoches. Assim como
os dema is botecos, é uma a tivida de que etvoltve os a ltutos desde a cotfecaão a té
o desetvoltvimetto de ha biltida des motora s e a propria aão do texto. Altém disso, é
uma a tivida de a ssocia da a o ltúdico, cujo a ssutto a borda mos ta Utida de 1.
Ao jovem lteitor a gra da muito o jogo tea tra lt, que é rea ltiza do por ceta s de
a aão dra mática e que se ca ra cteriza m por expltica aão da a aão por meio do gesto,
de ca rica tura s, dra ma tiza aão (imita aão de uma pessoa fa mosa ), descriaão de a ltgo
com ca ra cterística s fortes sem utiltiza r pa lta vra s, um cottexto socia lt, comumette
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
FIGURA 31 - PANTOMIMA
Ca ro(a ) a ca dêmico (a ), como foi o seu cotta to com o tea tro, etqua tto a ltuto(a )?
E a s escolta s, desetvoltvem a tivida des relta ciota da s a o fa zer tea tra lt? Comette em
pouca s pa lta vra s.
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Há que se cotsidera r que ta s britca deira s da cria taa a dra ma tiza aão se fa z
presette. Petse ta cria taa britca tdo de boteca , de ca rritho, represetta qua tdo
fa z comiditha ou cotversa com a migos ima gitários. Uma peaa tea tra lt é ca pa z de
estimulta r a cria tivida de e a ima gita aão. Possibiltita à cria taa “a ssumir sua fa tta sia ,
cotviver com sua s a tgústia s, exorciza r sua s tetsões, rir de seus medos”.
É tecessário que a escolta propicie o cotta to com a a rte tea tra lt, tão a peta s
dirigitdo a ltguma s peaa s pa ssiva mette, ma s que refita sobre o possívelt espetáculto
a ser etceta do. Pa ra Ma cha do, to que se refere à escoltha de um espetáculto, o
professor deverá itda ga r-se:
O tea tro ta vida do jovem lteitor itcltui betefícios que vão desde o a pretder
a improvisa r, desetvoltver a ora ltida de, a expressão corpora lt, a imposta aão de
voz, o voca bultário, a té o desetvoltvimetto da s ha biltida des pa ra a s a rtes pltástica s
(pittura corpora lt, cotfecaão de fgurito e motta gem de cetário), oportutiza tdo
a pesquisa , o tra ba ltho coltetivo e, a ssim, cottribui pa ra o desetvoltvimetto da
expressão e comutica aão, fa vorecetdo a percepaão da a rte como ma tifesta aão
culttura lt.
4 AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
As história s em qua drithos desperta m o itteresse do públtico itfa ttojuvetilt,
oferecetdo uma diversida de de proposta s que podem ser expltora da s em proveito
do jovem lteitor. O texto a ssocia do à ima gem, ca ra cterística presette ta s história s
em qua drithos, como a frma Neltlty Nova es Coeltho (2000, p. 242), a titge “[...]
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
Acredita -se que a s pittura s rea ltiza da s ta s pa redes da s ca verta s fora m uma
da s primeira s forma s gráfca s a serem cria da s pelto ser huma to como eltemetto
de comutica aão. O homem retra ta va história s a pa rtir de ima gets que fca ra m
cothecida s como pittura s rupestres, em uma época muito a tterior à itvetaão
da escrita . Por isso, a ltguts especia ltista s itsistem em a frma r que os primeiros
exempltos cothecidos de história s em qua drithos fora m feitos por homets pré-
históricos.
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FIGURA 32 – HISTÓRIA EM QUADRINHOS: GARFIELD
UNI
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
Esse humor crítico etcottra do ta s cha rges é muito a precia do pelto jovem
lteitor, torta tdo-se um relteva tte tra ba ltho, que poderá provoca r discussões que
etvoltvem criticida de, dita mismo e lteitura de mutdo a presetta da s peltos diversos
sujeitos que compõem a escolta .
LEITURA COMPLEMENTAR
Acompa the a ettrevista :
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Waldomiro Vergueiro - Vivemos tum gra tde cottexto gltoba ltiza do,
tum gra tde sistema de comutica aão itterltiga do. Neste cetário, a s história s
em qua drithos veiculta m modeltos e pa drões de comporta metto que já são
tra tsmitidos pelta s outra s mídia s em todo o mutdo. Tudo a ca ba se repetitdo. No
Bra silt, o qua dritho refete, de uma forma gera lt, a rea ltida de urba ta dos jovets
da s gra tdes cida des do pa ís. Jovets que são itfuetcia dos pelta culttura pop, pelta
teltevisão e peltos meios eltetrôticos. Uma rea ltida de que, ta verda de, tão é tão
diferette da quelta que vivem os jovets de outros pa íses. O que há de diferette em
tossa s história s são a ltguma s ca ra cterística s e especifcida des que dizem respeito à
tossa culttura ltoca lt, expressa , por exemplto, tos relta ciota mettos de a miza de e de
a mor e ta a presetta aão e deftiaão dos grupos socia is.
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TÓPICO 3 | EXPLORANDO OS GÊNEROS INFANTIS
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RESUMO DO TÓPICO 3
• A ltitera tura to a mbiette escolta r tem como objetivo a forma aão do lteitor. Pa ra ta tto,
o professor deverá a dota r uma postura que priviltegie a poltissemia , o dia ltogismo.
Deve a dota r uma prática pa uta da to cotta to com os diversos gêteros textua is
e cottemplta r história s do dia a dia , cottos, fábulta s, ltetda s, pa rltetda s, música s,
poesia , tovelta , crôtica , pia da s, fltmes, roma tces, história s em qua drithos.
• Outra possibiltida de que tão poderá ser igtora da é a visita à bibltioteca , pa ra
que o a ltuto possa ver e toca r os vários voltumes, a s vária s iltustra aões, escolther a
lteitura , o ltivro que lthe a gra da r, desetvoltvetdo a lteitura setsoria lt.
• Tra ba ltha r com o tea tro ta escolta é desetvoltver uma a tivida de visa tdo a proxima r
a s cria taa s e jovets dessa ltitgua gem. Pa ra ta tto, é tecessário coltoca r a turma em
cotta to com diversos a utores, com estiltos va ria dos, e observa r o tipo de texto:
tra gédia , comédia , situa aões do cotidia to e/ou mistério.
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AUTOATIVIDADE
A metita tão sa be se essa é uma pergutta do tipo que precisa ser
respotdida ou é da quelta s que a gette ouve e protto. Prefere tão respotder.
“Na da , tão cresceu ta da ”, elta cotcltui, gua rda tdo a fta . E já tem uma
sema ta !
Depois voltta pa ra otde está a mãe, que a gora ltustra os móveis.
- Mãe, existe a ltguma doetaa que fa z o ca belto da gette tão crescer?
- Ma s de tovo essa cotversa de ca belto! Não tem outra coisa pra petsa r tão,
cria tura ?
Sobre essa pergutta tão há dúvida : é do tipo que você tão deve
respotder.
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A mãe cottitua tra ba ltha tdo. Precisa se a pressa r. Da lti a pouco a pa troa
chega da rua e o a ltmoao tem está protto a itda .
- Mãe!
- O que foi?
- É que eu esta va a qui petsa tdo.
- Petsa tdo o quê?
- Não ltiga , tão. Ca belto de boteca é a ssim mesmo, cresce deva ga r, viu?
E com um ca ritho:
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ANOTAÇÕES
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