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PC002 – TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DA COOPERAÇÃO

CASO PRÁTICO

Instruções para o desenvolvimento da atividade

Ler o artigo “La cooperación internacional al desarrollo como herramienta de protección


y promoción de los derechos humanos: el caso latinoamericano”, de Restrepo Silva.

Com base no texto e no material teórico da disciplina, descrever a evolução da situação


social, política e econômica da América Latina no contexto mundial a partir da Segunda
Guerra Mundial.

Resposta:

O artigo "La cooperación internacional al desarrollo como herramienta de protección y


promoción de los derechos humanos: el caso latinoamericano" de Restrepo Silva analisa a
relação entre a cooperação internacional para o desenvolvimento e a proteção e promoção dos
direitos humanos na América Latina. Com base neste artigo e no material teórico da disciplina,
podemos descrever a evolução da situação social, política e econômica da América Latina no
contexto mundial a partir da Segunda Guerra Mundial, da seguinte forma:
1. Pós-Segunda Guerra Mundial (1945-1960): A América Latina emergiu da guerra relativamente
ilesa e experimentou um período de crescimento econômico e desenvolvimento industrial,
principalmente através da política de substituição de importações. Nesse período, houve uma
crescente urbanização e a formação de uma classe média mais ampla. No entanto, a região
também enfrentou desigualdades socioeconômicas e a instabilidade política, com a ascensão
de governos autoritários em muitos países.
2. A década de 1960 e 1970: Este período foi marcado por agitação social e política, com a
emergência de movimentos revolucionários e guerrilheiros, inspirados pela Revolução Cubana.
A resposta dos governos foi a implementação de regimes militares autoritários e repressivos em
muitos países da região. Nesse contexto, houve uma deterioração dos direitos humanos e a
repressão dos movimentos sociais e políticos. No campo econômico, a América Latina enfrentou
crises devido à queda dos preços das commodities, inflação e dívida externa.
3. A década de 1980: Conhecida como a "década perdida" na América Latina, este período foi
caracterizado por crises econômicas, hiperinflação e o crescimento da dívida externa. Além
disso, a região enfrentou uma onda de democratização, com a queda dos regimes militares e a
transição para governos democráticos.
4. A década de 1990: A América Latina experimentou um processo de reformas econômicas e

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políticas, com a adoção de políticas neoliberais, como a abertura comercial, a privatização de


empresas estatais e a liberalização financeira. Embora essas medidas tenham trazido
estabilidade macroeconômica e crescimento em alguns países, também aumentaram a
desigualdade, a pobreza e a exclusão social.
Século XXI: Nos anos 2000, houve uma mudança política na América Latina, com a ascensão
de governos de esquerda e centro-esquerda em muitos países. Esses governos buscaram
implementar políticas de redistribuição de renda e programas sociais para enfrentar a
desigualdade e a pobreza. No entanto, a região ainda enfrenta desafios significativos, como a
persistência da desigualdade, a fragilidade das instituições democráticas e a corrupção.
No contexto da cooperação internacional, a América Latina tem se beneficiado de ajuda
externa, investimentos e parcerias para o desenvolvimento e a promoção dos direitos humanos.
No entanto, a eficácia desses esforços tem sido limitada devido a fatores como a desigualdade
econômica, a corrupção, a instabilidade política e a fragilidade das instituições democráticas.
Além disso, a cooperação internacional também enfrenta desafios, como a falta de
coordenação entre doadores e beneficiários, a incompatibilidade entre as prioridades e
abordagens dos atores internacionais e as necessidades reais da região, e a dependência de
recursos externos que podem não ser sustentáveis no longo prazo.
Para aumentar a eficácia da cooperação internacional na América Latina, é importante:
1. Fortalecer as instituições democráticas e promover a participação cidadã, a fim de garantir
a transparência, a responsabilidade e a boa governança nos processos de tomada de
decisão e na implementação de políticas públicas.
2. Abordar a desigualdade econômica e social por meio de políticas redistributivas e
programas de desenvolvimento que garantam o acesso a serviços básicos, como saúde,
educação e moradia, e promovam a inclusão social e a redução da pobreza.
3. Combater a corrupção e fortalecer o estado de direito, garantindo a independência e a
eficiência do sistema judicial e implementando medidas de prevenção e combate à
corrupção em todos os níveis da administração pública.
4. Melhorar a coordenação entre os atores envolvidos na cooperação internacional, incluindo
governos, agências de desenvolvimento, organizações não governamentais e o setor
privado, a fim de garantir uma abordagem integrada e coerente para enfrentar os desafios
enfrentados pela América Latina.
5. Promover a apropriação local dos programas e projetos de desenvolvimento, garantindo
que as comunidades e os governos locais estejam envolvidos no processo de tomada de
decisão e na implementação das iniciativas.
6. Focar na sustentabilidade dos projetos e programas de cooperação, garantindo que os
recursos externos sejam usados de maneira eficiente e complementar aos recursos locais
e às capacidades existentes, e que os benefícios alcançados sejam mantidos no longo
prazo.
Ao abordar esses desafios e implementar medidas para melhorar a eficácia da cooperação
internacional na América Latina, é possível contribuir para a proteção e promoção dos direitos
humanos, bem como para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social na região.

Considerando o seu país de residência, realizar uma análise sobre a relação entre países
doadores e países beneficiários e a intervenção das principais agências de Cooperação
Internacional com relação às consequências de tal intervenção.
Resposta:
A cooperação internacional desempenha um papel importante no desenvolvimento econômico
e social do Brasil. No entanto, a relação entre países doadores e o Brasil como país beneficiário
apresenta desafios e implicações que merecem análise.
Países doadores, como os Estados Unidos, membros da União Europeia e Japão, têm
historicamente contribuído com recursos financeiros e técnicos para o desenvolvimento do
Brasil, em áreas como saúde, educação, meio ambiente, infraestrutura e redução da pobreza.
Além disso, organizações internacionais como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID) e a Organização das Nações Unidas (ONU) também têm implementado
programas e projetos no país.
Algumas das principais consequências da intervenção das agências de cooperação
internacional no Brasil incluem:
1. Desenvolvimento de projetos e programas: A cooperação internacional tem auxiliado no
desenvolvimento e implementação de projetos e programas em diversos setores, como

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saúde, educação, desenvolvimento rural e infraestrutura. Esses projetos têm impactado


positivamente as comunidades locais e contribuído para o desenvolvimento sustentável do
Brasil.
2. Transferência de conhecimento e capacitação: A cooperação internacional tem
possibilitado a transferência de conhecimento e a capacitação de profissionais e
instituições brasileiras em diversas áreas, promovendo o fortalecimento das capacidades
locais e a melhoria das políticas públicas.
3. Apoio à governança e à democracia: A cooperação internacional tem contribuído para o
fortalecimento das instituições democráticas e a promoção da transparência e da
responsabilidade no Brasil, através do apoio a iniciativas que visam melhorar a governança
e a participação cidadã.
No entanto, a intervenção das agências de cooperação internacional também apresenta
desafios e implicações negativas:
1. Dependência de recursos externos: A cooperação internacional pode levar à
dependência de recursos externos, o que pode resultar em uma maior vulnerabilidade a
pressões políticas e econômicas dos países doadores e reduzir a capacidade do Brasil de
desenvolver e implementar políticas públicas de acordo com suas próprias prioridades e
necessidades.
2. Incompatibilidade de prioridades e abordagens: A cooperação internacional pode, em
alguns casos, resultar em projetos e programas que não estão alinhados com as
prioridades e necessidades locais, levando a resultados insatisfatórios e desperdício de
recursos.
3. Falta de coordenação e eficiência: A presença de múltiplas agências de cooperação
internacional e a falta de coordenação entre elas podem levar à duplicação de esforços e
à ineficiência na implementação de projetos e programas.
Para superar esses desafios e maximizar os benefícios da cooperação internacional, é
essencial que o Brasil estabeleça uma estratégia clara e coerente para a cooperação, que
defina suas prioridades e necessidades, e promova uma maior coordenação e alinhamento
entre os atores envolvidos. Além disso, é importante garantir a apropriação local dos projetos
e programas, envolvendo as comunidades e instituições locais no processo de tomada de
decisão e na implementação das iniciativas.

Considerando as diferentes teorias sobre desenvolvimento e os conceitos de


crescimento econômico e desenvolvimento humano, justifique ou refute a seguinte
premissa extraída do texto:

“Estas temáticas de retrocesso representam os principais problemas da região e se


inserem nos conteúdos dos direitos econômicos, sociais, culturais e de terceira
geração. Há, então, um estancamento dos objetivos 1, 2, 3, 4, 5 e 71, evidenciando o
fracasso da AOD”.

Resposta:

A premissa mencionada sugere que as questões de retrocesso na América Latina, relacionadas


aos direitos econômicos, sociais, culturais e de terceira geração, resultam em um estancamento
dos objetivos 1, 2, 3, 4, 5 e 7, evidenciando o fracasso da Assistência Oficial ao
Desenvolvimento (AOD). Para analisar essa premissa, é importante considerar as diferentes
teorias sobre desenvolvimento, bem como os conceitos de crescimento econômico e
desenvolvimento humano.
O crescimento econômico refere-se ao aumento da capacidade produtiva de uma economia,
geralmente medido pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Já o desenvolvimento
humano é um conceito mais amplo que engloba não apenas o crescimento econômico, mas

1Objetivo 1: Erradicar a pobreza extrema e a fome; Objetivo 2: Alcançar o ensino primário universal;
Objetivo 3: Promover a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres; Objetivo 4: Reduzir a
mortalidade infantil; Objetivo 5: Melhorar a saúde materna; Objetivo 7: Garantir a sustentabilidade
ambiental.

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também a melhoria do bem-estar, da qualidade de vida e das oportunidades para todos os


indivíduos.
As teorias do desenvolvimento abordam de maneiras distintas a relação entre crescimento
econômico e desenvolvimento humano, bem como o papel da AOD. Algumas teorias, como o
modelo de crescimento liderado pelas exportações e a teoria do desenvolvimento econômico
baseada no capital humano, defendem que o crescimento econômico é fundamental para o
desenvolvimento humano e que a AOD pode impulsionar o crescimento e melhorar as
condições de vida.
Por outro lado, teorias como o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano
enfatizam a importância de considerar não apenas o crescimento econômico, mas também a
equidade social, a preservação ambiental e a participação democrática. Nesse contexto, a AOD
pode ser insuficiente ou até mesmo prejudicial se não levar em consideração as necessidades
e prioridades locais, a capacidade institucional e a sustentabilidade dos projetos e programas
financiados.
Considerando essas perspectivas, a premissa apresentada pode ser parcialmente justificada.
É verdade que a América Latina enfrenta desafios significativos em termos de direitos
econômicos, sociais, culturais e de terceira geração, e que a AOD nem sempre tem sido eficaz
para abordar essas questões e promover o desenvolvimento humano. No entanto, é importante
reconhecer que a AOD é apenas uma das várias ferramentas disponíveis para o
desenvolvimento e que seu impacto depende da forma como é aplicada e das condições
específicas de cada país e região.
Assim, em vez de considerar a AOD como um fracasso total, é mais apropriado reconhecer
suas limitações e desafios e buscar melhorar sua eficácia, alinhando-a com as prioridades e
necessidades locais, promovendo a coordenação entre os atores envolvidos e garantindo a
sustentabilidade e a apropriação local dos projetos e programas financiados. Dessa forma, a
AOD pode contribuir de maneira mais significativa para o desenvolvimento humano na América
Latina.

Uma vez completadas as respostas, envie o documento por meio do ícone da atividade.

Bibliografia:
RESTREPO SYLVA M. La cooperación internacional al desarrollo como herramienta de
protección y promoción de los derechos humanos: el caso latinoamericano. Revista De La
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