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Bruna Luz Santos

República Popular Democrática da Coreia:


Análise dos meios de comunicação online como
meios de propaganda política com foco na
Agência Central de Notícias da Coreia

Mestrado em Ciências da Comunicação


Unidade Curricular: Campanhas Eleitorais
Prof. Doutora Paula do Espírito Santo

Lisboa 2023
Resumo
O presente artigo visa analisar a propaganda política realizada através de os meios de comunicação
online, com foco na Agência Central de Notícias da Coreia, na República Popular Democrática da
Coreia, que se encontra sob uma ditadura comunista.
As relações estabelecidas entre a República Popular Democrática da Coreia com países, não
só, mas também, vizinhos, têm bastante impacto na ideologia criada e propagada por todo o país. Assim
sendo, numa primeira parte deste trabalho será feita uma breve análise histórica, em que serão
investigadas estas relações e, posteriormente, o impacto da mesma na propaganda política do país
através de a observação do principal órgão de comunicação online.
Ao analisar o website oficial da Agência Central de Notícias da Coreia, foi possível observar
que o nacionalismo, um dos conceitos que sustenta a ideologia Juche, está bastante presente no
conteúdo das notícias e até mesmo na seleção das mesmas para publicação. Ademais, o modo como é
destacado o nome do líder supremo do estado ao longo de todo o website, também nos transmite a
ideia de superioridade do mesmo em relação à restante população.
Ao longo de este artigo, proponho-me a apresentar uma possível resposta para as seguintes
questões: Como é feita a propaganda política através de o principal meio de comunicação online na
Coreia do Norte? Será que tudo é propaganda?

Introdução
Para melhor compreendermos como funcionam e como são utilizados os meios de comunicação online
na República Popular Democrática da Coreia, nomeadamente como estes funcionam como objeto de
propaganda política, é essencial examinarmos a história de um dos países mais isolados do mundo e
os motivos que levaram à construção de uma sociedade isolada de informação do exterior. As relações,
principalmente com os países vizinhos, são uma das principais razões para que a promoção de
ideologia criada através de a propaganda política seja um dos principais focos do governo norte-
-coreano.
Atualmente, em 2023, a Coreia do Norte vive sob uma ditadura comunista, de acordo com
Marx et. al (2008), o governo está concentrado na organização e política da produção em geral (Marx
et. al, 2008, p.28). Toda a informação é analisada e muita é censurada, nunca chegando a ser lida ou
ouvida pelos habitantes do país. Existe um órgão de comunicação principal que funciona como central
de notícias, isto é, as notícias são produzidas e, posteriormente, são reencaminhadas para outras
organizações, como é o caso de os rádios, das televisões, dos jornais tradicionais e online. Este órgão
é a Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) e será o principal objeto de análise da presente
investigação, para que seja possível compreender como é feita a propaganda política através de o
mesmo.
Com a presente investigação, espera-se compreender se a KCNA utiliza o seu principal órgão
de comunicação como meio de propaganda política e de que maneira é que o faz. Para tal, será
analisado o seu website no seu todo e as notícias publicadas entre os dias 23 e 30 de outubro de 2023,
de modo a compreender as evidências propagandísticas apresentadas no mesmo.

República Popular Democrática da Coreia


Breve análise histórica e política
A República Popular Democrática da Coreia, situada na Península da Coreia, pertence ao continente
asiático e a sua língua oficial é o coreano. De acordo com o The World Factbook1, tem cerca de 26
milhões de habitantes e tem como fronteiras a China e Rússia, a norte, e a Coreia do Sul, a sul.
A atual República Popular Democrática da Coreia, doravante também designada por RPDC ou
Coreia do Norte, surgiu de um conflito entre coreanos nacionalistas e comunistas e japoneses. Após a
Guerra Russo-Japonesa, em 1905, a atual Península da Coreia ficou sob domínio japonês, acabando
por se tornar em uma colónia do Japão. Segundo Lew, durante as três fases de domínio japonês, os
coreanos foram explorados e viveram de acordo com as regras impostas pelos japoneses, tendo sido
forçados a adotar a sua língua para comunicar e a servir de mão-de-obra (Lew 2000, p 23).
Devido à rejeição por parte dos coreanos em aceitar o regime imposto, realizou-se o Movimento
Primeiro de Março onde foram executadas greves e manifestações por parte dos nacionalistas, em
1919. Contudo, não foi o suficiente para se libertarem e a libertação da Coreia só ocorreu em 1945
(Lew 2000, p 24). A zona norte da península procedeu à construção de uma nação de acordo com
valores soviéticos, ao contrário da zona sul que se baseava em ideologias americanas (Lee & Mosler
2019, p 328). Ainda que as zonas norte e sul tivessem o mesmo objetivo, isto é, a reunificação da
Coreia, as suas ideologias opostas resultaram na Guerra da Coreia, tornando a união num cenário ainda
mais remoto (Seth 2018).
Como resultado das discordâncias, a Península da Coreia ficou dividida em norte e sul. A norte,
foi realizada uma constituição em que Kim Il Sung foi eleito Primeiro-Ministro e surgiu o Partido dos
Trabalhadores da Coreia (Lee & Mosler 2019, p 328). Já em 1949, foi proclamada a República Popular
Democrática da Coreia e as tropas soviéticas, que até então permaneciam na Coreia, abandonaram o
território (Lew 2000, p 27).

1
The World Factbook é um recurso online que pertence à Central Intelligence Agency – uma agência do governo dos
Estados Unidos da América. Este recurso tem como objeto recolher, analisar e disponibilizar informações fidedignas
sobre países de todo o mundo.
Devido a o colonialismo e ao nacionalismo fortemente enraizado nos valores de Kim Il Sung,
este desenvolveu uma ideologia que dura até aos dias de hoje e que é a base política do país – Juche
(Yiu 1972, p 349). Esta filosofia é traduzida como “autossuficiência” (Clemens 2016, p 19), isto é, «a
sua organização permeia quase todos os níveis de governo e administração, bem como a produção para
garantir o controle principal de todo o país» (Lee & Mosler 2019, p 330), de modo que haja controlo
de tudo por parte do próprio governo. Há medida que esta doutrina foi crescendo, os valores anti-
-japonismo foram-se enraizando na forma de governar. Após ter sido implementada por Kim Il Sung,
a ideologia que tem vindo a ser propagada por toda a Coreia do Norte foi reforçada, entre 1994 e 2011,
pelo seu filho Kim Jong Il e, após a morte deste em 2011, por Kim Jong Un (neto de Kim Il Sung e
filho de Kim Jong Il). Kim Jong Un, atual líder da RPDC, tem vindo a consolidar o trabalho feito,
anteriormente, pelo seu avô e pelo seu pai através de a propaganda política, nomeadamente através da
utilização dos meios de comunicação tradicionais e online, posters e cartazes e mediante a educação.
Brzenzinski define totalitarismo como uma «forma de governo que se enquadra na classificação
geral de ditadura, um sistema no qual instrumentos politicamente avançados são utilizados sem
restrições por um liderança centralizada de um movimento de elite com o propósito de promover uma
revolução social total, incluindo o condicionamento do homem com base em certas suposições
ideológicas arbitrárias, proclamadas pela liderança em um ambiente de unanimidade coerciva de toda
a população»2 (Brzezinski, 1962). Ao compararmos esta definição com a definição de Juche de Yiu
(1972), rapidamente percebemos que existem aspetos comuns entre as mesmas, nomeadamente no que
diz respeito à liderança centralizada.

Metodologia
A realização deste trabalho consistiu, numa primeira parte, na recolha e análise de literatura de
estudiosos que se ocupam com o estudo da Coreia do Norte permitindo compreender os factos
históricos que levaram ao atual modelo de propaganda política utilizado na Coreia do Norte e o impacto
que o mesmo tem na vida da população.
Em uma segunda parte do trabalho, foi feita uma análise semiológica através de um método
quantitativo que serviu para examinar as notícias publicadas pela Agência Central de Notícias da

2
Totalitarismo – De acordo com Brzezinski, «Totalitarianism is a new form of government falling into the general
classification of dictatorship, a system in which technologically advanced instruments of political power are wielded
without restraint by centralized leadership of an elite movement for the purpose of affecting a total social revolution,
including the conditioning of man on the basis of certain arbitrary ideological assumptions, proclaimed by the leadership
in an atmosphere of coerced unanimity of the entire population.» (Brzezinski, 1962)
Coreia, tendo sido analisados, em primeiro lugar, os números de publicações diárias, se as mesmas são
acompanhadas de fotografia e se mencionam (ou não) o nome do país na manchete e, em segundo
lugar, os temas das notícias publicadas. Ao longo das notícias publicadas, é possível identificar a
utilização frequente de alguns significantes ou palavras-força como é o caso de RPDC, PTC (Partido
de Trabalhadores da Coreia) e o nome de chefes ou antigos chefes de Estado.

Análise de resultados
Os meios de comunicação são uma ferramenta essencial de propaganda3 (Guven 2019, p 2) e, ao
falarmos de política, este conceito é indispensável (Yoon 2020, p 1).
Na República Popular Democrática da Coreia, como consequência do regime ditatorial, não há
liberdade de impressa (Guven 2019, p 6). Estudos realizados pela Freedom House4 revelam que o país
é Not Free e todos os parâmetros relacionados com liberdade de expressão e de crença – independência
dos media, religião, liberdade académica e opinião política - que foram avaliados, foram cotados em
0/4 valores (Freedom House 2023).
Todos os órgãos de comunicação, quer sejam tradicionais ou online, são controlados pelo
governo e servem de mecanismos para a difusão e consolidação da ideologia imposta pelo Líder
Supremo (Guven 2019, p 2; Altenberger 2014, p 2). A Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA)
é a principal fonte noticiosa do país (Altenberger 2014, p 1) que, posteriormente, fornece informações
às restantes organizações de noticiosas, quer sejam rádios, televisão, jornais e canais online (Guven
2019, p 3). A KCNA, segundo Altenberger, tem como principal objetivo enaltecer os valores e
ideologias do país, o poder militar e o Líder Supremo – Kim Jong Un –, não só para os norte-coreanos,
mas também para o público externo, visto que está disponível online e o seu website está traduzido em
seis línguas (Altenberger 2014, p 1). Através de este órgão de comunicação, controlam-se todas as
informações a que a população tem acesso e mantem-se o controlo e o poder única e exclusivamente
no Estado.
Para o governo norte-coreano, é do seu interesse manter a opinião pública acordo com os seus
interesses e aspirações. Como resultado, a Internet é um recurso que está acessível apenas para a elite
norte-coreana que ocupa elevados cargos no governo e serve de ferramenta para a construção e

3
Propaganda – De acordo com Lasswell, a propaganda «é a gestão de atitudes coletivas pela manipulação de símbolos
significativos» (Lasswell 1927, p 627).
4
A Freedom House é uma organização norte-americana sem fins lucrativos. Anualmente, são lançados estudos e dados
sobre diversos países do mundo, em que são avaliados direitos políticos, liberdades civis e são considerados Free ou Not
Free, de acordo com os resultados obtidos.
atualização de uma rede doméstica (Baptista et al., 2020) – Intranet5 – denominada por Kwangmyong
(Bruce 2012, p 2).
A Kwangmyong, ainda que seja um grande desenvolvimento tecnológico para um país que é
tão isolado, está disponível apenas para estudantes universitários, investigadores, cientistas e
engenheiros e só é possível aceder às informações aprovadas pelo governo. Esta rede online, para além
de rede de informação, tem como objetivo controlar a população e, mais uma vez, expandir a ideologia
política e é um dos principais focos de propaganda (Yoon 2020, p 13).
Yoon afirma que o governo e as autoridades norte-coreanas têm conhecimento de que o atual
sistema de propaganda apresenta inúmeras falhas (Yoon 2020, p 13), sobretudo por ter dificuldade em
chegar ao público mais jovem que, através de a fronteira e de cartões SD, tem acesso a conteúdos
estrangeiros, nomeadamente sul-coreanos (Bruce 2012, p 4). Como resultado, estão a apostar cada vez
mais nas tecnologias móveis e nos meios de comunicação online, educando e expondo a população à
ideologia Juche.

Análise do website da Agência Central de Notícias da Coreia


Ao longo de uma semana, foram analisados os conteúdos publicados no website oficial da Agência
Central de Notícias da Coreia (KCNA). A primeira análise correspondeu a aspetos mais formais do
website no seu todo, em que foi possível observar que as cores utilizadas são as da bandeira norte-
-coreana – azul, vermelho e branco - o website está disponível em seis línguas – coreano (língua
original), chinês (simplificado), russo, inglês, espanhol e japonês -, o que está em destaque são as
atividades revolucionárias do Líder Supremo e, mais abaixo, são apresentadas as notícias em destaque,
as últimas notícias, as relações externas e a vida social.
Todas as notícias são datadas de acordo com o calendário Juche, onde o dia e o mês
correspondem ao calendário gregoriano, mas o ano é distinto. No calendário Juche, o ano em que Kim
Il Sung nasceu (1912), corresponde ao ano 1, assim sendo, o presente ano (2023) é o ano 112.

5
Intranet – De acordo com o Priberam, é uma «rede de computadores privada que utiliza tecnologia usada na Internet».
Imagem 1. Website da Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) (30/10/2023)

Na parte final do website da KCNA, são apresentados outros órgãos de comunicação e fontes
noticiosas cujas notícias são baseadas neste – Rodong; Voz da Coreia; Naenara; Uriminzokkiri;
Ministério de Relações Externas; e, por último, um website intitulado por A República Popular
Democrática da Coreia. Este último website mencionado, contem todos os websites legais que geram
informação e entretenimento da Coreia do Norte, como por exemplo canais noticiosos e desportivos,
uma base de dados com livros norte-coreanos, wesbites de organizações governamentais e educativas.
Numa segunda fase, foram analisados aspetos formais das notícias publicadas, em que foi
possível observar que o nome de Kim Jong Um, assim como o nome dos Líderes Supremos anteriores,
é mencionado sempre a negrito e, nas notícias, os parágrafos bastante curtos, tendo, geralmente, entre
1 e 4 linhas. As notícias foram contabilizadas consoante os seguintes aspetos: notícias publicadas;
notícias com fotografia; e, notícias com «RPDC» na manchete.

Tabela 1. Análise das notícias publicadas entre os dias 23 e 30 de outubro de 2023 no website da Agência Central de
Notícias da Coreia
Entre os dias 23 e 30 de outubro de 2023, foram publicadas 88 notícias em que apenas 10 foram
acompanhadas de fotografia. Para além disso, uma simbólica parte das mesmas contem o nome do país
na manchete, comprovando que a ideologia baseada no nacionalismo está fortemente implementada
nos meios de comunicação. Ademais, também é possível perceber através de o número de notícias
publicado que há muita censura e que as mesmas abordam temas convenientes para o governo.
As notícias publicadas pela KCNA abordam, muitas vezes, os mesmos temas e, como era de
esperar com base na ideologia e no regime, estas focam-se muito na inovação e contribuições para o
país – como por exemplo construção e remodelação de escolas, atualização de sistemas tecnológicos
de transportes, construção de organizações de saúde e metas de produção alcançadas. Ademais, são
publicadas algumas notícias (8) relacionadas com o governo, mencionando o nome do país (como já
analisámos acima), do Chefe ou de antigos Chefes de Estado e sobre o Partido de Trabalhadores da
Coreia. Por fim, e com menos frequência, são publicadas atualizações sobre relações políticas externas
e sobre desporto.

Tabela 2. Análise dos temas das notícias publicadas entre os dias 23 e 30 de outubro de 2023 no website da Agência Central
de Notícias da Coreia
Para melhor compreensão das temáticas das notícias, foi elaborada uma tabela que está dividida
em inovações – posteriormente subdividida em educação, tecnologia, saúde e produção -, governo –
posteriormente subdividida em Presidente, país e PTC -, relações externas e desporto. Através de a
tabela, é possível constatar que as inovações são o principal tema publicado (42), seguida de outras
notícias que não se enquadram em nenhuma destas categorias (35), em terceiro lugar, notícias
relacionadas com relações políticas externas (9), seguida de notícias sobre o governo (8) e, por último,
o tema menos abordado que é o desporto (5).
Ao identificar que as inovações e o governo são dos temas mais noticiados, podemos
compreender que as questões de patriotismo e de grandiosidade do governo são as que mais interessam
ao mesmo que a população tenha conhecimento. Em nenhuma das notícias foi referido qualquer
fracasso ou atraso na construção e desenvolvimento das inovações criadas/em curso, e em nenhuma
das notícias foi mencionado um aspeto menos positivo do Chefe de Estado, do país ou do Partido de
Trabalhadores da Coreia, algo que não acontece nas fontes noticiosas de países cujos meios de
comunicação são independentes e apartidários.
Com a análise de o principal órgão de comunicação da Coreia do Norte, é possível constatar
que todos os detalhes são tidos em conta, desde as cores utilizadas às menções do Líder Supremo. É
mediante os pequenos detalhes e as evidências mais óbvias que o governo norte-coreano consegue
transparecer a ideia de superioridade perante os demais países, tanto para a sua população interna como
externa, e de falsa liberdade individual, uma vez que o país aparenta ter relações com o exterior e
acesso a este tipo de conteúdos.

Limitações e análises futuras


A Coreia do Norte é um país bastante recente e, como tal, a literatura relacionada com o tema é
reduzida. Ademais, como foi possível concluir pela informação apresentada ao longo do trabalho, o
país é bastante inacessível em vários aspetos, um deles os meios de comunicação, especialmente,
online, pois, por ser uma ditadura, há muita censura. Como consequência, a literatura relacionada com
os meios de comunicação online e com a propaganda política está numa fase de desenvolvimento
bastante inicial.
Devido a o curto espaço de tempo para a realização da presente investigação, o período de
análise foi bastante curto, não sendo suficiente para que sejam retiradas conclusões exaustivas ou para
que seja encontrado um padrão em relação às notícias publicadas.
O desconhecimento da língua coreana e o afastamento cultural foi uma limitação ao estudo,
ainda que não tenha sido um aspeto impeditivo, visto que o principal órgão de comunicação analisado
estava traduzido para as línguas inglesa e espanhola, línguas que domino.
Em investigações futuras, seria interessante analisar o uso dos posters como meios de
propaganda política, uma vez que ainda são bastante utilizados no regime de Kim Jong Un por serem
bastante acessíveis financeiramente.

Conclusão
Ao realizarmos uma investigação sobre meios de comunicação e a propaganda política da RPDC, é
essencial termos conhecimento prévio sobre os motivos que levaram este país ao isolamento social do
restante planeta. Para além disso, ao compreendermos os fundamentos da ideologia Juche, mais
facilmente compreendemos como estes são solidificados pelos órgãos de comunicação.
O governo norte-coreano, especialmente Kim Jung Un, reconhece a importância e atualização
dos meios de comunicação online e como estes podem ser uma mais-valia para a propagação da
ideologia criada e sustentada desde 1949. Para além de ser possível obter um elevado retorno
financeiro, chegam a um grande público, tanto interno como externo, e dão a falsa ilusão de liberdade
individual à população que acede aos conteúdos digitais.
A consolidação da ideologia Juche continua a ser um dos principais focos do Líder Supremo
norte-coreano e todos os detalhes e atualizações contam. Com o aparecimento da Era Digital, surgiram
novos obstáculos e aspetos a ter em conta, principalmente o rápido acesso à informação. Como tal, o
governo da Coreia do Norte teve de se adaptar e criar novas ferramentas que fossem de acordo com
estes novos desafios, mas que, paralelamente, servissem os seus interesses. Como pudemos constatar
através de a análise do website da Agência Central de Notícias da Coreia, as cores, a utilização de
fotografias, a menção de Kim Jung Un e do nome do país são elementos de destaque e cuidadosamente
pensados para que seja destacado o país e respetivo governo, uma vez que o objetivo é enaltecer estes
dois aspetos. Do mesmo modo, também as temáticas abordadas e publicadas contribuem para esta
cimentação ideológica, visto que vão de encontro às suas aspirações e motivações.
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