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HISTÓRIA ECLESIÁSTICA II
Mario Biolada
Londrina-PR
ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Apresentação
Caro aluno,
A proposta deste material de estudos e pesquisa reúne elementos que se
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da
pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao
profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução
científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso,
de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO: ....................................................................................................... 5
QUESTIONÁRIO 1 ............................................................................................... 34
3. OS ANABATISTAS ........................................................................................... 40
4. OS PAÍSES ESCANDINAVOS.......................................................................... 44
QUESTIONÁRIO 2:............................................................................................... 47
QUESTIONÁRIO 3:............................................................................................... 54
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7. CALVINISMO .................................................................................................... 56
8. ARMINIANISMO ............................................................................................... 63
QUESTIONÁRIO 4:.............................................................................................. 72
QUESTIONÁRIO 5:............................................................................................... 79
QUESTIONÁRIO 6:............................................................................................... 86
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REFERÊNCIAS................................................................................................... 144
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INTRODUÇÃO:
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- Surgimento de novas igrejas cristãs como, por exemplo, Igreja Anglicana, Igreja
Luterana e Igreja Reformada;
- Tradução da Bíblia para outros idiomas, entre eles o alemão e o francês. Desta
forma, mais pessoas passaram a ter acesso à leitura da Bíblia;
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assassinados por católicos na França. O episódio ficou conhecido como "O Massacre da
Noite de São Bartolomeu";
Uma nova visão como o homem olha para Deus nas Igrejas que surgiram como
consequência da Reforma (Igrejas Luteranas, Reformadas, e suas filhas como Igrejas
Batistas, Presbiterianas, Congregacionais, Movimentos Puritanos, etc...), como
consequência de um culto pautado na Palavra de Deus. Os cinco solas retirados da
doutrina de Lutero mostra como tudo na vida deve ser voltado para a glória de Deus,
rejeitando toda glória voltada ao homem em si.
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espontâneo da fé e está direcionado para o bem do próximo; não é uma condição para a
aceitação de alguém diante de Deus; f) Consequentemente a fé, não o amor (como na
teologia escolástica), é o vínculo que une a alma a Deus.
Lutero, assim como o apóstolo Paulo, passou a analisar a salvação como um
relacionamento pessoal com Deus através de Cristo (ou seja, com o próprio Deus como
“Graça Não-Criada”, e não com as “graças criadas” dos sacramentos da igreja). O
alicerce e penhor desse relacionamento correto é a misericórdia de Deus demonstrada
nos sofrimentos de Cristo em favor da humanidade. Tauler, um alemão, com sua religião
cristocêntrica, ajudou Lutero a chegar à conclusão de que essa confiança transformadora
não é, como ele havia suposto, uma obra na qual podemos participar, mas é totalmente a
dádiva de Deus a pecadores humildes, arrependidos.
Em 31 de outubro de 1517 ocorreu um protesto contra estes abusos eclesiásticos.
95 teses que mostravam os erros que a igreja deveria corrigir foram enviados por Lutero
para o arcebispo Alberto de Mainz e para o bispo Jerônimo de Brandenburgo, em cuja
jurisdição encontrava-se Wittenberg. Se Lutero naquele dia também afixou ou não suas
teses na porta da igreja do castelo em Wittenberg, que servia como painel de afixação
dos boletins da universidade, é tema de controvérsia entre os historiadores, embora seja
bastante possível que ele realmente tenha feito isto. O evento anterior imediato que
causou a motivação para a afixação destas teses foi a decisão da Cúria da igreja em
vender indulgências na Alemanha visando o financiamento da Basílica de São Pedro em
Roma (ainda hoje um ornamento de Roma). A venda de indulgências fora proibida na
Alemanha pelo príncipe Frederico, o Sábio e pelo príncipe do território vizinho, o duque
Jorge da Saxônia. Ainda assim as indulgências foram vendidas e as pessoas não
queriam mais se penitenciar por seus pecados, uma vez que os documentos já as
perdoavam de todos os pecados.
A data de 31 de outubro tornou-se a data oficial da Reforma Protestante. O marco
oficial é a afixação das 95 teses. Na Islovênia e em partes da Alemanha, é um feriado
nacional.
As 95 teses foram escritas em latim. Visavam um debate acadêmico, com vistas à
reforma da igreja, não uma revolução religiosa que incluísse os leigos. Ele acreditava que
o papa, ao reconhecer os erros que estava praticando, voltaria atrás e pararia de cometer
abusos que julgava corretos. As 95 teses, no entanto, rejeitadas pela cúpula da igreja
local, foram traduzidas para o alemão, e espalhadas dentro do Império de norte a sul e
leste a oeste. Os agentes primários nessa disseminação foram as irmandades humanistas
nas cidades alemãs.
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Lutero fora acusado de heresia. Inicialmente por João Maier de Eck, professor de
Teologia na universidade de Ingolstadt e antigo amigo de Lutero. Ao ser acusado, Lutero
defendeu sua posição em um sermão intitulado “Graça e indulgência”, replicando a Eck.
No início de 1518 o arcebispo Alberto e os dominicanos fizeram chegar a Roma
acusações formais contra Lutero. O resultado foi que o superior geral dos agostinianos,
Gabriel Dela Volta, convocou Lutero a se apresentar diante do cabido geral da ordem que
se reuniria em Heidelberg em abril de 1518. Ali Lutero argumentou sobre sua “teologia da
cruz”, conquistando novos seguidores dentre os quais os mais importantes foram
Martinho Bucer e João Brenz, que mais tarde se tornaram os reformadores de
Estrasburgo e Wurttemberg, respectivamente.
Em junho de 1518 o papa Leão X comissionou seu censor de livros e supervisor
do palácio papal, o dominiciano Silvestre de Prierio, a escrever esta réplica a Lutero: “a
igreja romana é representada pelo colégio dos cardeais e, além disso, é virtualmente o
sumo pontífice” e que, “aquele que diz que a igreja romana não pode fazer o que na
realidade está fazendo com respeito às indulgências, é herege”. Lutero foi então intimado
a comparecer a Roma no prazo de 60 dias.
Não fosse a proteção de seu príncipe, o eleitor Frederico, Lutero teria sido
condenado à morte. Ele evitou o quanto pode enviar Lutero a Roma. Sua habilidade
política conseguiu que a audiência de Lutero fosse feita perante o representante papal no
Reichstag, em Augsburgo. Este representante era o culto comentador de Aquino e
teólogo de fama na Europa, cardeal Tomás de Vio, conhecido como Cajetano devido ao
local de seu nascimento (Gaeta). A ordem do papa era que não debatesse com Lutero, e
caso este não se retratasse, deveria conseguir sua prisão sob qualquer pretexto ou meio
disponível. Por um lado Lutero queria convencer o Papa dos erros que praticava. Por
outro este sequer queria diálogo.
Cajetano conseguiu que Lutero tivesse uma audiência sem debate, sob pressão
de Frederico. Isto já ia contra a ordem do Papa. Assim poderia falar sobre suas teses. De
12 a 14 de outubro de 1518 Lutero pode falar sobre suas teses. Ao terminar, Cajetano
simplesmente pediu a Lutero que se retratasse, deixando claro que sequer ponderou no
que ouviu por 3 dias. Lutero negou-se a se retratar, e a 20 de outubro retirou-se de
Augsburgo, tendo apelado ao Papa “para ser melhor informado”. Tentou uma audiência
com o Papa, mas a resposta foi, no mesmo mês, a definição de novas indulgências no
sentido em que Lutero as criticava.
Lutero recebeu de Frederico uma instalação em Wittenberg, para ensinar grego a
um jovem erudito chamado Filipe Melanchthon.
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partir da elaboração dos tipos, letras móveis produzidas em cobre e alocadas em uma
base de chumbo onde recebiam a tinta e eram prensadas no papel. Dessa maneira, a
“imprensa”, como ficou conhecida a invenção de Gutembgerg, passou a influenciar a
produção e divulgação de conhecimento, contribuindo para um maior desenvolvimento
não apenas da produção literária na Europa, mas da metalurgia e da produção de papel.
Quem nos dá uma boa visão da razão de Lutero ter sobrevivido mesmo com sua
condenação na dieta de Worms (1521) é Latourette (2006, p.87-89). Entre as razões
principais estão as guerras contra a França e na Itália e a ameaça dos turcos que durou
até 1929, os príncipes alemães que penderam para o Protestantismo, a consequente
dieta de Augsburgo (1530) como tentativa do Imperador Carlos V de restaurar a unidade
religiosa e a nova invasão turca a partir de 1932 que levou o Imperador Carlos V a
precisar de uma trégua nos assuntos contra o Luteranismo a fim de desenvolver uma
unidade religiosa para proteção do Império.
Segundo WALKER (2006, p. 496) Lutero desenvolveu suas 97 teses
praticamente em cima do ensino da Teologia Escolástica. O objetivo era uma disputa
contra a Teologia Escolástica. São alguns: a) Foi contra o ensino que pecadores
justificados agora cooperam com sua salvação mediante a realização de obras meritórias
dentro de um estado de graça; b) Qualquer mérito no tema da justificação era blasfêmia e
heresia (pelagiana).
Lutero morreu em 18 de fevereiro de 1546. Não há unanimidade acerca da causa
de sua morte. Dois médicos que o examinaram deram laudos diferentes. Um afirmou ser
ataque de apoplexia (hoje seria AVC), enquanto o outro defendeu ser Angina Pulmonar.
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Cinco solas são frases latinas que definem princípios fundamentais da Reforma
Protestante em contradição com os ensinamentos da Igreja Católica Romana. A palavra
latina "sola" significa "somente" em português. Os cinco solas sintetizam os credos
teológicos básicos dos reformadores, pilares os quais creram ser essenciais da vida e
prática cristã. Todos os cinco implicitamente rejeitam ou se contrapõem aos ensinamentos
da então dominante Igreja Romana, a qual tinha, na mente dos reformadores, usurpado
atributos divinos ou qualidades para a Igreja e sua hierarquia, especialmente seu superior,
o Papa.
Nestes cinco resumos das 95 teses, toda a estrutura do Catolicismo Romano foi
confrontada, colocando a ordem religiosa de toda a Europa “de cabeça para baixo”. São
elas: a) Sola fide (somente a fé); b) Sola scriptura (somente a Escritura); c) Solus
Christus (somente Cristo); d) Sola gratia (somente a graça); e) Soli Deo gloria (glória
somente a Deus).
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A posição que veio a se tornar aceita pela Igreja Católica Apostólica Romana foi a
interpretação realista da presença de Cristo na Eucaristia, conhecida como
“transubstanciação”.
John Wycliff, pré reformador do século XIV, cria que o pão continuava sendo pão,
e que o suco ou vinho continuavam sendo suco ou vinho, e que a presença do Senhor
Jesus na ceia era tão somente espiritual.
Jan Hus, outro pré reformador do século XIV, no tocante à ceia, ainda mantinha a
mesma ideia já praticada pela igreja Católica Romana, da transubstanciação.
Matos (2008, p. 147), nos informa que quanto à Ceia, Ulrico Zuinglio e Lutero
divergiam seriamente. Zuinglio apelava a Lutero, baseado em João 6:63, que a Ceia é
apenas uma comemoração da morte de Cristo e que nela não há nenhuma “presença
real” do corpo de Cristo. Apoiando-se nas palavras de Cristo “Isto é o meu corpo”, Lutero
insistia em que tanto o alimento físico quanto o corpo humano glorificado de Cristo
alimentavam os fiéis na refeição sacramental. Enquanto Zuínglio acreditava que o corpo
glorificado de Cristo estava presente no céu e não é onipresente, exceto “mediante o
Espírito”, Lutero, com base na “comunicação dos atributos” de Cirilo e Leão I, argumentou
que a humanidade de Jesus Cristo é glorificada e está em todos os lugares (ubiquidade).
João Calvino procurou encontrar um meio termo entre esses dois reformadores.
GONZALEZ (2011, p. 71), vai além em sua explicação sobre a questão como
Lutero via a Eucaristia. Ele informa que Lutero rechaçava categoricamente a doutrina da
transubstanciação, que lhe parecia demasiadamente presa a categorias aristotélicas e,
portanto, pagãs, e que, além do mais, era a base da ideia da missa como sacrifício
meritório, que se opunha radicalmente à doutrina da justificação pela fé. Porém, por outro
lado, Lutero também não estava disposto a dizer que a ceia era um mero símbolo de
realidades espirituais. As palavras de Jesus ao instituir o sacramento: "isto é meu corpo",
lhe pareciam completamente claras. Portanto, segundo Lutero, na ceia os fiéis participam
verdadeira e literalmente do corpo de Cristo. Isto não indica, como na transubstanciação,
que o pão se converta em corpo, e o vinho em sangue. O pão continua sendo pão, e o
vinho, vinho. Porém agora estão também neles o corpo e o sangue do Senhor, e o crente
se alimenta deles ao tomar o pão e o vinho. Mais tarde se deu a essa doutrina o nome de
"consubstanciação”, contudo, segundo Gonzalez, Lutero nunca a chamou assim e preferia
sim chamá-Ia de a presença de Cristo em, com, debaixo, ao redor e por trás do pão e do
vinho.
CHAMPLIN (2002, p. 980), assim nos informa sobre este assunto:
“Consubstanciação vem do latim, toa , “com”, e “substância”. Indica a doutrina promovida
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SHAW MARK (1997, p. 23) nos ensina que Lutero aprendeu que Deus ensina por
meio de paradoxos. Paradoxo é uma declaração que parece ser contraditória, mas na
realidade apresenta uma verdade profunda. Por exemplo, Cristo disse quem acha sua
vida perdê-la-á; (Mt 10:39). Para a maioria de nós, isso parece confuso. Mas está claro o
que Jesus queria dizer. Para encontrar a vida verdadeira, devemos abrir mão de nossa
independência e entregar nossas vidas a ele.
O autor nos dá uma lição, baseado na compreensão de Lutero. Se eu quero
entender a Bíblia hoje, preciso aprender a pensar usando paradoxos. A teologia cristã
falha quando utiliza apenas a lógica linear. O caminho para a verdade suprema é como
uma estrada que sobe a montanha, cheia de curvas e com um vento incessante. A
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percepção que Lutero tinha da cruz ilustra a maneira como devemos pensar, se realmente
desejamos entender a verdade das Escrituras. O paradoxo presente nos pontos que
examinaremos a seguir é de que Deus faz as coisas usando o seu oposto. Ele faz algo
surgir a partir do nada. Ele ganha quando perde. Ele nos exalta quando nos humilhamos.
Ele transforma as sextas-feiras da paixão em domingos de Páscoa. Ele age de maneira
oposta ao que a humanidade espera, segundo a lógica, que um Deus onipotente agiria.
Enquanto estudava as epístolas de Romanos e Coríntios, ele descobriu um fato
surpreendente: Deus trabalha usando opostos. A única salvação segura é aquela que
renuncia às obras. A força de Cristo foi revelada na morte de Cristo. Quando estamos
fracos é que somos fortes. Lutero viu que o Evangelho estava recheado de paradoxos.
Esta seção é fruto da informação do autor Kenneth Scott Latourette (1975, Vol. II,
p. 61).
O surgimento da venda das indulgências nos séculos 11 e 12 e a crença que, por
intermédio delas, o papa poderia contar com o tesouro dos santos para remitir as
penalidades temporais pelo pecado não somente para os vivos, mas também para as
almas no purgatório.
À medida que o tempo passava, o uso das indulgências aumentou e a venda
delas se tornou uma importante fonte de renda para o papa e para aqueles a quem ele
favorecia. A questão foi trazida a Lutero pela concessão das indulgências pelo papa para
aqueles que viam, em um dia específico, uma coleção famosa de relíquias que o Eleitor
Frederico reunira em Wittenberg, contanto que eles também fizessem as contribuições
exigidas.
Nos sermões, em 1516, para o desconforto do Eleitor, Lutero questionou a
eficácia das indulgências e declarou que o papa não tinha poder para libertar as almas do
purgatório.
Em 1517, as indulgências eram vendidas em partes da Alemanha por
engenhosos métodos promocionais elaborados por Tetzel, um dominicano. Tetzel, mais
tarde, defendeu sua alegação de que tão logo o dinheiro caísse no cofre, uma alma seria
liberta do purgatório. Foi anunciado que os procedimentos ajudariam a edificação da
Catedral de São Pedro que os papas erigiam em Roma. Realmente, metade do dinheiro
era para pagar um débito que Alberto de Brandenburgo, da família aristocrática
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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QUESTIONÁRIO 1
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Zuínglio tornou-se muito mais radical que Lutero quanto às práticas da igreja não
apoiadas pela Bíblia. Ele fazia questão de comparar cada atitude imposta pela igreja com
os ensinamentos Bíblicos. O governo cantonal, com a liberdade religiosa que de longa
data possuía, introduzia gradativamente as mudanças que Zuínglio persuadia o governo a
sancionar.
O conselho municipal ordenou um debate público em janeiro de 1523, no qual a
Bíblia deveria ser o fundamento exclusivo. Zuínglio preparou para esse debate 67 breves
artigos. Entre os ensinamentos da igreja que ele se opunha em seus artigos, figuraram a
salvação apenas pela fé, negação do caráter sacrificial da missa, do caráter salvífico de
boas obras, do valor intercessório dos santos, do caráter obrigatório dos votos monásticos
e da existência do purgatório. Declarou ainda ser Cristo o único cabeça da igreja e
defendeu o casamento dos clérigos. No debate, assistido por mais de 600 pessoas, o
conselho declarou Zuínglio como vencedor contra seus oponentes romanos. Ficou
afirmado que ele não ensinara nenhuma heresia e que não era nenhum perturbador
inovador (acusação contra ele feita por Roma).
A partir deste debate ficou ordenado pelo conselho que Zuínglio continuasse
pregando e que todos os outros pregadores da Bíblia deveriam pregar apenas o que
fosse sustentado pelos Evangelhos e pela sagrada Escritura.
Um segundo debate fora marcado para outubro de 1523. Agora o assunto tratado
seria a missa e o uso de imagens. Desta vez, a audiência contou com mais de 900
pessoas. A retirada das imagens, que fossem propriedade das igrejas, foi aprovada. As
missas em latim continuaram. Zuínglio percebeu que “seria lenta” a vitória definitiva. Mas
escreveu a seu amigo Jud: “caminhando devagar, alcançaremos nossos objetivos”.
A liderança de Zuínglio começou a ser ameaçada por aqueles que queriam uma
reforma mais rápida. No entanto, não conseguiram por em risco sua liderança. Em 1525
veio a ruptura clara com Roma. Por ordem do conselho, grupos de trabalhadores
removeram pela força quadros, estátuas e relíquias das sete igrejas da cidade. Os
mosteiros foram dissolvidos naquele ano, e suas propriedades foram dispostas para
propósitos educacionais e socorro aos pobres. Segundo WALKER a missa foi também
abolida naquela região do País. Em seu lugar foi instituído um culto simples no vernáculo,
com comunhão em memória da última ceia.
A principal divergência entre Lutero e Zuínglio encontrava-se no tocante à
interpretação da santa ceia. Para Lutero as palavras do Senhor “este é o meu corpo”
eram literalmente verdadeiras. Consequentemente ele ensinava que o corpo e o sangue
de Cristo estão “realmente” ou “substancialmente” presentes no pão e no vinho. Zuínglio
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Evangelho, ao passo que, para Zuínglio, lei e Evangelho são inseparáveis. A lei é
expressão da vontade de Deus para o viver justo e santo, um meio pelo qual o cristão
agrada a Deus e lhe é grato pela salvação. Assim a teologia reformada deu à santificação
e ao discipulado cristão uma ênfase que faltou em Lutero. No que diz respeito ao
relacionamento entre Igreja e Estado, Zuínglio estabeleceu entre eles uma relação mais
estreita do que fez Lutero. 2) A segunda diferença diz respeito à Ceia do Senhor: Zuínglio
argumentava que o corpo glorificado do Senhor está localizado espacialmente no céu,
não sendo onipresente. Portanto não está presente real ou fisicamente nos elementos.
Lutero via nisso um indício de nestorianismo, enquanto, para Zuínglio, a posição Luterana
acerca da onipresença corpórea de Cristo apontava para a antiga heresia do
Eutiquianismo.
O conceito de Zuínglio sobre a Ceia do Senhor foi modificado por João Calvino,
mas veio a ser adotado pelos anabatistas, batistas e outros grupos. Calvino recebeu a
influência de Zuínglio por meio do sucessor deste, João Henrique Bullinger. Para
contestar a Zuínglio e os anabatistas, Calvino argumentava que os sacramentos são, de
fato, eficazes. Resolvia assim, em sua doutrina, a controvérsia da eficácia dos
sacramentos, que Lutero defendia e Zuínglio rejeitava e consequentemente também
rejeitavam os anabatistas que adotaram os ideias de Zuínglio. Segundo Lecerf (2006, p.
228) Para combater a doutrina da consubstanciação Luterana, que afirma que o corpo e o
sangue do Senhor estão presente de forma real, corporal, na Ceia, Calvino argumentava:
“Cristo verdadeiramente dá seu verdadeiro corpo e sangue a comer e a beber para
nutrição da alma”. Assim, para Calvino, a presença de Cristo na comunhão é real, porém
espiritual. Para ele, não se tratava de um mero símbolo nem da descida do corpo de
Cristo do céu.
Se o princípio motivador para a reforma para Lutero na Alemanha fora a questão
das indulgências, para Zuínglio na Suiça, segundo HURLBUT (2002, p. 108) foi a questão
da “remissão dos pecados” que muitos procuravam por meio de peregrinações a um altar
da Virgem de Einsieldn. O autor nos informa que a Reforma na Suiça foi independente na
Reforma na Alemanha, ainda que ocorrendo simultaneamente. No ano de 1522 Zuínglio
rompeu definitivamente com Roma, a Reforma foi formalmente estabelecida em Zurique e
se tornou mais radical do que na Alemanha.
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3. OS ANABATISTAS
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A Assembleia dos territórios alemães, formado tanto por católicos como por
protestantes, aplicaram sobre eles a velha lei romana contra a heresia. Punição com a
morte. Na Áustria e na Baviera, essa lei foi executada com extrema severidade.
Nos territórios evangélicos os anabatistas eram considerados sediciosos, não
hereges. Tinham a oportunidade de se conformar à ordem eclesiástica, porém se não o
fizessem, e continuassem a ensinar sua doutrina, eram punidos com prisão ou morte.
A expansão do movimento anabatista partiu de três centros: Suiça, sul da
Alemanha e Morávia.
Os anabatistas não tinham uma uniformidade de pensamento. Cada ala desse
movimento, em cada lugar, parecia pensar diferente com relação a algumas doutrinas. Na
confissão de Augsburgo (25/06/1530), por exemplo, no artigo 5, são condenados por
ensinar que alcançamos o Espírito Santo mediante preparação, pensamentos e obras
próprias, sem a palavra física do evangelho.
Quanto às doutrinas que ensinavam, abaixo temos uma relação resumida:
As doutrinas enfatizadas pelos anabatistas, a exemplo dos Menonitas, apontadas
pelo teólogo John Howard Yoder são: a) A Bíblia, principalmente a ética do Novo
Testamento, deve ser obedecida como a vontade de Deus, embora não sistematizando
sua teologia, mas aplicando-as no dia-a-dia. A interpretação da Bíblia é realizada nos
cultos e reuniões da igreja; b) Credos e confissões são somente documentos para
demonstrar aquilo que se crê em comum, assim não requerem a adesão formal a eles.
Aceitam, portanto, em essência os credos históricos do Cristianismo, mas não o
professam; c) A Igreja é uma comunidade voluntária formada de pessoas renascidas. A
Igreja não é subordinada a nenhuma autoridade humana, seja ela o Estado, ou hierarquia
religiosa. Assim evitam participar das atividades governamentais, jurar lealdade à nação,
participar de guerras; d) A Igreja não é uma instituição espiritual e invisível, mas uma
coletividade humana e real, marcada pela separação do mundo e do pecado e uma
posição afirmativa em seguir os mandamentos de Cristo; e) A Igreja celebra o Batismo
adulto normalmente por infusão como símbolo de reconhecimento e obediência a Cristo, e
a Santa Ceia em memória da missão de Jesus Cristo; f) A Igreja tem autoridade de
disciplinar seus membros e até mesmo sua expulsão, a fim de manter a pureza do
indivíduo e da igreja; g) Como pode ser notado, a Teologia Anabatista é maciçamente
eclesiológica, baseada na vida comunitária e Igreja; h) Quanto à salvação, o Anabatismo
crê no livre-arbítrio, o ser humano tem a capacidade de se arrepender de seus pecados e
Deus regenera e ajuda-o a andar em uma vida de regeneração; i) O que é único na
Teologia Anabatista, principalmente depois de Menno Simons, é a visão sobre a natureza
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de Cristo, possui uma doutrina semi Nestoriana, crendo que Jesus Cristo foi concebido
miraculosamente pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas não herdou nenhuma parte
física dela. Maria seria, portanto, um instrumento usado por Deus, para cumprir o seu
plano, mas não Theotokos (Mãe de Deus); j) A essência do cristianismo consiste em uma
adesão prática aos ensinamentos de Cristo; k) A ética do amor rege todas as relações
humanas; l) Pacifismo: Cristianismo e violência são incompatíveis (não pegavam em
armas para guerras, o que explica a quantidade de Anabatistas que morreram tanto pelas
mãos de Católicos Romanos, quanto de protestantes). Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anabatista
Depois de serem massacrados na Guerra dos Camponeses (uma revolta popular
generalizada nos países da língua alemã na Europa Central, entre 1524-1525), os
Anabatistas sobreviveram na sua forma pacifista, como a Igreja mennonita. Originalmente
concentrados no vale do rio Reno, desde a Suíça até a Holanda, os anabatistas
conquistaram adeptos de cultura germânica. Perseguidos pelo Estado e guerras, tiveram
imigração em massa para a Rússia e América do Norte. No final do século XIX e começo
do XX surgiram colónias na América do Sul (Paraguai, Argentina, Brasil, Bolívia), onde
mantêm suas culturas e fé. Muitos anabatistas conservadores vivem em comunidades
rurais isoladas e desconfiam do uso de tecnologia. Os principais remanescentes
anabaptistas são: os huteritas, mennonitas, amishes, cuja postura em muito se assemelha
ao estilo de vida dos cristãos descrito no Novo Testamento, especialmente em Atos dos
Apóstolos 4:34,35 (pacifismo, comunalismo na produção e consumo). Os Anabatistas
influenciaram ainda outras denominações religiosas, como os quakers, Batistas, Dunkers
e outras denominações protestantes que afirmam a necessidade de uma adesão
voluntária à Igreja. Há grupos que reclamam os princípios anabatistas, mesmo que não
tenham sua origem nos grupos históricos. Um bom exemplo são grupos pentecostais que
se autodenominam anabatistas, como os Pentecostais do Nome de Jesus. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Anabatista.
MATOS (2008, p. 161) nos apresenta dois tipos de reforma protestante, segundo
classificação dos estudiosos da reforma: reforma magisterial (desenvolvida por Lutero,
Zuinglio, Calvino, Thomas Cranmer) trabalhadas juntamente com a colaboração dos
magistrados; Reforma radical, não desenvolvida em acordo com as autoridades civis pois
pregavam separação entre Igreja e Estado.
A reforma Radical, ainda segundo MATOS, era também chamada de “ala
esquerda da Reforma”, e inclui três grupos distintos: 1) os espirituais ou espiritualistas,
como Caspar Schwenkfeld (1489-1561), cuja religiosidade mística dava ênfase à “luz
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10) Walker afirma ainda que os anabatistas ensinavam que a Igreja era composta
apenas por fiéis convictos (batizados quando adultos) e não fiéis confessos (que
afirmaram o batismo infantil). Consequentemente eram proibidos de frequentar
igrejas estatais (como as reformadas de Zwinglio).
11) Anabatistas = separação entre Igreja e Estado (viviam separados em comunidades
livres).
12) Fé voluntária (que implicava em abandono de força em questões religiosas).
13) Não participavam do serviço militar (resultado= acusação de serem antipatriotas).
14) 07/03/1526 – Conselho de Zurique ordena o afogamento dos Anabatistas.
15) A perseguição fez com que o movimento se espalhase pela Alemanha, Suiça e
Países Baixos.
16) A dieta de Spira (1529, sacro império Romano Germânico) e a de Augsburgo
(1530, Luterana) aplicaram contra os Anabatistas a velha lei romana contra a
heresia.
4. OS PAÍSES ESCANDINAVOS
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
enquanto que os bispos apoiavam o mais jovem, Hans Tausen, que fora capelão de
Frederico. Seguiu-se um período insano de guerra civil do qual Cristino III emergiu
vitorioso. Os bispos foram aprisionados, sua autoridade abolida e as propriedades
eclesiásticas confiscadas pela coroa. Cristiano solicitou ajuda de Wittenberg. João
Bugenhagen, companheiro de Lutero, chegou em 1537. Sete novos superintendentes
Luteranos foram nomeados pelo rei, mas conservaram o título de “bispos”. A igreja
Dinamarquesa foi assim reorganizada, conforme o sistema Luterano.
A Noruega era um reino separado mas estava sujeita ao rei dinamarquês por
causa dos termos da união de Kalmar. Durante o reinado de Frederico I, a Reforma não
chegou à Noruega. Sob o reinado de Cristiano III, foi introduzida nominalmente. Cristiano
III, no entanto, foi muito negligente quanto à pregação e superintendência na Noruega. A
consequência: imposta de cima, a Reforma demorou muito para ganhar a simpatia
popular.
Segundo WALKER (2006, p. 547) na Suécia a reforma esteve em grande parte
vinculada à luta nacional pela independência. Cristiano II da Dinamarca encontrou feroz
resistência aos seus esforços para conquistar o trono sueco. Seu principal cooperador ali
foi Gustavo Trolle. Gustavo procurou aprovação pelo papa Leão X da excomunhão de
seus oponentes, ainda que tal oposição fosse simplesmente política. Em 1520 Cristiano II
tomou Estocolmo e fez acompanhar sua coroação como rei da Suécia de um ato de
tremenda crueldade. Reuniu os nobres, que de nada suspeitavam, para a cerimônia, e
mandou matá-los como hereges excomungados. O banho de sangue de Estocolmo
levantou a Suécia em rebelião contra Cristiano II. O líder dessa revolta foi o vigoroso
Gustavo Vasa. Em 1523 os dinamarqueses foram expulsos e Gustavo coroado rei (1523-
1560).
Mesmo com o novo reinado, a doutrina Luterana estava sendo ensinada por dois
irmãos – Anderson e Lars Peterson. O arquidiácono Anderson se converteu ao
Luteranismo. Em 1524 o rei Gustavo estava definitivamente a favor desses líderes.
Anderson tornou-se seu chanceler e Lars Peterson professor de teologia em Upsala.
Qual teria sido a motivação do rei em apoiar o movimento Luterano, é uma dúvida
não respondida. Em parte poderia ter sido por suas convicções religiosas, mas acredita-
se que talvez a maior parte tenha sido motivada pela extrema pobreza da coroa, que
Gustavo pensava ser possível remediar unicamente por extensa confiscação dos bens da
igreja.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 2:
1) Comente sobre o problema social que você identificou na Suíça do século XV.
2) O que diferenciava a Suíça da Alemanha, em termos religiosos, quando
começou a reforma?
3) Qual era a diferença entre a motivação de Lutero e a motivação de Zuínglio,
para a reforma?
4) Qual era a principal divergência teológica entre Lutero e Zuínglio? Por que não
se entendiam quanto a este assunto? Houve algum momento em que quase resolveram
esta diferença? Quem propôs um meio termo ao assunto? Como o fez?
5) De um modo geral, comente sobre o sucesso de Zuínglio na Suíça durante a
reforma.
6) Por que surgiu o movimento Anabatista? O que o nome sugere?
7) Onde surgiu este movimento? Por que ele teve início?
8) Pelo que você aprendeu na aula, qual a razão de o movimento Anabatista ter
sido perseguido? Qual ou quais grupos religiosos os perseguiram?
9) Os anabatistas eram heréticos?
10) Qual foi a motivação para que tivesse início a reforma na Dinamarca?
11) Por que a igreja Católica Romana perdeu a força na igreja Dinamarquesa?
12) Como se deu a reforma na Noruega. Fale das consequências.
13) Qual foi a motivação para a reforma na Suécia?
14) Qual teria sido a razão para o Rei da Suécia apoiar o movimento Luterano em
seu reino?
47
ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
escrúpulos religiosos sobre a validade de seu matrimônio, dizendo que a Escritura (Lv
20:21) proibia expressamente o casamento com a viúva de um irmão. O que se acredita é
que ele queria um pretexto para separar-se, já que Catarina provavelmente não queria
mais filhos (ou não poderia ter) e o rei não tinha um herdeiro homem. A guerra das Rosas
havia acabado há pouco, em 1485, e a falta de um herdeiro no caso do falecimento do rei
reacenderia uma guerra civil. Desde 1525 o rei estava apaixonado por Ana Bolena, dama
de sua corte e irmã de Maria Bolena, sua amante.
O divórcio, no entanto, não foi concedido pela igreja Romana. Catarina era tia do
imperador Carlos V. Este vitorioso na guerra, submeteu o papa à política imperial. Carlos
estava determinado a não permitir que Catarina fosse repudiada.
Determinado a romper com Roma, o rei em janeiro de 1531 acusou a totalidade
do clero de violação do velho estatuto de Praemunire (1353), por terem reconhecido a
autoridade de Wolsey (demitido pelo rei por não conseguir convencer a igreja a conceder
seu divórcio) como representante papal – autoridade que o próprio Henrique reconhecera
e aprovara.
Em janeiro de 1533 Henrique casou-se secretamente com Ana Bolena, que sabia
estar grávida. Em março seguinte o parlamento aprovou uma decisão legislativa crucial, a
Lei de restrição de Apelos, que proibia qualquer apelo a Roma tanto em questões
espirituais como temporais. Essa lei aboliu a autoridade Papal na Inglaterra. Esta lei foi
criada com o interesse de forçar o Papa Clemente VII a confirmação de sua indicação de
Tomas Cranmer como arcebispo de Cantuária. Cranmer foi consagrado em 30 de março
de 1533; em 23 de maio este reuniu um tribunal e formalmente declarou inválido o
casamento de Henrique com Catarina e em 28 de maio declarou o casamento com Ana
Bolena totalmente legal. A nova rainha foi coroada em primeiro de junho e em 7 de
setembro teve uma filha, a princesa Isabel.
Em 11 de julho de 1533 o papa Clemente VII preparou uma bula ameaçando
Henrique de excomunhão. Este conseguiu do parlamento uma série de leis proibindo
quaisquer pagamentos ao papa bem como anulação de todos os juramentos feitos a
Roma e reconhecimento da autoridade papal. Em 3 de novembro de 1534 o parlamento
aprovou a famosa Lei da Supremacia, pela qual Henrique e seus sucessores eram
declarados “a única cabeça suprema na terra da Igreja da Inglaterra”. Isso dava o poder
de reprimir “heresias” e “abusos”. Esta lei não concedia direitos espirituais como a
ordenação e a administração de sacramentos, mas no restante ela praticamente colocava
o rei no lugar do papa.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
O rompimento com Roma foi completo. Tais leis não ficaram no papel. Em maio
de 1535 alguns monges das mais acatadas ordens da Inglaterra foram executados de
modo bárbaro por negarem a supremacia do rei. Em junho e julho, o bispo João Fisher e
o ex-chanceler Sir Tomás More foram decapitados pela mesma ofensa. O restante do
clero seguiu ao rei.
Em janeiro de 1536 Catarina de Aragão morreu. Isso aliviou em parte a ameaça
de intervenção de Carlos V no governo de Henrique. A esta altura, o rei estava enfastiado
com Ana Bolena e não perdoava o fato de ela não conseguir dar-lhe um herdeiro
masculino. Ademais, Cromwell suspeitava do partido de Bolena no conselho privado do
rei. Ela foi acusada de adultério em maio de 1536 e decapitada no dia dezoito do mesmo
mês. Um dia antes, Cranmer declarava nulo e inválido o casamento dela com Henrique.
Em 30 de maio Henrique casou-se com Jane Seymour, que lhe deu o tão desejado filho
em 12 de outubro de 1537. Apenas doze dias depois do nascimento do menino, que
recebeu o nome de Eduardo, Jane morreu. Eduardo viria a falecer em 6 de julho de 1553,
quando tinha 16 anos.
Em 1536 a igreja Inglesa necessitava de uma definição de sua doutrina, já que
rompera com Roma. Henrique não queria uma fórmula de fé protestante pois, como
Walker nos informa, queria dar uma demonstração ao mundo de sua fé católica ortodoxa,
no entanto sem a obediência ao Papa. Então, redigiu ele mesmo os assim chamados “dez
artigos de fé”: entre eles: A Bíblia é autoridade de fé, três sacramentos (batismo,
penitência e Ceia do Senhor), Justificação implica fé em Cristo apenas, mas a confissão e
absolvição e as obras de caridade também são necessárias; Cristo está fisicamente
presente na Ceia; As imagens devem ser veneradas, mas moderadamente; Os santos
devem ser invocados, mas não porque “nos ouvirão antes de Cristo”; As missas para os
mortos são desejáveis, mas a noção que o “bispo de Roma” pode livrar uma alma do
purgatório deve ser rejeitada. Walker (2006, p. 573), também nos informa que em 1539 o
Rei Henrique VIII, junto com o Parlamento, aprovou a lei dos Seis artigos. 1) O documento
afirmava como credo da Inglaterra uma estrita doutrina da transubstanciação, cuja
negação seria punida com a morte na fogueira; 2) Repudiava o casamento do clero; 3)
Negou o cálice aos leitos; 4) Ordenava a observância permanente dos votos de castidade;
5)recomendava as missas privadas; 6) recomendava a confissão auricular. Essa lei ficou
conhecida como “chicote sangrento de seis tiras”. Como podemos notar, uma liturgia
idêntica à Católica Apostólica Romana.
Em 6 de janeiro de 1540, Henrique casou-se com Ana de Cleves. Esse
casamento uniu o rei aos adversários de Carlos V, que ameaçava intervir no reinado do
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
rei. O rei sequer se sentiu atraído por Ana quando a viu pela primeira vez. Pouco após
casar-se, queria se separar.
Em 10 de julho, Cranmer declarou inválido o casamento do rei com Ana de
Cleves. Em 9 de agosto Henrique casou-se com Catarina Howard. Este era o quinto
casamento do rei, em 31 anos. Em novembro de 1541 a nova rainha foi acusada de
adultério, (desta vez as acusações eram verdadeiras). Ela foi decapitada em fevereiro de
1542.
Em julho de 1543 Henrique casou-se com Catarina Parr, que teve a felicidade de
viver mais do que ele. Henrique morreu em 28 de janeiro de 1547, e foi sucedido por seu
filho, que governou como Eduardo VI (1547-1553). Durante seu reinado, o país foi
comandado pelo Conselho Regencial, sob o controle de Hertford, já que ele nunca atingiu
a maioridade. Subiu ao trono com 9 anos de idade.
Antes de sua morte, Eduardo VI conduziu a Igreja da Inglaterra a uma reforma
religiosa, devido à influência de Thomas Cranmer. Segundo Walker (2006, p. 574) a
influência veio dos reformadores suíços e do Sul da Alemanha – Bucer, Zuínglio,
Bullinger, e Calvino, que influenciaram Cranmer. Lutero e os teólogos luteranos não
serviram tanto de referência à reforma na Inglaterra, ainda que os escritos de Lutero
tivessem penetrado na Inglaterra anos antes. No final do reinado de Eduardo a Inglaterra
havia se tornado em um país protestante, pelo menos no que se refere às declarações
oficiais de fé e prática. Os seis artigos de Henrique VIII foram abolidos. No fim de 1548
foram retiradas todas as imagens das Igrejas. Em 1549 os sacerdotes puderam se casar.
Em 1549 foi redigido por Thomas Cranmer e oficializado por Eduardo VI o Livro
de oração comum. Ele tinha muito dos rituais católicos romanos, e em 1552 foi
reformulado. Entre as aprovações, a fórmula para a entrega dos elementos eucarísticos,
segundo Walker, harmonizou com a concepção zuingliana da ceia.
Em 1553, resultado do trabalho de Thomas Cranmer e outros seis teólogos, entre
os quais João Knox, foi aprovado os Quarenta e dois Artigos. Eram muito mais
protestantes em tom do que o segundo livro de oração. A preocupação dos artigos
atacava o radicalismo anabatista e o tradicionalismo católico romano.
Em fevereiro de 1553, Eduardo adoeceu. Ao descobrir que era uma doença
terminal, ele e seu conselho redigiram a "Elaboração para a Sucessão", tentando impedir
que a Inglaterra voltasse ao catolicismo (com a nomeação de Maria). Nomeou a prima
Joana Grey como herdeira, excluindo suas meio-irmãs Maria e Isabel. O testamento de
Henrique VIII em sua forma final deixara a coroa para Eduardo, Maria e Isabel. Porém,
depois de sua morte em 6 de julho, Joana foi deposta por Maria em treze dias. Ela
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Burghley. Uma de suas primeiras ações como rainha foi o estabelecimento de uma igreja
protestante inglesa, da qual tornou-se sua Governadora Suprema. A Resolução Religiosa
Isabelina mais tarde desenvolveu-se na atual Igreja Anglicana. Era esperado que ela se
casasse e gerasse um herdeiro para continuar a linhagem Tudor. Entretanto, nunca se
casou apesar de vários pretendentes. Isabel ficou famosa por sua virgindade enquanto
envelhecia. Um culto cresceu ao seu redor em que ela era celebrada em pinturas, desfiles
e obras literárias. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Isabel_I_de_Inglaterra.
No reinado de Isabel a autoridade papal foi novamente cancelada com o assim
denominado “segundo Ato de Supremacia”, bem como todos os pagamentos a Roma
foram cancelados. O rei Filipe II da Espanha era um forte opositor de seu governo e
trabalhava para restaurar o Catolicismo na Inglaterra. A adesão da Rainha Elizabeth ao
protestantismo é visto como uma forma que encontrou para unir forças contra Filipe II. Ela
declarou-se Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra, rechaçando o título de
Suprema Cabeça. Na prática, significava a mesma coisa.
A questão da presença física do Senhor na Ceia foi, segundo Walker, deixado
indefinido no reinado de Isabel. O protestantismo foi sendo implantado em seu reinado
nos moldes do segundo ano do reinado de Eduardo VI.
Os Quarenta e dois artigos de 1553 foram em parte revisados e então, como trinta
e nove artigos, se tornaram a definição de fé da igreja da Inglaterra.
Uma vez definida a regra de fé da Igreja Anglicana no reinado de Isabel, ela
contava com ameaça de dois lados: Roma, pois o papa a excomungou e conclamou seus
súditos a deporem-na; e com potencial ainda mais explosivo os reformadores mais
diligentes que desejavam ir mais longe na reforma e que logo ficaram denominados
puritanos.
Carlos I foi o Rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda de 1625 até sua execução em
1649. Em seu reinado, acompanhado do Arcebispo Laud, a fé católica medieval voltou a
ser a expressão de fé da Igreja Anglicana. Como característica desse retorno na teologia
podemos observar que: a) a justificação passou a ser vista como uma justificação através
da Igreja; b) os clérigos passaram a ser intérpretes da Bíblia para o povo; c) a expressão
reformada “sola fide” passou a se tornar incompreensível à parte da Igreja. Se
observarmos que no período de governo da rainha Elisabeth (Isabel) a justificação era
vista como ocorrendo pela fé, notamos um retorno claro à teologia medieval católica.
Uma característica notável da Reforma Inglesa, segundo Walker, é que ela não
produziu nenhum destacado líder religioso – nenhum Lutero (Alemanha), Zuínglio (Suiça),
Calvino (França) ou Knox (Escócia). Nem tampouco, antes do começo do reinado de
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 3:
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
A cidade mais forte da Suíça era Zurique, enquanto que no sul a mais poderosa
era Berna. A aceitação do protestantismo por Berna em 7 de fevereiro de 1528, levou o
governo da cidade a procurar introduzir a Reforma nos distritos dependentes, estimulando
a pregação de Guilherme Farel (1489-1565). De tanto pregar a reforma logo teve que
deixar a França. Em 1524 se encontrava em Basiléia novamente pregando a Reforma,
com tal impetuosidade que terminou expulso da cidade.
Em novembro de 1526 Farel iniciou seu trabalho em Aigle, na Suiça, onde o
governo de Berna o defendeu, ainda que não estivesse totalmente comprometida com a
Reforma. Com a vitória completa das novas ideias em Berna, a obra de Farel progrediu
rapidamente. Aigle, Ollon e Bex adotaram a Reforma, imagens das igrejas Romanas
foram destruídas e pôs-se fim à missa. Depois de tentar em vão converter Lausana,
iniciou tempestuoso ataque a Neuchatel, que por fim resultou na implantação da Reforma
naquele local. Em 1530, conseguiu o mesmo em Morat. Porém, em Grandson e Orbe que,
com Morat, estavam sob o governo conjunto da protestante Berna e da católica Friburgo,
ele conseguiu apenas a tolerância para ambas as formas de culto.
Em outubro de 1532 Farel fez uma tentativa fracassada de pregar a Reforma em
Genebra. Seu principal colaborador foi Pedro Viret, futuro reformador de Lausana.
O governa da Genebra estava em uma situação difícil. Friburgo, sua aliada
católica, exigia que Farel fosse silenciado. Berna, sua aliada protestante, insistia na prisão
de Furbity (frade dominicano e principal defensor da causa romana), que acusara os
Genebrianos de serem fantoches de Berna. A magistratura puniu Furbity e rompeu
relações com Friburgo. Berna ficou assim como única aliada suíça de Genebra. Furbity,
agindo em acordo com o duque de Sabóia, armou tropas para atacar a cidade de
Genebra e a sitiou. Esta ação fortaleceu a oposição Genebriana e forneceu a Farel e
Viret a oportunidade de avançarem sua causa vinculando o protestantismo à luta de
Genebra por independência.
Com o apoio de Berna, em janeiro de 1536, desapareceu o perigo de Sabóia, e o
controle reformado de Berna assumiu Genebra. Berna reconheceu a independência de
Genebra em 7 de agosto de 1536. Fora aceito oficialmente o protestantismo, embora mais
por causas políticas que religiosas. Farel sentia-se incapaz para a tarefa, e em julho de
1536 constrangeu um jovem francês, conhecido seu, a permanecer e auxiliar na obra.
Seu nome: João Calvino.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
7. CALVINISMO
Concluiu-se dos ensinos de Calvino que, uma vez que todo o bem provém de
Deus, e os pecadores são incapazes de iniciar ou resistir à sua conversão, a causa seja a
escolha divina, eleição e condenação. Tal ensino, todavia, não parece estar claro nos
escritos de Calvino. Parece, sim, uma dedução ou conclusão com base em sua
dissertação.
Apenas dois sacramentos eram reconhecidos por Calvino: o batismo e a Ceia do
Senhor. Quanto à divergência entre Lutero e Zuínglio com relação à Ceia do Senhor,
Calvino se colocava, como Bucer, entre Lutero e Zuínglio, mais perto do reformador suíço
na forma e do alemão no espírito. Como Zuínglio, negava qualquer presença física de
Cristo; no entanto, afirmava em termos muito claros uma presença real, ainda que
espiritual, recebida pela fé. “Cristo, a partir da substância de sua carne, infunde vida em
nossas almas, de fato, difunde sua própria vida em nós, ainda que a carne real de Cristo
não ingresse em nós”.
Pedro Caroli, de Lausana, acusou a Calvino de arianismo. A acusação ocorreu no
momento em que Calvino recomendou que o Conselho de Genebra celebrasse
mensalmente a Ceia do Senhor. Para um preparo melhor, nomeasse “certas pessoas de
boa conduta” para cada parte da cidade. Estas informariam à igreja quais os indignos que
deviam ser disciplinados até ao ponto da excomunhão. A recomendação também incluía a
imposição de um credo, possivelmente da autoria de Farel, a todo o povo, além da
adoção de um catecismo composto por Calvino. Tais sugestões visavam a formação de
uma comunidade modelo em Genebra. Ambos foram banidos de Genebra em 23 de abril
de 1538. Sua obra em Genebra parecia haver terminado em fracasso total.
Farel encontrou um pastorado em Neuchatel, onde fixou residência. Calvino, a
convite de Bucer, foi se refugiar em Estrasburgo. Pastoreou por três anos uma igreja de
refugiados franceses e foi preletor de teologia. A cidade lhe concedeu honrarias e o fez
um de seus representantes nos debates que Carlos V promoveu entre católicos e
protestantes. Com isso Calvino ganhou a amizade de Melanchthon e de outros
reformadores alemães. Em 1540 casou-se com Idelete de Bure, que seria sua
companheira até 1549, quando ela morreu. Em Estrasburgo escreveu seu Comentário
sobre Romanos, que foi o início de uma série que o colocou na primeira fila dos exegetas
reformadores.
Em 13 de setembro de 1541 Calvino retornava a Genebra. O partido favorável a
Calvino retornara ao poder e desejou seu retorno. Conseguiu assim prontamente a
adoção de sua nova constituição para a igreja genebriana.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
documento semelhante. Além disso, Lutero havia dado boa acolhida às Institutas de
Calvino. Portanto, afirma Gonzalez, as diferenças entre os diversos reformadores com
respeito ao significado da Ceia não pareciam insolúveis. Entretanto, os seguidores dos
grandes mestres eram extremos, e em 1552 o luterano Joaquim Westphal acusou Calvino
de declarar-se campeão da posição de Lutero com respeito à Ceia.
Gonzalez ainda afirma (1995, vol. 6, p.119) que enquanto vivos não havia divisão
entre Lutero e Calvino no que diz respeito à predestinação, pois ambos a afirmavam.
Essa divisão ocorreu no meio protestante mais tarde, principalmente com Arminio.
No artigo “Calvino ensinou a expiação limitada?” o autor Leandro Antonio de Lima
conclui que Calvino nunca afirmou a expiação limitada pelo simples fato que essa questão
não estava em evidência em seu tempo. Ele considera os comentários de Strong e
Kendall sobre esse assunto na teologia de Calvino. Faz uma análise sobre a afirmação de
Strong de que Calvino teria morrido negando a eleição limitada que durante toda a vida
apoiou.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
1. Calvino não fala sobre expiação limitada em seus escritos pois esse conceito
foi formulado posteriormente à sua morte;
2. Diz que Strong (Augustus Hopkins Strong) teólogo Batista, popularizou o
conceito de que Calvino mudou de posição no que se refere à Expiação quando chegou à
maturidade teológica e cronológica;
3. Em sua avaliação Strong ataca o Supralapsarismo (doutrina calvinista da
teologia antes da queda)o qual atribui a Beza e aos hipercalvinistas (crença de que Deus
salva os eleitos através de Sua soberana vontade com pouco ou nenhum uso dos
métodos de causar a salvação (como evangelismo, pregação e oração pelos perdidos),
ou seja, por sua soberania);
4. O autor conclui que Strong afirma que Calvino morreu negando a doutrina da
eleição (expiação limitada) que afirmou durante a vida;
5) O autor também analisa o teólogo R. T. Kendall, segundo o qual Calvino jamais
defendeu a Expiação Limitada, e que, ao contrário, poderia ser considerado um
universalista. Kendall defende que o calvinismo puritano modificou a teologia de Calvino.
Tal mudança teria sido idealizada por William Perkins. Quanto à teologia Calvinista com
respeito à Expiação limitada, o mesmo teólogo conclui que a Confissão de Fé de
Westminster é fruto dessa profunda modificação que remonta a Teodoro de Beza
(discordância de Calvino quanto à eleição antes do mundo), sucessor de Calvino em
Genebra. Kendall afirma que Calvino não cria na expiação limitada, e justamente porque
não cria, podia apontar Cristo para aqueles que desejavam ter a certeza da salvação;
6) O autor busca solucionar esse problema lendo os escritos de Calvino e chega à
conclusão de que, no entendimento de Calvino, Cristo através de sua morte buscou uma
remissão eficaz dos pecados dos eleitos, e, dessa forma, ele somente poderia ter morrido
pelos eleitos.A questão é que Calvino não disserta quem são esses eleitos;
7) O teólogo A. A. Hodge também concorda com o fato de que Calvino não definiu
com precisão seu pensamento sobre a extensão da Expiação;
8) O autor cita ainda um comentário de Calvino a Mateus 20:28: “Muitos é usado,
não para um número definido, mas para um amplo número, que Ele mesmo estabelece
sobre e contra todos os outros, e este é seu significado também em Romanos 5.15, onde
Paulo não está falando de uma parte da humanidade, mas da raça humana inteira”.
Com base nessa reflexão Calvino não quis criar uma teologia supralapsariana
(antes da queda). O consenso é que o ele “não queria saber mais do que convém, ou
seja, mais do que Deus revelou”.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
8. ARMINIANISMO
Na última década do século XVI e nos primeiros anos do XVII, a igreja reformada
nos Países Baixos (as Províncias Unidas) foi dilacerada por uma amarga controvérsia
centrada nas questões da predestinação e da adequada relação entre igreja e estado.
De um lado estavam o grupo dos calvinistas radicais (supralapsarianos),
defendendo a doutrina da predestinação incondicional por Deus dos eleitos e dos
réprobos desde antes da fundação do mundo, e afirmando o direito da igreja governar-se
completamente, embora buscando o estado para proteção e manutenção. De outro lado
estava o grupo dos Arminianos, que defendiam que a predestinação diz apenas ao
homem em seu estado de queda ou pecaminoso, não ao homem enquanto não criado, e
que o decreto divino de eleição e condenação está baseado no conhecimento prévio que
Deus tem do comportamento das pessoas (uma leitura do Calvinismo infralapsariano
baseado na presciência divina). Enquanto os Calvinistas não aceitavam interferência dos
magistrados nos assuntos espirituais, os Arminianos julgavam que estes poderiam emitir
leis relativas à política eclesiástica e podiam participar na nomeação e supervisão de
ministros.
O líder do Arminianismo era Jacó Harmenszoon (Jacobus Arminius, (1559-1609).
Arminius nasceu na Holanda. Estudou nas universidades de Marburgo e Leyden. Em
1587 ingressou em um pastorado que durou 15 anos em Amsterdã, conquistando
notoriedade como pregador e pastor de espírito irênico. Em 1603 foi escolhido para
suceder o estimado Franciscus Junius como professor de teologia em Leyden, Países
Baixos, onde permaneceu até a morte. Calvista desde o nascimento, ensinava na
Universidade de Leyden junto com outro renomado professor Calvinista conhecido como
Gomarus. Convidado por Gomarus a preparar uma refutação contra os pensamentos
anticalvinistas do teólogo Calvinista Dirck Volkertsz Coornhert, ao preparar sua
argumentação para contestar Coornhert, Arminio se convenceu do contrário, passando a
definir os primeiros pontos que se tornaram a base da Teologia Arminiana. Tal
argumentação seria duramente contestada por Teodoro de Beza.
Arminius, em contrapartida à doutrina da predestinação eterna defendida pelos
Calvinistas supralapsarianos, ensinava que Deus nomeou Jesus Cristo como o Redentor
e Salvador do pecado, e que os crentes são predestinados para a salvação em Jesus
Cristo. Dai a predestinação não ser absoluta (um decreto incondicional de Deus), mas
condicional à sua aceitação ou rejeição de Cristo. Ou seja, Deus determina salvar aqueles
a quem prevê que irão crer em Cristo e perseverar na fé, enquanto deseja condenar
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
aqueles a quem prevê que não irão crer em Cristo e perseverarão na descrença. A
presciência de Deus é, portanto, a base da predestinação, e não o contrário (pensamento
próximo do Calvinismo infralapsariano, teologia em que Armínio cresceu e se
desenvolveu). Em sua teologia abriu-se espaço, não existente na teologia Calvinista, para
a escolha humana (onde rompe com o Calvinismo infralapsariano), para um ato de crer da
parte das pessoas que são salvas e, da mesma forma, para um ato de rejeitar a oferta de
salvação oferecida por Deus. Para Armínio, todos são eleitos em Cristo, e como tal, são
recipientes da graça, recebendo a capacidade de crer na obra redentora de Cristo. O ato
de crer, entretanto, somente é possível por causa da graça divina, não podendo ser
considerada meritória.
Fora de tal graça, o livre arbítrio humano está aprisionado ao pecado e assim,
abandonado a si mesmo, resiste ao Espírito Santo e rejeita a graça de Deus oferecida no
Evangelho. Esta noção de “graça cooperante – nem só Deus, nem só o homem, são os
dois cooperando para o mesmo fim” não tinha lugar no calvinismo, mas era singular ao
“sinergismo” exposto por Filipe Melanchthon posteriormente (No conceito de Melanchton
três elementos concorriam para se efetivar a salvação: o Espírito Santo, a verdade bíblica
e a vontade, sendo que o Espírito é a causa eficiente, a Palavra é o meio para alcança-la,
mas, depois de tudo, sem o exercício da vontade, o homem não a consegue. É o que se
chama de “sinergismo”.
Depois da morte de Arminius, em 1609, a direção do movimento “arminiano”
coube a seu amigo íntimo e pregador da corte, João Uitenbogaert, e a Simão Biscop,
discípulo e amigo de Arminius, que pouco depois se tornaria professor de teologia em
Leyden.
João Wesley, séculos depois, iria se inspirar na doutrina arminiana, ao reformar a
“Inglaterra reformada”.
Walker (2006, p. 634) nos informa que em 1604 Arminio travou uma áspera
disputa com seu colega teólogo, Francisco Gomarus, representante estremado da ideia
“supralapsariana” da predestinação, contrário à ideia “infralapsariana”. Essas ideias dizem
respeito à ordem do decreto divino da predestinação. Na primeira ideia, Deus decretava
eternamente a eleição e a não eleição das pessoas e então permitia a queda como um
meio pelo qual esse decreto absoluto pudesse ser executado. Na segunda ideia Deus
permitia que a queda ocorresse e apenas então decretava a eleição e a não eleição das
pessoas. Calvino, segundo Walker, não trabalhou esses temas, não oferecendo nenhuma
ordem dos decretos. Ele atribui a Teodoro de Beza, sucessor de Calvino, a definição da
ordem supralapsariana. Brian (2018, p. 113) esclarece que esse é precisamente o ponto
64
ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
em que divergiam Beza e Armínio: enquanto Beza definia a predestinação na lógica dos
decretos divinos, Armínio a definia na pessoa e obra de Jesus Cristo.
Na disputa que Arminio travou com Gomarus, defensor da ideia supralapsariana
da predestinação, ele se posicionou de forma nem supralapsariano nem infralapsariano. A
seu ver, a primeira ideia fazia de Deus o autor do pecado. Ele insistia que Deus nomeou o
Senhor Jesus Cristo como o Redentor e Salvador da humanidade pecadora, e que os
cristãos são predestinados para a salvação em Jesus Cristo. Walker nos diz que Arminio
dizia que o primeiro e absoluto decreto de Deus teve Cristo somente como seu objeto, e a
predestinação tem que ser discutida apenas nesse contexto cristológico. Dai a
predestinação das pessoas não ser absoluta, mas condicional à sua aceitação ou rejeição
de Cristo. Em sua conclusão, Deus determina (ou predetermina) salvar aqueles que irão
crer em Cristo, enquanto deseja condenar aqueles a quem prevê que não irão crer em
Cristo e perseverarão na descrença. A presciência de Deus é, portanto, a base da
predestinação, e não o contrário.
Nesse contexto Arminio deixava espaço para a liberdade humana de crer ou
rejeitar a graça de Deus. No entanto, segundo Walker, Arminio não trabalhou a liberdade
humana da mesma forma que os pelagianos (que colocam no ser humano a capacidade
final de escolha ao não serem afetados pelo pecado original. Para estes, Adão apenas
deu um mau exemplo para a humanidade). Ele ensinava que o ato de crer somente é
possível por causa da graça divina, não podendo ser considerada meritória. Fora de tal
graça, o arbítrio humano está aprisionado ao pecado e assim, abandonado a si mesmo,
resiste ao Espírito Santo e rejeita a graça de Deus oferecida no Evangelho. Essa era a
doutrina da “graça cooperante”, que mais tarde João Wesley chamaria de “graça
preveniente” (termo comum desde Agostinho, mas nesse autor teve conotação
Monergista e não Sinergista).
Essa doutrina da “graça cooperante” não tinha espaço no Calvinismo. Ela era
singular à doutrina do “sinergismo” que passou a ser defendido por Filipe Melanchton, que
deu ao Luteranismo o status de uma religião que crê no livre arbítrio (claramente opondo-
se às ideias fundamentais de Lutero).
Depois da morte de Arminio, em 1609, seu sucessor, João Uitenbogaert (1557-
1644), junto com quarenta e dois ministros, redigiram uma declaração de sua fé intitulada
“Remonstrance” a qual deu ao grupo o nome de “Remonstrantes”. Walker lista as
oposições do documento: 1) contrariando a doutrina calvinista da predestinação absoluta,
ela ensinava uma predestinação baseada na presciência divina do uso que as pessoas
fariam dos meios da graça; 2) combatendo a doutrina de que Cristo morreu apenas pelos
65
ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
eleitos, afirmava que ele morreu por todos, ainda que apenas os cristãos recebam tal
benefício. Concordava com o Calvinismo na negação da capacidade de as pessoas
chegarem ao arrependimento e a fé por si mesmas – tudo depende da graça; 3) Em
oposição à doutrina da graça irresistível, ensinavam que a graça pode ser resistida; 4)
Opunha-se à perseverança dos santos do Calvinismo, defendendo que era possível que
as pessoas pudessem perder a graça uma vez recebida se não perseverassem; 5) não
havia nenhuma forte discordância quanto à depravação total dos seres humanos, pois os
arminianos concordavam com o calvinismo em que, sem a assistência da graça divina, o
homem não pode crer em Deus. A discordância estava quanto à eleição parcial, não tanto
na questão da depravação.
Os arminianos foram acusados de pelagianismo. Claramente não eram, como
afirmam os historiadores, como Walker.
Mauricio de Nassau era Calvinista, e como bom político, tinha a seu lado os
príncipes calvinistas. Em julho de 1618 ele utilizou a milícia para efetuar um golpe de
estado na principais cidades da Holanda, substituindo os magistrados simpatizantes dos
remonstrantes por calvinistas.
Um sínodo nacional foi convocado pelos Estados Gerais, já sem a presença
massiva dos arminianos. A assembleia se reuniu em Dort (atual Dordrecht) de 13 de
novembro de 1618 a 9 de maio de 1619. Além de representantes dos países baixos
estavam representantes da Inglaterra, Escócia, Palatinado, Nassau, Hesse, Bremen e
Suiça. Os remonstrantes estavam presentes apenas como acusados, não tendo assento.
O sínodo de Dort condenou os arminianos e adotou noventa e três “cânones”
rigorosamente calvinistas, que juntamente com a confissão Belga e o Catecismo de
Heidelberg tornou-se a base doutrinária da Igreja reformada Holandesa. Em 23 de abril de
1619 foram adotadas cinco séries de artigos que afirmavam especificamente os “cinco
pontos” do calvinismo em réplica ao arminianismo: 1) eleição absoluta, incondicional; 2)
expiação cuja eficácia é limitada aos eleitos; 3) depravação total do homem natural; 4)
irresistibilidade da graça; 5) perseverança final dos eleitos.
Em consequência deste sínodo, os arminianos foram proibidos de pregar e muitos
fugiram do país. Quando da morte de Maurício de Nassau, em 1625, e a ascensão de seu
irmão Frederico Henrique, que favorecia os remonstrantes, as medidas contra eles
ficaram apenas no papel. O grupo cresceu nos países baixos, e posteriormente teve
grande influência na Inglaterra, devido a João Wesley.
Tiago Armínio nunca sistematizou suas doutrinas. É difícil, mesmo, julgar a quem
dar a primazia e crédito, se a Simão Episcópio, autor da “primeira confissão de fé
66
ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Alguns desses pontos listados por Champlin, como os itens 6 e 14, parecem
controversos dentro dos ensinos do próprio Armínio. Talvez Champlin tenha cometido
algo que se tornou bem notável na história: atribuir os pensamentos dos arminianos, ou a
teologia Arminiana, dos seguidores do Armínio (os quais claramente foram se
distanciando dos ensinos originais de Armínio) ao próprio Armínio. Pelo fato de os
Arminianos terem sido condenados como hereges seus ensinos tiveram muita dificuldade
no princípio e isso fez com que a verdadeira teologia de Armínio nunca fosse
verdadeiramente conhecida mas meramente rotulada como uma teologia humana ou
humanista.
O autor Rustin Brian fez um bom estudo da vida e obra de Armínio. Em sua obra
“Jacó Armínio: o homem de Oudewater” ele destacou algumas características importantes
da Teologia de Armínio:
1) É um homem “atrás de um adjetivo”. Dele se fala mais as acusações que
contra ele e seus discípulos foram proferidas pelos Hiper Calvinistas no século
XVII do que realmente sua Teologia;
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
11. ANEXO: Calvino ensinou a expiação limitada? Escrito por Leandro Antonio de Lima.
Disponível em: <http://www.monergismo.com/textos/expiacao_limitada/Calvino_Expiacao_Leandro.pdf > .
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 4:
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
9. A REFORMA ESCOCESA
Segundo Walker (2006, p. 583) no início do século XVI a Escócia era um país
pobre e atrasado. Suas condições sociais eram feudais. Seus reis tinham pouco poder,
sua nobreza era turbulenta, sua igreja era relativamente rica em terras, possuindo cerca
de metade do país, mas as posições eclesiásticas eram utilizadas em grande parte para a
colocação dos filhos mais moços das casas nobres e, assim, muito das propriedades
eclesiásticas estava nas mãos dos nobres leigos. Os estabelecimentos monásticos
estavam, em geral, em declínio.
A Escócia temia nesta época ser dominada e anexada pela Inglaterra. Aliou-se à
França para ter força contra a Inglaterra. Tiago V, sobrinho de Henrique VIII casou-se com
uma filha de Francisco I, e depois que ela morreu, com Maria de Lorena, da poderosa
família católica francesa dos Guise. O objetivo claro era ter a França como completa
aliada.
Pouco após a reforma eclodir na Alemanha houve manifestações protestantes na
Escócia. Patrício Hamilton pregou a doutrina Luterana e foi queimado em 29 de fevereiro
de 1528. Houve outras execuções em 1534 e 1540. Em 1543 o Parlamento Escocês
autorizou a leitura e tradução da Bíblia, como consequência da influencia inglesa. O
principal entre os pregadores desta época foi Jorge Wishart, queimado por ordem do
cardeal Beaton em 2 de março de 1546. Em 29 de maio o próprio Beaton foi brutalmente
assassinado, em parte por vingança pela morte de Wishart e em parte por hostilidade à
sua política francesa.
Em 1547 levantou-se um líder aos refugiados pregadores da reforma, que se
escondiam da perseguição imposta na Escócia. Era João Knox, que viria a ser o herói da
reforma escocesa. Foi levado para a França onde por dezenove meses sofreu o destino
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
cruel de um escravo de galé. Quando solto, dirigiu-se para a Inglaterra em 1549, então
sob governo protestante em nome de Eduardo VI. Ali tornou-se um dos capelães reais e
ajudou na elaboração dos Quarenta e dois Artigos da Igreja reformada da Inglaterra. A
subida de Maria Tudor ao trono o obrigou a fugir em 1554. Dali fugiu para Genebra, onde
tornou-se ardente discípulo de Calvino, trabalhando na versão genebriana da Bíblia em
inglês, tão querida mais tarde pelos puritanos ingleses.
Ele tornou-se Capelão Real na Inglaterra em 1551 e tomou parte na revisão do
Segundo Livro de Orações de Eduardo VI e ajudou a elaborar os Quarenta e dois Artigos
da Igreja reformada da Inglaterra. Em 1552 pregou perante o rei Eduardo VI um sermão
contra o artigo 38, que obrigava a recepção da ceia de Joelhos (chamou isso de
idolatria).Cranmer chamou a esse artigo “artigo negro”.
Para grande parte dos nobres e do povo da Escócia a dependência à França era
tão odiosa quanto a submissão à Inglaterra. Protestantismo e independência nacional
pareciam estar unidos, e nessa dupla luta Knox seria o líder. Em 1555 ele voltou a seu
país, pregando ali seis meses. A situação, porém, ainda não estava madura para a revolta
e Knox retornou a Genebra para pastorear a igreja de refugiados de fala inglesa. Ele
plantou semente frutífera. Em 3 de dezembro de 1557 alguns nobres protestantes e
antifranceses na Escócia fizeram um pacto para “estabelecer a mui bendita Palavra de
Deus e sua congregação”.
Em 2 de maio de 1559 Knox retornou para a Escócia. Uma revolta causada pela
morte de Henrique II da França piorou muito a situação dos reformadores na Escócia. A
revolução terminou com o apoio inglês, mas sem comprometer a independência da
Escócia, e Knox fora seu inspirador. Em 17 de agosto de 1560 foi adotado como credo do
reino da Escócia uma confissão de fé calvinista, em sua maior parte preparada por Knox.
Uma semana mais tarde o mesmo parlamento aboliu a jurisdição papal e proibiu a missa,
sob pena de morte na terceira reincidência.
Algumas ações desejadas ou praticadas devido a Knox: queria que a igreja, a
educação e os pobres fossem mantidos pelas propriedades da antiga igreja; as práticas
sem apoio das Escrituras foram eliminadas; o domingo foi o único dia santo que
permaneceu.
A carreira de Knox chegou ao fim em 24 de novembro de 1572, quando morreu
aos 58 anos de idade. Influenciou não apenas a religião, como o próprio caráter da nação,
mais que qualquer outra pessoa na Escócia. Sua obra foi continuada por André Melville,
que reformou o ensino nas universidades de Glasfow e St. André. Foi um vigoroso
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
defensor contra os abusos episcopais e reais de Tiago VI, que o obrigou a passar os
últimos 16 anos de sua vida no exílio.
Segundo Gonzalez (2011, Vol. 6, p. 140) o sucesso da reforma na Escócia está
ligado intimamente aos ideais de liberdade política do País. Ele informa que os
protestantes apelaram para a Inglaterra no momento em que a Escócia se aliava à
França, com vários soldados franceses em território Escocês, dizendo que se os católicos
conseguissem esmagar as forças protestantes na Escócia o País cairia em mãos
católicas e seria totalmente dominado pela França, colocando em perigo a coroa Inglesa.
A rainha Isabel (Elisabeth I) decidiu então, em 1560, enviar tropas inglesas à Escócia,
fazendo os franceses retornarem a seu País. Com isso tanto os ingleses quanto os
franceses decidiram deixar os Escoceses escolherem seu próprio destino. Nesta visão, o
ideal revolucionário de independência, seguido de apelo ao povo com a consequente
adesão dos mesmos, é a razão que levou a um protestantismo nacional na Escócia.
Gonzalez também informa que a rainha Maria Stuart regressou à Escócia e
ocupou o trono como herdeira de seu pai. Ela era católica, mas não conseguiu opor-se
aos protestantes. Knox e a rainha Stuart sempre se opunham. A rainha insistia em
celebrar a missa em sua capela privada, e o reformador bradava contra sua “idolatria”
chamando-a de “nova Jezabel”.
Algumas características da Igreja Presbiteriana Escocesa (na Escócia surgiu o
termo “Igreja Presbiteriana”), como consequência do trabalho de John Knox: a) erradicou
a influência do culto católico apostólico romano; b) recusou a veneração de santos,
relíquias e figuras ornamentais; c) acabou com determinadas formas de divertimento
coletivo como o carnaval ou as celebrações de maio; d) ficou estritamento proibido o
trabalho aos domingos (pessoas podiam ser presas por depenar uma galinha no
domingo); e) os jogos de cartas foram proibidos; f) fornicação passou a ser severamente
punido, até com exílio; g) adultério foi punido com pena de morte.
O Presbiterianismo é o modelo de Igreja que Calvino sonhava implantar para a
Igreja. Esse sonho foi incutido no coração de John Knox pelo próprio Calvino. A grande
diferença se encontra na visão da relação estado/igreja: Calvino entendia que o Estado
não deveria interferir nas decisões da Igreja. O modelo Episcopal da Igreja Católica
Apostólica Romana, através de sua relação com o Estado, dava a esse o direito de
nomear os bispos da Igreja. Calvino entendia que o modelo bíblico de governo da Igreja
era o Presbiteriano, ou seja, a Igreja nomeia seus líderes, não o Estado, havendo assim
uma autonomia da Igreja em relação ao Estado. Esses líderes, no modelo presbiteriano,
iriam representar toda a congregação (Igreja). Logo começaram a surgir os movimentos
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
que não iriam concordar com nenhum dos dois modelos de governo de Igreja, dizendo
que o modelo mais parecido com o bíblico seria o governo Congregacionalista, ou seja, a
congregação toma as decisões eclesiásticas em uma assembleia, e não seus líderes
eleitos. Assim cada congregação local seria autônoma e independente, não precisando se
submeter a uma liderança geral. As origens do Congregacionalismo são historicamente
atribuídas ao Puritanismo e nos separatistas ingleses. Robert Browne é tido como o
primeiro teórico do sistema congregacional.
O tratado de união de 1707 uniu os reinos da Escócia e da Inglaterra (Reino
Unido). Ainda assim a Igreja da Escócia continuou Presbiteriana. Os escoceses chamam-
lhe informalmente de ”The Kirk”. Ela possui comunhão com a Igreja Anglicana, mas em
teoria não pode ser confundida com a Igreja da Inglaterra, da Irlanda (que posteriormente
aderiu ao tratado de 1707) ou a Igreja Episcopal Escocesa.
Knox não hesitava em ir ao púlpito e pregar abertamente contra aquilo que não
concordava com base nas Escrituras. Também várias vezes usou da pregação para
refrear a cobiça dos lordes pelas terras da Igreja católica desapropriadas na Escócia.
Knox nos ensina que a pregação da palavra tem de ser a exposição bíblica e que essa
exposição não pode estar alienada do mundo ao seu redor, antes deve falar a ele partindo
da Escritura como única regra de fé e conduta.
Knox nos dá um exemplo primoroso do que seja uma teologia engajada, que
busca aplicar os preceitos bíblicos em todas as áreas da vida cristã privada e pública. A
rainha da Escócia declarou que temia mais as orações e pregações de John Knox, do que
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
dos soldados e dos canhões da Inglaterra. Seu sermão tinha a capacidade de colocar o
temor de Deus nas pessoas.
Seu senso da total dependência humana da graça divina, que compunha o seu
pensamento e sua vida tornaram-se “o centro da vida das igrejas reformadas durante toda
a sua história”. Fonte: <http://www.monergismo.com/textos/biografias/knox-
reformador_helio.pdf>.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 5:
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
conhecido como Carlos V ou Carlos I. 1516: Rei da Espanha. 1519: Imperador do Sacro
Império Germânico. A primeira bula papal que instituiu a Inquisição em Portugal foi
elaborada por pressão de Carlos V.
A Espanha tinha muita riqueza. Conquistou parte dos Estados Unidos, México,
Antilhas, América Central e toda a América do Sul, exceto o Brasil.
Essa riqueza toda era utilizada para financiar guerras. Contra a França foram 5
guerras. Carlos V também guerreou contra os Protestantes e contra os turcos.
Em 1555, Carlos V abdicou. Foram 36 anos no poder. Entregou a coroa do Sacro
Império Germânico para seu irmão Fernando. Para seu filho Filipe II deixou todo o
restante, incluindo a Espanha.
Para o católico Filipe II, a unidade política do seu reino era uma extensão da
unidade religiosa. Resolveu expulsar todos os que não eram católicos da Espanha.
Os cristãos não católicos da Espanha fugiram em sua maioria para a Holanda. A
Holanda era um país que pertencia ao domínio da Espanha... Mas seus moradores se
rebelaram contra Felipe.
Em 1550 a Holanda já dominava várias rotas comerciais europeias. Em 1568
rebelou-se contra a Espanha. Em 1572 decretou total liberdade religiosa.
Em 1630 os Holandeses ocuparam boa parte do Nordeste Brasileiro, onde
permaneceram por quase 25 anos.
Em 1578 Portugal passou a fazer parte do reino Espanhol. Filipe II era filho de
uma princesa portuguesa, e reclamou a coroa após a morte do rei de Portugal, Sebastião
I. O rei espanhol anexou Portugal e suas colônias, o que incluía o Brasil. O domínio
espanhol sobre o trono português durou 60 anos.
Na França, com o Édito de Nantes, começou a paz e a França começou a se
tornar uma potência. A Espanha estava em decadência. Felipe II morreu em 1598. Levou
o País à decadência.
Carlos V e Filipe II reinaram no período de maior riqueza da Espanha. Ouro e
prata chegavam das Américas em quantidades nunca vistas. Ao invés de impulsionar o
País, essa riqueza foi utilizada para financiar guerras na Europa e defender a fé católica.
A expulsão de árabes, judeus e protestantes implicou na perda de capitais,
trabalhadores e artesãos causando prejuízo enorme para a economia espanhola. A
comida e os produtos industriais tinham que vir da Holanda, que conquistou
independência.
Sem a agricultura e a manufatura desenvolvidas, a Espanha teve que se tornar
dependente de outros povos para sobreviver.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
treinar pregadores missionários que difundiram a causa protestante para outros países,
especialmente a França. Um dos fundadores da Igreja Reformada nos cantões de
Neuchâtel, Berna, Genebra e Vaud na Suíça. Ele é frequentemente lembrado por ter
persuadido João Calvino a permanecer em Genebra em 1536, e fazê-lo retornar em
1541, após ter sido expulso em 1538.
De Navarra e cidades fronteiriças como Estrasburgo e Genebra, os escritos de
protestantes se infiltravam na França.
Francisco I morreu em 1547 e foi sucedido por seu filho Henrique II.
Ele continuou a política do pai, e sua oposição ao protestantismo foi mais constante
e cruel.
Apesar da terrível perseguição, a fé continuou crescendo na França. Em 1555 foi
organizada a primeira Igreja seguindo os padrões traçados por Calvino. 4 anos mais
tarde se reuniu o primeiro sínodo nacional, com igrejas organizadas em todo o País.
Pouco depois do primeiro sínodo, Henrique II morreu. Com sua morte o reinado foi
sucedido por Francisco II e Carlos IX. Francisco II pouco se interessava pelos assuntos
do estado, o que fez o general Francisco de Guisa e seu irmão Carlos governarem em
seu nome.
Os “príncipes de sangue” não se agradaram da decisão de Francisco II. Eles Tinham
os Guisa como intrusos no Reino. Antonio de Bourbon e Luiz de Conde eram os príncipes
de sangue mais descontentes.
Antônio de Bourbon se casou com Joana d´Albret, que como sua mãe se tornou
Calvinista. Com isso o Calvinismo conquistou adeptos entre os maiores senhores do
Reino.
Os demais príncipes que se ressentiam do poder dos Guisa eram católicos
convencidos que deveriam acabar com o protestantismo. Assim se deflagrou a
conspiração de Ambroise, cujo objetivo era apoderar-se do Reino, separá-los dos Guisa e
estabelecer nova política no Reino.
Os principais implicados neste objetivo eram os “Huguenotes”: nome dado aos
protestantes franceses durante as guerras religiosas na França (segunda metade do
século XVI). Cerca de 300.000 deles deixaram a França, após as dragonnades
(perseguições contra as comunidades protestantes) e a revogação do Édito de Nantes,
em 18 de outubro de 1685. Eram majoritariamente calvinistas e membros da Igreja
Reformada.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 6:
1) Qual a principal razão pela qual o Protestantismo não obteve sucesso na Espanha?
2) Quem eram os Huguenotes?
3) Por que a França não se tornou um País reformado já que Calvino era Francês?
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
12. OS QUACRES
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
homens. O próprio Fox não ia a tais reuniões preparado a fazer um discurso, mas
esperava que o Espírito Santo o movesse.
Gonzalez registra que os quacres não criam nos sacramentos, pois entendiam
que a água do batismo e o pão e o vinho da comunhão, faziam a atenção centralizar-se
sobre o material, ocultando a Deus ao invés de revelá-lo.
Em certa ocasião, Fox interrompeu a mensagem de um culto quando o pregador
dizia que a autoridade máxima do Cristianismo se encontra na Bíblia. Ele argumentou que
se encontra mais no Espírito Santo, que a revelou.
Gonzalez registra alguns dos comportamentos de Fox que resultaram em sua
própria perseguição e a de seus seguidores: a primeira vez foi encarcerado por
interromper um pregador que dizia que a verdade última estava nas Escrituras; Outras
vezes, foi preso por blasfêmia e acusação de conspirar contra o governo. Tentaram livrá-
lo com o perdão das autoridades, mas ele não aceitou, pois dizia que não era culpado e
aceitar tal perdão implicava em faltar com a verdade. Cumpriu assim a pena integral. Em
outra ocasião, quando iria cumprir uma pena de seis meses por blasfêmia, convidaram-
lhe a unir-se ao exército republicano. Fox negou pois não acreditava que um cristão devia
apelar a outras armas que a índole espiritual. A partir daí, os quakers ficaram distinguidos
pela firmeza de suas convicções pacifistas.
Uma pintura do começo do século XIX retratando uma reunião dos quacres.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Esta gravura do século XIX mostra Elizabeth Fry (de pé, ao centro) visitando um
presídio feminino em 1813. Elizabeth Fry foi uma quacre que lutou pela reforma
presidiária na Inglaterra. Os quacres são conhecidos por seu envolvimento em questões
sociais.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
William Penn foi um quacre que, no final do século XVII, fundou a colônia da
Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde uma grande comunidade de quacres se
estabeleceu.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
13. OS PURITANOS
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
14. PIETISMO
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
cristianismo, no interior ou novo homem, que é a alma da fé, devendo trazer frutos para a
vida.
Este trabalho produziu uma grande impressão em toda a Alemanha e, embora um
grande número de teólogos e pastores luteranos ortodoxos tenham sido profundamente
ofendidos por Spener em seu livro, as suas reivindicações foram admitidas e muito bem
justificadas. Consequentemente, um grande número de pastores imediatamente adotaram
as propostas de Spener.
Enquanto o Pietismo tradicional permaneceu dentro das igrejas luteranas apesar
de suas críticas, o Pietismo radical distanciou-se das igrejas estabelecidas ainda mais.
Doutrinariamente, muitas vezes os Pietistas radicais refletem as influências de Jacob
Boehme, mas eram separatistas formando suas próprias congregações. O Pietismo
radical criticou as noções luteranas de expiação, a autoridade das Escrituras,
sacramentos e no ministério.
O Pietismo prático foi promovido pela nova universidade pietista de Halle. Em
Halle, o pastor August Hermann Francke fundou em 1695 orfanatos, asilos e gráficas,
dando um caráter de ação social do Pietismo. A Universidade de Halle tornou-se o centro
de divulgação do Pietismo a partir de 1698. A gráfica social de Francke distribui 80 mil
Bíblias completas e 100 mil Novos Testamentos em apenas sete anos - um fato notável,
já que antes na Alemanha, cerca de 80 anos (1534-1626) foram produzidas apenas
20.000 Bíblias.
Outros movimentos acabaram por ser influenciado pelo Pietismo e ganharam
identidades denominacionais próprias, como o metodismo, as Igrejas Livres, os Dunkers e
alguns ramos anabatistas, como a Igreja dos Irmãos Mennonitas.
Um pietismo intimamente ligado a uma organização eclesial surgiu em
Württemberg. Mais tarde, o conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf fundou uma
comunidade dos «irmãos de Herrnhut».
No Brasil o Pietismo se encontra presente dentro da Igreja Evangélica de
Confissão Luterana no Brasil por meio da Missão Evangélica União Cristã. Há
denominações de identidade Pietista como os Dunkers ou “Igreja Evangélica dos Irmãos”,
a “Igreja Evangélica Congregacional do Brasil” e a “Igreja do Cristianismo Decidido” surgiu
no Brasil a partir de uma missão luterana Pietista da Alemanha na cidade de Curitiba.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pietismo.
Gonzalez aponta para o Pietismo como o movimento de protesto mais notável
contra o trem de fria intelectualidade que parecia dominar a vida religiosa. Registra
também que o termo “Pietista” foi dado pelos inimigos do movimento, frequentemente
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
com conotações negativas de beatice. Contudo, o termo pode advir dos profundos
desejos “piedosos” do líder Spener.
Spener mostrava estar de acordo com a Igreja Luterana. Seu desejo era um
despertamento da fé, a fim de combater a frieza espiritual. Ele entendia que as lutas
doutrinárias haviam impedido o crescimento do verdadeiro cristianismo no meio do
Luteranismo.
Spener era combatido pelos líderes da ortodoxia luterana pois estes diziam que
ele dava pouca importância às questões que haviam custado tantas disputas. Pretendeu ir
mais à fundo na reforma Luterana. Ele entendia que Lutero preocupou-se
exageradamente com a Justificação e pouco ou nada dissertou sobre a santificação. Ele
entendia que para Lutero o importante não era a pureza do crente, mas a graça de Deus
que perdoa o pecador. Ele concordava com Calvino e outros reformadores que, ao
mesmo tempo que concordavam com Lutero quanto à justificação, assinalavam que o
mesmo Deus que justifica é também o Deus que regenera e santifica o crente. Assim,
entendia que a santificação tinha um espaço importante na doutrina reformada.
Alderi Matos define o Pietismo como uma reação contra a preocupação luterana
com a ortodoxia. Ainda segundo sua visão, o movimento inicial visava uma renovação e
revitalização do Luteranismo nos séculos XVII e XVIII, tendo como objetivo completar a
Reforma, suprindo elementos que faltaram na obra de Lutero. Porém, com o decorrer dos
tempos, o movimento adquiriu um sentido negativo, de uma espiritualidade individualista,
subjetiva, emocional e alienada do mundo, muitas vezes associada a um sentimento de
superioridade religiosa.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
tomar medidas drásticas para frear a onda protestante que se alastrava pela Europa.
Assim, foi reaberto o antigo Tribunal da Santa Inquisição. Além disso, a Igreja publicou em
1564 o “Index Libro rum Prohibitorum”, onde listava todos os livros considerados hereges
por pregar contra os dogmas da Igreja. Fonte: http://www.infoescola.com/historia/contra-
reforma/.
A Companhia de Jesus foi o principal órgão da igreja romana para alastrar o
domínio que perdera na Europa. Os jesuítas foram encaminhados aos continentes
africano, americano e asiático. Tinham como objetivo principal transformar os nativos em
novos católicos, através da catequização (ensino da língua portuguesa, doutrina católica e
hábitos europeus). Os índios brasileiros foram catequizados por jesuítas como, por
exemplo, Padre Manoel da Nobre e José de Anchieta. A igreja, que estava até então
parada na Europa, ostentando riqueza e desatenta aos pobres, agora abria seus
horizontes com sua atenção voltada ao mundo. Continentes até então não explorados
agora receberiam o catecismo católico.
O Concílio de Trento (1545-1563) foi o Concílio, reunido inicialmente na cidade
italiana de Trento, que tratou das reformas da Igreja Católica Apostólica Romana,
influenciada em vários líderes pelas ideias luteranas. Segundo Walker (2006, p. 599)
rejeitou todas as ideias protestantes. Algumas decisões tomadas: a) a justificação não é
pela fé somente, mas pela fé formada por obras de caridade. Assim a salvação depende
de uma justiça adquirida (conquistada) não de uma justiça imputada, forânea (outorgada);
b) tanto as Escrituras quanto as tradições da Igreja tem o mesmo valor de autoridade na
fé; c) somente a Igreja pode interpretar as Escrituras; d) apenas a Vulgata Latina é o texto
sagrado; e) os sacramentos são sete e não dois; f) o sacramento da penitência envolve
obras de satisfação, como também contrição e confissão, e implica o poder da Igreja de
conceder ildulgências; g) permaneceu a doutrina da transubstanciação, entendida como
uma representação do oferecimento de Cristo no altar da cruz, e beneficia não apenas os
fieis vivos mas também as almas dos fieis que partiram no purgatório; h) o cálice não
deve ser oferecido aos leigos; i) o latim devia permanecer como a língua litúrgica.
Outra decisão importante do Concílio de Trento foi a intensificação das missões
católicas. Várias ordens foram criadas, como a ordem da Visitação que cuidou dos
doentes e dos pobres. A ordem dos dominicanos e franciscanos criou a “Sociedade de
Jesus” , ficando responsável pela cristianização na América do Sul e parte da América do
Norte. Também há relatos de missionários enviados à Índia e à China. A ordem dos
Jesuítas também enviou missionários à China e à Índia, bem como nas Américas (tiveram
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
grande êxito no Paraguai). Era claramente uma tentativa de recuperar o espaço perdido
na Europa devido ao crescimento do Protestantismo.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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QUESTIONÁRIO 7:
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
coisa para nos enviar como missionários?”. Seu coração ficou muito quebrantado. Voltou
para a comunidade e lançou diante dela o desafio para o envio de reforços missionários
para a Groelândia, Índia e outras partes do mundo onde pessoas não conheciam a Cristo.
Vinte e seis pessoas imediatamente se ofereceram como voluntárias, e, assim, o
Movimento Missionário Moraviano foi lançado. Nos vinte e oito anos seguintes mais do
que duzentos missionários Moravianos entraram em mais de doze países para
implantação de trabalho missionário em torno do mundo.
Foram os primeiros protestantes a fazer missões entre os judeus. Segundo
ATAÍDES (2008, p. 42) enviaram missionários para várias partes do mundo: Rússia,
Groenlândia, Labrador, Ilhas do Caribe, América do Norte, Costa da América do Sul, sul
da Ásia, chegando à Índia e Ceilão.
Em 1728 um grupo de missionários Moravianos visitou a Turquia e a África para
fazer missões com os muçulmanos.
O sofrimento de Cristo era o estímulo para suas obras missionárias. Seu lema
era: “conquistar para o Cordeiro que foi morto a recompensa dos seus sofrimentos”.
A igreja Morávia tem suas origens no movimento religioso iniciado por Jan Huss.
O ideal do movimento era uma vida dedicada à causa do Evangelho. Tentaram, a partir
de 1728, até mesmo regulamentar a escolha dos cônjuges nos casamentos. Zinzendorf
tentava manter os morávios como parte da igreja Luterana oficial, apenas como um grupo
especial dentro dela, no qual se fomentaria uma vida espiritual mais ardente, uma “religião
do coração”. Alguns membros do movimento, no entanto, queriam o estabelecimento de
uma denominação separada.
O movimento logo encontrou muita oposição, não apenas dos luteranos
ortodoxos, mas também dos petistas, devido à tendência separatista.
Quando o avivamento espiritual ocorreu em 1727, começaram uma vigília de
virada de relógio, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, trezentos e sessenta
e cinco dias por ano. O livro devocional conhecido como Lemas Diários, que ainda tem
sido publicado pela Igreja Moraviana, era o devocional mais amplamente usado entre os
cristãos europeus. O ministério Moraviano era fortemente regado por oração (tiveram uma
vigília de oração que durou um tempo de 100 anos literalmente – nota do tradutor).
Zinzendorf boi banido da Saxônia em 20 de março de 1736, devido a queixas
eclesiásticas com relação ao movimento moraviano. Em 1738 e 1739 viajou para as
Índias Ocidentais; em 1741 se encontrava em Londres, onde a obra moraviana já se
desenvolvia há anos. Em dezembro desse ano estava em Nova Iorque e na véspera do
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
natal deu o nome de Belém à colônia que os morávios da Geórgia estavam começando
na Pensilvânia.
Na América esforçou-se para reunir as forças protestantes alemãs espalhadas na
Pensilvânia numa unidade espiritual que ficaria conhecida como a “Igreja de Deus no
Espírito”. Iniciou missões entre os índios, organizou sete ou oito congregações morávias e
fundou escolas. Peter Bohler ficou como superintendente do ministério itinerante. David
Zeisberger ficou conhecido como o mais famoso missionário entre os índios. Missões
foram inauguradas no Suriname, Guiana, Egito e África do Sul.
O movimento moraviano era cada vez mais reconhecido como uma igreja
independente, embora Zinzendorf nunca desejou sua separação do luteranismo. Durante
sua vida, permaneceu como um movimento integrante do Pietismo alemão, que era uma
ala do Luteranismo, iniciado por Jacob Spener.
Os cultos da Igreja Moraviana possuíam uma hinologia rica, cheia de boas
músicas. Quanto à forma de governo, possuíam bispos, anciãos e diáconos. Era mais
presbiteriana que episcopal. Quanto à doutrina, consideravam as Escrituras como sendo
a única regra de fé e prática; criam na depravação total da natureza humana, na real
humanidade de Jesus Cristo, na reconciliação e justificação pela fé através do sacrifício
de Jesus Cristo.
Jan Amos Komenský (em latim, Iohannes Amos Comenius; em português,
Comênio), 1592-1670, foi um bispo protestante da Igreja Moraviana. Como pedagogo, é
considerado o fundador da didática moderna. Comenius nasceu em 28 de março de 1592,
na cidade de Uherský Brod (ou Nivnitz), na Morávia, região da Europa Central pertencia
ao antigo Reino da Boémia e que hoje corresponde à parte oriental da República Checa.
Viveu e estudou na Alemanha e na Polónia. Foi o último bispo da Igreja Hussita e tornou-
se um refugiado religioso. Foi um inovador e um dos primeiros defensores da
universalidade da educação, conceito que defende em seu livro Didactica magna. É
considerado como o pai da educação moderna. Aplicou um método de ensino mais
efetivo, a partir dos conceitos mais simples para chegar aos mais abrangentes.
Preconizava o aprendizado contínuo, por toda a vida, e o desenvolvimento do
pensamento lógico, em vez da simples memorização. Apoiava o acesso das crianças
pobres e das mulheres à escola. Introduziu livros e textos escritos na língua nativa dos
alunos, em vez de latim. Viveu em diversos países, incluindo a Suécia, a Comunidade
Polaco-Lituana, a Transilvânia, o Sacro Império, a Inglaterra, os Países Baixos e o Reino
da Hungria.
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O término das lutas do século XVII levou a Inglaterra a experimentar uma letargia
espiritual tanto na igreja oficial da Inglaterra como nos movimentos dissidentes.
O racionalismo penetrara em todas as classes de pensadores religiosos, de modo
que mesmo entre os ortodoxos o cristianismo se assemelhava mais a um sistema de
moralidade apoiado por sanções divinas. Os sermões pregados nos púlpitos consistia em
um característico ensaio descolorido sobre as virtudes morais.
A condição das classes inferiores era de indigência espiritual. Os divertimentos
populares eram grosseiros, o analfabetismo era generalizado, a lei era aplicada de modo
brutal e as prisões eram antros de doenças e iniquidade. Nunca o alcoolismo prevaleceu
tanto na vida inglesa quanto naquele período. Além disso, a Grã-Bretanha estava às
vésperas da revolução industrial que a transformaria de país agrícola em industrial.
No início do século XVIII alguns homens desejavam melhorar as coisas na
Inglaterra. William Law escreveu um livro intitulado “Sério apelo à vida devota e santa”.
John Wesley foi muito influenciado por esta leitura.
Para tentar uma vida religiosa mais fervorosa foi fundada na Inglaterra as
“sociedades religiosas”. Por volta de 1700, só em Londres havia cerca de uma centena
delas. O pai de John Wesley, Samuel Wesley, organizou uma dessas sociedades em
Epworth em 1702.
Os esforços desta sociedade religiosa obteve sucesso parcial, apenas com
influência local. A maioria do povo inglês continuou vivendo uma letargia espiritual. Os
primeiros sinais de um despertamento apareceram no começo do século XVIII. Na
Escócia, sob a liderança de Ebenezer e Ralph Erskine, cresceu um movimento evangélico
nos primeiros anos do século. Por volta de 1714 Ebenezer se viu obrigado a pregar em
um campo adjacente à sua igreja, para poder acomodar as multidões.
Com o surgimento de três grandes líderes, John e Charles Wesley e George
Whitefield, o reavivamento evangélico cresceu na Inglaterra. Três foram as vertentes do
crescimento religioso na Inglaterra: as sociedades metodistas sob a orientação dos
irmãos Wesley, os metodistas calvinistas sob Whitefield e os Evangélicos Anglicanos,
estes trabalhando junto a linhas paroquiais mais tradicionais.
Os pais de Wesley eram da igreja anglicana. Seu pai, Samuel Wesley, era pároco
da igreja campesina de Epworth. Sua mãe, Susanna, era mulher de notável fortaleza de
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
caráter. Os filhos tinham muito dos pais, talvez mais da força materna, já que o pai
dedicava todo seu tempo à igreja.
John Wesley nasceu em 17 de junho de 1703 e Charles em 18 de dezembro de
1707. Ambos foram salvos com dificuldade de um incêndio na casa paroquial, em 1709.
Tal fato deixou impressão indelével na mente de John, que desde então se considerou
literalmente “um tição arrancado do fogo”.
Em agosto de 1730, pela influência de Morgan, um grupo que Wesley havia
ingressado em Oxford, que procurava realizar os ideais de William Law, passaram a
jejuar, ter ideais altamente igrejeiros, e a visitar encarcerados na prisão. Foram
apelidados de “metodistas”. No entanto, eram um grupo que lutavam penosamente pela
salvação da própria alma, pois ainda, como foi Lutero durante um período de sua vida,
eram reféns de um sistema religioso que tenta obter méritos pela obra.
O movimento recebeu uma importante adesão em 1735: George Whitefield, que
saiu de uma crise durante a moléstia da primavera de 1735 com uma alegre certeza da
paz com Deus. Era um conceituado pregador, mais que todos os demais em sua época, e
sua mensagem consistia no Evangelho da paz e da graça perdoadora de Deus por meio
da aceitação de Cristo pela fé, com a consequente vida de serviço em alegria. Boa parte
de seu ministério aconteceu na América do Norte.
Em 1738, Whitefield esteve na Georgia. No ano seguinte retornou à América e
sua pregação na Nova Inglaterra, em 1740, foi acompanhada pela maior comoção
espiritual jamais vista ali. Ele faleceu em 30 de setembro de 1770 em Newburyport,
Massachusetts.
O grupo metodista não estava disposto a permanecer em Oxford, nem seu
movimento a ter muita influência na universidade, que estava em declínio acadêmico e
religioso. Com a morte de Samuel Wesley, em 25 de abril de 1735, os irmãos Wesley
ficaram menos apegados ao lar, e ambos conseguiram colocação como missionários para
a nova colônia da Geórgia.
No navio em que embarcaram havia um grupo de vinte e seis morávios. A
animosa coragem destas pessoas durante uma grave tempestade convenceu John
Wesley de que os morávios tinham uma confiança em Deus que ele não possuía. Pouco
depois de chegar a Savannah encontrou-se com Spangenberg que lhe fez esta
embaraçosa pergunta: “Você conhece Jesus Cristo?” Wesley respondeu: “Sei que ele é o
salvador do mundo”. Ao que Spangenberg replicou: “Certo. Mas você sabe que Ele o
salvou”? E por fim: O conheces? Respondeu Wesley: Sim. Mais tarde escreveu Wesley:
“Temo que o que eu disse foram somente palavras vazias”.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Wesley tornou-se influente na Geórgia, até conhecer Sophie Hopkey, uma mulher
que o deixou impressionado. Desejou casar-se com ela, mas oscilando entre o celibato
clerical e a possibilidade de contrair matrimônio, recorreu à Escritura. Entendendo que a
resposta foi não, recusou a se casar com ela. Melindrada, ela logo casou-se com outro
pretendente. O marido proibiu que ela continuasse a participar das discussões religiosas
íntimas de Wesley. Então este achou não estar Sophie preparada adequadamente para
receber a comunhão e negou-lhe o sacramento. Os amigos dela acusaram ser isto o ato
de um pretendente desgostoso. Chegava ao fim a influência de Wesley na Geórgia.
Iniciaram-se protestos contra ele, que decidiu voltar para sua pátria em 1 de fevereiro de
1738. Em seu amargurado desapontamento, Wesley dizia: “tenho bela religião de verão”.
Caiu sim em muitos erros na Geórgia, mas não eram estes falta de consagração cristã.
Na semana em que chegou na Inglaterra, ele e seu irmão entraram em íntima
relação com um morávio, Peter Bohler. Este ensinava a fé de completa auto entrega, a
conversão instantânea e a alegria na fé.
No dia 25 de maio de 1738, relatou John Wesley que fora de má vontade a uma
reunião de uma “sociedade” anglicana na rua Aldersgate, em Londres, e ouviu a leitura do
prefácio de Lutero ao Comentário a Romanos. Ele relata que sentiu o coração
“estranhamente aquecido”. Ali se deu sua real conversão, como ele mesmo declarou. Seu
irmão, dias antes, em 21 de maio de 1738, declarou também sua real conversão quando
estava acometido de grave enfermidade.
Wesley decidiu conhecer mais os moravianos, que o ajudaram até ali. Menos de
três semanas após sua conversão declarada viajou para a Alemanha, onde encontrou-se
com Zinzendorf, em Marienborn. Ficou ali duas semanas retornando a Londres. Decidiu
não ser um morávio, por entender que, mesmo devendo muito a eles, sua piedade eram
muito limitadas subjetivamente (mais fechadas dentro de um templo), e Wesley era muito
interessado nas necessidades do próximo. O interessante é que conheceu os morávios
em uma missão, e os moravianos foram os maiores missionários que a época protestante
pode conhecer.
Os irmãos Wesley passaram a pregar nas oportunidades que lhes apareciam. No
entanto tiveram muitos púlpitos fechados ao seu “entusiasmo”. No começo de 1739
Whitefield iniciara seu trabalho em Bristol pregando ao ar livre aos mineiros de carvão de
Kingswood. Whitefield convidou Wesley, que a principio recusou pregar ao ar livre, mas a
oportunidade de proclamar o Evangelho aos necessitados era irresistível. Em 2 de abril
começou em Bristol o que seria seu costume por mais de cinquenta anos, enquanto as
forças lhe permitiram.
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
Wesley não tinha a intenção de romper com a igreja da Inglaterra, assim como
Lutero não desejava romper com a igreja romana. Por esta razão não fundava igrejas.
Seu objetivo era “reformar” a igreja anglicana. Durante uma conferência em 1770 Wesley
assumiu forte posição arminiana. Seu amigo Whitefield era calvinista.
Wesley defendia que seus seguidores evitassem a separação com a igreja
anglicana. Contudo, os metodistas wesleyanos separaram-se da igreja oficial aos poucos.
Com a morte de Wesley(1791), a ruptura foi completa. Herdou de seu amigo Whitefield o
costume de pregar ao ar livre. A primeira vez que o fez, contra sua vontade, foi para
assumir a agenda de Whitefield que estava para retornar para a América e tinha
compromissos em Bristol. A convicção de Wesley, segundo Gonzalez, era: “estava tão
convencido de que Deus queria que tudo se fizesse ordenadamente e quase pensou que
salvar almas fora do templo era pecado” (GONZALEZ, 1984, p. 179). Outro fenômeno que
preocupava Wesley segundo Gonzalez era o modo como seus ouvintes respondiam à sua
pregação. Começavam a chorar, condoer-se amargamente e em voz alta por seus
próprios pecados. Alguns caíam desmaiados por causa da profunda angústia que
sentiam. Depois um grande gozo tomava conta deles e diziam que estavam limpos de sua
maldade. Tudo isto não era do agrado de Wesley, que desejava mais solenidade no culto.
Wesley e Whitefield eram calvinistas quanto a questões tais como o significado da
Ceia e do modo em que a fé deve resultar em santidade de vida. Mas quanto à
predestinação e o livre arbítrio, Wesley se separava do Calvinismo ortodoxo e seguia a
linha arminiana. Se separaram em razão da divergência doutrinária. Whitefield fundou a
Igreja Metodista Calvinista. Wesley continuou ministro da Igreja Anglicana. Assim como o
Pietismo influenciava as massas dentro da Igreja Luterana, Wesley tinha o mesmo
objetivo dentro da Igreja Anglicana.
Wesley desenvolveu pregações nas minas de carvão, fábricas, prisões, hospitais,
praças... Quando o bispo de Bristol tratou de submetê-lo à disciplina, ressaltando que sua
pregação perturbava a ordem da paróquia, Wesley contestou: “o mundo todo é minha
paróquia”.
O metodismo se tornou uma igreja oficial em 1787, devido a uma lei de 1689 que
tolerava na Inglaterra cultos e edifícios religiosos apenas se fossem legalmente inscritos
na lei. Wesley ainda se declarava Anglicano, mas o primeiro passo para a ruptura estava
dado.
Robert Raikes (1735-1811) iniciou a escola dominical na Inglaterra. O motivo que
levou à fundação desta agência de ensino foram as crianças que Raikes via brincando
nas ruas, todas maltrapilhas, e que aos domingos ficavam totalmente largadas, pois de
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
segunda a sábado muitas trabalhavam e aos domingos não havia trabalho. Ao observar
que o destino de muitas destas crianças eram a prisão, e como Raikes se interessava por
uma reforma prisional, iniciou a Escola Dominical aos domingos. John Wesley abraçou a
ideia, e iniciou estudos bíblicos dominicais em Savannah, Geórgia, em 1737.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 8:
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À medida que o tempo passou, um número cada vez maior de filhos dos pioneiros
deixou de ter a mesma experiência religiosa que os seus pais, não podendo assim se
tornar membros plenos da igreja. O problema agravou-se quando esses filhos começaram
a casar-se e ter os seus próprios filhos. Segundo a teologia reformada dos puritanos, os
convertidos tinham o privilégio de trazer seus filhos para o batismo como selo da graça
pactual de Deus. Agora, muitos daqueles que haviam sido batizados como crianças não
estavam apresentando-se voluntariamente para confessar a Cristo; todavia, queriam que
seus filhos fossem batizados. O dilema era delicado: os líderes puritanos desejavam
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
preservar a igreja para os crentes verdadeiros, mas também queriam manter tantas
pessoas quanto possível sob a influência da igreja.
Um sínodo de ministros reunido em 1662 encontrou a solução através do “half-
way covenant” (pacto do meio-termo), pelo qual a segunda geração podia apresentar os
filhos para o batismo e filiação parcial à igreja. Todavia, a Santa Ceia e outros privilégios
ficavam reservados para aqueles que pudessem testificar sobre uma atuação específica
da graça de Deus em suas vidas.
Outras crises surgiram no final do século 17. A guerra contra os índios em 1675-
76 trouxe devastação para as vilas mais afastadas e causou a morte de centenas de
colonos. Em 1685, as colônias da Nova Inglaterra perderam as suas assembleias
representativas e foram colocadas com Nova York e Nova Jersey sob o controle da coroa
inglesa. Em 1687, a Igreja da Inglaterra passou a oficiar o seu culto em Boston.
Uma das crises mais perturbadoras ocorreu em Salem Village, ao norte de
Boston, em 1692. Embora os processos e execuções por feitiçaria não fossem
desconhecidos na Nova Inglaterra, os eventos de Salem foram muito além de incidentes
anteriores. Em consequência de diversos fatores religiosos, psicológicos e políticos e de
vários meses de excitação descontrolada, vinte pessoas foram executadas (quase todas
mulheres e a maioria por enforcamento). Finalmente, quando começaram a ser feitas
acusações contra indivíduos de caráter ilibado e quando líderes como Increase Mather, o
pastor de Boston, protestaram contra os procedimentos, o movimento rapidamente se
esvaziou. Eventualmente, chegou-se à conclusão que o diabo estivera mais atuante nos
acusadores e naqueles que lhes deram ouvidos do que nas pessoas acusadas. Até hoje
esses episódios constituem-se em uma mancha na reputação dos puritanos.
Desde o século 17, muitos calvinistas que aceitavam a forma de governo
presbiteriana foram do continente europeu para os Estados Unidos. Dentre os primeiros
estavam os holandeses que fundaram Nova Amsterdã (depois Nova York) em 1623. Os
huguenotes franceses também foram em grande número para a América do Norte,
fugindo da perseguição religiosa em sua pátria. Um numeroso contingente de reformados
alemães igualmente emigrou para os Estados Unidos entre 1700 e 1770. Esses
imigrantes formaram as suas próprias denominações e mais tarde muitos deles
ingressaram na Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
Muitos presbiterianos escoceses foram diretamente da Escócia para os Estados
Unidos nos primeiros tempos da colonização. Todavia, foram os escoceses-irlandeses os
principais responsáveis pela introdução do presbiterianismo naquele país. Durante o
século 18, pelo menos 300 mil cruzaram o Atlântico. Eles se radicaram principalmente em
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preparatória. Finney rejeitou esse requisito: ele cria que era possível uma condição
permanente de vida espiritual superior para todo aquele que a buscasse de todo o
coração. Seguindo os teólogos da Nova Inglaterra, ele aceitava uma noção
governamental da expiação segundo a qual a morte de Cristo foi uma demonstração
pública da disposição de Deus em perdoar os pecados antes do próprio pagamento pelo
pecado. Finney envolveu-se com um grande número de iniciativas religiosas e sociais,
mas seu maior impacto, assim como o de Asbury, foi no sentido de modificar o caráter do
evangelicalismo norte-americano tornando-o menos calvinista, mais arminiano e assim
melhor identificado com os valores e as aspirações da nova República.
No século XIX começou no Leste dos Estados Unidos e se espalhou pela nação
uma renovada ênfase à santidade cristã. Timóteo Merritt, clérigo metodista e editor
fundador do Guia da Perfeição Cristã, esteve entre os líderes deste reavivamento de
santidade. A figura central do movimento foi Phoebe Palmer, da cidade de Nova Iorque,
líder da Reunião da Terça-Feira para a Promoção da Santidade, na qual bispos,
educadores e outros clérigos metodistas se juntaram ao grupo original de senhoras em
busca de santidade. Ao longo de quatro décadas, a Sra. Palmer promoveu a fase
metodista do movimento de santidade, através de palestras públicas, escritos e também
como editora do Guia para a Santidade.
O reavivamento de santidade alastrou-se para além das fronteiras do Metodismo.
Charles G. Finney e Asa Mahan, ambos do Colégio Oberlin, lideravam a renovada ênfase
à santidade nos círculos presbiterianos e congregacionalistas, tendo feito o mesmo o
avivador William Boardman. O evangelista batista A. B. Earle esteve entre os líderes do
movimento de santidade dentro da sua denominação. Hannah Whitall Smith, uma quaker
e avivadora popular do movimento de santidade, publicou “O Segredo Cristão duma Vida
Feliz” (1875), um texto clássico sobre a espiritualidade cristã.
Em 1867 os ministros metodistas John A. Wood, John Inskip e outros começaram,
em Vineland, Nova Jersey, a primeira de uma longa série de reuniões nacionais de
avivamento. Também organizaram nessa altura a Associação Nacional de Encontros de
Avivamento para a Promoção de Santidade, comumente conhecida como Associação
Nacional (hoje, Associação de Santidade Cristã). Até aos primeiros anos do século XX,
esta organização patrocinou reuniões de santidade através dos Estados Unidos. Surgiram
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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QUESTIONÁRIO 9:
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Vários outros grupos de clérigos católicos vieram também à colônia portuguesa com a
missão principal de evangelizar os indígenas, como as ordens dos franciscanos e dos carmelitas,
levando a eles a doutrina cristã. Esse processo se interligou às próprias necessidades dos interesses
mercantis e políticos europeus no Brasil, como base ideológica da conquista e colonização das
novas terras. As consequências foram o aculturamento das populações indígenas e os esforços no
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sentido de disciplinar, de acordo com os preceitos cristãos europeus, a população que aqui habitava,
principalmente através de ações educacionais.
Nas artes, a mais notória contribuição da Igreja Católica na história do Brasil foram as
produções artísticas barrocas, que tiveram como principal expoente o artista plástico Aleijadinho.
Essas obras podem ser encontradas nas cidades de Salvador, Diamantina, Ouro Preto, Recife e
Olinda. Por outro lado, o contato do catolicismo com as religiões africanas produziu sincretismos
religiosos, uma mescla das religiões que originou o candomblé, por exemplo.
As relações entre Igreja Católica e Estado foram estreitas no Brasil tanto na colônia quanto
no Império, pois, além de garantir a disciplina social dentro de certos limites, a igreja também
executava tarefas administrativas que hoje são atribuições do Estado, como o registro de
nascimentos, mortes e casamentos. Contribuiu ainda a Igreja com a manutenção de hospitais,
principalmente as Santas Casas. Em contrapartida, o Estado nomeava bispos e párocos, além de
conceder licenças à construção de novas igrejas.
O cenário mudou com a nomeação do Marquês de Pombal, que afastou a influência da
Igreja Católica da administração do Estado. Após sua morte, os laços voltaram a se estreitar,
perpassando por todo o período imperial brasileiro no século XIX. Com a proclamação da
República em 1889, houve a separação formal entre Estado e Igreja Católica, mas sua presença
continuou ainda viva, como comprova a existência de várias festas e feriados nacionais, como as
festas juninas e o feriado de 12 de outubro, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do país.
Fonte: Tales Pinto, Graduado em História. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/historiab/igreja-catolica-no-brasil.htm>
Segundo Alderi de Souza Matos (2005, p. 53): “Em virtude do fenômeno
conhecido como padroado, no período colonial e no império a igreja católica brasileira foi
fortemente controlada pelo Estado, recebendo relativamente pouca influência de Roma.
Os papas tiveram muita dificuldade em aplicar no Brasil as normas da lei canônica,
inclusive no que se refere ao celibato dos sacerdotes. Essa restrição, aliada ao ambiente
cultural permissivo dos trópicos, contribuiu para que muitos padres “seculares” (isto é, não
filiados a ordens religiosas) tivessem suas companheiras e filhos, não somente nas
cidades, mas também no ambiente patriarcal dos engenhos de açúcar. Preocupado com
essa situação constrangedora, Diogo Antônio Feijó, um sacerdote liberal que ocupou altos
cargos na administração do império na década de 1830, quando deputado em São Paulo,
chegou a propor que aquela província autorizasse o casamento clerical e escreveu um
tratado sobre essa questão. No longo pontificado de Pio IX (1846-1878), Roma foi
assumindo gradativamente um maior grau de controle sobre a igreja brasileira. Todavia,
por um bom tempo uma parcela do clero secular continuou arredia à aceitação do
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128
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1. O site da Wikipédia
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_das_igrejas_protestantes_no_Brasil> nos oferece
uma cronologia das Igrejas Protestantes em solo brasileiro.
A D
no ata Igreja Eventos Observação
1 1º
Igreja Reformada Realizado o primeiro culto protestante nas Américas,
0 de Culto
Francesa oficiado pelo Reverendo Pierre Richier.
Março Protestante
2
Igreja Reformada 1ª No domingo, 21 de março, houve aprimeira celebração da Ceia do Senhor
1 de
Francesa Santa Ceia sob o rito calvinista.
Março
129
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Inicio Chegam ao Brasil os primeiros luteranos vindos da Alemanha para a Região Sul.
1 N
Igreja Luterana da imigração Mais precisamente em São Leopoldo, RS e Blumenau, SC. Inauguração da Igreja Luterana
824 D alemã em Nova Friburgo (RJ).
Igreja
1 1º
1 Presbiteriana do Missionário presbiteriano estadunidense chega ao Brasil,
2 de missionário
859 Brasil Ashbel Green Simonton.
agosto presbiteriano
(IPB)
Igreja
Fundação
1 JPresbiteriana do Fundador: Ashbel Green Simonton, missionário americano.
da 1ª
862 aneiro Brasil Fundada na cidade do Rio de Janeiro, RJ.
denominação
(IPB)
Igreja
1º Jornal
1 NPresbiteriana do "Imprensa Evangélica" primeiro jornal evangélico
Evangélico
864 D Brasil fundado por Ashbel G. Simonton.
do Brasil
(IPB)
Igreja
1 NPresbiteriana do 1º José Manoel da Conceição, ex-padre
865 D Brasil pastor brasileiro foi o primeiro brasileiro a ser pastor.
(IPB)
Fundação Reverendo Newman organiza, com nove membros a 1ª Igreja Metodista no Brasil
1 AIgreja Metodista da 1ª em Saltinho no interior de São Paulo.
871 gosto (IM) denominação Origem: Igreja Metodista Episcopal do Sul - EUA embora não apoiada oficialmente por essa
metodista organização.
Fundação
j Iniciou-se na cidade do Rio de Janeiro, em 1878, com oito irmãos que saíram da Igreja
1 do movimento
unho/julh Casa de Oração Evangélica Fluminense depois de troca de correspondências com o irmão Richard
878 dos irmãos
o Holdenque havia sido co-pastor daquela mesma igreja ainda na época do Dr. Kaley.
no Brasil
1
1 Igreja Evangélica Fundação Iniciou-se na cidade do Rio de Janeiro, em 1879, com 11 membros que saíram da Igreja
1 de
879 Brasileira de denominação Presbiteriana liderados pelo doutor Miguel Vieira Ferreira.
Setembro
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Igreja Evangélica
de Confissão
1 N Fundação Organizado o Sínodo Rio-Grandense da Igreja Evangélica Alemã,
Luterana no
886 D de denominação que em 1968 se tornaria a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.
Brasil
(IECLB)
1º
1 NIgreja Adventista Albert B. Stauffer, primeiro missionário enviado ao Brasil
missionário
893 D do Sétimo Dia pela liderança mundial da Igreja Adventista, chega em São Paulo, SP.
adventista
Igreja Cristã
2 Fundador: Reginaldo Young (canadense).
1 Evangélica do Fundação
5 de Fundada na cidade de São Paulo, SP.
901 Brasil de denominação
Agosto Sede: Anápolis, GO.
(ICEB)
Igreja
Fundador: Reverendo Eduardo Carlos Pereira.
3Presbiteriana
1 Fundação Fundada na cidade de São Paulo, SP.
1 de Independente do
903 de denominação Sede: São Paulo, SP.
Julho Brasil
Dissidência: Igreja Presbiteriana do Brasil.
(IPI)
Convenção
1 J Fundação Fundada por 32 delegados que representavam 39 igrejas,
Batista Brasileira
907 ulho de denominação reunidos na cidade de Salvador, BA
(CBB)
Fundação da 1°
denominação em
solo Brasileiro
que crê no
batismo pelo Fundador: Louis Francescon (italiano).
Congregação
1 2 espirito santo Fundada na cidade de Santo Antônio da Platina, PR.
Cristã no Brasil
910 0 de Abril (CCB) com evidência de Central do Brasil: Brás São Paulo, SP.
novas línguas Origem: igreja presbiteriana.
conforme o
espirito santo
conceda que se
fale.
1Igreja Evangélica
Primeiros Chegam ao porto de Belém, capital do Estado do Pará
9 de Assembleia de
missionários os missionários suecos batistas Gunnar Vingren e Daniel Berg vindos dos EUA,
Novembr Deus
assembleianos ao chegarem naquela cidade são acolhidos pela Igreja Batista local.
o (IEAD)
Igreja Evangélica
1 Fundadores: Missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg (suecos).
1 Assembleia de Fundação
8 de Fundada na cidade de Belém, PA.
911 Deus de denominação
Junho Adotando o nome de Missão da Fé Apostólica.
(IEAD)
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Convenção das
3
1 Igrejas Batistas Inicio
de Fundada na cidade de Guarani das Missões, RS, pelo missionário Erik Jansson (sueco).
912 Independentes de missão
Setembro (CIBI)
União das Igrejas
Evangélicas
1 N Fundação Treze igrejas locais originarias do trabalho do casal Kalley, se reuniram
Congregacionais
913 D de denominação e formaram a UIECB - União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.
do Brasil
(UIECB)
Igreja Evangélica
1
1 Assembleia de Alteração
8 de Por sugestão de Gunnar Vingren, passou a chamar-se Assembleia de Deus.
918 Deus de nome
Janeiro (IEAD)
1Igreja Evangélica Chega ao Brasil o missionário e pastor japonês Takeo Monobe,
1 Inicio
5 de Holiness do dando inicio ao trabalho de visitação e evangelização no estado de São Paulo.
925 de missão
Julho Brasil Dia em que é comemorado o inicio da Missão Holiness no Brasil.
Igreja Evangélica Com a chegada da esposa do Pastor Takeo Monobe ao Brasil,
1 N Fundação
Holiness do é estabelecida na cidade de São Paulo, na rua Conde de Sarzedas no bairro da Liberdade
926 D de denominação
Brasil a sede da denominação.
2 Na Igreja Metodista Central da cidade de São Paulo,
1 Igreja Metodista Fundação
de foi organizada a Igreja Metodista do Brasil
930 do Brasil de denominação
Setembro . O primeiro bispo eleito foi o missionário John Willian Tarboux.
Fundador: Pastor João Augusto da Silveira.
2Igreja Adventista
1 Fundação Fundada na cidade de Paulista, PE , reconhecida como a primeira igreja pentecostal
4 de da Promessa
932 de denominação genuinamente brasileira.
Janeiro (IAP)
Dissidência: Igreja Adventista do Setimo Dia
1 Fundadores: membros oriundos da Assembleia de Deus destacando-se o Pastor Manoel
Igreja de Cristo
3 de Fundação Higino de Souza.
no Brasil
Dezembr de denominação Fundada na cidade de Mossoró, RN.
(IC)
o Dissidência: Igreja Evangélica Assembleia de Deus.
9Igreja de Cristo Chega ao Brasil no porto do Rio de Janeiro - RJ, capital da nação na época
1 Inicio
de Pentecostal no o 1º missionário da "A Igreja de Cristo Pentecostal" Reverendo Horace S. Ward oriundo dos
935 de missão
Janeiro Brasil EUA.
1 Fundadores: Reverendos Daniel Masayoshi Nishizumi e Hiroyuki Hayashi (japoneses).
Igreja Metodista
1de Fundação Fundada na cidade de São Paulo, SP.
Livre
936 Novembr de denominação Sede: descentralizada.
(IMEL)
o Origem: Igreja Metodista Livre do Japão
Fundador: Reverendo Horace S. Ward (americano).
2Igreja de Cristo
1 Fundação Fundada na cidade de Serra Talhada, PE.
4 de Pentecostal no
937 de denominação Sede: Mogi Guaçu, SP.
Janeiro Brasil
Origem: A Igreja de Cristo Pentecostal - EUA.
Missão
Fundadores: missionários Harland e Hazel Graham (americanos).
Evangélica
1 N Fundação Fundada na cidade de Manaus, AM.
Pentecostal do
939 D de denominação Sede: Natal, RN.
Brasil
Origem Igreja da Beira da Estrada - Seattle, EUA.
(MEPB)
Igreja Fundadores: membros da Liga Conservadora da IPI,
1
1 Presbiteriana Fundação sob a liderança do Reverendo Bento Ferraz.
1 de
940 Conservadora do de denominação Sede: São Paulo, SP.
Fevereiro Brasil Origem: Igreja Presbiteriana Independente.
Fundador: Pastor Karl Spittler dentre outros.
Igreja Evangélica
1 Fundada na cidade de Panambi, RS.
1 Congregacional Fundação
1 de Sede: Panambi, RS.
942 do Brasil de denominação
Janeiro Origem: A IECB foi apoiada pela Igreja Evangélica Congregacional da Argentina e dos
(IECB)
EUA.
Igreja Evangélica
0
1 Avivamento Fundação de Fundadores Mário Roberto Lindstron, Oswaldo Fuentes e Alídio Flora Agostinho
7 de
946 Bíblico denominação Dissidência da Igreja Metodista do Brasil
setembro (IEAB)
2 Chega na cidade do Rio de Janeiro - RJ,
1 Igreja de Cristo Inicio
5 de o primeiro casal de missionários americanos Lloyd David Sanders e Ruth Sanders
948 no Brasil de missão
Março com a missão de estabelecer a "Igreja de Cristo" no Brasil.
Fundador: Missionário e Pastor Lloyd David Sanders.
1 NIgreja de Cristo Fundação Fundada na cidade de Goiânia, GO.
949 D no Brasil de denominação Sede: descentralizada.
Origem: Igreja de Cristo - EUA
1 1Igreja do Fundação Fundador: Missionário Harold Edwin Willians (americano) e Pr. Emílio Vasquez.
951 5 de Evangelho de denominação Fundada na cidade de São João da Boa Vista, SP.
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segundo o Censo 2000), esta é a única que pode ser considerada uma filial da congênere
norte-americana. Todas as demais surgiram no próprio Brasil, ainda que algumas delas
tenham sido iniciadas por fundadores estrangeiros.
Um dos primeiros pastores da Igreja Quadrangular brasileira foi Manoel de Mello,
um ex-evangelista da Assembleia de Deus. Em 1955, ele separou-se da Cruzada
Nacional de Evangelização e organizou a campanha “O Brasil Para Cristo”, da qual surgiu
a igreja com o mesmo nome. Manoel de Mello surpreendeu o mundo evangélico em 1969
quando filiou sua igreja ao Conselho Mundial de Igrejas (CMI), filiação essa que se
estendeu até 1986. Em 1979 a Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo
inaugurou o seu enorme templo no bairro da Água Branca, em São Paulo, sendo orador
oficial Philip Potter, o secretário-geral do CMI. Curiosamente, entre os presentes estava
D. Paulo Evaristo Arns, o cardeal arcebispo de São Paulo.
A Igreja Deus é Amor foi fundada por David Miranda, nascido em 1936, filho de
um agricultor do Paraná. Vindo para São Paulo, ele se converteu numa pequena igreja
pentecostal e em 1962 iniciou sua própria igreja na Vila Maria. Pouco depois a igreja
transferiu-se para o centro da cidade, sendo em 1979 adquirida a “sede mundial” da
Baixada do Glicério, onde há poucos anos foi construído um dos maiores templos
evangélicos do Brasil. A Igreja Deus é Amor até hoje não utiliza a televisão, mas é
proprietária de uma rede de emissoras de rádio e transmite os seus programas para toda
a América Latina. Destaca-se como a mais rígida e legalista de todas as igrejas
pentecostais. David Mirando morreu no ano de 2015.
O surgimento das igrejas pentecostais no Brasil é classificado como: primeira
onda, segunda onda e terceira onda (neopentecostalismo).
Primeira onda (PROTO-PENTECOSTALISMO): Congregação Cristã no Brasil,
Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Convenção Nacional das
Assembleias de Deus no Brasil, Missão Evangélica Pentecostal do Brasil, Igreja de Cristo
no Brasil, Igreja de Deus no Brasil, Igreja de Cristo Pentecostal no Brasil, Igreja
Evangélica Avivamento Bíblico.
Segunda onda (DEUTERO-PENTECOSTALISMO): Igreja do Evangelho
Quadrangular, Igreja Evangélica Pentecostal O Brasil Para Cristo, Igreja Pentecostal Deus
é Amor, Catedral da Bênção, Igreja Unida, Igreja União Evangélica Pentecostal, Igreja
Cristã Maranata, Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil (carismática), Igreja Cristã de
Nova Vida, Igreja Pentecostal, Última Aliança.
Terceira onda (NEO-PENTECOSTALISMO): Igreja Universal do Reino de Deus,
Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja Apostólica Renascer em Cristo,
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
No mesmo ano, conheceu Edir Macedo, que mais tarde veio a se tornar seu cunhado, na
Igreja de Nova Vida. Em 1975, junto dele e dos irmãos Samuel e Fidélis Coutinho, fundou
o Ministério Cruzada Para o Caminho Eterno. Pouco tempo depois, em companhia de Edir
Macedo funda a Igreja Universal do Reino de Deus, em 1977.
A Igreja Renascer foi fundada em 1985 pelo “apóstolo” Estevam Hernandes Filho
e sua esposa, a “bispa” Sônia Haddad Moraes Hernandes. Como outros líderes
pentecostais, Estevam teve uma origem humilde como filho de um jardineiro de cemitério
e começou a trabalhar aos 7 anos, fazendo carretos em feiras livres. Mais tarde,
desiludido com o catolicismo, filiou-se a uma igreja pentecostal, onde conheceu a futura
esposa. Sete anos depois, casaram-se e decidiram fundar sua própria igreja. À
semelhança dos pastores da IURD, o casal Hernandes tem grande habilidade em
conseguir contribuições dos fiéis. Todavia, ao contrário de Edir Macedo, ostentam com
orgulho sinais de riqueza, como roupas caras, joias e automóveis importados. O casal é
proprietário da Rede Gospel de Comunicação e por algum tempo procurou assumir o
controle da Rede Manchete de Televisão. A Igreja Renascer exemplifica um
pentecostalismo de classe média e tem forte apelo junto à juventude e a celebridades do
esporte e da mídia.
A Igreja Mundial do Poder de Deus é uma congregação cristã neopentecostal
fundada na cidade de Sorocaba, em 9 de março de 1998 pelo líder evangélico Valdemiro
Santiago. Inicialmente com sede no Grande Templo dos Milagres, num galpão de uma
antiga fábrica que tem 43 mil metros quadrados de área construída, localizada na Rua
Carneiro Leão, no Brás, em São Paulo. Posteriormente construiu uma megatemplo para
150 mil pessoas em São Paulo. Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) por
18 anos, após ser expulso por conta de desentendimentos com o bispo Edir Macedo,
fundou a Igreja Mundial em 1998.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
QUESTIONÁRIO 10:
1. Por que a maioria das cidades brasileiras foram construídas em volta de uma
igreja Católica Apostólica Romana?
2. Qual a origem da construção da cidade de São Paulo?
3. Por qual razão no Brasil era comum encontrarmos padres casados e até com
filhos?
4. Por que após a proclamação da República Brasileira começou a aumentar o
número de sacerdotes católicos Romanos estrangeiros?
5. No Brasil as primeiras igrejas protestantes chegaram apenas após a
proclamação da República ou pouco antes dela. Esta afirmação está correta? Justifique
com exemplos.
6. O Brasil poderia, pouco tempo após sua descoberta, ter sido colonizado com a
cultura dos protestantes reformados Holandeses. O que ocorreu para impedir que isso
ocorresse?
7. Oficialmente, quais as primeiras igrejas protestantes que chegaram ao Brasil
(dentre as que continuaram aqui instaldas)? Em que época?
8. Quais as duas primeiras igrejas pentecostais a se instalarem no Brasil? Em que
ano?
9. Dentre os movimentos das chamadas primeira e segunda onda do
pentecostalismo, o que diferencia a Igreja do Evangelho Quadrangular das igrejas da
primeira onda, como Congregação Cristã e Assembléia de Deus?
10. Qual igreja denota de forma singular o surgimento do NeoPentecostalismo
Brasileiro?
11. O que diferencia as igrejas Pentecostais das chamadas igrejas Tradicionais?
12. O que diferencia as igrejas NeoPentecostais das igrejas Pentecostais?
13. Na análise feita pelo Rev. Antônio Carlos Costa, quais atitudes das igrejas
Pentecostais e Neo Pentecostais devem ser observadas para evitar insatisfação com uma
religiosidade formal e rotineira das igrejas tradicionais?
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ISBL - História Eclesiástica II – Mario Biolada
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
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