Você está na página 1de 3

COMO OS HOMENS PENSAM E SENTEM

O HOMEM DE ONTEM, HOJE E AMANHÃ

O papel social tradicional do homem e da mulher esteve sempre muito


atrelado a um determinismo biológico. O homem, em função da força física foi
destinado a dominar e manipular a natureza para dela tirar o necessário para a
sobrevivência própria e de sua prole. A mulher, em função da maternidade foi
destinada à procriação e cuidado das crianças e da vida doméstica, enquanto
seu galante herói enfrentava feras e inimigos para dar a ela e aos filhos as
garantias necessárias para uma vida tranqüila e segura.

Nesse cenário se deu construção de um mundo dominado pelo homem e


por sua ideologia, o machismo, baseado nos pressupostos de superioridade do
homem sobre a mulher. O homem precisava impor seu poder sobre a mulher
inclusive para obter garantias de transmissão de seus genes, daí a importância
atribuída à virgindade da mulher até recentemente.

Durante séculos a evolução foi selecionando


os mais aptos entre homens e mulheres para
melhor exercer esses papéis, de modo que, o
cérebro masculino e feminino foram sendo
moldados de acordo com as necessidades de
desempenho desses papéis. O homem, para dar
conta de suas tarefas que requeriam o uso da força
e agressividade para se impor sobre os rivais e as
forças da natureza precisou aplacar em boa medida
sua sensibilidade para que não fosse perturbado
pelas emoções, desenvolvendo uma forma de agir
mais fria, prática e direta. Assim, o cérebro masculino especializou-se em
sistematização e resolução de problemas, enquanto o da mulher foi se
especializando em sensibilidade e empatia.

Os hormônios masculinos e femininos se encarregaram da função de


conduzir o processo de especialização cerebral nessas funções específicas. O
hormônio masculino por excelência, a testosterona, que começa a ser
produzido na oitava semana de gestação conduz esse processo de alteração da
estrutura do cérebro básico, que originalmente é feminino, para se transformar
em masculino. Entre outros efeitos da ação da testosterona o cérebro
masculino, quando chega a época da puberdade, há uma explosão nas
quantidades circulantes desse hormônio que levam o cérebro masculino
realmente a se voltar muito mais para pensamento e atividade sexual do que o
feminino, que está mais voltado para relacionamentos emocionais. Essa é
realmente uma diferença crucial entre homens e mulheres, tão bem descrita
por Simon Baron-Cohen em “A Diferença Essencial”, assim como um outro
título, mais popular, baseado nessa diferença e inspirado na mitologia grego-
romana, dizendo que “Os Homens são de Marte (Deus da Guerra) e as
Mulheres são de Vênus (Deusa do Amor”. Mais recentemente, Louan Brizedine
nos brindou com estudos baseados na neuroendrocrinologia descrevendo
detalhadamente as diferenças funcionais e estruturais do cérebro masculino e
feminino.

A grande transformação na área social


começou a mudar com a revolução sexual,
especialmente depois que essa foi turbinada pelo
surgimento da pílula anticoncepcional, que
libertou a mulher da maternidade compulsória, lhe
dando a condição de escolher quando ter um filho
e quantos filhos deseja ter. O homem, que já era
obrigado a conviver com o poder do útero,
precisou adaptar-se a esse novo poder feminino.

O papel do homem e da mulher vem


sofrendo transformações nas últimas décadas. A
diferença é que as mudanças ocorridas no papel
feminino foi resultado de um forte movimento de
luta da mulher pelos seus direitos e pela igualdade
com os homens. Já, os homens, vem sendo
praticamente pressionados a mudar, não apenas
para acompanhar a transformações sociais como para se adaptar a uma nova
mulher, mais exigente e menos tolerante em relação à posição machista que
alguns homens ainda tentam sustentar. Estamos à procura de novos modelos,
novas condutas e novas formas de definição do masculino, que muitas vezes
entram em conflito com a estrutura cerebrais que nos foi legada por milhares
de anos de evolução em um ambiente selvagem, totalmente distinto do
ambiente da civilização moderna criada pela cultura humana.

O homem moderno encontra-


se de certa forma oprimido por essa
necessidade de mudança. Em
termos de reconhecimento e
desenvolvimento de seu novo papel
o homem atual se encontra na
mesma posição que a mulher se
encontrava no início da década de
60, quando começou o chamado
movimento de libertação da mulher.
O homem de hoje encontra-se
atônito diante do recém
conquistado poder feminino, seus instrumentos machistas não funcionam mais
e tornaram-se até mesmo risíveis.

Assim como os homens estão confusos diante


do desafio de redefinir seu papel para se adaptar ao
mundo atual, as mulheres continuam sendo
pressionadas a aprender a lidar com seus novos
poderes enquanto os homens se mantém em alguma
medida estupefactos, sem saber bem o que fazer,
diante dessa nova mulher. Como resultado a relação
entre os dois gêneros vem andando em círculos com dificuldade de encontrar
um rumo adequado aos novos tempos.

Para serem bem sucedidos os homens precisam aprender com o


movimento feminista ao invés de se manter aferrados ao seu antigo papel ou
tentar conter o movimento feminino como se esse estivesse em oposição ao
poder masculino. O movimento feminino pode ser entendido como uma
libertação das mulheres de seu papel coercitivo tradicional e o mesmo trabalho
precisa ser feito agora pelos homens. Os homens precisam conquistar, por
exemplo, o direito de ganhar menos que a mulher e não se sentirem
inferiorizados ou serem desvalorizados por isso. “Poder” não pode mais ser
definido pelo poder que alguém tem sobre os outros, mas sim pela capacidade
de controle que cada um tem sobre si mesmo e sua própria vida.

Os homens ainda continuam muito presos a uma opção única: de serem


excelentes na esfera pública com muito pouco entendimento e habilitação para
as opções disponíveis para ele na esfera privada. Enquanto isso, os homens
continuam a fazer pressão sobre a mulher para assumir papeis em ambas as
esferas sem fazer um esforço correspondente para, por exemplo, passar mais
tempo com a família, desenvolver suas próprias habilidades emocionais, se
tornarem mais envolvidos com a função paterna e dar mais atenção à
realidade da vida doméstica.

Conforme diz Warren Ferrell, não


estamos procurando um caminho para
além do macho apenas, para além dos
garotos feminilizados dos anos 90, e para
além do herói apocalíptico. O objetivo não
é neutralizar os homens ou neutralizar os
sexos, muito pelo contrário, estamos
tentando encontrar uma masculinidade
radicalmente melhorada, bem como uma
feminilidade radicalmente melhorada,
honrando o próprio poder real produzido
por machos e fêmeas, tanto na esfera pública quanto privada.

Em vista dessas transformações estamos descobrindo uma nova


geração de homens e mulheres - mulheres e homens renovados e
integrados que podem ver além das estreitas definições de gênero
que nos foram legadas, fluentes tanto na realidade interior quanto
exterior, e buscando novos caminhos para ambos os sexos e ambos os
gêneros de mostrar seu respeito, admiração e amor por si mesmo e
pelo outro.

E você? O pensa a sobre tudo isso? Deixe aqui sua opinião.

Você também pode gostar