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Universidade São Tomás De Moçambique

Faculdade de Ética e Ciências Humanas

Disciplina: Política Externa Comparada

Tema: Política Externa Da República Popular Da China

Discentes:

 Joelma Kailane Ribeiro; 202101162


 Naísa Sirlene Hermenegildo Langa; 202101971

Docente: Francisco Murrumbine Novela

Maputo ,26 Março de 2024


Introdução

O presente trabalho apresenta uma abordagem da política externa da República


popular da China que por sua vez , possui uma rica história que remonta a antiguidade, se
mantendo como a “maior potência regional” por quase toda a sua existência. Isso teve um
profundo efeito sobre a formação da identidade chinesa, que se auto-proclama o “ Império
do Meio “ que é, inclusive, o significado da palavra “China” em Mandarim .
Como ponto de partida apresentamos o contexto da construção histórica , isto é
formulação histórica da política externa, assim como sua implementação , passando daí a
abordar a política externa a nível individual, isto é, análise da acção e ou atuação por parte
dos líderes, isto é, estadistas da República Popular da China, posto isto , passamos a
apresentar o panorama da política externa a nível sistémico. O trabalho tenciona apresentar
o fundamento da política externa da República popular da China, de modo a trazer de forma
iluminada a compreensão do posicionamento deste estado no contexto do cenário
internacional desde a antiguidade, aos dias atuais.
O trabalho tem como tenciona trazer também a percepção das decisões, intenções,
interesses que estejam por detrás das relações políticas internacionais entre a República
Popular da China com os demais Estados.
Antecedentes Históricos Da Política Externa Da República Popular Da China
A primeira etapa da nova política externa chinesa foi percorrida a partir do triunfo
da revolução popular e a fundação da República Popular da China, em que predominou a
linha de defesa da independência nacional. A vitória da revolução pôs fim a uma época em
que a China foi humilhada por tratados internacionais e fragmentação , revolução rompeu
com esse passado. Desde a primeira Guerra do Ópio, em 1840, as potências colonialistas
forçaram o governo no final da dinastia Qing a subscrever tratados desiguais, segundo os
quais essas potências se apoderaram de partes do território chinês, impuseram concessões,
esferas de influência, portos abertos, extraterritorialidades e tratamento unilateral de nação
mais favorecida.
Após décadas de turbulência interna, em 1949, o Partido Comunista Chinês
tomou o controle da China Continental e assim mudou a política externa da China para o
combate ao imperialismo estadunidense. Essa abordagem foi abandonada na década de 60 e
70, após a separação ideológica da União Soviética, a outra potência comunista, e a
aproximação com os Estados Unidos. Com o governo de Deng Xiao Ping e o processo
de abertura econômica, o país ficou mais dependente das economias capitalistas e
assim deixou de fazer oposição mais forte a países por motivos ideológicos .
Na sequência da fundação da República Popular da China, o país estabeleceu um
novo tipo de relações diplomáticas, com o pressuposto da salvaguarda da soberania
nacional, integridade territorial, criação de um entorno geopolítico pacífico com os países
vizinhos, estabelecimento de relações de amizade e apoio mútuo com os países em vias de
desenvolvimento, integração ao campo socialista, aliança com a URSS e democracias
populares, defesa da paz mundial e coexistência pacífica com todos os países.
A síntese desses princípios pode ser encontrada no enunciado sobre política externa
incorporado ao programa comum do regime de Nova Democracia assumido pela
Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, que era uma organização de frente única,
em 30 de setembro de 1949, um dia antes da proclamação da República Popular da China:
 Os princípios da política externa da República Popular da China
consistem em salvaguardar a independência, a liberdade e a integridade soberana e
territorial do país, apoiar a paz duradoura internacional e a cooperação amistosa
entre os povos e opor-se à política imperialista de agressão e guerra.
 A República Popular da China se unirá a todos os países e povos
amantes da paz e da liberdade do mundo inteiro.
 A República Popular da China se porá ao lado do campo da paz e da
democracia internacional, para opor-se à agressão imperialista e defender a paz
mundial duradoura”.
Cinco anos depois, em 1954, a primeira Constituição da República Popular da
China proclamou: “Nos assuntos internacionais nosso princípio firme e invariável radica
em trabalhar pelo nobre objetivo da paz mundial e do progresso humano.”

Sistema Político
O sistema político chinês é autoritário e as eleições na China ocorrem sob um
sistema político autoritário de partido único. A natureza competitiva das eleições é
altamente limitada pelo monopólio de poder do Partido Comunista da China , limitações
à liberdade de expressão e interferência do governo nas eleições.

O Presidente da China é o chefe de Estado, servindo como figura cerimonial sob


o Congresso Nacional do Povo , O Primeiro-Ministro da China é o chefe de governo,
presidindo o Conselho de Estado, que é composto por quatro vice-primeiro ministro e pelos
chefes de ministérios e comissões , como um Estado unipartidário, o Secretário Geral do
Partido Comunista da China detém o poder e a autoridade final sobre o Estado e sobre o
Governo. Desde 1993, os gabinetes da presidência, da secretária-geral e da Comissão
Militar Central foram conferidos simultaneamente à mesma pessoa, concedendo um poder
individual de jure e de facto sobre o país.

A Conferência Consultiva Política do Povo Chinês ou CCPPC, é o principal


organismo consultivo político, sendo formada por membros e não-membros do Partido
Comunista da China (PCC), os quais debatem os princípios do comunismo chinês e,
ocasionalmente, criam novos organismos governamentais. Seus membros são selecionados
pelo PCC. Normalmente, a CCPPC convoca reuniões anuais que coincidem com as
reuniões plenárias do Congresso Nacional Popular.

Atores Da Política Externa Da República Popular Da China


As relações exteriores da China são desenhadas sobre tradições que remontam
a China imperial da Dinastia Qing e das Guerras do Ópio, apesar da sociedade chinesa ter
passado por muitas revoltas radicais nos últimos dois séculos e meio.
O objetivo da política externa chinesa é manter uma China forte, independente, poderosa e
unida, e uma das grandes potências mundiais. O estabelecimento da política externa chinesa
afirma que não há, na busca deste objetivo, nenhuma ambição hegemônica ou belicista.

A República Popular da China mantém a completude da soberania, então o governo


de Pequim não permite qualquer estado com o qual tenha relações diplomáticas ter relações
diplomáticas com Taiwan (República da China), Governo do Tibete no exílio ou grupos
do Movimento Independentista do Turquestão Oriental “Xinjiang”. Como uma das grandes
potências e uma superpotência emergente, a política externa da China é de extrema
influência no cenário global. A China declara oficialmente que "procura uma política
internacional e independente de paz" e define os alcances de seus esforços como sendo "a
preservação da independência, soberania e integridade territorial, criando um
desenvolvimento internacional favorável para a reforma do país e a construção da
modernização, mantendo a paz mundial e o desenvolvimento comum".
Um exemplo de decisão diplomática firmada nos termos "soberania e integridade
territorial" é o não envolvimento diplomático com qualquer país que reconheça a República
da China, não reconhecida como um Estado soberano por Pequim. República Popular da
China é membro de inúmeras organizações internacionais; detendo posições importantes
como a Membresia permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os
objetivos da diplomacia chinesa eram expansionistas por defenderem uma revolução
comunista mundial antes do fim da Revolução Cultural. Na década de 1970, a China
assumiu a vaga de Taiwan através da Resolução 2758. Como uma potência nuclear, o país
assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares no contexto das Nações Unidas.

Jiang Zemin “1993-2003”


Jiang manteve-se discreto na presidência até o falecimento de Deng Xiaoping , em
1997 ,a grande estrela do desenvolvimento econômico chinês durante sua presidência foi o
ministro da economia, Zhu Rongji, que modernizou a política econômica do país. Após
1997 Jiang essencialmente manteve as políticas de Deng Xiaoping e Zhu Rongji , em
novembro de 2002, Jiang, decide sair do Politburo do Partido Comunista da China para
abrir espaço para a nova geração de líderes.

Hu Jintao “2003-2013”

Hu Jintao impôs a lei marcial para responder aos protestos dos separatistas. Em 1992
passou a fazer parte do Politburo, grupo dos sete principais dirigentes comunistas da China,
por iniciativa de Deng Xiaoping. Na altura ficou responsável pela supervisão do treino
ideológico dos oficiais de topo. No ano seguinte assumiu a direção da Escola Central do
PCC, tida por fazer propaganda por Deng Xiaoping. Depois de alguns anos em que esteve
bastante discreto, em Março de 1998 ascendeu à vice-presidência da China. Em 1999
apareceu pela primeira vez na televisão para convocar manifestações antiamericanas depois
da embaixada chinesa em Belgrado, na Jugoslávia, ter sido bombardeada pela Força Aérea
dos Estados Unidos.

Xi Jinping “ 2013 – Incumbente “

Desde que assumiu o poder, Xi introduziu medidas de grande alcance para impor a
disciplina do partido e manter a unidade interna. A sua campanha anti-corrupção levou à
queda de altos funcionários do Partido Comunista em exercício e reformados, incluindo
membros do Comité Permanente do Politburo. Também decretou ou promoveu uma política
externa mais assertiva, particularmente no que diz respeito às relações China-Japão,
às reivindicações da China no Mar do Sul da China , Tem procurado expandir a
influência africana e eurasiática da China através da Iniciativa "Nova Rota da Seda".

Como figura central da quinta geração de liderança da República Popular, Xi tem


centralizado significativamente o poder institucional, assumindo uma vasta gama de
posições de liderança, incluindo a presidência da recém-formada Comissão de Segurança
Nacional do PCC, bem como novos comités diretivos sobre reformas económicas e sociais,
reestruturação e modernização militar, e a Internet. Os pensamentos políticos de Xi foram
incorporados nas constituições do partido e do Estado , tem sido descrito por alguns
académicos como um líder autoritário e por outros como um ditador, citando um aumento
da censura e da vigilância em massa, uma deterioração dos direitos humanos, um culto à
personalidade que se desenvolve à sua volta, e a remoção de limites de mandato sob a sua
liderança.
Observadores políticos consideram Xi o líder chinês mais poderoso desde Mao Zedong,
especialmente desde o fim dos limites de dois mandatos presidenciais em 2018. Xi se
afastou notavelmente das práticas de liderança coletiva de seus predecessores pós Mao . Ele
centralizou seu poder e criou grupos de trabalho com ele mesmo à frente para subverter a
burocracia governamental, tornando-se a figura central inconfundível da nova
administração.

Política Externa Da China Atual


Atualmente , a política externa da China vai ao encontro de um dos seus principais
objetivos: se estabelecer com uma grande potência no sistema internacional, possuindo
grande capacidade econômica para influenciar as ações dos outros países. O país tem
estabelecido uma capacidade militar cada vez maior, através do aumento do investimento
nas Forças Armadas.

Com a distanciação entre os Estados Unidos e a Europa , a China tem se colocado como
defensora do multilateralismo ( se abrindo a uma configuração das relações políticas
entre os países mais aberta e igualitária, em oposição a um sistema bipolar) , peso embora o
objetivo da política externa chinesa é manter uma China forte, independente, poderosa e
unida, e uma das grandes potências mundiais. O estabelecimento da política externa chinesa
afirma que não há, na busca deste objetivo, nenhuma ambição hegemônica ou belicista.
Relação Da China Com a Europa

As relações entre a Europa e a China, principalmente na esfera comercial, têm


aumentado consideravelmente nos últimos anos. A China possui grande quantidade
de títulos da dívida pública de diversos países europeus, pois é de seu interesse que eles
continuem a comprar produtos chineses, mantendo a sua capacidade de pagar suas dívidas e
fazer novas. A Europa por outro lado, é uma grande exportadora de serviços para a
China, como serviços financeiros e de logística. Os países europeus também são
favorecidos pela iniciativa One Belt One Road, que se propõe a ligar a China com a uÁsia
Central e a Europa por meio de investimento em logística, como ferrovias e portos.

Relação Da China Com a África


O gigante asiático tem aumentado enormemente a sua presença no
continente africano, fazendo grandes investimentos em infraestrutura e empréstimos
aos países africanos. Esses empréstimos não tem requisitos como a manutenção dos
direitos humanos ou imposições políticas que países ocidentais costumam fazer, e
normalmente são maiores e a juros menores do que aqueles praticados pelo ocidente, sendo
bastante atrativos a ditadores africanos que veem as instituições internacionais como
interventoras nas questões internas.
A política externa da China com a África é interpretada por alguns analistas como
imperialista, por tentar criar uma relação similar a que os países ocidentais faziam com o
continente e ainda fazem em alguma medida de exploração de matérias primas, sem dar em
retorno condições para o desenvolvimento dessa região.

Sudeste asiático
A China possui relações boas com parte dos países da região do sudeste da Ásia, que são
destino de muitos investimentos chineses e de empresas que usam de mão de obra barata
mais barata que a chinesa.
Porém, a disputa do Mar do Sul da China gera atrito entre os chineses e outros países da
região, como o Vietnã, Malásia e Filipinas, tendo a China criado ilhas artificiais com bases
militares, aumentando a sua presença nessa área estratégica, por onde passa boa parte do
comércio mundial. Essa política expansionista é resultado da percepção chinesa de que esse
território é seu por direito histórico, desde a época imperial, como no caso do Tibet.

América Latina
Países como Brasil, Chile e Peru têm no gigante asiático o seu principal parceiro
económico, portanto com que mais fazem comércio no mundo. Alguns autores interpretam
que essas relações, assim como com a África, se configuram como um regime de
exploração, apenas por outra potência que não seja os EUA.

O país com relações políticas mais fortes com a China seria a Venezuela, que recebe muitos
recursos para a manutenção do regime de Nicolás Maduro e para continuar a enviar
petróleo à China, destino de 18% das exportações venezuelanas. Além disso, empresas
chinesas também estão em vários outros países atuando principalmente nas áreas de energia
e infraestrutura.
O Brasil por sua vez tem relações políticas e econômicas próximas à China. Na
economia, o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil, desde 2009, Os
chineses são o destino de 19% de exportações do Brasil . A China é uma das principais
fontes de investimento no Brasil, sendo as principais áreas de destino a energia, a
mineração, a siderurgia e o agronegócio.
Além dos investimentos de um país no outro, ambos intensificaram a cooperação
financeira em âmbito bilateral e multilateral, com a chegada de diversos bancos chineses
ao Brasil e do Banco do Brasil chegando na China, o primeiro latino-americano no país.
Na área da política internacional, Brasil e China estão presentes juntos em vários
mecanismos internacionais, como os BRICS e o G20 “Os 19 países mais ricos do mundo
e a União Europeia” . Em 2014, durante a VI Cúpula dos Brics de Fortaleza, foi criado o
Novo Banco do Desenvolvimento do BRICS, que rivaliza com o Banco Mundial. Ambos os
países podem ser considerados potências emergentes, portanto defendem um sistema
multilateral aonde os países do Terceiro Mundo tenham voz.

Conclusão
A civilização chinesa, na maior parte de sua história, é formado por um Império
unificado, em que as relações que possuía com outras culturas eram de pagamento
de tributos ao Imperador, e não uma relação de reconhecimento mútuo. Posto isso é de
concluir que , a sociedade chinesa se manteve por milhares de anos, quase que intocada por
influências externas ou seja, a política externa da China era quase inexistente.
No século XIX, após a Guerra do Ópio, esse isolacionismo mudou pois a China
percebeu que outras culturas tinham costumes , como a forma de fazer diplomacia
diferentes dos seus, assim como capacidade materiais maiores que as suas, dispondo de
navios a vapor e armas de fogo bastante desenvolvidas. Mas esses “bárbaros” , como eram
considerados pelo Império da China – não tinham interesse de adotar a cultura chinesa,
como havia acontecido em interações anteriores .
Esse período é conhecido para os chineses como o “Século de Humilhação”, quando
os países Europeus e o Japão influenciaram muito a política do Império e dele tiraram
proveito com os Acordos Desiguais “como a perda de Hong Kong para o Reino Unido por
99 anos” , O império chinês durou desde a sua criação na antiguidade até o ano de 1911.
Desde sua fundação em 1949, com a necessidade de se enquadrar no sistema
internacional e ao panorama das relações políticas internacionais entre Estados a China
vem mantendo relações diplomáticas com a maioria dos países do mundo.
A China tem buscado criar áreas de livre comércio e pactos de segurança com diversos
países .Boa parte da política externa da República Popular da China baseia-se no conceito
da ascensão pacífica da China, embora ocorram por vezes incidentes com outros países,
como os EUA “bombardeio da Embaixada da China em Belgrado em 1999 e acidente com
avião-espião em 2001” , As relações com países ocidentais sofreram em consequência da
repressão aos protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989.[carece de fontes]

Embora a constituição contenha direitos e garantias individuais, a República Popular da


China é considerada um dos países menos livres em termos de liberdade de imprensa, e é
comum a censura à manifestação de opiniões e de informações referente ao governo. A
China é frequentemente alvo de críticas de ONGs e outros governos devido a violações
graves de direitos humanos, como no caso de prisões sem julgamento de ativistas políticos,
confissões forçadas, tortura, maus-tratos a prisioneiros e outros.[carece de fontes]
O objetivo do governo é estabilizar o crescimento populacional no início do século XXI. A
política externa atual da China é marcada pelas alianças estratégicas com os países vizinhos
e outras potências mundiais para o alcance de seus interesses nacionais, criando um
desenvolvimento favorável à sociedade chinesa.
Referências Bibliográficas
https:///politica-externa-da-china-entenda/
https:///wiki/Hu_Jintao
https:///wiki/Xi_Jinping

Processo De Tomada De Decisão


Nesse modelo, o estadista é quem detém o poder de decidir. O ator unitário age após
ponderar e fazer a escolha racional. Estadista e Estado confundem-se. Os conceitos
essenciais a esse modelo são: metas e objectivos, alternativas, consequências e escolhas. Os
interesses e valores do agente são traduzidos em uma função de preferência que representa
a utilidade de diferentes conjuntos de consequências. O agente racional, diante das
alternativas, deve optar por um caminho ou por uma decisão específica que se coloca no
alto de sua própria escala de utilidade. A racionalidade, portanto, se refere a consistentes
escolhas de maximização de valor dentro de específicas condições de contorno .

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