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África: sistemas

políticos e
conflitos
geopolíticos
Profa. Raquel Melilo
Sistemas políticos nas sociedades modernas
Monarquia é uma forma de governo, sendo a mais antiga em vigência nos dias atuais. Em uma monarquia, o rei/rainha
ou imperador/imperatriz ocupa o cargo de monarca e, geralmente, é chefe de Estado, podendo ser também chefe de
governo. Essa variação vai depender, basicamente, do tipo da monarquia.
Exemplos na África: Marrocos, Lesoto e Eswatini (Suazilândia).

República: É a forma de governo onde um representante é escolhido pelo povo para ser o chefe do Estado, podendo ou
não acumular com o poder executivo.
1) República presidencialista: o presidente acumula as funções de Chefe de Estado e de governo.
* caso da maioria dos países africanos.
2) República parlamentarista: o presidente apenas responde à chefia do Estado, estando a chefia do governo atribuída
ao representante escolhida de forma indireta pelo Legislativo, chamado “premier” (França), “primeiro-ministro”
(Portugal) ou chanceler (na Alemanha).
Exemplos na África: África do Sul, Argélia, Líbia e Mali.

Fonte: FERNANDES, Cláudio. "O que é república?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-e-republica.htm. Acesso em 20 de
outubro de 2019.
Na África, predominam os sistemas políticos republicanos
presidencialistas. Mas, dizer que um país tem um sistema
presidencialista, não significa dizer que ele tem uma democracia bem
consolidada.

Sistema político Representatividade do povo

Democracia: Forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo


Sistema político influenciado pela vontade popular e que tem por obrigação distribuir o poder
equitativamente entre os cidadãos, assim como controlar a autoridade de seus representantes.

(fonte: Dicionário Michaelis)


Processo de democratização da África
Quadro geral da democratização

- Processo de democratização: tardio

- “os processos das independências africanas não produziram os efeitos que seriam esperados, tanto do ponto
de vista político como econômico”

- O processo que foi inaugurado com a independência da então colônia britânica da Costa do Ouro (atual Gana),
em 1957, foi intensificado com a conquista da independência, nos anos 60, das ex-colônias francesas e
britânicas

- Portugal, pioneiro nos descobrimentos do Novo Mundo e na colonização, mas retardatário no processo de
descolonização, só cedeu à vontade de autodeterminação das suas colônias nos anos 70.
Classificação dos processos de democratização de 30 países africanos
(Fonte: Liberalização Política e Democratização na África: Uma Análise Qualitativa*)
Quando um país não é uma democracia, é o que, afinal?
Ditadura?
Para maioria dos cientistas políticos para que um governo seja considerado oficialmente uma ditadura, tem que
haver uma tomada de poder por meio de processos revolucionários e/ou violentos, com ou sem participação das
forças armadas.
Dessa maneira, nem todo governo que nega os processos democráticos (por meio de fraudes eleitorais, negação
do poder do povo, restrições às liberdades individuais e perseguição à oposição) é uma ditadura.

Autocracia democrática?
Um conceito que explica essa “negação da democracia” pode ser definido como autocracia democrática. Trata-se
de países onde o governante implementa uma 'falsa' democracia, com eleições fraudulentas e tentativas de
minar a oposição.
O último Rei da Escócia (baseado na história de
Uganda)
Nicholas é um médico escocês que, após
https://www.youtube.com/watch?v=U-g2D6H
BInQ sair da faculdade, parte para Uganda para
ajudar um país que precisa muito de suas
habilidades. Logo após sua chegada
Nicholas é levado ao local de um acidente
bizarro, onde ele impressiona e faz
amizade com o líder recém-empossado do
país, um dos piores ditadores que a África
já teve.
Autocracia X Ditadura
Exemplo de autocracia: Zimbábue Exemplo de ditadura: Uganda

- O país foi governado por Robert Mugabe - Em 1962, Uganda se tornou um país independente e, quatro
durante 37 anos. (1980-2017) anos depois, Idi Amin foi nomeado líder do Exército e da
- O biógrafo conta que ele permaneceu no Marinha pelo presidente Milton Obote. Em 1971, ele deu um
comando "por meio da violência e da golpe de Estado em Obote e se declarou presidente vitalício.
repressão, atacando os opositores políticos, - Embora tenha sido derrubado em 1979 (por exilados e tropas
transgredindo os tribunais, pisoteando nos da Tanzânia), o governo de Idi Amin e sua perseguição a
direitos de propriedade, suprimindo a opositores, que foram sistematicamente torturados e mortos,
imprensa independente e manipulando as
não foram devidamente processados pelas instituições e a
eleições".
memória do país.
Conflito Ruanda
Em apenas cem dias em 1994, cerca de 800 mil
pessoas foram massacradas em Ruanda por
extremistas étnicos hutus. Eles vitimaram membros da
comunidade minoritária tutsi, assim como seus
adversários políticos, independentemente da sua
origem étnica.
Síntese do conflito - Ruanda (1994)
A guerra civil que opôs as etnias tutsi e hutu em Ruanda começou em outubro de
1990, quando a guerrilha de tutsis exilados invadiu o norte do país. O ápice do
conflito, no entanto, foi em 1994.
O conflito tem muitas raízes históricas. No século 15, quando os tutsis invadiram a
região, antes dominada pelos hutus, já estava instaurada uma inimizade que duraria
anos.
Os belgas ocuparam Ruanda em 1918 e transformam os tutsis (minoria) na elite
local.
Condicionantes históricos: ocupação de Ruanda
pré colonial
Os twas foram os que primeiro
ocuparam a região que hoje é
Ruanda, seguido pelos hutus
(séculos V a XI) e pelos tutsis
(XIII).

Composição étnica atual de


Ruanda:
Hutus: 90%
Tutsi: 9%
Twa: 1%
Condicionantes históricos: ocupação colonial

Antes do
período
neocolonial,
tutsi e hutu
viviam em
relativa
harmonia

Período Ocupação inicial da Alemanha Pós 1ª Guerra Mundial: ocupação


colonial: da Bélgica.
Condicionantes históricos: ocupação belga
Em função
das
diferenças
físicas entre
as três etnias,
os belgas
criaram o
argumento
de
superioridade
do povo tutsi
baseada na
teoria das
raças. Isso fez com os belgas subjugarem
os tutsis, que por sua vez fizeram o
mesmo com os hutus.
Condicionantes históricos: pós independência 1962
1962: Os hutus, alimentando um ressentimento acumulado, chegam ao poder pós independência.
Vários tutsis fogem e se organizam em outros países (principalmente Uganda).

- Os tutsi criam uma organização chamada Frente Patriótica Ruandesa (FTR), que começa a atuar
em Ruanda.

1990 - 1993: A FTR invadiu Ruanda e lutou continuamente até que um acordo de paz foi estabelecido
em 1993.

1994: O presidente hutu, Juvenal Habyarimana, foi assinar o acordo de Paz na Tanzânia e seu avião foi
abatido por um míssil.

Extremistas hutus culparam a FTR e imediatamente começaram uma campanha


bem organizada de assassinato aos tutsi.
Como o genocídio foi realizado?
“Com organização meticulosa. As listas de opositores do governo foram entregues às milícias,
juntamente com os nomes de todos os seus familiares. Vizinhos mataram vizinhos, e alguns maridos
até mataram suas mulheres tutsis, dizendo que seriam mortos caso se recusassem. Na ocasião,
carteiras de identidade apresentavam o grupo étnico das pessoas, então milícias montaram bloqueios
nas estradas onde abateram os Tutsis, muitas vezes com facões que a maioria dos ruandeses têm em
casa. Milhares de mulheres tutsi foram levadas e mantidas como escravas sexuais”

Fonte: BBC Brasil

Em apenas cem dias em 1994, cerca de 800 mil pessoas foram massacradas em Ruanda por
extremistas étnicos hutus
Alguém tentou parar o genocídio?
“Os franceses, que eram aliados do governo hutu, enviaram militares para criar uma zona
supostamente segura, mas foram acusados de não fazer o suficiente para parar a chacina nessa
área. O atual governo de Ruanda acusa a França de "ligações diretas" com o massacre - uma acusação
negada por Paris.”

Fonte: BBC Brasil


Cena do filme:
“Hotel Ruanda”
Como terminou?
“A bem organizada RPF, apoiada pelo exército de Uganda, gradualmente conquistou mais território,
até 4 de julho, quando as suas forças marcharam para a capital, Kigali. Cerca de dois milhões de hutus
- civis e alguns dos envolvidos no genocídio - fugiram em seguida pela fronteira com a República
Democrática do Congo, na época chamado Zaire, temendo ataques de vingança.”

- O massacre terminou com a vitória militar da Frente Patriótica de Ruanda.

Fonte: BBC Brasil

Como é Ruanda agora?


Agora é ilegal falar sobre etnia em Ruanda - o governo diz que isso evita mais derramamento de
sangue, mas alguns dizem que impede uma verdadeira reconciliação e apenas coloca uma tampa
sobre as tensões, que vão acabar fervendo de novo no futuro.
Questão de análise final
Qual a relação entre Malthus e o genocídio em Ruanda?

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