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sumário
UNIDADE 1 – NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE
CAPITAIS .........................................................................................................................1
VII
3.2.3 Risco de liquidez ..................................................................................................................... 65
4 BENCHMARK E NECESSIDADES DE INVESTIMENTO ........................................................... 67
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 75
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 76
VIII
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................165
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................168
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................185
IX
UNIDADE 1
NOÇÕES ECONÔMICAS E
FINANCEIRAS PARA O MERCADO
DE CAPITAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1
UNIDADE 1 TÓPICO 1
PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
Antes de começar, gostaria de lhe perguntar: o que é para você o mercado de
capitais? Em parte, o próprio nome consegue lhe responder. Mas se você aprofundar
mais um pouco, o mercado de capitais é onde compradores e vendedores negociam
seus títulos, tais como ações, certifcados de depósitos, títulos da dívida pública,
notas promissórias, cédulas hipotecárias etc. No mundo fnanceiro esses papéis
com valor fnanceiro são conhecidos como valores mobiliários, e estão sujeitos ao
rigoroso controle e regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
2 NOÇÕES DE ECONOMIA
Qual o foco da ciência econômica? Existem várias respostas para essa
pergunta, mas existe uma que é bem interessante de se observar, a economia
analisa a escassez relativa de recursos objetivando satisfazer as necessidades e
desejos da sociedade. Neste caso, quando falamos de recursos, estamos focando
nos recursos produtivos (matéria-prima, bens de capital, recurso humano etc.)
que são negociáveis no mercado dos fatores da produção para que as empresas
possam produzir e ofertar no mercado de bens e serviços e assim satisfazer
as diversas necessidades e desejos das pessoas que interagem em sociedade.
Segundo Samuelson e Nordhaus (2012, p. 3):
4
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
assunto. Enquanto que a economia normativa, por sua parte, analisa as condições
econômicas do momento para levantar uma série de condicionamentos que
envolvem juízos de valor.
• Por que o serviço de Uber possui melhores tarifas que o serviço de táxi?
• Será que para garantir um mínimo de redução da desigualdade é conveniente
aumentar o universo de pessoas sujeitas ao recebimento da Bolsa Família?
• O Brasil deveria negociar com a China para reduzir as tarifas sobre as
importações?
• O acordo assinado durante a greve dos caminheiros (21 de maio de 2018) de
fato aumentou a renda destes?
• Uma taxa básica de juros (Selic) mais baixa aquece o consumo?
• Será que para diminuir a pressão no aumento nos preços (infação) dever-se-ia
aumentar os juros básicos da economia?
[...] uma visão positiva do mundo afeta a visão normativa sobre quais
políticas são necessárias. A afrmação de Polly de que o salário mínimo
provoca desemprego, se verdadeira, pode levá-la a rejeitar a conclusão
de Norma de que o governo deveria aumentar o salário mínimo. Além
disso, as conclusões normativas não resultam apenas da análise positiva,
pois também envolvem juízos de valor. (MANKIW, 2013, p. 30)
5
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
6
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
MERCADOS
Receita DE BENS E Gastos
SERVIÇOS
EMPRESAS FAMÍLIAS
• Produzem e vendem • Compram e consomem
bens e serviços bens e serviços
• Contratam e usam • Possuem e vendem
fatores de produção fatores de produção
Trabalho,
Fatores de MERCADOS terra e
produção DE FATORES capital
DE PRODUÇÃO
• Famílias vendem
Salários, Renda
• Empresas compram
aluguéis = Fluxo de insumos
e lucro e produtos
= Fluxo de dólares
O conjunto externo de setas representa o fuxo de dinheiro e o conjunto
interno de setas refere-se ao fuxo correspondente de insumos e produtos.
7
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
FONTE: O autor
9
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
DICAS
O PIB pode ser medido desde várias perspectivas, pelo nível da renda do
país, pelos fatores da produção ou pelas despesas geradas. Desde o ponto de vista
da produção, o PIB é medido pela coleta dos setores da agropecuária, indústria
e pela geração de serviços. Segundo fontes do Banco Mundial, no ano de 2017 a
geração do PIB por setores produtivos foi: Agropecuária, 10,3%; Indústria, 20,8%
e Serviços, 68,8%, conforme podemos observar a seguir:
10
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
Receita Despesas
(=PIB) MERCADOS (=PIB)
DE BENS E
Bens e SERVIÇOS Bens e
serviços serviços
vendidos comprados
EMPRESAS FAMÍLIAS
Trabalho,
Fatores de terra e
produção capital
MERCADOS
DE FATORES
Salários, DE PRODUÇÃO Renda (=PIB)
aluguéis = Fluxo de insumos
e lucro (=PIB) e produtos
= Fluxo de moedas
O PIB é igual ao total das despesas das famílias no mercado de bens e
serviços. E é igual também ao total de salários, aluguéis e lucros pagos
pelas empresas no mercado de fatores de produção.
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
ATENCAO
13
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
14
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
TE
IMPORTAN
Para visualizar melhor isto, suponha a comparação do PIB dos anos 2015 e 2016.
Segundo IBGE, eis o resultado: o crescimento do PIB Nominal entre o ano 2015 e 2016 foi de
7%! Passando de R$ 5.9 trilhões para R$ 6,3 trilhões.
Acesse o link: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/2013-agencia-de-noticias/releases/9439-
pib-recua-3-6-em-2016-e-fecha-ano-em-r-6-3-trilhoes.html>.
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Por motivos do foco de nossos estudos, não vamos nos aprofundar mais
na comparação do PIB Nominal versus PIB Real, mas, para fnalizar, vamos fazer
a comparação real da economia brasileira durante os últimos anos, tanto do
crescimento PIB como do crescimento do PIB per capita.
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
GRÁFICO 1 – CRESCIMENTO DO PIB E PIB PER CAPITA, ANOS 2000 ATÉ 2016
GRÁFICO II.1 - PIB e PIB per capita
Taxa (%) de crescimento anual
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
-2,0
-4,0
-6,0
00 001 002 003 004 005 006 07 08 009 010 011 012 013 014 015 016
20 2 2 2 2 2 2 20 20 2 2 2 2 2 2 2 2
PIB PIB per capita
FONTE: <https://bit.ly/2PQ4rMx>. Acesso em: 23 out. 2018
Observe que no gráf co está exposto só PIB e não PIB Real. Em termos
econômicos, quando se expõe taxas de crescimento do PIB, f ca subentendido que
esse é o PIB Real. Assim, ao fazer comparações de crescimento do PIB durante um
período, neste caso, desde o ano 2000 até o ano 2016, não é necessário colocar no
gráf co “PIB Real”. Ao se observar crescimentos em termos de porcentagem (%),
automaticamente esse termo “PIB” refere-se ao “PIB Real”.
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
INDICADORES
PERÍODO DE
COMPARAÇÃO CONS. CONS.
PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF
FAM GOV
Trimestre / trimestre
imediatamente anterior (c/ -0,9 1,0 -0,7 -0,8 -1,6 -0,6 0,1
ajuste sazonal)
Neste quadro podemos observar que embora o PIB tenha caído -3,6% em
2016, no último trimestre desse ano a queda já não era tão acentuada, inclusive
mostra setores com sinais de uma leve recuperação, tais como a agropecuária e
consumo do governo (CONS.GOV). Os setores de serviço (SERV.), de investimentos
em bens de capital - Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - e consumo das
famílias (CONS.FAM) ainda estavam em fase de decrescimento. Esses dados são
importantes para marcar tendências de investimentos por setores econômicos, ao
fnal desse ano (2016), provavelmente, o mercado de capitais estava mais ativo no
setor da agropecuária que nos demais setores.
INDICADORES
PERÍODO DE
COMPARAÇÃO CONS. CONS.
PIB AGROPEC INDUS SERV FBCF
FAM GOV
Trimestre / trimestre
imediatamente anterior (c/ 0,4% 1,4% 0,1% 0,1% 0,6% 0,5% -0,4%
ajuste sazonal)
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
4 A TAXA DE CÂMBIO
A taxa de câmbio é o valor relativo da moeda nacional versus uma cesta de
outras moedas dos países com os quais o Brasil possui relações comerciais. Desde
fnais da década de 1990 até hoje, a tendência da taxa de câmbio está marcada
pela relação da moeda nacional, R$, versus as principais moedas do comércio
internacional, isto é, o dólar americano, US$, e o euro, €. Em menor peso também
há uma análise da taxa de câmbio do R$ com a libra esterlina, £, a moeda do
Japão, ¥, e a moeda da China, CNY. Até fnais do século XX, a libra esterlina era a
segunda moeda mais importante depois do US$.
ATENCAO
Há uma série de sites que mostram as posições das moedas internacionais, desde
a oficial do BACEN aqui no Brasil até de sites de confiança em nível internacional, seguem:
PTAX (BACEN): <https://www4.bcb.gov.br/pec/taxas/port/ptaxnpesq.asp?id=txcotacao>
World Currencies da CNN: <https://money.cnn.com/data/currencies/>
InfoMoney: <https://www.infomoney.com.br/mercados/cambio>
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Posição valorizada da moeda local, o R$, isso pode acontecer quando houver
maior demanda de reais versus dólares. Exemplo, há um aumento no volume
das exportações, logo, quando os exportadores trouxerem essas vendas ao país
deverão liquidar os US$ fruto dessas vendas, devendo comprar moeda local
(R$). Assim, essa dinâmica de aumento das exportações pode colocar pressão
na taxa de câmbio para valorização da moeda local, o real, ou visto desde
outra perspectiva, haverá uma pressão de desvalorização do US$ versus o R$.
Esse foi um exemplo simples das pressões que podem surgir no mercado
de câmbio do R$ versus o US$, mas no mercado de câmbio atuam outros fatores
além da Balança Comercial (exportações menos importações), há também a
entrada e saída de capitais, pagamento de juros ao exterior, cobrança de lucros
das empresas brasileiras no exterior, etc. Nesse sentido, quando há um aumento
na entrada de US$ no país, haverá também pressão para uma valorização da
moeda local, o R$. Isso acontece porque todos esses US$ entrando no país devem
ser vendidos para comprar R$. Logo, esses dólares vão fcando no Banco Central
do Brasil (BACEN), mas em troca de R$ circulando na economia, movimentação
que é medida por meio do Balanço de Pagamentos.
20
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
Além do fato de manter uma boa posição das reservas internacionais está
a questão das perspectivas dessas do saldo líquido do Balanço de Pagamento.
Assim, quando há a presença de uma crise econômica prolongada, isso se refete
como um risco à dinâmica das reservas internacionais, logo, pressões para uma
desvalorização da moeda local, o R$. Fato que aconteceu nos anos 2014 e 2015,
nessa época o real passou praticamente de R$ 2,00 para R$ 4,00 para comprar 1,00
US$, veja a seguir a disparada do US$ nessa época:
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
FONTE: O autor
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
DICAS
ATENCAO
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
• Primeira fase: 1994 até 1998, o real fcou fxo. O objetivo disso era combater a
alta infação estrutural de época. Ao executar a estratégia de taxa de câmbio
fxa, os produtos importados não iriam subir de preço, enquanto os nacionais
teriam que parar de indexar seus preços à infação. Resultado disto? Ser mais
uma ferramenta para baixar a alta infação da época.
• Segunda fase: Gradativamente a moeda nacional, o real, começou a futuar sob
as forças do mercado de câmbio. Apesar do Plano Real ter tido um tremendo
sucesso em diminuir a alta infação, gradativamente o real vinha fcando
exposto demais às forças do mercado, se sobrevalorizando e fcando em um
patamar artifcialmente elevado.
Esse breve resumo histórico deixa claro que as taxas de câmbio fxas servem
por tempos determinados, tais como em épocas de pressões inflacionárias altas.
Assim, ter metas objetivas a serem cumpridas por um tempo determinado, com
uma taxa de câmbio fxa, é uma grande vantagem.
A desvantagem é que se esta situação for mantida por períodos mais longos
do que o necessário, pode elevar o risco de reduzir drasticamente as reservas
internacionais, prejudicando a produção nacional e a geração de emprego, entre
outras coisas.
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Isto quer dizer que o Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes
oscilações no câmbio, ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são
as reservas internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de
compra e venda de divisas (moeda estrangeira). Mas como é a dinâmica disto?
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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS ECONÔMICOS
4
3,75
3,5
3,25
3
2,75
2,5
1 (u.m.c./US$)
2,25
2
1,75
1,5
1,25
1
0,75
0,5
0,25
0
01/01/2000 01/01/2002 01/01/2004 01/01/2006 01/01/2008 01/01/2010 01/01/2012 01/01/2014
1 - Taxa de câmbio - Livre - Dólar americano (venda) - diário
3,5
2,5
2
2014 2015 2016 2017 2018
SOURCE: TRANDING ECONOMICS.COM | OTC INTERBANK
FONTE: <https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2901> Acesso 04 de nov. de 2018
TE
IMPORTAN
28
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A economia positiva analisa fatos que servem, entre outras coisas, como base
para levantar uma série de hipóteses que servirão para desenvolver políticas
econômicas.
• Banco Central do Brasil faz gestão para evitar grandes oscilações no câmbio,
ou pelo menos amenizá-las. O respaldo para fazer isto são as reservas
internacionais, executando intervenções no mercado, por meio de compra e
venda de divisas (moeda estrangeira).
29
AUTOATIVIDADE
2009 7,00%
2010 5,00%
2011 4,90%
2012 5,80%
2013 6,50%
2014 4,00%
2015 5,00%
2016 8,00%
2017 4,00%
2018 2,00%
30
6 Conforme a infação histórica exposta no exercício anterior (suposta), determine
os valores médios do poder de compra dessa infação no quadro a seguir:
Valor do Poder de Compra
Anos Valor Perda de Taxa de
2008 R$ 1.661,36 poder Infaação ano*
2009 5,21%
2010 5,21%
2011 5,21%
2012 5,21%
2013 5,21%
2014 5,21%
2015 5,21%
2016 5,21%
2017 5,21%
2018 5,215
31
32
UNIDADE 1 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Para conseguir ter uma visão sistêmica (global) da dinâmica do Mercado de
Valores, além de conhecimentos básicos de economia, é necessário entender como
funciona o custo do capital - representado como taxa de juros – e como ele pode
ser usado nas diversas situações que se apresentam no dia a dia deste mercado.
Esse custo do capital está diretamente relacionado às decisões de investimento,
conforme iremos descobrir nas seguintes linhas deste caderno de estudos.
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UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Quanto mais estruturada e estável for uma economia, menor será a taxa
de juros da dívida pública desse país. Desde a Segunda Guerra Mundial, a dívida
mais segura do mundo e de menor taxa de juros, em termos relativos, é a do
Tesouro dos Estados Unidos, conhecida como a taxa FED (Federal Reserve).
Comparativamente, o FED é o Banco Central dos Estados Unidos. Então, em
economias bem estruturadas, a taxa de juros da dívida pública é a taxa básica!
Isso é assim porque a partir dessa taxa é que o risco vai aumentando, logo, vai
aumentando o custo dos juros.
No Brasil acontece igual, aqui a taxa da dívida pública é a taxa base de todas
as demais taxas da economia brasileira que vão se escalonando em função de seu
risco. Essa taxa com menor risco no Brasil é conhecida como Taxa Básica Selic.
Assim, conforme o exposto por Bruni (2009) podermos dizer que a SELIC
é reconhecida como a taxa básica da economia brasileira, a qual determina o custo
fnanceiro dos títulos públicos. Deste modo, é o Governo por meio do Banco
Central (BACEN) que possui a capacidade de nortear a taxa mínima da economia
brasileira em função de uma série de fatores macroeconômicos, tais como:
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TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
TE
IMPORTAN
Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (13) a
decisão de aumentar a taxa de juros no país pela segunda vez neste ano, de 1,5% a 1,75% ao
ano para 1,75% a 2%.
A elevação era esperada pelo mercado, já que o BC dos EUA monitora os sinais de crescimento
da economia do país para conduzir o chamado aperto monetário (aumento de juros).
Em maio, foram divulgados números positivos sobre o mercado de trabalho nos EUA, com
criação de 223 mil postos e taxa de desemprego de 3,8% - a menor em 18 anos. Agora, a
estimativa é de aumento nos índices de inflação, o que aumenta as expectativas por um
movimento de alta dos juros.
A última vez em que o Fed havia aumentado os juros nos EUA foi em março deste ano, na
primeira reunião sob o comando de Jerome Powell. Já na reunião de maio, a decisão foi
pela manutenção das taxas.
1,5
1
em%
0,5
0
de 7
ju 17
ab 18
se 7
17
m 8
fe 7
fe 8
ab 7
m 8
ju 18
no 7
m 7
ju 7
m 17
18
7
1
7
1
1
1
r1
t1
r1
t1
l1
v
ai
ar
o
v
n
n
ar
ai
n
v
n
ou
ag
ja
ja
35
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
FONTE: <https://g1.globo.com/economia/noticia/fed-anuncia-aumento-da-taxa-de-juros-
nos-estados-unidos.ghtml>. Acesso em: 6 nov. 2018.
36
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
TE
IMPORTAN
Você sabe qual é a Regra de Taylor? É uma regra que visa aplicar política
monetária que pondera entre a taxa de uuros básica e a infação, segundo o artigo publicado
no Estadão de São Paulo por Paulo R. Haddad, 17/nov/2009 <https://www.estadao.com.br/
noticias/geral,a-crise-e-a-regra-de-taylor,467517>:
A regra de Taylor, que foi adotada nas políticas monetárias de diversos países, é basicamente
uma recomendação de como um banco central deve estabelecer a taxa de uuros de curto
prazo a fm de manter a taxa de infação muito baixa e as recessões suaves e infrequentes. É
derivada de modelos econômicos quantitativos que descrevem como a taxa de uuros afeta
as principais variáveis da economia. Não é uma regra normativa que deva ser prescrita em
qualquer contexto histórico sem levar em conta outros fatores, tais como uma crise cambial
ou a composição da demanda agregada.
37
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Agora que você já sabe identifcar o que é a taxa básica de juros, no caso
do Brasil, a Selic, como também já consegue identifcar o que signifca a Selic
Meta, vamos ver os diferentes níveis de taxas referenciais no mercado de capitais.
Conforme temos dito anteriormente, a Selic é a taxa base, a partir dela os diversos
agentes vão gerando novas taxas referenciais, inclusive dentro do próprio governo
há diferentes graus de risco. Um título de dívida do Estado de Santa Catarina
possui uma taxa maior que uma dívida do Tesouro Direto. Exemplifcando, um
título de dívida do Estado de Santa Catarina possui uma taxa maior que uma
dívida do Tesouro Direto, ou seja, esse título de dívida pública (do estado de
Santa Catarina) terá uma taxa de juros Selic mais seu respectivo grau de risco.
Nessa dinâmica a taxa CDI fca entre a taxa Selic e a taxa média com que os
bancos emprestam seus recursos tanto a pessoas físicas como a empresas, isto é, o
spread bancário. Quando os bancos estão sem problemas de liquidez, a taxa do CDI
médio fca bem próxima à Selic, mas quando o setor bancário começa a apresentar
sintomas de iliquidez, essa diferença entre a Selic e a CDI aumenta drasticamente.
Veja a seguir o histórico das taxas de juros entre a Selic o spread bancário.
38
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
Embora a média da taxa CDI não esteja no gráfco, ela fca entre o histórico da
taxa média do spread bancário e a taxa Selic, a tendência é de ela fcar bem próxima à
média da taxa Selic. Assim, se a média da taxa CDI fcar bem próxima da taxa Selic,
consequentemente o spread bancário se tornará alto demais para uma economia
como a do Brasil. Isso dá espaço para que no futuro o país possa realizar mudanças
estruturais no custo do capital emprestado e assim reduzir drasticamente o spread
bancário. Isso poderia ser de grande incentivo tanto ao consumo (empréstimos
para pessoas físicas) como para empréstimos para pessoas jurídicas (empresas da
indústria e do comércio) incrementarem sua produtividade.
39
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Observe que para analisar a TMA deve existir também, pelo menos, mais
de uma alternativa de investimento. Isto quer dizer que toda vez que há uma
escolha de investimento, o investidor abandona outra, ou seja, a TMA representa
a análise do Custo de Oportunidade entre diversas opções de rendimentos
fnanceiros. Os autores Pilão e Hummel (2004, p. 89) afrmam:
40
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
• 5% → 0,05 = 5/100
• 2,5% → 0,025 = 2,5/100
41
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
ᵒ PV = R$ 3.000,00
ᵒ i = 2%/mês → converter de mês para dias → 2%/30 = 0,6667%
ᵒ Tempo: 50 dias
ᵒ Fórmula → J=PV x i x n
ᵒ J = R$3.000 x 0,0667/100 x 50
ᵒ J = R$ 100,00
ᵒ M = R$ 3.100,00 (R$ 100,00 + R$ 3.000,00)
ᵒ PV = R$ 29.000,00
ᵒ i = 20%/ano → converter de ano para trimestres → 20%/4 = 5,00%
ᵒ Observe que um ano possui 4 trimestres, logo, deve-se dividir essa taxa
anual de 20% para uma taxa trimestral (o ano possui 4 trimestres).
ᵒ Tempo 3 trimestres, ou seja, 9 meses de prazo total → (n) = 3 (trimestres)
ᵒ Fórmula → J=PV x i x n
ᵒ J = R$ 29.000 x 5,00%/100 x 3
ᵒ J = R$ 4.350,00
ᵒ M = R$ 33.350 (R$ 4.350,00 + R$ 29.000,00)
ATENCAO
Embora seja viável apurar o valor dos juros e o montante por meio da fórmula
J=PV x i x n, existe uma maneira direta para calcular o valor do montante, ou seja,
Montante = Capital Inicial + Juros. Essa fórmula pondera o fator gerador de juros de
maneira direta considerando o fator tempo dentro dessa ponderação, veja a seguir:
• M=C x (1 + i x n)
• Exemplo: Um investidor está procurando o valor do montante de um capital
de R$ 25.000, aplicado em 18 meses e com uma taxa de 2% ao mês, onde:
• C = R$ 25.000
• Taxa (i) → 2% ao mês → 0,02
• Períodos (n) → 18 meses.
42
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
Aplicação da fórmula:
M = C x (1 + i x n)
PV = R$ 12.000
J = R$ 1.500
Tempo: 5 meses.
Períodos: 5.
1.500
i = 0000000→
12.000 x 5
i = 0,025 → tem-se que converter em % → 0,025x100 → 2,5%/mês
Como o exercício solicita a taxa em anos, logo essa taxa/mês tem-se que multiplicar
por 12 → 2,5% x 12 = 30%.
43
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Suponha que uma empresa esteja precisando de caixa e deseja descontar R$ 10.000
de vendas a prazo, cujo vencimento é daqui a 45 dias, a taxa de desconto que o
banco cobra é de 3.5% ao mês, qual será o desconto e o valor líquido a receber?
FONTE: O autor
44
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
• Será que vale a pena ter maior volume de estoques? Mas qual será o custo em
juros desse aumento de necessidade de caixa operativa, capital de giro?
• Será que aumentando o prazo das vendas (contas a receber) consigo vender
mais? Mas quanto mais capital de giro e custo fnanceiro dessa decisão?
• Será que reduzindo o prazo de pagamento aos fornecedores se consegue
descontos interessantes nos valores de compra das aquisições? E o custo
fnanceiro desse aumento no capital de giro?
Suponha que uma empresa está analisando a opção de usar parte de seu
saldo em caixa de R$ 45.000,00, para aumentar seu investimento em capital de giro,
objetivando melhorar seus rendimentos fnanceiros, e está analisando usar esses
R$ 45.000 para reduzir suas obrigações com seus fornecedores, mas procurando
um desconto fnanceiro. Assim, a empresa, entre suas diversas contas a pagar aos
fornecedores, possui um fornecedor com o qual poderia conseguir um desconto
fnanceiro, se pagar à vista. O prazo médio de pagamento deste fornecedor é de
45 dias com um saldo a pagar médio de R$ 45.000,00.
45
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Neste caso, a TMA é de 12,08% ao ano, devendo ser convertida para uma
taxa proporcional ao prazo das contas a pagar, isto é, 45 dias. Assim, a taxa
12,08%
proporcional dessa TMA é de 1.51% por cada 45 dias, isto é: 1,51% = 000000
360 dias
x
45 dias.
À simples vista, esse 1,50% parece menor que a TMA de 1,51%, logo, para
a empresa, será melhor manter as compras a prazo e não aumentar o investimento
em capital de giro, e deixar esse saldo em títulos negociáveis. Mas será mesmo
que esse desconto de 1,50% gera um menor rendimento? Vamos conferir!
desconto = N x i x n
0,03333%
d = R$ 45.000,00 x 100
x 45
Desconto -> R$ 675,00
Essa geração de juros sobre juros pode ser facilmente entendida conforme
o seguinte quadro, onde não há capital inicial, ou seja, R$ 0,00, mas haverá aportes
mensais de R$ 250,00 a partir do primeiro mês, levando em consideração juros ao
mês de 1.15% e um prazo da aplicação de 40 anos!
47
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Taxa 1,155
FONTE: O autor
• Esse cálculo é feito mês a mês até chegar à projeção do mês nº 480, ou seja, aos
40 anos. Observe que a geração de juros no mês nº 480 foi de R$ 59.536!
48
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
Embora não seja todo esse valor lá na frente, mas, em valores atuais,
aposentar-se com R$ 1.090.775 é interessante mesmo! Hoje, grande parte dos
valores de investimentos ao redor do mundo vem dos fundos de investimentos,
os quais administram planos de investimento de pequenos investidores e de
administradores de fundos de aposentados. Esses fundos compram ações, papéis
de dívida dos países, mercados futuros de petróleo, e outros valores mobiliários.
Em resumo, os fundos de investimento de milhões de pessoas ao redor do mundo,
que por meio de suas poupanças ajudam a fazer girar o mercado de capitais de
muitos países, sendo parte importante da grande alavancagem fnanceira para o
desenvolvimento econômico, aqui no Brasil e demais países que fazem parte da
economia internacional.
49
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Ponderação
vencimento em
Valor
dias
Peso dias
FONTE: O autor
50
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
• PMD={(vn1.n1)+(vn2.n2)+...../(vn1+vn2+...)}
• PMD = (R$ 21400*9)+(R$ 12280*17)+(R$ 28350*19)+(R$ 18340*28)+(R$ 23700*40)+(R$ 22600*52)
R$ 126.670
• PMD = 28,24 dias
Solução:
FONTE: O autor
51
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
DICAS
DICAS
No mundo fnanceiro existe toda uma dinâmica para assegurar preços futuros,
entre estes, a taxa de câmbio futura, conhecida como swap cambial. Este tipo de produto
oferece garantias de preços estáveis de mercadorias comercializadas internacionalmente
às empresas, auudando-as nas suas necessidades da liquidez. Ficou curioso? O economista
Fernando Nogueira faz toda uma explicação de como funcionam as operações fnanceiras
para cobertura do risco cambiário, no seguinte site: <https://goo.gl/e415kt>.
52
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
53
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
tarifa, a qual, segundo Jayne Hynes, é dinheiro emprestado de sua própria conta,
ou vendido de suas contas a receber por meio de um desconto das vendas feitas
à cadeia de supermercados, transação fnanceira conhecida como factoring. A
moderna supply-chain fnanceira, agora com 25 anos de experiência, permite aos
fornecedores manterem-se em dia com suas capacidades de crédito - e baixar o
custo fnanceiro do capital de giro - dos fornecedores das grandes corporações.
As contas a pagar são liquidadas de seus balanços de pagamentos. Desse modo,
os compradores podem esticar seus termos de pagamento (vamos supor, de
60 para 90 dias), sabendo que os fornecedores possuem menor chance de ter
problemas de liquidez e interromper o fornecimento de mercadorias. Com
isso, os bancos pegam ativos fnanceiros de baixo risco.
54
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS FINANCEIROS E DE INVESTIMENTO
FONTE: <https://www.economist.com/news/finance-and-economics/21730150-squeezed-
suppliers-and-big-corporate-buyers-stand-benefit-technology>. Acesso em: 7 set. 2018.
55
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Um dos usos mais comuns dos juros simples é o cálculo de descontos sobre
o principal de um valor futuro, muitas vezes esse tipo de título de valor é
negociado no mercado de valores.
• Grande parte dos valores de investimentos ao redor de mundo vem dos fundos
de investimentos, os quais administram planos de investimento de pequenos
investidores e de administradores de fundos de aposentados. Sendo que o
cálculo fnanceiro desses rendimentos é feito por meio da metodologia de
capitalização composta.
56
AUTOATIVIDADE
1 O que signifca Taxa Selic e qual a sua relação com as demais taxas de juros
da economia brasileira?
5 Suponha que uma empresa está precisando levantar fundos para seu giro
de capital e possui R$ 119.000,00 em vendas a prazo. Seu Banco Comercial
consegue oferecer para ela realizar uma operação de factoring, considerando
a seguinte faturação do quadro abaixo. Qual é o valor líquido que a empresa
consegue levantar?
2 R$ 18.000,00 29 2,30%
3 R$ 35.000,00 35 2,30%
4 R$ 18.000,00 40 2,30%
5 R$ 18.000,00 48 2,30%
6 R$ 14.000,00 55 2,30%
R$ 119.000,00
Valor líquido
FONTE: O autor
57
UNIDADE 1 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O foco deste tópico é entender alguns fundamentos de análise fnanceira.
Neste ponto de seus estudos, ao longo de conceitos econômicos e de cálculo
fnanceiro, você já possui a bagagem necessária para discernir quais os
fundamentos importantes do mercado fnanceiro de capitais.
ATENCAO
59
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
60
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
3.1 LIQUIDEZ
A liquidez do investimento refere-se à quantidade de valor monetário,
o capital disponível para o investimento e o tempo em que se deseja recuperar
esse capital. Em função disso, o investidor pondera qual a real capacidade de
liquidar o valor mobiliário (papel valor), ou seja, a facilidade de vender esse
“investimento” para levantar caixa, exemplifcando:
• Se ele prever que irá precisar desse capital daqui a seis meses, inclusive antes
disso, irá fazer um investimento de papel que possa ser facilmente convertido
em caixa, com pouco valor de desconto fnanceiro.
61
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Se prever que irá precisar desse capital daqui a cinco anos, ele irá analisar
opções de investimento que gerem rendimentos programados em períodos de
tempos maiores, com dívidas das empresas de longo prazo ou dívidas públicas.
Esses papéis até poderiam ser liquidados, mas o custo de desconto fnanceiro
poderia ser maior.
• Se ele prever que sua necessidade de recuperar o capital seja por meio de uma
análise de rendimentos de longo prazo, logo, poderia optar pela compra de
ações. A capacidade de liquidar esse papel valor será mais em função do valor
relativo da empresa no mercado, e isso dependerá de uma série de fatores a
serem estudados nas próximas unidades. As ações sendo valores que podem
oscilar muito, a decisão de investimento é feita em função das perspectivas de
rentabilidade da empresa e não na necessidade de levantar caixa no curto prazo.
Observe que o autor fala de “difculdade para sua realização”, isso se refete
no custo de liquidar um papel valor, a menor liquidez, maior será o custo do desconto
fnanceiro desse papel. Uma vez defnido o tempo de recuperação desse capital a ser
investido, o seguinte elemento é ponderar o nível de risco do investimento.
62
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
Exemplifcando, se você tiver ações de uma grande empresa que possua altos
volumes de empréstimos em bancos do exterior, logo, uma valorização do dólar
poderia reduzir as perspectivas de rentabilidade desta empresa, não é mesmo? O
preço da ação desta empresa poderia perder valor de mercado, consequentemente,
o valor do capital investido por você nessa empresa perderá valor.
Veja a seguir a experiência da empresa Sadia no ano 2008, nesse ano ela
tinha um alto volume de investimento fnanceiro no mercado de preços futuros
em moeda estrangeira, especifcamente US$, isto é, derivados futuros dessa
moeda. Quando a grande crise fnanceira do ano 2008 estourou nos Estados
Unidos e logo se espalhou para o resto do mundo, a empresa de repente se viu
em uma situação da qual não conseguiria sair. Resultado? A empresa veio a falir
e seus acionistas perderam o valor de suas ações, hoje, a empresa opera sob a
administração de outro grupo empresarial, segundo O Globo Economia:
DICAS
63
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
• Risco de crédito país. Ele mede o nível de risco que a dívida pública de um
país possa ter indícios de inadimplência. Quando a economia dos países está
indo muito mal, logo, eles forçam os credores a negociarem suas dívidas e seu
risco país dispara, no ano 2018 isso vem acontecendo com a Argentina. Quanto
menor o risco país, menor será sua taxa básica de juros, no caso do Brasil, a
Selic. Os Estados Unidos são o país que possui o menor risco.
• Risco de crédito de empresas. Para diminuir o custo fnanceiro, as grandes
empresas emitem papéis de dívida diretamente no mercado de valores, esses
papéis são conhecidos como debêntures, assim, este tipo de risco de crédito mede
a possibilidade de não honrar os compromissos dessas empresas. Então, se uma
grande empresa começar a não pagar os vencimentos de sua dívida, os detentores
desses papéis irão sofrer perdas fnanceiras vinculadas ao risco de crédito.
• Risco de crédito dos clientes dos bancos comerciais. Os bancos estão
constantemente controlando a inadimplência de sua carteira de ativos
(empréstimos para seus clientes), sendo que esses índices de inadimplência
estão constantemente monitorados pelo mercado. Assim, se o mercado
enxergar que a porcentagem de inadimplência está aumentando, esse índice
piora e os papéis fnanceiros do banco (ações, debêntures, CDI’s etc.) em
questão começam a perder valor de mercado.
DICAS
64
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
65
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
Taxas de juros
declaradas, Risco baixo,
Tesouro juros pagos um pouco
Treasury notes norte- semestralemente, 1 a 10 anos. acima dos 5,03%
americano forte mercado Treasury
secundário (bens
líquidos).
Bills.
Risco um
Não fazem
Órgãos do pouco mais
Emissões de parte das Nove meses
governo elevado, mas 5,17%
órgãos federais obrigações do a 30 anos.
federal ainda com
Tesouro.
pouco risco.
Títulos Privados
Valores e
vencimentos Mais elevado
Certifcados de Bancos ajustados. 1 mês a 3 do que o risco
de papéis 4,95%
Depósitos (CDs) comerciais Elevado anos.
Mercado governamentais
Secundário.
Sociedade
Notas por ações Obrigações Mais
Promissórias com elevado não 3 a 270 dias. elevado do 5,23%
Comerciais nível de garantidas. que os CDs.
crédito
Garantia
bancária para
uma transição
comercial.
Comparável
Aceites bancários Bancos Se quitar 30 a 180 dias. 5,31%
aos CDs.
desconto
em relação
ao preço do
vencimento.
Depósitos
em moeda Elevado por
causa da pouca
Depósitos em Bancos estrangeira. 1 dia a 3
regulamentação, 5,36%
eurodólares estrangeiros Mercado anos e pelo risco de
secundário câmbio.
ativo.
66
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
Variável, mas
Administração Inexistente, podendo ser
Fundos Mútuos Gestão profssional dependendo mais elevado
do mercado profssional de carteiras. da decisão que os papéis 4,98%
monetário de carteira Liquidação do governamentais
imediata. e do que os
investidor. CDs.
Adequado às
Acordos de Bancos e/ou
Acordos de necessidades
recompensa distribuidoras Variável 5,13%
(compromissadas) de valores recompra. do
comprador.
Nesse quadro, observe que fca bem sistematizada essa correlação entre
maior prazo, menor liquidez, maior risco e maior rentabilidade, partindo da base
dos títulos mais seguros do mercado de capitais dos Estados Unidos, isto é, os
títulos do Tesouro (dívida pública). No Brasil, a estrutura dos títulos e seus níveis
de risco são bem semelhantes aos mostrados no quadro.
67
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
68
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
69
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
* Os Ratings de ‘AA’ a ‘CCC’ podem ser modifcados pelo acréscimo de um sinal de mais (+) ou de
menos (-) com o intuito de demonstrar sua posição relativa dentro das principais categorias de rating.
FONTE: <https://www.standardandpoors.com/pt_LA/delegate/
getPDF?articleId=2065204&type=COMMENTS&subType=REGULATORY>.
Acesso em: 6 nov. 2018.
FONTE: <https://www.standardandpoors.com/pt_LA/delegate/
getPDF?articleId=1498613&type=COMMENTS&subType=REGULATORY>.
Acesso em: 6 nov. 2018.
70
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
TE
IMPORTAN
71
UNIDADE 1 | NOÇÕES ECONÔMICAS E FINANCEIRAS PARA O MERCADO DE CAPITAIS
LEITURA COMPLEMENTAR
72
TÓPICO 3 | DINÂMICA DO INVESTIMENTO FINANCEIRO
Cálculos feitos a partir dos dados de vários países mostram que a expansão
dos mercados de ações e de títulos privados poderia levar a um aumento extra
de 21%, ou R$ 294 bilhões, nos investimentos em infraestrutura entre 2018 e 2022
no Brasil. Apenas em saneamento, eletricidade, transporte e telecomunicações
haveria R$ 89 bilhões adicionais. O estudo leva em conta um crescimento
moderado da economia brasileira de 2% a 3% anuais, visto como mais provável
pela Anbima nos próximos anos.
Outro efeito seria o aumento extra de 12% no PIB per capita, para R$ 38,8
mil em cinco anos. Sem nenhum impulso ao mercado de capitais, a Anbima prevê
um PIB per capita de R$ 34,6 mil em 2022, ou seja, R$ 4 mil a menos.
seu mercado de capitais", afrma José Eduardo Laloni, diretor da Anbima. Entre
outros pontos, o trabalho também mostra que a variação de 1% no mercado teria
impacto de 0,3% na renda per capita, percentual considerado relevante por Laloni.
74
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
75
AUTOATIVIDADE
76
UNIDADE 2
ESTRUTURA E NORMATIVA
FINANCEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao fnal de cada um deles você
encontrará atividades que auxiliarão no seu aprendizado.
77
UNIDADE 2 TÓPICO 1
INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
1 INTRODUÇÃO
A economia mundial se desenvolve em um ambiente fnanceiro cada vez
mais complexo e infuente. A partir desta constatação, faz-se necessário que todos
os agentes econômicos (famílias, empresas e governos) identifquem as melhores
práticas e oportunidades de investimentos disponíveis a fm de equilibrar suas
posições de risco nas mais diversas decisões fnanceiras.
79
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
80
TÓPICO 1 | INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
ATENCAO
81
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
A diferença dos uuros cobrados dos agentes econômicos defcitários e dos uuros
pagos aos agentes econômicos superavitários é a renda dos intermediários fnanceiros,
conhecida na literatura como spread fnanceiro.
82
TÓPICO 1 | INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA
NOTA
83
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
84
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
85
AUTOATIVIDADE
86
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
O Sistema Financeiro é um importante componente da sociedade econômica
moderna cujo papel é fundamental para o crescimento e desenvolvimento
econômico de uma nação, o que explica a necessidade de conhecimento do
funcionamento do sistema como um todo. No entanto, ao longo do tempo, a
estrutura econômica dos países tem passado por profundas transformações,
especialmente no que concerne ao mercado fnanceiro brasileiro.
Sendo assim, este tópico tem por objetivo apresentar a estrutura do Sistema
Financeiro Nacional e as principais características das instituições fnanceiras que
o compõem.
87
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
88
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
NOTA
“O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é formado por instituições que têm como
fnalidade intermediar o fuxo de recursos entre os poupadores, investidores e os tomadores
de recursos, em condições satisfatórias para o mercado” (HOJI, 2017, p. 25).
89
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
DICAS
90
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TE
IMPORTAN
91
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
O Conselho Monetário Nacional (CMN), que foi instituído pela Lei 4.595,
de 31 de dezembro de 1964, é o órgão responsável por expedir diretrizes
gerais para o bom funcionamento do SFN. Integram o CMN o Ministro
da Fazenda (Presidente), o Ministro do Planejamento, Orçamento e
Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil. Dentre suas funções
estão: adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades
da economia; regular o valor interno e externo da moeda e o equilíbrio
do balanço de pagamentos; orientar a aplicação dos recursos das
instituições fnanceiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos
instrumentos fnanceiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições
fnanceiras; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e
da dívida pública interna e externa (BACEN, 2018b, s.p.).
92
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
ATENCAO
Cabe destacar que as entidades que têm esta função de supervisão são
divididas em quatro grupos segundo os mercados ou segmentos em que atuam.
Neste sentido, destaca-se que o Banco Central do Brasil (BACEN) está vinculado
ao Mercado Financeiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ao Mercado
de Capitais. Já a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), vinculada ao
Mercado de Seguros Privados e Capitalização e, por fm, a Superintendência
Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) vinculada ao Mercado de
Previdência Complementar (PINHEIRO, 2012).
93
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
ATENCAO
Apesar das Entidades de Supervisão serem quatro, elas estão subordinadas a três
conselhos normativos: Conselho Monetário Nacional (BACEN e CVM), Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP) e Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
(PINHEIRO, 2012).
TE
IMPORTAN
94
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
DICAS
Para saber mais a respeito da história do Banco Central do Brasil (BACEN), acesse:
https://www.bcb.gov.br/pre/Historia/HistoriaBC/historia_BC.asp
95
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
NOTA
DICAS
Conforme destacado por Assaf Neto (2012, p. 43), a “CVM tem por
fnalidade básica a normatização e o controle do mercado de valores mobiliários,
representado principalmente por ações, comercial papers e outros títulos emitidos
pelas sociedades anônimas e autorizados pelo Conselho Monetário Nacional.”
96
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TE
IMPORTAN
97
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
98
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
DICAS
99
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
NOTA
“Os bancos múltiplos são instituições fnanceiras com licença para fornecer
uma ampla gama de serviços bancários comerciais, operações de câmbio, de investimento,
fnanciamento ao consumidor e outros serviços, inclusive de gerenciamento de fundos e
fnanciamento de imóveis” (PINHEIRO, 2012, p. 75).
100
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
TE
IMPORTAN
101
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
Cabe lembrar que tais instituições não podem captar recursos por meio
de depósitos à vista, assim como os efetuados pelos bancos comerciais. Sobre este
aspecto, Hoji (2017, p. 30) explica que os bancos de investimentos “captam recursos
por meio da emissão de Certifcados de Depósito Bancário (CDBs) e Recibos de
Depósito Bancário (RDBs), repasses de origem interna ou externa, ou pela venda de
cotas de fundos de investimentos. São instituições especializadas em underwriting
(subscrição pública de ações) e estruturação de fnanciamentos de projetos”.
TE
IMPORTAN
102
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
DICAS
Assaf Neto (2012, p. 50) defne bolsas de valores como sendo “organizações
que mantêm um local onde são negociados os títulos e valores mobiliários de
pessoas jurídicas públicas e privadas. Para tanto, devem apresentar todas as
condições necessárias para o perfeito funcionamento dessas transações, tais como
organização, controle e fscalização”.
NOTA
NOTA
104
TÓPICO 2 | SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
Por fm, conforme destacado por Assaf Neto (2012), os agentes autônomos
de investimentos são pessoas físicas credenciadas pelas instituições fnanceiras
intermediadoras (corretoras, distribuidoras, bancos e fnanceiras) para atuarem na
colocação de títulos e valores mobiliários e outros serviços fnanceiros no mercado,
operando em troca do recebimento de uma comissão. Esses profssionais, da
mesma forma que as instituições fnanceiras, são fscalizados pelo Banco Central
do Brasil (BACEN) e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
105
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Banco Central do Brasil (BACEN) assume cinco papéis: banco dos bancos,
gestor do Sistema Financeiro Nacional (SFN), executor da política monetária,
banco emissor e banco do governo.
106
AUTOATIVIDADE
107
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Por vezes, o mercado de crédito é insufciente para suprir as necessidades
de fnanciamento dos agentes econômicos, especialmente aqueles envolvidos
com as atividades produtivas. Isso pode ocorrer quando, por exemplo, uma
determinada organização empresarial necessita de um volume fnanceiro maior
do que a sua capacidade de se fnanciar no mercado de crédito. Ademais, o
mercado de crédito possui um alto custo em função dos riscos assumidos pelas
instituições fnanceiras (intermediários fnanceiros), o que pode inviabilizar os
investimentos pretendidos pelas organizações.
109
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
110
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
111
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
FUTUSRO
ESTUDOS
Para que uma empresa possa participar do mercado de capitais ela precisa,
obrigatoriamente, estar listada em uma bolsa de valores. A literatura classifca
esse processo como “abertura de capital”. Somente dessa forma as empresas
podem ter suas ações negociadas publicamente. Sendo assim, qualquer pessoa
pode se tornar acionista desta empresa, bastando comprar ações por meio de uma
corretora da bolsa de valores (BM&FBOVESPA, 2018a).
112
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
TE
IMPORTAN
É importante salientar que a abertura de capital pode ocorrer com ou sem oferta
de ações no mercado.
Mas, qual o motivo e quais as vantagens para a empresa abrir o seu capital?
Em BM&FBovespa (2018b, p. 4) encontramos tais justifcativas:
113
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
NOTA
114
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
TE
IMPORTAN
115
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
FUTUSRO
ESTUDOS
Mas, no que consiste cada uma dessas instituições? Quais as suas funções?
Vejamos então cada uma delas. Começaremos pela bolsa de valores.
116
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
TE
IMPORTAN
Dar liquidez signifca fazer com que o dinheiro de quem comprou o título chegue
às mãos de quem vendeu, representado pela liquidação fnanceira, e que a titularidade do
título seua trocada, ou seua, liquidação física. Por sua vez, custódia signifca guarda. Isso
quer dizer que o sistema de custódia é que dá a garantia de que o título realmente existe e
confrma a sua titularidade (GALLAGHER, 2012, p. 33).
117
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
118
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
NOTA
119
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
TE
IMPORTAN
São constituídas sob a forma de sociedade por ações ou por cotas de sociedade
limitada e, em sua denominação social, deve constar obrigatoriamentea expressão
“Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários” (CVM, 2014, p. 52).
120
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
NOTA
121
UNIDADE 2 | ESTRUTURA E NORMATIVA FINANCEIRA
CVM (2014) apresenta alguns motivos que podem levar alguém a investir
com a ajuda de um fundo de investimentos: contar com a gestão do dinheiro
por parte de um profssional especializado, ter acesso a uma estratégia de
diversifcação a custos menores ou, ainda, ter uma carteira de investimentos que
não conseguiria montar sozinho. Outra grande vantagem para o investidor é a de
conseguir resgatar rapidamente o seu dinheiro.
122
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
NOTA
TE
IMPORTAN
Assaf Neto e Lima (2017) destacam que este tipo de instituição, ao contrário dos
bancos comerciais, atua com instrumentos de longo prazo, oferecendo intermediação
fnanceira às empresas no levantamento de recursos para supri-las tanto de capital
fxo quanto de capital de giro. Os bancos de investimentos costumam ainda atuar em
operações de maior escala com repasses de recursos ofciais de crédito, por exemplo,
do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), captações no exterior em
moeda estrangeira para repasses internos, fnanciamentos de bens de produção,
intermediação na colocação de títulos de dívidas emitidos por empresas etc.
[...] foram criados para canalizar recursos de médio e longo prazos para
suprimento de capital fxo ou de giro das empresas. Seu objetivo maior
é o de dilatar o prazo das operações de fnanciamento, sobretudo para
fortalecer o processo de capitalização das empresas, através da compra
de máquinas e equipamentos e da subscrição de debêntures e ações.
124
TÓPICO 3 | MERCADO DE VALORES MOBILIÁRIOS
LEITURA COMPLEMENTAR
FONTE: <http://www.investidor.gov.br/portaldoinvestidor/export/sites/portaldoinvestidor/
publicacao/Livro/LivroTOP-CVM.pdf>. (2014, p.54).
125
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Uma empresa não precisa fcar restrita à sua geração de lucros ou novos aportes
de seus acionistas para fnanciar seus planos de investimentos. Pode captar
recursos junto a novos investidores por meio de emissão de ações.
• Uma empresa de capital aberto é aquela que tem seus títulos negociados
publicamente.
126
AUTOATIVIDADE
127
UNIDADE 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
129
UNIDADE 3 TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Daremos início aos nossos estudos sobre os Produtos
de Investimento Financeiro. Nesta primeira unidade, a intenção é fazer com que
você compreenda os principais Produtos de Investimento Financeiro presentes
no dia a dia.
131
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
2 TIPOS DE INVESTIMENTO
Os Produtos de Investimento Financeiro, também conhecidos como
ativos fnanceiros, são utilizados para diversas fnalidades e por diversos agentes
econômicos. As famílias, as empresas, as instituições fnanceiras e também o
próprio Estado realizam investimentos através de diversos produtos, cada qual
com seus objetivos. Para começarmos a entender o que os Produtos de Investimento
Financeiro representam para a economia, é importante compreender qual é a
motivação para a realização de investimentos e o que são esses produtos.
132
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
TE
IMPORTAN
133
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
134
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
O que acontece é que o dinheiro que os bancos emprestam não é deles, mas
sim de clientes que fazem investimentos em produtos de investimento fnanceiro.
Esse também é o meio pelo qual os bancos têm lucros fnanceiros e sustentam
suas operações, o chamado Spread bancário.
TE
IMPORTAN
Spread bancário é a diferença entre a taxa de juros que o banco paga para quem
investe (empresta) dinheiro para o banco e a taxa de juros que o banco cobra de quem ele
empresta dinheiro. Por exemplo: se você colocar seu dinheiro na poupança e receber 1%
ao mês de juros, é esse dinheiro que o banco utiliza para emprestar para outros clientes,
por meio de financiamentos ou empréstimos, cobrando uma taxa de juros de 9% ao mês.
A diferença entre o 1% que o banco remunera para você, que investiu na poupança, e os
9% que o banco cobra de quem pegou dinheiro emprestado com ele é o Spread bancário.
135
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
Mas como o banco faz para obter esse dinheiro? Como ele capta recursos
para fnanciar seus investimentos em empréstimos e fnanciamentos, por exemplo?
Existem diversas formas. As mais comuns, e signifcativas, são as LCIs (Letras de
Crédito Imobiliário) e LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio), que veremos
a seguir, e o CDB (Certifcado de Depósito Bancário). Também conhecido como
depósito a prazo, o CDB é um dos instrumentos de captação de recursos dos
bancos e representa um depósito a prazo realizado por um investidor para a
instituição fnanceira (NARDINI, 2018). O que o banco faz, ao ofertar CDBs para
investidores, é captar recursos com a fnalidade de desenvolver suas atividades
(ofertar empréstimos, fnanciamentos etc.). Mas o que faz o CDB ser atrativo? Neste
caso, como os bancos estão “pegando emprestado” dinheiro, há uma promessa de
que ao fnal de determinado período (período de investimento do CDB), o dinheiro
seja devolvido acrescido dos juros deste mesmo período. O CDB, mesmo que seja
nominado como Certifcado de Depósito Bancário, é diferente daquele depósito
realizado nos caixas eletrônicos, ou no atendimento dos bancos. É um produto de
investimento, uma maneira de investir seu dinheiro, fazendo com que renda juros.
• Uma delas é caso de o CDB possuir liquidez diária. Quando o contrato oferece
ao investidor liquidez diária, possibilita que haja resgate, a qualquer momento,
do valor principal acrescido dos juros, devolvendo, assim, o valor do principal
mais os juros até a data do resgate. E o prazo de vencimento? Neste caso ele
não importa muito, devido à sua característica de liquidez diária.
• Outra maneira de reaver o valor investido, mesmo que não se trate de um
CDB com liquidez diária, é o investidor realizar a venda da sua posição (CDB)
no mercado secundário. Porém, pode ocorrer de não haver liquidez imediata
para o valor investido (caso seja um valor alto). Salvo essas duas alternativas,
o investidor deverá aguardar o vencimento do CDB para que lhe seja pago
o valor do investimento mais os juros incorridos no período de investimento
(NARDINI, 2018).
137
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
Mas qual a diferença entre escolher por um CDB com liquidez diária ou
não? Essa é uma pergunta fácil de se responder. Como os CDBs que possuem
liquidez diária geram incertezas para a instituição de quanto e quando o investidor
solicitará o dinheiro do investimento, elas oferecem esses contratos com uma
rentabilidade inferior àquelas dos CDBs em que o investidor só pode resgatar o
valor aplicado ao fnal do prazo contratado. Outro questionamento recorrente é
relacionado a qual a remuneração se recebe investindo em um CDB? No caso dos
CDBs, há duas maneiras pelas quais o investidor é remunerado. Veja só, o contrato
pode estabelecer uma remuneração fxa, o que chamamos de CDB com taxa
prefxada, ou pode conhecer a remuneração com exatidão, apenas no momento do
resgate, o que chamamos de CDB com taxa pós-fxada. Por exemplo: ao investir R$
10.000,00 em um CDB prefxado que remunere a uma taxa de 7,5% a.a., ao fnal de
um ano você sabe que receberá (antes de impostos) R$ 750,00. Cabe aqui lembrar
que há incidência de IR sobre rendimento fnanceiro, como veremos no Tópico 3
desta unidade. Os CDBs com taxas pós-fxadas normalmente utilizam a Taxa DI
como taxa de juros referência, desta forma, o CDB é remunerado a partir de um
percentual dessa taxa. Portanto, um CDB pode remunerar 103% da Taxa DI. Mas o
que signifca isso? Signifca que o investidor receberá, no momento do resgate, uma
remuneração equivalente a 103% da Taxa DI observada no período entre a emissão
do CDB e o seu resgate, além do seu valor principal investido (NARDINI, 2018).
DICAS
TE
IMPORTAN
138
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
139
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
deve ser igual ou maior que o montante das emissões. Não havendo esse lastro,
a instituição não pode fazer emissão desses títulos (NARDINI, 2018). Qual a
importância de haver esse lastro? Quando as operações estão lastreadas, ou seja,
possuem uma garantia, o risco do investimento é consideravelmente reduzido,
fazendo com que a aplicação de montantes fnanceiros no investimento tenha
muito mais segurança. Em contrapartida, os retornos também são inferiores.
Porém, de acordo com os propósitos de investimento de cada investidor, não
deixa de ser uma opção a ser considerada para investimento.
NOTA
Semelhante à LCI, a LCA também precisa que seu valor seja lastreado,
ou seja, garantido por um ou mais créditos (neste caso referente ao agronegócio)
que sejam de propriedade da instituição que está emitindo o papel. No caso do
agronegócio, os lastros estão associados ao crédito rural de diversas maneiras,
por exemplo: direcionados à industrialização ou benefciamento de produtos e
insumos agropecuários e sua comercialização, e ainda podem estar relacionados
a máquinas e implementos ligados à produção agropecuária. Este lastro não
pode representar um valor inferior ao valor do título emitido, devendo assim
garantir seu valor em totalidade, e os prazos dessas garantias devem ser iguais,
ou maiores, aos prazos dos títulos em questão (NARDINI, 2018).
141
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
2.3.4 Debêntures
Como já vimos até aqui, os produtos de investimento fnanceiro têm
alguns objetivos primordiais, como a captação de recursos para disponibilizar
fnanciamento. Se observarmos a partir da ótica da instituição que emite o título,
essa captação de recursos passa a ser a fonte de novos investimentos que serão
realizados pela mesma. Os bancos, por exemplo, emitem esses títulos para
poder emprestar dinheiro (fnanciar) para outras empresas e assim obter lucros
fnanceiros por meio dessa intermediação (Spread).
142
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
As empresas, por sua parte, vão buscar os bancos para injetar capital e
desenvolver suas atividades. Elas captam recursos fnanceiros com instituições
credoras com diversas fnalidades, desde obter capital de giro, fnanciar projetos,
compra de máquinas etc. As empresas buscam esse fnanciamento por meio
de instituições fnanceiras e também diretamente com investidores. Até agora
tínhamos observado produtos cujas emissões eram feitas por instituições
fnanceiras, com objetivo de obter recursos para disponibilizar fnanciamento
para empresas, por exemplo. Porém, o mercado de capitais proporciona mais
do que apenas esse tipo de transação (no qual há necessidade de intermediação).
143
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
DICAS
Diferentemente das LCIs e LCAs que vimos até agora (que têm garantias
obrigatórias), a oferta ou não de garantias é determinada pela companhia emissora
e seus assessores fnanceiros na estruturação do título (debênture) (NARDINI,
2018). As debêntures são classifcadas de acordo com as garantias que possuem,
desta forma, temos mais de um tipo de debênture negociada e emitida pelas
empresas. Por exemplo:
144
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
• Debêntures com garantia real: oferecem aos investidores como garantia ativos
específcos (podendo ser um ou mais ativos) e esses ativos fcam vinculados
ao título (debênture) até que sejam cumpridas todas as obrigações legais pela
companhia emissora (vencimento).
• Debêntures com garantias futuantes: neste caso, a garantia são todos os ativos
da companhia emissora, porém não há vinculação de ativos específcos para
garantir a debênture em questão. Apesar de representar uma garantia sobre o
título emitido, é uma garantia mais “fraca” que a garantia real, justamente por
não vincular ativos específcos à garantia da debênture.
• Debêntures quirografárias: essas debêntures não oferecem nenhum tipo de
garantia e não conferem aos debenturistas nenhum privilégio em relação aos
ativos da empresa que emite a debênture.
• Debêntures subordinadas: são debêntures também sem garantia (como as
quirografárias), e que em caso de falência estarão atrás de todas as outras
debêntures na ordem de recebimento do valor devido.
• O contrato que prevê garantias reais será o primeiro a ser liquidado em caso
de falências, pois há ativos específcos da empresa que emitiu as debêntures
relacionados ao título, logo, em caso de falência, quando esses ativos forem
vendidos, o dinheiro deverá ser direcionado aos investidores que têm
debêntures com garantias reais.
• O segundo contrato a ser liquidado serão as debêntures com garantias futuantes.
Como ela não tem ativos específcos relacionados aos contratos, dependerá da
liquidação de todos os contratos com garantias reais e caso ainda restarem ativos
e dinheiro para liquidação desses contratos, serão então realizados.
• Logo após vêm as debêntures quirografárias, que não têm garantias, porém, em
caso de falência, serão quitadas logo após as debêntures com garantias futuantes.
• Por último, em caso de falência, serão liquidadas as debêntures subordinadas
que só têm preferência sobre os acionistas da empresa.
146
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
a empresa realizar uma oferta pública com esforços restritos. Neste caso, as
regras são mais fexíveis, o que faz com que os custos envolvidos na emissão se
tornem mais baratos para a empresa. A distribuição é restrita para um grupo
de 75 investidores, já a colocação dos papéis, ou seja, quem irá investir, não
pode ser um grupo maior do que 50 investidores. Por isso, “esforços restritos”.
A emissão é mais barata e a abrangência é menor, como podemos observar.
Além dessa restrição da quantidade de investidores, esses papéis só podem
ser destinados a investidores profssionais e esse tipo de emissão é regido pela
norma da CVM 476/09 (NARDINI, 2018).
• A outra maneira de ofertar as debêntures é a oferta privada dos papéis. A
empresa emissora seleciona os investidores para os quais será feita a oferta
desses títulos e não há oferta dos mesmos para o público. Os custos são menores
ainda do que os das ofertas públicas de esforços restritos, não há necessidade
de registro da emissão junto à CVM. Porém, a quantidade de recursos captados
também tende a ser inferior.
NOTA
147
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
sendo pago um percentual da taxa DI, por exemplo, o contrato prevê que será pago
110% da Taxa DI. Outra maneira é utilizando-se de um Spread acima da Taxa DI,
ou seja, se o investimento paga a Taxa DI + 3% a.a. (por exemplo) (NARDINI, 2018).
148
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
Os setores nos quais há esse incentivo são defnidos pela Lei nº 8.874/16, na
qual estão relacionados os setores prioritários para essas emissões de debêntures,
que são: logística e transportes, mobilidade urbana, energia, telecomunicações,
radiodifusão, saneamento básico e irrigação (NARDINI, 2018).
Mas o governo já não cobra diversos impostos, taxas e outras coisas para
captar recursos? Sim, o governo tem diversas formas de obter recursos fnanceiros,
e os títulos públicos são utilizados basicamente quando os impostos, taxas e
contribuições, que são pagos tanto por pessoas jurídicas como físicas, não são
sufcientes para cobrir com as suas despesas. Neste caso, quando essas arrecadações
149
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
não atingem a necessidade do governo, ele emite títulos públicos para cobrir essa
necessidade de recursos. Quais títulos são esses? Quais suas características? Onde são
negociados? Bem, essas são perguntas que responderemos a partir de agora, a fm de
compreender esse importante mecanismo do governo para obtenção de recursos e
também importante produto de investimento fnanceiro que temos no Brasil.
Como vimos até aqui, temos títulos pré e pós-fxados, e no caso dos
títulos públicos não é diferente. São cinco os títulos negociados hoje pelo Tesouro
Nacional (BRASIL, 2018), dois deles prefxados e três pós-fxados:
Prefxados
Tesouro Prefxado 20XX
Taxa Contratada Somente no vencimento
(LTN)
Tesouro Prefxado com Juros
Taxa Contratada Semestral e no vencimento
Semestrais 20XX (NTN-F)
Pós-fxados indexados à Inflação
Tesouro IPCA+ 20XX (NTN-B
IPCA + Taxa Contratada Somente no vencimento
Principal)
Tesouro IPCA+ com Juros
IPCA + Taxa Contratada Semestral e no vencimento
Semestrais 20XX (NTN-B)
Pós-fxados à Taxa Selic
150
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
Valor de Venda
Preço = du
(1 + Taxa) 252
Na qual:
• preço - é o preço do título na data de compra, que é o que queremos descobrir;
• valor de venda é R$ 1.000,00;
• taxa - é o rendimento oferecido pelo título;
• du - são os dias úteis entre a data de compra e o vencimento.
151
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
R$ 1.000,00
Preço = 755
(1 + 0,0932) 252
DICAS
Mas o que vai defnir efetivamente quanto o investidor vai receber pelo
título? Bem, como já vimos, nos títulos de renda fxa, quanto maior o prazo
investido, maior tende a ser a remuneração oferecida pelos emissores. No caso da
LTN não é diferente: quanto maior for o prazo, maior tende a ser a taxa oferecida
pelo Tesouro Nacional para remuneração. Neste caso, como o valor a ser recebido
sempre será de R$ 1.000,00 quanto maior o prazo, menos o investidor terá que
dispender na compra para investir na LTN.
152
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
• LFT – Tesouro Selic - como o próprio nome sugere, este título público tem sua
rentabilidade atrelada à Taxa Selic acumulada no período de investimento,
acrescido ou não de uma taxa de ágio (ou deságio), que pode ser acordada
no momento da compra. Como este já não é mais um título prefxado, sua
remuneração exata só será conhecida no momento do vencimento do título. Seu
fuxo de pagamento é semelhante ao da LTN, como podemos observar a seguir:
Data da Principal
Compra
Preço
Unitário
Investidor recebe o retorno
de seu investimento
153
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
• NTN-B – Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais - este título, também pós-
fxado, oferece uma taxa de juros previamente defnida, e somada a essa taxa
a variação do IPCA - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, ou
seja, é um título que está atrelado à infação. A taxa de juros predefnida para
o pagamento dos cupons é de 6% a.a., ou 2,96% ao semestre (taxa equivalente).
O fuxo de pagamentos é semelhante à NTN-F, conforme fgura seguinte:
154
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
Data da
Compra
Preço
Unitário Investidor recebe o retorno
de seu investimento
155
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
DICAS
TE
IMPORTAN
3.1 AÇÕES
Um dos principais instrumentos de renda variável são as ações. As ações
são pequenas partes do capital social de uma empresa. Mas de que empresa?
Ações não são partes de qualquer empresa, mas sim de empresas que possuem
característica de Capital Aberto, as conhecidas Sociedades Anônimas – S.A.
156
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
de seus investidores (aqueles que acreditam que a empresa irá prosperar e suas
ações vão valorizar) (NARDINI, 2018).
Até aqui tudo certo, mas e aí? Como assim, o investidor tem parte da
empresa? O que é isso? Por que é diferente? Primeiro, como o investidor compra
uma pequena parte da empresa, ele tem certos direitos. Esses direitos vão de
acordo com o tipo de ação no qual ele investe. Mas que negócio é esse de tipo?
157
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
As ações são divididas entre Ações Ordinárias e Ações Preferenciais. Cada tipo
de ação tem uma característica quanto à participação do acionista nas decisões da
empresa, recebimento de dividendos etc.
Como saber em que tipo de ação estou investindo? As ações têm códigos,
por exemplo: VALE3, BVMF3, ITUB4, BBDC4 etc. No caso da Bolsa Brasileira,
quando as ações têm 3 no fnal, representam Ações Ordinárias; quando o número
fnal é 4, representam Ações Preferenciais. Além dessas duas nomenclaturas, há
outras que também representam ações preferenciais e ordinárias (NARDINI, 2018).
DICAS
158
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
Agora que sabemos quais são as ações e onde comprá-las, como ganhar
dinheiro com isso? Existe mais de uma maneira de ganhar dinheiro com as ações,
vamos aprender um pouco como o investidor ganha (ou perde) dinheiro com
a aplicação de recursos fnanceiros em ações. Primeiro é importante observar
que, como a ação representa uma parte da empresa, quando a empresa obtém
lucros, o investidor possui direito a uma parte do lucro obtido. Essa distribuição
de lucros é chamada de dividendos, ou seja, empresas de capital aberto que
tiverem resultados positivos devem distribuí-los com seus acionistas conforme o
que constar em seus Estatutos Sociais. Mas não é todo o lucro que é distribuído,
afnal, as empresas precisam reinvestir dinheiro para continuar crescendo. O
que é distribuído é parte do lucro obtido no exercício e cada acionista receberá
dividendos de acordo com sua participação no capital da empresa (NARDINI,
2018). Atualmente, as empresas são obrigadas a distribuir, pelo menos, 25%
do seu lucro líquido, podendo distribuir muito mais de acordo com o que for
preestabelecido em seu estatuto social e objetivos da empresa.
159
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
160
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
interesse no ativo objeto do derivativo, ao contrário dos Hedgers, que têm esse
interesse. (LIMA et al., 2012)
Caro acadêmico! Agora que entendemos quem e por que esses investidores
utilizam os derivativos, vamos defnir as características de seus tipos: Futuros, a
Termo, Opções e Swaps.
As opções são contratos que dão direitos a quem investe nelas. Existem dois
tipos: opções de compra e opções de venda. As opções de compra dão direito ao
investidor de ter a opção de comprar os ativos negociados naquela opção; as opções
de venda dão o direito ao investidor de vender os ativos negociados naquele contrato
de opções. Mas o que é ter o direito de executar a opção? É poder ter a escolha de
comprar ou não (ou vender ou não) o ativo objeto daquela ação. Por exemplo, uma
opção de compra de um determinado lote de ações de uma ação da Petrobras a um
preço determinado em uma data futura. Ao comprarmos essa opção, poderemos ou
não executá-la e comprar essas ações. Isso dependerá do preço de mercado desse
ativo e suas variações até o fm deste contrato (LIMA et al., 2012).
Então, podemos achar que opções são fantásticas, pois nunca perderemos
dinheiro, visto que podemos escolher comprar/ou vender ou não esses ativos.
Caro acadêmico, para que esses contratos sejam possíveis, existe um prêmio a
ser pago por cada opção, e assim, quem as vende recebe esse prêmio. Caso o
investidor opte por não executar a sua opção, o vendedor da opção recebe esse
prêmio por “dar” esse direito ao investidor.
161
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
TE
IMPORTAN
Caro acadêmico: você sabe o que é um rating e para que ele serve?
Um rating é uma nota que as agências internacionais de classificação de risco de crédito
atribuem a um emissor (país, empresa, banco) de acordo com sua capacidade de pagar uma
dívida. Ele serve para que investidores saibam o grau de risco dos títulos de dívida que estão
adquirindo. Em geral, são três grandes níveis: grau de investimento (país seguro de investir),
grau especulativo (risco de inadimplência) e default (quando o país declara moratória). As
principais agências no mundo são a Standard & Poor’s (S&P), a Fitch e a Moody’s, que levam
em conta indicadores como gastos do governo, dívida externa e política monetária. Essas
notas influenciam decisões de investimento no mercado internacional e a tendência é que,
ao receber a classificação, o país atraia mais recursos estrangeiros. Além disso, cai o custo
do governo, até mesmo o de empresas privadas para captar recursos no exterior.
Você poderá avançar seus conhecimentos a respeito lendo este material na íntegra. Para
isso, acesse: https://oglobo.globo.com/economia/entenda-que-um-rating-para-que-ele-
serve-10238064.
162
TÓPICO 1 | PRODUTOS DE INVESTIMENTO FINANCEIRO
LEITURA COMPLEMENTAR
Lys Silva
1) O que é derivativo?
Derivativo é um instrumento fnanceiro cujo valor fnal depende (deriva), total
ou parcialmente, do valor de outro ativo, que pode ser uma ação, moedas,
juros, entre outros.
163
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
164
RESUMO DO TÓPICO 1
• Risco de crédito é o não pagamento por uma empresa das suas obrigações em
alguma operação comercial.
• A taxa pela qual o CDB irá remunerar o investidor pode ser prefxada ou pós-
fxada.
165
preços e 12 meses quando houver reajuste anual. Seu rendimento é realizado
de maneira pré ou pós-fxada.
166
• A NTN-B e NTN-B Principal são atreladas ao índice de infação (IPCA) e
remuneram um percentual acima da infação transcorrida no período. A
diferença é que a NTN-B tem pagamento de cupons semestrais e a NTN-B
Principal não tem.
• Ações são pequenas partes de uma empresa de capital aberto vendidas nas bolsas
de valores e quem as compra (acionistas) se torna dono de uma parte da empresa.
• Para comprar ações é preciso procurar por instituições autorizadas para operar
com ações.
• Os derivativos recebem esse nome pois são atrelados a um ativo objeto, tendo
seu preço derivado deste ativo e são investimentos com liquidação futura.
167
AUTOATIVIDADE
3 Por que existem CDBs com prazos diferentes e qual a vantagem desses
títulos?
168
20 O que é um Derivativo?
169
UNIDADE 3 TÓPICO 2
PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS
1 INTRODUÇÃO
Conhecer os tipos de investimento é importante. Porém, para conhecer
ainda mais sobre os investimentos você precisa ir além. São diversos aspectos
que o levarão a obter um know-how aprofundado a respeito dos investimentos
fnanceiros. Conhecer os tipos de investimento é apenas um dos aspectos que
você precisará saber para entender deste mundo.
171
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
172
TÓPICO 2 | PRECIFICAÇÃO DE ATIVOS
DICAS
173
RESUMO DO TÓPICO 2
• O CAPM é baseado na ideia de que o investidor quer ter como retorno uma
remuneração de baixo risco, conhecida como a Taxa Mínima de Atratividade
(TMA) do investimento, e além dessa taxa, ele deseja ainda receber um prêmio,
uma taxa além da TMA, pelo risco da aplicação que ele está fazendo.
174
AUTOATIVIDADE
1 O que é CAPM?
175
UNIDADE 3 TÓPICO 3
TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Agora que já conhecemos os investimentos e uma das
maneiras de avalia-los, precisamos entender também qual será nosso retorno
líquido com esses investimentos. Como todos sabemos, no Brasil temos diversos
impostos e taxas a pagar. Para os investimentos não é muito diferente. Cada
investidor deve estar ciente de que, para os diversos tipos de investimento, ele
estará sujeito ao pagamento de impostos sobre os rendimentos.
178
TÓPICO 3 | TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
179
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
Por fm, dos instrumentos de renda fxa, os títulos públicos têm incidência
de imposto de renda bastante semelhante aos demais. Não contam com isenção e
o imposto é aplicado sobre os rendimentos conforme a tabela. Para investimentos
com pagamentos periódicos de juros, a alíquota é aplicada de forma semelhante
à das debêntures: se o primeiro pagamento correr entre 180 dias, a alíquota é
uma; se o segundo correr entre 181 e 360 dias é outra, e assim por diante. O
recolhimento também é na fonte e a responsabilidade é da fonte pagadora, ou
seja, do emissor do título (NARDINI, 2018). A tabela seguinte apresenta o prazo e
as alíquotas pagas pelos investidores conforme o rendimento auferido.
TABELA 7 – IOF APLICADO AOS TÍTULOS PÚBLICOS COM RESGATE EM ATÉ 30 DIAS
180
TÓPICO 3 | TRIBUTAÇÃO DE RENDIMENTOS
Além dessas regras comuns a quase todos os títulos de renda fxa, os títulos
públicos têm uma particularidade: para investidores não residentes e fundos
de investimento exclusivos para não residentes (mínimo de 98% dos recursos
aplicados em títulos públicos federais), o imposto tem alíquota zero e na liquidação
das operações de câmbio, que tem fnalidade de ingresso de recursos para aplicação
em títulos públicos, também o IOF tem alíquota zero (NARDINI, 2018).
181
UNIDADE 3 | MERCADO FINANCEIRO DE CAPITAIS
Como vimos, caro acadêmico, a venda das ações não é a única maneira de o
acionista auferir lucros com esse investimento. Temos os dividendos e os juros sobre o
capital próprio. Os dividendos estão isentos de imposto de renda, pois, como eles são
pagos a partir do lucro líquido da empresa, já houve incidência de imposto de renda
nesse valor (pagos pela companhia). E os juros sobre capital próprio têm incidência
de imposto de renda a uma alíquota de 15%, tributados na fonte e, portanto, o valor
que o acionista receberá já será o valor sem o imposto (NARDINI, 2018).
182
RESUMO DO TÓPICO 3
183
AUTOATIVIDADE
184
REFERÊNCIAS
ANBIMA. Modelo de Escritura de Emissão de Debêntures. 2015.
Disponível em: htp://www.anbima.com.br/data/fles/E0/A1/B2/
F3/532085106351AF7569A80AC2/ModelodeEscrituradeEmissaoDebentures-
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