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XVII e XVIII
Durante estes séculos surge a época do capitalismo comercial, que
era o sistema económico que se caracterizava pelo papel
determinante do comércio no desenvolvimento económico,
assistindo-se ao desenvolvimento da burguesia comercial e
financeira. A procura do lucro é uma das ideias determinantes deste
sistema.
Esta dinâmica económica provocou a colonização do continente
europeu em que se desenvolveram grandes plantações de açúcar,
café, tabaco e algodão, propagando-se também as minas de ouro e
prata.
Todos estes produtos são enviados para os mercados europeus, em
contrapartida recebem produtos industriais e agrícolas e sobretudo
obra de mão escrava, oriunda da África, necessária para o
desenvolvimento das explorações.
Existem duas rotas fundamentais no comércio internacional:
A rota do Cabo, que se dirigia para a Ásia;
A rota Atlântica, ou comércio triangular (Europa-África-
América-Europa);
A grande base deste comércio é o tráfico negreiro;
Balança comercial: é a relação entre o volume (dinheiro) das
importações e das exportações.
Se o volume das exportações é maior a balança é positiva.
Se o volume das importações é maior a balança é negativa.
Mercantilismo: defende que a principal riqueza de um Estado é a
quantidade de metais preciosos acumulados, sendo conseguido através
de uma balança comercial favorável, isto é, o valor das exportações tem
que ultrapassar o valor das importações.
O mercantilismo em França
foi introduzido em França por Colbert, ministro de D.Luís XIV;
o colbertismo consistiu numa política fortemente protecionista das
manufaturas francesas;
Colbert introduziu novas indústrias recorrendo à importação de
técnicos estrangeiros;
desenvolveu a criação de grandes manufaturas, desenvolvendo uma
política de subsídios, monopólios e outros incentivos;
criou manufaturas reais que se dedicassem sobretudo à criação de
luxo para a corte de D.Luís XIV;
investiu no incremento da marinha mercante para desenvolver o
comércio e a marinha de guerra;
o colbertismo foi fortemente dirigista estatal, mas falhou fortemente
na tentativa de criar uma balança comercial positiva pois não deu
importância à agricultura, não criou condições para o
desenvolvimento de um mercado interno, dificultou em demasia a
iniciativa privada e incrementou os gastos com a corte, a defesa e os
apoios à indústria;
O sistema mercantil em Inglaterra
O mercantilismo inglês foi maís flexível, conseguiu adaptar-se às
novas circunstâncias e por isso mesmo conseguiu um elevado grau
de eficácia;
O mercantilismo inglês procurou, em especial, desenvolver a
marinha e o setor comercial;
Entre 1661 e 1663, foram promulgadas uma série de leis, os Atos de
Navegação; O objetivo fundamental destas leis era banir os
holandeses das áreas de comércio inglês e determinavam que todas
as mercadorias que entrassem na Inglaterra seriam obrigatoriamente
transportadas em barcos ingleses ou do país de origem dessas
mercadorias;
A marinha inglesa desenvolveu-se fortemente, criaram grandes
companhias de comércio, a mais importante foi a Companhia das
Índias Orientais, uma sociedade por ações que detinha os direitos
exclusivos sobre todo o comércio oriental; Protegeram as indústrias
de lãs, proibindo a exportação de matéria-prima inglesa e
aumentaram as taxas alfandegárias sobre os produtos estrangeiros;
Protegeram a agricultura criando taxas alfandegárias para os cereais
estrangeiros;
O equilíbrio europeu e as disputas das áreas coloniais
Durante o Antigo Regime o equilíbrio entre os diversos estados
europeus foi afetado por diversos conflitos e guerras provocados por
questões religiosas (Guerra dos Trinta Anos), sucessões dinásticas
(Guerra da Restauração, entre Portugal e Espanha) ou disputas
territoriais ou económicas, como a guerra entre a Holanda e a
Espanha;
O equilíbrio europeu foi muito frágil e sucederam-se numerosos
conflitos;
Até à segunda metade do século XVII, os Holandeses dominaram o
comércio internacional;
Especializaram-se no transporte de produtos a baixo custo;
Criaram empresas que funcionavam por ações, desenvolveram
técnicas comerciais inovadoras como a divulgação das letras de
câmbio, criação do Banco de Amesterdão e da Bolsa de Valores;
O Banco de Amesterdão funcionava como se um banco nacional se
tratasse;
A Bolsa de Valores era o local onde se transacionavam as ações;
Em 1650, Amesterdão era o principal centro de comércio europeu;
As colónias tornar-se-ão num motivo de rivalidade entre os estados
europeus;
A hegemonia inglesa
O sucesso inglês nas diversas guerras travadas nos séculos XVII e
VXIII que lhe permitiu o domínio dos mares em consonância com as
inovações tecnológicas que se deram na agricultura, comércio e
sobretudo indústria, criaram as condições para a hegemonia britânica
no séc.XVIII até ao inicio do séc.XX;
Desenvolveu-se um novo sistema de rotações de cultura que
alternava as culturas de cereais com leguminosas (feijão, nabo) e as
plantas forrageiras (trevo, luzerna, que eram alimento para o gado)
que tornaram possível a renovação do solo;
A vedação dos campos foi um elemento importante da revolução
agrícola;
Surgem os primeiros projetos de mecanização agrícola, em que se
selecionava as sementes, melhorava-se as raças dos animais;
O crescimento demográfico, consequência do desenvolvimento
económico, deriva do aumento de casamentos e do número de
nascimentos e recuo na mortalidade;
Crescimento económico e crescimento demográfico estão
interligados e influenciam-se mutuamente;
Existe um número crescente de consumidores e não existem
alfandegas internas que eram comuns em muitos países europeus;
Surge um mercado nacional unificado em que os produtos e a mão
de obra circulam livremente;
A Inglaterra iniciou o melhoramento dos transportes criando uma
ampla rede de canais e desenvolveram as estradas;
Os grandes lucros do comércio inglês residiam no comércio
ultramarino;
No Oriente, o comércio inglês era dominado pela Companhia das
Índias Orientais e dominavam o comércio de especiarias, seda,
porcelana, chás e panos de algodão indianos;
Revolução industrial
Foi impulsionada por diversos fatores:
o desenvolvimento agrícola;
o crescimento demográfico;
o desenvolvimento comercial;
o alargamento dos mercados internos e externos;
os avanços tecnológicos;
a capacidade empreendedora dos ingleses;
No séc.XVIII iniciaram-se uma série de avanços tecnológicos que
vão começar na indústria têxtil que liderou a Revolução Industrial
inglesa;
O aumento da procura, tanto interna como externa e a abundância de
matérias-primas (colónias) impulsionaram os progressos
tecnológicos no setor algodoeiro;
Jonh Kay inventou a lançadeira volante que multiplicava a
produtividade por 10 e faz escassear o fio;
J.Hargreaves inventou uma nova máquina de fiar (Jenny) em 1765,
que permitia a uma fiadeira trabalhar com 8 fios ao mesmo tempo,
mais tarde passou para 80, o que desequilibrou a produção e forçou a
procura de novas lançadeiras que tornassem possível o aumento da
produção de tecidos;
O desenvolvimento do setor têxtil, foi acompanhado de perto, pelo
da metalurgia que fornecia as máquinas e outros equipamentos;
Vários inventos tornaram possível produzir em grandes quantidades,
ferro de boa qualidade e resistente;
A ponte de ferro de Coalbrookdale foi inaugurada no séc.XVIII;
A partir de 1830, a indústria metalúrgica tornou-se no principal setor
industrial;
James Watt inventou uma nova força motriz, a máquina a vapor em
1765, este invento foi aplicado para mover teares, locomotivas, etc;
Em meados do séc.XIX, as máquinas a vapor efetuavam um volume
de trabalho superior ao de 40 milhões de homens;
A maquinofatura tinha substituído a manufatura;
A Revolução Industrial vai provocar tremendas transformações na
sociedade e na vida das pessoas;
Camponeses migram para as cidades à procura de trabalho;
As cidades crescem, surgindo bairros operários e fábricas e surge
uma classe média;
A burguesia comercial domina económica e politicamente, impõe os
seus valores, cultura e forma de viver;
Os transportes aceleram, encurtam distância e tornam possível a
circulação de enormes quantidades de pessoas e mercadorias;
As notícias e ideias viajam rapidamente;
A Inglaterra foi a nação pioneira da Revolução Industrial e iniciou
uma nova época, a do capitalismo industrial.
Portugal-dificuldades e crescimento económico
Portugal viveu durante o século XVIII da exportação de produtos
coloniais como o açúcar, o tabaco e as especiarias;
Em meados do século, os holandeses, ingleses e franceses
começaram a produzir esses produtos e a fazer concorrência aos
produtos coloniais portugueses;
Fruto destas concorrências, da aplicação das políticas mercantilistas,
desencadeou-se uma grave crise comercial em Portugal;
Entre 1670 e 1692, os produtos não eram vendidos e acumulavam-se
nos armazéns em Lisboa;
Fruto da concorrência e da diminuição da procura os preços
baixavam constantemente;
A perda da receita vai ocasionar um desequilíbrio na nossa balança
comercial, passando a importar muito mais do que exportar;
O país continuava muito dependente dos produtos manufaturados;
Duarte Ribeiro de Macedo, embaixador de Portugal em Paris,
publica o livro “Discurso sobre a Introdução das Artes de Reyno”,
em que defende as políticas de Colbert e a necessidade de as
implementar em Portugal;
Os ministros de D.Pedro II, o marquês da Fronteira e, sobretudo, o
conde de Ericeira procuraram desenvolver em Portugal uma política
mercantilista e procuram equilibrar a balança de pagamentos
portuguesa;
Principais medidas tomadas pelo conde de Ericeira:
contratação de artesãos especializados estrangeiros;
criação de indústrias (vidro, ferro e têxteis) às quais concedeu
subsídios e outros privilégios;
promulgou as Leis Pragmáticas que proibiam o uso de
determinados produtos de luxo importados, para proteger a
indústria nacional;
criação de várias companhia monopolistas: Companhia do
Cachéu(escravos), Companhia do Maranhão (comércio
brasileiro) e outras;
desvalorizou a moeda nacional para tornar os produtos
portugueses mais competitivos internacionalmente.
A partir de 1692, a crise comercial parecia estar em vias de ser
solucionada, os produtos coloniais aumentaram as suas vendas e os
preços subiram, subindo também as receitas do Estado;
Nessa altura, descobre-se o ouro no Brasil, fruto da ação dos
bandeirantes;
Os bandeirantes foram expedições realizadas pelo interior do Brasil
quase sempre por iniciativa de particulares;
Descobrem grandes jazidas de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e
Goiás;
Esta descoberta vai disponibilizar dinheiro para o país pagar as
importações e abandona as políticas mercantilistas;
Só na primeira metade do séc.XVII, entraram em Portugal mais de
500 toneladas de ouro;
Este ouro vai suportar os esplendor da corte de D.João V;
Ou seja, o ouro é gasto em luxos e para importar produtos
manufaturados;
Em 1703, Portugal e Inglaterra assinam o Tratado de Metheun;
O tratado estipula que os tecidos ingleses não pagarão impostos
alfandegários, em troca os vinhos portugueses pagariam na entrada
em Inglaterra apenas dois terços dos direitos exigidos aos vinhos
franceses;
Este tratado foi responsabilizado pela destruição da industrialização
portuguesa mas na realidade apenas acelerou um processo que já
estava a decorrer (abrandamento da industrialização);
A Inglaterra apoio a causa portuguesa na guerra da Restauração e os
portugueses pagavam à Inglaterra benefícios económicos;
O Tratado de Metheun permitiu o crescimento das exportações dos
vinhos portugueses;
Levou à subida do poder de proprietários vinhateiros como o duque
de cadaval e o marquês de Alegrete;
O défice comercial em Inglaterra não parava de crescer;
Cerca de três quartos do ouro brasileiro ia parar a Inglaterra;
A política económica e social pombalina
Em meados do séc.XVIII, as remessas do ouro brasileiro começaram
a diminuir, os produtos coloniais baixaram de preço e Portugal
mergulhava numa nova crise económica;
No reinado de D.José I, destacava-se a figura de um ministro,
Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal (1699-
1782);
Inicia uma política cujos objetivos fundamentais foram a redução do
défice comercial com o estrangeiro e a nacionalização do sistema
comercial português, nesta altura em mãos inglesas;
Inspirados pelas políticas mercantilistas procurou diminuir as
importações e reativar a indústria e comércio;
Em 1755 foi fundada a Junta do Comércio, órgão ao qual competia
regular grande parte das atividades económicas, era responsável por
controlar as alfandegas, licenciar a abertura de novas lojas e
atividades económicas, vigiar o comércio com o Brasil, etc;
Criou companhias monopolistas com privilégios e apoios ao Estado
para competir com os ingleses;
Fundos a Companhia das Vinhas do Alto Douro;
Revitalizou as indústrias existentes e fundou outras, concedendo
privilégios, isenções e outros apoios ao estado;
Em 1759, em Lisboa, criou a Aula do Comércio, a primeira escola
comercial na europa, que preparava os futuros comerciantes;
Em 1770, o comércio foi declarado como “profissão nobre,
necessária e proveitosa”, concedendo à alta burguesia acionistas das
grandes companhias monopolistas e estatuto de nobre;
Em 1768, terminou com a distinção entre cristãos-novos (judeus
convertidos ao cristianismo) e cristãos-velhos;
No sentido de reforçar o absolutismo:
limitou o poder da Inquisição;
expulsou os jesuítas (Companhia de Jesus) que dominavam o
ensino em Portugal;
perseguiu alguns elementos da nobreza portuguesa;
apesar de seus esforços o comércio externo português
continuou a ser dominado por estrangeiros, no entanto
conseguiu promover a burguesia portuguesa;
Nos finais do séc.XVIII, como resultado das políticas
pombalinas, Portugal conheceu uma nova época de
prosperidade ajudada pelo aumento da procura inglesa que
tinha perdido as colónias americanas e por isso os produtos
coloniais viram o seu mercado aumentar;
A indústria portuguesa também viu o seu mercado interno
aumentar e sobretudo subiram as exportações para o Brasil;
As guerras que a Inglaterra e a França se envolveram, também
contribuíram para um desenvolvimento comercial português;
Entre 1796 e 1807, a balança comercial portuguesa foi
positiva, no entanto esta recuperação económica continuou a
estar, em grande parte, dependente da procura estrangeira.