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observações e críticas
Mídia e política
observações e críticas
Revisão
Hendryo André
Ilustração da capa
Daniela Zandonai
M629 Mídia e política: observações e críticas; João Somma Neto/ Hendryo André (orgs.)
Eduardo Covalesky...[etal.]. Curitiba, Programa de Pós-Graduação em Comunicação/UFPR.
2013.
Inclui referências e notas
Vários autores
ISBN: 987-85-99229-19-4
1. Comunicação midiática. 2. Comunicação social. 3. Comunicação – Aspectos políticos.
4. Jornalismo/Telejornalismo. I. Somma Neto, João. II. Universidade Federal do Paraná.
Setor de Artes, Comunicação e Design. Programa de Pós-Graduação em Comunicação.
Prefácio 09
PARTE I – OBSERVAÇÕES
Por um viés qualitativo para a análise de conteúdos
Hendryo André 21
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Mídia e política: observações e críticas
2. Em Antropológica do Espelho (2002) Muniz Sodré cita Miège (1999) ao indicar quatro
modelos de constituição de jornais: 1) imprensa de opinião, caracterizada pela produção
artesanal, tiragens reduzidas, estilos polêmicos; 2) imprensa comercial, organizada com
bases industriais/mercantis, com prioridade para a publicidade e a difusão informativa
(notícia); 3) mídia de massa, produção definitivamente dependente de investimentos pu-
blicitários e técnicas de marketing, predomínio das tecnologias audiovisuais e grande va-
lorização do espetáculo; 4) comunicação generalizada, a reboque do Estado, das grandes
organizações comerciais e industriais, dos partidos políticos; a informação insinua-se nas
clássicas estruturas socioculturais e permeia as relações intersubjetivas.
3. Um exemplo é O Estado do Paraná, criado em 1951 para dar sustentação ao governo de Ben-
to Munhoz da Rocha Neto que sofria oposição de todos os periódicos em circulação em Curitiba.
Na eleição de 2002 o mesmo O Estado do Paraná foi usado por seu proprietário, Paulo Pimen-
tel, para projetar seu próprio nome como candidato ao Senado e o do seu companheiro de chapa,
Roberto Requião, ao governo (OLIVEIRA FILHA, Elza. Olhares sobre uma cobertura: a
eleição de 2002 para o governo do Paraná em três jornais locais. Curitiba: Pós-escrito, 2007).
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Observações
Parte I
Por um viés qualitativo
para a análise de conteúdos
Hendryo André1
INTRODUÇÃO
Analisar, sintetizar, ou ainda, compreender os arranjos
discursivos dos meios de comunicação, bem como as ligações
dessas organizações midiáticas com os vários matizes do que se
conhece por ideologia, foi e continua a ser um elemento norteador
das pesquisas em comunicação em todo o ocidente. Com ênfa-
se especialmente em suas disposições com a política, os poten-
ciais efeitos dos discursos jornalísticos prendem a atenção dos
pesquisadores que, como demiurgos, buscam organizar o caos
resultante dessas interações simbólicas para de forma criteriosa
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2. Vinculado ao CNPq, o grupo é coordenado pelo professor doutor João Somma Neto (UFPR).
As atividades da equipe integram o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFPR,
na linha de pesquisa Comunicação, Política e Atores Sociais, mediante disciplinas ministradas.
A partir dos trabalhos resultantes foi publicado, em 2011, o livro Mídia e Política: caminhos
cruzados, que contém artigos de investigações elaborados por integrantes. As atividades têm
repercutido em propostas e realização de novas pesquisas, trabalhos de conclusão de curso de
graduação, orientações de pós-graduação, apresentação de artigos científicos e novas proposi-
ções que abrangem procedimentos de produção jornalística de televisão. Este livro é resultado
de um esforço conjunto de antigos e novos integrantes do grupo, que investiram parte do tempo
de pesquisa acadêmica para realizar uma análise de conteúdos do telejornalismo regional.
3. Não há nenhum objetivo de propor um método novo de pesquisa, já que as tentativas de
qualificar os métodos de análise de conteúdo não são novidade. Segundo Bauer (2004), há
várias maneiras de delinear pesquisas a partir da análise de conteúdos, divergindo do estudo
puramente descritivo, com base em cálculos de frequência das características pré-estabeleci-
das do objeto. Entre elas destacam-se as análises normativas (que realizam comparações com
base em determinados padrões); as trans-seccionais (que funcionam como uma comparação
empírica de diferentes contextos) e as longitudinais (que fazem comparações dentro de um
mesmo contexto, embora em espaços de tempo mais amplos) (BAUER, 2004, p. 195).
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6. A heurística é fixada por um conjunto de regras e métodos que visam à resolução dos proble-
mas científicos. Para Bardin (2010, p. 31), “a análise de conteúdo enriquece a tendência explora-
tória, aumenta a propensão para a descoberta. É a análise para ‘ver o que dá’”.
7. O viés da “administração da prova” é uma função da análise de conteúdos para diminuir o
grau de subjetividade do pesquisador. “Hipóteses sob a forma de questões ou de afirmações
provisórias, servindo de directrizes, apelarão para o método de análise sistemática para serem
verificadas no sentido de uma confirmação ou de uma informação” (BARDIN, 2010, p. 124).
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PLANILHA DE MONITORAMENTO
A planilha de monitoramento foi estruturada para servir
de aporte para que os integrantes do grupo pudessem enxergar
nuances na produção jornalística local, exercendo, portanto,
uma função heurística. Na primeira parte, o material traz infor-
mações iniciais, com campos que remetem à data de veiculação,
ao nome do telejornal e, não menos importante, à identificação
do avaliador, com o objetivo único de averiguar e dirimir possí-
veis dúvidas na etapa de conferência da decupagem.
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CONSIDERAÇÕES
Ainda que este texto inicial traga uma curta reflexão
acerca dos potenciais que a análise de conteúdos tem para a
elaboração e desenvolvimento de estudos de observação siste-
mática de mídia, os métodos empregados estão continuamente
em desenvolvimento, haja vista que essa prática apresenta-se
como um desafio que permite atualizações constantes, confor-
me os objetivos estipulados pelo pesquisador.
As experiências anteriores com monitoramento já con-
firmavam que a análise de conteúdos por si só não dá conta de
explicar esse fenômeno tão intrigante chamado comunicação,
algo que já havia sido lamentado em André (2012) e que alude
para o fato de que há coerência na aplicação de métodos e me-
todologias mistas de pesquisa.
Neste artigo não houve qualquer intenção de apresentar
dados oriundos da planilha, que foram extraídos e avaliados
com propriedade nos trabalhos conseguintes, e sim de com-
partilhar aspectos relevantes da experiência adquirida pelos
membros do grupo de pesquisa no que concerne à prática do
monitoramento de telejornais.
REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Hendryo. Escândalo anunciado: o agendamento do caso de
estelionato da VC Consultoria em cinco telejornais curitibanos. In:
SOMMA NETO, João; ANDRÉ, Hendryo. Mídia e política: caminhos
cruzados. Curitiba: UFPR-SCHLA, 2011.
ANDRÉ, Hendryo. “Venda nos olhos, legendas e iniciais”: a notícia
televisiva como ferramenta de estigmatização e invisibilidade social.
2012. 143 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Programa de Pós Gra-
duação em Comunicação e Sociedade, Departamento de Comunicação
Social, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70,
2010.
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Usos das fontes jornalísticas em
notícias dos telejornais curitibanos
Eduardo Covalesky Dias1,
João Somma Neto2 e Juliana Carvalho3
INTRODUÇÃO
Desde o surgimento da imprensa, a política ocupa
grandes espaços na produção/divulgação de pautas para a
mídia. A editoria ganha destaque em épocas eleitorais e na
revelação, por parte da mídia, de grandes furos de reporta-
gem que tratam de polêmicas envolvendo agentes políticos.
Além disso, há outras formas de divulgação da editoria que,
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Usos das fontes jornalísticas nos telejornais curitibanos
A POLÍTICA NO TELEJORNALISMO
Quando se pensa o objeto de pesquisa proveniente
da televisão, uma das referências centrais é a obra Sobre a
televisão, de Pierre Bourdieu. Nesta obra, o sociólogo francês
aborda, desde um programa de televisão, questões centrais
sobre a atuação dos jornalistas, o campo jornalístico, as cen-
suras e as características do meio de comunicação. O livro
é bastante crítico com relação à atuação jornalística na tele-
visão, com ênfase nos telejornais franceses, mas aplicáveis
a formatos telejornalísticos de várias emissoras do mundo.
Bourdieu (1997) destaca o aspecto de monopólio e de
totalização que a televisão possui com seus telespectadores,
principalmente pela disparidade de informação consumida
por determinados segmentos do público, ou da audiência.
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FONTES JORNALÍSTICAS
O jornalismo como se conhece hoje data do século XIX,
com origens na concepção anglo-americana. Baseado em al-
guns princípios fundamentados na busca da verdade, na inde-
pendência, na objetividade e na prestação de serviço público,
entre outros, o jornalismo se torna informativo e não publicis-
ta, centrado no fato. O repórter como profissional responsável
por exercer uma função específica surge por volta de 1870,
“por se caracterizar no tipo de jornalista que buscava a notí-
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4. Mais informações sobre a metodologia de pesquisa adotada pelo grupo de pesquisa po-
dem ser encontradas no texto de abertura desta parte do livro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos números e da quantificação dos tipos de
fontes percebidos nas matérias extraídas pelo Grupo de
Pesquisa, é possível aferir a importância dada às fontes ofi-
ciais. Mais do que apenas sua presença, ela torna-se peça
fundamental para a legitimação da notícia. A dependência
da fonte oficial é o que aproxima os quatro telejornais ana-
lisados do poder político. No último quadro do artigo, em
que se elenca as fontes que foram citadas diretamente mais
de uma vez, percebe-se apenas fontes oficiais (com exceção
de Cleuza da Silva, mãe de Tayná, que toma importância em
virtude de o assassinato de sua filha ter se tornado uma série
de dúvidas e inconsistências quanto à atuação das institui-
ções públicas no caso).
Surpreende, refutando uma hipótese inicial de que
fontes ligadas ao Poder Executivo teriam espaço de des-
taque e predomínio nos telejornais, a presença significati-
va de notícias com abrangência política da Sociedade Civil
Organizada, acima até mesmo da abrangência política da
Iniciativa Privada, da qual os grupos midiáticos fazem parte.
É um fator que contribui para a diversidade de fontes no
telejornalismo, já que dá voz a presidentes de sindicatos,
organizações não-governamentais e entidades comunitárias.
Ainda que as fontes oficiais tenham predominado, nesta
abrangência há uma maior incidência de personagens. Estes
personagens adquirem maior importância na produção da
notícia quando são identificados e postos como atores cen-
trais do problema ou da reivindicação retratada.
De uma forma geral, ficou claro que o uso das fontes
agrega um sentido mais específico à notícia, que será sus-
tentada pelos depoimentos dados por entidades, líderes ou
personagens, por exemplo. As fontes apresentarão pontos
de vista e observações que manterão o povo informado e
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Usos das fontes jornalísticas nos telejornais curitibanos
REFERÊNCIAS
ALVES, C. A.; DALDEGAN, M. C. “Diários Secretos”: Uma aná-
lise da visibilidade sobre o escândalo na Assembleia do Paraná nas
capas da Gazeta do Povo. Ação Midiática, Curitiba, I, 2011. 76-91.
ANDRÉ, Hendryo. “Venda nos olhos, legendas e iniciais”: a no-
tícia televisiva como ferramenta de estigmatização e invisibilidade
social. 2012. 143 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Programa de
Pós Graduação em Comunicação e Sociedade, Departamento de Co-
municação Social, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
GOMES, M. R. Poder no jornalismo. São Paulo: Edusp, 2003.
LAGE, Nilson. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pes-
quisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001.
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A construção da imagem pública
da PEC 37 nos telejornais locais
Elaine Javorski1, Igor Iuan2,
Liege Scremin3 e Liriane Kampf4
INTRODUÇÃO
Este artigo pretende analisar a cobertura midiática das
audiências públicas realizadas no Paraná para discutir a Pro-
posta de Emenda à Constituição (PEC) de número 37. Para
isso, foram observados os telejornais vespertinos de âmbi-
to estadual das emissoras RIC/Record, Band, Rede Massa/
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A PEC 37
A Proposta de Emenda à Constituição de número 37, de
autoria do deputado federal e também delegado da Polícia Civil
do Maranhão, Lourival Mendes, foi apresentada à Câmara dos
Deputados no dia 8 de junho de 2011. A PEC tinha o objetivo
de acrescentar ao artigo 144 da Constituição Federal o propó-
sito de impossibilitar a apuração de infrações penais por uma
instituição específica como o Ministério Público. Dessa for-
ma, as investigações criminais ficariam sob responsabilidade
das polícias Civil e Federal. “A apuração das infrações penais
de que tratam os §§ 1º e 4º deste artigo, incumbem privati-
vamente às polícias federal e civis dos Estados e do Distrito
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos telejornais, mediante o enquadramento
que deram ao assunto da PEC 37, permitiu observar alguns
aspectos importantes do jogo de poder entre diferentes es-
feras públicas. A proposta de emenda levantou conflitos po-
líticos entre instituições como as polícias Militar e Federal
e os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. A PEC 37,
juntamente com a PEC 33 que impõe limites à atuação do
Supremo Tribunal Federal (STF), foram entendidas como
ações do parlamento e do Executivo contra o Poder Judici-
ário e contra o Ministério Público, que possui prerrogativas
de poder ainda que muitos juristas não o considerem desta
forma. Mesmo aparecendo como defensor dos direitos de
uma sociedade democrática, também essa esfera sofre influ-
ências tanto da parte dos outros poderes quanto da opinião
pública. O Ministério Público assume esse papel combativo,
ampliado pela possibilidade de controle externo da polícia,
e tem alcançado uma maior importância política e visibilida-
de na mídia7. Com a prerrogativa de que não havia um con-
trole sobre o MP, os parlamentares submeteram a proposta
de emenda para análise.
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A construção da imagem pública da PEC 37
REFERÊNCIAS
CARRAGEE, K. M. e ROEFS, W. The neglect of power in recent
framing research. Journal of Communication, Volume 54, no 2, pp.
214-233, 2004.
CASTRO, Celso. A temática política no telejornal Paraná TV. Curitiba,
RPCTV, 14 nov.2013. Entrevista a Hendryo André e Roberta Zandonai.
CONSOLI, Alessandra. A temática política no telejornal RIC Notícias.
Curitiba, RIC TV/Record, 12 nov.2013. Entrevista a Camile Kogus, Rober-
ta Zandonai, Hendryo André e Franciele Fries.
CUNHA, Isabel Ferin. Análise dos media. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 2012.
ENTMAN, R.M. Framing US coverage of international news:
contrasts in narratives of the Kal and Iran incidents. Jounal of
communication, autumn, p. 6-27, 1991.
CASTELLS, M. Communication power. Oxford/Nova Iorque: Oxford
University Press. 2009.
GOMES, W. Transformações da política na era da comunicação de
massa. São Paulo: Paulus, 2004.
GOFFMAN, Erving. A representação do eu na vida cotidiana. Edito-
ra Vozes: Petrópolis, 10ª ed., 2002.
GOFFMAN, Erving. Os quadros da experiência social: uma perspectiva
de análise. Petrópolis: Editora Vozes. 2012.
KUCINSKI, B. Jornalismo na era virtual: ensaios sobre o colapso da
razão ética. 1. Ed. Unesp, 2005.
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Agendamento midiático
A eleição do conselheiro do Tribunal de Contas do
Paraná em quatro telejornais curitibanos
Paula M. W. Andreola1, Renata Caleffi2,
Marcos Mariano3 e Rosângela Stringari4
INTRODUÇÃO
A cobertura noticiosa dos telejornais paranaenses tem
diversos aspectos positivos e negativos que ainda são pouco
estudados. Desenvolvido por integrantes do Grupo de Pes-
quisa Estudos da Imagem da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), o presente artigo faz parte de uma pesquisa realizada
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DESENVOLVIMENTO
Acreditar que a imprensa por si só é todo-poderosa, ca-
paz de ser responsável por grandes mudanças na sociedade
pode ser um equívoco. Marcondes Filho (1988, p. 85) comenta
que essa interpretação é incorreta, primeiro por acreditar que
os receptores não são tão passivos como se pensa, sendo que,
para ele, a massa avalia, julga e age politicamente, mesmo que
seja para eleger um mau governante. Segundo, que “um po-
deroso jornal, uma emissora de TV, uma grande editora, ge-
ralmente não estão sozinhos em suas lutas políticas e ideoló-
gicas”. Para ele, a imprensa está unida a outras grandes forças
sociais e seu poder não funciona sozinho, porém, afirma que
de uma forma indireta, mas efetiva, a TV faz política.
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Agendamento midiático
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AGENDAMENTO
Dentre os textos que apresentam a evolução dos estudos
do Agenda-setting, McCombs e Shaw são apontados como fun-
dadores dessa pesquisa, inspirados por Walter Lippmann, autor
de Public Opinion (1922). Pena (2007) comenta que o conceito de
agendamento já teria sido antecipado por Lippmann na obra ci-
tada acima 50 anos antes de surgir a teoria, quando sugeriu uma
relação causal entre a agenda midiática e a agenda pública.
Lippmann (2008) em seu livro intitula o primeiro capítu-
lo de “O mundo lá fora e as imagens em nossas cabeças” tendo como
tese o fato da mídia ser a ponte até nossas mentes em ter-
mos de informação. “Podemos observar que as notícias sobre
ele nos chegam ora rapidamente, ora lentamente; mas o que
acreditamos ser uma imagem verdadeira, nós a tratamos como
se ela fosse o próprio ambiente” (LIPPMANN, 2008, p. 22).
Porém, Maxwell e McCombs (2008) comentam que os anos
recentes têm mostrado algo diferente daquilo que Lippmann
descreveu em sua tese. Segundo Pena (2007):
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Agendamento midiático
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ELEIÇÃO
A eleição para o cargo de Conselheiro do TCE é feita
pela Assembleia Legislativa, de forma secreta, por determina-
ção constitucional. O anúncio para inscrições ao cargo é feito
pelo presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep),
em sessão plenária e publicada no Diário Oficial da Casa. A
partir do início do processo de escolha, os líderes dos parti-
dos e blocos parlamentares das Alep devem indicar, em até 48
horas, os membros da Comissão Especial que será constituída
por cinco deputados. Esta comissão é responsável por homo-
logar ou não os candidatos inscritos em até três dias após o
encerramento das inscrições.
A eleição de 2013 foi realizada em 15 de julho e teve 45
candidatos concorrendo pelos votos dos 52 parlamentares ap-
tos a votar. Segundo o Regimento Interno, deputados que têm
interesses pessoais na votação são impedidos de participar. O
cargo de conselheiro é vitalício e é necessário obter pelo me-
nos 28 votos (metade mais um).
Para ser eleito, o candidato precisa ser brasileiro com mais
de 35 e menos de 65 anos de idade, ter idoneidade moral e reputa-
ção ilibada, notórios conhecimentos jurídicos, econômicos, finan-
ceiros, contábeis ou de administração pública. Podem concorrer
ao cargo, deputados, advogados, técnicos do TCE e professores.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Teoria do Agendamento destaca em seu conteúdo,
a troca de saliência entre temas criados pela mídia e agenda-
dos pelo debate público como a principal hipótese. No caso
da eleição do TCE-PR, verificou-se, por meio da análise da
saliência e da análise de conteúdos dos temas publicados,
que a temática teve forte relevância já na apresentação da
eleição. Por isso, o número de inscritos para a vaga subiu de
quatro na eleição anterior para 45. A comprovação do pú-
blico nessa participação de agendamento é verificado então,
neste aumento significativo do número de inscritos.
Observado isso, destacamos que a mídia paranaense
tem a capacidade de agendar alguns temas para a popula-
ção, principalmente no que diz respeito a temas políticos e,
sendo assim, pode ter relevância nas decisões políticas dos
cidadãos.
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1997.
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Um diálogo com os jornalistas
impactos das rotinas de produção na cobertura de
temas políticos em quatro noticiários curitibanos
Hendryo André1, Camile Kogus2,
Franciele Fries3 e Roberta Zandonai4
INTRODUÇÃO
Após a compreensão de elementos ligados aos usos das
fontes nos quatro noticiários estudados, ao enquadramento e
agendamento de notícias relacionadas ao tema política, a pri-
meira parte deste livro encerra-se com o estabelecimento de
um diálogo com profissionais responsáveis pela produção dos
telejornais. Primeiramente, a intenção de realizar entrevistas
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6. Se, por um lado, os estudos que relacionam a atividade jornalística à política são pioneiros
na história das teorias da comunicação (MATTELART; MATTELART, 2010), por outro, na
perspectiva regional há defasagem de pesquisas ligadas ao tema. Com exceção do trabalho de
Oliveira Filha (2007), voltado para a área do jornalismo impresso durante o período eleitoral
de 2002, e de Somma Neto (2007), poucas atividades acadêmicas dedicam-se a abordagens
locais ou regionais. Isso não significa, de forma alguma, que não haja estudos que conciliem
jornalismo e política, mas o foco dos principais pesquisadores (muitos deles integrantes da
linha de pesquisa Comunicação, Política e Atores Coletivos do PPGCOM/UFPR) tem sido de
temas de maior abrangência geográfica e/ou em períodos eleitorais. Evidentemente, não há
qualquer julgamento negativo a respeito das escolhas desses pesquisadores, e sim um alerta
sobre um viés de pesquisa que pode ser explorado por futuros estudiosos.
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7. Para um grupo de entrevistados que são jornalistas é preciso, de qualquer forma, encontrar
alternativas para aprimorar a estratégia de pesquisa, já que de acordo com os valores compar-
tilhados pela comunidade interpretativa, uma entrevista necessariamente é explorada a partir
dos valores-notícias, que estão quase sempre ligados ao inusitado ou ao impactante. Dessa
forma, apesar de os entrevistadores terem alertado previamente sobre o teor não jornalístico
da entrevista, admite-se a necessidade de aperfeiçoar a técnica junto aos entrevistados.
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EQUIPES DE TRABALHO
Um dos fatores basais para a compreensão das rotinas
de produção é o conhecimento acerca das equipes de tra-
balho. Ao procurar destrinchar e sistematizar os elementos
que norteiam a atividade jornalística, o estudo possibilita
uma interpretação mais criteriosa dos dados levantados no
monitoramento de mídia. Nesse caso, informações sobre
a trajetória profissional desses jornalistas – como, quando
e por que começaram a trabalhar na função que exercem
–, características que esses profissionais consideram como
fundamentais para produzir um telejornal satisfatório, além
de uma avaliação sobre a equipe de trabalho, são funda-
mentais para a mensuração das potencialidades e barreiras
enfrentadas por cada telejornal (HAMILTON, 2008) no que
compete à cobertura de assuntos ligados à política. Assim,
faz-se necessário conhecer aspectos relevantes da biografia
profissional de cada um dos entrevistados.
Band Cidade
Aline Nunes, pauteira do telejornal Band Cidade (veicula-
do de segunda-feira à sexta-feira, das 18h50 às 19h20), formou-
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Paraná TV:
Formado em 1991, em Ribeirão Preto (SP), Celso Cas-
tro é editor executivo da segunda edição do Paraná TV (vei-
culada de segunda-feira à sexta-feira, das 19h15 às 19h30, e
aos sábados, das 19h10 às 19h30), onde começou a trabalhar
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SBT Paraná
A pauteira do SBT Paraná (veiculado de segunda-feira à
sexta-feira, das 19h20 às 19h45), Danielle Sisti, é a única entre
os entrevistados que iniciou sua trajetória profissional no jor-
nalismo impresso. No extinto O Estado do Paraná, pertencen-
te ao ex-governador e ex-senador Paulo Pimentel, ela perma-
neceu na função de repórter da editoria Geral por quatro anos,
até se tornar, respectivamente, editora de Turismo, de Geral, de
Cidades e, por fim, pauteira. Trabalhou em paralelo para a Tri-
buna do Paraná, veículo conhecido pelo binômio de cobertura
violência e esporte – na época também pertencente ao Gru-
po Paulo Pimentel, mas hoje vinculada ao Grupo Paranaense
de Comunicação (GRPCOM). Está desde meados de 2012 na
Rede Massa/SBT, onde ocupa simultaneamente a função de
pauteira nos telejornais SBT Paraná e Jornal da Massa.
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Mídia e política: observações e críticas
pre acha que falta, que mais gente seria legal, porque nosso dia a
dia fica muito corrido. Duas, três pessoas a mais, a gente sempre
acha que ficaria melhor. É algo meio geral” (SISTI, 2013).
No que compete ao público-alvo do telejornal, a pauteira
diz ser importante conhecê-lo. Embora o idealize por um viés
de mulheres pertencentes à classe C, a jornalista não se arrisca
a delimitar outras características desse público e, curiosamen-
te, até rompe com paradigmas que aliam o público masculino
como preferencial pelo tema esporte. “Por exemplo, nós temos
um público classe C, e muitas mulheres também. Então fala-
mos de futebol, claro, que é assunto comum a todos, mas não
é uma coisa vasta, com comentários. A gente também produz
matérias de saúde, que é do interesse comum. Matérias de cul-
tura fazemos quando é bem popular, de interesse de um pú-
blico maior, e muita matéria dirigida à classe C” (SISTI, 2013).
RIC Notícias
Alessandra Consoli ocupa os cargos de editora-chefe
e de apresentadora do noticiário RIC Notícias (que veicula
por 40 minutos, de segunda-feira à sexta-feira, a partir das
20h00). Formou-se na Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR), em 1993. Dois anos depois ingressou na
Rede Paranaense de Comunicação (RPCTV) – após ter tido
experiência em assessoria de imprensa e em rádio – onde
trabalhou por quase seis anos (quatro deles na sucursal de
Londrina, na região Norte do Paraná). Menos de um mês
após a saída da RPCTV, a jornalista ingressou na RICTV,
onde está desde 2009 (CONSOLI, 2013).
Entre os noticiários noturnos que veiculam em Curitiba, o
RIC Notícias é o último a entrar no ar, algo que gera a necessida-
de de criar, nas palavras da jornalista, um “cardápio” um pouco
diferente dos demais. Dividido em quatro blocos, o telejornal
privilegia notícias de cada uma das sucursais no primeiro bloco
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Um diálogo com os jornalistas
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Mídia e política: observações e críticas
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Um diálogo com os jornalistas
Band Cidade
A jornalista Aline Nunes destaca que tem como ativi-
dade cotidiana obrigatória a leitura dos principais jornais e
portais, em âmbito estadual e nacional, uma tarefa comum e
que tem relações com a crítica de Bourdieu (1997) sobre o que
sociólogo francês classificou como a circulação circular na in-
formação. Essa característica remete à própria concepção de
padronização de assuntos, discutidas pela perspectiva da Agen-
da Setting. No entanto, entre os entrevistados, esse ritual foi
especialmente destacado pela pauteira do Band Cidade, e essa
rotina de trabalho tem reflexos no monitoramento dos telejor-
nais. Na análise de conteúdos foram abordadas duas questões
envolvendo a abrangência do fato noticioso político monitora-
do: a primeira delas referente à origem do acontecimento – ou
seja, ao gancho – e a segunda relacionada à abrangência. Muito
embora os fatos noticiosos que extrapolam a perspectiva re-
gional tenham menor representatividade nos quatro noticiários
(cerca de 20% do total das notícias, tanto na origem quanto na
abrangência dos fatos), o Band Cidade foi o telejornal que mais
teve notícias ligadas à política com uma origem que extrapola o
âmbito estadual, atividade intrinsecamente ligada com a rotina
da pauteira. Por outro lado, no que se refere à abrangência da
notícia analisada, o Band Cidade é o telejornal que menos ex-
trapola o âmbito regional, característica marcada pelo trabalho
de apuração das notícias dos repórteres, que buscam o critério
proximidade na própria apuração. A adoção dessa rotina, ao
que parece, tem relações diretas com a própria necessidade de
pautar diariamente assuntos para a Band Nacional.
Outro ponto interessante extraído da entrevista é o fato
de que os critérios de seleção para a escolha de notícias exibi-
das no Band Cidade lidam também com elementos externos à
equipe de produção, a partir do obrigatório reaproveitamento
de materiais produzidos por outros noticiários da emissora, es-
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Mídia e política: observações e críticas
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Um diálogo com os jornalistas
Paraná TV
O jornalista Celso Castro inicia as atividades às 11h00 e tra-
balha, geralmente, até 20h30. Segundo ele, algumas palavras-chave
norteiam a escolha dos temas pela equipe. A mais clara delas, to-
davia, parece ser factualidade, único critério de notícia capaz de
deslocar mais de uma equipe do telejornal para a realização da
cobertura. Para Castro, um desafio imposto à equipe são as mu-
danças bruscas que o teor factual pode causar. “A gente planeja,
faz um planejamento dos assuntos durante o dia, mas o factual
pode atropelar tudo. De repente, acontece alguma coisa agora à
tarde, então o link da rodoviária [que falaria sobre o movimento
de passageiros na véspera do feriado da Proclamação da Repúbli-
ca] já pode virar uma notinha pelada” (CASTRO, 2013).
Outra expressão, hierarquizada pelo jornalista como o
principal item para a escolha dos temas que veiculam no te-
lejornal, é “interesse geral”, vinculada ao valor-notícia signi-
ficância (TRAQUINA, 2005b). Por significância entende-se a
dimensão coletiva do acontecimento, o grau e nível hierárquico
dos indivíduos envolvidos nele, os impactos sobre a região de
atuação do veículo de comunicação, a quantidade de pessoas
envolvidas no fato, a relevância do acontecimento quanto à
evolução de uma determinada situação (Ibid.). A significância
dos assuntos ligados à política no Paraná TV, embora tenha
parecido um princípio difuso na entrevista, foi quase sempre
contemplada pela produção do Paraná TV, de acordo com os
critérios previamente adotados pelo grupo de pesquisa. Segun-
do as informações coletadas no monitoramento, entre as pe-
ças jornalísticas ligadas ao tema política no noticiário, três em
cada quatro notícias tiveram o critério “significância do tema”
111
Mídia e política: observações e críticas
SBT Paraná
De acordo com as entrevistas, a produção do SBT Pa-
raná tem muitas características incomuns com o Band Cidade.
Há na equipe também duas pauteiras (Danielle Sisti é a pautei-
ra do turno da tarde) e há temas que também são reaproveita-
dos de um programa de cunho policial (Tribuna da Massa). A
jornalista complementa a ideia:
112
Um diálogo com os jornalistas
RIC Notícias
Para a editora-chefe e apresentadora do RIC Notícias,
Alessandra Consoli, a factualidade é o critério mais impor-
tante para a escolha das notícias do noticiário. Segundo ela, a
alternativa para o telejornal priorizar, por exemplo, a questão
de serviços, foi a divisão da rede estadual no primeiro bloco,
no qual há apresentações mais regionalizadas (um apresenta-
dor em Londrina, outro em Maringá, assim por diante). “Não
adianta você fazer uma prestação de serviço muito local por-
que, por exemplo, pra quem mora em Londrina saber que
amanhã vai ter um mutirão de emprego em Curitiba não é
interessante” (CONSOLI, 2013). Segundo a jornalista, nos
demais blocos são priorizados assuntos com ênfase no factu-
al e no curioso. “A gente também dá muita matéria de saúde,
que a gente acabou vendo que é uma necessidade das pessoas.
Elas procuram e gostam disso. Como eu te falei: com o tem-
po você vai vendo qual é o público” (Ibid.).
Com uma jornada de trabalho que se inicia às 13h00 e
que termina entre 21h00 e 21h30, Consoli destaca que uma
das principais missões dela enquanto editora-chefe é o fato de
estruturar o espelho do telejornal de modo a deixá-lo factual.
113
Mídia e política: observações e críticas
114
Um diálogo com os jornalistas
Band Cidade
Com uma equipe reduzida, o Band Cidade, assim como
todos os demais noticiários estudados, não tem condições de
disponibilizar equipes fixas nas casas parlamentares, seja no ní-
vel estadual ou municipal. Assim, mais uma vez o critério da
significância (TRAQUINA, 2005b) entra em ação quando o
assunto é a temática política: “A gente sempre pensa as pautas
de política no sentido de ‘no que isso que os políticos estão
fazendo afeta a vida do cidadão?’” (NUNES, 2013). Segundo
a pauteira do Band Cidade, os bastidores da política não são
foco do telejornal. “Às vezes, a gente [jornalista] acha que al-
guma coisa é interessante, é notícia, porque a gente tá vivendo
aquilo... A gente tá todo dia vendo notícia política, mas muitas
vezes aquilo não interessa em nada para as pessoas comuns. Eu
vejo muito isso em colunas políticas: dois terços [dos assuntos]
é fofoca, não interessa em nada. É uma coluna mais social do
que política” (NUNES, 2013).
Segundo a pauteira, como a temática política envolve as-
suntos tidos como difíceis para boa parte do público comum,
um dos aspectos centrais para uma produção condizente com
o que ela acredita é o fato de dar um teor quase pedagógico aos
assuntos políticos:
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Mídia e política: observações e críticas
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Um diálogo com os jornalistas
Paraná TV
Segundo Celso Castro, a cobertura de temas relacio-
nados à política atende à premissa do interesse público, tan-
to para iniciativas e projetos convenientes realizados por
qualquer uma das esferas políticas, quanto para denúncias
de irregularidades. No monitoramento esse princípio pare-
ce ser seguido, embora haja naturalmente mais pautas que
ressaltem problemas, um princípio tido como básico do jor-
nalismo na concepção de Traquina (2005a).
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Mídia e política: observações e críticas
SBT Paraná
Após explicar que o principal critério para a inserção de
temas políticos no SBT Paraná é o famigerado “interesse pú-
blico”, a pauteira Danielle Sisti é a única entre os entrevista-
dos a admitir que há similaridades entre a cobertura política
dos quatro telejornais. Ao mesmo tempo, a concorrência não
a preocupa, já que considera que o público-alvo do SBT Para-
ná é “bem definido”. “Acho que trabalhamos meio igual [aos
concorrentes na temática política]. Damos bastante notícia do
interior do Estado, talvez valorizamos um pouco mais, mas
não sei dizer mesmo” (SISTI, 2013).
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Um diálogo com os jornalistas
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Mídia e política: observações e críticas
Paraná sugere que com a crise dos impressos, cada vez mais
fadados ao extermínio na opinião dela, o jornalismo como um
todo perdeu os profissionais mais especializados.
RIC Notícias
Confessamente avessa ao tema política, a editora-chefe e
apresentadora do RIC Notícias, Alessandra Consoli, destaca a
eficiência da jornalista e comentarista de política do noticiário,
Joice Hasselmann. Segundo ela, a jornalista é uma das poucas
profissionais no mercado curitibano que mantém algumas das
características que foram apontadas pela pauteira do SBT Pa-
raná, no fim do item anterior. Consoli alerta que a emissora
desenvolveu uma pesquisa de teor qualitativo e constatou que
o público “não gosta muito de política, mas ele gosta de ser
informado sobre política” (CONSOLI, 2013). Segundo a jor-
nalista, o próprio medidor do Ibope confirma a hipótese:
Então geralmente a gente tem, pra você ter uma ideia, nós
temos nosso bloco minuto a minuto, quando a gente coloca
uma matéria de política, cai. A não ser que seja uma notícia
muito relevante, que vá mudar a vida da pessoa, ela deixa.
120
Um diálogo com os jornalistas
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Mídia e política: observações e críticas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo almejou-se compreender, a partir de um di-
álogo com os produtores, como são os tratamentos dados à
temática política nos quatro telejornais. Há uma premissa por
parte dos autores de que há lacunas neste trabalho, já que ele
serve apenas como um pontapé para uma discussão mais apro-
fundada, exigida pelo tema. Embora a equipe talvez tenha se
alongado – aparentemente, para o leitor mais ácido, até com
certa demasia – em tópicos ligados a aspectos das rotinas de
produção ou até mesmo dos valores que fomentam a cultura
profissional dos jornalistas entrevistados, crê-se que essas in-
formações têm relevância para a contextualização dos motivos
pelos quais a temática política é pouco abordada pelos notici-
ários. A Tabela 01 exemplifica o quanto a veiculação do tema
é escassa, exceção que pode ser feita ao Paraná TV, veiculado
em apenas 15 minutos. De acordo com os dados do monito-
ramento, entre as peças jornalísticas que exigem ida a campo
com equipes completas (reportagem e entrevista externa) ou
incompletas (nota coberta), o Paraná TV destaca-se com 62
notícias em 20 edições monitoradas, uma média de aproxima-
damente três aparições por edição. Na outra ponta, o SBT Pa-
raná aparece com apenas 25 peças jornalísticas, uma oscilação
pouco acima de uma pauta ligada à política por edição:
122
Um diálogo com os jornalistas
Tabela 01– Peças jornalísticas que exigem ida a campo por telejornal
BAND PARANÁ SBT RIC
TOTAL
CIDADE TV PARANÁ NOTÍCIAS
Reportagem 30 51 21 29 131
Entrevista
* 01 * 05 06
externa10
Nota coberta 06 10 04 04 24
Total 36 62 25 38 161
Fonte: Estudos da Imagem (2013)
10. Boletim e stand-up são dois tipos de peça que podem ter entrevistados. Entretanto, para
evitar possíveis dúvidas na decupagem, ficou estabelecido que essas duas categorias seriam
englobadas dentro de entrevistas externas.
123
Mídia e política: observações e críticas
124
Um diálogo com os jornalistas
125
Mídia e política: observações e críticas
REFERÊNCIAS
BAYM, Nancy. Fãs ou amigos?: Enxergando a mídia social como fa-
zem os músicos. Matrizes: Revista do Programa de Pós-Graduação em
Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, São Paulo,
v. 7, n. 1, p.13-46, jan. 2013. Semestral. Disponível em: <http://www.
matrizes.usp.br/index.php/matrizes/article/view/429/pdf>. Acesso em:
01 set. 2013.
126
Um diálogo com os jornalistas
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Mídia e política: observações e críticas
128
Críticas
Parte II
Olhadinhas e visualidades
A imagem no telejornalismo
João Somma Neto1
INTRODUÇÃO
“Vamos dar uma espiadinha!”. Este é um dos principais
bordões usados por um ex-jornalista, antes profissional dos
mais conceituados no meio jornalístico, hoje reduzido à
peça grotesca e decorativa na apresentação de um dos mais
populares e espetaculares shows da televisão brasileira. Em-
bora essa atração televisiva seja produzida sob a responsa-
bilidade da Central de Jornalismo da maior rede de televisão
aberta nacional, como está nítido e visível nos créditos mos-
trados ao final de cada edição, essencialmente não tem nada
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Mídia e política: observações e críticas
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Olhadinhas e visualidades
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Mídia e política: observações e críticas
O PRINCÍPIO
Há cerca de 90 anos, por volta de 1920, o rádio recém-
implantado já oferecia aos ouvintes a condição e oportunida-
de de imaginar imagens relacionadas aos conteúdos transmi-
tidos, em sua primeira fase no Brasil classificada como uma
etapa de cunho educativo calcados em valores da elite.
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Olhadinhas e visualidades
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Mídia e política: observações e críticas
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Olhadinhas e visualidades
TELEVISÃO
A atividade profissional do jornalismo na televisão
vem se constituindo ao longo dos últimos 60 anos no Brasil
como um dos principais instrumentos de informação para
grande parte da população, a ponto de os programas noti-
ciosos de TV serem considerados ainda atualmente como
o meio principal de acesso aos acontecimentos, opiniões e
análises informativas para o cidadão comum.
Desde a implantação da TV brasileira, na década de
1950, o grande crescimento da abrangência e penetração
desse veículo de comunicação se mostra como um fenô-
meno que apresenta características não somente no plano
do desenvolvimento tecnológico, mas inclusive nos campos
cultural, político econômico e social.
No âmbito da tecnologia, diversos momentos marcam
as décadas seguintes de funcionamento da televisão brasi-
leira, influindo diretamente tanto no modo de produção do
telejornalismo, como na forma em que se dá a relação com
o público principalmente no que faz referência à busca pelo
aumento e manutenção da audiência. Paralelamente, ocorrem
alterações vinculadas a aspectos como a espetacularização da
notícia, e a adoção de procedimentos produtivos que se utili-
zam de técnicas ficcionais, entre outros.
Isto fica mais claro na medida em que a evolução
da tecnologia traz inovações que de uma forma ou de ou-
tra permitem a introdução de alterações significativas no
modo de se fazer jornalismo de televisão. Após um início
simplório nos anos 1950, quando o jornalismo televisivo
era produzido meramente como a leitura de notícias no
vídeo, feita por um apresentador formal, passou-se a in-
troduzir a reportagem realizada em campo mediante gra-
vações em película, o que resultou de imediato em mais
dinamismo no próprio noticiário.
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Mídia e política: observações e críticas
2. Em Beto Rockfleller (1968), os diálogos passaram a ser mais coloquiais, diferente do tom
adotado pelas novelas de anteriores. Passaram a ser utilizadas gírias e a direção dos atores
ficou mais solta. É nesse período que acontece uma busca pela nacionalização da dramaturgia,
renovação que se concretiza com a novela Antônio Maria, de Geraldo Vietri e Walter Negrão,
em 1968, e Beto Rockfeller no mesmo ano. Na novela Antônio Maria vivia-se uma evolução,
já que não haviam carruagens, bosques, ciganos – típicos das novelas de Magadan, e sim um
cenário urbano real. “O sucesso de Antônio Maria trouxe a conscientização de que existem
novas fórmulas para se contar uma história de amor. Quatro meses depois veio a confirmação
do que se previa, com a chegada do bicão Beto Rockfeller. Era a ousadia de se investir no anti-
herói. A Tupi, sob a superintendência de Cassiano Gabus Mendes, acertava em cheio. Estava
plantada a reformulação da telenovela brasileira” (FERNANDES, 1997, p. 69).
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Olhadinhas e visualidades
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Mídia e política: observações e críticas
NOVO CENÁRIO
O fenômeno da convergência na mídia faz parte de
uma vasta conjuntura que apresenta matrizes importantes
inicialmente no campo econômico e depois derivando para
o plano político e, finalmente, para o plano cultural, não ne-
cessariamente nesta ordem quando englobam a produção e
transmissão de múltiplas visualidades televisivas.
Essas facetas também devem ser levadas em conta quan-
do se estuda a produção jornalística na contemporaneidade,
junto com seu embasamento como prática social e as rotinas
técnicas que balizam o fazer profissional que o caracteriza.
Avaliações recentes indicam com alguma segurança que o jor-
nalismo passa por um processo contínuo de transformação.
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Olhadinhas e visualidades
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Mídia e política: observações e críticas
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Olhadinhas e visualidades
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Mídia e política: observações e críticas
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1997.
FERNANDES, Ismael. Memória da Telenovela Brasileira. São Pau-
lo, Brasiliense, 1997.
KILPP, Suzana. Audiovisualidades do voyeurismo televisivo:
apontamentos sobre a televisão. Porto Alegre: Zouk, 2008.
SOMMA NETO, João. Ações e Relações de Poder: a construção da
reportagem política no telejornalismo paranaense. Curitiba: EDUF-
PR, 2007.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: porque as notícias
são como são. v. 1. Florianópolis: EdUFSC, 2004.
TUCHMAN, Gaye. La producción de la noticia. Ciudad de Méxi-
co: Ediciones G. Gilli, 1983.
154
Políticos na mídia
uma análise da visibilidade e visualidade da classe
política no jornalismo televisivo brasileiro
Marcos Mariano1
INTRODUÇÃO
A percepção de um público informado, que passe a
avaliar de maneira mais crítica uma classe política nem me-
lhor ou pior do que a do passado, vai de encontro com o
senso comum, para o qual há uma decadência dos gover-
nantes. Miguel (2008) afirma que os grandes nomes da his-
tória contrastam-se aos fracos líderes da atualidade. O povo
confiava nos políticos confiáveis do passado e desconfia
dos atuais que são inconfiáveis.
Torna-se necessário, então, entender por que a quali-
dade da elite política piorou. Para Lasch (1995), ocorreu um
distanciamento entre as elites em geral e o povo (incluin-
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Mídia e política: observações e críticas
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
VISIBILIDADE E VISUALIDADE
A visibilidade que a televisão proporciona é a condição
essencial para a disputa política nas atuais sociedades contem-
porâneas. Gomes (2004) ressalta que a democracia amplia a
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
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Políticos na mídia
“ESPIRAL DO CINISMO”
Miguel (2002) atribui a uma desconfiança excessiva da
sociedade atual para explicar o porquê de as pessoas não con-
fiarem mais nos políticos. A formulação do autor mais comple-
ta se encontra na hipótese da “espiral do cinismo”, desenvol-
vida no livro de mesmo nome de Cappella e Jamieson (1997).
Se os políticos se tornaram cínicos, isto se deu em reação ao
cinismo dominante no público. O elemento central, porém, se-
ria a mídia, responsável por difundir uma imagem negativa dos
agentes da esfera pública. Meyrowitz (1985) explica da seguinte
forma: a imprensa lê cinicamente a disputa política e os políti-
cos se adaptam ao comportamento esperado, numa cadeia de
alimentação mútua.
De acordo com a hipótese apresentada acima, isso seria
um desdobramento da “espiral do silêncio” desenvolvida por
Noelle-Neuman (1993), na qual homens e mulheres receiam,
acima de tudo, o isolamento social – o que os levaria a se
adaptarem às opiniões que julgam predominantes e a silen-
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Mídia e política: observações e críticas
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As questões da visibilidade expostas no trabalho expli-
cam de que forma os meios de comunicação tornam visíveis
determinados atores políticos definindo critérios do que é
noticiável pensados pelas idiossincrasias, pela força publici-
tária, pelas ideologias e até mesmo pela espetacularização da-
quilo que compõe a notícia sobre determinados personagens.
Como exposto, a visibilidade midiática é um componente im-
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
REFERÊNCIAS
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Políticos na mídia
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Mídia e política: observações e críticas
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Entre a notícia e a pena
Estudo sobre o agendamento na criação
da Lei Carolina Dieckmann
Renata Caleffi1
INTRODUÇÃO
O Código Penal Brasileiro é composto por leis positi-
vadas que foram fruto de discussões entre a sociedade e os
governantes. Assim como todas as leis brasileiras, as leis penais
são, em sua maioria, preventivas ou resolutivas de problemas
da própria sociedade. Mas, ao longo dos anos, essa concepção
de leis que são discutidas entre a sociedade e o governo vem
ganhando um novo membro: a mídia.
São diversos acontecimentos da sociedade atual em que
a mídia se engaja na produção e na continuação desta determi-
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Mídia e política: observações e críticas
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Entre a notícia e a pena
AGENDAMENTO
A teoria ou hipótese da agenda (agenda setting) foi expli-
cada por Maxwell Mc Combs e Donald Shaw em estudos nos
Estados Unidos, que tinham por objetivo, visualizar a influên-
cia da mídia nos assuntos tratados pela população. Após várias
pesquisas, os autores em questão, explicaram as questões entre
a notícia e a influência no público através de dados relatando
a saliência das notícias no cotidiano. Ou seja, McCombs veri-
ficou, através de pesquisas quantitativas, o quanto cada notícia
veiculada na mídia afetava o pensamento dos cidadãos norte-
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Mídia e política: observações e críticas
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Entre a notícia e a pena
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Mídia e política: observações e críticas
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Entre a notícia e a pena
DISPOSITIVO LEGAL
A lei 12.737/2012, sancionada no dia 30 de novembro de
2012 dispõe sobre a tipificação na forma criminal de delitos in-
formáticos, ou seja, regulamenta a norma penal para crimes “vir-
tuais”. Para isto, a lei acresce ao Código Penal os artigos 154A2 e
154B3. A pena para quem descumpre esta normativa vai de três
meses a dois anos de detenção, além de multa. A detenção pode
177
Mídia e política: observações e críticas
2. Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computado-
res, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar
ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo
ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita.
3. Nos crimes definidos no art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se
o crime é cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes
da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de
serviços públicos.
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Entre a notícia e a pena
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Mídia e política: observações e críticas
SALIÊNCIA DA NOTÍCIA
Um dos questionamentos jurídicos sobre a lei em questão é
o porquê ela foi aprovada tão rapidamente? A hipótese mais des-
tacada é, sem dúvidas, o apelo midiático ao caso. Para comprovar
(ou não) isto, analisamos dois telejornais brasileiros no período
mensal do vazamento das fotos da atriz (maio/2012) e, na sequên-
cia, a rapidez com que ela foi discutida na Câmara dos Deputados.
Os telejornais escolhidos foram o Jornal Nacional (Rede
Globo) e o Jornal da Record (Rede Record) e SBT Brasil (SBT),
pois, segundo dados do IBOPE (2013), com pesquisa realizada
no Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, os telejornais aci-
ma fazem parte das maiores audiências de telejornais dos esta-
dos pesquisados. Visto que não existem dados exatos e oficiais
informando o consumo nacional, foram utilizados, portanto,
os dados desta pesquisa para embasar o trabalho.
A televisão foi escolhida embasada em uma pesquisa reali-
zada pela Teleco Comunicação (2012), a qual aponta que o meio
de informação mais utilizado pelo brasileiro é a televisão, presente
em quase 97% dos domicílios, seguido pelo rádio, com presença
em 83% dos lares e, em último lugar, a internet, com 36,5%. Alia-
da a estes dados, a empresa Meta (2010), em pesquisa realizada
também relato que, mais de 42% da população brasileira consome
telejornais diariamente, sendo que, desta porcentagem, 72% assis-
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Entre a notícia e a pena
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Greco (2011) afirma que o Direito Penal como está hoje,
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Mídia e política: observações e críticas
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Entre a notícia e a pena
REFERÊNCIAS
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Mídia e política: observações e críticas
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Agendamento no 8N
Apontamentos sobre influências do Telenoche nas
manifestações contra o governo de Cristina Kirchner
Michele Santos da Silva1
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, a Argentina vem sendo o cenário de
várias discussões políticas, principalmente, após o segundo man-
dato de sua atual presidente Cristina Fernández de Kirchner. Es-
ses debates vêm resultando em uma série de protestos por parte
da população, que alega estar insatisfeita com o tipo de governo
de sua representante. Uma das manifestações mais importantes
nesse contexto foi o 8N. Articulada nas redes sociais virtuais,
esse ciberativismo teve forte aderência na internet, permitindo
uma eclosão em inúmeros protestos no ambiente offline, mobi-
lizando milhares de pessoas às ruas em todo o país e no exterior.
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Mídia e política: observações e críticas
2. Numa missão oficial a Angola, um membro do comitê do governo argentino distribuiu meias
para crianças pobres angolanas, com a mensagem “Clarín Miente”. Tal manobra foi bastante
discutida na imprensa argentina e criticada em varias mídias locais (Fonte: jornal La Nación).
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Agendamento no 8N
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Agendamento no 8N
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Agendamento no 8N
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Mídia e política: observações e críticas
17. Para este estudo, os dados analisados são exclusivamente de entrevistas realizadas com os
manifestantes no dia dos protestos do 8N, por emissoras argentinas que fizeram a cobertura,
sendo elas, Crónica TV, El Trece, Telefé, TV Pública, TN, Canal 9 e C5N. Esse material foi
analisado a partir do Youtube.
18. Informação divulgada pela ONG internacional “Global Voice”.
19. Informação disponível do perfil do Facebook do telejornal e no blog do programa.13.
Referente à data oito de agosto.
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26. No canal El Trece, Jorge Lanata possui um programa chamado Periodismo para Todos,
que critica e debocha duramente o governo de Cristina Kirchner.
203
Mídia e política: observações e críticas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os meios de comunicação de massa condicionaram à
sociedade contemporânea a uma série de transformações, pos-
sibilitando novos recursos de assimilação e de interpretação
do seu meio. Nesse contexto, as empresas de informação são
influentes, podendo intervir na sociedade, principalmente, na
arena política.
A televisão, por sua capacidade de difusão e abrangência,
produz efeitos ora inéditos, ora terríveis. Ela consegue mobili-
zar uma grande massa a comportamentos em que, muitas vezes,
estão estruturados em conveniências puramente descontextua-
lizadas do interesse público, atendendo demandas corporativas,
descumprindo a premissa jornalística de que a informação deve
ser imparcial e de interesse de todos. Essa capacidade atribui
um grande poder na homogeneização de opiniões, que pode
204
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Mídia e política: observações e críticas
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REFERÊNCIAS
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Agendamento no 8N
209
Mídia e política: observações e críticas
210
Lei dos meios audiovisuais
O contexto de disputa de poder entre os campos
político e midiático na Argentina
Eduardo Covalesky Dias1
INTRODUÇÃO
A Lei de Meios Audiovisuais foi sancionada e promulgada
na Argentina em 10 de outubro de 2009. Baseada em princípios
de liberdade de expressão e pluralidade, os 21 pontos básicos
que norteiam a redação da Ley nº 26.522 foram debatidos e de-
finidos no dia 27 de agosto de 2004, quando a Coalición por una
Radiodifusión Democrática, formada por um grupo de sindi-
catos, universidades, organizações sociais, rádios comunitárias,
pequenas rádios comerciais e órgãos de direitos humanos, se
reuniu para construir a base de uma nova lei. O documento viria
a substituir a antiga lei nº 22.285, de 15 de setembro de 1980,
promulgada no governo do ditador Jorge Videla, baseada em
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Lei dos meios audiovisuais
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Lei dos meios audiovisuais
2. Disponível em http://www.casarosada.gov.ar/index.php?option=com_content&task=view
&id=5701&Itemid=66
225
Mídia e política: observações e críticas
226
Lei dos meios audiovisuais
Licenciatários
A radiodifusão só se podia Permite o acesso a entidades sem fins
exercer como atividade com de lucro. Reserva com caráter inder-
fins de lucro. As modifica- rogável 33% do espectro para pes-
ções operadas durante a dé- soas jurídicas sem fins de lucro tais
cada de 90 facilitaram a con- como associações, fundações, entida-
centração horizontal por via des filantrópicas, etc.
da admissão dos multimeios
e a aparição de holdings. So-
Com mente
a aplicação
em 2005 da lei em vigência, algumas mudanças já
o Congresso
Nacional permitiu a pessoas
podem ser jurídicas
percebidas. No entanto, há uma vasta gama de al-
sem fins de lucro
terações queserem
necessitam
titulares deum aprofundamento sobre a situação
licenças,
midiática namasArgentina.
com algumas O completo cumprimento da lei, por
restrições
exemplo,
Produção pode
Não sealterar
fomentaem muito Fomenta
a produção a situação de concentração
a produção de conteúdos
de conteúdos de conteúdos educativos ou educativos e infantis. Estabelece um
dos meios
educativos e e a descentralização dos
infantis serviços
Conselho Assessoraudiovisuais no
sobre Audiovisual
país. O Clarín, maior conglomerado multimidiático da Argenti-
infantis e Infância para garantir o cumprimen-
to destes objetivos
na, possui 240 licenças de rádio e TV no país (incluindo canais
Qualidade da Estabelecem limites à qua- Promove a polifonia de informações
de TV a cabo,
informação
o que, de acordo com a nova lei, é absorvido
lidade da informação a di- e opiniões em concordância com o
pela necessidade fundir, a deque adequação). Se a lei for
deve ser veraz, estabelecido nos declarada cons-
pactos de Direitos
titucional naobjetiva sua totalidade,
e oportuna. Estes e se novos
Humanosrecursos em favor do
limites tem sido utilizados
Clarín não forem efetivados
para restringir a liberdade–de como é o caso da lei de meios
de âmbito municipal,
expressão proposta pelo governador da província
de Buenos Aires, Mauríciocondição
Meios públicos Só se prevê sua Macri ,Permite
e da província de Córdoba,
que as Universidades tenham
subsidiária. As Universida- emissoras sem restrições nem obriga-
José ManueldesDedevem La Sota - o grupo midiático sofrerá um abalo
ser titulares de ção de serem sociedades comerciais.
considerávellicenças em sua estruturaco-econômica,
por exploração Propõe-se umsendo
sistema deobrigado
meios esta-a
se desfazer de 90% de suas concessões atuais de rádio e com
mercial em TV. Só se previa tais com objetivos democráticos, TV.
a ATC como empresa co- participação e controle comunitário e
De acordo com mercialas propostas destes governadores, abertamen-
social
teMultiplicidade
apoiadasPermite pela oposição
que uma só pessoa Só se pode ter e10 pelos
ao kirchnerismo licenças meios de
de serviços
comunicação
de licenças sejaempresariais,
titular de 24 licençasos projetos
de abertos protegeriam os grupos
em serviços serviços abertos (rádio e TV)
midiáticos
abertos
situados nas duas províncias, eximindo de cumpri-
mento à lei federal, a despeito da instabilidade jurídica que isso
Multiplicidade Os sistemas de TV paga não As licenças de TV paga estarão limi-
possa
de licençasincorrer.
no têm limitações em relação tadas em número e em cotas de mer-
sistema por
A ação às licenças
de Mauricioque pode Macri
possuir écado
particularmente destacável.
assinatura uma mesma pessoa, sempre
O embate entre que não o governo
estejam na e o Clarín polariza a discussão polí-
mesma
tica no país.zona Emdemaio de Isto
cobertura. 2013, enquanto a constitucionalidade
facili-
ta a formação de monopólios
da Lei de Meios Federal se direcionava à última instância de
227
Mídia e política: observações e críticas
julgamento,
Participação Macri,
Não opositor
está prevista ao kirchnerismo
a participa- Dá participação eaoum dos possí-
Congresso Nacio-
veis candidatos à presidência de 2015, fez uso de um Decreto
parlamentar ção do Congresso Nacional, nal, e sua intervenção será obrigatória
dado que se trata de uma lei na conformação da Autoridade de
de Necessidade e Urgência
da Ditadura, razão pelapara
qualproteger
Aplicação,as da empresas privadas
eleição das autoridades
de comunicação é uma leidecentralista
qualquer expropriação
e antide- de licenças
dos Meios Públicos e bensdo
e da eleição
mocrática Defensor do
A Lei de Meios cria seis novas instituições, responsáveis Público. Dá participação
e representação à segunda e terceira
por administrar, fiscalizar e regular o sistema
minoria parlamentarde comunica-
ção audiovisual
Controle argentino:
Não está previsto Autoridade Federal
O controle do Congresso de Serviços de
está previs-
Comunicação (AFSCA), Conselho Federal de Comunicação,
parlamentar nenhum controle to para avaliar o funcionamento da
por parte do Autoridade de Aplicação, dos Meios
Conselho AssessorCongresso
da Comunicação Audiovisual e da Infância,
Públicos e do desempenho do De-
Comissão Bicameral de Promoçãofensor e Seguimento
do Público. Para da Comuni-
isso, cria a
cação Audiovisual, Defensoria do Público de Serviços Comisión Bicameral de Seguimiento
de Co-
y Promoción de los Servicios de Co-
municação Audiovisual e Conselhomunicación Consultivo Honorário dos
Audiovisual
Meios
Audiências Públicos.
Não estão previstas Está previsto o mecanismo de Audiên-
públicas Oe sistema e a pluralidade de cias vozes democratiza
Públicas para determinar o prorroga-
espaço
elaboração ções de licenças e decisões sobre o uso
de debate sobre os serviços de comunicação
participativa
audiovisual do
que se dará às novas tecnologias, por
país, ainda que o presidente da AFSCA
de normas exemplo,seja atribuído
o destino pelodigital
do dividendo Po-
der Executivo.
Publicidade SujeitaNo entanto,
a limites como o órgão
a mo- permite anãoparticipação
A publicidade está submetidada a
ral cristã. O tempo de publi- limites
oposição por meio de representantes das três maiores bancadas subjetivos, ainda que deva se
cidade nos serviços de TV ajustar a critérios objetivos e estabele-
do Congresso pagaNacional. Neste caso,
não é regulamentado cidosopela
conflito entre oo tempo
lei. Regulamenta campo de
midiático e o campo político se manifestou em novembro de
publicidade nos sistemas de TV paga
2012, quando
Publicidade Não um parlamentar deImplementa
está previsto oposiçãomedidas ao kirchnerismo
parafiscais para
argentina em desencorajar o investimento de pu-
Alejandro
meios estran- Pereyra, designado parablicidade fazer parte da AFSCA,
no exterior. teve
Desta maneira
sua
geirosdesignação bloqueada pelo governo após ser
não se permitirá questionado
deduzir do imposto
de
por entidades da sociedade civil pela sua participação renda o investido em publicidade
como
no exterior
advogado
Prazo de
de empresas midiáticas e por falsificar
As licenças duram 15 anos e As licenças duram 10 anos e podem
dados de seu
currículo.
licenças Apodem
impugnação gerou
ser prorrogadas porconflitos políticos
ser prorrogadas por 10 entre o Le-
anos mais, sob
gislativo e o Executivo, após o Clarín noticiar que partidários
10 anos mais realização de Audiências Públicas
Sinais
da de
oposição Os(Frente
sinais de TV paga nãoProgressista)
Ampla são Regula os canais de TV. Prevê
criticaram que as
Cristina
televisão sujeitos regulados, pela qual responsabilidades sejam assumidas
por bloquear nãoacumprem
participação de vozes
leis argentinas pelos contrárias no órgão
titulares dos conteúdos e nãoad-
de
ministrativocomo dos ameios.proteção ao menor, quem só presta facilidade de acesso.
nem tributam em nosso país. Desde o ponto de vista dos avanços
O artigo que fala sobre conteúdos de interesse público
As violações dos canais são tecnológicos se justifica dada a apari-
é relevante responsabilidade
para corroborar açõesção
de quem governistas
de novos atores que confronta-
na cadeia de valor
ram diretamente o Grupo Clarín. Aliás, essa é uma das grandes
distribui e não de quem pro-
duz ou comercializa
228
Lei dos meios audiovisuais
ressalvas
Informação quanto Não está à efetividade
previsto que os da Exige
Lei de aos Meios,
meios queque traz uma
mantenham uma
gama de inovações democráticas ao setor, porém é contamina-
do meio ao pú- meios devam proporcionar pasta de acesso público onde figure
blico sobre os ao público informação rele- toda a informação relevante do licen-
da pelo enfrentamento explícito em
compromissos vante
querer enfraquecer o con-
ciatário, como a ordenada pela Federal
glomerado
que motiva- acima da plena aplicação da lei, através
Comunications Comission dos vieses
(FCC) dos
ram a entrega Estados Unidos
possíveis de ação política. Dentro de interesse público, o artigo
da licença
77 da Lei de Meios fala sobre a necessidade de garantir o direi-
Requisitos Exige requisitos pessoais ba- Para ser titular de uma licença se pon-
to
paraaoser acessoseados
universal
na possedede conteúdo informativo
riqueza e derarão critérios derelevante
idoneidade ee en- de
acontecimentos
titular de uma preferênciaesportivos,
de aspectosencontros
pa- raizadofutebolísticos
na atividade. Excluiou outro
a possibi-
licença trimoniais lidade de ser titular a quem tenha sido
gênero esportivo. funcionário hierárquico de governos
Com base neste artigo e nodeplano de enfraquecimento
fato, atendendo à importância dos
econômico do Grupo Clarín – um dossiê, conforme meios na construção do EstadoMajul
de Di-
reito e da vida democrática
(2009) –, o governo argentino negociou com a Associação de
Transparência Esta lei possibilita que me- Promove um regime de transparência
Futebol
da titularidadeArgentino (AFA) de
diante a utilização a compra
socie- dedos direitos
titularidade de de transmissão
propriedade das li-
de todas as dades partidas de futebol
por ações, se escondadacenças
Primeira Divisão Nacional.
a verdadeira titularidade das
Como “carro-chefe” licenças
da programação, a transmissão futebolís-
tica
Novasfoi responsável
tecno- Destinada pela reestruturação
à obsolescência As novasdatecnologias
TV Pública, reorien-
são consideradas
tou
logiasa pauta publicitária a partir de um negócio de
pela sua concepção, esta lei uma ferramenta essencial para 600 milhões
assegu-
nasceu “velha”. Os avanços rar
de pesos anuais durante 10 anos. Mais do que isso, forçoua pluralidade e diversidade de vozes.
uma
tecnológicos das últimas três Promoverá a universalização de seu
decisão unilateral por parte
décadas indicam da AFA
o anacrôni- acessode romper
para diminuir aum contrato
brecha digital e
com a TyC Sports que já durava mais de 10 anos. À época, no
co da lei promover a alfabetização tecnológica.
contrato firmado entre a AFA e aPrevê serviços conexos aos de comu-
Chefatura de Gabinete de
nicação audiovisual em forma flexível,
Ministros, houve a promessa de que o valor
e com que excedesse
neutralidade tecnológica. 600Pela
milhões de pesos de arrecadação seriam 50% direcionados ao
primeira vez se auspicia a redistribuição
do conhecimento por via do aproveita-
esporte olímpico e amador. Até hoje, mento a das
publicidade arrecadada
novas tecnologias
com
Regime deo programa Fútbol para Todos nunca excedeu
Permite a propriedade con- Adota medidas para a desconcentra- o valor
anual dodecontrato
titularidade e o direito
junta de licenças de transmissão
de TV e em- ção da exploração dasmonopólica
competições de di-
licenças presas produtoras de sinais reitos de exibição, tal como existem
é cedido àsdeemissoras alinhadas ao governo. O descompasso
conteúdos. Isto favorece a nos EUA, Canadá e União Europeia.
rende um projeto de lei
criação de monopólios eme debate na Câmara
abu- Restringe de Deputados
a propriedade conjunta de
para que haja cessão onerosa de no mínimo 70% dosprodutoras
sos de posição dominante na licenças de TV e empresas direitos
matéria e afeta os custos do de sinais de conteúdo
de transmissão serviçodas competições
de TV por assinatura esportivas a outros canais de
TV aberta com o objetivo
no exercício deà diversificar
do direito in- a arrecadação publi-
citária. formação
229
Mídia e política: observações e críticas
230
Lei dos meios audiovisuais
3. Disponível em http://www.lanacion.com.ar/1582116-macri-busca-frenar-con-un-decreto-
la-ofensiva-contra-los-medios.
4. Disponível em http://www.lanacion.com.ar/1583047-de-la-sota-anuncio-un-proyecto-de-
ley-para-proteger-la-libertad-de-prensa.
231
Mídia e política: observações e críticas
5. Disponível em http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-208509-2012-11-24.html.
6. Disponível em http://www.clarin.com/politica/Bloquean-designacion-director-oposicion-
AFSCA_0_816518469.html
232
Lei dos meios audiovisuais
233
Mídia e política: observações e críticas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A aplicação da Lei de Meios é resultado de um con-
flito de poder entre o campo midiático e o campo po-
lítico, atravessados por atores coletivos posicionados em
uma terceira esfera pública: a sociedade civil organizada,
representada por diversos órgãos. Muitos deles, a partir
da aplicação da lei, possuem espaço no Conselho Federal
6. Disponível em http://www1.hcdn.gov.ar/proyxml/expediente.asp?fundamentos=si&numex
p=8497-D-2012.
7. Disponível em http://www.lanacion.com.ar/1583926-admiten-que-cambian-los-horarios-
del-futbol-por-el-rating-de-lanata.
8. Disponível em http://www.lanoticia1.com/noticia/7d-el-video-de-cristina-contra-clarin-
por-la-ley-de-medios-en-futbol-para-todos-54442.html
234
Lei dos meios audiovisuais
235
Mídia e política: observações e críticas
REFERÊNCIAS
ARGENTINA. Lei n. 26.522, de 10 de outubro de 2009. Re-
gúlanse los Servicios de Comunicación Audiovisual en todo el
ámbito territorial de la República Argentina. Boletín Oficial
de la República Argentina, Buenos Aires, 10 out. 2009. Dis-
ponível em: < http://www.infoleg.gov.ar/infolegInternet/ ane-
xos/155000-159999/158649/norma.htm>. Acesso em: 22 jul. 2013.
ARGENTINA. Lei n. 22.285, de 15 de setembro de 1980. Fíjanse
los objetivos, las políticas y las bases que deberán observar los ser-
vicios de radiodifusión. Boletín Oficial de la República Argen-
tina, Buenos Aires, 15 set. 1980. Disponível em: < http://infoleg.
mecon.gov.ar/info legInternet/anexos/15000-19999/17694/texact.
htm>. Acesso em: 22 jul. 2013.
BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: para uma teoria
236
Lei dos meios audiovisuais
237
Mídia e política: observações e críticas
238
A série “Diários Secretos”
um exemplo de escândalo político
Paula Andreola1
INTRODUÇÃO
A cada dia, mais escândalos políticos vêm sendo transmiti-
dos pelos veículos de comunicação como forma de demonstrar à
sociedade aquilo que fica por trás dos setores que detêm certo tipo
de poder. Com o objetivo de informar as pessoas e cumprir o pa-
pel do jornalismo, as empresas direcionam profissionais para fica-
rem, de forma específica, responsáveis pela coleta de informações,
descobrindo fraudes políticas e investigando diversos setores.
239
Mídia e política: observações e críticas
SUICÍDIO DE VARGAS, WATERGATE
E DIÁRIOS SECRETOS
Na década de cinqüenta o Brasil já presenciava escân-
dalos políticos que repercutiam mesmo sem a grande di-
vulgação dos veículos de massa. Recentemente trazida por
Chateaubriand, em 1950, a televisão ainda não tinha o poder
dos dias atuais, pois somente uma parte da população com
alto poder aquisitivo poderia tê-la, sendo assim, o suicídio de
Getúlio Vargas, um exemplo de escândalo político, de 1954,
foi noticiado pela imprensa minutos após o ocorrido. Mesmo
já havendo estações de rádio, a população tinha como fonte
primária de informação os jornais que, em casos como este,
publicava edições extras.
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A série “Diários Secretos”
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Mídia e política: observações e críticas
EVOLUÇÃO DO JORNALISMO
O desenvolvimento do jornalismo começou no século
XIX com a expansão da imprensa e explodiu no século XX
com a expansão de novos meios de comunicação como rá-
dio e televisão. Durante décadas do século XIX a atividade
ganha um novo objetivo, segundo Traquina (2005, p.34), o de
“fornecer informações e não propaganda”, oferecendo assim
notícias, baseadas nos fatos e não nas opiniões. Encarados
como negócio, os jornais rendem lucros e o objetivo passa a
ser o aumento das tiragens. Assim, o século XIX é tido como
a “época de ouro” da imprensa, tendo maior expansão devi-
do à liberdade garantida na constituição.
O impacto tecnológico também marcou o jornalismo do
século XIX, pressionando a hora de fechamento, realizando
um valor da cultura jornalística, o imediatismo.
Segundo Pena (2005) os anos entre 1830 e 1900 são
chamados de imprensa de massa, pois marcam o início da
252
A série “Diários Secretos”
253
Mídia e política: observações e críticas
254
A série “Diários Secretos”
Jornalismo investigativo
Com a profissionalização da atividade jornalística no sé-
culo XIX e desenvolvimento do jornalismo investigativo, al-
guns profissionais tomaram a revelação de segredos ocultos
do poder como forma de exercer sua missão de guardiães do
interesse público.
A utilização de testemunhas oculares e o desenvolvi-
mento da reportagem com a utilização da técnica de descrição
foram algumas das inovações no jornalismo no decurso do sé-
culo XIX.
O jornalismo investigativo recebe essa denominação
pela prática de reportagem especializada em desvendar misté-
rios e fatos ocultos do conhecimento público, improbidade ad-
ministrativa e superfaturamentos, como os casos de corrupção
e desvio de verbas públicas mostrados durante a Série Diários
Secretos.
Apesar de o conceito ser questionado por alguns jornalistas,
como Clovis Rossi, o formato investigativo possui características
específicas e se diferencia dos demais formatos pela demanda de
tempo das investigações, versões contrárias, comparações de da-
dos. Rossi acredita que todo jornalismo é investigativo, pelo fato
de que para recuperar as histórias é preciso investigar.
Rubens Valente, jornalista, classifica as reportagens inves-
tigativas em reativas e proativas. A primeira é quando, “dado um
assunto, a imprensa vai atrás e o leva a reviravoltas inimagináveis,
por exemplo, o escândalo Watergate, que nasceu de um fato ge-
rado pela polícia, com a prisão de pessoas que instalavam escu-
tas num edifício, e não do trabalho dos jornalistas, que depois
foram os responsáveis pela queda do presidente Nixon”. Já as
proativas são construídas pelos próprios jornalistas que fazem as
revelações a partir de um levantamento próprio de informações,
como é o caso da série “Diários Secretos”, feita por jornalistas
da RPCTV e do Jornal Gazeta do Povo, a partir de investigações
255
Mídia e política: observações e críticas
256
A série “Diários Secretos”
TELEJORNALISMO
Diferentemente dos veículos impressos, o rádio e a Tv
têm a capacidade de serem imediatos, podendo noticiar os fa-
tos no mesmo tempo em que ocorrem eliminando o intervalo
entre acontecimento e divulgação pela mídia. No entanto, se-
gundo Rezende (2000), perdem esse privilégio ao passo que os
jornais e revistas podem se aprimorar, aprofundar a divulgação
e análise do fato. Enquanto os veículos eletrônicos informam
com o imediatismo, os impressos dispõem de tempo e espaço
para aprofundamento do acontecimento.
O jornalismo na televisão sofre com a limitação de tempo,
principalmente os telejornais do horário nobre, ao terem que
divulgar o maior número de notícias no menor tempo possível,
o que reduz consideravelmente o vocabulário utilizado e apare-
cem as repetições lingüísticas. Para Szpacenkopf (2003, p. 165)
“o telejornal é um espetáculo constituído de informações “pere-
cíveis”, já que toda notícia pressupõe uma luta contra o tempo
para não se tornar obsoleta, velha e sem valor mercadológico”.
O telejornalismo acaba cumprindo uma função social e
política ao atingir um público pouco habituado à leitura e de-
sinteressado pela notícia, que no horário nobre acaba por vê-la
enquanto espera a novela. Diante desse telespectador passivo,
o telejornalismo, segundo o autor, torna-se cada vez mais im-
portante a ponto de representar a principal forma de democra-
tizar a informação. Apesar disso é preciso levar em considera-
ção que por trás das estações de Tv existem corporações que
a controlam e que são mais motivadas por interesses econômi-
cos e políticos do que pelas camadas populares da audiência.
Pela abrangência de público e classes sociais distintas, a
linguagem e a programação televisiva se adéquam na forma e
conteúdo ao perfil de público a que se dirigem, sendo que o
formato espetacular é o que prende atenção das pessoas. Se-
gundo Rezende (2000, p.25) “o espetáculo destina-se à contem-
257
Mídia e política: observações e críticas
***
Muitos autores consideram que o controle dos meios de
comunicação é a mais importante fonte de poder da sociedade
moderna. Segundo Kunczik (1997, p. 89) “os meios de comu-
nicação de massa são considerados a base de um poder de per-
suasão capaz de difundir uma interpretação da realidade com
uma qualidade diferenciada própria.”
O potencial de poder atribuído aos meios de comunicação
vem da dificuldade que as pessoas têm em compreender os pro-
cessos sociais na sociedade industrializada. Sendo assim eles têm
a oportunidade de transmitir interpretações que, segundo o autor,
dão sentido às complexidades e tornam compreensível o ininteli-
258
A série “Diários Secretos”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A divulgação da série “Diários Secretos” trouxe a tona
informações que até então eram desconhecidas da maioria
da sociedade. Através da revelação das fraudes que esta-
vam ocorrendo na Assembléia Legislativa do Paraná ,pelos
jornalistas, os telespectadores tiveram a oportunidade de
acompanhar o desenrolar do caso, com a prisão de envol-
259
Mídia e política: observações e críticas
REFERÊNCIAS
260
A série “Diários Secretos”
261
Mídia e política: observações e críticas
Sites consultados
Muckrakers. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/fascismo-de-es-
querda.html. Acesso em 29 de Maio de 2012
Jornal Última Hora. Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%9Altima_Hora. Acesso em: 17 de
Junho de 2012.
262
Veja e Carta Capital
o impacto da revelação do câncer de
Dilma Rousseff perante as eleições à presidência
Igor Iuan1
INTRODUÇÃO
O presente artigo analisa as estratégias ideológicas e
discursivas de duas reportagens jornalísticas que abordaram
a revelação do câncer de Dilma Rousseff (na época, minis-
tra-chefe da Casa Civil) para a grande imprensa. As matérias
escolhidas para esta análise são: “O câncer no palanque”, da
revista Veja, e “Dilma não se entrega”, da revista Carta Capital
– ambas publicadas no dia 6 de maio de 2009. O enfoque
escolhido para esta pesquisa é verificar qual foi o posicio-
namento dos veículos quanto ao impacto da revelação da
enfermidade nas eleições presidenciais de 2010.
Parte-se do pressuposto de que o jornalismo constrói uma
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A REVELAÇÃO DO CÂNCER
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentadas as análises das estratégias discursivas e
ideológicas das revistas Veja e Carta Capital, presentes nas
reportagens “O câncer no palanque” e “Dilma não se en-
trega”, chega-se ao momento das considerações finais em
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mento é uma tarefa impossível para o jornalismo. Este, ao in-
vés disso, constrói uma representação do real, inevitavelmen-
te afetada pelos fatores ideológicos e discursivos intrínsecos a
cada veículo jornalístico – no caso deste trabalho, às revistas
Veja e Carta Capital. E este fenômeno é verificável através
de uma investigação sistemática dos elementos presentes nos
textos de determinadas narrativas.
REFERÊNCIAS
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Formato: 14x21 cm
Mancha: 105x 170 cm
Tipologia: Garamond 12,4 (14,88)
Papel: Pólen soft 80g/m2 (miolo)
Couché fosco 250g/m2 (capa)
1a edição: 2013