O documento discute o conceito de machismo e como ele afeta as relações de gênero na sociedade. O machismo promove a desigualdade entre homens e mulheres atribuindo superioridade aos homens e submissão às mulheres. Isso se manifesta na família, onde há divisão desigual de tarefas e estereótipos de gênero, e no trabalho, onde as mulheres enfrentam mais barreiras. Apesar de ter raízes históricas profundas, o machismo ainda precisa ser combatido para alcançar a igualdade
O documento discute o conceito de machismo e como ele afeta as relações de gênero na sociedade. O machismo promove a desigualdade entre homens e mulheres atribuindo superioridade aos homens e submissão às mulheres. Isso se manifesta na família, onde há divisão desigual de tarefas e estereótipos de gênero, e no trabalho, onde as mulheres enfrentam mais barreiras. Apesar de ter raízes históricas profundas, o machismo ainda precisa ser combatido para alcançar a igualdade
O documento discute o conceito de machismo e como ele afeta as relações de gênero na sociedade. O machismo promove a desigualdade entre homens e mulheres atribuindo superioridade aos homens e submissão às mulheres. Isso se manifesta na família, onde há divisão desigual de tarefas e estereótipos de gênero, e no trabalho, onde as mulheres enfrentam mais barreiras. Apesar de ter raízes históricas profundas, o machismo ainda precisa ser combatido para alcançar a igualdade
ocidentais quanto dos orientais, é estruturada colo-
Vivemos em uma sociedade considerada cando a figura do homem/pai em uma posição de
machista. Isso se manifesta em diversos problemas superioridade e atribuindo a ele o papel de sus- como a desigualdade de direitos entre homens e mu- tentar a casa, enquanto que a mulher é submissa lheres, altos índices de violência, assédio e estupro, à vontade masculina. Por mais que esse cenário objetificação da mulher, diferença salarial e muitos esteja mudando e muitas famílias já não partilham outros efeitos. Mas, afinal, você sabe o que é ma- desses pressupostos, a sociedade ainda é, em gran- chismo? O que caracteriza uma pessoa machista? de parte, patriarcal, ou seja, voltada para a figura Como esse conceito afeta mulheres e homens? do homem. Sabe-se que o machismo privilegia os homens em relação às mulheres, colocando-os em uma posição hierárquica superior. Porém, atitudes O machismo é um preconceito, expresso machistas nem sempre transparecem essa noção por opiniões e atitudes, que se opõe à igualdade de hierarquia, especialmente quando são justifi- de direitos entre os gêneros, favorecendo o gêne- cadas pela ideia de que as funções distintas entre ro masculino em detrimento ao feminino. Ou seja, mulheres e homens é algo natural, alegando que é uma opressão, nas suas mais diversas formas, “diferente não significa pior”. das mulheres feita pelos homens. Na prática, uma pessoa machista é aquela que acredita que homens e mulheres têm papéis distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve se portar e ter os mesmo direitos de um homem ou que julga a mulher como inferior ao homem em aspectos físicos, intelec- tuais e sociais. O pensamento machista é cultural e ineren- te aos diversos aspectos de uma sociedade, como a economia, a política, a religião, a família, a mídia, as artes, etc…Tendo sido normalizado por muito tempo, há apenas algumas décadas esse comportamento é problematizado, especialmente pelos movimentos feministas, que lutam pela igualdade de gênero, isto Por exemplo, uma ideia considerada machis- é, pela extinção da cultura machista nos diversos ta em relação ao funcionamento de uma família é âmbitos da sociedade. Mas não é todo mundo que a de que a função inerente ao homem é consertar concorda que o machismo deve ser combatido, o que os problemas físicos de uma casa, já a da mulher faz com que, apesar dos esforços feministas, ele ain- é limpá-la e mantê-la organizada. Mesmo que lim- da esteja presente em tantos ambientes. par e organizar a casa não seja uma tarefa “pior” do que consertar algo quebrado, o fato de designar uma função para cada gênero, não dando a possibilidade de que a mulher opte por não ficar responsável pela limpeza – ou o homem opte por não ser responsável pelos consertos – é uma forma de limitar a liberdade de escolha desses indivíduos.
Além disso, a divisão de tarefas domésticas
Dentre os vários setores da sociedade em é desigual: para além de cuidar da casa, as mães que o pensamento machista se faz presente, a famí- geralmente são as responsáveis por cuidar dos filhos lia é um dos mais debatidos atualmente. Isso porque e educá-los. Tais responsabilidades – conhecidas a maioria dos núcleos familiares, tanto dos países como a dupla jornada de trabalho feminina – dificul- tam que as mulheres tenham o mesmo progresso que os homens dentro do ambiente profissional, pois sas comunidades ao longo da história. Um exemplo não possuem a mesma disponibilidade de tempo é a cultura dos Vikings, da região da atual Escandi- para se dedicar à carreira. návia, em que o valor das mulheres era dado base- Dados do IBGE mostram que, no Brasil, as ando-se na quantidade de filhos do sexo masculino. mulheres dedicam em média quase 10 horas a mais Isso mostra que, além do enaltecimento da figura por semana do que os homens no desempenho dos masculina, o papel materno era central nas vidas das afazeres domésticos. A consequência dessa realida- mulheres. de é mais homens em posições de chefia dentro das empresas e com maiores salários, contri- buindo com a desigualdade de gênero.
Apesar da estrutura da família ter evoluído
desde então, prevalece na sociedade atual – dentro e fora do ambiente familiar – o patriarcado contem- porâneo, em que a relação do homem e da mulher continua desigual, mas em menor evidência do que nos períodos históricos anteriores.
Um dos pilares de sustentação do machismo
é a estereotipização do que é feminino e do que é masculino, ou seja, o que mulheres e homens devem ser e como devem agir de acordo com o seu gênero. A essa questão, acrescenta-se a estereotipi- Para entender esse conceito, é preciso antes distin- zação de que homens são melhores líderes e a in- guir gênero de sexo. feriorização das mulheres no ambiente de trabalho, Enquanto o termo sexo está ligado à com- o que também contribui para que as mulheres ainda posição cromossômica do indivíduo e ao tipo de representem apenas 2,8% dos cargos mais altos no aparelho reprodutor do indivíduo, o gênero abrange Brasil, e 74,5% do salário dos homens ocupando os aspectos psicológicos e comportamentais, isto é, ca- mesmos cargos. racterísticas psicossociais relativas a cada sexo. Isso significa que a identidade de gênero é a expectativa O conceito de família se consolidou enquanto social que se tem do que o sexo masculino e femini- instituição na Roma Antiga, se tornando a base da no devem ser, por isso é uma distinção social e não formação de toda estrutura social da humanidade. A biológica, como o sexo. família romana tinha o homem como líder e autorida- de máxima sobre os membros da família, além dos escravos e vassalos. O poder era tanto que o patriar- ca tinha o direito até mesmo sobre a vida e a morte de sua esposa e filhos. A historiadora norte ameri- cana Joan Scott, que estuda a história das mulhe- res a partir da perspectiva de gênero, explica que o patriarcado é uma forma de organização social – que se estende para além da família -, em que as mulhe- res são subordinadas aos homens, e os jovens são subordinados aos homens mais velhos, os patriarcas da comunidade. Esse patriarcalismo, caracterizado pela su- É nesse sentido que surgem os estereótipos premacia masculina, desvalorização da identidade de gênero, um conjunto de crenças acerca dos atri- feminina e atribuição da procriação como a principal butos pessoais considerados adequados ao gênero função da mulher, tem raízes na Grécia Antiga, pas- feminino e masculino. Por exemplo, há um senso sando pela Idade Média e se perpetuando em diver- comum de que as mulheres naturalmente apresen- tam características emocionais como serem gentis, pois não os subjulgam, não os oprimem e não os ex- emotivas, compreensivas, indecisas e dedicadas; já cluem socialmente. Não é comum, por exemplo, ver os homens são considerados competitivos, indepen- homens sendo vítima de assédio, de objetificação ou dentes, decididos e agressivos. mesmo perdendo uma oportunidade de emprego por Esses são os estereótipos de cada gênero, conta de seu gênero, como acontece com as mulhe- que não correspondem a uma predisposição biológi- res. ca e natural, mas a um condicionamento social. Inclu- Contudo, esse comportamento pode prejudi- sive, não é raro que esse estereótipos não represen- car eles também, devido a um conceito conhecido po- tem a realidade de muitos indivíduos, uma vez que a pularmente como “masculinidade tóxica“. O termo personalidade e as atitudes de cada pessoa não são crítico remete ao senso comum de que os homens determinadas apenas pelo seu sexo ou gênero, mas precisam ser caracterizados pela virilidade, força, po- também por vontades pessoais e pressões sociais. der, agressividade e sexualidade, excluindo qualquer
Ser machista, isto é, compartilhar do pres-
suposto de que homens devem possuir privilé- gios em relação às mulheres, não é um pensamen- to exclusivamente masculino. Por se tratar de uma crença enraizada na cultura da sociedade, crianças são ensinadas desde cedo os diferentes papéis que homens e mulheres podem desempenhar, fazendo com que, ao crescerem, ambos os sexos perpetuem essa ideia. Dessa forma, as mulheres não estão imu- nes a reproduzir e perpetuar um machismo estrutu- ral.
Johnny Bravo representa, esteticamente, um
padrão de masculinidade acentuado: o topete loiro, a ca- miseta preta colada ao corpo musculoso, a calça jeans e o sapatênis, o óculos escuro… não há uma linha se- quer do design de Johnny que não remeta a expressão, um heterotop de marca maior. Mas o que evidencia a ideia de “macho alfa” dos criadores do desenho é a personalidade de Johnny. Pra começo de conversa, ele é uma porta, narcisita, infantil e retratado como socialmente inepto. O que Johnny vive de fazer, em todo santo epi- sódio, é cantar mulheres. Ele seria capaz de largar a apresentação da sua tese de mestrado pra assoviar para uma mulher atraente na rua. Como de se imaginar, sua abordagem é invasiva, agressiva, desrespeitosa e até, em um caso ou outro, criminosa. Não só Johnny faz zero esforço para esconder o quanto ele vê aquela mulher como um item de colecionador, ele também não oferece Um exemplo disso é quando mães ensinam muito espaço para conversar com ela, preferindo entrar suas filhas a ficarem em casa e ajudarem a arru- em monólogos sobre seu bíceps e topete loiro enquanto mar a casa, enquanto deixam seus filhos nas ruas espera que a pobre coitada vá automaticamente cair na brincando, ou quando mulheres criticam outras dele. mulheres por terem uma liberdade sexual, mas “Surpreendentemente”, Johnny nunca obtém naturalizam esse mesmo comportamento nos ho- sucesso em suas investidas. Aliás, um ponto forte desse mens. Percebe-se então uma desigualdade de trata- show é o fato de que as mulheres que o recusam, quase mento e de direitos entre os gêneros, característica sempre, estão armadas (objetos contundentes, tasers, fundamental do machismo. armas brancas, que seja) ou dominam alguma forma de luta. O desenho, desde sempre, promoveu a ideia de O patriarcalismo e o machismo não afetam os que as mulheres precisam desenvolver táticas de auto- homens da mesma forma que o faz com as mulheres, defesa para combater o assédio. possibilidade de demonstração de vulnerabilidade ou outras características do estereótipo feminino. Isso acontece porque condutas tidas como femininas são atacadas em qualquer uma de suas expressões, mesmo quando vêm de homens. Por isso, a maioria dos meninos é criada de forma a não apresentar características do ideal feminino, como brincar de bonecas, ser sensível, chorar, se cuidar e ser vaidoso. Indo além, o machismo se estende de tal for- ma que influencia condutas homofóbicas, sendo co- mum ouvir termos como “mulherzinha” ou “mocinha” em referência pejorativa à homens homossexuais ou até à heterossexuais que se aproximam, mesmo que de forma sutil, a estereótipos femininos, considera- dos inferiores em relação aos masculinos. Ou seja, o raciocínio implícito na homofobia contra homens se deve, em partes, por uma questão oriunda do ma- chismo.
O machismo é uma forma de sexismo, isto é,
uma atitude de descriminação baseada no sexo ou gênero de uma pessoa. Isso significa que o sexismo pode afetar qualquer gênero e sexo, mas, historica- mente, não se tem documentação de que já tenham existido sociedades sexistas com opressão do sexo masculino. Já a diferença entre machismo e misoginia é mais sutil. Este último refere-se a um sentimento de ódio e desprezo à mulher. Se distingue do machis- mo por envolver um forte conteúdo emocional à base de repulsa e aversão e se manifesta nas sociedades patriarcais por meio diferentes formas de violência contra as mulheres, como o assédio (moral, verbal e sexual), a violência sexual e doméstica e o femini- cídio. Para a neurocientista e filósofa Berit Brogaard, misoginia não é simplesmente odiar mulheres, mas odiar mulheres que não se comportam da maneira esperada pela pessoa que a descrimina.
Por ter como objetivo o combate ao machismo
na sociedade, muitas pessoas têm a ideia errônea de que feminismo é o oposto do machismo no sentido de que feministas almejam uma sociedade onde as mulheres oprimem os homens. Na realidade, porém, o feminismo é um movimento social, político e ide- ológico que visa uma sociedade com igualdade de direitos entre os gêneros. Por isso, entende-se que o objetivo feminista, acabar com o machismo e pro- mover a igualdade de gênero, é benéfico tanto para mulher quanto para homens.
Texto: retirado site https://www.politize.com.br/o-