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Internacional
Soberania e Hegemonia no marco da
Cooperação Internacional
Países desenvolvidos cooperam em benefício de países em
desenvolvimento, nos hiatos de atuação dos governos dos países
em desenvolvimento.
Cooperação como um meio de manutenção ou ampliação de
hegemonias políticas e econômicas, pautada em princípios
ideológicos e interesses geopolíticos e econômicos.
Relação de proporcionalidade inversa: quanto mais os países
desenvolvidos conduzirem ou induzirem iniciativas de cooperação
internacional, menor a extensão da soberania dos países em
desenvolvimento.
Soberania e Hegemonia no marco da
Cooperação Internacional
A cooperação internacional conta sempre com a promessa de
respeito e promoção da soberania – na prática, acontecem
situações de inobservância.
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Soberania e hegemonia no marco da
cooperação internacional
Países em desenvolvimento com regimes políticos fechados,
existe o dilema de como a cooperação internacional deve
lidar com temas sensíveis como por exemplo a
disseminação dos direitos civis, direitos humanos e
transparência na ação do estado e até que ponto a atuação
de cooperantes externos junto a sociedade civil desses
países pode, ou não, ser considerado uma "intromissão"
externa indevida.
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Soberania e hegemonia no marco da
cooperação internacional
Ex: a melhoria das condições de vida da população
desses países em decorrência de programas de cooperação
internacional pode ensejar consequências imprevistas em
termos do fomento a eventuais movimentos reivindicatórios
na área social, com ressonância na esfera política.
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Soberania e hegemonia no marco da
cooperação internacional
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Responsabilidades nos programas e
projetos de Cooperação Internacional
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Responsabilidades nos programas e
projetos de Cooperação Internacional
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Responsabilidades nos programas e
projetos de Cooperação Internacional
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Responsabilidades nos programas e
projetos de Cooperação Internacional
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Países menos desenvolvidos carecem de estruturas maduras
de planejamento:
● Unidades (agências ou departamentos, escritórios de
estatística, instituições financeiras, universidades, centros
de pesquisa e desenvolvimento, etc.)
● Profissionais qualificados que acessam e processam
dados econômicos e sociais dos países beneficiários da
cooperação como referência para a delimitação de áreas
de intercâmbio
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● Carecem de condições de identificar e elencar instituições
e indivíduos com aptidão técnica
● Infraestrutura física, recursos financeiros e capacidade
gerencial para atuação no exterior
● Instituições, públicas ou privadas, que mantenham
bancos de dados estatísticos ou que produzam relatórios
regulares sobre o seu respectivo "status quo" social e
econômico
Resultado: políticas e programas públicos mais conjunturais
do que estruturais, ou mais de curto-médio prazo do que com
uma visão no longo prazo.
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Sem "retratos" da sociedade e da nação corno um todo, além
da dificuldade de estabelecer estratégias de ação que
promovam mudanças estruturais medidas em gerações e não
em mandatos eletivos ou conjunturas políticas, torna-se difícil
questionar os bem preparados "diagnósticos" que os países
doadores e organismos internacionais apresentam durante a
fase de negociação dos programas de cooperação, os quais
tendem a pautar o conteúdo destes ótimos.
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Outra dificuldade dos países em desenvolvimento na fase de
programação da cooperação é a de mobilizar instituições
locais para atuarem como pontos focais dos diferentes
componentes ou setores contemplados nas parcerias com o
exterior. Nominalmente, ministérios e demais instituições
públicas respondem formalmente pela formulação e
execução de políticas públicas. Mas essa responsabilidade
institucional é em muitos países, apenas uma casca que
reveste estruturas com carências metodológicas e
operacionais de toda ordem e com recursos humanos
despreparados.
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A consequência dessa fragilidade é que, em uma negociação
de programa de cooperação, os governos dos países em
desenvolvimento mais carentes se prendem a demandas
mais imediatas, abstendo-se de explorar perspectivas mais
amplas de intercâmbio com os parceiros externos. Esse vazio
acaba sendo ocupado por esses últimos, ao lograrem
incorporar aos programas de cooperação, com menor
resistência, seus próprios interesses de longo prazo.
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Contudo, a apropriação da cooperação pelo país em
desenvolvimento estará preservada se, mesmo que fazendo uso
dos instrumentos e mecanismos dos cooperantes externos, o
beneficiário demonstrar autonomia intelectual e força política
para criticar e modificar o conteúdo da proposta de
cooperação, em qualquer dos seus componentes (objeto;
metas; estratégia; obrigações; insumos; custos; etc.). O
cooperante externo não pode se recusar a discutir a
manifestação soberana dos agentes públicos do país beneficiário
da cooperação.
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Quando, por outro lado, é o governo do país em
desenvolvimento que elabora a proposta de projeto, a
disponibilidade de uma base técnica permitirá não apenas
elaborar projetos consistentes, mas também habilitar seus
representantes a discutir com seus parceiros externos, em
igualdade de condições, os diferentes componentes de uma
proposta de projeto.
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Essa mesma base terá um papel crítico na fase de execução da
iniciativa de cooperação, pois na ausência desses sistemas e
ferramentas de planejamento e gestão, os governos dos países
beneficiários não terão condições de mapear quais e quantos
projetos encontram-se em atividade, quem são os beneficiários
locais, que setores ou temas estão sendo foco dos projetos e se
há efetiva aderência dos mesmos para com as prioridades
nacionais, qual o nível de desempenho desses projetos e grau de
alcance de seus objetivos e metas e, não menos importante,
como está constituído o fluxo de recursos orçamentários e
financeiros mobilizados pelo próprio país e pelos cooperantes
externos.
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Por que, no curso de sucessivas décadas de
cooperação internacional, não ocorreu um
esforço por parte dos países desenvolvidos e
dos organismos internacionais voltado à
criação de capacidades locais nos países em
desenvolvimento no que diz respeito ao
planejamento e gestão das diferentes
modalidades de intercâmbio internacional?
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Uma das possíveis explicações seria a de que os países doadores e
organismos Internacionais buscavam focalizar, dentro do terna
"fortalecimento da administração pública" ou "governança", a
estruturação de alguns setores específicos do Estado nos países em
desenvolvimento, a exemplo da gestão macroeconômica,
arrecadação de tributos, planejamento de Infraestruturas,
atividades reguladoras e controle de contas. Na perspectiva dos
parceiros externos, as responsabilidades dos países beneficiários
da cooperação se resumem a algumas medidas, como por
exemplo, endossar e respaldar politicamente a aprovação dos
programas e projetos, não desviar recursos da cooperação para
outros fins e, por fim, prestar contas e demonstrar resultados.
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Dificilmente a efetividade da cooperação para o desenvolvimento
avançará em termos qualitativos enquanto os programas e projetos
não forem concebidos, executados, acompanhados e avaliados com
a participação direta e eficaz dos governos dos países em
desenvolvimento. Para tanto, esses governos precisam receber um
investimento intensivo em termos de sistemas de planejamento e
gestão técnica, financeira e administrativa de programas e
projetos de desenvolvimento, em suas diferentes modalidades
(técnica, tecnológica, financeira, acadêmica, econômica, etc.).
Algumas iniciativas têm sido conduzidas nesse sentido, porém
principalmente via cooperação Sul-Sul.
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Problemas mais comuns na concepção e
execução de projetos de cooperação
internacional e as potenciais medidas
mitigadoras
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● Além da falta de visão convergente das partes, bem
como o desequilíbrio da qualificação técnica entre
esses, temos um terceiro foco de problemas
relacionados ao alcance dos resultados buscados em
uma relação de cooperação, isto é, a atuação específica
dos parceiros locais e externos envolvidos nos projetos.
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Uma lista não exaustiva, porém expressiva,
desses problemas :
Fragmentação da Cooperação:
● Países em desenvolvimento lidam com numerosos
projetos com numerosos cooperantes externos (países
doadores, fundações e etc.), que pouco se integram,
visto a enorme resistência desses cooperantes em se
associarem a outros de mesma natureza, algo que
facilitaria a coordenação dos governos dos países em
desenvolvimento, contribuindo para aperfeiçoar o uso
de insumos internos e externos, ampliando o resultado.
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● Outro ponto que inibe uma atuação coordenada entre os
cooperantes externos é a dificuldade dos governos
cooperantes e dos organismos internacionais em abrir mão
da visibilidade política proporcionada por uma iniciativa de
cooperação internacional.
● Percebe-se, também, o papel da liderança do processo de
cooperação das agências de países doadores e dos organismos
internacionais, os quais não aceitam atuar sob subordinação
de ninguém, inclusive dos governos dos países em
desenvolvimento.
● Dessa forma, cada cooperante externo entende que sua
agenda de trabalho é mais relevante, bastando manter boas
relações com o governo local.
Resistências ao exercício da soberania local:
● Existem cooperantes externos que preferem negociar projetos
diretamente com órgãos setoriais dos governos dos países
beneficiários, com entes públicos subnacionais (estados,
municípios) ou ONGs, na tentativa de evitar a supervisão de
suas atividades e de contar com maior poder de influência na
moldagem das iniciativas de cooperação à luz de seus
interesses próprios.
● Esses cooperantes alegam que não buscam alternativas aos
governos centrais por desrespeito à soberania local,
procurando sempre justificativas, como a valorização da
sociedade civil ou a “falta de democracia”.
● Tais argumentos não se sustentam, visto que existem
diversos países “não democráticos” que recebem recursos
dos países desenvolvidos.
● No caso das ONGs, se o governo do país no qual elas atuam
apresentam fragilidades institucionais, os cooperantes
externos poderiam investir, além das ONGs, no
fortalecimento institucional desses governos.
● Ademais, o argumento da “ajuda direta” fora do
conhecimento dos governos centrais não é justificativa para
não dar oportunidade que esses manifestem, ao menos, a
sua “não objeção”, quando não se tratar de ajuda que o país
considere inapropriada.
Enfraquecimento de capacidades nos países em
desenvolvimento por subtração de quadros:
● Agências estrangeiras e organismos internacionais, quando
formam equipes locais, selecionam os profissionais com
maior experiência e qualificação, pagando salários acima da
média e desfalcando os quadros de recursos humanos das
instituições públicas, causando, paradoxalmente, um
problema ainda maior do que as soluções propostas.
● Existindo uma real preocupação com o desenvolvimento das
capacidades desses países, os cooperantes deveriam
estabelecer critérios de seleção de apoiadores locais que
impossibilitassem o enfraquecimento do setor público.
● Como possíveis medidas temos, então, a contratação de
nacionais do país beneficiário que se encontram emigrados
ou a mobilização de voluntários.
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Pouca atenção aos elementos de
sustentabilidade dos resultados da
cooperação
4) a manutenção de uma eficiente rede de suporte técnico para suprir
as necessidades dos beneficiários do programa/projeto de
cooperação;
5) na área produtiva, a existência de canais de distribuição de
produtos, sistemas de transporte, mecanismos de inserção em
cadeias produtivas.
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Projetos sem escala, atomizados