Você está na página 1de 7

COLÉGIO JEAN PIAGET

Linguagens e suas tecnologias

Literatura

Nome completo do aluno: Marcela Ribeiro Santos

Título do trabalho: análise do livro Helena

São Gonçalo
2020

Análise do livro Helena, de Machado de Assis.

Trabalho apresentado como requisito para a


obtenção de nota em Literatura, apresentado pela
Prof. Ingrid Rocha, da Graduação em
Letras/Literatura, da Universidade do Estado do
Rio de Janeiro.

São Gonçalo

2020
Machado de Assis, um escritor descendente de escravos, gago e epilético, nascido em 21
de junho de 1839 no morro do Livramento, Rio de Janeiro, viveu 69 anos e morreu em 1908,
é considerado até hoje o maior escritor brasileiro. Publicou mais de 200 contos, 10
romances e demais publicações de diversos gêneros, como folhetins, peças teatrais, contos
e crônicas. O autor criticou vários valores burgueses por meio de ironias e metalinguagens.

Em 1876, Machado de Assis, publicou o romance Helena, que antes de sair em livro, foi
publicado em capítulos, num jornal do Rio de Janeiro: O Globo. Em comparação com os
livros anteriores, Ressurreição (1872) e A mão e a luva (1874), Helena foi relativamente bem
recebido pela crítica da época, que viu nele a prova de que era possível fazer bom romance
brasileiro sem palmeiras, sagüis e papagaios.

Helena continuou a fazer sucesso e tornou-se um dos livros mais conhecidos de Machado
de Assis, adaptado para TV, com três versões para telenovelas.

A obra tem início com a morte do Conselheiro Vale. Homem das primeiras classes do
Segundo Reinado. Ele deixa uma irmã, D. Úrsula e seu filho, Estácio. Deixa também um
testamento no qual reconhece a existência de uma filha natural – a Helena, que teria
nascido de uma aventura extraconjugal. O patriarca determina ainda que a moça receba
parte da herança e passe a viver com os parentes na chácara onde se concentra a ação.

A chegada de Helena perturba a ordem familiar. D. Úrsula a recebe com muita antipatia. O
padre Melchior, que vive agregado à família, a vê com desconfiança. Os escravos da casa a
tratam com certo desdém, com exceção do jovem Vicente, que logo se torna amigo da
moça. Aos poucos, com os seus talentos, delicadezas, bons modos e dedicação, Helena
conquista a confiança da família e a simpatia de todos, à exceção do Dr. Camargo, médico e
amigo da família, que a tratará com hostilidade crescente, com a explicação de que há muito
tempo ele alimenta o sonho de ver sua filha, Eugênia, casada com Estácio e a chegada de
Helena atrapalham os seus planos, pois Estácio fica cada vez mais encantado pela irmã e
dá cada vez menos atenção a Eugênia.

Mendonça chega à casa de seu amigo Estácio, após uma longa viagem pelo mundo, e
assim que avista Helena, e logo se apaixona por ela. Mendonça pede ajuda ao padre para
pedir a mão de Helena. Com o consentimento de Helena e do padre, Mendonça pede a mão
da moça a Estácio. Entretanto, Estácio acha um absurdo. Movido pelo ciúme inexplicável
que sente por Helena e pela desculpa de não ser um bom pretendente (uma vez que sua
situação financeira não era tão boa quanto a de Helena), Estácio recusa a mão de Helena
para seu amigo, causando assim uma grande intriga. Após muita conversa, Estácio aceitou
o pedido de Mendonça, porém, Mendonça recusa, acreditando realmente não ser digno da
mão de Helena.
Após Estácio ver sua irmã sair numa manhã de uma casa azul, próximo a sua casa, foi
investigar e acaba por descobrir que Helena não era filha legítima do Conselheiro. Ela era
filha de D. Ângela com seu pai. D. Ângela, um dia, que largou seu marido para ir morar com
o Conselheiro Vale, impulsionada por um sentimento forte e recíproco. Mesmo Helena não
sendo sua filha de sangue, Conselheiro a toma como filha e a cria, até sua morte.

Após toda a revelação, Estácio escolhe por deixar que Helena continue sendo reconhecida
como filha do Conselheiro Vale, e assim herdeira dos bens. Porém, ela adoece. Mesmo
após os dois serem livres para assumirem o amor que nutriam um pelo outro, esse amor
não teve tempo de se concretizar, pois, com apenas um beijo dado a sua amada, Estácio se
despede dela para sempre. Helena falece.

Narrado em terceira pessoa, Helena possui um narrador onisciente. Narrador este que dá


voz ao autor para que ele possa caracterizar os personagens fazendo uma análise
psicológica deles.

O Romance tem início por volta de 1850, em uma sociedade extremamente religiosa e
moldada pelos preceitos católicos. Com uma linguagem irônica e melancólica, Machado faz
uma crítica à sociedade de aparências. A representação feminina de Helena tem suas ações
coordenadas pela submissão a um senhor, seja ao conselheiro Vale, seja ao seu meio-
irmão Estácio, por ser herdeiro de Vale. Esta postura de submissão pode ser exemplificada
com o próprio ato de reconhecimento da heroína como herdeira do conselheiro Vale. Uma
política de dominação comum à sociedade brasileira de meados do século XIX – época em
que se passa a história de Helena

No século XIX à situação da mulher era de subserviência ao pai e, depois do casamento,


ao marido. Havia uma dupla moral que regia a sociedade do Império: a mulher deveria
permanecer virgem até o casamento e depois de casada se manter fiel ao marido. Em uma
passagem na qual a personagem finge não saber montar para que Estácio lhe ensine e ela,
portanto, possa cavalgar, Machado apresenta uma alegoria à situação de submissão de
Helena a Estácio.

Nos romances machadianos temos exemplos de pais que almejavam com o casamento das
filhas ascenderem a uma posição social melhor, mesmo que indiretamente: o exemplo do D.
Camargo que acalentava o sonho de ver sua filha, Eugênia, casada com Estácio.

Porém no século XX, o movimento feminista se espalhou pelo mundo com manifestações
como: queima de sutiãs em praça pública e libertação da mulher com a criação da pílula.
Multiplicaram-se as palavras de ordem: “Nosso corpo nos pertence!” “O privado também é
político!” “Diferentes, mas não desiguais!”. E com as lutas, as mulheres passaram a ter mais
poder e significado na sociedade e nos dias atuais, graças as nossas antepassadas,
podemos ser tudo que quisermos e ser mais significativas que os homens.

Você também pode gostar