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Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
5. Interpreta a ordem expressa no último verso, tendo em conta o sentido geral do poema.
CORREÇÃO:
1. O desejo de o sujeito poético endoidecer deveras prende-se com o seu estado de alma:
uma angústia que, nas suas palavras, o domina há muito (“Esta velha angústia”, v. 1) e
que o atormenta, que o invade como se lhe “amachucasse” a alma (“a fazer-me pregas na
lama”, v. 9) e que quase o impede de viver (“mal sei como conduzir-me na vida”, v. 8).
Esta angústia enraíza-se, ainda, na consciência da loucura (“lúcido e louco”, v. 18).
4. Essa ânsia do sujeito poético é a única esperança para a dor e o desespero que o
angustiam e que inundam e destroem o seu fragilizado coração (“Estala, coração de vidro
pintado”, v. 38). A consciência que tem de si leva-o a desejar a crença numa força
qualquer que lhe pudesse atenuar o sofrimento, ainda que fosse um “manipanso” (v. 30)
qualquer.
5. Perante o estado de angústia sem solução em que se encontra (em que nem Deus o pode
socorrer), o sujeito poético invoca o seu coração, sugerindo-lhe que estale, o que revela a
consciência que tem da sua fragilidade interior e do seu equilíbrio enquanto pessoa.