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INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO CONSUMO DE ÁLCOOL EM ADOLESCENTES

Armando Domingos
Mestrando em Desenvolvimento Humano e
Educação na Universidade Jean Piaget,
Beira, 2020.
Email:armandodomingos2015@gmail.com

Paulo Zebo Bulaque


Professor Doutor, em Psicologia Aplicada,
Docente do Módulo de Intervenção em
Educação Familiar.
Email:bulaque@gmail.com

Resumo
O presente artigo do Módulo de Intervenção em Educação Familiar, pretende reduzir o
consumo de álcool nos adolescentes. Em virtude da efetivação deste objectivo, recorreremos a
metodologia de pesquisa bibliográfica, que auxiliou-nos na pesquisa de livros e artigos científicos que
abordam relativamente a influência da família no consumo de álcool em adolescentes. A literatura
mostrou claramente que, a família influência negativamente e positivamente os adolescentes no
consumo de álcool, visto que, eles são submetidos no ambiente de álcool, pois serão susceptíveis a
consumi-los. E ficou claro que, o consumo de álcool põe em causa a saúde mental e física dos
adolescentes, e não obstante terem problemas familiares e sociais como a morte, e criminalidade. Para
intervenção sobre o tema em alusão, definimos a amostra aleatória de 60 pacientes (adolescentes e
famílias) do Posto Administrativo da Munhava), no entanto, essa intervenção será necessária
articulação de vários profissionais como: um Psicólogo clinico, que será responsável da saúde mental,
assistente social como coordenador e a participação do médico, duas enfermeiras, duas técnicas de
enfermagem e dois auxiliares de Enfermagem, além dos 6 Agentes Comunitários de Saúde, A
intervenção contemplará três sessões, uma etapa diagnóstica, uma de intervenção e uma de avaliação,
com vista a reduzir o índice de consumo do álcool nas famílias sobretudo nos adolescentes.

Palavras-chave: Adolescência, Álcool e Família.

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I. INTRODUÇÃO

O presente artigo do Módulo de Intervenção em Educação Familiar, visa reduzir o


consumo de álcool nos adolescentes. Para alcance do objectivo definido neste artigo,
recorreremos a metodologia de pesquisa bibliográfica, onde ajudou-nos na consulta de livros e
artigos científicos que debruçam-se sobre a influência da família no consumo de álcool em
adolescentes.
Nesse âmbito, importa referir que, dentre as várias influências no consumo de álcool
em adolescentes, destaca-se a família como principal mentora neste cenário, porque a família
é a base da educação do adolescente. Nesse âmbito, se a família pautar em adoptar estilo
educativo parental permissivo poderá pôr em causa a vida do adolescente, tal como
verificamos no Posto Administrativos da Munhava, onde muitos adolescentes aderem
consumir as bebidas alcoólicas antes da idade adulta, repercutindo nos problemas biológicos,
psicológicos e sociais.

A escolha do tema “Influência da Família no Consumo de Álcool em Adolescentes,”


surge como reflexo de vários momentos observados e vivenciados no Posto Administrativo da
Munhava, entretanto, verificamos índice elevado de adolescentes consumindo as bebidas
alcoólicas nas suas casas e locais de venda dessas bebidas, que põem em causa a sua saúde
mental e física, além de outras perturbações mencionadas acima., neste contexto, o consumo
de álcool na camada dos adolescentes é um assunto preocupante, pois muitos deles consomem
na tentativa de se transformar mais corajosos ou capazes de fazer o que não consegue fazer
quando estiver sério. Isso tem sido sob influência de família muitas das vezes no consumo de
álcool.

Para o autor deste trabalho, o tema interessou-lhe também porque na qualidade de


profissional com conhecimentos, habilidades e atitudes na área de Desenvolvimento Humano
e Educação, sente-se capaz de contribuir para inversão desta situação a partir deste estudo que
irá culminar com definição de propostas de intervenção capazes de minimizar esse problema.
Motivado para aprofundar a temática, pensamos também em desenvolver esta pesquisa no
sentido de aprofundar o principal factor que influencia os adolescentes no consumo de álcool.

Nessa perspectiva o presente artigo científico, obedece a seguinte estruturação com


vista a facilitar a compreensão: quatros capítulos, sendo o primeiro intitulado introdução, o
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segundo capítulo, a revisão da literatura e o terceiro capítulo, intervenção, e o quarto capítulo
é da conclusão e por fim temos as referências bibliográficas.

II. REVISÃO DA LITERATURA

Este capítulo trata de abordagens do tema buscando subsídios inerentes aos conceitos e
reflexões do ponto de vista de diferentes fontes a que foram consultadas. No entanto baseia-se
nos conceitos-chave que conduzem a compreensão e a importância do tema.

2.1. Origem do álcool

Segundo Mello at. et. apud Texeira (2007:12), álcool é tão antigo quanto a própria
humanidade, o homem consome-o desde sempre pois a fermentação do fruto foi um grande
mistério e já os nossos antecedentes primatas conseguiam produzir leves intoxicações
mediantes este processo.

O consumo de álcool, nas diferentes civilizações inicia-se com a evolução neolítica,


onde, se dá um avanço nas tecnologias de fermentação, o que contribui para um, aumento da
população de matérias-primas, como a cevada e frutas (idem, p.12)

O hidromel (mistura fermentada de agua e mel) e cerveja, desde os milhares de anos,


as mais consumidas. Registo adaptados de 2200 a.c aponta para um já consumo desta bebida
existem também registo de 500 a.c na Babilónia de consumo de cerveja e vinho de palma. Os
antigos egípcios tinham destilarias já cerca de 6 mil anos e praticava o culto Osilis como
forma de agradecimento pela dádiva da cevada. (idem, p.13)

Os gregos, por sua vez transferiam esse mesmo culto para Dionísio, onde ofereciam
bebidas alcoólicas a Deuses e a saldados para facilitar as relações interpessoais. Os romanos
agradeciam ábaco e criação de vinho (vinho de divino) e foram eles que contribuíram para a
regulação da produção e da sua distribuição pela Europa (Mello at. al, apud Texeira,
2007:12).

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2.2. Conceitos básicos

2.2.1. Família
Segundo Minuchin (1985), apud Faco & Melchiori (2019, p.122), a família é um
complexo sistema de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas
diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor adaptação possível para a
sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo.
O sistema familiar muda à medida que a sociedade muda, e todos os seus membros
podem ser afetados por pressões interna e externa, fazendo que ela se modifique com a
finalidade de assegurar a continuidade e o crescimento psicossocial de seus membros. (idem)
A família se constitui em um sistema em que o comportamento de cada um dos
membros não é suficiente para explicar o comportamento dos outros membros, embora
possam dizer muito a respeito do indivíduo e, consequentemente, da família. Para compreender
uma determinada família não basta a soma da análise de seus membros individualmente
(Cerveny, 1994, apud Gomes, 2012). Por ser uma unidade composta de elementos ou
membros que se relacionam, uma mudança na vida de um de seus membros afeta toda a
família (Galera & Luís, 2002 apud Gomes, 2012).

Carter & Mcgoldrick (1995), et al. apud Faco & Melchiori (2019, p.122), abordam
que:
A família representa o espaço de socialização, de busca coletiva de
estratégias de sobrevivência, local para o exercício da cidadania, possibilidade para o
desenvolvimento individual e grupal de seus membros, independentemente dos
arranjos apresentados ou das novas estruturas que vêm se formando. Sua dinâmica é
própria, afetada tanto pelo desenvolvimento de seu ciclo vital, como pelas políticas
econômicas e sociais

Para a psicologia, a família é:


Um grupo de pessoas, vivendo em uma estrutura hierarquizada, que convive
com uma proposta de uma ligação afetiva duradoura, incluindo uma relação de
cuidado entre adultos e deles para crianças e idosos que aparecem no contexto. Pode-
se também entender como uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões
afetivas e assume um compromisso de cuidado mútuo e, se houver, com crianças,
adolescentes e adultos. (Carnut & Faquim, 2014, p.63)

Nessa perspectiva psicológica, pode-se entender a família como um grupo de coesa


relação interpessoal, ocasionada de forma impositiva ou não e que se observa, mesmo que
minimamente, alguma relação de hierarquia e cuidado entre seus membros.

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Já para sociologia família é: Um grupo que apresenta organizações estruturadas para
preencher as contingências básicas da vida biológica e social. Trata-se de uma unidade social
básica , ou seja, o grupamento humano mais simples que existe, por isso a família é a
instituição básica da sociedade.(idem, p.63

Ficou claro que, a família deve ser vista como sistema de organização, justamente
porque contempla membros familiares como: pai, mãe, filho, entre outros que relacionam-se
entre si, além de prover o bem-estar de todos os membros existentes nela, sendo assim os pais
devem moldar os seus filhos tendo em conta os padrões aceitáveis e referenciais para que os
seus descentes possam dar continuidade com os modelos adequados de vivência.

2.2.2. Adolescência

Segundo Eisenstein apud Oviedo (2014, p.9), diz que, a adolescência pode ser
conceituada como um período de transição entre a infância e a vida adulta, no qual é possível
observar claramente os diferentes aspectos do desenvolvimento físico, mental, emocional,
sexual e social

Para Perin e Conte (2018;7), A palavra “adolescer ou adolescere”, do latim, significa


crescer, desenvolver-se. A adolescência para Ferreira (1999:55), é “o período da vida humana
que sucede à infância, começa com a puberdade e se caracteriza por uma série de mudanças
corporais e mentais que aquente no período correspondente de dozes aos trintas anos”.

De acordo com Osório (1992:43), afirma que a adolescência deve ser registada pela
transformação ligada aos aspectos físicos e psíquicos do ser humano, inserido nas mais
diferentes culturas; e encarada como um estágio determinado do desenvolvimento do
indivíduo, sendo assim, adolescente é um indivíduo que esta no processo de mudanças ou
transformações físicas fisiológicas, sociais e mentais, daí que há que ter uma atenção por parte
dos pais ou encarregados de educação para que ele crença com uma boa educação.

O adolescente pode encarrar as seguintes manifestações no processo de


desenvolvimento: curiosidade de conhecer melhor o seu corpo e suas sensações cinestésicas e
sua aparência física não coincidem com seu esquema corporal uma mesma intenção provoca

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movimentos diferentes, sua coordenação motora e consequentemente, suas habilidades
corporais estão comprometidas (opcit: 44).

Justino, (2017), entende a adolescência é uma fase conflituosa da vida devido às


transformações biológicas e psicológicas vividas. Surgem as curiosidades, os
questionamentos, à vontade de conhecer, de experimentar o novo mesmo sabendo dos riscos,
e um sentimento de ser capaz de tomar as suas próprias decisões.

É o momento em que o adolescente procura a sua identidade, não mais se baseando


apenas nas orientações dos pais, mas também, nas relações que constrói com o grupo social.
(idem)

De acordo com vários autores exposto acima, deu para perceber que, a adolescência
constitui a fase de desenvolvimento bio-psico-social do um indivíduo, que de certa forma
precisa ser tratada com muito cuidado e provimento de uma educação de qualidade para que
as crianças não tenham fratura da personalidade no seu futuro.

2.2.1. Álcool

De acordo com Pechansky apud Sousa (2010, P. 1), o álcool é uma das substâncias
proactivas mais pré-consciente consumidos pêlos adolescentes, os primeiros goles, que há
uma década aconteciam por volta 15 a 16, actualmente já ocorrem com 53% entre 10 e 12%
anos.

Para Michel apud Texeira (2007, p. 43), o etanol ou álcool é conhecido desde a pré-
história em quase todo mundo forma-se pela fermentação deriva do amido ou do açúcar dos
frutos, cereais, batatas ou canas-de-açúcar. A fermentação termina quando a concertação do
álcool se torna alta o suficiente para inibir a levedura; (cerveja 3- 6 % de álcool em peso e os
vinhos de massa12 a 15%).

Segundo o glossário do decreto 54/2013 de 7 de Outubro, bebida alcoólica é toda


bebida de fabrico industrial ou caseiro (tradicional) por fermentação, destilação ou radicação
contenha um teórico alcoólico superior a 0,5% vol. (idem)

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De acordo com Guedes (1992, p.971), o alcoolismo é uma doença resultante do uso e
do abuso de bebidas alcoólicas podendo revestir de alcoolismo agudo habitualmente
designado por embriaguez.

Concordamos plenamente que, o álcool é uma doença na família, visto é um atentado a


saúde pública dos indivíduos, e suas consequências são graves, o que carece de intervenção
urgente dos profissionais altamente qualificados (médicos, psicólogos clínicos, assistente
sociais) com vista a reduzir o índice do consumo.

3.2.2 Influência da família no Consumo de Álcool entre Adolescentes


Segundo Ruiz (2013):

Os familiares influenciam os adolescentes de forma positiva e negativa, dentro de suas


próprias casas, em relação ao abuso do álcool “A estrutura e composição da família, o
padrão de interação familiar, a comunicação entre seus membros, a religião e a
esperança são componentes que se articulam diretamente com a prática do consumo
de álcool pelos adolescentes”. Essa é a conclusão de recente pesquisa desenvolvida
pela enfermeira Betânia da Mata Ribeiro Gomes, em seu trabalho de pós-graduação
apresentado à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto.

O hábito do adolescente de beber está ligado ao ambiente em que se vive, no qual há


influência sobre o padrão de consumo de bebida alcoólica. Pessoas que vivem em lugares em
que a bebida é barata/cara e de fácil/difícil acesso, tem uma maior/menor probabilidade de se
tornarem bebedores frequentes (Rice et al., 1998, apud Bessa & Catela, 2016).
A presença de pessoas que tem o hábito de beber - seja moderada ou excessivamente -
incentivam ao consumo nos adolescentes, a exemplo de Cook e Moore (1993) apud Bessa &
Catela (2016), com dados da National Longitudinal Survey of Youth de 1988, encontrou uma
correlação de que adolescentes com 15 a 17 anos que bebem, tenham o pai alcoólatra, entre os
anos de 2006 e 2009.

Essas abordagens são subsidiadas com Benites (2012):

No seu estudo intitulado a influência da família no consumo de bebidas


alcoólicas em adolescentes do sexo feminino, obteve resultados que apontaram que, o
primeiro contato com a bebida alcoólica tem se dado em ambientes domésticos, na
companhia de pais e amigos, por volta dos 10 anos de idade, por curiosidade. A
principal ocasião para beber foram as festas, o que confirma o caráter socializador e
recreativo do álcool e, apesar das adolescentes considerarem o álcool uma droga, não
demonstraram medo de se viciar.

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Em harmonia com o estudo da pesquisadora Britânica, onde observou e entrevistou em seus
domicílios, 22 membros de dez famílias, entre eles, 11 adolescentes de ambos os sexos, entre
14 e 19 anos, que consumiam álcool. Foram alvo do estudo apenas os familiares que moravam
com o adolescente e tinham um laço mais próximo, como, pais, irmãos, tios. (Ruiz, 2013)

A maioria dos entrevistados possuía renda menor que um salário mínimo. Alguns recebiam
ajuda do governo e não tinham completado seus estudos, além de presenciar, em suas próprias
casas, a prática do uso do álcool. Muitos adolescentes ainda presenciaram separações de seus
pais ou morte de algum deles devido ao consumo de bebida alcoólica. Quanto ao
relacionamento em família, Betânia verificou que a maioria sofria com desentendimentos,
desafetos, problemas de comunicação, agressão, conflitos, violência e falta de interação.
(idem)

Na Holanda, Vermeulen-Smit et al. ( 2012) apud Bessa & Catela (2016), evidenciou que não
há associação entre a bebida na adolescência e o consumo moderado de bebida alcoólica por
parte dos pais, pois esta só apareceu em casos de pais que consomem grandes quantidades de
bebidas, ou pais alcoólatras.

Bendtsen et. al. (2013), resumem que, a decisão de consumo de bebida alcoólica por
adolescentes pode ser entendido não apenas como um uma escolha individual, mas como uma
reprodução de costumes do meio social em que eles vivem.

Segundo Freitas (2002 ), diz que,

“Poderíamos dizer que o problema dos limites é um problema central na


questão do uso de drogas, já que tem uma correlação direta com o lidar com a
frustração. É a possibilidade de se equilibrar entre o que se pode e o que não se pode
fazer. É esta instância reguladora da Lei que vem faltar nestas famílias, é a
impossibilidade do exercício do dizer não, dos limites reguladores da inserção na
cultura – o eu absolutamente narcísico não pode sobreviver frente ao outro, já que a
negação do outro será a própria negação deste eu”(p.46).

Nesse âmbito, é pertinente ao adolescente possuir família como um exemplo seguro


para expressar com liberdade, seus medos, suas vergonhas, frustrações, ansiedades, bem como
um lugar onde possa exercitar seus limites para entrar na vida adulta de maneira saudável e
segura.

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O estudo de Benites (2012, p.41), intitulado a influência da família no consumo de
bebidas alcoólicas em adolescentes do sexo feminino, com o grupo-alvo de 17 adolescentes,
onde os resultados sinalizaram que as adolescentes participantes têm um padrão de uso social
do álcool, assim como suas famílias e que elas perceberam o pai como mais proibitivo em
relação ao consumo do álcool do que a mãe, que se mostrou mais permissiva.
Para essa amostra, regras claras para consumo de bebidas alcoolicas, suporte familiar e
proximidade emocional com figuras femininas atuaram como mecanismos de proteção.
Segundo Bessa & Catela (2016), o seu estudo buscou investigar se a presença de
crianças influenciam na decisão de consumo de bebidas alcoólicas dos pais, a
partir dos dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Os resultados
demonstraram evidências que, a presença de crianças inibem o consumo de álcool
nos adultos que convivem com eles, mas o mesmo não ocorre com o convívio com
adolescentes.
Trabalhos, como Foley et al. (2004), Vermeulen-Smit et al. (2012) e Cleveland et al.
(2014) apud Bessa & Catela (2016), põe em pauta a relação entre pais e filhos adolescentes,
no que tange à bebida alcoólica, pois há um estigma por parte dos adultos e da sociedade o
fato de que adolescentes consumam álcool, por ser um reflexo de rebeldia, e de que isto
comprometa o rendimento escolar.

Benites (2012, p.41), salienta que, o consumo de bebidas alcoólicas, na adolescência,


configura-se como um preocupante problema de saúde. Para muitos adolescentes, beber não
só se constitui em um importante ritual de sociabilidade, como representa um componente
agradável da sua rotina, de maneira que esse período costuma ser aquele em que mais se bebe,
tanto em quantidade, quanto em frequência.

Portanto, se por um lado o adolescente busca no álcool seus efeitos iniciais,


relacionados a uma desinibição comportamental e certa euforia, seguida por uma sensação de
relaxamento (Lemos & Zaleski, 2009 apud Bemites, 2012, p.41), por outro, quando
consumido com regularidade por crianças e jovens, o álcool pode tolher seu desenvolvimento
emocional e psicológico, contribuir para diversas doenças do sistema nervoso.

No estudo sobre a influência do ambiente familiar em relação ao uso de álcool e


tabaco pelos adolescentes de apud Moreno, Ventura & Brêtas (2009), os dados demonstraram
que 66% dos adolescentes que não experimentaram bebidas alcoólicas não possuem
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familiares que bebem frequentemente. O ambiente familiar induz e facilita o uso de álcool e
tabaco por adolescentes, tornando-se fundamental a utilização deste conhecimento na
elaboração de projetos de prevenção e educação em saúde.

Ao debater a questão do início precoce do uso e consumo de drogas lícitas


concretamente do consumo de álcool, diversos autores apontam como influências
determinantes da experimentação a pressão o ambiente familiar..

Segundo Minayo apud Moreno, Ventura & Brêtas (2009):

Ao abordar o domínio familiar e a sua influência na utilização de substâncias


psicoativas pelos adolescentes, destacam-se como fatores de proteção contra o uso de
drogas o estabelecimento de fortes vínculos entre pais e filhos, a criação de regras e a
imposição de limites claros e coerentes, além da monitorização, supervisão e apoio
aos jovens nas suas decisões e atitudes, adotando principalmente o diálogo como
prática comum na rotina familiar. O ambiente familiar acaba por influenciar o jovem a
experimentar as drogas utilizadas pelos pais e parentes próximos, característica esta
que preocupa, uma vez que o uso cotidiano de álcool e tabaco em domicílios brasileiro
é elevado.

2.4. Tipos de alcoolismo

De acordo com Guedes (1992, p.971), o alcoolismo subdivide-se em dois tipos que
são:

2.4.1. Alcoolismo Agudo (ou embriaguez)

Quando uma pessoa toma bebidas alcoólicas em quantidades superiores à que o seu
organismo pode aguentar, adoece, torna-se alcoólica e a sua doença chama-se alcoolismo.   O
alcoolismo agudo ou embriaguez é o estado em que o individuo fica quando toma, uma vez ou
outra, bebidas alcoólicas em excesso. (Guedes, 1992, p.971).

2.4.2. Alcoolismo Crónico

  É aquele em que o individuo fica dependente das bebidas alcoólicas, é causado


quando o individuo bebe o álcool constantemente, dai que o corpo fica com enormes
quantidades de bebidas alcoólicas, que apesar possam ser bebidas em pequenas doses, somam,
durante um dia, uma quantidade maior à que o fígado pode destruir. (Guedes, 1992, p.971).

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Nessa perspectiva, existe um efeito tóxico continuo sobre os órgãos do corpo humano,
que causa piores mudanças físicas como exemplo gastrite, polinevrite e cirrose hepática;
e mentais (por exemplo delirium, tremores ou delírio alcoólico), o alcoólico crónico sofre de
uma doença de que pode e deve ser tratado. (idem)

2.8. Proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas

Segundo Boletim da República de Moçambique (2013, p.1), no artigo 5 de Decreto nº


54/2013, é proibida a venda e consumo de bebidas alcoólicas:

 As pessoas com sinais de embriaguez;


 Nas vias e espaços públicos, nomeadamente parques, nos jardins, estradas, passeios,
paragens de autocarros e praças de táxis;
 Nos mercados;
 Por ambulantes;
 No intervalo compreendido entre as 20:00h e as 9:00hdo dia seguinte em todos os
locais autorizados para venda, excepto nos restaurantes, nas casas de pasto, discotecas,
bares e pubs;
 A proibição de venda e consumo de bebidas alcoólicas nos parques e jardins não
abrange as casas de pasta e restaurantes existentes nesses espaços.

2.9. Obrigações aos proprietários de estabelecimentos de venda de bebidas alcoólicas

Segundo Boletim da República de Moçambique (2013, p.1), no artigo 7 de Decreto nº


54/2013 refere que:

 Os proprietários dos estabelecimentos de venda e de consumo de bebidas alcoólicas


devem exigir, em caso de dúvida, a identificação das pessoas que aparentam ser
menores de 18 anos de idade.
 É obrigatória a inscrição, em letras bem legíveis e maiúsculas, nos rótulos dos
recipientes cujo conteúdo seja alcoólico e para o consumo, das seguintes frases. É
obrigatório a inscrição em letras bem legíveis e maiúscula se em local visível nos
estabelecimentos comerciais vocacionados a venda de bebidas alcoólicas.

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 As mensagens de advertência nos rótulos dos recipientes de bebidas alcoólicas devem:
ser amplas, claras, legíveis e em letras maiúsculas e indicar o teor alcoólico da bebida.
 Cada rótulo deve conter, além das advertências especifica das-nos n." 2 e 3 do
presente artigo, informações sobre os ingredientes ou componentes do conteúdo, bem
como os efeitos para o bem-estar de menores que consumo bebidas alcoólicas de uma
forma exagerada por aparece patente em português.
 Não e permitida a comercialização de bebidas alcoólicas, inclusive a exposição a
venda, em recipientes de plástico, e em recipientes permitidos para a comercialização
de bebidas alcoólicas originalmente usadas para finalidade de outras drogas.

2.10.3. Implicações do consumo álcool na vida social e familiar dos adolescentes

O consumo de bebidas alcoólicas implica que os individuo tenham problemas socais e


familiares, isto é: o alcoolismo implica morte na família, neste contexto será uma falta de um
membro na família e na sociedade, falta de desenvolvimento no trabalho que o individuo
realiza, visto que, a economia que arrecada ira directamente depositada na compra de bebidas
alcoólicas. Implicam muitas violências familiares, roubos e má conduta na sociedade.
(Barbosa, et. al.2011).

Um individuo bêbado causa muitos problemas na sociedade, podemos dizer


claramente que, ele é um individuo com perturbações mentais, que pode causar danos na
família e na sociedade. Razão pela qual, este individuo deve ser alertado pelos psicólogos
clínicos e Assistência Social ou outros agentes com vista a abster-se do consumo do álcool.
(idem)

Camacho, et. al. (2010, p.192), diz que, o estudo do consumo de álcool na
adolescência torna-se de extrema importância, pelo facto de ser neste período de vida do
indivíduo que os estilos de vida já estão definidos. O consumo de álcool recorrente durante a
adolescência, poderá ter como consequência a dependência de álcool, bem como problemas
físicos e mentais crónicos.

Segundo Ruiz (2013), diz que, Betânia no seu estudo, percebeu que, mesmo com sentimentos
de alívio, relaxamento, distração e dos momentos de lazer, os adolescentes não ignoravam os

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prejuízos do uso abusivo da bebida alcoólica, principalmente porque presenciaram os
problemas que a bebida causou em seus próprios domicílios.

De acordo com Oliveira apud Da Silva e Luz (2015, p.12), salienta que:

Os profissionais de várias áreas devem ajudar na sensibilização e na


assistência de pessoas que consume demasiado o álcool, proceder com tratamentos
que visa diminuir o consumo de álcool, criando alterações de hábitos sociais de forma
que auxilie a pessoa em abster-se ao consumo do álcool. Sabe-se que, as bebidas
alcoólicas têm propriedades que motivas as pessoas consumira-las, neste contexto é
preciso haver uma equipa forte e potente de profissionais e também com ajuda da
sociedade juntos traçarmos estratégias de estancar este problema que afecta muitas
pessoas nas sociedades.

Com base nos autores acima citados deu para perceber que as implicações do consumo
álcool na vida social e familiar dos adolescentes, são avarias, mais as que alinha melhor o
nosso trabalho, criminalidade (roubo, assassinar, violências), comportamento desviante na
sociedade, baixa produtividade no trabalho. Com isso, acreditamos com o trabalho efectivo
dos psicólogos clinico e Assistência social pode se ultrapassar gradualmente esta situação.

2.11. Prevenção do consumo de álcool nos adolescentes

Camacho, et. al. (2010, p.192), salientam que,


“A qualidade da vida familiar e as práticas parentais parecem ter uma grande
influência na prevenção dos comportamentos de risco nos adolescentes (consumo de
álcool e drogas, comportamentos de violência, entre outros). Inflencia tambem de
modo significativo, a forma como eles aprendem e se relaciona com os outros.. Os
modelos parentais, as expectativas e os métodos educativos determinam largamente o
repertório de comportamento da criança, bem como as suas atitudes e objectivos.”
A influência dos estilos parentais e da comunicação familiar, apesar de ao longo da
adolescência sofrerem alterações, continuam a desempenhar funções importantes para os
adolescentes, assumindo um papel decisivo no ajustamento e desenvolvimento de
competências psicosociais, na saúde mental e em comportamentos de saúde dos jovens.
O suporte emocional e social dos pais e um estilo de disciplina parental construtivo e
consistente e relações positivas na família, tendem a estar relacionados com maiores índices
de bem-estar e de ajustamento na adolescência (Field, Diego & Sanders, 2002; Branje, Van
Aken & Van Lieshout, 2002 , apud Camacho, et. al., 2010, p.192).
Soucy e Larose (2000) apud Camacho, et. al. (2010, p.192), demonstraram que a
percepção dos adolescentes acerca do controlo parental e de uma relação segura com pelo

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menos um dos pais (em especial com a mãe) é predictor de um melhor ajustamento dos
adolescentes

De acordo com Johnson (2004:23), constitui a prevenção do consumo do álcool nos


adolescentes, ensinar a criança quanto muito menor a não aderir o consumo do álcool,
explicando os danos que possa causar, dando referencia dos membros de familiares que existe
sobre a sua situação de vida deles.

Nesse âmbito, De Matos (2010:12), continua fundamentando a abordagem acima,


dizendo que uma das medidas preventivas do álcool, é promover nas comunidades palestras,
com enfoque nas abordagens dos prejuízos do consumo de bebidas alcoólicas enquanto
adolescentes. Orientar os adolescentes para a prática de jogos para estarem ocupados.
Nesse âmbito, segundo Ruiz (2013):

As famílias, apesar de não se relacionarem adequadamente com os


adolescentes, apoiaram seus membros e mantiveram esperança por meio de
motivação ou da religião, pensando em um futuro melhor. “A religião pode
favorecer o sentimento de esperança e, com ela, o gosto pela vida”, afirma.
Ela notou ainda que os adolescentes se preocupavam em manter viva a
motivação para uma vida melhor, para a conquista de trabalho qualificado e da
casa própria, além de tentar realizar os sonhos que não foram possíveis para
seus pais.

Nessa perspectiva, olhando para o exposto acima, dá para compreender que os adolescentes
devem ter em mente sobre os prejuízos que o álcool pode causar no corpo humano, no
entanto, quando o indivíduo começar a ficar dependente das bebidas alcoólicas e abuso da
mesma deve tomar as suas decisões e responsabilizar-se pelas suas acções, visto que, quando
não se abster-se quando cedo possível poderá causa-lhe prejuízos para toda vida.

2.12. Papel do psicólogo clínico e assistência social na educação para a saúde e prevenção
do uso de bebidas alcoólicas nos adolescentes

Segundo Carraro; Rassool; Luís (2005).

“O psicólogo clínico e assistência social pode desempenhar importante papel


na promoção da saúde perante vários aspectos, dentre eles a formação e capacitação
dos profissionais de saúde visando à redução da demanda de álcool e drogas.
Entendendo que com mudanças de paradigmas, actuando na formação psicologia
clínica, poderão ocorrer novas configurações no cuidado dos diversos grupos da
sociedade nos níveis de promoção, prevenção e integração social.”

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Porém o que nos revela a literatura é que existe uma necessidade de qualificação dos
profissionais psicólogos clínicos e assistência social e enfermeiros no que diz respeito à
promoção e educação da sociedade.

Para Carraro, Rassool e Luís (2005), esse é um desafio que está posto para os
psicólogos clínicos e assistência social do século XXI, saber lidar com essas situações que são
quotidianas, com segurança, conhecimento e liderança, para o encaminhamento das questões
e as tomadas de decisões em diferentes âmbitos.

Assim, o saber que o psicólogo clínico e assistência social adquire na sua formação
académica, que leva em consideração as necessidades das pessoas, numa visão ampla, choca-
se no confronto com uma infinidade de questionamentos ao lidar com pessoas usuárias de
bebidas alcoólicas no enfrentamento de situações difíceis da vida como a miséria, pobreza,
marginalidade, discriminação, violência, silêncio, uso de drogas, dependência química,
solidão, dentre tantas outras adjectivações.(idem)

Nesse contexto, é crucial a inserção do psicólogo clínico e assistência social na equipe


de saúde educação, sem descurar outras áreas do conhecimento colaborando no enfrentamento
do problema, mas há necessidade de uma ampla estrutura de conhecimento sobre promoção e
prevenção para a saúde de toda a sociedade e as medidas de controle do uso e abuso de
bebidas alcoólicas.

Segundo Diniz (1996), o psicólogo clínico e assistência social historicamente tem


desempenhado um importante papel na educação para a saúde na sociedade, usando
intervenções e estratégias marcantes em resposta às necessidades do contexto social. Ele deve
se inteirar do processo metabólico, interferindo nos problemas sociais e psíquicos para
desempenhar o seu papel de educador em saúde com mais segurança.

Nesse mesmo sentido, Horta et. al. (2007):

“Relata ser fundamental que se identifique, sempre de modo ágil, populações


com tendência ao incremento no consumo de álcool outras drogas, procurando
identificar, também, factores determinantes ou associados à mudança de
comportamentos. Para ele isso pode melhor orientar acções nos campos da prevenção
e do tratamento dos problemas decorrentes do uso de substâncias psicopáticas, hoje
largamente deficientes.”

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Uma vez detectados, na comunidade, pela equipe de saúde, como primeiro passo do
programa, os indivíduos sob risco especial, poderiam ser ensaiadas medidas correctoras
específicas (Horta et al., 2007).

Segundo Range e Marlatt (2008), além da busca dos factores de risco, outras acções
podem ser realizadas para reduzir a probabilidade de adolescente começar a ingestão de
bebidas alcoólicas:

 Mudanças no estilo de vida, como a realização de exercícios físicos, tentativa de


melhorar a alimentação por meio de uma dieta mais balanceada, ioga, meditação ou
outra forma de relaxamento;
 Investimento em acções educativas e sensibilizadoras para as crianças e adolescentes
quanto ao uso abusivo de álcool e suas consequências;
 Promover campanhas municipais em interacção com as agências de trânsito no alerta
quanto às consequências da “direcção alcoolizada”;
 Promoção de discussões intersectoriais que incorporem acções educativas à grade
curricular de todos os níveis de educação;
 Articulação de agendas e instrumentos de planeamento, programação e avaliação, dos
sectores directamente relacionados ao problema;
 Incentivo a iniciativas locais, em parcerias entre organizações governamentais e não-
governamentais, que possibilitem o acesso a actividades sociais, esportivas, artísticas;
 Promoção de políticas sociais de habitação, trabalho, lazer, exporte, educação, cultura,
enfrentamento da violência urbana, assegurando a participação intersectorial em
relação a outros Ministérios, organizações governamentais e não-governamentais e
demais representações e sectores da sociedade civil organizada.

III: INTERVENÇÃO

O presente capitulo visa apresentar proposta de intervenção atinente a influência do


consumo de álcool em adolescentes para minimizar, deste modo, o consumo de álcool em
adolescentes.

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3.1. Problematização

O problema em questão neste trabalho está relacionado com o consumo de bebidas


alcoólicas nos adolescentes que por sua vez são influenciados pela família dentro das suas
respectivas casas, visto que, temos verificados muitos adolescentes, que são orientados pelos
seus pais para comprar as bebidas alcoólicas concretamente no Posto Administrativo da
Munhava. E o mais caricato nesse cenário, é que a família consome na presença dos
adolescentes, porém não perspectiva as consequências que possam advir nos comportamentos
desses adolescentes.

Nesse âmbito, o governo estabelece regulamento para controlar a venda e consumo de


bebidas alcoólica através do decreto no 54/2013 de 07 de outubro, regulando os horários de
venda em espaços públicos e medidas restritivas para o acesso e certas idades e pessoas em
condições psicológicas o consumo de álcool estupefaciente propaga-se a um ritmo alarmante
nos adolescentes e nas escolas públicas e privadas do país, assumindo o rosto da humanidade.

Atendendo e considerando a realidade do Posto Administrativos de Munhava,


podemos salientar que, o regulamento acima exposto não esta ser cumprido na integra., visto
que, no local em alusão tem acontecido o contrário do que está regulamentado, no entanto,
observamos muitos adolescentes a consumir as bebidas alcoólicas, além do mais, as práticas
parentais do abuso das bebidas alcoólicas estimulam e influenciam de certa forma, os
adolescentes a fazerem o mesmo.

Almeida e Coutinho apud Teixeira (2007:20), salientam que, dentre o problema geral
causado pelo uso de bebidas alcoólicas tem-se os relacionados à saúde dos adolescentes,
agressões, gastos hospitalares, além de ser a segunda causa de interacções psiquiátrica.

Olhando para a contribuição dos autores acima citados, concordamos, dado que,
muitos adolescentes aderem consumir as bebidas alcoólicas antes da idade adulta, o que causa
muitos problemas na família e sociedade em gral, nomeadamente: roubo, sequestros. Esse
problema geral causado pelo uso de bebidas alcoólicas tem-se relacionado de facto à saúde
dos próprios adolescentes.

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Face a está problemática, colocamos a seguinte pergunta norteadora: Que influencia
tem a família no consumo de álcool em adolescentes? O presente trabalho visa reduzir o
consumo de álcool em adolescentes.

3.2. Proposta de intervenção para reduzir o consumo do álcool em adolescentes

Para intervenção sobre o tema em alusão, vai precisar de articulação de vários


profissionais como: um Psicólogo clinico, que será responsável da saúde mental, assistente
social como coordenador e a participação do médico, duas enfermeiras, duas técnicas de
enfermagem e dois auxiliares de Enfermagem, além dos 6 Agentes Comunitários de Saúde,
com vista a reduzir o índice de consumo do álcool nas famílias especialmente nos
adolescentes.
A princípio, a intervenção será de viabilizar os recursos organizacionais, didácticos e
financeiros, disponíveis à sua aplicação por meio de interação e reunião com Diretor
Provincial de Saúde, Género e Acção Social da Província de Sofala, depois, poder-se
organizar proposta de reunião em equipe interdisciplinar.

A intervenção será efectuada para 60 pacientes (as famílias e adolescentes)


dependentes de álcool, com vista a consciencializar, educar, reduzir o uso abusivo de bebidas
alcoólicas. A intervenção será organizada em três Sessões: Uma etapa diagnóstica, uma de
intervenção e uma de avaliação.

3.2.1. Sessão diagnóstica:

 Realização de um estudo das causas e fatores de risco que podem estar presentes nos
60 dependentes de álcool na população de Munhava. Para materialização será
elaborado um instrumento de coleta de informações através de técnica de entrevista
sobre um conjunto de eventos, fatores e comportamentos que levam a dependência do
álcool. Este instrumento será aplicado pelo psicólogo clinico, médico, enfermeira e
assistente social durante as consultas e visitas domiciliares a todos os pacientes com
dependência cadastrados pela equipe. Estes serão convidados pelos Agentes
Comunitários de Saúde e informados sobre o estudo. Esta etapa ocorrerá entre
Novembro e Dezembro de 2020. Os factores a serem recolhidos são seguintes fatores:

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 Estrutura familiar, vamos procurar colher informação com a família para perceber os
membros familiares, suas funções, ordem de nascimentos, religião que frequenta,
classe social (renda familiar)
 História familiar: para saber se existe história de alguém na família que era
dependente do álcool.
 Identificar a influência da família, identificar a influência da família (ajuda ou não)
 Hábitos e estilos de vida inadequados: há famílias dependentes de álcool, portanto
são doentes de álcool, que de certa forma sofrem de doenças mentais ou psicológicos.
 Relacionamento familiar visa aferir o padrão de interação, dialogo, intimidade,
comunicação intrafamiliar e conflitos. Referência dos membros familiar. Se os pais
constituem modelos do consumo do álcool.
 Limites e responsabilidades, identificar os direitos e deveres no seio da família, como se
comporta face os deveres e direitos.
 Fatores psicológicos: existência de pessoas com problemas psicológicos (baixa
autoestima, ansiedade);
 Nível de conhecimento sobre as consequências do consumo de álcool: procura
saber se os adolescentes e as famílias tem conhecimento consiste atinente as
consequências do consumo de álcool.

3.2.2. Na Sessão de intervenção:

Nesta sessão da intervenção na família, a vinculação terá um papel importante no


desenvolvimento preventivo e saudável dos adolescentes. As intervenções nas famílias terão
em consideração os aspectos de proteção e de risco relacionados aos comportamentos dos
adolescentes e as famílias especificamente ao consumo excessivo de álcool. Nesta intervenção
serão contemplados os diferentes subsistemas, da família nomeadamente pais, filhos, irmãos e
poderemos ter em consideração a fase do ciclo vital da família.

Será realizada intervenção educativa com duração de 6 meses (Dezembro de 2020 à


Maio de 2021), destinada aos pacientes (adolescentes e suas famílias), será desenvolvida no
Posto Administrativo de Munhava. Haverá numa primeira fase, a capacitação da equipe e dos
agentes comunitários de saúde para realização de suas tarefas de intervenção com dinamismo.

 A capacitação será realizada no Centro de Saúde de Munhava, marcada para


Novembro de 2020. Contará com a colaboração do Psicólogo clinico, que será

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responsável da saúde mental, assistente social como coordenador e a participação do
médico, de duas enfermeiras, duas técnicas de enfermagem e dois auxiliares de
Enfermagem, além dos 6 Agentes Comunitários de Saúde, que a intervenção seja
dinâmica.
 Serão abordadas temáticas sobre prevenção bebidas alcoólicas, os comportamentos
dos usuários, técnicas de abordagem e enfrentamento no combate ao consumo das
bebidas alcoólicas, medidas de enfrentamento desse problema Centro de Saúde e na
sociedade. As ações dos Agentes Comunitários de Saúde devem estar relacionadas à
prevenção e apoio as famílias dos usuários, apontando os meios de tratamento e
acompanhamento, seja através de encaminhamentos para internações, a grupos de
ajuda, e outros conforme a necessidade de cada caso, sem descurar algumas acções
como:
 Sensibilização da família de maneira com que estabeleça-se boa comunicação com os
seus filhos/adolescentes, para ajudar-lhes a solucionar os problemas psicológicos,
biológicos e sociais que lhes apoquenta em prol do seu desenvolvimento.
 Mobilização da família no sentido de evitar orientar os adolescentes para comprar
bebidas alcoólicas, evitar consumi-las na presença deles.
 Conhecimento nítido para identificação de problemas pessoais e o acesso ao suporte
para tais problemas.

 Promoção de acções sensibilizadoras e educativas para as crianças e adolescentes


quanto ao consumo abusivo de álcool e suas consequências;

 Participação de um conselho de adolescentes sobre efeitos do consumo do álcool


contribuindo na redução do consumo do álcool por este grupo etário.
 Mobilização da família para frequentar outras instituições sociais como a igreja, de
forma a ter princípios religiosos que suavizem a esperança e boa conduta dos
adolescentes e os adultos também na convivência familiar e social;
 Promoção das famílias na participação das escolas dos pais onde serão
consciencializados sobre os estilos educativos parentais adequados como estilo
democrático ou autoritativo e em algum momento autoritário, evitando ser pais
permissivos.

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A intervenção educativa será efetivada por meio de seguintes técnicas de teatro,
brainstorming, palestras, dinâmicas e, grupos de discussão e diálogo entre profissionais e 60
dependentes do álcool (famílias e adolescentes) e divulgação de propagandas de
conscientização e sensibilização em relação a prevenção e os prejuízos do uso abusivo de
álcool no Posto Administrativo da Munhava. O médico e enfermeira, psicólogo clinico e
assistente social serão responsáveis por esta etapa. Assistente social, coordenador da equipe
será também responsável por organizar a agenda dos profissionais, destinando o tempo
necessário ás atividades de planejamento e execução das ações. O monitoramento será
realizado a partir da verificação mensal do cumprimento das atividades com os profissionais
encarregados nas diferentes áreas.

Além dos profissionais acima mencionados será necessário vigiar as residências e


locais de venda de bebidas alcoólicas, nesse âmbito, apresentamos as seguintes propostas a
área jurídica:

 Que haja constante fiscalização nos locais de venda e consumo de bebidas alcoólicas
de forma que se cumpram com as normas estabelecidas em regulamento moçambicano
de proibição de compra de bebidas por parte de menores de 18 anos de idade,
reduzindo o consumo de álcool nos adolescentes.
 Limitar os locais onde as bebidas são comercializadas, estabelecimento de um horário
de venda e seu cumprimento limitaria os adolescentes o acesso do álcool reduzindo
deste modo o consumo do mesmo;
3.2.3. Sessão de avaliação da intervenção

 Depois de concluída a intervenção educativa, será realizada avaliação no mes de Maio


de 2021, através da aplicação de um questionário sobre os factores acima citados.
Fazer visitas domiciliarias a fim de verificar se houve mudança relativamente ao uso
abusivo do álcool.
 Tal como dissemos anteriormente, realizaremos também intervenções com a família,
para que o adolescente seja acompanhado por outros serviços após a finalização do
tratamento. A boa participação dos adolescentes e familiares ajuda na redução do
consumo álcool.

IV. CONCLUSÃO

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Depois de termos lidos vária literatura, concluímos que, a adolescência compreende
um estágio de mudanças físicas, psicológicas e fisiológicas de um indivíduo, é a passagem de
criança para a juventude, neste contexto, é uma fase de muita transformação, daí que, há
necessidade de se prestação muita atenção, tomar-se muitos cuidados, dar muito muito apoio,
e sobretudo muita educação para que, o adolescente não cresça com fracturas da
personalidade.

A literatura mostrou claramente que, o consumo de bebidas alcoólicas nos


adolescentes traz series problemas para ele mesmo, para a sociedade, para o país e para o
mundo em geral, visto que irá apresentar risco de saúde física e mental, não terá um futuro
brilhante, problemas de roubo, acidentes de trânsitos, violências, o baixo aproveitamento
pedagógico na escola e baixa produtividade no trabalho.
Nesta perspectiva, os factores que influência os adolescentes a consumir bebidas
alcoólicas ressaltamos entre outros, a influência familiar em que, o adolescente é submetido
no ambiente de álcool, pois será susceptível a consumi-lo.

Acreditamos que, psicólogos jurídicos e os demais profissionais desta área podem


fazer uma fiscalização séria nos mercados de venda de bebidas alcoólicas, para verificar se os
vendedores estão a cumprir com as normas legitimadas ou não, e não só traçar lei de não
publicação de precários de bebidas alcoólicas nas redes sociais, visto que, é mais susceptível
para o adolescente adquiri-las e consumi-las.

Cabe também aos profissionais das diversas áreas como, Desenvolvimento Humano e
Educação, Psicologia Clínica, Jurídica, Assistência Social, entre outras de modo a envidar
esforços na aplicação dos conhecimentos teóricos e práticos aprendidos durante a formação,
com vista a minimizar o consumo de bebidas alcoólicas no adolescente.

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