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Crise em Myanmar

Tópicos avançados em Relações


Internacionais

Bianca Santiago, Gabriel Vieira, Matheus Vinicius, Nivaldo Sergio e Romero Moraes
História do Myanmar

● Myanmar é um país localizado no sul da Ásia e que faz fronteira com a Índia,
Bangladesh, Tailândia, Laos, China e o Oceano Índico.
● A Inglaterra anexou o território à Índia, sua colônia, em 1824.
● O domínio inglês durou mais de cem anos e Myanmar só se tornou um país
independente em 1948, um ano depois da Índia.
Identidade e Religião do Myanmar

● O senso de identidade e religião no país é complexo.


● O próprio nome “Myanmar” é questionado. Oficialmente, desde a constituição feita durante o regime
militar, em 1989, o país é chamado República da União de Myanmar.
● Entretanto, apoiadores de movimentos pró-democracia não reconhecem a autoridade militar e
preferem continuar com o nome Birmânia (ou Burma), que era o termo usado durante o período
colonial.
● De acordo com os dados oficiais, cerca de 70% da população é adepta da religião budista.
● Os rohingyas são um grupo que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), tem sido alvo de
uma limpeza étnica em Myanmar. Com a presença maciça de budistas no país, essa minoria tem
tem sofrido ataques violentos nas últimas décadas, que resultaram em processos de migração e
busca de refúgio em países vizinhos
Regime militar no Myanmar

● Durante os anos seguintes à independência, Mianmar viveu um breve período de ascensão


democrática.
● Porém, em 1962, aconteceu o primeiro golpe militar.
● O discurso dos militares no momento do golpe era de que o ato buscava apenas beneficiar a
população. A afirmação, mesmo não convencendo boa parte do povo, serviu como um motivo
aceitável
● Em decorrência da forte crise econômica, durante a década de 1980 cresceu o nível de
consciência civil contra a ditadura .
O papel de Aung San Suu Kyi

● No entanto, surge uma protagonista das manifestações contra a ditadura:


Aung San Suu Kyi.
● Nascida em 1945, Suu Kyi acompanhou os momentos de emancipação do
país ao lado do pai, Bogyoke Aung San.
● Fundador das Forças Armadas do país, ele também criou o Partido
Comunista da Birmânia e o Partido Socialista da Birmânia. Considerado o
grande herói da independência do Mianmar, Aung San, foi assassinado
meses antes do fim do processo.
O papel de Aung San Suu Kyi

● Suu Kyi se envolveu nos movimentos pró-democracia na população. Por sua postura, ela se tornou
um dos maiores símbolos do pacifismo e da luta pela democracia
● Neste período, as manifestações cresceram de forma expressiva e a resposta militar foi brutal:
milhares de pessoas foram mortas e a crise eclodiu de vez no país.
● Suu Kyi, então, assumiu o posto de secretária-geral de um novo partido, o Liga Nacional pela
Democracia (LDN). Percorrendo o país em comícios, a presença da ativista incomodou os militares
e Suu Kyi foi presa em 1989.
● Suu Kyi ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991.
● Como uma tentativa de apaziguar a situação e incentivar o investimento internacional, o governo
militar optou por uma abertura política e criou uma nova constituição para o país. Se 25% das
cadeiras as cadeiras fossem ocupadas por militares, eles permitiriam eleições para Assembleia
Nacional
Fim do regime militar

● Em 1990, mesmo depois da criação da Assembleia Nacional e da vitória esmagadora


da LDN na primeira eleição, Mianmar ainda estava longe de ser uma democracia.
● Ocupações estrangeiras, guerrilhas, desastres naturais, denúncias de violação dos
direitos humanos e crises financeiras traçaram o caminho que culminou no ano de
2010.
● quando o país finalmente decidiu fazer uma nova eleição para o Poder Legislativo
depois de duas décadas. Em fevereiro do ano seguinte, o general reformado Thein Sein
foi eleito presidente e o regime militar, por fim, foi dissolvido.
Golpe Militar - Entendendo o contexto

● Crise começa em fevereiro de 2021, quando golpe militar derruba o governo


civil eleito;
● Conhecido como Birmânia anteriormente, os militares que governavam o
país decidiram trocar porque Birmânia é o nome de uma etnia, e o regime da
época quis fazer um gesto para as pessoas de outras etnias no país;
● A última votação havia sido em novembro do ano passado, quando o
principal partido civil, a Liga Nacional pela Democracia (NDL, na sigla em
inglês), venceu 83% dos cargos em disputa.
Golpe Militar

● Militares se recusam a aceitar o resultado das eleições;


● Alegação na Suprema Corte;
● Eles ameaçaram agir e cercaram os prédios do Parlamento com soldados;
● O golpe ocorreu sem atos de violência e poucas horas antes da primeira
sessão do Parlamento formado nas eleições de novembro;
● Retirada da atual presidente, filha de um herói nacional e líder do maior
partido do país (NDP) Daw Aung San Suu Kyi e os militares inserem no
poder o líder das forças armadas naquele momento, General Min Aung
Hlaing.
Golpe Militar
Golpe Militar

● General Min Aung Hlaing assume como novo líder da nação, no ano do
golpe, ele deveria obrigatoriamente ir para a reserva;
● Responsável por comandar campanhas de repressão contra minorias no
país como os rohingyas, os shan e os kokang;
● Poder de indicação para chefe da polícia e do órgão responsável pelo
controle de fronteiras.
● Protestos maciços eclodiram
em todo o país nas semanas
após o golpe. Dezenas de
milhares de pessoas, incluindo
profissionais de saúde,

Reação banqueiros e professores,


aderiram ao que originalmente

Populacional era um movimento pacífico de


desobediência civil,
recusando-se a trabalhar até
que o governo eleito voltasse
ao poder.
Reação Populacional

● Legisladores depostos do NLD, líderes de protesto e ativistas de vários grupos minoritários


estabeleceram um governo paralelo conhecido como Governo de Unidade Nacional (NUG).

● O objetivo é reunir os grupos díspares que se opõem à junta, promover uma maior unidade
entre os grupos étnicos.

● Em setembro, o NUG declarou guerra à junta e formou uma divisão armada conhecida
como Força de Defesa do Povo.
Reação Populacional

● A repressão brutal dos militares à dissidência e os abusos generalizados no conflito


atraíram a condenação das Nações Unidas, de governos estrangeiros e de organizações de
direitos humanos.

● Em resposta aos manifestantes, as forças militares dispararam balas reais contra


manifestantes civis e nas casas das pessoas.

● A polícia e os soldados mataram mais de 900 manifestantes e transeuntes, incluindo cerca


de 75 crianças, desapareceram à força mais de 100 pessoas e torturaram e estupraram um
número desconhecido sob custódia.
Reação Populacional

● A Human Rights Watch descobriu anteriormente que os militares de Mianmar haviam


cometido crimes contra a humanidade contra a população de etnia rohingya em 2012-2013
e novamente em 2017 como parte de campanhas de limpeza étnica
● Ao todo, as forças de segurança mataram milhares e incendiaram quase 400 aldeias.
Aqueles que fugiram para o vizinho Bangladesh se juntaram a algumas centenas de
milhares de refugiados que fugiram de ondas anteriores de violência e perseguição.
● Os rohingya que permanecem no estado de Rakhine enfrentam abusos sistemáticos que
equivalem a crimes contra a humanidade de apartheid, perseguição e privação de liberdade
. Eles estão confinados em acampamentos e aldeias sem liberdade de movimento, sem
acesso à alimentação adequada, cuidados de saúde, educação e meios de subsistência..
Reação Populacional
equências regionais
Consequências regionais

→ Aumento da atividade de grupos armados étnicos que operam nas fronteiras do


país - o caos pode cada vez mais “incentivar” e criar condições favoráveis para o
aumento das atividades deste grupo - afetando a segurança dos vizinhos;

→ Há uma grande influência da China dentro de Mianmar, especialmente no âmbito


comercial, porém, ela tem sido criticada por sua falta de ação em relação à crise e
como isso pode impactar na percepção dos atores responsáveis;
Consequências regionais

→ Em relação ao tópico anterior, há uma perspectiva de que com a crise a China


passe a ter cada vez mais influências estratégicas dentro do território do
Mianmar.

→ Em congruência com a ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático)


- A organização tem uma política de não interferência nos assuntos internos de
seus membros, mas têm buscado ativamente uma solução pacífica para a crise
em Myanmar, isto é, a busca de contato com os líderes reacionários e os
militares.
A França e a União Europeia têm condenado
as atrocidades cometidas pelos militares.

● O governo francês apoiou a


Assembleia Geral das Nações Unidas e
o Conselho dos Direitos Humanos da

Respostas
ONU em 2021 ao adoptar resoluções
apelando aos militares para acabarem
com os abusos e restabelecerem o

Internacionais governo civil. A França também apoiou


várias rondas de sanções económicas
da UE e proibições de viagens a altos
dirigentes militares e conglomerados
de propriedade militar que financiam o
domínio dos militares.
Respostas Internacionais

● Os líderes da junta podem parecer desdenhosos quanto à sua reputação internacional, mas
podem ser mais sensíveis a um maior enfoque na sua potencial responsabilidade criminal.
● Até agora, não houve nenhuma movimentação do Conselho de Segurança a votar a favor
de um recurso ao TPI.
● Economicamente falando, a junta ainda não se sentiu compelida a mudar a sua conduta,
pois países asiáticos como Singapura e Japão não adentraram as sanções, ainda países
como China e Tailândia continuam a importar gás natural do país.
● No exemplo mais flagrante, os bancos continuam a processar e a enviar para entidades
controladas pelos militares receitas em dólares americanos provenientes das exportações.
Isto deve-se em parte ao facto de os EUA e o Reino Unido não terem igualado às sanções
da UE sobre as receitas do gás natural - que são pagas em USD e não em Euros.
Respostas Internacionais

● A França e outros apontam frequentemente para a Associação das Nações do Sudeste


Asiático (ASEAN) como um meio para resolver a crise em Myanmar, apesar de o bloco ter
pouco poder ou coesão

● Mais recentemente, a 21 de Dezembro de 2022, a França apoiou uma resolução do


Conselho de Segurança da ONU sobre Mianmar, denunciando as violações dos direitos dos
militares desde o golpe. A resolução não conseguiu impor um embargo global de armas,
mas a sua adopção reflecte o crescente isolamento internacional da junta.

● O fato de a Rússia e a China se terem abstido, em vez de vetar a resolução, indica que
mesmo os poucos amigos da junta estão a perder o interesse em defendê-las.
Respostas Internacionais

A União Europeia divulgou em 20.fev.2023 a 6ª rodada de sanções contra pessoas e instituições


que apoiam o governo de Mianmar.
● As novas restrições são contra 9 pessoas e 7 entidades.
● Estão incluídas na lista o ministro da Energia, empresários e oficiais de alto escalão das
forças armadas de Mianmar, políticos e administradores da região de Yangon,Políticos e
administradores da região de Yangon, envolvidos na execução de 4 ativistas
pró-democracia em julho 2022, também foram listados.
● Os nomes sancionados estão sujeitos a congelamento de bens e proibição de viagens, o
que os impede de entrar ou transitar por países da União Europeia.
Respostas Internacionais

● “Além disso, as pessoas e entidades da UE estão proibidas de disponibilizar fundos para as


pessoas listadas”, disse o Conselho da União Europeia. Atualmente as medidas restritivas
atingem 93 indivíduos e 18 entidades.

● A União Europeia afirma que “os responsáveis pelo golpe, assim como os perpetradores da
violência e das graves violações dos direitos humanos, devem ser responsabilizados”. De
acordo com o bloco, é preciso uma ação preventiva que inclua o “embargo de armas a fim
de cessar a venda e transferência de armas e equipamento, uma vez que facilitam as
atrocidades dos militares”.
MÍDIA ESPECIALIZADA
● “O exército derrubou o governo
eleito, prendeu líderes políticos,
fechou o acesso à internet e
suspendeu os voos ao país. Saiba
quem é quem na crise política de
Mianmar.”
● https://g1.globo.com/mundo/notici
a/2021/02/01/entenda-o-golpe-milit
ar-em-mianmar.ghtml
MÍDIA ESPECIALIZADA

● Diversos países ao redor do mundo como


Estados Unidos, Austrália, Japão e Inglaterra
condenaram as ações dos militares em
Myanmar. O secretário de Estado dos EUA,
Antony Blinken, disse que o país está
horrorizado com as mortes e acusou os
militares de myanmar de “sacrificar a vida do
povo para servir a poucos”
● https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/
entenda-a-crise-provocada-pelo-golpe-militar-
em-mianmar/
MÍDIA ESPECIALIZADA
● A Junta Militar do Myanmar, no poder desde 01 de
Fevereiro de 2021, levou a cabo, esta terça-feira, um
ataque aéreo numa aldeia, na região de Sagaing,
centro do país, que deixou dezenas de vítimas
mortais. O balanço total de vítimas poderá chegar a
uma centena.
● O ataque aconteceu no momento em que decorria
nesta aldeia uma cerimónia de abertura de um
escritório local, ligado à Força de Defesa Popular, uma
mílicia anti-golpe considerada como "terrorista" pela
Junta Militar no poder. Este grupo de opositores
insurge-se, por diversas vezes, contra os militares, em
vários pontos do país.
● https://www.rfi.fr/pt/mundo/20230412-myan
mar-ataque-a%C3%A9reo-da-junta-militar-faz-
dezenas-de-mortos
MÍDIA ESPECIALIZADA
● O Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU), António
Guterres, condenou veementemente o ataque do
exército na região de Sagaing, em Myanmar. De
acordo com uma declaração escrita do gabinete do
Secretário-Geral das Nações Unidas, Guterres
salientou que os atacantes devem ser
responsabilizados. Guterres expressou as suas
condolências àqueles que perderam os seus
familiares e apelou ao tratamento urgente dos
feridos. Guterres reiterou o seu apelo aos militares de
Myanmar para que ponham termo à violência contra o
povo de Myanmar.
● https://www.rfi.fr/pt/mundo/20230412-myan
mar-ataque-a%C3%A9reo-da-junta-militar-faz-
dezenas-de-mortos

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