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Direito Internacional

Público

Diplomacia e Relações Consulares


Beatriz Barros, Bianca Santiago, Emanuelle Barroso, Matheus Vinícius, Nivaldo
Sergio, Renata Beatriz
Gênese e estado atual do
Direito Internacional Público
“Introdução ao Direito
Internacional Público”
por Mazzuoli
Origens Históricas do DIP

● Não existe uma data precisa para seu surgimento, entretanto


não existia Direito Internacional na Antiguidade Clássica.
Porque?
● Não existia lei comum entre nações, igualdade jurídica etc.
● Fruto dos fatores: sociais, políticos, econômicos e religiosos
● Nova ordem política da Europa → Determinou a passagem da
Idade Média para a Idade Moderna
Primeiras manifestações do DIP
1. Feudos da Idade Média: O prestígio dos senhores feudais. As
alianças relacionadas à segurança externa;
2. Os tratados eram celebrados sob a égide da Igreja e do
Papado;
3. As decisões do Papa passaram a ser respeitadas em todo o
Continente;
4. Formação das cidades-Estados italianas;
● Transição para a Idade Moderna → Transição do direito
doméstico para direito internacional
● Esboços normativos do Direito Internacional Público
Nova era: O Direito Internacional Público como
ciência
● Século XVI - XVII: Ciência autônoma e sistematizada
● O que já existia: codificação de leis marítimas, instalação de embaixadas
etc.
● Guerra dos 30 Anos: “Fim” do conflito católicos x protestantes
● Tratados de Westfália (1648): Reconhecimento da igualdade formal no
internacional e criação de um sistema pluralista e secular de uma
sociedade de Estados independentes → Possibilitando tratados
internacionais.
● Substituindo a ordem hierarquizada da Idade Média pela sociedade
internacional. → União Europeia
● Hugo Grotius: “O direito das gentes”
○ Contribuiu para o Direito Internacional e o Direito Natural
O Direito Internacional Público como ciência

● A partir da reforma protestante surgiu a Doutrina da


Soberania → Estado moderno → Sujeito do Direito
Internacional Público
● Limitação da autoridade estatal
● Característica fundamental: Base territorial.
● Dentre outras: unidade política, instituições permanentes
impessoais, autoridade, lealdade substancial.
Segunda era: Congresso de Viena (1815)

● Novo sistema multilateral


de cooperação política e
econômica na Europa.
● Novos princípios do
Direito Internacional:
Proibição do tráfico de
pessoas escravizadas e
liberdade de navegação Esse sistema perdurou até a Primeira Guerra
Mundial, e se intensificou na Segunda.
● Ou seja, o direito das gentes só foi possível por conta da
convicção e do reconhecimento dos Estados-membros da
sociedade internacional sobre os preceitos do Direito
Internacional, obrigando os Estados a respeitar e exigir
respeito àquilo que contratam no cenário exterior.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

1. Universalização 5. Humanização

2. Regionalização 6. Objetivação

3. Institucionalização 7. Codificação

4. Funcionalização 8. Jurisdicionalização
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Universalização Regionalização
● Autodeterminação dos povos ● Forma de cooperação;
● Desagregação dos impérios; ● Particularizar regras jurídicas
europeus; a um espaço físico
● Soberania para todos os ● Distribuição de poder
Estados, portanto tratar
equilibrado → cessão de
como igual.
soberania
● Direito Internacional Universal
● Ex: Mercosul
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Institucionalização Funcionalização
● Evolução das relações
bilaterais/multilaterais para ser um
● O Direito Internacional cria
direito nos organismos normas de regulação no
internacionais/agências (ONU) internacional e também no
● Órgão supranacional: União
Europeia nacional via organismos
● Reconhecimento de entidades internacionais.
distintas dos Estados e interesse
na existência de pólos decisórios ● Se tornando um
● Consequência: Maior segurança e complemento.
estabilidade na sociedade intl
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Humanização
● O Direito Internacional ganha uma face humanizadora com
o nascimento do Direito Internacional dos Direitos
Humanos, notadamente com a arquitetura normativa de
proteção de direitos nascida no pós-Segunda Guerra, desde
a Carta da Nações Unidas (1945), desenvolvendo-se com a
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) e com
os inúmeros tratados internacionais de proteção desses
mesmos direitos surgidos no cenário internacional após
esse período.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Humanização
● Essa tendência de humanização do Direito Internacional
provém, como destaca Jorge Miranda, de três momentos
históricos conexos. O primeiro nasce com a definição
internacional ou a consagração internacional dos direitos
humanos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de
1948, passa a ser considerada um código de ética universal de
direitos humanos, que fomenta a criação de grandes pactos e
convenções internacionais, de documentos e de textos
especializados das Nações Unidas e de suas agências
especializadas.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Humanização
● O segundo, que tem o seu início com Convenção Europeia de
Direitos Humanos (1950), passando para a Convenção
Americana sobre Direitos Humanos (1969), é a consagração de
um direito de queixa, ou de um direito recurso, ou de
comunicação (petição) dos cidadãos contra o seu próprio
Estado perante as instâncias internacionais; trata-se da
necessária sujeição dos órgãos do Estado às decisões
provenientes de órgão jurisdicionais internacionais ainda
crescentes, criados por tratados também ratificados pelos
mesmos Estados de que são cidadãos as pessoas queixosas.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Humanização
● Por fim, o terceiro momento é a criação da Justiça Penal
Internacional, com origem nos Tribunais de Nuremberg e
Tóquio e, mais recentemente, nos Tribunais para crimes
cometidos nos territórios da ex-Iugoslávia e de Ruanda.
Com a criação do Tribunal Penal Internacional, o Direito
Internacional dos Direitos Humanos se desenvolve, se
concretiza e se enriquece, alargando-se cada vez mais o
seu âmbito de proteção.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Objetivação
● Uma sexta tendência do Direito Internacional colocada por
Jorge Miranda é a objetivação, ou seja, a superação definitiva
do dogma "voluntarista", segundo o qual a vontade dos atores
internacionais é o fundamento único da existência do Direito
Internacional Público. Desde a positivação da norma pacta
sunt servanda pela Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados de 1969 -, justificando e fortalecendo a existência e
validade de inúmeros tratados internacionais de proteção dos
direitos humanos presentes na atualidade.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Codificação
● Uma sétima característica desse desenvolvimento
histórico é a codificação do Direito Internacional,
merecendo destaque o que prescreve o art. 13, S1“, alínea a,
da Carta das Nações Unidas de 1945, segundo o qual um
dos propósitos da Assembleia Geral da ONU é o de
"incentivar o desenvolvimento progressivo do direito
internacional e sua codificação". Por esse motivo a ONU
tem impulsionado os trabalhos da sua Comissão de Direito
Internacional (CDI) e de seu Conselho de Direitos Humanos
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Codificação
● Tendo vários textos internacionais contemporâneos
concluídos sob o apoio desses órgãos, como as grandes
convenções do Direito Internacional Público, do Direito
Internacional Privado e do Direito Internacional dos
Direitos Humanos.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Jurisdicionalização
● Por último, como oitava tendência evolutiva do Direito
Internacional colocada pelo jurista português, tem-se a
jurisdicionalização, que passa a ser a consequência lógica
da acumulação de todas essas tendências vistas
anteriormente. O fenômeno da jurisdicionalização decorre
do desenvolvimento progressivo do Direito Internacional
Público, fato que veio a ocorrer com maior ênfase
principalmente depois da segunda metade do século XX.
As Tendências evolutivas do Direito Internacional
Público

Jurisdicionalização
● A fase da jurisdicionalização do Direito Internacional já passou por
três momentos bem nítidos na história das relações internacionais
até hoje: a) o da criação de tribunais internacionais de vencedores
contra vencidos, mostra de uma Justiça Internacional primitiva e
arcaica, tendo como exemplo os tribunais militares pós-guerra. b) o
da criação de Tribunais Internacionais ad boc pelo Conselho de
Segurança da ONU, tendo como exemplo os tribunais penais para
crimes cometidos na antiga lugoslávia e em Ruanda; e c) O da
institucionalização de tribunais internacionais de caráter
permanente e universal, tendo como exemplo o Tribunal Penal
Internacional.
O Direito Internacional Público nos dias atuais
● O Direito Internacional Público, dentre todos os ramos
jurídicos, é o que atualmente mais tem se desenvolvido,
principalmente depois da mudança do cenário
internacional pós-Segunda Guerra. O atual direito das
"gentes" encontra-se ainda em construção. E a dificuldade
de compreendê-lo aumenta cada vez que os interesses dos
Estados se chocam com os ideais mais nobres da
humanidade, o que o coloca sempre em meio a um fogo
cruzado, entre a ordem e a desordem, notadamente em
face dos particularismos culturais que atualmente
competem como que num duelo de "culturas"
O Direito Internacional Público nos dias atuais
● Se tratando das questões econômicas, políticas e
científicas, a formação e desenvolvimento de blocos
regionais, ao lado das políticas mundiais de expansão de
mercados, têm trazido consequências nem sempre felizes
para a ordem internacional do nosso tempo, como por
exemplo a dificuldade das negociações com países
economicamente mais fortes. Desta maneira, é notado que
o Direito Internacional Público, passa por um duplo
problema.
O ensino do Direito Internacional Público
● É comum nos cursos universitários encontrar um "roteiro" de
Direito Internacional Público que não mais condiz com a
realidade das relações jurídico-internacionais. O programa
ultrapassado que ainda se tem é reflexo do longo período de
tempo que o Direito Internacional Público permaneceu como
disciplina optativa nas faculdades, tendo a ser voltada apenas
como matéria obrigatória nos anos de 1997. A partir desse
momento o estudo do Direito Internacional Público passou a ser
retomado, mesmo assim, muitos dos programas universitários
não ocupam temas considerados como principais na arena
internacional contemporânea, como por exemplo, a proteção
internacional dos direitos humanos.
Conceito, denominações e
divisões do Direito
Internacional Público
Conceito

É a disciplina jurídica da sociedade internacional.

O Direito Internacional Público não se define isoladamente:

pelos sujeitos;
pelo objeto/matéria regulada - o caráter de internacional está
conectado com a origem da norma;
pela fonte das suas normas.
Conceito contemporâneo
Conjunto de princípios e regras jurídicas que disciplinam e
regem a atuação e a conduta da sociedade internacional,
visando alcançar as metas comuns da humanidade.
Conjugação dos elementos/critérios:
fontes normativas - costumeiras e convencionais
sujeitos intervenientes - Estados, organizações internacionais
intergovernamentais e indivíduos
matérias reguladas - paz, segurança e estabilidade das
relações internacionais
Conceito clássico (positivista e restrito)
Rousseau: “é o ramo do direito que rege os Estados nas suas
relações respectivas”
corrente estatal - rejeita a condição de sujeito de direito
internacional aos indivíduos
A partir da 2ª Guerra Mundial, o indivíduo passou a ser
considerado pela sociedade internacional como sujeito de
direito internacional; o Estado deixa de ser protagonista único
na cena internacional, passa a compartilhá-la com
organizações interestatais e indivíduos.
Indivíduos - sujeitos de direito internacional

Personalidade jurídica limitada no plano internacional.


Responsabilidades - podem ser punidos pessoalmente e não
em nome de seus países.
Capacidade processual - podem postular em organismos e
tribunais internacionais
Denominações

Nasce como jus gentium (Isidoro de Sevilha, século VII):


corresponde às normas privadas do Direito Romano,
relacionadas a estrangeiros e a facilidades comerciais a eles
concedidas, e concernentes às relações recíprocas entre as
Cidades Estados.
Direito das gentes (povos e pessoas)

law of nations
droit des gens
diritto internazionale
Völkrrecht
Distinções

qualificativo internacional - diferenciação entre international


law, national law e municipal law (Jeremias Bentham, 1789)
qualificativo público - distinção entre Direito Internacional
Público e Direito Internacional Privado
Pontos de aproximação entre Direito Internacional Público e
Direito Internacional Privado:

proteção jurídica do estrangeiro;


garantia da liberdade e propriededade;
exercício dos direitos civis.
Divisões

● Teórico (doutrinário) x Prático (positivo)


● O Prático sendo dividido, também, em Direito
Internacional Público Convencional (tratados entre os
Estados) e Direito Internacional Público Costumeiro
(prática internacional respeitada pelos Estados como lei).
● Tal divisão foi superada, sendo hoje o DIP visto como uma
unidade de normas (escritas ou costumeiras), regulando os
Estados, organizações internacionais e os próprios
indivíduos no âmbito internacional.
Divisões

Outras divisões:
● DIP Comum (geral ou universal) x DIP Particular
(continental ou regional)
Problemática: o DIP pode deixar de ser universal? Pode existir
um direito internacional continental ou regional?
Ex. : Direito Internacional Americano
Divisões

Atualmente, não se discute mais a existência ou não de


direitos regionais, talvez por já se saber que os princípios de
justiça, contemporaneamente, são os mesmos em todo o
mundo, o que não faz supor que, em certos contextos
geográficos, não possa haver urn Direito mais particular.
Divisões

● Dreito Internacional Constitucional x Dreito Internacional


Administrativo
DIP Constitucional: Gere a competência dos órgaos internos
com capacidade para agir internacionalmente.
DIP Administrativo: Gere a a organização das comissões e
repartições internacionais, bem com serviços públicos
internacionais.
Divisões

Houveram também tentativas de particularização do Direito


Internacional:
● Direito Internacional Civil
● Direito Internacional Processual
● Direito Internacional do Trabalho
● Direito Internacional Penal
● Direito Internacional Econômico
● Direito Internacional Diplomático
Aplicação Internacional e Interna

● Aplicar o Direito Internacional internamente não significa


deixar de aplicar as normas de ordenamento jurídico de
determinado Estado.
● Nesse sentido, existem importantes diferenças na
aplicação do Direito Internacional nas relações
envolvendo o Direito Interno e naquelas a envolver as
próprias relações internacionais.
Aplicação Internacional e Interna

Principais diferenças:
● Direito Interno trata do conjunto de normas em vigor em
um dado Estado, enquanto o Direito Internacional é o
conjunto de normas jurídicas não pertencentes a uma
ordem interna.
● O direito internacional regula e rege as relações dos
Estados entre si, além do complexo das atividades
envolvendo as organizações internacionais em suas
relações mútuas, e também os indivíduos.
Aplicação Internacional e Interna

● No plano do Direito Interno o panorama se dá de forma em


que as Constituições estatais preveem regras específicas
de aplicação interna do Direito Internacional.
● Ex: necessidade de referendum parlamentar dos tratados
ou a sua promulgação e publicação internas, o que pode
variar (e normalmente varia) de país para país.
Aplicação Internacional e Interna

● Variado também é o tipo de aplicação do Direito


Internacional pelos tribunais estatais. A tendência do
constitucionalismo moderno, entretanto, é permitir
aplicação do imediata do Direito Internacional pelos juízes
e tribunais nacionais, sem a necessidade de edição de
norma interna que os materialize e lhes dê aplicabilidade.
Aplicação Internacional e Interna

● Exemplo caso Mavrommatis

● Importância de se aclarar qual o contexto (interno ou


internacional) em que uma demanda é deflagrada, e qual
norma é hierarquicamente superior (a interna ou a
internacional) na aplicação de um caso concreto.
Aplicação Internacional e Interna

● Art 27 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados


de 1969, que consagra expressamente a supremacia do
Direito Internacional sobre o Direito interno estatal, na
medida em que proíbe um Estado de invocar disposição do
seu Direito Interno como justificativa para o
descumprimento de uma norma internacional.
Fundamentos do Direito
Internacional Público
Doutrinas

Doutrinas buscam demonstrar o fundamento jurídico da


obrigatoriedade e eficácia do DIP: direito estatal externo, da
autolimitação, dos direitos fundamentais dos Estados, da vontade
coletiva dos Estados, do consentimento das nações, da norma
fundamental, da solidariedade social, da opinião dominante, as
jusnaturalistas...

Todas elas podem ser divididas em duas principais correntes: a


voluntarista e a objetivista
Doutrina voluntarista

O DIP é obrigatório porque os Estados, expressa ou tacitamente,


assim o desejam e querem; o seu fundamento encontra suporte
na vontade coletiva dos Estados ou no consentimento mútuo
destes, sem qualquer predomínio da vontade individual de
qualquer Estado sobre os outros.
Variante da Doutrina Voluntarista

O DIP se fundamenta na vontade metafísica dos Estados, que


impõem limitações ao seu poder absoluto, obrigando o Estado
para consigo próprio. Trata-se da teoria da autolimitação,
defendida pelos adeptos da doutrina dos freios e contrapesos
(checks and balances). O Estado reconhece a existência de uma
ordem internacional, sem contudo reconhecer que esta ordem
advém de um poder (ou de uma força) superior.
Críticas à Doutrina Voluntarista

a) Não explica como um novo Estado, que surge no cenário


internacional, pode estar obrigado por tratado internacional,
norma costumeira ou princípio geral do direito de cuja formação
ele não participou com o produto da sua vontade.
Críticas à Doutrina Voluntarista
b) Se o DIP encontra seu fundamento na vontade coletiva, basta
que um deles, de um momento para o outro, se retire da
coletividade ou modifique a sua vontade original para que a
validade do DI fique comprometida, o que ocasiona grave
insegurança às Relações Internacionais

c) A doutrina voluntarista não explica o fundamento do DIP, cujas


normas existem independente da vontade dos Estados e, em
vários casos, contra essa própria vontade.
Doutrina objetivista

Para esta doutrina, a obrigatoriedade do direito internacional advém da


existência de princípios e normas superiores aos do ordenamento
jurídico estatal, uma vez que a sobrevivência da sociedade
internacional depende de valores superiores que devem ter a
prevalência sobre as vontades e os interesses domésticos dos
Estados. Tal doutrina baseia-se em razões de ordem objetiva e tem
como suporte e fundamento o Direito Natural, as teorias sociológicas
do direito e o normativismo jurídico.
Doutrina objetivista

Aqui, a legitimidade e obrigatoriedade do DIP devem ser


procuradas fora do âmbito de vontade dos Estados, ou seja, na
realidade da vida internacional e nas normas que disciplinam e
regem as ri, que são autônomas e independentes de qualquer
decisão estatal.
Críticas à Doutrina objetivista

Minimiza (e, às vezes, até aniquila) a vontade soberana dos


Estados, que também tem o seu papel contributivo na criação das
regras do Direito Internacional.
Pacta sunt servanda

Mais moderna e consagrada por instrumentos internacionais,


essa doutrina acredita que o fundamento mais concreto da
aceitação generalizada do DIP, dentre as inúmeras doutrinas que
procuram explicar a razão de ser desse Direito, emana do
entendimento de que o DIP se baseia em princípios jurídicos
alcançados a um patamar superior ao da vontade dos Estados.
Pacta sunt servanda

Trata-se de uma teoria objetivista temperada, por também levar


em consideração a manifestação de vontade dos Estados. Afinal
de contas, um Estado ratifica um tratado internacional pela sua
própria vontade, mas tem que cumprir o tratado ratificado de
boa-fé, se desviar desse propósito, a menos que o denuncie.
Pacta sunt servanda

Justifica a existência e a validade do DI para atribuir-lhe caráter


de regra objetiva e demonstrada – pactu sunt servanda - , que
impõe aos Estados o dever de respeitar a sua palavra e de
cumprir com a obrigação aceita no livre e pleno exercício de sua
soberania. A razão de ser assim é, primordialmente, a
conservação da própria sociedade internacional, uma vez que,
para a existência desta, é necessária a existência anterior de um
Direito.
A norma pacta sunt servanda foi definitivamente consagrada,
em 1969, quando da da adoção da Convenção de Viena sobre o
Direito dos Tratados, que a positivou, no seu art.26, nos seguintes
termos: Todo tratado em vigor obriga as partes e deve er cumrido
por elas de boa-fé”.

Em última análise, pode-se dizer que sua finalidade é salvaguardar


o bem comum da sociedade internacional, por meio da
manutenção da harmonia e das boas relações entre todos os
povos.
A vontade coletiva dos Estados, como simples ato jurídico, não
pode constituir o fundamento do Direito Internacional Público.
Se o Estado externa a sua vontade, manifestando o seu
consentimento, assim o faz em virtude da existência de um
princípio anterior que lhe concede esse poder. Como o Direito
não é produto exclusivo da vontade do Estado, mas antes, o
que o Estado faz é apenas reconhecer, por meio de normas
jurídicas, a sua obrigatoriedade, tanto no plano interno, como
no plano internacional. A norma fundamental ou suprema é
superior a todo o Direito positivo.
Não se vislumbra dualidade de sistemas, mas sim uma
unicidade advinda da supremacia do Direito Internacional. O
ato jurídico estatal, assim, nada mais é do que a aplicação
permitida de um Direito preexistente e superior à sua
vontade. Da mesma forma que quando se fala da vontade
comum ou da auto obrigação do Estado, é preciso procurar
uma norma superior, que estabeleça o caráter obrigatório
dessa vontade comum ou dessa auto-obrigação do Estado,
assim também, quando se fala da norma pacta sunt
servanda, é preciso procurar ainda uma norma mais alta, que
confira à regra pacta sunt servanda o caráter obrigatório.
Porque, ainda que se estabeleça, invocando-se a prática, a
validade da norma pata sunt servanda, deverá provar-se ainda por
que essa norma é válida. O sentimento de justiça é um tipo de
consciência humana (coletiva) que, não depende de uma maioria
e é anterior e superior à vontade do homem, que só o adquire
graças à sua razão”.
Obrigada!

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