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JUIZO DE DIREITO DO 1⁰ VARA CÍVEL DA COMARCA DA

CAPITAL DO RIO DE JANEIRO

PROCESSO N° (...)

MARIA LÚCIA, (..), (...), (...), inscrito no CPF sob nº (...) e RG nº (...), residente
e domiciliado à Tijuca, Rio de Janeiro, CEP (...), telefone (...), e-mail..., vem por
seu advogado devidamente constituído (procuração anexa), pelo procedimento
comum, com fundamento nos artigos 319, 1009 e 1010 do Código de Processo
Civil, vem respeitosamente ao juízo interpor:

APELAÇÃO

Em face da decisão prolatada na sentença de folhas (...), em ação ajuizada em


face de GELE BEM, (...), (...), (...), inscrito no CPF sob nº (...) e RG nº (...),
residente e domiciliado à (...), CEP (...), telefone (...), e-mail...

Requerendo processamento do recurso e remessa a Câmara Cível, para o fim


de reexame das questões suscitadas e sentença, conforme fundamentos
jurídicos e razões anexas:

Perante os Termos,

Pede Deferimento.

Rio de Janeiro, 13 de maio De 2023

ADVOGADO

OAB
RAZÕES DA APELAÇÃO

PROCESSO N⁰: (...)

AÇÃO: RECURSO DE APELAÇÃO

RECORRENTE: MARIA LÚCIA

RECORRIDO: GELE BEM

EMÉRITOS DESEMBARGADORES

I - DOS FATOS

MARIA LÚCIA, residente na Tijuca, em uma casa de Vila, sempre honrou


pontualmente com o pagamento de suas contas.

Ocorre que, por motivos de saúde, ficou impossibilitada de trabalhar e


consequentemente algumas contas foram pagas com atraso e outras não
foram pagas. O pagamento da conta referente ao fornecimento de energia
elétrica com a “Luz Maior” foi interrompido após 2 meses de atraso.

Ocorre que Maria reside com seu pai idoso e diabético, sendo necessário
manter o remédio na geladeira. O nome de Maria Lúcia foi negativado.
Maria Lúcia não recebeu qualquer carta de comunicação de inclusão nos
cadastros restritivos, descobrindo a negativação ao ter o crédito negado em
uma compra que tentou realizar.

Assim, Maria ingressou com ação de obrigação de fazer com pedido de


tutela para reestabelecimento imediato da energia elétrica e danos morais
no valor de R$ 10.000,00. A ação foi distribuída para 1ª Vara Cível da
Comarca da Capital do Rio de Janeiro. Alegou que se trata de serviço
essencial e que não pode ser interrompido, destacando ainda a situação de
seu pai. Após 3 meses pagou a conta.
A tutela foi deferida para reestabelecimento da energia elétrica, mas ao final
a sentença foi de improcedência conforme transcrição:

SENTENÇA:

“Torno definitiva a tutela antecipada, para que seja mantido o


fornecimento de energia elétrica, já que a conta está paga e a energia
é necessária para saúde do pai da autora ... No entanto, julgo
improcedente o pedido de danos morais, uma vez que havia débito e
a inclusão nos cadastros restritivos foi devida. Quanto a carta entendo
que só há obrigatoriedade de envio para proteger o consumidor
adimplente de uma negativação indevida ”

II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

Conforme disposto no caso, a indenização não ocorreu por decisão proferida


em parte da sentença, entretanto o direito permite recurso de apelação para
contestar tal ação conforme citação indicada:

Art. 1.009. do Código de Processo Civil:

“ Da sentença cabe apelação.

§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu


respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela
preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente
interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.

§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o


recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito
delas.

§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões


mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.”

Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de


primeiro grau, conterá:

“I - Os nomes e a qualificação das partes;

II - A exposição do fato e do direito;


III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;

IV - O pedido de nova decisão.

§ 1º O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15


(quinze) dias.”

Os serviços essenciais em regra não podem ser interrompidos e devem


ser contínuos, importante ressaltar que o pai é idoso e é um homem
doente.

Art. 22 da Lei nº 8.078 de 11 de Setembro de 1990

“Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos
essenciais, contínuos.”

Da negativação:

Há de fato uma irregularidade no pagamento de contas, porém não houve um


aviso prévio realizado de forma clara conforme ART 43 da lei 8078, há
necessidade de comunicação prévia pelo órgão em questão, juntamente com
uma discriminação da dívida.

O aviso prévio busca proteger o usuário de negativação, importante ressaltar


que não há prisão por dívida conforme ART 5°, inciso LXXII da CF 88.

Da legitimidade do pedido:

Quanto ao serviço essencial é dito que apesar do débito o serviço


essencial é necessário para manter a vida do pai da autora, perante os
autos já foi mencionado não houve comunicação prévia sendo assim,
passível de dano moral conforme .
Há um entendimento do STJ sobre dar prazo legal e ressalta mecanismos para
evitar a negativação e dar uma chance de pagar a dívida antes de ser realizada
a negativação segue a seguinte linha de raciocínio:

Súmula 359 do STJ:

“Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a


notificação do devedor antes de proceder à inscrição

Súmula 404 do STJ:


"É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de comunicação ao
consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e
cadastros ".

Ainda há de se ressaltar que a negativação tem um prazo legal:

Súmula 323 STJ

"A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de proteção
ao crédito até o prazo máximo de cinco anos, independentemente da
prescrição da execução".

É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o


direito à saúde e à integridade física do usuário.

Decisão Monocrática

AREsp 452420/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,


Julgado em 19/12/2013,Publicado em 05/02/2014

“Desse modo, em se tratando de serviços essenciais, como o fornecimento


de água e de energia elétrica, a interrupção da prestação, ainda que
decorrente de inadimplemento, só é legítima se não afetar o direito à saúde e
à integridade física do usuário.”

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