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caminhos cruzados
Mídia e política
caminhos cruzados
Revisão
João Somma Neto
Hendryo André
Ilustração da capa
Daniela Zandonai
Ficha catalográfica
Mídia e política: caminhos cruzados / João Somma Neto; Hendryo André [orgs.]. —
Curitiba: UFPR-SCHLA, 2011.
132f.
ISBN 978-85-99229-11-8
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Mídia e política: caminhos cruzados
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Show e poder no telejornalismo
João Somma Neto1
INTRODUÇÃO
Pensar a comunicação e o jornalismo em suas conexões
com a área da política é um desafio constante para a necessá-
ria reflexão sobre o papel fundamental dessa atividade na vida
social, como elemento da mais elevada importância para nossa
jovem democracia e para o pleno exercício da cidadania a partir
do acesso irrestrito à informação.
Vivemos cada vez mais intensamente junto à atuação da
mídia na contemporaneidade. Praticamente não há mais nada de
interesse social ou pessoal que escape aos olhos do complexo mi-
diático mundializado, globalizado e tornado onipresente pelo em-
prego de equipamentos tecnológicos sempre mais sofisticados.
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Mídia e política: caminhos cruzados
INFORMAÇÃO E PODER
O acesso à informação sem restrições deveria ser um direi-
to, com base nos princípios constitucionais, funcionando como
um dos meios elementares de amplo exercício da cidadania. Na
atualidade a garantia do acesso parcial do cidadão às informa-
ções básicas é dada, em sua maior parte, pelos veículos de comu-
nicação que compõem a mídia.
Em nosso país, a mídia envolve, entre outros, os veículos
impressos tradicionais – jornais e revistas – considerados eliti-
zados por sua circulação restrita e pouca abrangência em temos
de público, além dos componentes da chamada mídia eletrô-
nica – rádio e televisão – classificados como mais populares e
abrangentes, ambos atingindo contingentes de mais de 90% da
população, e que desempenham importantíssima função como
difusores de informação e de opiniões. Estudos acadêmicos in-
dicam que a grande maioria dos brasileiros se informa a partir
do que esses meios produzem.
Em complemento a esse quadro situam-se as chamadas
mídias emergentes que incluem a rede mundial de computado-
res e as redes de telefonia celular, as duas operando com alta
tecnologia, a qual também se estende aos outros grandes meios
de comunicação, sobretudo a televisão e o rádio, no fenômeno
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Mídia e política: caminhos cruzados
público, se bem que no final não se saiba muito bem quem defi-
ne o que é efetivamente de interesse público.
Os conteúdos elaborados por iniciativa da própria mí-
dia, ou produzidos pelas instâncias de poder, inegavelmente
traduzem intencionalidades que podem visar a reafirmação, ou
reconhecimento, de atos de poder, ou ainda questionar atos ou
situações acarretadas por ações e relações de poder. Uma das
consequências disso é a produção dos chamados escândalos
midiáticos e escândalos de poder, em geral ligados ao exercício
do poder político. Aqui também existe intencionalidade na di-
vulgação, a qual predetermina enfoques, abordagens, formas e
elementos sintáticos e semânticos dos conteúdos.
Os escândalos políticos mostrados, repercutidos ou de-
nunciados pela mídia, apresentam evolução compatível com o
próprio desenvolvimento tecnológico e com a ampliação de
cobertura e amplitude dos meios de comunicação. Diversos ca-
sos podem ser citados como exemplos, tanto no plano nacional
como no internacional, como Watergate e Bill Clinton e Monica
Leviski nos Estados Unidos, e aqui no Brasil a operação Uru-
guai no governo Collor, o mensalão e caso Erenice no governo
Lula, os atos secretos do Senado Rederal e os diários secretos na
Assembleia Legislativa do Paraná, para ficar apenas em poucos
exemplos.
Esse tipo de escândalo pode ser definido como todo
aquele que abrange líderes ou figuras políticas reconhecidas,
ou seja, pessoas que detêm algum tipo de poder assegurado
por amplo conjunto de relações sociais e institucionais. Por
sua natureza esses escândalos despertam especial interesse da
mídia, porque na maioria das vezes estão ligados a transgres-
sões praticadas por pessoas que representam determinado
nível de autoridade. As transgressões são vistas como viola-
ções de regras e procedimentos legalmente e/ou eticamente
obrigatórios para o exercício do poder político, e que devem
ser publicizadas pela mídia em um contexto no qual vigora a
liberdade de expressão.
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Show e poder no telejornalismo
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Mídia e política: caminhos cruzados
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
GOMES, Mayra. Poder no Jornalismo: discorrer, disciplinar, controlar.
São Paulo: Hacker Editores, Edusp, 2003.
LIMA, Venício de. Mídia: teoria e política. São Paulo: Fundação Per-
seu Abramo, 2001.
SOMMA NETO, João. Ações e relações de poder: a construção da repor-
tagem política no telejornalismo paranaense. Curitiba: EDUFPR, 2007.
SZPACENKOPF, Maria Izabel de Oliveira. O olhar do poder: a montagem
branca e a violência no espetáculo telejornal. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2003.
THOMPSON, John. O escândalo político: poder e visibilidade na era da
mídia. Petrópolis: Vozes, 2002.
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Brasileiros: na ética e na estética
Claiton César Czizewski1
INTRODUÇÃO
A história humana sempre foi marcada por oposições bi-
nárias. A tensão entre público e privado, realidade e ficção, te-
oria e prática, forma e conteúdo, dentre outras, ajuda a confor-
mar uma época de relações complexas, chamada modernidade.
Atualmente, preconiza-se que são outros os tempos. A mo-
dernidade foi superada por uma fase imediatamente posterior
à qual, naturalmente, denomina-se pós-modernidade. Pode-se
colocar em dúvida essa concepção, mas não é possível ficar
indiferente ao fato de que a maneira de se relacionar com o
mundo mudou radicalmente.
A dissolução permanente e progressiva das dicotomias é
realizada, em grande parte das vezes, com o auxílio fundamental
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Mídia e política: caminhos cruzados
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Brasileiros: na ética e na estética
5. Conforme o Dicionário Aurélio (Hollanda, 2009), maior referência em semântica da língua portu-
guesa no Brasil, ética corresponde ao “conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta
do ser humano”. Já estética refere-se ao “estudo das condições e dos efeitos da criação artística”.
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6. Há, ainda casos extremos, tais como as declarações ouvidas pela autora durante pesquisa de
campo no departamento de jornalismo da Rede Globo de Televisão. Na ocasião, alguns cinegra-
fistas declararam que “fazer imagem é brincar de Deus”; “telejornalismo não precisa de repórter,
basta um bom cinegrafista e um jornalista para redigir a notícia na emissora”; ou, ainda, que “o
que fica de um telejornal é só imagem” (Idem. Ibidem. p. 191).
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Brasileiros: na ética e na estética
A DIMENSÃO INCONSCIENTE
DA LÓGICA TELEVISIVA
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geo-
grafia e Estatística (IBGE) em setembro de 2006 mostrava que
a televisão estava presente em mais de 90% dos lares brasileiros.
Atualizada, essa porcentagem deve ser ainda maior. O que não
muda é o fato de que a eloquência dos números pode ter expli-
cação nas características principais desse meio de comunicação,
como o caráter doméstico, a portabilidade e a onipresença.
Entretanto chama a atenção a dimensão inconsciente des-
sa mídia eletrônica. O fluxo de significantes televisivos é seme-
lhante ao fluxo de significantes do inconsciente. Dessa forma, a
televisão pode ser caracterizada como um lugar em si, onde as
noções de tempo e espaço são relativizadas e impera a lógica da
inconsciência, embora a operação seja racionalizada.
Regida pela lógica do inconsciente, a mídia televisiva
efetua uma ligação entre a individualidade do espectador e o es-
paço público que ela própria representa. Em síntese, a TV é uma
espécie de esfera pública expandida, cuja principal função é cons-
tituir e conformar o espaço público. Ela tem como uma forte mar-
ca, na contemporaneidade, a constante aproximação e, às vezes, a
inversão entre o que é ficção e o que diz respeito à realidade.
A relação entre os agentes de cá e de lá da tela tem raízes
no processo de formação da chamada sociedade de massas, ou
sociedade do espetáculo. Para se sentir pertencente à massa e ser
identificado com ela, os indivíduos tiveram de abrir mão de parte
de suas produções subjetivas. Em troca, receberam uma espécie de
subjetividade industrializada, uma forma de inconsciente coletivo.
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Mídia e política: caminhos cruzados
AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
DA EPOPEIA GREGA
Sempre que se faz menção ao gênero épico da literatura,
é quase automático que se remeta à civilização grega. A cone-
xão, de fato, é pertinente. Afinal, quando ainda eram um povo
sem nome, sem língua e sem história, os gregos recorreram à
narrativa para que pudessem forjar uma identidade e um passa-
do. E foi por meio da mitologia que eles chegaram a um quadro
coerente de nacionalidade, o qual refletia uma raça descendente
dos deuses e dos semideuses.
Nessa atmosfera de lendas e mitos, um nome se sobres-
sai: Homero. Mais que um contador de histórias, o autor da
Odisseia e da Ilíada entrou para a história como o ícone maior da
literatura grega e, consequentemente, da epopeia, a ponto de se
afirmar que “se é verdade que a história da Europa começou os
gregos, é também verdade que a história grega começou com
o mundo de Ulisses” (FINLEY, 1982, p. 23). Assim, não causa
estranheza o fato de a esse tipo de escritos dar-se o nome de
narrativas homéricas.
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7. Aquiles lamenta ter morrido jovem e Heitor tem medo da morte, por exemplo. (FINLEY, 1982).
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Mídia e política: caminhos cruzados
8. A cada semana, o programa é conduzido por um dentre três diferentes jornalistas. São eles: Ed-
ney Silvestre, idealizador do programa, que ganhou notoriedade por ser o primeiro correspondente
internacional a chegar ao World Trade Center, na ocasião da colisão de aviões com o edifício, em
11 de setembro de 2001. No ano seguinte, ele voltou ao Departamento de Jornalismo da TV Globo
no Brasil e passou a se dedicar ao tema da cidadania. Neide Duarte, repórter de televisão há 30
anos, uma das pioneiras na cobertura de temas sociais no Brasil. E Marcelo Canellas, um dos mais
premiados repórteres da televisão brasileira, que há mais de 20 anos dedica-se ao que chama de
“Jornalismo Social” (BRASILEIROS, 2010).
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Brasileiros: na ética e na estética
AS MARCAS DA EPOPEIA
GREGA EM BRASILEIROS
Ao iniciar esta seção que, conforme indica o título, pre-
tende apontar elementos do estilo literário épico na construção
das reportagens do programa de televisão Brasileiros, considera-
se válido dar primazia à constatação da analogia que se percebe
nas duas formas narrativas analisadas. Assim, frisa-se que, tanto
no texto épico quanto no jornalístico, objetividade e realismo
são valores essenciais. Da mesma forma, em ambos, tolera-se
– e, na maioria das vezes, observa-se – uma coexistência do ob-
jetivo com diferentes graus de subjetividade do enunciador. E o
realismo é reforçado na crueza dos relatos dos entrevistados.
No caso específico do programa jornalístico, constata-se
que seu eixo central é contar a história de pessoas comuns cujas
características específicas e determinados feitos louváveis os per-
9. Que tem enfoque na mensagem. Mais especificamente, nos aspectos estéticos desta.
10. A série é formado por nove episódios. Para fins deste estudo, no entanto, são analisadas as três
primeiras edições do programa. Cada uma delas apresentada por um dos três jornalistas já citados.
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REFERÊNCIAS
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Entre o silêncio e o ataque
os interesses privados e a
cobertura midiática da Confecom
Jocelaine Josmeri Dos Santos1
INTRODUÇÃO
A mobilização em torno da realização de uma conferência
nacional para se debater a comunicação no Brasil não é recente.
Um dos principais defensores da realização do debate é o Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), que
desde a década de 1990, já defendia a ampliação do debate sobre
a comunicação no país. O FNDC intensificou os trabalhos pela
conferência em 2006, durante a XIII Plenária do FNDC, onde
ficou decidido que o Fórum elaboraria uma proposta de modelo
de conferência para a comunicação.
Do debate nacional participaram cerca de 1,8 mil delegados,
indicados nas etapas estaduais preparatórias, representando orga-
nizações da sociedade civil empresarial (40% do total), da socieda-
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Entre o silência e o ataque
COBERTURA MIDIÁTICA
Os conflitos de interesse na organização da Confecom
também se refletiram na cobertura midiática do evento, que sal-
vo raras exceções foi bastante insipiente nos veículos da grande
mídia. A TV Globo, por exemplo, divulgou nota no Jornal Na-
cional (JN) durante as edições dos dias 14 e 17 de dezembro de
2009 deixando bem claro seu posicionamento. Na nota, é reite-
rado o apoio do veículo às entidades patronais, que decidiram
não participar da Confecom. No texto, a emissora alega que
A representatividade da Conferência ficou comprometida sem a
participação dos principais veículos de comunicação do Brasil.
Há quatro meses, a Associação Brasileira de Emissoras de Rá-
dio e Televisão, a Associação Brasileira de Internet, a Associação
Brasileira de TV por Assinatura, a Associação dos Jornais e Re-
vistas do Interior do Brasil, a Associação Nacional dos Editores
de Revistas e a Associação Nacional de Jornais divulgaram uma
nota conjunta em que expõem os motivos de terem decidido não
participar da Conferência. Todos consideraram que as propostas
que estavam esboçadas na ocasião, e que acabaram mesmo sendo
aprovadas, estabelecem uma forma de censurar os órgãos de im-
prensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informa-
ção e a livre iniciativa, todos previstos na Constituição3.
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MÍDIA IMPRESSA
Os veículos impressos analisados também deixaram bem
claro seus posicionamentos. No caso do jornal O Estado de S.
Paulo, a cobertura do evento contou com 12 matérias e mais
dois editoriais no período de 14/12 a 18/12/2009. Para esta
análise serão trabalhados apenas os editoriais, uma vez que eles
definem o posicionamento do jornal frente ao evento. Mes-
mo assim é interessante destacar que nas matérias, bastante
sucintas na maioria dos casos, prevalece uma exposição mais
superficial das discussões, com vários momentos de crítica às
propostas de movimentos sociais e segmentos “radicais”, que
supostamente teriam eliminado a possibilidade de um deba-
te democrático com os empresários ao defenderem propostas
como o controle social da mídia.
O Estado de S. Paulo publicou dois editoriais sobre a
Confecom durante o período analisado. O primeiro (14/12),
intitulado Os perigos da Confecom4, no qual são ressaltados, mais
uma vez, a ameça à liberdade de imprensa representada pela
Conferência. Nota-se também que há a tentativa de se justifi-
car a ausência das entidades patronais na Confecom, de modo
similar ao que o JN fez em sua nota. Outro ponto que chama
a atenção é o tratamento dado a ONGs e sindicatos, que são
generalizados de forma pejorativa, como se suas atuações e in-
teresses fossem nocivos:
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Entre o silência e o ataque
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Entre o silência e o ataque
ARENA E ATOR
Ainda há muitos vazios teóricos sobre a relação entre mí-
dia e política. Basta lembrar que os estudos na área são recentes-
no Brasil. Para autores como Miguel (2000) e Rubim; Azevedo
(1998), tais estudos surgem a partir da década de 1970, mas só
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REFERÊNCIAS
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Mídia, poder e discurso
escândalos de poder e os embates entre Record e
Folha durante o caso da “ditabranda”1
André Bonsanto Dias2
INTRODUÇÃO
Em 05/04/2009, durante o programa Domingo Espetacular,
a Rede Record de Televisão publicou uma reportagem especial
intitulada O escândalo da “ditabranda”. Com aproximadamente 14
minutos de duração, a matéria teve o intuito de “desvendar” o
suposto caso do envolvimento do jornal Folha de S. Paulo com
o regime militar brasileiro.
O caso da “ditabranda”, que surgiu após a Folha publicar
em editorial3 o termo que qualificou o regime militar vigente no
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Mídia e política: caminhos cruzados
4. O caso da “ditabranda” está sendo estudado pelo autor, mais profundamente, em sua pes-
quisa de mestrado. O trabalho, em fase de elaboração, parte do pressuposto de que o caso
deve ser visto como uma questão de memória, já que os meios de comunicação foram locais
importantes para a “reatualização” de algumas memórias em conflito sobre o período militar
no Brasil. Atuando como um “lugar de memória”, a mídia foi crucial para colocar novamente
em pauta algumas questões referentes à imprensa e ao regime militar em nosso país. Para mais,
consultar Dias (2010).
5. A reportagem O escândalo da Ditabranda, exibida pelo Domingo Espetacular (05/04/2009),
está disponível em http://www.youtube.com/watch?v=1fsPfr6TvUQ.
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Mídia, poder e discurso
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Mídia e política: caminhos cruzados
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
E O PODER SIMBÓLICO NA MÍDIA
É fundamental então, em uma análise sobre as relações de
poder, saber “quem nos fala”. Para Guareschi (2000), é preciso
compreender como decifrar “por que as pessoas fazem o que
fazem?” e “por que desempenham determinada ação?”
A partir dos estudos da psicologia social, Guareschi realiza
análises acerca das “representações sociais” aplicadas à comuni-
cação. Essa teoria se fundamenta na ideia de que, articulando as
intenções pelas quais as pessoas “fazem o que fazem”, “está uma
representação de mundo, que não é apenas algo racional, cogni-
tivo, mas que é muito mais do que isso: é um conjunto amplo de
significados criados e partilhados socialmente” (GUARESCHI,
2000, p. 70). O autor parte do pressuposto de que as informações
sofrem certo “tratamento” especial, são “modeladas” intencio-
nalmente ao serem repassadas. Para ele, as representações sociais
procuram “ocupar um espaço específico, e podem ser compre-
endidas como um conhecimento do senso comum, socialmente
construído e socialmente partilhado, que se vê nas mentes das
pessoas e na mídia” (GUARESCHI, 2000, p. 78).
Este conceito de representação social ganha destaque para o
autor a partir do momento em que há hoje um inesgotável fluxo de
conteúdos simbólicos propagados em exaustão pela mídia. Isso tor-
na indispensável que as pessoas saibam dar significados, interpretar
as informações. Saber “quem nos fala” e “por que nos fala” a partir
de determinada ação é, portanto, evidenciar poderes simbólicos pre-
sentes no discurso midiático que são fundamentais para entender as
“representações sociais” que perpassam estas relações.
O poder simbólico, proposto por Pierre Bourdieu (1989), é um
dos dispositivos que entrelaçam as relações de poder na mídia.
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Mídia, poder e discurso
6. Ao buscar uma análise mais aprofundada referente ao embate, percebeu-se que a Folha, a
partir da coluna Outro Canal já estava há algumas edições utilizando-se de críticas sutis à pro-
gramação da Record, atacando os índices de audiência e a qualidade da programação. Por outro
lado, a Record utilizou um grande espaço em horário nobre para rebater as críticas. Portanto,
a matéria do Domingo Espetacular seria apenas mais um episódio deste embate que já estava
sendo travado há alguns meses e que em um primeiro momento acabou passando despercebido.
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Mídia e política: caminhos cruzados
7. Aqui vale uma observação. Esta citação foi retirada do atual blog do jornalista, hospedado
no Portal R7, do grupo pertencente à Rede Record. Daniel Castro, que durante 18 anos atuou
no grupo Folha, é hoje jornalista contratado da emissora. Fica evidente então como estão esta-
belecidas estas relações de poder que envolvem, muitas vezes, interesses econômicos e, prin-
cipalmente, estabelecem relações que perpassam os diversos campos de forma maleável. O
maior responsável pelas críticas que partiram da Folha hoje atua de forma completamente “na-
tural” do outro lado. Para mais sobre o blog, acessar http://noticias.r7.com/blogs/daniel-castro/
8. Apenas a título de exemplo, em coluna de 01/02/2009, intitulada Íris Abravanel brinca de
fazer novela, Daniel Castro comenta sobre a “árdua missão de eleger a pior novela do momento”.
Elencando novelas de várias emissoras (Três Irmãs, Globo; Os Mutantes, Record; Revelação,
SBT), o jornalista “elege” Revelação a “pior de todas”. Segundo ele, Íris Abravanel, mulher de
Sílvio Santos, “de tanto ver o marido brincar com a programação do SBT, resolveu ela mesma
escrever uma novela” (CASTRO, Daniel. Íris Abravanel brinca de fazer novel. Outro Canal.
Folha de S. Paulo, nº 29.158, p. E6, 01/02/2009).
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Mídia, poder e discurso
9. CASTRO, Daniel. TV brasileira se acomodou e piorou, diz Boni. Outro Canal. Folha de S.
Paulo, nº 29.174, p. E4, 16/02/2009.
10. Anteriormente a esta coluna, ainda podemos citar outros casos. Em 19/03/2009, a coluna
cita o caso do reality show da Record Troca de Família que, segundo o jornalista, seria um
grande fiasco comercial, faturando valores em publicidade que mal pagariam os custos do
programa. Já na coluna datada de 04/03/2009, o jornalista cita casos dos “bastidores” de gra-
vação dos capítulos finais da telenovela Mutantes que seriam rodados nas Cataratas do Iguaçu.
Segundo ele, “a mobilização, que incluirá perseguições com helicóptero e barcos, só ocorrerá
porque o governo do Paraná pagará todas as despesas”.
11. CASTRO, Daniel. Record anuncia “pegadinha” sobre a crise. Outro Canal. Folha de S.
Paulo, nº 29.191, p. E8, 06/03/2009).
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12. CASTRO, Daniel. Traço no Ibope, Record News empaca vendas. Outro Canal. Folha de S.
Paulo, nº 29.198, p. E10, 13 de março de 2009)
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Mídia, poder e discurso
13. O telejornal é caracterizado, a partir de sua redação, como“confiável, ágil e moderno”. O texto
escrito pela redação e colocado em destaque no site do programa enfatiza: “Com toda força e cre-
dibilidade do jornalismo verdade da emissora, o Jornal da Record traz a notícia cada vez mais perto
do telespectador. Nossos repórteres, cinegrafistas, editores e toda a equipe técnica estão empenhados
para fazer um telejornal que o público possa confiar. Sem máscaras e imparcial”. Para mais, acessar o
site do telejornal: http://www.rederecord.com.br/programas/jornaldarecord/home.asp
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18. Assim como os ataques da Folha, citando as relações da Igreja Universal com a Rede Record,
também só ganharam destaque a partir de um momento em que “interessou” ao jornal.
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REFERÊNCIAS
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A cruzada pós-moderna
o escândalo religioso
e a guerra Globo X Record
Lucas Gandin1
INTRODUÇÃO
Empunhada em estandartes ou bordada em roupas, entre
os séculos XI e XII, a cruz atravessou a Europa e voltou ao
local onde virou símbolo de uma religião. As Cruzadas, como
ficaram conhecidas as movimentações reliogiosa-militares, ti-
nham como objetivo principal retomar a soberania sobre a Ter-
ra Santa (região da atual Palestina) e a cidade de Jerusalém, de
posse dos mulçumanos desde 1078. Nesta grande batalha, ide-
ologizada e exortada pelos papas e executada pelos reis cristãos
da Europa, por meio de seus exércitos, pregava-se a necessida-
de de libertar a terra onde nascera Jesus Cristo das mãos dos
infiéis e devolvê-la à religião revelada por Deus. Além disso,
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A cruzada pós-moderna
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Mídia e política: caminhos cruzados
RESULTADOS
CONFLITO IDEOLÓGICO
O conflito entre as duas emissoras deixa claro que as ar-
ticulações em busca da concentração de poder estão sempre li-
gadas a questões políticas e econômicas. Aqui é a busca pelo
aumento da audiência e, por conseguinte, a obtenção e retenção
de publicidade que atuam no conflito deflagrado. Nessa disputa,
não é exagero afirmar que guerreiam Davi e Golias.
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A cruzada pós-moderna
REFERÊNCIAS
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Um escândalo anunciado
o agendamento do caso de estelionato da
VC Consultoria em cinco telejornais locais
Hendryo André1
INTRODUÇÃO
Em âmbito regional, escândalo foi um dos termos mais uti-
lizados nos noticiários entre os dias 12/03 e 20/03/2011. Os
principais veículos de comunicação de Curitiba repercutiram o
caso da VC Consultoria, rede financeira que conferia empréstimos
a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Segurança
Social (INSS) e que após investigações teve suas lojas lacradas –
seis unidades em Curitiba, oito no interior do Paraná e três em
Santa Catarina – por decisão do Ministério Público, sob acusa-
ção de estelionato. A organização fazia descontos em folhas de
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Mídia e política: caminhos cruzados
2. Os telejornais são: Paraná TV (do grupo GRPCOM, afiliado da Rede Globo no Paraná),
Boa Tarde Paraná (Band), Programa 190 (CNT), RIC Notícias (Rede Independência de Co-
municação, afiliada da Rede Record no Paraná e em Santa Catarina) e SBT Paraná (Rede
Massa, afiliada ao SBT).
3. Disciplina optativa com 30 horas/aula, ministrada no segundo semestre de 2010 e no primeiro
semestre de 2011. Os resultados deste trabalho contemplam apenas o monitoramento realizado
em conjunto com a última turma, experiência que serviu como estágio de docência do autor.
4. Apesar de não ter sido nomeada na ocasião, a empresa já havia chamado a atenção por conta
dos modos como construía suas inserções publicitárias no programa Tribuna da Massa, fato que
resultou no artigo Quando os crimes vendem: usos de discursos sobre violência no telejornalis-
mo opinativo regional, apresentado no XII Congresso de Ciências da Comunicação na Região
Sul (Intercom). Para saber mais ver André (2011).
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Um escândalo anunciado
5. Não há consensos sobre essas definições, de modo que alguns autores não se preocuparam em
destacar diferenças entre os termos. Dentro da teoria interacionista, Traquina analisa as notícias
ao considerá-las como pertencentes a um processo de produção, entre cujas características estão:
“a percepção, seleção e transformação de uma matéria-prima (os acontecimentos) num produto
(as notícias). Os acontecimentos constituem um imenso universo de matéria-prima; a estratifica-
ção deste recurso consiste na seleção do que irá ser tratado, ou seja, na escolha do que se julga ser
matéria-prima digna de adquirir a existência pública de notícia” (TRAQUINA, 2005a, p. 180).
Essa definição é adotada neste artigo.
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Um escândalo anunciado
7. É bem verdade que o autor anuncia que nos tempos de triunfo do neoliberalismo uma visão kan-
tiana da ética jornalística acabaria por provocar uma interpretação fundamentalista dessa atividade
profissional. Ao citar exemplos de autocensura e de desvios éticos da profissão ainda durante o pro-
cesso de formação universitária, Kucinski defende um princípio – baseado no texto “A política como
vocação”, de Max Weber – de que os jornalistas devam exercer a atividade por vocação. No entanto, o
ensaio do sociólogo alemão aponta diversas vezes para um olhar elitista da carreira política, já que, se-
gundo Weber (1968), “o homem político deve, em condições normais, ser economicamente indepen-
dente das vantagens que a atividade política lhe proporcionar. Quer isso dizer que lhe é indispensável
possuir fortuna pessoal ou ter, no âmbito da vida privada, situação suscetível de lhe assegurar ganhos
suficientes” (WEBER, 1968, p. 65). Em síntese, o neoliberalismo por um lado inflacionou o mercado
de trabalho dos jornalistas, formando profissionais “sem vocação” ao mesmo tempo em que possibili-
tou o ingresso desses atores no mercado de trabalho. Kucinski (2005, p. 26) foge desse caráter elitista
da carreira ao mencionar diversas formas de o jornalista ter capacidade de aprender mesmo dentro da
doutrina neoliberal: “O saber é alérgico ao mau jornalismo, à manipulação desonesta da informação.
(...) Certamente o saber pode ser um valor central numa nova ética, porque tem essa característica de
tornar seu portador naturalmente resistente à desonestidade intelectual e à manipulação”.
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Um escândalo anunciado
8. Acredita-se que trabalhar com a análise de discursos dentro do campo do jornalismo a partir da
noção de monitoramento de mídia é uma escolha metodológica interessante, à medida que quaisquer
estudos nessa concepção passam por critérios que estão inscritos a um espaço de tempo e a condições
próprias de produção. Em síntese, a visão geral possibilitada pelo monitoramento faz com que a ava-
liação tenha que ser construída a partir de narrativas que dialogam com todo o conjunto do telejornal,
ao contrário de quando o pesquisador pinça um assunto ou um caso específico (o que pode levar o
cientista social a cair mais facilmente em armadilhas ideológicas). Além disso, pesquisas constantes
de monitoramento possibilitam descobrir mudanças e tendências desses produtos.
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Mídia e política: caminhos cruzados
pode acontecer novamente; o que aconteceu poderia não ter acontecido”. É presu-
mível ressaltar que esses três eixos discursivos colocam o jornalismo
em uma encruzilhada: nos dois primeiros é possível perceber o en-
calço do medo na produção midiática, enaltecido quando o assunto
trabalhado é a segurança/violência. No último, no entanto, põe-se
em evidência um grande paradoxo da profissão: a transformação
de um acontecimento em notícia deveria à medida do possível ser
prevista pelos indivíduos, o que evitaria assim formas de danos/
sofrimento. É neste ponto que a cobertura do caso da VC Consul-
toria ganha contornos nítidos, especialmente no telejornal Paraná
TV, quando o veículo praticamente inicia uma guerra contra o
INSS (este assunto será retomado no tópico Paraná TV e a “cultura
do risco”: a aparição das vítimas).
Segundo Traquina, os jornalistas têm uma maneira de cons-
truir as notícias, chamada por ele de “vocabulário de precedentes”, cuja
aprendizagem é dada por “um processo sutil, de acumulação, ba-
seado na experiência e nas transações diárias com colegas, fon-
tes, superiores hierárquicos e textos jornalísticos” (TRAQUINA,
2005b, p. 41). Dividido em três saberes – reconhecimento, que é a
acurácia para identificar nos acontecimentos o potencial para tor-
ná-los notícia; procedimento, que são os critérios utilizados para a
construção das notícias, desde o gancho até a escolha das fontes; e,
por fim, narração, que “consiste na capacidade de compilar todas
essas informações e ‘empacotá-las’ numa narrativa noticiosa, em
tempo útil e de forma interessante” (TRAQUINA, 2005b, p. 42) –
o vocabulário de precedentes auxilia o jornalista a se desvencilhar
da imprevisibilidade, tornando a atividade mais segura9.
9. No sentido de que o profissional se apega a essas técnicas para construir a notícia dentro do período
de deadline.
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Um escândalo anunciado
10. Para Hamilton (2008, p. 99), tal gênero é pautado pela polifonia de vozes, cujo paradigma
aponta que a polifonia “deve ser sempre diversa e democrática, isto é, quanto mais atores sociais
derem suas versões sobre os fatos, mais amplo será seu entendimento por parte do telespecta-
dor”. Traquina (2005a, p. 59-60) aponta que a multiplicidade de fontes no campo do telejorna-
lismo se torna relevante no século XIX, a partir da cobertura da Guerra Civil americana: “Os
repórteres recorrem cada vez mais à técnica de entrevistar as pessoas na obtenção dos fatos. (...)
Não só peças noticiosas incluíam cada vez mais fontes múltiplas, apresentando uma diversidade
de pontos de vista no mesmo artigo, como também os jornalistas demonstraram ainda mais
agressividade na obtenção de elementos informativos”.
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Mídia e política: caminhos cruzados
11. Transmitidas por emissoras afiliadas da Rede Record, as versões regionais do Balanço Geral
têm o mesmo formato em todo o país, embora os apresentadores expressem opiniões e tentem
se apresentar como personalidades autênticas. Em escala de alcance menor, o Tribuna da Massa
também traz indícios de padronização nas praças televisivas em território paranaense. Estima-se
que algo semelhante ocorra com o Programa 190, já que nos últimos anos, o programa passou
a ser veiculado em Salvador, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e, por último, no Rio de Janeiro.
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Um escândalo anunciado
12. A discussão levantada por João Freire Filho revela que os críticos de televisão quase sempre
iniciam o debate sobre o “nível” da TV no Brasil com a alegação de que ele é fruto exclusivo
do acesso das classes trabalhadoras. Historicamente, houve dois períodos em que isso ocorreu:
com a abertura de linhas de créditos para a aquisição de aparelhos receptores no final de década
de 1960 e com o Plano Real, em 1993. No primeiro caso, a briga por uma garantia de qualidade
esteve atrelada “à adequação do uso político do meio, no sentido do fortalecimento dos laços
culturais e sociais do país e da fomentação da identidade nacional” (FREIRE FILHO, 2005,
p. 169). Prova disso são os pactos de autocensura em relação a programas apelativos, firmado
entre a Rede Globo e a TV Tupi e, mais tarde, em 1981, a “domesticação” da TVS (atual SBT),
cuja programação foi atacada pelo próprio mercado publicitário, que fez “valer o seu critério
como prestígio e respeitabilidade, concebidos dentro do quadro de referências dos chamados
‘formadores de opinião’. De olho nos grandes anunciantes que, no fim das contas, sustentam as
redes privadas de TV, a emissora de Silvio Santos foi mudando paulatinamente sua imagem, num
processo que redundou na saída do ar de mais de 20 atrações” (FREIRE FILHO, 2005, p. 173).
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Um escândalo anunciado
MONITORAMENTO DE TELEJORNAIS
Para catalogar as observações levantadas durante o período
de análise dos telejornais foi construída uma planilha de moni-
toramento no Microsoft Excel, com os seguintes campos: (1) dia,
(2) mês, (3) telejornal, (4) temática, (5) tempo, (6) tipo, (7) bloco,
(8) retranca, (9) cidade, (10) número de fontes (subdivididos em
quatro campos) e, finalmente, (11) observações. Como em todos
os campos da tabela, exceção feita ao último, há a opção de filtros
é possível comparar tendências quaisquer entre um ou mais tele-
jornais. Entre a pluralidade de enfoques de trabalho disponíveis
a partir deste mapa está a facilidade em visualizar aspectos sobre
agendamento (1, 2, 3 e 8), sobre o uso de fontes em determinadas abor-
dagens em um (4 e 10) ou em mais telejornais (3, 4 e 10), ou ainda,
sobre preferências de abordagem entre telejornais (3, 4 e 8).
O campo intitulado “temática” foi subdividido em seis
itens: segurança (a), violência (b), segurança/violência (c), trân-
sito (d), trânsito/violência (e) e outros (f). Todas as peças jorna-
lísticas sobre a VC Consultoria foram classificadas como perten-
centes à segurança (a), compreendida desde operações policiais
de apreensão de drogas e prisões resultantes de investigações po-
liciais até por políticas de não-violência. Para este trabalho ficou
restrita a preocupação em observar a prática de agendamento.
A tabela a seguir traz o número de peças jornalísticas re-
lacionadas à “segurança” nos cinco telejornais, responsáveis por
quase 1/3 entre os assuntos pertencentes a essa temática. Além
do caso da VC Consultoria houve grande incidência ainda sobre
a Marcha da Maconha, que seria realizada em Curitiba (22/03)
e, por fim, o caso de desvio de verba na Prefeitura de Londrina,
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13. A edição de 14/03/2011 (sábado) não foi monitorada por conta de os telejornais geral-
mente sofrerem mudanças abruptas no formato (tempo de veiculação, inserção de quadros
específicos, entre outros), na mediação (outro apresentador) e também na própria audiência
(já que é plausível a hipótese de os públicos não serem tão fieis aos telejornais regionais por
conta de uma programação diferente nesses dias).
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14. O autor que melhor auxilia nessa relação entre risco e modernidade é Antony Giddens.
Segundo ele, os riscos não são ações individuais e, além disso, podem ser mensurados.
“Uma pessoa que arrisca algo corteja o perigo, onde o perigo é compreendido como uma
ameaça aos resultados desejados” (GIDDENS, 1991, p. 42).
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Um escândalo anunciado
REFERÊNCIAS
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violência no telejornalismo opinativo regional. In: XII CONGRESSO DE
COMUNICAÇÃO NA REGIÃO SUL, 12, 2011, Londrina. Quem tem
medo da pesquisa empírica? São Paulo: Intercom, 2011. P. 01-16.
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Mídia e política: caminhos cruzados
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FREIRE FILHO, João. Memórias do mundo cão: 50 anos de debates sobre o
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como são. Florianópolis: Insular, 2005a. v.1.
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comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular, 2005b. v.2.
WEBER, Max. Ciência e Política: duas vocações. São Paulo: Cultrix, 1968.
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Formato: 14x21 cm
Mancha: 105x 170 cm
Tipologia: Garamond 12,4 (14,88)
Papel: Pólen soft 80g/m2 (miolo)
Couché fosco 250g/m2 (capa)
1a edição: 2011