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AS RELAÇÕES DE GÊNERO NA INFÂNCIA

Debora Rosa da Silva, Debora_._karoline@hotmail.com. Priscila Rocha Luiz


Bueno, profapriscilabueno@gmail.com
Márcio de Oliveira – co-orientador
marcio.1808@hotmail.com

Centro de Ciências Humanas e da Educação - Pedagogia

Resumo
Este trabalho, de caráter exploratório e bibliográfico, tem como objetivo
discutir as relações de gênero na infância. Entende-se que estas relações
são constituídas socialmente, ou seja, o indivíduo, a partir de suas
referências e experiências vividas desenvolve sua identidade pessoal. A
criança é um ser espontâneo em constante desenvolvimento, desta forma
deve ser vista apenas como criança, sendo que uma de suas
características o ato de brincar é um fator primordial para o
estabelecimento dos princípios do respeito às diferenças, da
sociabilidade e da liberdade, assim sendo, as práticas voltadas às
crianças não devem ser diferenciadas dependendo do sexo biológico. A
escola é uma instituição social organizada, sistematizada, que tem por
finalidade transmitir conhecimentos científicos acumulados
historicamente, não é uma instituição separada da sociedade, ela está
inserida no contexto de todas as relações sociais, portanto não cabe a ela
determinar ou estabelecer padrões, mas trabalhar para conscientizar
sobre a convivência sem discriminação entre os sexos e gêneros. Busca-
se também mostrar qual a função da escola nesse processo e como a
prática do/a professor/a em sala de aula influencia no comportamento e
na formação dos/as alunos/as, tendo esse a função de estimular e
valorizar a igualdade no brincar infantil, desenvolvendo e estimulando um
ambiente para que meninos e meninas brinquem eliminando os
preconceitos e discriminação.

Palavras-chave: educação infantil, gênero, desenvolvimento infantil.

Introdução
Estudos sobre relações de gênero surgiram a partir de movimentos
feministas que lutavam pela igualdade entre homens e mulheres, de lá pra cá o
tema vem ganhando espaço no cenário educacional. Notou-se a necessidade
de abordar nas escolas as relações de gênero, considerando que tais relações

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estão ligadas intrinsicamente ao desenvolvimento dos indivíduos (LOURO,
2011).
Entende-se que as relações de gênero são constituídas socialmente, ou
seja, o indivíduo a partir de suas referências e experiências vivenciadas
desenvolve sua identidade pessoal. Neste contexto, a escola constituindo uma
instituição social organizada, sistematizada que tem por finalidade transmitir
conhecimentos científicos acumulados historicamente, não é um ambiente
separado da sociedade, estando inserida no contexto de todas as relações
sociais, portanto não cabe a ela determinar ou estabelecer padrões, mas
trabalhar para conscientizar sobre a convivência sem discriminação entre os
sexos (LOURO, 2011).
O tema abordado foi escolhido com intuito de contribuir para que
docentes compreendam as relações de gênero, bem como discutir
possibilidades de como agir frente a estas questões, que estão cada vez mais
presentes na realidade escolar. Salienta-se a necessidade de evidenciar
dúvidas e preparar os/as educadores/as para um posicionamento crítico e
responsável diante as manifestações de gênero percebidas socialmente.

Materiais e métodos
O trabalho é de cunho bibliográfico, embasado em autores/as
renomados/as que tratam do assunto em discussão. Será feito um
levantamento teórico, dando ênfase aos trabalhos de Guacira Lopes Louro
(2011), Daniela Auad (2012) dentre outros/as. Será subdividido em três
momentos, o qual o primeiro destacará como surgiu o termo gênero. Em
seguida, o trabalho versará sobre a relevância da socialização na infância,
considerando que o convívio é essencial, para edificação do respeito mútuo e
para aceitação das diferenças. Para finalizar será feita uma breve reflexão de
como as instituições escolares, mais precisamente os/as educadores/as vêm
intervindo frente às questões de gênero, haja vista que a escola é um espaço
pensado e organizado para transmissão de conhecimento científico e
desmistificação de pré-conceitos criados pela sociedade.
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Resultados e Discussão
O mundo está em constante evolução e mesmo com tantos progressos é
notória a distinção feita ainda hoje entre homens e mulheres, tais
desigualdades não surgiram atualmente, mas percorrem o tempo. O termo
gênero surgiu decorrente da luta de mulheres por direitos iguais entre os
gêneros. Nas palavras de (LOURO, 2011, p.18) “[...] O conceito de gênero está
ligado diretamente à história do movimento feminista”.
Pode-se dizer com base nas ideias de (MEYER, 2013) que existem dois
episódios que marcam a história dos movimentos feministas, o primeiro que
ocorreu por volta de 1890 se estendeu por aproximadamente quarenta anos,
que refere-se ao movimento sufragista. O segundo ocorreu nos anos de 60 e
70 e diz respeito à necessidade de estudos que abordassem a submissão
social aplicada historicamente às mulheres. Neste contexto passou-se a utilizar
em meados dos anos 70 o termo gênero, de acordo com (MEYER, 2013), pois
almejava-se demonstrar que as desigualdades existentes entre homens e
mulheres não eram determinadas biologicamente, mas sim constituídas social
e culturalmente. O conceito de gênero, de acordo com (MEYER, 2013, p.17)
refere-se “[...] aos comportamentos, atitudes ou traços de personalidade que a
cultura inscreve sobre o corpo sexuado”.
Por toda a vida, por meio de intervenções e significados sociais e
culturais, as pessoas desenvolvem seu modo de ser, de agir, seu
comportamento, e de acordo com Louro (2011), o gênero é constituído
socialmente, a partir de relações sociais que o sujeito constrói sua identidade
pessoal, esta por sinal não deve ser considerada como imutável, pois é flexível
e conserva-se em contínua transformação. Assim sendo, compreende-se, com
base em Breton (2014), que o gênero não se prende ao sexo, neste mesmo
sentido, Auad (2012) reafirma esta ideia quando escreve que gênero não é
sinônimo de sexo (macho/fêmea). As relações de gênero correspondem ao
conjunto de representações construído em cada sociedade, ao longo de sua

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história, para atribuir significados, símbolos e diferenças para cada um dos
gêneros.
Independente do sexo que as pessoas nascem (relacionado ao
biológico), elas nascem crianças, seres em constante assimilação, observando
cada detalhe e se espelhando em atitudes e comportamentos de pessoas
próximas. Desde a infância, os seres humanos convivem com uma
padronização existente na sociedade, que aponta baseada em princípios e
crenças culturais que meninos e meninas devem assumir posturas
absolutamente opostas. Com o decorrer da vida, as pessoas são contaminadas
por esta padronização social, alienadamente a reproduzem, sem se dar conta
que ao nascer são neutras, e a partir das experiências que constrói-se a
identidade e escreve-se a história (LOURO, 2011).
Faz-se necessário incentivar as crianças a brincarem juntos, a dividirem
o mesmo espaço, com os mesmos brinquedos, uma vez que a socialização é
indispensável nesta fase da vida, é por meio do convívio que os indivíduos
aprendem espontaneamente a respeitar o/a outro/a, as diferenças, as opiniões,
consequentemente superam o egocentrismo característico da infância e
tornam-se no decorrer do processo de maturação, cidadãos/cidadãs
preparados/as para conviver em sociedade, de tal modo que progressivamente
se extermine as desigualdades entre os gêneros (MEYER, 2013).
Partindo da ideia de que a construção do gênero não é, de modo algum,
natural, e sim construída social e culturalmente, faz-se necessário refletir sobre
algumas práticas aderidas pelas instituições escolares, algumas atitudes
adotadas por educadores/as podem inconscientemente ou mesmo
conscientemente reforçar as desigualdades entre os gêneros. Percebe-se a
necessidade de as escolas atuarem de forma consciente frente às relações de
gênero, compreendendo que seu discurso é capaz de desmistificar como
também reproduzir preconceitos. Os/As educadores/as devem estar cientes
quanto à dimensão de sua responsabilidade para com seus/suas alunos/as,
como afirma Whitelaw (2003), os mesmos devem estar conscientes e entender

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o poder e influência de seu comportamento e atitudes, assim como do que
ensinam e de como ensinam.

Resultados Parciais
Com base nos estudos feitos até o momento, percebe-se a necessidade
de oferecer aos/às professores/as maiores subsídios de fundamentação teórica
e oportunidade de participação em debates sobre o tema da diversidade, do
combate aos preconceitos, ao entendimento das questões de gênero na
infância, para que assim os/as mesmos/as possam colaborar positivamente
com a formação de cidadãos/cidadãs solidários/as, que saibam respeitar a
diversidade social. Deve-se habituar com o fato de que instituições escolares
são laicas, e que marginalizar um/a discente por não se enquadrar nas “normas
sócias”, não é o caminho mais adequado, é incabível não debater um assunto
que está cada vez mais presente no cotidiano, não é possível fechar os olhos
para uma problemática tão presente no ambiente escolar.
A problemática em questão requer discussões amplas para sua
compreensão, necessita de estudos contextualizados que busquem evidenciar
abertamente este tema tão atual, espera-se que a partir desta breve discussão
abram-se novas possibilidades de pesquisas que possam contribuir para
formação e capacitação de professores/as para a educação básica.
Referências
LOURO, Guaçira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva
pós-estruturalista. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

MEYER, Dagmar Estermann. Gênero e educação: teoria e política. In: Corpo,


Gênero e Sexualidade. Rio de Janeiro: Vozes, 2013. Cap.1, p. 11-29.

AUAD, Daniela. Educar meninos e meninas: relações de gênero na escola.


São Paulo: contexto, 2012.

BRETON, David Le. Corpo, Gênero e Identidade. Minas Gerai: Ufla, 2014.

WHITELAW, S. Questões de gênero e equidade na formação docente. In:


CARVALHO, M. E; PEREIRA M. Z. C. Gênero e educação: Múltiplas faces.
João Pessoa: editora universitária/UFPB, 2003.
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