Você está na página 1de 30

Etapa Ensino Fundamental

Anos Finais História

Ditadura civil-militar: o
discurso oficial versus
imprensa
9º ANO
Aula 18 – 3º Bimestre
Conteúdo Objetivos
• Leis, decretos, atos
• Identificar e analisar as
institucionais e outros
principais fontes históricas
documentos oficiais do
governo; disponíveis sobre a ditadura
civil-militar;
• Discursos de líderes políticos
e militares da época, como o • Desenvolver habilidades de
de 31 de março de 1964, análise crítica de fontes
proferido pelo então históricas, considerando
presidente Castelo Branco; aspectos, como a autoria, o
contexto de produção, o
• Jornais e revistas: a
conteúdo e a veracidade das
cobertura jornalística e o
informações.
papel da imprensa durante o
período.
Para começar
Você sabe o que é imprensa oficial?
O que é imprensa livre?
Qual é o papel da imprensa?
Quais são os veículos de comunicação?
Por que a maneira de veicular a
informação, mesmo as de igual teor,
pode diferenciar mediante o canal?
Existem conflitos ou divergências
entre o discurso oficial do governo e a
cobertura da imprensa livre? O que
isso pode representar?
Foco no conteúdo
Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964
Vigência
Dispõe sobre a manutenção da Constituição Federal de 1946 e as
Constituições Estaduais e respectivas Emendas, com as modificações
introduzidas pelo Poder Constituinte originário da revolução vitoriosa.
À nação
É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba
de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que
houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no
comportamento das classes armadas, como na opinião pública
nacional, é uma autêntica revolução.
Foco no conteúdo
A revolução distingue-se de outros movimentos armados pelo fato de
que nela se traduz não o interesse e a vontade de um grupo, mas o
interesse e a vontade da Nação.
A revolução vitoriosa investe-se no exercício do Poder Constituinte.
Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Essa é a
forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a
revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma.
Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo
governo.
De surpresa!
Na prática
1. Quais foram as principais mudanças provocadas pelo Ato
Institucional nº 1 a partir do golpe militar de 1964 em comparação
à Constituição de 1946?

2. De que maneira podemos compreender que o golpe militar se torna


contraditório ao enunciado do AI-1 em seu 1º parágrafo?
Na prática Correção
1. As principais mudanças entre a Constituição de 1946 e o primeiro
Ato Institucional do governo militar, que ocorreu em 1964, são
refletidas e refletem a transição do regime democrático para um
regime autoritário no Brasil. Aqui estão algumas das principais
diferenças: (1) Sistema político: a Constituição de 1946
estabeleceu um sistema presidencialista democrático, com
votação regular e separação entre os poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário. O primeiro Ato Institucional, por outro
lado, inaugurou o período da ditadura militar, no qual os militares
assumiram o controle do governo e instituíram um regime
autoritário, caracterizado pelo fechamento do Congresso Nacional,
pela suspensão de direitos políticos, pela intervenção em estados
e municípios e pela concentração de poder nas mãos dos militares;
(2) Direitos e garantias individuais foram sendo minimizadas.
Na prática Correção
2. O AI-1 e o regime militar não podem ser considerados uma
expressão da vontade do povo, uma vez que foram impostos
de maneira autoritária, sem o devido processo democrático
e em oposição aos princípios fundamentais da participação
popular e da liberdade política. Foi uma decisão imposta de
cima para baixo, ou seja, foi uma medida tomada
unilateralmente pelos militares, sem qualquer consulta ou
participação efetiva da sociedade civil. Não houve um
processo democrático ou eleitoral para que o povo
expressasse sua vontade. Ao contrário, o regime militar
suspendeu direitos constitucionais, cassou mandatos
políticos e instaurou uma ditadura.
Foco no conteúdo
Imprensa oficial e imprensa livre: o que as
difere?
A imprensa oficial refere-se a um sistema de veículos de comunicação
controlado pelo governo ou por entidades governamentais. É composta
por jornais, revistas, sites, emissoras de rádio e televisão que são
financiados e geridos pelo Estado ou por órgãos públicos. A imprensa
oficial tem como objetivo principal divulgar informações e comunicados
oficiais do governo, bem como promover as políticas, programas e
autoridades. Ela é responsável por publicar e divulgar atos normativos,
como leis, decretos, portarias e comunicados institucionais, a fim de
garantir a transparência e a publicidade dos atos administrativos.
Foco no conteúdo
A imprensa livre é um princípio fundamental da democracia que
garante a liberdade de expressão e o direito à informação. Refere-se
ao ambiente em que jornalistas, veículos de comunicação e cidadãos
têm o direito de buscar, receber e transmitir informações de maneira
independente, sem interferências, censuradas ou controladas ou de
outros poderes. Uma imprensa livre, que desempenha um papel crucial
na sociedade, funciona como um vigilante do poder, investigando e
relatando informações relevantes, analisando questões políticas,
motivadas e sociais, e promovendo o debate público de forma
saudável. Ela desempenha um papel fundamental na prestação de
contas dos governantes, no monitoramento das instituições e na
divulgação de fatos de interesse público.
Foco no conteúdo
A reação da imprensa durante a ditadura
militar no Brasil
A reação da imprensa brasileira à promulgação do Ato Institucional
nº 1, em 1964, foi variada e passou por diferenças ao longo do
período da ditadura militar. Inicialmente, após o golpe militar, alguns
veículos de imprensa apoiaram a intervenção militar e alegaram que
eram necessários para combater a corrupção e a ameaça comunista.
No entanto, à medida que o regime militar se consolidava e as ações
autoritárias eram tomadas, a imprensa começou a sofrer pressão e
censura. Jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão foram
manifestados à censura prévia, e muitos veículos de comunicação
foram censurados, suspensos ou seguros.
Foco no conteúdo
Apesar das restrições, alguns jornais e jornalistas mantiveram uma
postura crítica em relação ao regime militar e buscaram informar a
população sobre os abusos e violação de direitos humanos que
ocorriam. Esses profissionais enfrentam perseguições, prisões e até
mesmo tortura por sua postura crítica.
Ao longo do período da ditadura, houve momentos em que a imprensa
brasileira conseguiu maior flexibilização e espaço para expressar
críticas, mas essas janelas de liberdade frequentemente fechadas
quando o regime se sentia ameaçado.
A imprensa também foi alvo de um processo de controle e
manipulação por parte do governo militar. O regime buscava
influenciar a narrativa midiática e utilizava a propaganda para
promover sua ideologia e justificar suas ações.
Foco no conteúdo
No geral, a imprensa brasileira enfrenta desafios sofridos durante a
ditadura militar, com jornalistas lutando para equilibrar a necessidade
de informar a população com as pressões e restrições impostas pelo
regime autoritário. Muitos veículos de comunicação e profissionais da
imprensa desempenharam um papel importante na resistência à
ditadura e na busca pela redemocratização do país.
De surpresa!
Na prática
Cite as principais características da imprensa livre e da imprensa
oficial.
Na prática Correção
As principais características de uma imprensa livre incluem:
Liberdade editorial, em que os veículos de comunicação têm
autonomia para decidir o que publicar, sem interferência ou
controle por parte do governo ou de outros interesses externos,
e os jornalistas têm a liberdade de investigar e relatar de forma
independente. E são amparados por proteção legal.
As principais características da imprensa oficial incluem:
Financiamento governamental, em que a imprensa oficial é
financiada com recursos públicos, provenientes do orçamento
estatal ou de órgãos governamentais, o que significa que sua
subsistência depende do apoio financeiro do governo. Exerce
controle editorial.
Na prática
As imagens a seguir referem-se ao
pronunciamento oficial da morte do
jornalista Wladimir Herzog. Imagem 1:
“II Exército anuncia suicídio de
jornalista”. E a Imagem 2 “evidencia,
de maneira oficial”, a versão de que o
jornalista tinha se suicidado nas
dependências do DOI-Codi. Que
análise podemos realizar a partir de
tais “evidências”?

TODOS FALAM!
Na prática Correção
Os militares não tinham como esconder a morte e criaram a
versão de suicídio por enforcamento. Herzog teria usado o cinto
de pano do macacão de preso, segundo a polícia. Uma fotografia
grotesca foi distribuída à imprensa. Mostrava o corpo do
jornalista, de joelhos dobrados, com a cabeça pendida para a
direita e o pescoço atado por uma tira de pano à grade da cela.
A distância do chão até a grade era de 1,63 m. O macacão dos
presos não tinha cinto. Era uma cena claramente montada. A
farsa do suicídio foi oficializada em autópsia do legista Harry
Shibata. Somente em 2003, a viúva Clarice Herzog receberia o
atestado com as causas reais da morte: “lesões e maus-tratos
sofridos durante interrogatório em dependência do 2º Exército”.
Na prática
Vamos a um QUIZ!
A atuação da imprensa na articulação do golpe civil-militar, que
resultou na deposição de João Goulart e no início da Ditadura Militar
com a implantação do AI-1 e da eleição indireta de Humberto Castello
Branco, deu-se por meio da:
a. Frente Ampla
b. Ibad
c. Ipes
d. Rede da Democracia
e. Marcha da Família
Na prática Correção
A Rede da Democracia contou com a adesão de uma série de
emissoras de rádio e também com jornais impressos, destaque
para os expressivos jornais da Globo e o Jornal do Brasil. Esse
grupo atuou de outubro de 1963 a abril de 1964 e tinha como
objetivo promover a doutrinação ideológica para realizar a
destituição de João Goulart da presidência do Brasil. Tratou-se,
então, de uma conspiração para desestabilizar o governo.
Na prática
Ouça o discurso de posse de Castelo Branco, oficializado pela Imprensa
Oficial do governo militar.

http://memorialdademocracia.com.br/card/castelo-se-impoe-a-congresso-
mutilado#card-12

"Meu governo será o das leis, o das tradições e princípios morais e


políticos que refletem a alma brasileira.“

A partir do discurso do presidente Castelo Branco, de que maneira


você, enquanto imprensa livre e sabendo das consequências do regime
autoritário, poderia noticiar tal fato?
Na prática Correção

Professor, fique atento às respostas dos estudantes quanto


aos direitos e deveres da imprensa livre.
A maneira de noticiar tal fato precisa estar em consonância
com o texto exposto no slide 10.
Aplicando
Assista ao vídeo Ditadura/Regime Militar
– Resumo Desenhado, disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=93P
By0aZDf0, para responder ao que se
pede:

Por que a assinatura do AI-5


representou o período de maior
repressão do período ditatorial no
Brasil e quais são suas
consequências para a imprensa?
Na prática Correção
A assinatura do Ato Institucional número 5 (AI-5) representou o
ápice da repressão durante o período ditatorial no Brasil. O AI-5 foi
promulgado em 13 de dezembro de 1968 e conferiu amplos poderes
ao regime militar, intensificando a perseguição política, a censura e
a violação dos direitos humanos.
As principais consequências do AI-5 para a imprensa foram:
censura e controle da imprensa, uma vez que o AI-5 concedeu ao
governo poderes para censurar, controlar e reprimir veículos de
comunicação. Jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão
passaram a sofrer intensa vigilância e restrições em relação ao que
poderia ser publicado ou transmitido. O governo tinha o poder de
suspender a circulação de publicações e fechar meios de
comunicação considerados subversivos ou contrários ao regime.
Na prática Correção
Perseguição a jornalistas e profissionais da imprensa aumentou e
evoluiu em uma onda de concentração a jornalistas e profissionais
da imprensa que se posicionaram contra o regime militar. Muitos
foram presos, torturados, exilados ou tiveram suas carreiras
interrompidas. O objetivo era silenciar as vozes críticas e impedir a
divulgação de informações que contrariassem a narrativa oficial.
Autocensura e autorrepressão, diante da repressão imposta pelo
AI-5, muitos veículos de comunicação e profissionais da imprensa
adotaram uma postura de autocensura, evitando abordar temas
considerados sensíveis ou críticos ao regime. O medo de
represálias levou à autorrepressão, prejudicando a liberdade de
expressão e a capacidade de a imprensa cumprir seu papel de
informar e fiscalizar o poder.
Na prática Correção
Restrição do acesso à informação: com o AI-5, o governo também
restringiu o acesso à informação, dificultando o trabalho dos
jornalistas e impedindo a divulgação de fatos que contrariassem a
versão oficial dos acontecimentos. A falta de transparência
prejudicou a sociedade, que ficou privada de informações essenciais
para a formação de opinião e o exercício da cidadania.
Fragilização do ambiente democrático: o AI-5 representou um duro
golpe nas instituições democráticas do país. O fechamento do
Congresso Nacional, a suspensão de garantias constitucionais e a
concentração de poder nas mãos dos militares minaram os
princípios fundamentais de um Estado democrático de direito. A
imprensa livre e independente é um pilar essencial da democracia,
e essa repressão contribuiu para a manutenção do regime
autoritário no Brasil.
O que aprendemos hoje?
• A imprensa oficial refere-se a um sistema de veículos de
comunicação controlado pelo governo ou por entidades
governamentais. É composta por jornais, revistas, sites,
emissoras de rádio e televisão que são financiados e geridos
pelo Estado ou por órgãos públicos. A imprensa oficial tem
como objetivo principal divulgar informações e comunicados
oficiais do governo, bem como promover políticas, programas e
autoridades.
• A imprensa livre é um princípio fundamental da democracia que
garante a liberdade de expressão e o direito à informação.
Refere-se ao ambiente em que jornalistas, veículos de
comunicação e cidadãos têm o direito de buscar, receber e
transmitir informações de maneira independente, sem
interferências, censura ou controle, ou de outros poderes.
Tarefa SP
Localizador: 98604

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
GOMES, Nilma Lino. Sem perder a raiz. Corpo e cabelo como símbolos da
identidade negra. Editora Autêntica, 2019.
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 49 técnicas para ser um professor campeão de
audiência. Trad. Leda Beck; consultoria e revisão técnica Guiomar N. de Mello e
Paula Louzano. São Paulo: Da Prosa: Fundação Lemann, 2011.
MUNANGA, Kabengele; GOMES, Nilma Lino. Para entender o negro no Brasil
hoje: histórias, realidades, problemas e caminhos. Ed. Global e Distribuidora
Ltda. Ação Educativa, 2004.
Memorial da Democracia. Disponível em:
http://memorialdademocracia.com.br/card/vladimir-herzog-e-assassinado-no-doi-
codi
Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ait/ait-01-64.htm
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Imagens licenciadas em CC BY-NC.
Slide 16 – Imagens:
http://memorialdademocracia.com.br/card/vladimir-herzog-e-
assassinado-no-doi-codi.
Slide 20 – Imagem:
http://memorialdademocracia.com.br/card/castelo-se-impoe-a-
congresso-mutilado#card-12
Slide 22 – Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=93PBy0aZDf0
Material
Digital

Você também pode gostar