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SUBJETIVIDADE DA

CRIANÇA I
PROFA. JANAINA SILVA OLIVEIRA
Mestre em Linguística
Neuropsicóloga
Especialista em Preceptoria no SUS
Conceitos fundamentais
Sensibilidade parental  Ainsworth

Teoria do Apego  Bowlby

Mãe suficientemente boa  Winnicott

Temperamento e Caráter  Abordagem cognitiva


SENSIBILIDADE PARENTAL  MARY AINSWORTH
•  A sensibilidade materna foi
inicialmente definida como a
capacidade da mãe para reconhecer os
sinais comportamentais da criança,
interpretá-los corretamente e responder-
lhes pronta e adequadamente
(AINSWORTH; BELL; STAYTON,
1971). 
• As condições que contribuem para o desenvolvimento ou não
do apego infantil incluem a sensibilidade da figura que cuida
do bebê para responder aos seus sinais.
•Ainsworth (1969) considerou que a sensibilidade
materna apresenta quatro componentes essenciais:

Atenção aos sinais infantis,


Precisão na interpretação dos sinais,
Resposta apropriada aos sinais,
Tempo que a mãe precisa para responder
às solicitações da criança.
• A capacidade de a mãe ser sensível diante das demandas
infantis está associada com sua história pessoal de vínculos
afetivos com seus cuidadores (BOWLBY, 1969)
• Nesta perspectiva, durante as décadas de 70, 80 e início dos anos
90, tratou-se a sensibilidade e os padrões de apego infantil como
construtos estáveis e que são transmitidos de geração a geração.

• Benoit e Parker (1994) realizaram um estudo longitudinal com 96


crianças, mães e avós destas. Seus resultados sugerem que o padrão
de apego é estável e transmitido de uma geração a outra em torno
de 75% da amostra.
• Na leitura cuidadosa da definição de sensibilidade apresentada por Mary
(1969), percebe-se que se trata de um construto diádico, já que só pode
ser entendida no contexto do encontro do cuidador e uma criança
especifica (OPPENHEIM;KOREN-KARIE; SAGI, 2001).

• Esta perspectiva diádica implica em conceber a sensibilidade como uma


variável influenciada não somente pela história dos vínculos afetivos da
mãe (BOWLBY, 1969), mas por todas as características dos pares que
compõem a díade, ou seja, do cuidador e da criança (THOMPSON, 1997).
• Oppenheim, Koren-Karie e
Sagi (2001) consideram que
a sensibilidade materna, e
consequentemente, os
padrões de apego, só podem
ser compreendidos quando
imersos no contexto
relacional do encontro do
cuidador com criança
específica.
• A sensibilidade dos pais é
influenciada não apenas por sua
história individual, mas também
pela capacidade infantil de
sinalizar aos cuidadores suas
necessidades (CLAUSSEN;
CRITTEDEN, 2000).
• Além do parceiro, a rede de
apoio é constituída com as
relações estabelecidas entre
a mãe e os outros membros
da família (TUDGE cols.,
2000), as avós, as
enfermeiras e as babás, que
ocupam um papel de
destaque no processo de
desenvolvimento do apego.
Teoria do Apego  Bowlby
• J. Bowlby (1989) considerou o
apego como um mecanismo
básico dos seres humanos.

• Ou seja, é um comportamento
biologicamente programado,
como o mecanismo de
alimentação e da sexualidade.
• As vivências da criança com a figura de apego formarão
estruturas cognitivas que “irão encaminhar a representação que a
criança terá de si mesma, dos outros e do mundo e, portanto,
nortearão e darão forma a suas experiências e emoções ao longo da
vida.” (HALPERIN; CARNEIRO, 2016, p. 35).

• Assim, a importância da infância para o desenvolvimento de


aspectos relacionados à saúde mental é novamente demonstrada.
• O papel do apego na vida dos seres
humanos envolve o conhecimento de
que uma figura de apego está
disponível e oferece respostas,
proporcionando um sentimento de
segurança que é fortificador da relação
(CASSIDY, 1999).
• Quando a figura de apego se aproxima e regula a criança, o
equilíbrio é reestabelecido (homeostase) e as respostas
comportamentais referente a ativação do sistema de apego
cessam.

• Início da vida ocorre uma maior necessidade de contato físico


para cessar essa ativação.

(MENDES, 2021)
• Monotropia (Bowlby, 1984) 
bebê tem a tendência natural a
se ligar a uma pessoa
preferencial, especialmente no
primeiro ano de vida.

• Gradativamente novas figuras


de apego vão entrando em cena,
como cônjuges, irmãos e avós.
• Porto seguro ou lugar seguro  refere-se ao
retorno da criança para o contato da figura
de apego como forma de conforto, cuidados
e proteção.

• Modelo interno de funcionamento 


capacidade de organizar informações sobre o
mundo internamente, em uma espécie de
modelo afetivo e mental.
• Por serem formados no início da infância, esse modelo são
governados pela memória implícita (retorna
automaticamente; longo prazo) e inconsciente.

• A partir da relação com a figura de apego, esses modelos


vão formando um modo implícito e automático de como a
criança deve se relacionar, reagir e se comportar
(BOWLBY, 1984).
• 4 fases da teoria
do apego
 permite a
Formação Definição Relação
compreensão Pré-apego
do apego do apego recíproca

da gênese dos
MIFs.
• Nascimento até 2 meses.
• Não demonstra ainda forte preferência por
Pré- uma figura de apego específica.
apego • Reconhece audição e olfato.
• Presença das experiências básicas de
regulação emocional da criança com a
figura cuidadora  cuidado, higiene e
alimentação.
• 2 até 8 meses.
• Já começa a distinguir os cuidadores
e pessoas próximas.
Formação
do apego • Demostra preferência por uma figura
de apego específica (MARVIN at al,
2016)
• Duração até 2 anos de idade.

• Envolve comportamentos mais ativos da criança


Definição  busca de aproximação com a figura de
do apego apego.

• Ocorre a preferência por outras pessoas 


novas relações de apego.
• Ocorre a partir dos 2 anos de idade.
• Capazes de aceitar a ausência temporária do
cuidador e se ligar a outras figuras de apego.
Relação • Estabelecimento de um estilo de se relacionar
recíproca
com o ambiente e consigo mesmo,
influenciando sua personalidade e
desenvolvimento.
SISTEMA DE APEGO: NECESSIDADES EMOCIONAIS
CENTRAIS SE ORGANIZAM EM FUNÇÃO DA ESTRATEGIA
DE APEGO PRIMÁRIA, QUE É A APROXIMAÇÃO (MENDES,
2021):
AFETO E CARINHO CONTATO FÍSICO, TOQUE, TRAQUILIDADE;

VÍNCULOS SEGUROS E CUIDADOS ´BÁSICOS ALIMENTAÇÃO, LIMPEZA E SAÚDE;

INTERAÇÃO, BRINCAR DESCOBERTA DO MUNDO, TROCAS E


COMUNICAÇÃO;
LIMITES REALISTAS E AUTONOMIA APRENDIZAGEM, CONHECIMENTO DO
ADEQUADA MUNDO, RISCOS, EXPLORAÇÃO

ESPONTANEIDADE CRIATIVIDADE, RESPOSTAS RÁPIDAS,


CATIVAR O OUTRO.
RECONHECIMENTO SE VER COMO CAPAZ POR MEIO DOS OLHOS
DE QUEM APRESENTA O MUNDO.
• Mesmo as figuras de apego
iniciais, que podem não ter
contribuído para desenvolver
um apego seguro em seus filhos,
podem se reorientar e auxiliar
na reconstrução do sistema de
apego de uma forma positiva.
Referência bibliográfica

• MENDES, M. A Clínica do Apego: Fundamentos para uma Psicoterapia Afetiva, Relacional e


Experiencial. Editora Sinopsys, 2021.
• PESSOA, C; COSTA, L. Constituição da identidade infantil: significações de mães por meio
de narrativas. revista Quadrimestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional, SP. Volume 18, Número 3, Setembro/Dezembro de 2014: 501-509.
ATIVIDADE – Caso Clínico

• Como é o ambiente familiar de Raquel?


• Existe uma figura de porto seguro para Raquel?
• Existe a sensibilidade parental?

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