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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ___ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO LUÍS/MA.

Prioridade Processual
Tutela de Urgência

JESSIMARA SILVA DE ARAUJO BATALHA, brasileira, casada, aposentada, portadora


do RG nº 0001025651984 SESC/MA inscrita no CPF nº 914.517.873-91, residente e domiciliado
na Rua 800, quadra 8, casa 42, Jardim das Margaridas, São Luís/MA, Cep 65052-875,
representada nesta ação por sua advogada, conforme procuração anexa, vem respeitosamente
à presença de Vossa Excelência, conforme os fundamentos de fato e de direito postos a seguir,
propor a presente

AÇÃO DE REVISÃO DA RMI DE APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE C/C


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO, DANOS MORAIS E PEDIDO LIMINAR

em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal, pessoa


jurídica, com CNPJ sob nº 29.979.036/0001-40, neste ato representada pela Advocacia Geral da
União, por sua Procuradoria Federal Especializada do INSS, com endereço para citação na Av.
Monção, Quadra 35, Lote 01, s/nº, Loteamento Boa Vista, Edifício Via Manhattan Center III, Bairro:
Jardim Renascença, São Luís/MA, CEP: 65.075-692; e, com endereço eletrônico
denominado“ibraim.djalma@agu.gov.br”; pelas razões de fato e de direito a seguir:

1. PRELIMINARMENTE

1.1 PRIORIDADE PROCESSUAL

A autora é pessoa portadora de deficiência, tendo sido diagnosticada com esclerose


múltipla (Cid G.35) na qual necessita de cuidados diários, razão pela qual tem direito à
prioridade da tramitação da presente demanda, nos moldes do artigo 9º, inciso VII, da lei n.º
13.146/2015 do Estatuto da Pessoa Com Deficiência:
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber atendimento prioritário,
sobretudo com a finalidade de:

VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e administrativos em


que for parte ou interessada, em todos os atos e diligências.

Av. Ana Jansen, nº 2, Edif. Mendes Frota, SL 911 | São Francisco | São Luís | MA| CEP 65076-200 |
Fone: (98) 98216-0015 | e-mail: laiserodrigues.adv@gmail.com
Considerando que a Requerente é portadora de grave deficiência, ou seja, a ação
envolve matéria regulada pela Lei 13.146/15, bem como o art. 1.048, inciso I, do CPC, sendo
devida a prioridade da tramitação da presente demanda.

1.2 DA JUSTIÇA GRATUITA

Atualmente a autora é aposentada, recebendo atualmente menos de 2 (dois) salários-


mínimos, devido aos DESCONTOS INDEVIDOS da Autarquia Previdenciária, estando a autora
com responsabilidade da manutenção própria e de sua família e sendo portadora de esclerose
múltipla (Cid G.35) na qual necessita de inúmeros medicamentos, todos de valores elevados,
alimentação especial, conforme laudos médicos anexados comprovando necessidade de
aplicações de remédios de valores absurdamente altos, conforme extrato do plano de saúde,
razão pela qual não poderia arcar com as despesas processuais.
Para tal benefício, a autora junta prova médica de sua deficiência e de seu benefício
previdenciário como sua única fonte de verba alimentar, os quais demonstram a inviabilidade
de pagamento das custas judiciais sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação
do Art. 99 Código de Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na
contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá


ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que
evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo,
antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente


por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus a Requerente ao
benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA - JUSTIÇA GRATUITA -


Assistência Judiciária indeferida - Inexistência de elementos nos autos a indicar que o
impetrante tem condições de suportar o pagamento das custas e despesas processuais
sem comprometer o sustento próprio e familiar, presumindo-se como verdadeira a
afirmação de hipossuficiência formulada nos autos principais - Decisão reformada -
Recurso provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2083920-71.2019.8.26.0000; Relator
(a): Maria Laura Tavares; Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro Central -
Fazenda Pública/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento:
23/05/2019; Data de Registro: 23/05/2019)

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do requerente, sendo
suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e honorários
advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

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"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem tampouco se fala em
renda familiar ou faturamento máximos. É possível que uma pessoa natural, mesmo
com boa renda mensal, seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela
sujeito que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A gratuidade
judiciária é um dos mecanismos de viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito tenha que comprometer
significativamente sua renda, ou tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os
para angariar recursos e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98
do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça á requerente.

I. DOS FATOS

A Requerente vinha em gozo do benefício previdenciário de auxílio por incapacidade


temporária desde o ano de 2020, conforme documentos anexos.

Em 14/09/2022, teve aludido benefício convertido em aposentadoria por incapacidade


permanente.

Contudo, o INSS utilizou forma de cálculo inconstitucional, o que reduziu


significativamente o valor da prestação que vinha recebendo.

Além disso, o Réu está descontando o valor mensal de R$ 1.141,26 (mil cento e
quarenta e um reais e vinte e seis centavos) do benefício da Requerente, por entender que houve
pagamento a maior do benefício anterior (mais vantajoso) até a efetiva implantação da
aposentadoria por incapacidade permanente.

Ocorre que referida cobrança é equivocada, conforme se demonstrará a seguir.

Por tais motivos, ajuíza-se a presente ação.

2 DO DIREITO

Em recente decisão, proferida em 11 de março de 2022, a Turma Regional de


Uniformização da 4ª Região decidiu que o cálculo da Renda Mensal Inicial da aposentadoria
por incapacidade permanente é inconstitucional.

Com efeito, a EC 103/2019 alterou significativamente a forma de cálculo da antes


chamada aposentadoria por invalidez.

Anteriormente, o cálculo consistia em 100% da média dos 80% maiores salários de


contribuição desde 07/1994.

No entanto, a partir da Reforma (EC 103/2019), além da nomenclatura, o cálculo do


benefício também foi alterado. Agora, a chamada aposentadoria por incapacidade
permanente é calculada da seguinte forma:

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• 60% +2% a cada ano que exceder 15 e 20 anos de tempo de contribuição para mulher e
homem, respectivamente

• Dessa forma, o coeficiente acima é multiplicado pela média de 100% dos salários de
contribuição desde 07/1994.

Por outro lado, caso o benefício seja ACIDENTÁRIO, o coeficiente do primeiro item
acima fica em 100%.

Sem dúvida, para a modalidade NÃO ACIDENTÁRIA, o cálculo ficou extremamente


desvantajoso, especialmente se comparado com o auxílio por incapacidade temporária (antigo
auxílio-doença), que não teve mudanças no seu coeficiente inicial de 91%.

Diante disso, a decisão da TRU/4 fundamentou-se na violação aos princípios da


isonomia, da razoabilidade, da irredutibilidade do valor dos benefícios e da proibição da
proteção deficiente.

Dessa forma, o seguinte trecho da ementa exprime o ponto central da fundamentação:

EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE


PERMANENTE. DISCRIMINAÇÃO ENTRE OS COEFICIENTES DA
ACIDENTÁRIA E DA NÃO ACIDENTÁRIA. CÁLCULO DA RENDA MENSAL
INICIAL. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 26, § 2º, III, DA EC N.º
103/2019. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ISONOMIA,
DA RAZOABILIDADE E DA IRREDUTIBILIDADE DO VALOR DOS BENEFÍCIOS
E DA PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO DEFICIENTE. […] 2. O art. 194, parágrafo
único, IV, da CF/88, garante a irredutibilidade do valor dos benefícios.
Como a EC 103/19 não tratou do auxílio-doença (agora auxílio por
incapacidade temporária) criou uma situação paradoxal. De fato, continua
sendo aplicável o art. 61 da LBPS, cuja renda mensal inicial corresponde a
91% do salário de benefício. Desta forma, se um segurado estiver
recebendo auxílio doença que for convertido em aposentadoria por
incapacidade permanente, terá uma redução substancial, não fazendo
sentido, do ponto de vista da proteção social, que um benefício por
incapacidade temporária tenha um valor superior a um benefício por
incapacidade permanente. 3. Ademais, não há motivo objetivo plausível
para haver discriminação entre os coeficientes aplicáveis à aposentadoria
por incapacidade permanente acidentária e não acidentária. […] (5003241-
81.2021.4.04.7122, TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DA 4ª REGIÃO,
Relator DANIEL MACHADO DA ROCHA, juntado aos autos em 12/03/2022)

Assim, baseada nesses fundamentos, a TRU4 decidiu pela inconstitucionalidade do


inciso III do § 2º do art. 26 da EC 103/2019 e fixou a seguinte tese:

“O valor da renda mensal inicial (RMI) da aposentadoria por incapacidade


permanente não acidentária continua sendo de 100% (cem por cento) da
média aritmética simples dos salários de contribuição contidos no período
básico de cálculo (PBC). Tratando-se de benefício com DIB posterior a EC
103/19, o período de apuração será de 100% do período contributivo desde a
competência julho de 1994, ou desde o início da contribuição, se posterior
àquela competência.”

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Ainda, merece destaque o julgamento do feito nº 5004228-75.2020.4.04.7115, de relatoria
da Juíza Federal Marina Vasques Duarte:

PREVIDENCIÁRIO. CONVERSÃO DE AUXÍLIO DOENÇA EM


APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE. OPÇÃO PELA
MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO ANTERIOR. VEDAÇÃO. ATO
ADMINISTRATIVO VINCULADO À LEI. EC 103/2019. TEMPUS REGIT ACTUM.
INCIDÊNCIA DAS REGRAS PREVISTAS NA NOVA EMENDA
CONSTITUCIONAL. APLICABILIDADE IMEDIATA DO ARTIGO 26 DA EC
103/2019. REVOGAÇÃO TÁCITA DO ARTIGO 44 DA LEI 8213/91. AFRONTA
AO PRINCIPIO DA IRREDUTIBILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE DO
VALOR DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. MANUTENÇÃO DA RM DO
AUXÍLIO-DOENÇA. 1. Sendo a concessão de benefício previdenciário ato
administrativo vinculado à lei, não é possível deferir amparo diverso do
previsto em lei. Preenchidos os requisitos para aposentadoria por
incapacidade permanente, não tem o segurado direito de optar pela
manutenção do auxílio-doença. 2. Na conversão de auxílio-doença deferido
antes da EC 103/2019 em aposentadoria por incapacidade permanente
constatada após o seu advento, aplicam-se as novas normas nela
estabelecidas em respeito ao princípio do tempus regit actum. 3. O artigo 26
da EC 103/2019 na parte em que estabelece a nova forma de cálculo das
aposentadorias deferidas após a sua entrada em vigor tem aplicabilidade
imediata, sendo tacitamente revogado o artigo 44, da Lei 8213/1991. 4. Na
conversão de benefício por incapacidade temporária em permanente, o
STF já entendeu ser indevido cálculo de novo salário-de-benefício,
optando pelo caráter continuativo do benefício. 5. Hipótese em que o
benefício transformado restou fixado em valor inferior ao anterior,
afrontando o princípio da irredutibilidade, previsto no artigo 194, parágrafo
único, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, bem como o princípio da
proporcionalidade, ante o caráter definitivo da restrição laboral. (Recurso
Cível nº 5015021-19.2019.4.04.7112, 4ª Turma Recursal, sessão de
05/07/2021, Relatora Juiza Federal Marina Vasques Duarte) 6.
Manutenção do valor da RM do auxílio-doença a título de aposentadoria
por incapacidade permanente, reajustado nas mesmas épocas e índices de
revisão dos benefícios previdenciários. 7. Recurso do INSS parcialmente
provido para garantir a manutenção do valor do auxílio-doença/auxílio por
incapacidade temporária NB 31/542.864.915-8 (DIB 29/09/2010) a título de
aposentadoria por incapacidade permanente (DIB 29/08/2020), reajustado
nos mesmos índices e periodicidade dos benefícios previdenciários.
(5004228-75.2020.4.04.7115, QUARTA TURMA RECURSAL DO RS, Relatora
MARINA VASQUES DUARTE, julgado em 16/02/2022, com grifos acrescidos)

E, no âmbito do TRF/4, o entendimento não é diferente:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE.


RMI. VIGÊNCIA DA EC 103/19. INAPLICABILIDADE. INCAPACIDADE
ANTERIOR À REFORMA PREVIDENCIÁRIA. JULGAMENTO NA FORMA DO
ART. 942 DO CPC. 1. Se a incapacidade foi constatada antes da vigência da
reforma previdenciária de 2019, a RMI não deve ser calculada nos termos da
redação do art. 26, § 2º, da EC 103/2019, em observância ao princípio tempus
regit actum. 2. Na conversão de auxílio-doença em aposentadoria por
incapacidade permanente, após a EC 103/2019, o valor do novo benefício não
pode ser inferior ao concedido anteriormente, sob pena de afronta ao princípio
da proporcionalidade e da irredutibilidade do do valor dos benefícios

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previdenciários. 3. Hipótese em que a parte autora vinha auferindo benefício
previdenciário por incapacidade desde setembro de 2016 (TRF4, AC 5005522-
52.2021.4.04.7205, TURMA REGIONAL SUPLEMENTAR DE SC, Relator para
Acórdão PAULO AFONSO BRUM VAZ, juntado aos autos em 02/06/2022, com
grifos acrescidos)

Desta análise, não há outra conclusão a ser tomada, senão a declaração incidental de
inconstitucionalidade do art. 26, § 2º, III, da EC 103/2019, devendo ser aplicado o art. 44 da
Lei 8.213/91 para admitir a utilização do coeficiente correspondente a 100% do salário de
benefício para a apuração da RMI do benefício de aposentadoria por invalidez/aposentadoria
por incapacidade permanente.

2.1 DA INEXISTÊNCIA DE DÉBITO

Conforme referido alhures, o Réu está descontando valores mensalmente do benefício


da Requerente totalizando um valor de R$ 6.172,61 (seis mil cento e setenta e dois reais e
sessenta e um centavos) até a data de protocolo da presente demanda, por entender que houve
pagamento a maior do benefício anterior (mais vantajoso) até a efetiva implantação da
aposentadoria por incapacidade permanente.

Vejamos os valores dos descontos desde 05/12/2023 (data de início dos descontos):

COMPETÊNCIA VALOR DO DESCONTO


Novembro/2023 R$ 1.100,44
Dezembro/2023 R$ 1.648,39
Janeiro/2024 R$ 1.141,26
Fevereiro/2024 R$ 1.141,26
Março/2024 R$ 1.141,26
TOTAL (até a data do protocolo do processo) R$ 6.172,61

No entanto, incabível o desconto, pois a Demandante agiu de boa-fé ao receber o


benefício, sendo que em nada contribuiu para a ocorrência de eventual erro administrativo ou
atraso na implantação da aposentadoria por incapacidade permanente.

De bom alvitre salientar que os benefícios previdenciários são revestidos de caráter


alimentar, de sorte que os descontos efetuados pelo INSS estão causando prejuízo ao sustento
do Requerente.

Vejamos a jurisprudência deste Regional em casos tais:

AGRAVO INTERNO. PREVIDENCIÁRIO. RESSARCIMENTO. VALORES PAGOS


POR INTERPRETAÇÃO ERRÔNEA DA LEI, ERRO MATERIAL OU
OPERACIONAL DO INSS. BOA-FÉ. IRREPETIBILIDADE. 1. Na devolução de
valores para o INSS: (i) o pagamento decorrente de interpretação errônea
da lei não é suscetível de repetição; (ii) o pagamento decorrente de erro
material ou operacional é suscetível de repetição, salvo comprovada boa-
fé do segurado; (iii) a exigência de comprovação da boa-fé vale para os
processos distribuídos a partir de 23 de abril de 2021; (iv) a repetição, quando
admitida, permite o desconto do percentual de até 30% do valor do benefício
do segurado (Tema 979, STJ). 2. Não é possível o desconto de valores na renda
mensal do benefício previdenciário se isso implicar redução a quantia inferior

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ao salário mínimo (art. 201, §2º, CF/88). Precedentes. 3. Na aferição da boa-
fé, é preciso avaliar a aptidão do segurado "para compreender, de forma
inequívoca, a irregularidade do pagamento" (STJ, REsp 1381734/RN, Rel.
Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, julgado em 10/03/2021, DJe
23/04/2021, p. 31). 4. Em matéria previdenciária, a prova da boa-fé também
se dá a partir das condições pessoais de cada segurado, tais como idade, grau
de instrução, contexto de fragilidade social e possibilidade concreta de
conhecer e entender a extensão das prestações previdenciárias. (TRF4, AC
5002976-89.2015.4.04.7122, SEXTA TURMA, Relator JOÃO BATISTA PINTO
SILVEIRA, juntado aos autos em 16/06/2022, com grifos acrescidos)

Assim, resta evidenciado o equívoco do INSS ao efetuar descontos no benefício da


Requerente, o qual agiu de boa-fé, de modo que impõe-se a declaração de inexistência de débito,
bem como a devolução dos valores consignados.

Logo, a procedência do feito é medida que se impõe.

2.2 DO DANO MORAL

A responsabilidade do Estado encontra guarida na Constituição Federal, a qual prevê


que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços
públicos responderão pelos atos lesivos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)

[...]

§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A partir da análise do dispositivo, percebe-se que a responsabilidade objetiva do Poder


Público está condicionada ao dano gerado pela sua administração.

No caso em tela, percebe-se claramente a lesão causada pelo INSS á Autora com os
descontos em sua verba previdenciária, afetando diretamente o núcleo essencial dos seus
direitos fundamentais.

Por este motivo, requer o Demandante a condenação da Autarquia Previdenciária em


indenização por danos morais, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).

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2.3 DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

O Código de Processo Civil estabelece em seu art. 300 que “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

Neste sentido, o diploma legal exige para a concessão da tutela de urgência dois
elementos, quais sejam, o fumus boni iuris e o periculum in mora.

No caso em comento, o fumus boni iuris resta demonstrado a partir dos documentos
anexos, dos quais se exprime que o INSS está descontando mensalmente, de forma indevida, da
folha de pagamento do Requerente o valor de R$ 1.141,26 (mil cento e quarenta e um reais e vinte
e seis centavos).

O perigo de dano, por outro lado, consiste justamente no caráter alimentar do benefício
previdenciário, cujos descontos efetuados pelo INSS estão causando prejuízo ao sustento da
Requerente.

ISTO POSTO, REQUER seja determinado, liminarmente, que o INSS suspenda os


descontos no benefício do Autor, até o julgamento final da lide.

2.4 DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO OU DE CONCILIAÇÃO

A parte Autora manifesta, em cumprimento ao art. 319, inciso VII do CPC, que não há
interesse na realização de audiência de conciliação ou de mediação, haja vista a iminente
ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas as partes dispensem a sua realização,
conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do CPC.

II. PEDIDOS

FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

1. O deferimento da tutela provisória de urgência, a fim de que seja determinada ao INSS,


in limine litis, a imediata suspensão dos descontos oriundos da consignação em tela,
até o julgamento final da lide;

2. O deferimento da Gratuidade da Justiça, pois o Autor não tem condições de arcar com
as custas processuais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família (vide procuração
outorgada com poderes específicos, conforme autoriza art. 105 do CPC);

3. A não realização de audiência de conciliação ou de mediação, pelas razões acima


expostas;

4. A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, em especial documental,


testemunhal e pericial;

5. O julgamento PROCEDENTE da lide, para o efeito de:

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5.1) Declarar a inexistência do débito alegado pelo INSS, referente à consignação no
benefício, abstendo-se o Réu de efetuar qualquer cobrança nesse sentido;

5.2) Condenar o INSS a restituir ao Demandante os valores indevidamente


consignados/descontados, a que se refere o item ‘5.1’;

5.3) Condenar o INSS a revisar a aposentadoria por incapacidade permanente auferida


pelo Requerente, calculando o valor da renda mensal inicial (RMI) do benefício conforme
o art. 44 da Lei 8.213/91;

5.3.1) Subsidiariamente ao item ‘5.3’, POSTULA a condenação do INSS a proceder


à manutenção do valor do auxílio por incapacidade temporária (NB 633007856-
8) a título de aposentadoria por incapacidade permanente, reajustado nos mesmos
índices e periodicidade dos benefícios previdenciários;

5.4) Condenar o INSS ao pagamento de indenização por danos morais em favor do


Requerente, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais);

5.5) A condenação do Réu aos ônus da sucumbência;

Dá à causa o valor de R$ 35.487,37 (trinta e cinco mil, quatrocentos e oitenta e sete reais e trinta
e sete centavos) para efeitos procedimentais.

NESSES TERMOS,

PEDE DEFERIMENTO.

São Luís/MA, 27 de março de 2024.

Laíse Rodrigues Dos Santos


OAB/MA 19.820

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