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A complexidade da vinculação afetiva humana:

Reflexões sobre a contribuição da etologia


- John Bowlby: A demonstração do apego humano é um impulso
primário e é uma de nossas mais preciosas predisposições naturais a
preparação para o afeto.

- Imprinting (Estampagem): É um fenômenos que ocorre, em sua


maioria, com algumas espécies de aves, tais como pintinhos e patinhos.
Quando saem dos seus ovos, eles seguirão o primeiro objeto em movimento
que eles encontrarem no ambiente (o qual pode ser a sua mãe pata ou
galinha, mas não necessariamente). Ocorre então uma ligação social entre o
filhote e este objeto ou organismo. Isso acontece pois no estabelecimento da
estampagem ocorrem mudanças nos neurônios, nas sinapses, e há ativações
de genes específicos e liberações de neurotransmissores. Todo esse
processo ocorre no hiperestriatum ventro-medial esquerdo. Lesões nesse
centro impedem o desenvolvimento da estampagem, o que nos permite
vislumbrar os centros nervosos especializados para a vinculação afetiva. "A
determinação genética nasce casada com a determinação ambietal, através
de uma sinfonia orquestrada reciprocamente".

- Apego: A função do sistema do medo, assim como do apego, é a


proteção. É biologicamente adaptativo para a criança temer certa classe de
estímulos, como o escuro e a ausência da figura de apego, que embora não
sejam necessariamente perigosos, são considerados indicadores naturais de
perigo crescente. Bowlby propôs uma distinção entre alarme e angústica. O
alarme é indicador de perigo pela presença de algo ameaçador, enquanto a
angústia é indicador de perigo pela ausência da figura de apego.

- Preparações biológicas do desenvolvimento humano: Logo


depois de nascer, bebês são capazes de igualar expressões faciais, o que
releva uma sintonia social particulamente bem desenvolvida. Os bebês não
apenas enxergam. Podem igualar, sem saio e sem espelho, a expressão
observada de forma genuína. Com poucas semanas, os bebês sorriem
preferencialmente à voz afetuosa e ao olhar dirigido. Nasce envolvido num
processo de reconhecimento individual pleno: exibe nos primeiros dias
preferência pela voz e pelo odor da mãe.

- Apego e sensibilidade materna: Apego seguro no final do primeiro


ano se correlacionou com a sensibilidade materna observada em casa ao
longo do primeiro ano. Filhos de mãe sensíveis respodem mais positivamente
ao contato coporal, mas também mostram menos pertubação aoa final do
contato.
Algumas definições: Bowlby (1989) relaciona três modelos básicos de
apego: o primeiro refere-se ao apego seguro – a criança dispõe da confiança
dos pais. Esta segurança oferece a ela coragem e audácia na exploração do
ambiente. Caracteriza-se o referido modelo pela presença constante dos
pais, em especial das mães que, sensíveis às necessidades do filho, estão
sempre

disponíveis em atendê-lo quando busca proteção e conforto. O segundo


modelo caracteriza-se pelo apego resistente ou ansioso – a criança não
possui a certeza de receber ajuda de seus pais, e por essa razão seu
comportamento poderá ser ansioso com relação à separação e inseguro em
explorar o mundo. Os pais demonstram disponibilidade em algumas ocasiões,
e em outras não. O terceiro modelo diz respeito ao apego com evitação – não
há qualquer confiança da criança
em ser atendida quando necessita de cuidado ou proteção. A pessoa procura
viver sua vida sem a presença do amor ou auxílio de outros.

- Peculiaridades psicológicas conforme estilos de apego:


Crianças seguras com um ano tiveram mais suporte para atividades
independentes , comunicaram-se mais abertamente, especialmente quando
estressadas, e foram mais simpatéticas com as mudanças de emoções de um
novo adulto que brinca com elas.

- Implicações da teoria de apego para práticas de atendimento,


cuidado e educação: A teoria do apego descata a necessidade de base
biológica de desenvolvimento de relações sociais e o desenvolvimento de
vínculos seletivos, como servindo ao propósito de prover segurança
emocional e proteção contra estresse. Um das primeiras implicações de
Bowlby foi chamar a atenção para o risco da falta de cuidados personalizados
em instituições que abrigam crianças. Apatia e perda de interesse foram
reconhecidas como resultados danosos, o que levou a mudanças nos padrões
de atendimento hospitalar e de creches.

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