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1 Histórico
A origem da letra de câmbio remonta ao contrato de câmbio, que
inicialmente representava qualquer troca, passando a identificar
posteriormente a troca de moeda.
Diante dessa origem, há quem reconheça a existência da letra de
câmbio desde a mais remota Antiguidade.
Todavia, o histórico da letra de câmbio não se confunde com o histórico
do próprio contrato de câmbio, uma vez que a letra só surgiu tempos
depois para instrumentalizar esse contrato.
A letra de câmbio primitiva deve ser entendida como
“O título revestido de forma especial que continha uma delegação de
pagamento de certa soma de dinheiro, em praça diversa, ao credor ou
à pessoa por este autorizada, e que produzia efeitos jurídicos peculiares,
pelo menos o da responsabilidade do emitente pela garantia do futuro
pagamento, facultado ao credor o exercício da ação regressiva”
Tal conceito efetivamente não existiu na Antiguidade, embora não se
negue a existência dos contratos de câmbio desde então, entre gregos
ou romanos.
As letras de câmbio são institutos mais recentes, sendo sua história
dividida em três fases: o período italiano, o período francês e o período
germânico.
1.1 Período italiano
As cidades italianas (Gênova, Veneza...) realizavam entre si um grande intercâmbio
comercial, vale dizer, mercadorias de uma cidade eram vendidas a outras cidades e vice-
versa.
Todavia, tais cidades tinham moedas próprias, de modo que a moeda de uma cidade
não tinha valor na outra.
Assim sendo, se um comerciante de Veneza recebia a moeda de Gênova, não poderia usá-
la na sua própria cidade, ou um comprador de Gênova que ia a Veneza para fazer compras
não podia usar sua própria moeda. Havia, portanto, a necessidade da troca de uma
espécie de moeda por outra moeda para que esse intercâmbio se desenvolvesse. Essa
troca da moeda era feita pelos primitivos bancos, por meio do contrato de câmbio.
Nesses casos, nada podia ser feito, uma vez que o sacado não havia assinado
o título e, consequentemente, não tinha assumido obrigação alguma.
Portanto, ele não poderia ser compelido a cumprir a ordem.
Para dar maior segurança às pessoas que usavam o título, criou-se uma forma
de responsabilidade do sacado: o aceite. A concordância do sacado, isto é, da
pessoa a quem era dirigida a delegação, dava mais segurança ao credor, na
medida em que ele poderia exigir desse sacado o cumprimento da letra. Ao
assinar, ele se tornava devedor do título e, por isso, poderia ser compelido a
pagar.
Com o surgimento do aceite, resolvia-se um primeiro problema.
Todavia, ainda havia outros. Caso o sacado estivesse ausente da cidade
na época em que o comerciante chegasse com título, ele não teria
como trocar a moeda, restando frustrada sua viagem.
Para solucionar essa questão, passa-se a admitir que o título seja
transferido, ou seja, o credor não precisava mais encontrar o sacado,
ele podia passar o título para outra pessoa e essa outra pessoa
encontraria o sacado, para receber o valor ali estipulado.
Quem transferia o documento também garantia o pagamento do
título. Nesse período, o título passa a ser um instrumento de
pagamento , substituindo a própria moeda em algumas situações.
Esse período é chamado de período francês, na medida em que suas
principais inovações foram consagradas pela Ordenança de 1673. No
Brasil, tal orientação chegou com o Código Comercial de 1850.
1.3 Período alemão
Por fim, vale ressaltar que, nas letras de câmbio, temos ordens de
pagamento, ou seja:
Nesses casos, sua ausência pode ser suprida por outros elementos da
letra ou pela própria lei.