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Clark
Sumário
Encarnação – Gordon H. Clark .................................................................................. 1
Prefácio ....................................................................................................................... 2
1. Introdução ........................................................................................................ 6
2. As Heresias .................................................................................................... 15
9. A Conclusão ................................................................................................... 99
2 Michael Goulder, editor, Incarnation and Myth: The debate continued (Grand Rapids,
Michigan: Eerdmans, 1979), p.83.
3 Ibidem, p.62. A semelhança entre os pontos de vista dessa mulher que nega que Cristo era
Deus e os pontos de vista que emanam dos chamados seminários conservadores é mais do
que coincidência. Os professores do seminário, tanto “liberais” como “conservadores”,
juntaram-se no ataque à linguagem, à lógica, à precisão do pensamento e às definições.
ser ‘compreendido’ com termos unívocos bem definidos”.4 Outras
respostas “ortodoxas” sugerem que teremos de descartar nossa
noção de Deus como impassível, pois o autor argumenta que a
Segunda Pessoa da Trindade “sofre”. 5
4Ibid., p.61.
5 Norman Anderson, The Mystery of the Encarnation (Downers Grove, Illinois: Intervarsity
Press, 1978), p.151. A ideia de que Deus sofre não é uma ideia nova; tem uma história longa e
herética. Mais recentemente, a Igreja de Unificação do Sol e da Lua foi construída sobre a ideia
de que o papel do homem é reduzir o sofrimento de Deus.
parágrafos às suas palavras. O argumento de Clark é claro e direto.
Ele elimina alguns dos problemas que têm atormentado a discussão
da Encarnação por séculos. Naturalmente, será impopular para
aqueles que desprezam a precisão na linguagem teológica e
angariam as maravilhas da ignorância. Mas para aqueles que
desejam conhecer a verdade, A Encarnação é um grande passo no
desenvolvimento da doutrina cristã.
6 O cristianismo bíblico teve seus altos e baixos. Talvez sua era mais desoladora não seja a
neo-ortodoxia moderna, mas sim o século XVIII na Alemanha. Morto como sem influência
agora, ainda é mais do que simplesmente uma curiosidade. Esperamos que sua crueza nunca
mais se repita, mas sua devastação é um aviso desastroso para aqueles que a conhecem.
Reimarus (falecido em 1768) acusou Cristo de visões políticas rebeldes e ambiciosas. Vários
outros explicaram seus milagres como truques. Paulus explicou a ressurreição de Cristo com
base na teoria de que Jesus não morreu na cruz, mas apenas desmaiou. Rohr foi menos
impetuoso. Ele retrata Cristo como um homem com um grande fardo, com tato e sabedoria, e
elaborando a religião do Antigo Testamento, ele tentou produzir uma religião universal. Seus
alegados milagres de cura foram o resultado de um conhecimento de medicina mais completa
do que a dos médicos judeus. Mas mesmo esse julgamento gentil mantém o Cristianismo
ortodoxo apesar de tudo.
7 Compare Clark, Behaviorism and Christianity (Jefferson, Maryland: The Trinity Foundation),
1982.
Negando a alma e usando a palavra mente para designar algumas
atividades físicas mal definidas, eles naturalmente veem a
Encarnação como a superstição de uma era primitiva ignorante. Se
nosso interesse principal fosse refutar esse cientificismo, seria
necessário defender a existência da alma ou do espírito. Platão fez
isso muito bem em seu Fédon, Teeteto e outros diálogos. Ao que
tudo indica, Agostinho foi o primeiro cristão a escrever um tratado
com esse objetivo.8
9 O resto do Credo realmente contradiz esta última frase, por negar que Cristo era uma pessoa
humana. Obviamente, algo que não é absolutamente um ser humano, não pode ser “em todas
as coisas semelhante a nós”.
10 O monotelismo foi uma heresia surgida no cristianismo. Opôs-se ao nestorianismo. Eutiques,
11Os textos desses teólogos primitivos foram traduzidos na série de Antes e depois dos Pais
Nicenos.
Triumph of Grace in the Theology of Karl Barth (Eerdmans, 1956,
pp. 386-388), promove algumas possíveis defesas de Barth.
12 Mateus 26:38 e Marcos 13:34 registram Jesus como dizendo: “Minha alma está cheia de
tristeza até a morte”; mas Apolinário ainda podia argumentar que essa alma era divina.
(pub. 1960), tem um breve artigo sobre a “Humanidade de Cristo”,
escrito por Philip Edgcumbe Hughes. Quase todas as suas
referências se aplicam ao corpo de Jesus. Ele até menciona uma
ressurreição corporal (itálico dele) e um retorno corporal, nenhum
dos quais serve para mostrar que Jesus tinha uma mente, alma ou
vontade humana. Estranho como possa parecer, é difícil mostrar
que a Encarnação foi algo mais do que uma “en-carne-ação” [in-
carne-tion]. Hebreus 10:5 diz: “Um corpo me preparaste”. Onde no
Novo Testamento é dito: “Uma mente ou alma me preparaste”?
Cassiano continua: “Não foi Deus quem sofreu, mas Deus se uniu à
carne crucificada” (Fragmento em Marius Mercator, p. 789, ed.
Migne). Bem, isso não é heresia, pois as Pessoas imutáveis da
Trindade não podem sofrer. É pela seguinte declaração que
Nestório é comumente acusado de heresia: “Assim, ele fez com que
em Cristo houvesse duas Pessoas”.
Isso não sugere que qualquer pessoa que use o termo, exceto
quando no desembaraço de conversações casuais, deve clarificar o
significado?
"simples". Como tal, faz parte dos compostos, sendo ela própria sem partes e portanto,
indissolúvel e indestrutível.
possível, o objeto conhecido, uma proposição particular, deve ser
comum tanto a Deus como ao homem. Esse ponto também deve
ser mantido na discussão sobre a relação entre o conhecimento
humano de Jesus e o conhecimento divino do Logos.
Para lidar com esses antigos enigmas, Powell, não importa quão
atrapalhado possa parecer para nós, começa com Descartes, que
de acordo com ele foi a primeira pessoa a ter pelo menos uma
noção elementar de uma pessoa. À medida que a linha de
investigação prossegue para e além de David Hume, deve-se
sempre estar ciente da questão: “O Ego é o próprio fenômeno da
consciência ou não sabemos nada sobre o Ego?” Veremos um
pouco mais tarde que Charles Hodge opta por nada. Embora isso
possa parecer surpreendente à primeira vista, e embora a disjunção
entre fenômeno e nada possa parecer incompleta, logo se tornará
evidente se o Ego é ou não é ciente de si mesmo.
16Os Pais da Igreja não o fizeram; mas alguns filósofos do século quatroze sim, e.g., Nicholas
de Autrecourt. Veja Medieval Philosophy de F. C. Copleston (Methuen, 1952; Harper, 1961, pp.
141-145).
suposto, mas desconhecido, suporte daquelas qualidades que
descobrirmos existir, as quais imaginamos que não podemos
subsistir sine re substante, “sem algo para suportá-las...”
O que deveria ser claro, mas que Lock não ousa admitir, é que o
empirismo, se ele inclui substância, possivelmente não pode
responder essas questões. Se então alguém deseja permanecer um
empirista, deve se dirigir a Hume.
Contudo, antes de começarmos a examinar a visão de Hume de
que a mente, o Ego, ou pessoa é precisamente o complexo de
“impressões e ideias”, a conclusão dogmática brusca de Powell
deveria ser de algum pequeno interesse: “O veredito do senso
comum da humanidade é que dentro de nós existe um Ego, ou Eu,
ou Ser Pessoal distinguível de todas nossas percepções e
sentimentos” (p. 166). Alguém então pode se lembrar que o senso
comum da humanidade por séculos sustentou que a terra era
achatada. Para continuar: “As tentativas de destruir... esse veredito
geral simplesmente recua para aqueles que as fazem”.
17 Compare Fuller e MacMurrin, A History of Philosophy, terceira edição, pp. 363, 364, ou
alguma outra história padrão de filosofia (moderna).
ideias”, a qual a psicologia moderna provavelmente chamaria de
imagens. As duas são distintas pela grande vivacidade da primeira.
Essa distinção, contudo, não é tão evidente porque “aquela ideia de
vermelho, que formamos no escuro, e cuja impressão, que ataca
nossos olhos na luz do sol, difere somente em grau, não em
natureza. [De fato,] quando fecho meus olhos e penso no meu
quarto, as ideias que formo são exatas [!] representações das
impressões que sinto; nem há qualquer circunstância de uma, que
não seja encontrada na outra” (Tratado da Natureza Humana, I, i,
1).
18Aquilo que se propõe; sugestão que se faz acerca de alguma coisa; proposta: negamos a
proposição do juiz. O que se afirma, se diz, se escreve; afirmação. Ato de submeter a
apreciação ou a exame.
Bíblia entrega-se à linguagem figurativa de que os olhos do Senhor
estão de um lado para o outro em todo o mundo sobre pés de um
esquilo. Menos figurativa é a frase: “Tu, Deus, me vês”. Então
também Deus não tem tímpanos, mas ele “ouve” nossas orações.
Ele não tem nariz, embora ele “sinta” o odor suave dos sacrifícios
do Antigo Testamento. Ou, em geral, ele não tem percepção geral
de forma alguma. Agora, se a verdade consiste de combinações de
vermelho e azul, duro e suave, áspero e macio, Deus não pode
conhecer nenhuma verdade. Bem, ele pode conhecer geometria,
pois seus objetos são invisíveis. Mas como um humano empirista
poderia conhecer geometria? Um ponto não tem dimensões e uma
linha não tem largura. Se então Deus é onisciente, se ele conhece
tudo, então as experiências sensoriais não podem ser a base do
conhecimento. Deus conhece toda verdade, e nenhuma delas
depende de órgãos corporais. Ou esses empiristas e neo-kantianos
pensam que nós conhecemos muitas coisas das quais Deus é
ignorante?
19Primeiro, veja meu artigo “Plotinus’ Theory of Sensation” (The Philosophical Review, Julho de
1942). Para Agostinho, que a modificou, a sensação não é uma ação do corpo e da alma, mas
antes uma modificação do corpo e da alma. A ação está inteiramente na alma. O corpo não
pode afetar a alma, pois nenhum objeto inferior pode afetar algum objeto superior. Um dos
exemplos de Agostinho é que o ar em movimento não produz nenhum efeito sobre a alma. A
sensação é, portanto, a atividade da alma em governar o corpo. De fato, a assim chamada
sensação já é um ato de pensamento. Agostinho interessantemente analisa nosso “ouvir” de
uma linha de música ou poesia. Essa não é tanto uma questão de ouvir quanto de memória.
Uma linha tem ritmo, para perceber o qual devemos lembrar a primeira barreira ou sílaba da
tenha uma sensação como a palavra é usada coloquialmente hoje,
esse tratado manterá que não existem tais coisas.
Essa seção cinco deveria descrever o século XIX, mas parece ter
recuado ao século V e tocado o XX. Nós repararemos isso, mas
talvez mais do que reparar, concluiremos o século XIX com um
relato de Charles Hodge.
medida que o fim se aproxima. Não há nenhum ritmo num simples som. Até mesmo uma
simples sílaba toma tempo e, portanto, requer memória, e a memória é mais intelectual do que
a mera sensação. Supor que um corpo pode afetar a alma é como dizer que Aldebarã feriu o
Deus Sírio e o lançou em Las Vegas.
é o primeiro fato universalmente admitido com respeito à
constituição de nossa natureza”.
Este escritor não acha que estas críticas à Hodge sejam de forma
alguma exageradas, mas há mais para dizer. Hodge continua sua
exposição com uma extensa exegese das Escrituras. Seu uso do
material escriturístico é magistral, e muitas vezes, mas nem
sempre, são encontrados argumentos aparentemente
incontestáveis.
Um item final: Na página 305 ele diz: “Ela [Maria] foi a mãe de sua
alma humana assim como de seu corpo humano”. Muito bom. Mas
se Jesus tinha uma alma humana, derivada como o traducianismo
ensina,20 como Jesus poderia ter sido uma pessoa humana?
20 É sempre sábio, e nesse caso muito concordável, temperar a crítica com algumas
observações complementares. Quando chega à origem das almas humanas, o traducianismo
de Shedd se torna completamente o criacionismo de Hodge.
6. Algumas Conclusões
O outro termo, pessoa, deve ser retido, mas apenas se for definido
de forma clara. Isto é, precisamente o que Hume fez.
Recomendamo-lo por abolir substância e por definir pessoa. Isso
não significa que sua definição de pessoa como um complexo de
sensações seja de alguma forma aceitável. É a tentativa que é
digna de louvor. Mas sua rejeição de substância, “algo que eu não
sei o que é”, uma palavra que não tem nenhum significado de forma
alguma, é uma lição que os teólogos cristãos não deveriam ignorar.
Postular um suporte incognoscível para algo, especialmente se o
objeto não precisa de suporte, é fantasia inútil.
O outro termo causa maior dificuldade porque ele não deve ser
descartado. Ele deve ser definido. Colocado de uma forma simples,
a questão é: O que é uma Pessoa? Essa questão se levanta não
somente com respeito à Trindade, mas também com respeito à
psicologia ordinária. De fato, o público americano é tão depravado
que a questão agora diz respeito ao assassinato de bebês mortos
por suas mães cruéis. Eles dizem que os bebês não são pessoas.
Esse autor suspeita que a maioria das pessoas esteja tão ocupada
com seus corpos que elas têm pouco ou nenhum entendimento do
espírito. Eles acham que pensam com seus cérebros, ou com todos
21 Carl F. H. Henry, God, Revelation, and Authority, (Waco, Texas: Word Books, 1982). Vol. V,
p. 119.
os seus músculos, como sustentava John Dewey.22 Algo invisível,
intangível, todavia inteligente, que não ocupa nenhum espaço está
além do seu poder de apreensão. O quão antibíblico esse
materialismo é, se vê claramente na conversação de Moisés com
Cristo no Monte da Transfiguração. E para generalizar, o que eles,
se são cristãos, supõem ir para o céu quando um cristão morre?
Lembre-se que Cristo disse ao ladrão sobre a cruz: “Hoje tu estarás
comigo no paraíso”. Anjos apareceram enganosamente para Balaão
em Números 22:22-35 e para Pedro em Atos 12:7-10. Por
enganosamente quero dizer que eles assumiram uma aparência
humana para o propósito imediato deles.
22 Compare meu livro De Tales a Dewey (Nutley, New Jersey: Presbyterian and Reformed
Publishing Co., 1960), especialmente página 53 em diante; e Behaviorism and Christianity
(Jefferson, Maryland: The Trinity Foundation, 1982), especialmente pp. 79-106.
Visto que os termos técnicos são usados para evitar ambiguidade, e
visto que a Trindade consiste de três Pessoas, as definições falham
se não forem aplicadas a Deus. Que ela se aplica aparece de forma
mais ou menos clara nos versículos que chamam Deus de a
Verdade.
23Compare F. C. Copleton, Medieval Philosophy (Harper Torchbooks, 1952, 1961), pp. 159-
165.
infinito, como uma referência à inabilidade humana de alcançar o
conhecimento e poder de Deus.
24 Mais tarde se tornará mais claro que Fisher et. al. não entende a Bíblia tão bem como seu
inimigo Spinoza.
A atenção deve ser agora direcionada para o texto-prova, Jó 11:7-9,
pois a Confissão e o Catecismo usam-no, bem como Fisher. Esses
versículos são palavras de Zofar, que tinha acabado de chamar Jó
de mentiroso no versículo 3. Mas mesmo que esse falso amigo, a
quem Deus condena em 42:7, tivesse falado a verdade uma vez, os
versículos não dizem nada sobre infinidade. O ponto é que uma
pesquisa empírica não pode contribuir muito para a teologia.
25 Circunstâncias extenuantes podem requerer de nós que suavizemos nossas críticas a esses
teólogos. Eles não eram matemáticos e não sabiam o que estavam falando. Mesmo assim,
eles conheciam ou deveriam conhecer os argumentos de Zenão de Eleia. Mas eles não
reconheceram que quando x = ∞, 2x = ∞ também? Eles poderiam ter aprendido de Galileu que
a aceleração é proporcional à distância percorrida — isto é, um corpo caindo livremente cai
cada vez mais rápido — sua velocidade seria infinita de forma que ele poderia estar num ponto
x e abaixo no ponto y simultaneamente. Mas se eles conhecessem um pouco sobre física, eles
seriam experts em interpretação bíblica. Eles saberiam hebraico, grego e latim de trás para
frente. Todavia, eles estavam rudemente enganados no uso deles de Jó 11.
suficiente para ter agido de modo justo, iníquo, ou ambos, um
número infinito de vezes. De qualquer forma, o termo não é
aplicado a Deus.
26 O adjetivo é inserido porque uma parte notável da sociedade pensa que o Cristianismo pode
descartar um pouco, muito, ou quase tudo da Bíblia.
27 Compare The World Of Mathematics editado por James R. Newman (Simon and Schuster,
29Outros versículos são Salmo 25:5, 10; 43:3; 100:5; 108:4; 117:2; João 1:14; 4:23; 15:26;
16:13; Efésios 5:9, I Timóteo 3:15; I João 4:6; 5:6.
deles não o torna mais infinito do que tornaria um matemático
humano infinito. Além da matemática há botânica e xadrez.
30 Sobre imutabilidade, considere I Samuel 15:29, onde o escritor diz que Deus nunca muda
sua mente: nunca se arrepende. Salmo 102:27, “Eles mudarão, mas tu és o mesmo”.
Malaquias 3:6, “Eu sou o Senhor, eu não mudo”. Compare Romanos 11:29 e Hebreus 1:10-12.
Sobre a eternidade de Deus considere Deuteronômio 32:40, “Eu vivo para sempre”, e 33:27, “o
Deus eterno”. Salmo 90:2, “de eternidade a eternidade tu és Deus”. Salmo 102:12, 27, “Tu, Ó
Senhor, permanecerá para sempre... tu és o mesmo [imutabilidade] e teus anos não têm fim”.
Compare Isaías 41:4, João 17:24, I Timóteo 6:16, I Timóteo 1:9, Apocalipse 4:8-10, e
especialmente Judas 25, “ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja
glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre.
Amém!”.
Talvez esse sumário permita a inserção de uma consideração
subsidiária sobre os atributos divinos que seria mais estranha em
outro lugar do que aqui. É a visão honrosa de que todos os atributos
são idênticos em Deus, e às vezes tão visíveis na história; pois
quando Deus demoliu os muros de Jericó, a simples ação foi tanto
um exemplo de graça como de ira. De maneira mais geral,
conhecimento é poder, onipresença é onisciência, misericórdia e
verdade se encontram, e justiça e paz se beijam.
8. Pessoa Divina e Humana
31Compare Harris, Archer, Waltke, Theological Wordbook of the Old Testament (Chicago:
Moody Press, 1980), Vol. II, pp. 836-837, especially p. 837, Col. 1.
Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do
sangue de Jesus Cristo”. Há outras referências, mas essas
deveriam ser suficientes para descartar aqueles teólogos que falam
sobre o exercício independente dos atributos de Cristo.
Atos 2:27, citando Salmos 16:8-11, declara que Deus “não deixará
minha alma no inferno”. A palavra não é Gehenna, mas Hades. Isso
deveria trazer à mente a promessa de Cristo ao ladrão na cruz:
“Hoje estarás comigo no paraíso”. Mas a palavra para a qual a
atenção é direcionada agora é alma. Parece absurdo que a
Segunda Pessoa da Trindade fosse para o Gehenna, e certamente
peculiar se fosse para o Hades,33 este último porque a Segunda
Pessoa não pode morrer. Ele era o eterno e imutável Filho de Deus.
Mateus 27:46 e Marcos 15:34 apoiam essa visão: “Meu Deus, meu
Deus, por que me abandonaste?” Visto que uma divisão dentro das
eternas e imutáveis Pessoas da Trindade é absolutamente
impossível, Jesus está falando aqui como um homem. Uma
“natureza” humana impessoal não pode falar. Nem há muita
inteligibilidade em se supor que o Pai poderia abandonar uma
“natureza”. Aquelas palavras de Salmos 22:1 eram as palavras de
um verdadeiro homem, um ser humano real, a quem o Pai
abandonou, impondo assim a pena da propiciação pela qual somos
redimidos.
grande maioria das pessoas que recitam o Credo dos Apóstolos não estão cientes de que ele
não é o credo oficial de nenhuma igreja (até onde eu saiba); nem eles estão cientes do fato que
ele foi recitado em quatro formas diferentes, sendo que pelo menos duas delas estão em uso
hoje. A primeira forma inclui, a outra exclui, “ele desceu ao inferno”. A inclusão depende de
uma interpretação indefensável de 1 Pedro 3:18-20, “... vivificado pelo Espírito, pelo qual ele foi
e pregou aos espíritos em prisão... nos dias de Noé”. A forma comum do Credo dos Apóstolos
assume que “em prisão” significa “no inferno”. Essa suposição não tem nenhuma base. Além
do mais, a pregação ocorreu nos dias de Noé, não em 33 d.C.. Para uma exegese mais
completa, veja meu livro Peter Speaks Today.
A primeira tentação foi no nível de sua natureza física, um apelo
para transformar as pedras em pão em vista de sua óbvia fome
após quarenta dias de jejum (Mateus 4:1-4). Esse foi um teste
básico... da realidade da encarnação... Ele apenas parecia ser um
homem...? Ele tinha se tornado total e completamente homem.
34Uma proposição não é precisamente uma sentença declarativa. “O garoto chutou a bola” e “a
bola foi chutada pelo garoto” são duas sentenças distintas. Os seus sujeitos são diferentes;
seus versos não estão na mesma voz, e a frase preposicional está ausente de um deles. Mas
elas são as mesmas proposições, pois uma proposição é o significado de uma sentença
declarativa.
perturbado em ter uma esposa que se pareça tanto comigo. Seria o
caso deles não desejaram que suas esposas pensassem?
Se, como parece ser o caso, temos agora uma solução para os
enigmas da Encarnação, uma solução que evita as contradições e
as palavras sem sentido das formulações tradicionais, uma solução
que é sustentada pela própria Escritura, nós somos obrigados a
aceitá-la. Jesus Cristo foi e é tanto Deus como homem, uma pessoa
divina e uma pessoa humana. Negar qualquer delas é incorrer no
erro. Uma vez que os termos-chave estão definidos e claramente
entendidos, a Encarnação é um milagre ainda mais estupendo e
imponente do que a igreja tem imaginado até agora.
John W. Robbins
11. O Credo de Calcedônia
Foi por esta razão que Nestório se recusou a chamar Maria, mãe de
Jesus, de Theotókos (“mãe de Deus” ou “portadora de Deus”),
como lemos no Credo de Calcedônia. Nestório explica: “Em todos
os lugares, a Escritura de Deus, quando faz menção da encarnação
do Senhor, transmite-nos um nascimento e um sofrimento não da
divindade, mas da humanidade do Ungido [i. e., Cristo], de modo
que a santa virgem deve ser chamada pela denominação mais
precisa ‘portadora do Ungido’; e não ‘portadora de Deus’. Mais uma
vez, isso está longe de ser herético. Isso é uma verdade bíblica
quando devidamente formulada. No entanto, este problema era
mais controverso do que a relação entre as duas naturezas. Mesmo
Agostinho realizava e praticava a Mariologia. Maria já estava
elevada na Igreja como sendo a Mãe de Deus e essa doutrina
estabelecia a sua veneração. Mas será que Nestório acreditava
mesmo no que seus acusadores alegaram? O Dr. Charles Hodge,
professor de Teologia no Seminário Teológico de Princeton,
escreveu sobre a história dessa questão ao lidar com Nestório,
dizendo que:
Se, como parece ser o caso, temos agora uma solução para os
enigmas da Encarnação, uma solução que evita as contradições e
as palavras sem sentido das formulações tradicionais, uma solução
que é sustentada pela própria Escritura, nós somos obrigados a
aceitá-la. Jesus Cristo foi e é tanto Deus como homem, uma pessoa
divina e uma pessoa humana. Negar qualquer delas é incorrer no
erro. Uma vez que os termos-chave estão definidos e claramente
entendidos, a Encarnação é um milagre ainda mais estupendo e
imponente do que a igreja tem imaginado até agora.