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Triunfo dos estados e dinâmicas económicas nos séc.

XVII e XVIII
 Durante estes séculos surge a época do capitalismo comercial, que
era o sistema económico que se caracterizava pelo papel
determinante do comércio no desenvolvimento económico,
assistindo-se ao desenvolvimento da burguesia comercial e
financeira. A procura do lucro é uma das ideias determinantes deste
sistema.
 Esta dinâmica económica provocou a colonização do continente
europeu em que se desenvolveram grandes plantações de açúcar,
café, tabaco e algodão, propagando-se também as minas de ouro e
prata.
 Todos estes produtos são enviados para os mercados europeus, em
contrapartida recebem produtos industriais e agrícolas e sobretudo
obra de mão escrava, oriunda da África, necessária para o
desenvolvimento das explorações.
 Existem duas rotas fundamentais no comércio internacional:
 A rota do Cabo, que se dirigia para a Ásia;
 A rota Atlântica, ou comércio triangular (Europa-África-
América-Europa);
 A grande base deste comércio é o tráfico negreiro;
Balança comercial: é a relação entre o volume (dinheiro) das
importações e das exportações.
Se o volume das exportações é maior a balança é positiva.
Se o volume das importações é maior a balança é negativa.
Mercantilismo: defende que a principal riqueza de um Estado é a
quantidade de metais preciosos acumulados, sendo conseguido através
de uma balança comercial favorável, isto é, o valor das exportações tem
que ultrapassar o valor das importações.
O mercantilismo em França
 foi introduzido em França por Colbert, ministro de D.Luís XIV;
 o colbertismo consistiu numa política fortemente protecionista das
manufaturas francesas;
 Colbert introduziu novas indústrias recorrendo à importação de
técnicos estrangeiros;
 desenvolveu a criação de grandes manufaturas, desenvolvendo uma
política de subsídios, monopólios e outros incentivos;
 criou manufaturas reais que se dedicassem sobretudo à criação de
luxo para a corte de D.Luís XIV;
 investiu no incremento da marinha mercante para desenvolver o
comércio e a marinha de guerra;
 o colbertismo foi fortemente dirigista estatal, mas falhou fortemente
na tentativa de criar uma balança comercial positiva pois não deu
importância à agricultura, não criou condições para o
desenvolvimento de um mercado interno, dificultou em demasia a
iniciativa privada e incrementou os gastos com a corte, a defesa e os
apoios à indústria;
O sistema mercantil em Inglaterra
 O mercantilismo inglês foi maís flexível, conseguiu adaptar-se às
novas circunstâncias e por isso mesmo conseguiu um elevado grau
de eficácia;
 O mercantilismo inglês procurou, em especial, desenvolver a
marinha e o setor comercial;
 Entre 1661 e 1663, foram promulgadas uma série de leis, os Atos de
Navegação; O objetivo fundamental destas leis era banir os
holandeses das áreas de comércio inglês e determinavam que todas
as mercadorias que entrassem na Inglaterra seriam obrigatoriamente
transportadas em barcos ingleses ou do país de origem dessas
mercadorias;
 A marinha inglesa desenvolveu-se fortemente, criaram grandes
companhias de comércio, a mais importante foi a Companhia das
Índias Orientais, uma sociedade por ações que detinha os direitos
exclusivos sobre todo o comércio oriental; Protegeram as indústrias
de lãs, proibindo a exportação de matéria-prima inglesa e
aumentaram as taxas alfandegárias sobre os produtos estrangeiros;
Protegeram a agricultura criando taxas alfandegárias para os cereais
estrangeiros;
O equilíbrio europeu e as disputas das áreas coloniais
 Durante o Antigo Regime o equilíbrio entre os diversos estados
europeus foi afetado por diversos conflitos e guerras provocados por
questões religiosas (Guerra dos Trinta Anos), sucessões dinásticas
(Guerra da Restauração, entre Portugal e Espanha) ou disputas
territoriais ou económicas, como a guerra entre a Holanda e a
Espanha;
 O equilíbrio europeu foi muito frágil e sucederam-se numerosos
conflitos;
 Até à segunda metade do século XVII, os Holandeses dominaram o
comércio internacional;
 Especializaram-se no transporte de produtos a baixo custo;
 Criaram empresas que funcionavam por ações, desenvolveram
técnicas comerciais inovadoras como a divulgação das letras de
câmbio, criação do Banco de Amesterdão e da Bolsa de Valores;
 O Banco de Amesterdão funcionava como se um banco nacional se
tratasse;
 A Bolsa de Valores era o local onde se transacionavam as ações;
 Em 1650, Amesterdão era o principal centro de comércio europeu;
 As colónias tornar-se-ão num motivo de rivalidade entre os estados
europeus;
A hegemonia inglesa
 O sucesso inglês nas diversas guerras travadas nos séculos XVII e
VXIII que lhe permitiu o domínio dos mares em consonância com as
inovações tecnológicas que se deram na agricultura, comércio e
sobretudo indústria, criaram as condições para a hegemonia britânica
no séc.XVIII até ao inicio do séc.XX;
 Desenvolveu-se um novo sistema de rotações de cultura que
alternava as culturas de cereais com leguminosas (feijão, nabo) e as
plantas forrageiras (trevo, luzerna, que eram alimento para o gado)
que tornaram possível a renovação do solo;
 A vedação dos campos foi um elemento importante da revolução
agrícola;
 Surgem os primeiros projetos de mecanização agrícola, em que se
selecionava as sementes, melhorava-se as raças dos animais;
 O crescimento demográfico, consequência do desenvolvimento
económico, deriva do aumento de casamentos e do número de
nascimentos e recuo na mortalidade;
 Crescimento económico e crescimento demográfico estão
interligados e influenciam-se mutuamente;
 Existe um número crescente de consumidores e não existem
alfandegas internas que eram comuns em muitos países europeus;
 Surge um mercado nacional unificado em que os produtos e a mão
de obra circulam livremente;
 A Inglaterra iniciou o melhoramento dos transportes criando uma
ampla rede de canais e desenvolveram as estradas;
 Os grandes lucros do comércio inglês residiam no comércio
ultramarino;
 No Oriente, o comércio inglês era dominado pela Companhia das
Índias Orientais e dominavam o comércio de especiarias, seda,
porcelana, chás e panos de algodão indianos;
Revolução industrial
 Foi impulsionada por diversos fatores:
 o desenvolvimento agrícola;
 o crescimento demográfico;
 o desenvolvimento comercial;
 o alargamento dos mercados internos e externos;
 os avanços tecnológicos;
 a capacidade empreendedora dos ingleses;
 No séc.XVIII iniciaram-se uma série de avanços tecnológicos que
vão começar na indústria têxtil que liderou a Revolução Industrial
inglesa;
 O aumento da procura, tanto interna como externa e a abundância de
matérias-primas (colónias) impulsionaram os progressos
tecnológicos no setor algodoeiro;
 Jonh Kay inventou a lançadeira volante que multiplicava a
produtividade por 10 e faz escassear o fio;
 J.Hargreaves inventou uma nova máquina de fiar (Jenny) em 1765,
que permitia a uma fiadeira trabalhar com 8 fios ao mesmo tempo,
mais tarde passou para 80, o que desequilibrou a produção e forçou a
procura de novas lançadeiras que tornassem possível o aumento da
produção de tecidos;
 O desenvolvimento do setor têxtil, foi acompanhado de perto, pelo
da metalurgia que fornecia as máquinas e outros equipamentos;
 Vários inventos tornaram possível produzir em grandes quantidades,
ferro de boa qualidade e resistente;
 A ponte de ferro de Coalbrookdale foi inaugurada no séc.XVIII;
 A partir de 1830, a indústria metalúrgica tornou-se no principal setor
industrial;
 James Watt inventou uma nova força motriz, a máquina a vapor em
1765, este invento foi aplicado para mover teares, locomotivas, etc;
 Em meados do séc.XIX, as máquinas a vapor efetuavam um volume
de trabalho superior ao de 40 milhões de homens;
 A maquinofatura tinha substituído a manufatura;
 A Revolução Industrial vai provocar tremendas transformações na
sociedade e na vida das pessoas;
 Camponeses migram para as cidades à procura de trabalho;
 As cidades crescem, surgindo bairros operários e fábricas e surge
uma classe média;
 A burguesia comercial domina económica e politicamente, impõe os
seus valores, cultura e forma de viver;
 Os transportes aceleram, encurtam distância e tornam possível a
circulação de enormes quantidades de pessoas e mercadorias;
 As notícias e ideias viajam rapidamente;
 A Inglaterra foi a nação pioneira da Revolução Industrial e iniciou
uma nova época, a do capitalismo industrial.
Portugal-dificuldades e crescimento económico
 Portugal viveu durante o século XVIII da exportação de produtos
coloniais como o açúcar, o tabaco e as especiarias;
 Em meados do século, os holandeses, ingleses e franceses
começaram a produzir esses produtos e a fazer concorrência aos
produtos coloniais portugueses;
 Fruto destas concorrências, da aplicação das políticas mercantilistas,
desencadeou-se uma grave crise comercial em Portugal;
 Entre 1670 e 1692, os produtos não eram vendidos e acumulavam-se
nos armazéns em Lisboa;
 Fruto da concorrência e da diminuição da procura os preços
baixavam constantemente;
 A perda da receita vai ocasionar um desequilíbrio na nossa balança
comercial, passando a importar muito mais do que exportar;
 O país continuava muito dependente dos produtos manufaturados;
 Duarte Ribeiro de Macedo, embaixador de Portugal em Paris,
publica o livro “Discurso sobre a Introdução das Artes de Reyno”,
em que defende as políticas de Colbert e a necessidade de as
implementar em Portugal;
 Os ministros de D.Pedro II, o marquês da Fronteira e, sobretudo, o
conde de Ericeira procuraram desenvolver em Portugal uma política
mercantilista e procuram equilibrar a balança de pagamentos
portuguesa;
 Principais medidas tomadas pelo conde de Ericeira:
 contratação de artesãos especializados estrangeiros;
 criação de indústrias (vidro, ferro e têxteis) às quais concedeu
subsídios e outros privilégios;
 promulgou as Leis Pragmáticas que proibiam o uso de
determinados produtos de luxo importados, para proteger a
indústria nacional;
 criação de várias companhia monopolistas: Companhia do
Cachéu(escravos), Companhia do Maranhão (comércio
brasileiro) e outras;
 desvalorizou a moeda nacional para tornar os produtos
portugueses mais competitivos internacionalmente.
 A partir de 1692, a crise comercial parecia estar em vias de ser
solucionada, os produtos coloniais aumentaram as suas vendas e os
preços subiram, subindo também as receitas do Estado;
 Nessa altura, descobre-se o ouro no Brasil, fruto da ação dos
bandeirantes;
 Os bandeirantes foram expedições realizadas pelo interior do Brasil
quase sempre por iniciativa de particulares;
 Descobrem grandes jazidas de ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e
Goiás;
 Esta descoberta vai disponibilizar dinheiro para o país pagar as
importações e abandona as políticas mercantilistas;
 Só na primeira metade do séc.XVII, entraram em Portugal mais de
500 toneladas de ouro;
 Este ouro vai suportar os esplendor da corte de D.João V;
 Ou seja, o ouro é gasto em luxos e para importar produtos
manufaturados;
 Em 1703, Portugal e Inglaterra assinam o Tratado de Metheun;
 O tratado estipula que os tecidos ingleses não pagarão impostos
alfandegários, em troca os vinhos portugueses pagariam na entrada
em Inglaterra apenas dois terços dos direitos exigidos aos vinhos
franceses;
 Este tratado foi responsabilizado pela destruição da industrialização
portuguesa mas na realidade apenas acelerou um processo que já
estava a decorrer (abrandamento da industrialização);
 A Inglaterra apoio a causa portuguesa na guerra da Restauração e os
portugueses pagavam à Inglaterra benefícios económicos;
 O Tratado de Metheun permitiu o crescimento das exportações dos
vinhos portugueses;
 Levou à subida do poder de proprietários vinhateiros como o duque
de cadaval e o marquês de Alegrete;
 O défice comercial em Inglaterra não parava de crescer;
 Cerca de três quartos do ouro brasileiro ia parar a Inglaterra;
A política económica e social pombalina
 Em meados do séc.XVIII, as remessas do ouro brasileiro começaram
a diminuir, os produtos coloniais baixaram de preço e Portugal
mergulhava numa nova crise económica;
 No reinado de D.José I, destacava-se a figura de um ministro,
Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal (1699-
1782);
 Inicia uma política cujos objetivos fundamentais foram a redução do
défice comercial com o estrangeiro e a nacionalização do sistema
comercial português, nesta altura em mãos inglesas;
 Inspirados pelas políticas mercantilistas procurou diminuir as
importações e reativar a indústria e comércio;
 Em 1755 foi fundada a Junta do Comércio, órgão ao qual competia
regular grande parte das atividades económicas, era responsável por
controlar as alfandegas, licenciar a abertura de novas lojas e
atividades económicas, vigiar o comércio com o Brasil, etc;
 Criou companhias monopolistas com privilégios e apoios ao Estado
para competir com os ingleses;
 Fundos a Companhia das Vinhas do Alto Douro;
 Revitalizou as indústrias existentes e fundou outras, concedendo
privilégios, isenções e outros apoios ao estado;
 Em 1759, em Lisboa, criou a Aula do Comércio, a primeira escola
comercial na europa, que preparava os futuros comerciantes;
 Em 1770, o comércio foi declarado como “profissão nobre,
necessária e proveitosa”, concedendo à alta burguesia acionistas das
grandes companhias monopolistas e estatuto de nobre;
 Em 1768, terminou com a distinção entre cristãos-novos (judeus
convertidos ao cristianismo) e cristãos-velhos;
 No sentido de reforçar o absolutismo:
 limitou o poder da Inquisição;
 expulsou os jesuítas (Companhia de Jesus) que dominavam o
ensino em Portugal;
 perseguiu alguns elementos da nobreza portuguesa;
 apesar de seus esforços o comércio externo português
continuou a ser dominado por estrangeiros, no entanto
conseguiu promover a burguesia portuguesa;
 Nos finais do séc.XVIII, como resultado das políticas
pombalinas, Portugal conheceu uma nova época de
prosperidade ajudada pelo aumento da procura inglesa que
tinha perdido as colónias americanas e por isso os produtos
coloniais viram o seu mercado aumentar;
 A indústria portuguesa também viu o seu mercado interno
aumentar e sobretudo subiram as exportações para o Brasil;
 As guerras que a Inglaterra e a França se envolveram, também
contribuíram para um desenvolvimento comercial português;
 Entre 1796 e 1807, a balança comercial portuguesa foi
positiva, no entanto esta recuperação económica continuou a
estar, em grande parte, dependente da procura estrangeira.

Construção da modernidade europeia


O método experimental e o progresso no conhecimento do Homem e
Natureza
 Ao longo dos séculos XVII e XVIII vão-se dar progressos nas
ciências e no conhecimento humano que vão mudar a forma como o
Mundo era entendido;
 A intervenção divina, ou do Diabo, ou mesmo a conjugação de
determinados astros era a explicação para determinados fenómenos
físicos e naturais;
 A Ciência assentava nos conhecimentos dos Antigos, como
Aristóteles, Ptolemeu, Santo Agostinho e outros cujas afirmações
eram inquestionáveis;
 Durante o Renascimento nasceu o espírito crítico, embora limitado a
um pequeno grupo de intelectuais;
 Os Descobrimentos trouxeram novos conhecimentos sobre o Mundo,
a cultura, a fauna, a flora e povos existentes;
 Na Europa surgem associações cientificas em que se organizam
debates e conferências, tornando-se algumas instituições nacionais;
 Surge o gosto pela observação de fenómenos físicos e naturais;
 Desenvolve-se ideias como:
 só a observação direta torna possível o conhecimento;
 o conhecimento aumenta constantemente;
 o progresso científico contribui para melhorar as condições da
Humanidade;
Dá-se início a uma revolução científica;
 A partir do séc.XVI desenvolve.se um método de experiencialismo;
 Francis Bacon (1561-1626) foi um dos percursores que para
conhecer a verdade era preciso:
 observar os factos;
 formular hipóteses;
 repetir a experiência;
 formular a lei;
 Réne Descartes (1596-1651) elaborou o princípio da dúvida
metódica, isto é, não admitir qualquer coisa como verdadeira sem
existir evidências nesse sentido;
 Foi um dos pensadores que introduziu a matemática como a
linguagem fundamental da expressão das leis científicas, surge a
expressão “ciências exatas”;
 Baruch Spinoza (1632-1677) afirmou a superioridade da razão;
 Weilhelm Leibniz (1646-1716) defende o princípio da razão,
segundo ele nada ocorre sem que exista uma razão suficiente que
explique que as coisas ocorrem de uma determinada maneira e não
de outra;
 A ciência começava a desvendar os segredos da Natureza, e o
Homem aumenta o conhecimento que tem em si e na Natureza;
O conhecimento do Homem
 A ciência médica desenvolve-se lentamente;
 Em 1628, William Harvey publica as suas descobertas sobre a
circulação sanguínea;
 A medicina progride ao longo do séc.XVIII e vai ser uma das
responsáveis pelo crescimento demográfico que se verifica no
século;
 No sé.XVII, com Galileu começa a revolução da conceção do
universo;
 Foi o primeiro a olhar para o Universo através do telescópio;
 Galileu vai corroborar as teses heliocêntricas de Nicolau Copérnico;
 Apesar da perseguição, por parte da Inquisição às ideias divulgadas
por Galileu, o conhecimento divulga-se e vai aumentando;
 Isaac Newton (1642-1727) descobre as leis da gravidade e formula
as hipóteses de um universo infinito;
O mundo da ciência
 No séc.XVIII as academias científicas tornam-se vulgares e
aparecem em quase todas as capitais europeias;
 Os jornais e boletins científicos proliferam;
 As Universidades criam laboratórios modernos;
 As ideias científicas discutem-se e divulgam-se com uma rapidez
nunca antes vista na História;
 Surgem novos instrumentos científicos: telescópio, microscópio,
barómetro, termómetro, relógio de pendulo, etc.
 O gosto pela ciência populariza-se, e os debates e discussões
científicas são divulgadas ao público;
 As razões divinas deixam de ser aceites como explicações credíveis
para os fenómenos físicos e naturais;
 A ciências subdivide-se em vários ramos do saber: astronomia,
química, física, biologia, medicina, etc;
 O método experimental torna-se a única forma credível de procurar a
verdade em ciência;
A Filosofia das Luzes, O Iluminismo
 No séc.XVIII desenvolve-se a crença no valor da razão humana
como motor de progresso, primeiro aplicada às ciências e logo nas
reflexões sobre o desenvolvimento das sociedades humanas;
 O uso da Razão conduzia ao aperfeiçoamento moral do Homem, das
relações sociais e das formas de poder político, promovendo a
igualdade e a justiça;
 A Razão seria a luz que guiaria a Humanidade;
 Era a saída das trevas, o séc.VXIII, por isso ficou conhecido como o
século das luzes;
 Luzes ou Humanismo designa o conjunto das novas ideias que
marcaram a época;
 Iluminismo: corrente filosófica que se desenvolveu na Europa
durante o séc.XVIII e que se caracterizou pela crítica à autoridade
política e religiosa, pela afirmação da liberdade e pela confiança na
Razão e na Ciência como meios de atingir a felicidade humana; Para
os iluministas a humanidade devia ultrapassar as debilidades dos
sistemas sociais em vigor e caminhar no sentido do progresso e
felicidade;
 As ideias iluministas nasceram no seio da burguesia e exprimem as
aspirações dos burgueses que, apesar de controlarem o comércio, as
finanças, atualizarem as práticas agrícolas e de promoverem a
industrialização, estão afastados da vida política dos Estados
absolutos dominados pela nobreza;
 A valorização da razão, da qual são dotados todos os homens,
independentemente da condição social, estabelecia um principio de
igualdade que punha em causa a sociedade de ordens;
 Os iluministas propõem a ideia que todos os homens têm direitos e
deveres que lhes são conferidos pela Natureza;
 Consideram o direito natural superior às leis dos estados;
 Os iluministas determinam um conjunto básico de direitos inerentes
à natureza humana:
 direito à liberdade;
 direito a um julgamento justo;
 direito à posse de bens;
 direito à liberdade de consciência;
A defesa do contrato social e da separação dos poderes
 A liberdade e a igualdade defendidas pelos iluministas entravam em
contradição com a autoridade dos governos;
 Para solucionar este problema Locke propôs a celebração de um
contrato entre os governantes e os governados;
 O povo conferia ao governo os poderes para este governar;
 Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), não via a sociedade como um
acordo entre iguais, mas como um instrumento ao serviço dos mais
ricos e poderosos, constituída para proteger os interesses desses e
não para benefício do povo;
 Rousseau preocupou-se com o crescimento da desigualdade entre os
homens e relaciona-as com a origem do estado;
 Para ele os homens viveram num “estado natural” em que todos
eram livres e iguais, em que não existia desigualdades de caracter
económico;
 As desigualdades geraram violência entre ricos e pobres, e para se
defenderem os ricos constituíam o estado;
 Na sua obra “O Contrato Social” (1762) defende a ideia que a
soberania popular se mantém apesar da transferência de poder para o
governo;
 É através do contrato social que se encontra a solução para resolver
as desigualdades;
 Rousseau procurou conciliar os princípios da liberdade individual e
da igualdade com a existência de um estado;
 Para ele só com a organização democrática do estado o homem
adquire, em troca da liberdade natural perdida, a liberdade política
caracterizada pela participação na votação das leis;
 Da votação, resultaria a vontade popular, expressa pela maioria;
 A teoria do contrato social veio promover o estatuto dos indivíduos
na sociedade, de súbitos do rei passavam a cidadãos com direitos e
deveres;
 Montesquieu (1689-1755) formula a teoria da divisão dos poderes:
 poder legislativo (formula as leis);
 poder executivo (executar essas leis);
 poder judicial (julgar quem desrespeitar as leis);
 Voltaire (1694-1788) aceitava o absolutismo de carácter iluminista,
ou seja, o poder absoluto do rei deveria ser usado para promover o
progresso;
 Voltaire fazia parte do grupo da burguesia que pretendia certas
garantias, nomeadamente o direito à propriedade, mas não pretendia
o poder político;
Humanitarismo e tolerância
 No séc.XVIII mantinha-se em prática, no direito pena, de práticas
contra a dignidade humana tais como a tortura, trabalhos forçados e
muitas práticas medievais;
 Muitos iluministas insurgiram-se contra este estado de coisas,
chegando alguns a colocar em causa a pena de morte;
 Isto levou à difusão da fraternidade humana e muitos países
suavizaram a sua justiça;
 No séc.XIX, o humanitarismo vai levar à abolição da escravatura nas
democracias liberais;
 Desenvolve-se o espírito de tolerância religiosa;
 Surge a ideia de separar a Igreja do Estado;
 Surge o deísmo, a crença numa divindade, mas a recusa das religiões
organizadas;
A difusão do pensamento das luzes
 Os iluministas defendiam ideias que eram opostas à sociedade em
que viviam, as suas críticas à sociedade, ao absolutismo, à Igreja,
suscitaram nos setores mais retrógradas da sociedade críticas e
perseguições;
 Muitos iluministas foram presos, exilados e perseguidos e muitas das
suas obras faziam parte do Index;
 Alguns monarcas (como Frederico II da Prússia e Catarina II da
Rússia) mostraram apreço por estas ideias e mantiveram
correspondência com iluministas;
 As ideias iluministas tornaram o centro da discussão intelectual da
época, sendo discutidas em salões aristocráticos, cafés, clubes
privados, etc;
 Influenciaram as Academias e tiveram eco na imprensa;
 D’Alembert e Diderot publicaram a primeira Enciclopédia (1751);
 A enciclopédia pretendia ser um sumário de todo o conhecimento
humano;
 Apesar de vários percalços e perseguições o último volume da
enciclopédia foi publicado em 1780;
 Contribuiu para os avanços da ciência e da técnica e para a difusão
das ideias iluministas;
Portugal- O projeto pombalino de inspiração iluminista
 Muitos iluministas viam que um rei que governasse pela Razão
poderia prover da felicidade do povo, era o despotismo iluminado ou
esclarecido;
 Esses monarcas procuravam o desenvolvimento do país;
 Em Portugal, esse papel foi desempenhado pelo Marquês de Pombal;
 Nos últimos anos do reinado de D.João V, as remessas do ouro do
Brasil diminuíram;
 Por outro lado, para além do descalabro financeiro, aumentou a
corrupção e desorganizou-se o governo central;
 Foi neste cenário que o Marquês assumiu as funções governativas;
 Procurou racionalizar o aparelho do estado e iniciou uma vasta
política de reformas;
 Procurou sanear as finanças do país; restaurou a política fiscal e
financeira das colónias e melhorou o sistema de cobrança de
impostos;
 Em 1761 criou o Erário Régio para controlar as finanças do reino;
 Procurou reformar o sistema judicial e procurou unificar o país do
ponto de vista legislativo;
 Em 1760 criou a Intendência-Geral da Polícia, para centralizar o
funcionamento da Polícia;
 A modernização do sistema judicial e administrativo suscitou o
desagrado de vários grupos de privilegiados da sociedade
portuguesa;
 O Marquês reprimiu de forma extremamente violenta qualquer
oposição que fosse de origem burguesa, quer nobiliária ou clerical;
 Em 1758, após um atentado a D.José I, o Marquês iniciou uma
repressão violentíssima contra alguns nobres suspeitos;
 Após um processo sumário e ilegal vários nobres foram condenados
à morte;
 Pombal procurou também submeter o poder da Igreja;
 Procurou controlar a Inquisição e criou a Real Mesa Censória que
passou a determinar quais obras podiam ser ou não publicadas;
 Atacou a Companhia de Jesus e foram expulsos de Portugal e das
suas colónias (3 de setembro de 1759);
 No dia 1 de novembro de 1755 dá-se o terramoto que arrasou Lisboa;
 Pombal iniciou rapidamente a reconstrução, e atribuíram-lhe a
seguinte afirmação “sepultar os mortos e cuidar dos vivos”;
 Encarregou os engenheiros Manuel da Maia e Eugénio dos Santos de
elaborarem um plano para reerguer a cidade;
 Estes elaboram um traçado completamente novo;
 Lisboa foi reconstruída como uma cidade geométrica, racional e com
imposições estéticas e construtivas;
 Vários planos foram apresentados tendo sido escolhido o de Eugénio
dos Santos, que seria continuado por Carlos Mardel após a morte
daquele;
 O plano baseava-se numa grelha de perpendiculares, verticais e
horizontais, com quarteirões retangulares;
 Criaram-se duas praças principais: O Terreiro do Paço e o Rossio
 As duas praças estavam ligadas por duas ruas importantes (a rua
Augusta e a rua Ouro);
 As ruas mantiveram a toponímia dos principais ofícios da cidade:
sapateiros, douradores e outras relembrando antigas Igrejas (Santa
Justa, Vitória, etc);
 Foram criadas 3 tipologias na construção da cidade de Lisboa (A, B,
ou C) conforme a importância das ruas;
 As casas obedeciam a esse esquema rígido de construção;
 Foram construídas casas práticas, reduzidas ao essencial, para uma
nova sociedade urbana, sem palácios;
 A estrutura dos edifícios foi feita de madeira flexível, na tentativa de
uma construção antissísmica;
 A estandardização e pré-fabricação de elementos de cantaria e
madeira permitiu uma construção massificada;
 A cidade preservou o saneamento e a saúde pública, a construção no
“sistema de gaiola” (estrutura em madeira flexível);
A Reforma do Ensino
 A filosofia iluminista colocava o ensino no centro da política pois
considerava a ignorância como o grande travão da evolução dos
povos;
 Os estrangeiros foram os grandes divulgadores das ideias iluministas
em Portugal;
 Estas, conscientes do atraso do país, publicam vários livros e outras
publicações que influenciaram as decisões políticas;
 Principais estrangeiros e sua obra:
 Martinho Mendonça, “Apontamentos para a Educação de um
Menino Nobre”, 1734;
 Ribeiro Sanches, “Cartas sobre a Educação da Mocidade”,
1759;
 Luís António Verney, “O Verdadeiro Método de Estudar”,
1746;
 Pombal criou, em 1761, o Real Colégio dos Nobres, destinado à
educação dos jovens da nobreza;
 Esta escola foi organizada de acordo com as mais modernas
conceções pedagógicas;
 Este colégio, no entanto, foi pouco frequentado porque a nobreza
recusava-se a colocar os filhos num colégio criado por Pombal;
 Pombal iniciou um vasto programa de reestruturação do ensino;
 A expulsão da Ordem de Jesus, que se dedicava ao ensino, tinha
criado um vazio em muitas escolas do país;
 A Universidade de Évora dirigida aos jesuítas foi encerrada;
 A Universidade de Coimbra estava dominada por um ensino muito
antiquado e tradicional;
 Em 1768, é criada a Junta de Providência Literária para estudar a
reforma da Universidade;
 Em 1772, a Universidade de Coimbra passa a ter novos estudos,
estes vão no sentido de criar uma universidade moderna e com
métodos de ensino baseados no experiencialismo e no racionalismo;
 São criadas novas faculdades e os cursos tradicionais são
reformados;
 Pombal criou um imposto, Subsídio Literário, para subsidiar as
reformas do ensino (1772);
 A reforma pombalina do ensino insere-se na ideia, do estado
absoluto, de submeter, através da educação, os grupos privilegiados e
instituir a nova burguesia, sem qualquer atenção à educação do povo;
 Abolida a Inquisição foram criados outros órgãos incumbidos da
repressão e da censura de todos aqueles que se opunham ao estado
absoluto;

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