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UNIDADE I – TEORIA DO DIREITO

INTERNACIONAL
Profa. Dra. Andreza Smith
andrezasmith@ufpa.br
Conteúdo
1. Noções gerais da disciplina e introdução à
temática da Sociedade Internacional e do
Direito Internacional.
2. Fundamento do Direito Internacional clássico
e contemporâneo.
3. A importância do estudo do Direito
Internacional para compreensão das bases
contemporâneas do Direito e das relações
transnacionais.
1.1. O que é o DIP?
• MAZUOLLI, Valério de • VARELLA, Marcelo D.: “O
Oliveira: “conjunto de direito internacional público é
princípios e regras o conjunto de regras e
jurídicas (costumeiras e princípios que regula a
convencionais) que sociedade internacional”
disciplinam e regem a atuação
e a conduta da sociedade
internacional, visando
alcançar as metas comuns da
humanidade e, em última
análise, a paz, a segurança e a
estabilidade das relações
internacionais”
1.2. O que é a sociedade internacional?

• É o conjunto de atores que operam no DIP:


Estados, organizações internacionais
interestatais e indivíduos.
• Outros atores: movimentos de libertação;
sistemas regionais de integração; empresas
transnacioanis; organizações não
governamentais (Não são sujeitos de direito
internacional).
Atores ≠ Sujeitos
1.3. Desenvolvimento Histórico - Quando
surge?
• É aceito que surgiu com na idade média com o
surgimento do Estado (consolidação dos Estados
europeus e expansão ultramarina);
• Somente a partir do final do século XVI e início
do século XVII que o Direito Internacional
Público aparece como ciência autônoma e
sistematizada;
• O Século XX é quando o DIP adquire maior
independência global;
1.4. Um olhar mais para trás:
• Direito das Gentes e o Ius Gentium
(Império Romano). aplicável entre os cidadãos
romanos e os estrangeiros ou entre estrangeiros
- menos formalismo / equidade
• Séc. XIX - a expressão Direito Internacional
substitui paulatinamente a expressão Direito
das Gentes e o Ius Gentium
1º Marco

• Tratados de Westfália
• Deram origem ao DIP como ramo autônomo do Direito
(primeira vez que se reconheceu a igualdade entre Estados)
EUROPEUS!
• Concluídos em 24 de outubro de 1648, que colocaram fim à
sanguinária Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), conflito
religioso entre católicos e protestantes que teve como bloco
vitorioso os protestantes, com a derrota definitivamente o
poder católico, a fim de atribuir à autoridade civil o poder
supremo dentro do território.
• Com a paz de Westfália surgem:
▫ o Princípio da igualdade absoluta entre os Estados
▫ a noção do estado moderno assentado sobre um território
▫ essa noção de estado moderno origina a doutrina da soberania
2º marco
• Congresso de Viena 1815: Fim • Convicção e reconhecimento por
das guerras napoleônicas; novo parte dos Estados-membros da
sistema multilateral de sociedade internacional de que
cooperação política e econômica os preceitos do Direito
na Europa; Internacional obrigam tanto
• Novos princípios de Direito interna como
Internacional: proibição do internacionalmente, devendo os
tráfico de negros, a liberdade Estados, de boa-fé, respeitar (e
irrestrita de navegação nos rios exigir que se respeite) aquilo
internacionais da região e as que contrataram no cenário
primeiras regras do protocolo exterior.
diplomático;
• Os aspectos principais desse
sistema perduraram até quase o
início da Primeira Guerra
Mundial;
1.5. Quais as características do DIP?
• Conjunto de princípios e regras destinadas a reger
as situações que envolvem determinados sujeitos.
• É descentralizada, não há centralização do poder e
nem autoridade superior.
• Não há órgão com jurisdição geral internacional.
• Não há hierarquia das leis e nem norma
fundamental.
• A subordinação dá lugar à coordenação.
• Prevalece a vontade (consentimento) dos Estados.
1.6. Tendências evolutivas (Jorge
Miranda)
• 1. Universalização – • 5. Humanização - DIDH
autodeterminação dos povos, • 6. Objetivação – superação do
DIP não é mais só europeu dogma voluntarista (vontade
• 2. Regionalização – criação de dos estado é o único
regras em espaços físicos fundamento do DIP)
estratégicos de solidariedade e • 7. Codificação – textos
cooperação internacionais normativos
• 3. Institucionalização – • 8. Jurisdicionalização –
surgimento de entidades criação e institucionalização
distintas dos Estados dos Tribunais
• 4. Funcionalização – DIP
passa a pautar o direito
interno e faz surgir órgãos
encarregados
1.7. Princípios do DIP
1. Igualdade soberana
2. Autonomia
3. Interdição do recurso à força e solução pacífica
das controvérsias
4. Respeito aos Direitos Humanos
5. Cooperação internacional
2.1. A busca pela obrigatoriedade do
DIP – Várias correntes:
a) Quanto ao MODO DE PRODUÇÃO
• Teoria positivista: Análise empírica das
relações internacionais. Somente as normas
produzidas pelos Estados teriam o condão de
pertencer ao DIP.
• Teoria jusnaturalista: resultado de um
processo social, da existência de relações
fundamentalmente entre Estados. (Art. 53 e 54
da Convenção de Viena de 1969 sobre Direito
dos Tratados)
b) Quanto à OBRIGATORIEDADE DO DIP
• Voluntarista: obrigatoriedade do direito internacional
decorre sempre da vontade dos estados.
- Crítica: Como um novo Estado pode estar obrigado a normas
que não surgem da sua vontade?
- Teoria objetivista ou naturalista: a obrigatoriedade do
DIP advém da existência de princípios e normas superiores
aos do ordenamento jurídico produzido pelos Estados.
• Pacta sunt servanda (CV 1969, art. 26, “Todo tratado em vigor
obriga as partes e deve ser cumprido de boa-fé”)
• Críticas: não considera a vontade soberana dos Estados, que
também tem o seu papel contributivo na criação das regras do
DIP
• Teoria objetivista temperada: consagrada por
instrumentos internacionais, aceitação generalizada do DIP
emana dos princípios jurídicos alçados a um patamar
superior ao da vontade dos Estados, mas sem que se deixe
totalmente de lado a vontade desses mesmos Estados.
• c) Negadores do DIP: Direito Interno como
referência para a verificação das normas
jurídicas.
• NEGADORES PRÁTICOS: A ausência de um
poder coercitivo provoca a inexistência de normas
aptas a regular as relações internacionais. Somente
há relações de força entre os Estados, que se
preocupam apenas com a defesa de seus interesses.
• NEGADORES TEÓRICOS: Normas
internacionais não podem ser consideradas
jurídicas, pois inexistem sanções, devido à ausência
de um superior político capaz de implementá-las, o
DIP não seria Direito, mas uma moral positivada.
NATUREZA JURÍDICA DO DIP
• Normas cuja natureza jurídica é hoje
inquestionável: aplicabilidade é tratada pelos
Estados como sendo questão jurídica.
• O DIP atua da mesma forma que o Direito
Interno dos Estados: promove a ordem, regula e
restringe comportamentos.
3.1. O aumento da complexidade
• Processo de globalização – momento de
transição do DIP
• Alteração do paradigma do DIP clássico acerca
da soberania
• Internacionalização do Direito:
• Integração frequente entre o direito nacional, o
direito dos sistemas regionais de integração e o
DIP
• Multiplicação de fontes normativas além do
Estado-Nação (descentralização de fontes)
• Multiplicação de instâncias de solução de
conflitos fora do Estado
• Inexistência de hierarquia formal entre as
normas jurídicas ou entre as instâncias de
solução de conflitos
• Diferentes vertestes:Influências direta do DIP na
produção do direito interno; deslocamentos
transfronteiriços; o adensamento de juridicidade
de temas de interesse internacional; etc..
Um caso exemplificativo

• Acordo global sobre prevenção, preparação e


respostas a pandemias - OMS
• https://pt.euronews.com/2021/11/29/oms-
reconhece-riscos-da-omicron-e-pede-acordo-
global-contra-pandemias

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