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problemas de infertilidade
Resumo
Abstract
This work falls within the field of social psychology and seeks to provide a systematic
approach to social prejudice in families with infertility problems, given that within the
Angolan social environment there is a negative social representation of families facing
problems related to infertility. In the first part of the paper, we present a set of
definitions of prejudice, while also referring to the family and the need to have children,
the problem of infertility and social perception. The last part of the paper presents the
main methodology used in this work.
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Résumé
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O fenómeno do preconceito social em famílias com problema de infertilidade não é
moderno, já se arrasta desde os tempos mais remotos. É factível em algumas sociedades
verificar que muitas famílias têm sido alvo de preconceito social devido a ausência de
filho no casamento. E este facto tem comprometido a saúde emocional de tais casais.
Nunca na sociedade se discutiu tanto, como nos últimos tempos, sobre a diversidade
humana. Na atualidade somos chamados a refletir acerca das diferenças que compõe a
sociedade. A tolerância, o respeito, a aceitação, mas também a violência, o preconceito,
a discriminação, entram na pauta das discussões. (Gomes,2015). A ausência
involuntária de filhos gera situações de tensão. O quadro da formação histórica do
modelo atual de
família é uma chave para compreendê-las. No tocante ao surgimento da organização
moderna de família, a chamada “família nuclear”, a interpretação mais corrente entre os
historiadores é a de que o núcleo familiar do casal e seus filhos tem se autonomizado em
relação à família extensa (Luna apud Ariès,2007).
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´´considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um
vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode
ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados
são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas. ´´ Silva (2005, P.20).
1. Definição de preconceito
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A família, em geral, é considerada o fundamento básico e universal das sociedades, por
se encontrar em todos os agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o
funcionamento. De modo geral é o casamento que estabelece os fundamentos legais de
família, mas pode haver famílias sem casamento. A família ´´é um grupo social
caracterizado pela residência comum, com cooperação econômica e reprodução. ´´
(Murdoch, cit. por Pacatos, 1990, P.169). Também podemos defini-la como ´´um grupo
social cujos membros estão unidos por laços de parentesco. ´´ (Belas e Hoijer,1969,
idem,1990P.169).
A família pode ser pensada sob diferentes aspectos: como unidade doméstica,
assegurando as condições materiais necessárias a sobrevivência, como instituição,
referência e local de segurança, como formador, divulgador e contestador de um vasto
conjunto de valores, imagens e representações, como um conjunto de laços de
parentesco, como um grupo de afinidade, com variados graus de convivência e
proximidade... e de tantas outras formas. Existe uma multiplicidade de formas e sentidos
da palavra família, construída com a contribuição das várias ciências sociais e podendo
ser pensada sob os mais variados enfoques através dos diferentes referenciais
acadêmicos. Vilhena (s/d, P.1).
3. Problema da infertilidade
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“O desejo de um casal pela parental idade reflete em partes as necessidades psicológicas
mais íntima de cada cônjuge e a concretização desse desejo depende de vários fatores
psicossociais, incluindo os processos interpessoais entre os cônjuges e as dinâmicas
familiares. Caso o desejo de uma gravidez não se realize, o casal se depara com o
problema da infertilidade. Uma série de sentimentos pode eclodir.” (Idem,2008, P.1).
4. A percepção social
Chama-se percepção social “ao processo pela qual formamos impressões a respeito de
uma outra pessoa ou grupo de pessoas. Sobre as pessoas nunca temos percepções
desconexas ou isoladas, mas sempre integramos observações numa impressão unificada
e coerente, mesmo que para isso precisemos inventar ou distorcer características
percebidas.” Braghirolli e outros (2015, P.78).
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5. Métodos e materiais
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importância para a descoberta dos significados dos comportamentos das pessoas de
determinados meios culturais”. Manzini, (s/d, P.5).
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Para o nosso caso, obtivemos uma taxa de concordância de 60%, ou seja,
inferior ao recomendado. No entanto, analisando a taxa de concordância por pergunta,
observou-se que apenas as questões 2 e 5, possuíam uma taxa inferior a 75%. As
mesmas foram eliminadas, enquanto as questões cujas taxas de concordância oscilavam
entre 75 % e 83, % sofreram algumas modificações.
7. Resultados
1. Descrição das características dos participantes no estudo
Vamos descrever os participantes do estudo para distribuilos consoante as variáveis
sócio-demográficas selecionadas.
Tabela nº1: Perfil dos Participantes
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Para o efeito, foi necessário apresentar a nuvem de palavras que pode ser definida
como uma lista hierarquizada visualmente, é uma forma de apresentar os itens de
conteúdo de um website. (Autor desconhecido).
Conforme se pode ver na ilustração 2 a nuvem de palavras. Tal como podemos olhar
nas palavras plenas, a palavra Preconceito. A par disso, também é importante
visualizarmos os diferentes contextos nos quais a palavra-forte “Preconceito” aprece no
corpus do texto.
A ilustração 3 apresenta uma amostra da árvore de palavras, respondendo assim ao
objetivo que é de identificar os contextos ou o “universo de
referência” em que a palavra-forte aparece.
Para a interpretação da árvore de palavras temos de considerar primeiro “a
proposição que associa um argumento a um predicado; os verbos e, por fim, identificar
os referentes (substantivos, pronomes ou equivalentes) que têm valor referencial.
(Bardin, 2011, p.236) citado por Simões, (2020).
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Ilustração 3- Amostra de árvore de palavras
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Na análise da frequência ou ocorrência das palavras, é importante fixarmos no
seguinte:
Quais são as palavra com maior ocorrências? A resposta a esta questão leva-nos
à essência da percepção que os inquiridos têm sobre o evento em estudo. Ou seja, as
palavras mais frequentes levam-nos ao sentido e ao significado que os inquiridos
atribuem a um determinado fenómeno ou evento.
Quais são as palavras com menos ocorrências? São geralmente as últimas que
podem significar pouca importância atribuída aos evento ou fenómenos pelos
inquiridos.
Quais são as palavras omissas, inferidas da teoria (dimensões do conceito) que
também “falam” (Simões, 2006). Neste caso das duas umas: ou não são importantes ou
estão ligadas a eventos traumatizantes.
Quadro 1. Amostra sistematizada das palavras plenas obtidas nas entrevistas que
aprecem com as respetivas frequências, referentes à nuvem de palavras
apresentado na ilustração.
Ocorrência Ocorrência
Palavras Palavras
(Frequências) (Frequências)
Que 95 Por que 27
Por 56 Para 26
Preconceito 51 Pode 20
Infertilidade 48 Mais 19
Casal 41 Percepção 16
Famílias 35 Casais 14
Não 33 Épocas 6
Fonte: Elaborada pelo autor com auxílio do software Nvivo 12 (2024)
Olhando para a amostra da ocorrência de palavras, podemos referir que uma das
palavras mais referidas foi a palavra preconceito. Com tudo foi uma das palavras mais
referidas por se tratar do principal objeto de análise da nossa investigação. Isto
demonstra a preocupação dos sujeitos da entrevista em manifestar as suas percepções
sobre o preconceito em famílias com problema de infertilidade.
Note-se que a palavra Voltarem foi a menos referida. E se olhássemos para as
palavras omissas, podemos, por exemplo, referir a palavra Casamento. Isso pode
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mostrar que alguns jovens percebem que as famílias unidas pelo casamento civil têm
sido mais alvos de discriminação em relação à problema de infertilidade.
3. Análise categorial
Um outro objetivo foi o de desmembrar o texto em categorias e subcategorias e
posicioná-las nas correspondentes unidades de registo e de contexto. Para o efeito,
recorremos à análise categorial. Esta análise, conforme Bardin (2016) citado por
Sampaio e Lycarião, (2021, P.14). É um conjunto de análise das comunicações visando
obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de discrição dos conteúdos das
mensagens, indicadores quantitativos ou não que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção ou recepção (variáveis inferidas)
destas mensagens.
Tabela 1- Análise categorial
UNIDADE DE
TEMA CATEGORIAIS SUBCATEGORIAS UNIDADE DE CONTEXTO
REGISTO
A
percepçã
o dos
jovens
sobre o “Em famílias com
preconce problemas de P-5” Eu acho que o preconceito em
ito em infertilidade encoraja- famílias com problema de infertilidade
famílias Infertilidade Infecundo os a lutar pela busca do pode os encorajar a lutar pela busca do seu
com primeiro filho” primeiro filho”
problem
a de
infertilid
ade
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Percepção em famílias P2- “Na minha percepção é que não tem
com problemas de sido boa, normalmente as famílias com
Famílias Grupo social
infertilidade este tipo de problema têm tido muitos
conflitos”
Nesta categoria, a unidade de registo demonstra esta intenção. A escolha desse tema
e seu agrupamento nessa categoria se deveu a repetição do termo na minha percepção
tem sido preconceito negativo em quase todo o discurso. Para a unidade de contexto, a
expressão encontrada foi: “Por que a sociedade julga-os por não terem filhos, sabendo
que o objetivo do casal é formar família para que eles sejam felizes”
Na terceira unidade, temos a palavra Casal. Ela aparece aqui por se constituir num
dos objetos relevantes para a nossa pesquisa. A expressão encontrada foi: Por que
acreditam que se um casal não tem filho, então não é uma família” de acordo com a
expressão encontrada podemos observar que este nível de percepção precisa ter um
reparo.
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Por fim, temos a quarta categoria (Famílias), que são conjunto de grupo sociais e
conhecida como o núcleo fundamental e organizacional da sociedade. A expressão
encontrada foi: Percepção em famílias com problemas de infertilidade.
Contudo, esta expressão nos ajudou a compreender que maior parte dos sujeitos
inqueridos tiveram uma percepção equilibrada com relação ao preconceito em famílias
com problemas de infertilidade.
4. Análise temática
Outro objetivo específico foi o de sondar a percepção dos jovens do município de
Luanda sobre o preconceito em famílias com problema de infertilidade. Para isso
recorremos à análise temática.
P1- “Por que a sociedade julga-os por não terem filhos, sabendo que o objetivo
do casal é formar família para que eles sejam felizes”
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A terceira unidade temática tem como categoria a palavra casal.
Que é definida como par formado pelos cônjuges, conjunto de duas pessoas que
têm uma relação sentimental e/ou sexual. (Dicionário online Priberam de português).
P-3 “Pois aos africanos é obrigatório fazer filhos por causa da continuidade
familiar”
P2- “Na minha percepção é que não tem sido boa, normalmente as famílias com este
tipo de problema têm tido muitos conflitos”
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7.2 Sexo
A distribuição dos “nós” em função do sexo pode ser vista no quadro que abaixo
se apresenta. Nota-se que a palavra Preconceito é a que apresenta a maior frequência.
Contudo dos sujeitos inqueridos (2,01%) dão maior importância a palavra Preconceito,
ao passo que (0,04%) dos inqueridos dão menos importância a palavra Épocas, desta
forma podemos entender que a palavra Preconceito tera sido mais referenciada por ser o
principal elemento da nossa pesquisa.
100%
Contagem de referência de codificação
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Casal 1 Famílias 2 Infertilidade 3 Preconceito 4
Masulino 1 Feminino 2
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Fonte: elaborada por mãos próprias
7.3 Idade
Outra variável sócio demográfica considerada foi a idade. Observa-se no quadro
abaixo que a palavra ou código mais referido foi a palavra Preconceito e com maior
frequência nos sujeitos com 38 anos de idade, ou seja, 13 referências o que equivale a 2,
0.1%. Uma das explicações para que isso aconteça é o facto de que a palavra
Preconceito se constituir num dos principais elementos da nossa pesquisa.
Quadro nº2: Distribuição dos “nós” pela idade
A: Entrevistado: B: Entrevistado: C: Entrevistado: D: Entrevistado: E: Entrevistada:
idade 30 idade 25 idade 35 idade 32 idade 38
1: Casal 8 10 9 6 8
2: Famílias 5 8 7 6 9
3:Infertilidade 10 8 8 9 13
4 :Preconceito 7 11 10 10 13
60
50
40
30
20
10
0
Casal Familias Infertilidade Preconceito
sujeito 1: idade 30 sujeito 2: idade 25 sujeito 3: idade 35 sujeito 4: idade 32 sujeito 5: idade 32
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7.4 Nível de escolaridade
Por último, temos o nível de escolaridade como uma das variáveis
sociodemográficas consideradas conforme se pode ver no quadro que abaixo se
apresenta. Nota-se nele que a maior parte dos sujeitos entrevistados são licenciados.
Quadro nº3: Distribuição dos “nós” pelo nível de escolaridade
Sujeito: Sujeito: Sujeito: Sujeito: Sujeito:
escolaridade= escolaridade= escolaridade= escolaridade= escolaridade=
Técnico Médio Licenciado Licenciado Licenciada Técnico Médio
1: Casal 8 10 9 6 8
2: Famílias 5 8 7 6 9
3:Infertilidade 10 8 8 9 13
4 :Preconceito 7 11 10 10 13
60
50
40
30
20
10
0
1: Casal 2: Famílias 3:Infertilidade 4 :Preconceito
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8. Análise de clusters
Uma das análises que também se tem utilizado, e agora com maior frequência, na
investigação qualitativa é a análise de clusters. De acordo com a Wikipédia, o clustering
ou análise de agrupamento de dados é o conjunto de técnicas de prospecção de dados
que visa fazer agrupamentos automáticos de dados segundo o seu grau de semelhança.
Para a análise das diferenças e semelhanças entre os dados é usual recorrer-se ao
dendrograma que é um tipo especifico de diagrama ou representação icónica que
organiza determinados fatores e variáveis, que apresentamos mais abaixo. Uma das
grande utilidade do dendrograma é de mostrar as relações das amostras agrupadas
Ilustração 2:Dendrograma
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A partir do dendrograma acima apresentado é possível identificarmos índices de
similaridade ou de relação em dois subgrupos. Assim, o primeiro grupo é composto
pelas categorias Casal e Famílias e o segundo grupo relacionado com o segundo
clusters, é composto pelas categorias Infertilidade e Preconceito. Contudo, no entanto o
preconceito tem sido maior sido em famílias com problemas de infertilidade.
Casal
Famílias Preconceito
Infertilidade
Umas das hipóteses compreensivas a ser testada num estudo qualitativo pode
ser: Percepção dos jovens do município de Luanda, sobre o preconceito em famílias com problemas
de infertilidade.
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9. Conclusões
Com este trabalho científico constatou-se que houve uma grande necessidade de se
realizar este estudo, pois que no domínio da nossa entrevista pudemos percepcionar que
alguns entrevistados têm uma percepção razoável sobre a infertilidade, pois que, maior
parte deles a confundem com esterilidade. E outros entrevistasdos foram muito
agressivos nos seus comentários, alegando que não se pode considerar casais que não
têm filhos como uma família. Facto que, em função das lacunas que este estudo
apresenta, pedimos a outros investigadores que no domínio das suas actividades
científicas venham a realizar estudos dessa natureza, para que possam trazer um
conheciemento mais profundo e concreto sobre o problema em análise. Contudo,
esperamos que este trabalho científico venha contribuir significativamente numa nova
forma de perceber dos jovens em matérias relacionadas a infertilidade nas famílias,
evitando assim, uma atitude preconceituosa e agressiva.
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Bbliografia
(www.significados.com.br.)
Zassala, C. (2013). Psicologia Social-compreensão da interação humana. Luanda:
Editora Muamba.
Silva, L.(2005). Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. Florianópolis.
Braghirolli E Outros. (2015).Psicologia geral. 36ºed. Petrópolis, editora vozes.
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