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1. História da Dinâmica Familiar
Tendo em conta estas realidades, a família não deixa de ser um sistema e ao mesmo
tempo um processo de interação e de integração dos seus membros. A comunicação é o
elo de ligação que constitui condição de convívio e de sustentação de todo o sistema,
baseando-se na igualdade ou na diferença. A análise destas tendências explica-se pelo
facto da família ter vindo a enfrentar um processo de profundas transformações ao longo
dos tempos no sistema (Giddens, 2004: parte 4).
Seja qual for o modelo de família ela é sempre um conjunto de pessoas consideradas
como unidade social, como um todo sistémico onde se estabelecem relações entre os seus
membros e o meio exterior.
Compreende-se, que a família constitui um sistema dinâmico, contém outros subsistemas
em relação, desempenhando funções importantes na sociedade, como sejam, por
exemplo, o afeto, a educação, a socialização e a função reprodutora. Ora, a família como
sistema comunicacional contribui para a construção de soluções integradoras dos seus
membros no sistema como um todo.
Os diferentes tipos de família são entidades dinâmicas com a sua própria identidade,
compostas por membros unidos por laços de sanguinidade, de afetividade ou interesse e
que convivem por um determinado espaço de tempo durante o qual constroem uma
história de vida que é única e irreplicável (Giddens, 1999; 2004; Amaro, 2006: 71; Alarcão
& Relvas, 2002).
A família nuclear, constituída por dois adultos de sexo diferente e os respetivos filhos
biológicos ou adotados, já não é para muitos o modelo de referência, embora continue a
ser o mais presente.
As uniões de facto, trata-se de uma realidade semelhante ao casamento, no entanto
não implica a existência de qualquer contrato escrito;
As uniões livres, não são muito diferentes das uniões de facto, apenas nestas nunca
está presente a ideia de formar família com contratos;
As famílias recompostas são constituídas por laços conjugais após o divórcio ou
separações. É frequente a existência de filhos de casamentos ou ligações diferentes
ocasionando meios-irmãos;
As famílias monoparentais são compostas pela mãe ou pelo pai e os filhos. São
famílias fruto de divórcio, viuvez ou da própria opção dos progenitores, mães solteiras,
adoção por parte das mulheres ou dos homens sós, recurso a técnicas de reprodução. O
aumento dos divórcios fez aumentar o número deste tipo de famílias já que nesta situação
os filhos ficam a viver com um dos progenitores. Na maioria das vezes este progenitor é a
mãe, embora já haja alguns homens;
Por fim, as famílias homossexuais constituídas por duas pessoas do mesmo sexo com
ou sem filhos.
Se a evidência, no que concerne a um número crescente de diferentes tipos de famílias, é
incontestável, estas novas formas de estrutura e dinâmica familiar não se despem, a
nosso ver, da sua essência: a família como grupo social em que os seus membros
coabitam ligados por uma ampla complexidade de relações interpessoais (Beltrão, apud,
Dias,
2000: 81). Daí a importância que no passado e no presente se tem dado à família e às
mudanças que a têm caracterizado na sua estrutura, nas relações dentro e fora dela.
Por outro lado, as diversas gerações que integram uma família avançam no tempo através
do ciclo vital, priorizado por eventos que definem as diferentes etapas de crescimento,
assim como as tarefas de socialização inerentes a cada um dos elementos no percurso
que partilham em conjunto.
Em cada etapa têm lugar acontecimentos que determinam conjunturas que podem afetar
cada um dos seus membros, o que exige dos intervenientes a necessidade de
encontrarem novas formas de estar que lhes permitem adaptar-se às modificações
estruturais, funcionais e às mudanças subjacentes a cada etapa.
Deste modo, o ciclo vital da família pode ser representado como um esquema de
classificação em etapas, Fig. III, que demarcam uma sequência previsível de mudanças na
organização familiar ao longo do tempo.
No esquema observamos que a família inicia com a constituição do casal e vai mudando à
medida que nascem os filhos, se tornam alunos, adolescentes e adultos. O processo
repete-se quando o primeiro filho sai de casa e forma nova família. O sistema altera-se,
forma-se outro, as relações tornam-se mais abrangentes, constituindo-se um novo sistema
familiar.
Falar ou escrever sobre a regulação da família é, cada vez mais, uma matéria complexa,
porque se torna difícil definir o que seja a própria família. Aliás, Bernini (2007) refere que
se continua a ter de utilizar o termo “família” porque não existe outro que seja capaz de o
substituir. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com especial aceleração nos últimos
trinta anos, que temos vindo a assistir na Europa, e no denominado mundo ocidental, a
mutações das relações familiares. A ideologia e as práticas herdadas do século XIX
impuseram por toda a Europa o modelo social e jurídico da família nuclear (pai, mãe e
filhos), assente numa cultura da família e do casamento. Este modelo estava submetido a
um conjunto de normas rígidas acerca das funções da família e dos papéis
desempenhados por cada cônjuge. Havia, assim, um estatuto desigual para os homens e
as mulheres, pois o homem tinha o direito, e também o dever, de procurar realizar o seu
percurso individual fora de casa, enquanto o papel reservado à mulher era o de lhe
proporcionar o conforto doméstico e afectivo de que precisava. Mas, no final do século XX
(sobretudo a partir da década de setenta), os ideais de democratização da família
lograram libertar a mulher do estatuto desigual em que o modelo anterior a confinava,
para lhe dar um estatuto de igualdade perante a sociedade e a lei. Temos, finalmente,
dois parceiros conjugais sujeitos ao mesmo processo de renascimento da subjectividade,
procurando cada membro do casal a maior realização pessoal e satisfação que puder,
dentro da comunhão de vida (Oliveira, 2004: 763 e 764). Ou seja, dentro da igualdade,
cada um busca a sua diferença, uma vez que cada um formula as suas próprias
pretensões.
A família tende, cada vez mais, a transformar‑se de experiência total e permanente em
experiência parcial e transitória da vida individual.
Estamos, assim, hoje perante novos cenários familiares, flexíveis e fluidos, onde se verifica
o aumento das uniões de facto; o aumento do número de crianças nascidas fora do
casamento; o aumento das famílias monoparentais; o aumento das famílias recompostas;
o aumento das famílias transnacionais; e o aumento das famílias unipessoais. Estes
cenários são ocasionados pelos seguintes (principais) factores: a diminuição da taxa de
nupcialidade; o aumento da instabilidade conjugal (que resulta em separação e divórcio);
a redução da natalidade; os processos migratórios e a globalização. Ou seja, estamos
perante o enfraquecimento da união matrimonial e da família enquanto instituição (Pocar
e Ronfani, 2008: 126ss.). Mas, mais do que falar em crise da família, deve falar‑se em
crise de um certo modelo de família, isto é, a família estável e harmoniosa, afectiva e
fecunda, governada por regras rígidas de divisão do trabalho e assente numa hierarquia
entre homem e mulher, pais e filhos .
Assim, num contexto conotado com a flexibilidade e a fluidez, o modelo prevalecente
continua a ser o da família nuclear, que nem sempre se realiza de acordo com os traços
de simetria e de democracia. Todavia, este modelo já não é o ponto de referência para
muitas pessoas, pelo menos em algumas fases da vida. Daí que já não seja possível
propor uma definição unívoca de família.
A situação da família em Portugal, embora tenha começado o seu percurso de
transformação mais tardiamente, ou seja, a partir da mudança política iniciada em 25 de
Abril de 1974, apresenta‑se, com efeito, no dealbar do século XXI, como “uma vida
familiar em mudança, […] atravessada pelos movimentos de modernização da sociedade
portuguesa que ocorreram nas últimas décadas, às vezes a um ritmo quase vertiginoso,
aproximando os padrões demográficos e familiares dos que mais cedo se observaram
noutras sociedades ocidentais” (Aboim, 2006: 63).
Ora, estas mutações reflectem‑se necessariamente na transformação da regulação jurídica
da família através de reformas, designadamente, como as resultantes da consagração do
princípio da igualdade (entre os cônjuges e dos filhos) nos “tradicionais” direito
constitucional e direito (civil) da família, e, ainda, através da fragmentação e expansão da
normativização jurídica das relações familiares para os direitos do trabalho, da segurança
social ou, até, criminal.
Varias tem sido as mudanças sociais nas sociedades, que tem contribuída para o
surgimento de novas formas de família: entrada da mulher no mercado de trabalho, o
aumento de divórcio, técnicas de fertilidade.
Todos estes fatores em simultâneo tem exercido fortes influências que abalam este grupo
social, que a família está numa fase de transição que pelas mudanças observadas deixa
de corresponder as ideias estabelecidas no passado de um grupo social imutável com
uma estrutura fortemente enraizada, pois a realidade social vivida nos dias de hoje em
nada se semelha a realidade social das décadas anteriores, hoje vive-se num tempo mais
dinâmico, tudo se processa de um modo mais rápido e complexo.
3.3 Monoparentalidade
Família monoparental ocorre quando apenas um dos pais de uma criança arca com as
responsabilidades de criar o filho ou os filhos. Tal fenómeno ocorre, por exemplo, quando
o pai não reconhece o filho e abandona a mãe, quando um dos pais morrem ou quando os
pais dissolvem a família pela separação ou divórcio. Normalmente, depois da separação do
casal, os filhos ficam sob os cuidados da mãe, e mais raramente, do pai.
A adoção vem a ser o ato jurídico solene pelo qual, observados os requisitos legais,
alguém estabelece, independentemente de qualquer relação de parentesco consanguíneo
ou afim, um vínculo fictício de filiação, trazendo para sua família, na condição de filho,
pessoa que, geralmente, lhe é estranha. Dá origem, portanto, a uma relação jurídica de
parentesco civil entre adotante e adotado. É uma ficção legal que possibilita que se
constitua entre o adotante e o adotado um laço de parentesco de 1º grau na linha reta.
A adoção é, portanto, um vínculo de parentesco civil, em linha reta, estabelecendo entre
adotante, ou adotantes, e o adotado um liame legal de paternidade e filiação civil. Tal
posição de filho será definitiva ou irrevogável, para todos os efeitos legais, uma vez que
desliga o adotado de qualquer vínculo com os pais de sangue, salvo os impedimentos para
o casamento (CF, art. 227, §§ 5º e 6º), criando verdadeiros laços de parentesco entre o
adotado e a família do adotante.
Como se vê, é uma medida de proteção e uma instituição de caráter humanitário, que tem
por um lado, por escopo, dar filhos àqueles a quem a natureza negou e por outro lado
uma finalidade assistencial, constituindo um meio de melhorar a condição moral e material
do adotado.
Duas eram as hipóteses de adoção admitidas em nosso direito anterior: a simples, regida
eplo Código Civil de 1916 e a Lei 3.133/57, e a plena, regulada pela Lei n. 8;069/90, arts.
39 a 52.
Apesar de tudo, é dada grande importância à integração dos alunos com NEE nas
classes regulares, ou seja, os alunos considerados deficientes, diferentes das crianças
ditas “normais”, devem ser integradas no meio destas e como tal conviver e crescer
com elas. Para que tal se realize, os professores têm que adaptar os currículos às
diferentes necessidades dos seus alunos.
A Família e a Escola: Contexto histórico
Segundo Liliana Sousa (1998), até há bem pouco tempo as ligações escola-família
existiram num nível de afastamento considerado desejável. Apesar dos livros de
educação do século XVIII já persistirem “nos deveres dos pais em relação às coisas do
colégio e ao preceptor, supervisionar os estudos, a repetição das lições” (Aries, 1973,
p.260 citado por Liliana Sousa, 1998).
De acordo com a referida autora, no início do século XIX, a maioria das famílias não
tinha meios para se expressar na escola pública. Esta era frequentada, quase
exclusivamente por crianças de meios populares. As famílias privilegiadas contratavam
preceptores e em suas casas respondiam às necessidades educativas dos filhos.
As alterações nas actividades de relacionamento entre escola-família deveram-se a
mudanças em várias frentes: família, escola, aspectos socioculturais, assim como, a
dados de investigação em educação (Montandon, 1987ª, p. 25, referenciado por
Liliana Sousa 1998).
Esta mudança verificou-se também no sistema escolar. Referenciamos a extensão da
escolaridade obrigatória, a democratização dos estudos, a mudança nos conteúdos e
métodos de ensino. A escola assume tarefas mais amplas de educação, que até aí
estavam a cargo da competência da comunidade civil e religiosa e mesmo da família.
Segundo Liliana Sousa (1998), nota-se a nível sociocultural o acentuar da ideologia de
participação, efeito do aumento da instrução da população, assim como a grande
difusão do discurso especializado sobre educação.
De acordo com alguma investigação científica, o papel e influência da família no
desempenho escolar dos alunos tem vindo a salientar-se e, a partir daí, realça a
necessidade de uma ligação mais próxima e institucionalizada.
Liliana Sousa (1998) refere que a aproximação entre pais e professores considera-se
um factor essencial para o sucesso das aprendizagens e do desenvolvimento da
criança. Estando este, intimamente ligado ao facto da aprendizagem ser de relação
entre toda a comunidade educativa.
Como menciona Arroteia (1991) a crescente aceitação na escola de outros sistemas
comunitários, é produto de uma mudança global, quer sejam: "dos modelos e das
concepções de gestão dos sistemas" e/ou sobretudo da "ampla renovação de
mentalidades".
Nesse sentido, a problemática do envolvimento dos pais na escola (tanto ao nível da
cooperação como da decisão) é um processo vagaroso e desencadeador de conflitos,
antes de se constituir como uma rotina, "(...) tradição, uma expectativa não declarada
tanto por parte dos professores como dos pais de actuarem de certa forma...os novos
professores e os pais de novas crianças tendem a aceitar, absorver e desenvolver a
tradição. O factor chave é o dos participantes verem no tempo dispendido algo que
valha a pena e seja agradável" (Winkley, citado por Wolfendale, 1987, p. 132, citado
por Liliana Sousa, 1998).
Segundo José Flores (1994), quando nos referimos à família directamente ligada à
criança pensamos logo nos pais, pois estes continuam a ser a essência da família.
Ainda se pensa que o pai e a mãe têm um papel distinto na família, ou seja, à mãe
cabe o papel de educar os filhos e ao pai cabem os trabalhos mais árduos, os de
sustentar a família.
A acção tanto do pai e da mãe são necessárias para o desenvolvimento normal do filho
e a evolução social marca, cada vez mais, a tendência para diminuir essas diferenças.
É de salientar que muitas tarefas no cuidado da criança que até há poucos anos
estavam a cargo da mãe, vão sendo realizadas cada vez mais pelos pais. A única coisa
que o pai não pode fazer é gerá-lo e amamentá-lo. Querendo isto dizer que existe uma
barreira biológica, natural, que distingue o papel da mãe e o do pai; mas esta barreira
não pode ser um ponto de partida para se dissociar o papel do pai e da mãe, nascidos
de preconceitos, de atitudes generalizadas ou de crenças das diferentes culturas que
na humanidade se foram manifestando.
A relação entre pais e filhos começa por uma simples e concreta exigência, sendo ela,
a presença física. É importante realçar que o filho aspira, não só relacionar-se com o
pai ou com a mãe separadamente, mas o seu maior desejo é fazê-lo com ambos,
conjuntamente.
No entanto, falar na relação mãe, pai e filhos requer utilizar uma palavra que não tem
uma boa reputação nos nossos dias: a autoridade. Contudo, o certo é que face a
tantos abusos da autoridade e face a tantas rebeldias contra ela, não há comunidade
possível sem autoridade que a governe. Um facto é que através dos tempos, excepto
algumas excepções, a autoridade familiar estava a cargo do pai.
É importante referir que a autoridade não é o mesmo que poder, embora a autoridade
tenha algum poder esta é mais um serviço. E é na família que se pode verificar a
condição de serviço que toda a autoridade tem.
Deve-se deixar a contraposição homem – mulher, para se pensar na acção conjunta do
pai e da mãe em relação aos filhos, ou seja, apoiando-os e ajudando-os desde os seus
primeiros dias de vida. A responsabilidade específica da autoridade familiar é criar e
manter um ambiente de estímulos, nos quais os filhos vão desenvolvendo a capacidade
de usar a sua consciência e a sua liberdade de forma responsável, ajudando os filhos a
serem capazes de viver por sua própria conta, ou seja, de não precisar já da
autoridade paterna. Podemos assim concluir que se deve exercer de maneira distinta,
segundo o grau de desenvolvimento dos filhos. É lógico que vai diminuindo de
intensidade à medida que o sujeito adquire capacidade de governar a sua própria vida.
Por essa razão a autoridade começará a exercer-se como simples ordenar, quando a
criança está nos primeiros anos de vida e não tem capacidade racional para tomar
consciência das razões pelas quais tem de agir desta ou daquela maneira, para passar
na época escolar, ao ordenar justificado. Há medida que se tornam adolescentes já
vão reclamando a responsabilidade da sua própria vida. A autoridade familiar também
requer que cada membro da família tenha uma margem de autonomia, na brincadeira,
no trabalho, na relação com os outros, onde se possa desenvolver a sua iniciativa e a
agir de acordo com o seu próprio critério.
De acordo com Liliana Sousa (1998), as crianças com NEE reúnem uma série de
problemas que dificultam a adaptação da criança ao meio, as quais se relacionam com
falhas a quatro níveis: pedagógico (más condições de aprendizagem), afectivo
(problemas na relação pais-filho), psicofisiológico (alterações estruturais e funcionais)
e/ou instrumentais (problemas na linguagem oral e escrita, dificuldades perceptivas).
Deste modo, estes alunos carregam em si uma mensagem pesada física, emocional ou
académica (Tucker & Dyson, 1976, citados por Liliana Sousa, 1999).
Ausloos (1991), citado por Liliana Sousa (1998), sugere a mudança da visão tradicional
das dificuldades escolares como falhas, para um modelo que valorize as competências.
O judaico-cristão seria o modelo convencional e a nova perspectiva seria a sistémica.
Na primeira, os problemas decorrem de falhas de alguém, era, assim, necessário
encontrar o culpado e ele poderia ser perdoado se se arrependesse. Por sua vez, no
segundo, procuram-se as competências e acredita-se na responsabilização pelo
desempenho das competências, o seu desenvolvimento provém de informação e
inovação.
De acordo com o modelo judaico-cristão as dificuldades escolares da criança
reflectiram-se na relação escola - família. Um aluno inadaptado apresenta
disfuncionalidade na comunicação intra ou intersistémica e assume um comportamento
adaptado à disfunção particular. Os problemas educativos da criança, quer a nível do
desempenho académico, quer no comportamento, colocam em causa os adultos,
tornando-se, também, uma dificuldade destes. Deste modo, o professor sente-se mal,
impotente, atribuindo a causa do problema à família, os pais culpam o professor e os
seus métodos. Assim, os adultos (pais e professores) caracterizam-se uns aos outros a
partir de um agir da criança: nulo em matemática como a mãe, o mau professor. Estas
relações constituem-se na procura do culpado; professor, pais, criança, outros; com
todas as alianças que já referimos (La Gorce, 1988; Levy-Basse & Michard, 1988;
citados por Liliana Sousa, 1998).
Como nos refere Liliana Sousa (1998), as necessidades educativas especiais são parte
integrante da relação e do equilíbrio que se estabelece e, simultaneamente, expressão
de um problema relacional. Normalmente, os pais vão à escola quando o professor os
solícita, ou porque o filho está com problemas, ou já não sabem como lidar com ele.
Deste modo, revela-se uma situação nítida de culpabilização, no sentido em que “se
passa a pasta” para outro campo e se desvia a própria responsabilização da situação.
Neste encadeamento, os pais vão, desqualificar o professor e, por sua vez, a criança
fica, refém desse conflito.
Em situação de dificuldades de comprovada origem biofisiológica, a evolução da
deficiência é o que se encontra em jogo.
“A evolução da criança deficiente, o seu sucesso no desenvolvimento e maturação, a
aprendizagem e a autonomia são fortemente influenciados (dentro da sua zona de
desenvolvimento potencial) pelo tipo de apoio que é dado”. Liliana Sousa, 1998:89)
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