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Mídia e Eleições

CONTEXTO HISTÓRICO DA MÍDIA BRASILEIRA

• Em 1931, o presidente Getúlio Vargas criou o Departamento Oficial de


Propaganda (DOP), cujo objetivo era o controle da imagem pública do presidente
vigente na época e a divulgação das ações governamentais por meio das rádios.
• Esse departamento foi substituído pelo Departamento de propaganda e
Difusão Cultural em 1934, mas seu funcionamento tornou-se obsoleto e fraco.
• Dentro desses departamentos a fotografia tornou-se importante fonte de
informação e divulgação.
• Conforme Ana Maria Mauad, "a fotografia pública é produzida por
agências de produção da imagem que desempenham um papel na elaboração de uma
opinião pública (meios de comunicação, estado etc.)”
• A história brasileira é repleta de exemplos do uso político dos meios
de comunicação. Nos governos autoritários, a mídia foi mobilizada como um
instrumento de persuasão e controle ideológico do regime, em que governantes
cercearam a liberdade de imprensa e fizeram uso da repressão para controlar o
conteúdo veiculado nos noticiários. Nestes períodos, a comunicação serviu como um
instrumento de manipulação e alienação das massas para garantir a soberania dos
grupos dominantes.

"A IMPRENSA FAZ E DESFAZ UM PRESIDENTE"

• Em 1960, o Brasil era um país de pouco mais de 70 milhões de habitantes


e menos de 15 milhões de eleitores. A televisão era uma novidade cara, acessível a
poucos e indisponível na maior parte das cidades. A campanha dependia em grande
medida do “corpo a corpo”, dos comícios, das redes de cabos eleitorais.
• Em 1989, era outro país que ia às urnas.O esforço da ditadura em gerar
um sistema nacional de telecomunicações dera resultados. Mais de 90% da população
tinha acesso à televisão, que se tornara o principal meio de informação e
entretenimento. As eleições deram a vitória a um político jovem,estranho aos
círculos mais importantes do poder, cuja principal distinção era o uso extremamente
competente e profissional dos meios de comunicação.
• Fernando Collor construiu sua candidatura a partir de golpes de
marketing e da obtenção da simpatia dos grandes grupos de mídia; e destacou-se, na
campanha, pelo uso mais moderno dos recursos de televisão. Três anos depois, o
mandato de Collor foi interrompido por um impeachment provocado por denúncias de
corrupção que partiram dos mesmos veículos de imprensa que, antes, haviam promovido
sua ascensão à presidência.
• Essa experiência marcou toda a primeira fornada de estudos
• sobre mídia e política no Brasil. O pressuposto era que, como dizia o
título de um livro sobre a trajetória de Fernando Collor, “a imprensa faze desfaz
um presidente”

A ATUAL MÍDIA BRASILEIRA E SEU IMPACTO NAS ELEIÇÕES

• Com o avanço da democracia no País, as práticas comunicativas também


evoluíram, retomando-se a liberdade de imprensa como um instrumento de defesa do
cidadão, de fiscalização do Estado e de visibilidade pública do poder.
• Mesmo nos governos democráticos, o uso estratégico da comunicação
continuou sendo essencial para a estabilidade do mandato e a busca do consenso
político e da transparência administrativa.
• No contexto atual, um político precisa saber usar os meios
disponíveis, para expor suas propostas governamentais, se não souber, isso
acarretará numa possível “desclassificação” à concorrência do cargo público. Uma
das “armas” que mais estão sendo utilizadas para a adesão facilitada na área
política são de que o candidato torne-se celebridade ou já seja uma celebridade, do
âmbito televisivo, como exemplo atores / apresentadores.
• Uma pesquisa de opinião do Instituto DataSenado aponta a influência
crescente das redes sociais como fonte de informação para o eleitor, o que pode em
parte explicar as escolhas dos cidadãos nas eleições de 2018.
• Quase metade dos entrevistados (45%) afirmaram ter decidido o voto
levando em consideração informações vistas em alguma rede social. E a principal
fonte de informação do brasileiro hoje é o aplicativo de troca de mensagens
WhatsApp, segundo o levantamento.

DONALD TRUMP E JAIR BOLSONARO (EUA E BRASIL)

• Na campanha presidencial que ocorria nos Estados Unidos em 2016, a


chegada de Donald Trump ao cargo de presidente demonstrava o que viria a acontecer
mais tarde no Brasil em 2018. Trump conquista sua vitória após uma virada em sua
campanha: Steve Bannon assume sua direção, levando o candidato das grandes chances
de derrota à presidência. Posteriormente, os panos de fundo dessa vitória vieram à
tona com o escândalo de uso político de dados do Facebook pela empresa Cambridge
Analytica, a qual Bannon presidia à época. Os dados foram usados para influenciar o
eleitorado através de conteúdos direcionados favoráveis ao candidato Donald Trump.
Bannon, que segundo Alexander[132] se tornou um herói da cultura pop, a primeira
celebridade intelectual da direita alternativa, encontra Eduardo Bolsonaro em
agosto de 2018 e se compromete a ajudar de maneira informal na campanha à
presidência de seu pai.
• A campanha de Jair Bolsonaro em 2018, alinhada ideologicamente a
Bannon, tinha como um de seus pilares o ataque à imprensa profissional. O que
Alexander constata ideologicamente em Bannon, aparece de maneira quase que idêntica
no eixo bolsonarista: “o jornalismo é falso, as pesquisas de opinião pública são
fraudulentas, a justiça é tendenciosa, o voto não é conclusivo e o cargo não é
vinculativo”
• Essas redes autônomas de comunicação horizontal e em massa vem sendo
utilizadas no Brasil tanto pela esquerda quanto pela direita como alternativa aos
meios de comunicação tradicionais. Entretanto, mesmo com as críticas do campo de
esquerda à parcialidade da mídia, por sua postura abertamente antipetista, a
posição da extrema direita bolsonarista é de repulsa e ataques à mídia, com um
claro caráter anti-democrático. Esse fomento ao ataque à imprensa aparece na
realidade concreta já em 2018, ano em que ameaças e assassinatos a comunicadores
aumentou em 30% no Brasil [136].A deslegitimação desses meios de comunicação por
parte da campanha bolsonarista dá sustento ao seu canal prioritário de comunicação,
as redes sociais, determinantes para sua vitória nas urnas. Diferentemente do caso
de Trump com o Facebook, o WhatsApp, um aplicativo de mensagens instantâneas e
ligações, foi a rede que protagonizou a construção do eleitorado bolsonarista.
• Esses fatores funcionam como uma arma para estratégias criminosas, tal
qual a disseminação de fake news, que ocorreu massivamente nas campanhas de Trump e
Bolsonaro.

A mídia é um fator central da vida política contemporânea e não é possível mudar


este fato, os políticos sem mídia serão pouco votados, porque é nela que eles
tornam-se conhecidos. A política não consegue mais se desligar dos meios de
comunicação, e isso é evidente, pois a
política no mass media cresceu de uma forma estrondosa que acabou transformando o
comportamento da classe política que teve que se adaptar e aprender a usar os meios
para então desenvolver suas campanhas, onde a imagem/fala/propostas são necessárias
para o
político ser considerado pela população votante apto a exercer determinada
função/cargo público. O avanço das técnicas publicitárias é uma das características
mais visíveis das disputas eleitorais das últimas décadas. Nos regimes
democráticos, o povo mantém a prerrogativa de decidir quem exercerá o poder
político

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