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7229 – GESTÃO DO STRESS DO

PROFISSIONAL

Sessão nº.1 – Introdução

Helena Carvalho
OBJETIVOS

Identificar o conceito de Identificar as técnicas Caracterizar o conceito de


stress, causas e preventivas, de controlo e emoção.
consequências negativas do gestão de stress
mesmo; profissional;
NÚMEROS NA EUROPA (EU-OSHA) 2010
•Ostress relacionado com o trabalho é o 2.º problema de saúde
mais referido na Europa, ficando atrás apenas das perturbações
musculo-esqueléticas.

• O stress está na origem de 50–60% dos dias de trabalho perdidos na Europa

• Causas mais comuns de stress relacionado com o trabalho (inquérito EU-OSHA):


• 1º Reorganização do trabalho ou insegurança laboral (72%)
• 2º Horários de trabalho alargados ou volume de trabalho excessivo (66%)
• 3º Intimidação (bullying) e assédio no trabalho (59%)

• Cerca de 4 em cada 10 trabalhadores sente que o stress não é um tema devidamente abordado no
seu local de trabalho.

• As ausências relacionadas com o stress tendem a ser as mais longas.

Fonte: https://www.apsei.org.pt/
Do ponto de vista da saúde no trabalho, muito embora em Portugal não sejam incluídas na Lista de
Doenças Profissionais, a OIT incluiu em 2010 perturbações de foro mental e comportamental na sua Lista
de Doenças Profissionais, diferenciando-as em dois pontos:

- Perturbação de stress pós-traumático;

- Outras perturbações de foro mental e comportamental, para as quais é estabelecida cientificamente


uma relação direta, ou a mesma é determinada por métodos adequados às condicionantes e práticas
nacionais, entre a exposição a fatores de risco decorrentes de atividades de trabalho e a perturbação de
foro mental e comportamental identificada no trabalhador.

Porque é que é importante o bem-estar dos trabalhadores para as empresas?


A prevenção da exposição do trabalhador a riscos psicossociais, à semelhança do que
acontece na prevenção dos diferentes tipos de riscos profissionais, reduz o absentismo e
custos com a saúde, aumentando a eficiência, a produtividade e o bem-estar dos
trabalhadores, da empresa e da sociedade.
• Eustress - otimiza o funcionamento adaptativo, de tal forma que, caso no futuro haja uma situação
idêntica, o sujeito apresentar-se-á mais autoconfiante e terá maior probabilidade de resolver a
situação.

• Distress - as exigências são intensas, excessivas, prolongadas, imprevisíveis, ou o sujeito não possui as
competências apropriadas para lidar com elas.
7229 – GESTÃO DO STRESS DO
PROFISSIONAL

• Módulo nº.1: Stress


• Conceito
• Fatores de risco: emocionais, sociais e organizacionais
• Sinais e sintomas
• Consequências negativas do stress
O que é “stress”?
Chefe complicado…

Trânsito…

Problemas financeiros…
O QUE É O STRESS?

O stress é uma resposta fisiológica Uma “situação complicada” é como


do nosso organismo. que um gatilho que ativa o stress.
Durante esta resposta de stress, a medula adrenal (parte das glândulas
adrenais, duas pequenas glândulas situadas acima de cada rim – glândulas
suprarrenais) começam a libertar mais de 17 hormonas diferentes como
as catecolaminas (noradrenalina, adrenalina).
Stress Agudo Momento 1:
E -> R (fuga/luta/congelamento)

Momento 2:
Ruminação (e se eu?)
Momento 1:
E -> R (fuga/luta/congelamento)

Momento 2:
Sem influência

Dr. João Parestreio - Psiquiatra


O stress afeta a saúde.
ENTÃO, QUAL O Desequilíbrios hormonais afetam a saúde e
PROBLEMA? muitas vezes os efeitos não são detetados no
Stress Crónico imediato.

Uma situação de stress, vai gerar ainda mais energia para que
possamos fugir ou lutar, aumentando o nível de açúcar no
sangue.

Quando o stress crónico estimula a produção de cortisol, estes


níveis alteram-se. O nível máximo pode ocorrer à noite,
levando à insónia.
A RESPOSTA FISIOLÓGICA DO NOSSO ORGANISMO AO
STRESS:
• aumento do nível de açúcar no sangue;
• aumento da libertação de glóbulos vermelhos (para
transportar mais oxigénio);
• aumento da pressão sanguínea;
• aumento da frequência cardíaca;
• vasoconstrição nas periferias;
• paragem da digestão.
EFEITOS DO STRESS NO
CORPO:

desordens alimentares
obstipação ou diarreia
depressão
acne
fadiga crónica
privação do sono
hipertensão arterial
enxaquecas
(...)
O STRESSE NÃO AFETA TODOS DE
FORMA IGUAL. MODELO
EXPLICATIVO DO STRESS
FATORES DE RISCO

emocionais organizacionais sociais

O stress resulta no desequilíbrio entre a pressão colocada sobre um indivíduo e os recursos


que o mesmo tem disponíveis para lidar com as exigências.
Fatores fisiológicos Fatores psicológicos
- sono - insegurança
- cansaço, esgotamento - insatisfação
- doença - auto-imagem negativa
- período menstrual - descrença
- excesso de café, álcool… - crenças problemáticas
-… - pessimismo
- culpabilização
- mudanças na vida (casamento, divórcio, filhos, mudança de
casa…)
-…

Fatores locais Fatores sociais


- barulho - pressão social
- temperatura, luz… - crise social
- desarrumação - pessimismo coletivo
- desrespeito(s) - depressão económica…
- excesso de trabalho -…
- interrupções
- situações de “injustiça”
- relações tóxicas
- competitividade excessiva
-…
CAUSAS POSSÍVEIS:

• Exigências muito altas ou muito baixas em relação às competências;


• Falta de clareza na definição das funções e responsabilidades;
• Falta de participação na tomada de decisões que afetam o trabalhador e falta de controlo sobre a forma
como executa o trabalho;
• Apoio inadequado por parte de superiores ou de colegas;
• Intimidação, assédio moral ou sexual e violência de terceiros;
• Discriminação (por género, idade, etnia, nacionalidade, deficiência, orientação sexual, etc.);
• Relações hierárquicas;
• Má gestão de mudanças organizacionais;
• Insegurança laboral, estagnação da carreira, remuneração baixa;
• Comunicação ineficaz na organização.
SÃO EXEMPLOS DE CAUSAS DE STRESS
FORA DO TRABALHO:

•Doença/Luto;
•Desequilíbrio entre trabalho e vida familiar e pessoal;
•Finanças;
•Principais acontecimentos da vida, p. ex. casamento, gravidez e cuidar de crianças, divórcio,
mudança de casa, entre outros;
•Questões relacionadas com as condições em que vive ou estilo de vida, hábitos – álcool, drogas,
entre outros;
•Relacionamentos pessoais.
SÍNTESE
Gatilho
Situação, pensamento (memória ou projeção), emoção, sensação

Alerta no organismo
Resposta emocional = raiva, ansiedade ou depressão
Resposta comportamental = luta, fuga ou congelamento
Resposta fisiológica = aumento da tensão arterial e frequência do
batimento cardíaco (excitação) ou cansaço e diminuição do nível
de energia disponível (stress crónico)
Autocrítica/Ruminação
Pelo gatilho Pela nossa resposta ao gatilho

Consequências
O organismo mantém-se no estado de excitação.
As respostas emocionais, comportamentais e fisiológicas mantêm-se.
Ficamos presos num ciclo de autocrítica.

Diminuição da consciência do momento presente.


Crenças positivas sobre a autocrítica.
Crenças negativas sobre a autocompaixão.
EXERCÍCIO
Foco atual Foco ideal
O que pode acontecer durante um ataque de pânico?
O medo é uma reação de alerta normal, face ao confronto com uma ameaça à própria sobrevivência ou à
integridade física. Esta reação pode ser desencadeada sem que exista uma ameaça e originar um ataque
de pânico se as sensações corporais forem interpretadas como ameaçadoras. Durante um ataque de
pânico é frequente que se faça uma respiração rápida e superficial - hiperventilação, o que implica um
grande esforço físico, um aumento da concentração de Oxigénio no organismo e a diminuição de Dióxido
de Carbono.

O que pode fazer para controlar o ataque de pânico?


Tente pensar em algo diferente do que está a sentir (por exemplo: descreva o que vê, conte uma
história…), com o objetivo de se distrair. O Controlo Respiratório permite o restabelecimento do
equilíbrio dos níveis de Dióxido de Carbono e de Oxigénio, com a consequente diminuição das sensações
corporais adversas. Deve-se realizar o controlo respiratório sentado ou deitado e de forma a que se sinta
confortável e descontraído. Com esta técnica realizam-se exercícios respiratórios, através dos quais se
inspira e expira de forma lenta e profunda, controlando a frequência respiratória.
“A respiração vai ser feita pelo diafragma (“barriga”), assim, ponha uma mão na barriga. Tente inspirar pelo nariz lenta e
profundamente, de modo a que, com o ar que inspira, a barriga fique para fora (observe a barriga a encher como se fosse um
balão). Depois, ao expirar, deve deitar o ar fora pela boca, e a barriga deve ir para dentro. Pode ajudar fazendo uma ligeira
pressão para dentro com a mão que tem na barriga.”
Para controlar a ansiedade extrema pode também utilizar outra técnica, designada por Relaxamento Muscular. Esta técnica
consiste na contração e descontração dos vários músculos do corpo, permitindo diferentes sensações conforme a tensão ou o
relaxamento. O relaxamento deve ser realizado num ambiente calmo, sem ruído ou iluminação excessiva, em posição sentada
ou deitada, de barriga para cima e de preferência com os olhos fechados. Deve ainda decorrer sem interrupções e de forma
tranquila.
MEDITAÇÃO GUIADA –
SINTONIA DA ÁGUA (20 MIN)
MIND TRAPS –
DISTORÇÕES
COGNITIVAS/
ARMADILHAS DA
Pensamento tudo Desvalorizar o
MENTE ou nada
Sobregeneralização Filtro mental
positivo
Conclusões Ler o
Ler a mente Magnificação
precipitadas destino
EXERCÍCIO (30 Racionalização das “Eu devo”/”eu não
Rotulação
Personalização da

MIN) emoções devo” culpa

- EXPLICAR O QUE É E
DAR DOIS EXEMPLOS
DE VIDA DIÁRIA
MEDITAÇÃO GUIADA – NATUREZA (25
MIN)
EXERCÍCIO –
COMPLETAR A
“SUA TABELA”
(20 MIN)
MEDITAÇÃO GUIADA – NUVENS (15
MIN)
MINDFULNESS SELF-COMPASSION - METTA

A palavra metta significa amor-bondade ou amor compassivo e refere-se ao desejo de que todos os seres
sejam felizes, um amor universal, ilimitado, que transcenda todo o tipo de barreiras.

A prática regular da meditação metta ou amor-bondade é um instrumento de cura, ajudando a reduzir a


impulsividade, a raiva, o ódio e os rancores e promovendo virtudes como a compaixão, alegria,
altruísmo e equanimidade.

Também ajuda a promover paciência, tolerância, gratidão e acima de tudo o perdão. O perdão é um
fator de suma importância na libertação de bloqueios emocionais, tais como os rancores e os remorsos.
7229 – GESTÃO DO STRESS DO
PROFISSIONAL

Módulo nº.2: Stress


Técnicas preventivas, de controlo e gestão
EXERCÍCIO:

Escala de Perceção de Stress (Sheldon Cohen)


versão traduzida
MEDITAÇÃO JUNTO AO RIO (15 MIN)
Promoção de um ambiente de trabalho seguro é fundamental!

Gerir os riscos, avaliar, agir (ações preventivas e corretivas), monitorizar e reavaliar:


• Intervir no local de trabalho com a finalidade de diminuir ou eliminar os fatores de stress;
• Alterar o ambiente físico, otimizar as condições de trabalho e implementar pausas de trabalho de
forma a promover o descanso e o convívio entre trabalhadores.

Promover a sensibilização no local de trabalho, com vista a trabalhar por um entendimento comum
do stress:
• Promover uma postura de abertura tanto por parte dos trabalhadores, como das organizações;
• Ganhar o compromisso com a gestão do stress (liderança das organizações);
• Promoção da resiliência da equipa através de uma boa gestão;
• Organizar atividades para os trabalhadores que promovam a diminuição de fatores de stress
organizacionais;
• Formar/Informar os trabalhadores para a temática.
• Promover a resiliência pessoal e, consequentemente, da
equipa e da empresa;
• Promover a saúde e bem-estar dos trabalhadores (influência
de fatores como alimentação saudável e atividade física);
• Desenvolvimento de capacidades como gestão de tempo ou
resolução de conflitos;
• Intervir e apoiar quando se identificar uma situação
relacionada com problemas de saúde e bem-estar
relacionados com stress, envolvendo a medicina do trabalho
sempre que necessário.
ESTRATÉGIAS PROMOTORAS DE BEM -ESTAR

• Pratique ouvir sem fazer julgamentos. Note o quanto a mente julga e critica constantemente.
• Note o que está a fazer, e como o está a fazer, use os seus sentidos.
• Não pense tanto no destino da sua caminhada.
• Reconheça que pensamentos são apenas pensamentos;
• Não leve tudo muito a sério.
• Passe mais tempo em contacto com a natureza.
• Quando notar que o seu coração está a ficar mais acelerado, por exemplo, antes
de fazer uma apresentação oral, aperceba-se que o seu corpo está a tentar dar-
lhe mais energia e tente tirar o máximo proveito dessa energia.

• Se estiver ansioso/a, pare para pensar porquê, e pergunte a si mesmo se isso


está a acontecer porque está a fazer algo pelo seu bem-estar, algo que é
importante para si e, portanto, reforça os seus valores e dá sentido à sua vida.

• Se se sentir sobrecarregado com trabalho ou preocupações, tente fazer um


pequeno ato de bondade por alguém e colha a “recompensa mental”.

• Passe tempo de qualidade com quem gosta. Cuidar cria resiliência.

• Tente concentrar-se no propósito maior do que estiver a fazer. Por exemplo,


quando está preso no trânsito, a tentar que o seu filho chegue a horas às aulas,
lembre-se que é porque o ama e quer que ele tenha uma boa educação.
• Não finja que o stress não existe! As pessoas que o
negam tendem a isolar-se e a reforçar os seus medos. Em alternativa,
questione o motivo desse stress e procure os aspetos positivos.

• Está a aprender alguma coisa com isso? Estás a tornar-se mais


resiliente? Está a conectar-se com as pessoas a um nível mais
profundo? Sente-se mais intensamente vivo?

“O complicado da vida é perceber o quão simples ela é.”


MINDFULNESS – BODY SCAN
O QUE FAZER COM OS PENSAMENTOS?

1. Observe apenas os pensamentos a passar (a chegar e a ir), sem sentir que tem de os seguir.

2. Veja os pensamentos como uma produção mental e não como um facto. Pode acontecer que tal produção mental
ocorra com outras sensações e emoções. Compete-lhe decidir quando é que o pensamento é verdadeiro ou não e como
pretende lidar com ele.

3. Escreva os pensamentos num caderno ou papel. Isto permite-lhe criar alguma distância emocional para além de, na
pausa entre o pensamento e a escrita, poder refletir no significado do pensamento.

4. Pergunte-se: este pensamento disparou automaticamente na minha cabeça? Está associado a esta situação? Há
alguma coisa mais que eu possa investigar? De que forma pensei nisto, com outro humor e numa outra altura? Há
alternativas?

5. Perante pensamentos mais difíceis pode ajudar olhar para eles intencionalmente e de forma aberta e torná-los parte
integrante da prática, deixando que a mente lhe dê outra perspetiva.
EXERCÍCIO: MINDFULNESS E
RESILIÊNCIA (20 MIN)
Recursos:

- Usar factos e evidência: “isto não é verdade, porque


_________________________________________”

- Usar o otimismo: “uma forma mais otimista de ver ____________ é


_____________________________________”

- Usar o planeamento: “ se _______________ acontecer, eu vou


________________________________”

- Completar cada ponto, com três situações de vida diária.


Fonte: Budismo – Psicologia do Autoconhecimento (Dr. Georges da Silva e Rita Homenko)
RELAXAMENTO MUSCULAR

1º Sente-se ou deite-se confortavelmente. Execute os movimentos com suavidade. À medida que o


vai fazendo, é importante concentrar a sua atenção na zona do corpo que esta tensa ou sensação de
formigueiro, observando as sensações físicas nessa zona.

2º Feche o punho esquerdo com força durante cinco segundos, dirigindo a atenção para os punhos.
Depois, abra a mão e relaxe durante dez a quinze segundos. Repita.

3º Repita o procedimentos com o punho direito.

4º “Faça músculo” com força no braço esquerdo durante cinco segundos, com a atenção focada no
braço. Depois, relaxe o músculo durante dez a quinze segundos e observe as sensações físicas no
braço.

5º Repita o procedimento com o braço direito.

Repetir as vezes necessárias até alcançar o relaxamento.


GROUNDING
• Sentar numa posição confortável.

• Inspirar e expirar lentamente.

• Identificar cinco coisas que está a sentir.

• Inspirar e expirar lentamente.

• Identificar cinco sons que está a ouvir.

• Inspirar e expirar lentamente.

• Identificar cinco objetos que está a ver.

• Inspirar e expirar lentamente.


Estratégias de
intervenção

yoga

relaxamento
muscular progressivo

meditação (guiada)

exercícios aeróbicos

escuta de música
“especial”

biofeedback

(American Institute of Stress, 2020)


Envolver-se em atividades distrativas positivas (desporto,
passatempos, leitura).

Descansar adequadamente e fazer refeições saudáveis.

Utilizar técnicas de relaxamento.

EXERCÍCIO – O Procurar apoio psicológico.

QUE AJUDA E O
QUE ATRAPALHA? Falar com outras pessoas.

Recorrer a álcool e substâncias psicoativas.

Culpar os outros.

Chorar.
PARA… O QUE
PODEMOS FAZER?
• Ansiedade – calma
• Caos – estrutura
• Emoções – pensar
• Frustração – catarse
• Perda de controlo – informação
• Alienação – aceitação e suporte
social
• Falta de esperança - ação
Algumas pessoas precisam de acompanhamento psicológico para conseguir gerir a ansiedade e lidar
com os ataques de pânico. Este pode ser o seu caso se:
• Está ansioso a maior parte do tempo ou tem ataques de pânico frequentemente;
• Sentir que a sua vida pessoal e profissional está a ser afetada;
• Tem muita dificuldade em gerir a ansiedade;
• Evitar determinadas situações ou locais por ter medo de ter um ataque de pânico.
7229 – GESTÃO DO STRESS DO
PROFISSIONAL
Módulo nº.3: Emoções
Conceito;
Características fisiológicas, cognitivas e comportamentais;
Estratégias de gestão das emoções.
EMOÇÃO
E+MOVERE
“MOVER
PARA FORA”
“SAIR DE SI”
Definição de Damásio (2003)
• Variação psíquica e física,
desencadeada por um estímulo,
subjetivamente experimentada
e automática e que coloca num
estado de resposta ao estímulo
• Meio natural de avaliar o
ambiente que nos rodeia e de
reagir de forma adaptativa.
“ Sem qualquer exceção, homens e mulheres de todas as idades, de todas as culturas, de todos os graus
de instrução e de todos os níveis económicos têm emoções, estão atentos às emoções dos outros,
cultivam passatempos que manipulam as suas próprias emoções, e governam as suas vidas, em grande
parte, pela procura de uma emoção, a felicidade, e pelo evitar das emoções desagradáveis” (Damásio,
2000)

Ainda segundo o mesmo autor, “pensamos com o nosso corpo e com as nossas emoções,
não existindo razão pura”.
EMOÇÕES BÁSICAS

As emoções desagradáveis protegem-nos do perigo e orientam-nos para objetivos e para ações


específicos;

As emoções agradáveis motivam-nos para explorar o mundo que nos rodeia de forma proactiva e
restituem o equilíbrio depois de experiências emocionais desagradáveis;

A raiva e o medo alertam-nos para o perigo;

A tristeza aproxima-nos das pessoas;

A alegria engrandece a vida e promove a busca de felicidade.


SURPRESA

A surpresa pode ser definida como uma reação causada por algo imprevisto, inédito ou estranho.

A vivência subjetiva que a acompanha é uma sensação de incerteza junto a um estado em que a pessoa
tem a sensação de ter a mente em branco.

Com respeito às reações fisiológicas, deparamo-nos com uma desaceleração da frequência cardíaca e
um aumento do tónus muscular e da amplitude respiratória. Além disso, aparece um tom de voz alto,
junto a vocalizações espontâneas.

A função da surpresa é esvaziar a memória de trabalho de toda a atividade residual para lidar com o
estímulo imprevisto. Portanto, esse estado ativa os processos de atenção, juntamente com a conduta
de exploração e a curiosidade.

Esta emoção é frequentemente seguida por outra emoção que vai depender da qualidade do estímulo
imprevisto, mostrando assim sua positividade (alegria) ou negatividade (raiva).
NOJO

O nojo é uma das emoções básicas conhecidas desde os trabalhos de Darwin sobre a emoção animal.

Caracteriza-se por uma sensação de repulsa ou de evitar algo diante da possibilidade, real ou imaginária,
de ingerir uma substância nociva, que tenha propriedades contaminantes.

A sensação subjetiva é de um grande desagrado e de uma nítida aversão ao estímulo indutor.

Os efeitos fisiológicos centrais são o aparecimento de diversos tipos de mal-estar gastrointestinais


acompanhados de náuseas. Além disso, observa-se um aumento geral da ativação; visível através do
aumento da frequência cardíaca e respiratória, condutância da pele e tensão muscular.

A função adaptativa que o nojo cumpre é rejeitar todos os estímulos que podem provocar uma
intoxicação. As náuseas e o mal-estar contribuem para evitar qualquer ingestão danosa para o corpo. Além
disso, com o tempo, esta emoção tem começado a ganhar um caráter social de rejeitar os estímulos
sociais tóxicos para nós.
MEDO

É a emoção mais estudada nos animais e no ser humano.

O medo é um estado emocional negativo ou aversivo com uma ativação muito elevada que incita o ato de
evitar e de escapar de situações perigosas.

A vivência desta emoção provoca uma sensação de grande tensão junto a uma preocupação pela própria
segurança e saúde.

Os correlatos fisiológicos mostram uma elevação rápida da ativação e uma preparação para a fuga. A
atividade cardíaca dispara e a atividade respiratória acelera, causando uma respiração superficial e
irregular.

O medo é um legado evolutivo que tem um valor de sobrevivência óbvio. A emoção é útil para preparar o
corpo e gerar condutas de fuga ou luta face a estímulos potencialmente perigosos. Além disso, facilita a
aprendizagem de novas respostas que afastam a pessoa do perigo.
ALEGRIA

A alegria é, de todas as emoções básicas, talvez a mais positiva: está associada de forma direta com o
prazer e a felicidade. Ela aparece, por exemplo, em resposta à conquista de alguma meta pessoal ou
frente à atenuação de um estado de mal-estar.

Pela forma como a manifestamos, pode parecer que ela não tem nenhuma função para a nossa
sobrevivência, além de ser um mero reflexo do nosso estado interno.

No entanto, a alegria é um dos sistemas que o corpo tem para incentivar a ação. Além disso, serve
como recompensa para aquelas condutas benéficas para si mesmo.

A alegria dispara quando realizamos uma ação que alcança uma meta, e graças a isso, essa conduta
repetir-se-á para que voltemos a vivenciar essa sensação de prazer. É, talvez, o reforço mais natural
com o qual contamos.

A nível fisiológico encontramos um aumento da frequência cardíaca e um maior ritmo respiratório. Na


química cerebral deparamo-nos com uma maior liberação de endorfinas e dopamina.
TRISTEZA

Dentro das emoções básicas, a tristeza é a que implica a maior negatividade.

Esta emoção caracteriza-se por uma queda de ânimo e uma redução significativa no nível de atividade
cognitiva e de conduta. Apesar da má fama que esta emoção tem associada, ela cumpre funções iguais
ou mais importantes que as demais emoções básicas.

A função da tristeza é atuar em situações onde o sujeito se encontra impotente ou não pode dar
continuidade a nenhuma ação direta para solucionar o que lhe traz sofrimento, como o falecimento de
uma pessoa querida. Por isso, a tristeza reduz o nível de atividade, com o objetivo de economizar
recursos e evitar que façamos esforços desnecessários.

Atua de maneira autoprotetora, gerando um filtro percetivo que centra a atenção na própria pessoa no
lugar de um estímulo aversivo.

E o mais importante, instiga a busca do apoio social que facilita a fuga de uma situação depressiva.
RAIVA

A raiva emerge quando a pessoa se vê submetida a situações que causam frustração ou que são hostis. A
vivência que surge desta emoção é desagradável, junto a uma sensação de tensão que nos motiva a agir.

É uma emoção de muitas faces e, em muitos casos, ambígua, pois dependendo da situação pode ser vista
como mais ou menos justificada.

A nível fisiológico, identificamos no corpo um aumento excessivo da ativação e uma preparação para a
ação. Observamos um aumento da atividade cardíaca, no tónus muscular e na amplitude respiratória. Além
disso, observa-se um aumento significativo da adrenalina no sangue que, por sua vez, aumentará a tensão
cognitiva.

A raiva tem uma função evolutiva clara, fornecendo recursos necessários para enfrentar uma situação
frustrante. Quando temos que enfrentar algum perigo ou superar um desafio, esse gasto de recursos para
aumentar a ativação nos ajuda a ter sucesso.

Se mesmo com a raiva ainda não se consegue alcançar o objetivo, surge a tristeza; para solucionar o
problema através de outras ferramentas.
Sejam de valência positiva, negativa ou neutra, o certo é que
todas as emoções cumprem funções que favorecem nossa
sobrevivência. Por outro lado, também trazem o perigo de, pela
CONCLUSÃO sua intensidade, se dominarem a nossa conduta. É nestes casos
que a regulação emocional é especialmente importante, já que é
ela que pode afastar o lado negativo dessa manipulação emocional
das rédeas da nossa vida.
MEDITAÇÃO DAS MARGARIDAS (15
MIN)
TENDEMOS A EVITAR OU FUGIR DE
DETERMINADAS SITUAÇÕES, PENSAMENTOS
OU EMOÇÕES.

80% das pessoas procura distrair-se.

É difícil! – tentar evitar é pior!

É importante entrar em contacto com a experiência tal como ela é,


deixar de ver as situações, pensamentos ou emoções como algo a
evitar.
REGULAÇÃO EMOCIONAL

- Identificar e rotular emoções;


- Aceitar e tolerar emoções;
- Aumentar as emoções positivas;
- Reduzir a vulnerabilidade das emoções negativas;
- Técnicas de distração.
EVITAR É TÓXICO.

Cada um de nós tem as suas estratégias de resolução de problemas. Algumas maladaptativas.

Estratégias de Fuga: esconder-se, fugir, distrair-se, entorpecimento

Estratégias de Luta: supressão, argumentação, tomar iniciativa, self bullying

Não gostamos de incertezas, mas o mundo é incerto.

Não podemos escolher o que sentimos, mas podemos decidir o que fazemos quanto a isso.
NÃO POSSO
ENTENDER A
FUNÇÃO, SEM
O CONTEXTO.
O Zé anda sempre mal disposto no trabalho e às
vezes tenho de lidar com ele.
• O que deve o Zé fazer?
• O que posso fazer?

A Júlia nos últimos meses anda muito calada e


passa o tempo na casa de banho a chorar.
• O que posso fazer pela Júlia?
• O que posso fazer por mim e pelos colegas (que queremos ir à
casa de banho e não podemos)?

O chefe Marco anda sempre mal disposto e agora


descarrega em mim.
• O que posso fazer pelo Marco?
• O que posso fazer por mim?
Apanho sempre trânsito, chego todos os dias ao
trabalho sem paciência.
• O que posso fazer por mim?
• O que posso fazer por quem trabalha comigo?

Até dezembro tenho de estar mais horas no trabalho,


o que faz com que chegue sempre cansado a casa.
• O que posso fazer por mim?
• O que posso fazer pela minha família?

Gostava que me ouvissem mais no meu trabalho.


• O que posso fazer por mim?
• O que posso fazer pela empresa?
PORQUE É QUE NUMA
DISCUSSÃO DEVEMOS
MANTER A CALMA?
Processo de tomada de decisão:
R E SPOSTA

• Estímulo – Resposta automática


❖ Surgirão sempre situações piores;
❖ Se não mudarmos, estamos a perpetuar
ou
o ciclo de raiva; • Estímulo – Resposta
❖ Pelo menos não aumentamos o número instrumental (ação com base na
de respostas desadaptativas; recompensa)
❖ Adquirimos competências de
descentralização;
❖ Aprendemos a gerir melhor o stress, Quando faço porque é
ansiedade e a dor.
automático.
Ou então,
DISCUTIMOS, MAS COM CONSCIÊNCIA. Quando faço porque quero.
O QUE
VALORIZO?
O QUE É
IMPORTANTE
PARA MIM?
EXERCÍCIO (30 MIN):

REALIZAR UM CARTAZ PARA AFIXAR NO


LOCAL DE TRABALHO, COM INFORMAÇÃO
SINTETIZADA SOBRE O STRESS (CONCEITO,
SINAIS/SINTOMAS; FATORES DE RISCO;
EUSTRESS VS DISTRESS; CONSEQUÊNCIAS)
7229 – GESTÃO DO STRESS DO PROFISSIONAL

Obrigada!

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