Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PARECER Nº 1.912/2019
1. RELATÓRIO
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
2. Inicialmente, a equipe técnica apontou as seguintes irregularidades:
Responsáveis: ALESSANDRO ISERNHAGEN HYDALGO - PREGOEIRO /
Período: 09/01/2019 a 31/12/2019 LARISSA FERNANDA DIAS AZOIA -
ASSESSOR JURÍDICO / Período: 09/01/2019 a 31/12/2019 MOACIR
PINHEIRO PIOVESAN - ORDENADOR DE DESPESAS / Período: 01/01/2019
a 31/12/2019
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
(documento digital n. 43907/2019) de forma conjunta, sustentando, em síntese, a
ilegitimidade passiva da assessora jurídica (Larissa Fernanda Dias) e a ausência de
irregularidades e/ou prejuízos quanto aos demais itens.
2. FUNDAMENTAÇÃO
2.1 PRELIMINARES
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
9. Isto posto, nos termos do artigo 279, §2º, do Código de Processo Civil, o
Ministério Público de Contas informa não existir prejuízo por não ter sido intimado a
manifestar-se acerca da medida cautelar pleiteada.
11. Ocorre que tal matéria defensiva não é tema de preliminar por
ausência de legitimidade, mas confunde-se com o próprio mérito, isto é, a verificação
do elemento subjetivo necessariamente demanda análise de mérito, não podendo ser
afastada a responsabilidade através da pretendida preliminar.
[...]
VI - Para se investigar, entretanto, a presença dessas condições da ação,
segundo a teoria da asserção, a verificação se dá à luz das afirmações
feitas pelo demandante em sua petição inicial, devendo o julgador
considerar a relação jurídica deduzida em juízo in statu assertionies, ou
seja, à vista daquilo que se afirmou. A respeito da aceitação dessa teoria
no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, vejam-se os seguintes e
recentes precedentes de ambas as Turmas que tratam de direito público:
AgInt no REsp 1546654/SC, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA,
PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/5/2018, DJe 18/5/2018; REsp
1721028/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 17/4/2018, DJe 23/5/2018.
VII - Ao analisar com certa profundidade as provas para concluir pela
ilegitimidade das ora recorridas, o que o Tribunal de origem fez foi, na
verdade, por decisão de mérito, determinar a improcedência dos pedidos
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
quanto a elas.
[...]
(AgInt no REsp 1711322/RJ, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, SEGUNDA
TURMA, julgado em 06/09/2018, DJe 12/09/2018. (grifo meu).
2.2 MÉRITO
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
acordo com a norma legal, não existindo qualquer irregularidade, o que não é
verdade, pois conforme podemos observar no item 7.1.2 do edital o prazo concedido
para micro e pequenas empresas sanarem irregularidades documentais foi de 02
(dois) dias úteis, em clara violação ao artigo 43, §1º, da Lei Complementar n. 123/06,
conforme redação dada pela Lei Complementar n. 155/2016.
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
ao caso dos autos.
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
comprovação da quilometragem percorrida pois, apesar de ter sido
informado a quantidade de quilômetros, não se demonstrou
precisamente o traçado de cada uma das rotas. Entende-se que todas
essas informações são relevantes para possibitar que os licitantes
saibam quais os veículos para atender a demanda e o que vão enfrentar
durante a execução contratual. Diante do exposto, entende-se que o
objeto do Pregão Presencial n° 01/2019 definido no termo de referência
foi impreciso e insuficiente, prejudicando a participação de licitantes que
desconhecem as peculiaridades do município de Porto dos Gaúchos,
portanto permanece a irregularidade.
32. Sendo assim, patente o dever de nova publicação, nos termos do artigo
21, §4º, da Lei n. 8.666/93, com a devida observância do prazo de 8 (oito) dias úteis
de antecedência previsto no artigo 4º, V, da Lei n. 10.520/02, motivo pelo qual a
8
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
irregularidade deve ser mantida.
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
às Normas do Direito Brasileiro, a saber o Decreto-lei 4.657/1942: “O agente público
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou
erro grosseiro”. (grifo nosso)
38. Por seu turno, importa ressaltar que o art. 28 da LINDB trata do direito
sancionador, em especial às condições de aplicação de penalidades sobre as quais o
gestor estará sujeito, adentrando, pois, no campo da culpabilidade administrativa.
Doravante, caso não se configure o dolo ou o erro grosseiro, a responsabilidade do
agente público será afastada.
40. Já para Hugo Nigro Mazzilli “o dolo [...] é a vontade genérica de fazer o
que a lei veda ou não fazer o que a lei manda.” 2
42. Tendo o exposto, este Parquet não verificou, no caso concreto, uma
vontade dirigida à prática da ilegalidade. Até porque, não basta a ilegalidade do ato
para comprovar a presença do dolo. Faz-se mister, como dito, avaliar subjetivamente o
ato do agente, para, assim, formar um juízo de reprovabilidade. De modo que
carecem, pois, quaisquer evidências nos autos de que o gestor e os respectivos
servidores, voluntariamente, buscaram a realização de um ato desprovido de
finalidade pública, ou mal-intencionado, não cabe a penalização na modalidade dolo.
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
44. Embora ausentes na legislação os parâmetros positivos ou negativos
para delimitar o que vem a ser erro grosseiro, cabe informar que o atual entendimento
do TCU é pela existência do referido erro quando a conduta se distancia do esperado
do administrador sem que este tenha que agir de forma extraordinária. No Acórdão nº
2860/2018-Plenário, o Ministro Augusto Sherman enfatizou: “resta configurada a
ocorrência de erro grosseiro quando a conduta culposa do agente público distancia-se
daquela que seria esperada do administrador médio, avaliada no caso concreto”.
46. Sendo assim, cumpre indicar que no caso dos autos houve a inequívoca
ocorrência de erro grosseiro por parte de todos os envolvidos, tendo em vista que as
irregularidades apontadas decorrem de princípios básicos da legislação de licitações,
estando até mesmo expressas no texto da Lei n. 8.666/93 (artigo 3º, caput, e seu §3º;
artigo 21, §4º; artigo 27, II e III; e artigos 30 e 31); na Lei n. 12.527/2011 e na Lei n.
10.520/02 (artigo 1º, caput e seu parágrafo único; artigo 4º, V); na Lei Complementar
n. 123/06 (artigo 3º, I e II; e artigo 43, §1º); ou então devidamente sumuladas no
âmbito deste Tribunal de Contas, notadamente a súmula n. 18.
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
269/2007 c/c artigo 286, do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de
Mato Grosso, por seis vezes, em razão das irregularidades GB08; GB13; GB15; GB16;
GB17; e GB18; b) aplicar multa, que deverá ser paga com recursos próprios, à Sra.
Larissa Fernanda Dias Azoia nos termos do artigo 3º, II, “a”, da Resolução Normativa n.
17/2016 c/c artigo 74, da Lei Complementar Estadual n. 269/2007 c/c artigo 286, do
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, por seis vezes, em
razão das irregularidades GB08; GB13; GB15; GB16; GB17; e GB18; c) aplicar multa,
que deverá ser paga com recursos próprios, ao Sr. Alessandro Iserhagen Hydalgo nos
termos do artigo 3º, II, “a”, da Resolução Normativa n. 17/2016 c/c artigo 74, da Lei
Complementar Estadual n. 269/2007 c/c artigo 286, do Regimento Interno do Tribunal
de Contas do Estado de Mato Grosso, por seis vezes, em razão das irregularidades
GB08; GB13; GB15; GB16; GB17; e GB18; e d) determinar à gestão do Município de
Porto dos Gaúchos que promova imediatamente a anulação3 dos atos licitatórios que se
efetivaram após a publicação do edital, devendo este ser republicado sem as
irregularidades apontadas nestes autos, e, no caso de já ter sido celebrado o contrato,
seja este anulado; e e) pela expedição de determinação à gestão do Município de Porto
dos Gaúchos – MT –, para que proceda a apuração de responsabilidade disciplinar dos
causadores da nulidade do processo licitatório n. 001/2019, nos termos do artigo 49 c/c
artigo 59, parágrafo único, da Lei 8.666/93, e ainda, de acordo com o poder-dever da
administração pública em apurar infrações administrativas, conforme tese fixada por
este Tribunal de Contas no acórdão n. 443/2018 – Tribunal Pleno – no processo n.
28.616-8/2017, devendo a gestão instaurar Processo Administrativo Disciplinar no prazo
de 30 (trinta) dias e concluí-lo no prazo de 60 (sessenta) dias, encaminhando a
3EMENTA Mandado de segurança. Ato do Tribunal de Contas da União. Competência prevista no
art. 71, IX, da Constituição Federal. Termo de sub-rogação e rerratificação derivado de contrato
de concessão anulado. Nulidade. Não configuração de violação dos princípios do contraditório e
da ampla defesa. Segurança denegada. 1. De acordo com a jurisprudência do STF, "o Tribunal
de Contas da União, embora não tenha poder para anular ou sustar contratos administrativos,
tem competência, conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que
promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de que se originou" (MS 23.550,
redator do acórdão o Ministro Sepúlveda Pertence, Plenário, DJ de 31/10/01). Assim,
perfeitamente legal a atuação da Corte de Contas ao assinar prazo ao Ministério dos
Transportes para garantir o exato cumprimento da lei. 2. Contrato de concessão anulado em
decorrência de vícios insanáveis praticados no procedimento licitatório. Atos que não podem
ser convalidados pela Administração Federal. Não pode subsistir sub-rogação se o contrato do
qual derivou é inexistente. 3. Não ocorrência de violação dos princípios do contraditório e da
ampla defesa. A teor do art. 250, V, do RITCU, participaram do processo tanto a entidade
solicitante do exame de legalidade, neste caso a ANTT, órgão competente para tanto, como a
empresa interessada, a impetrante (Ecovale S.A.). 4. Segurança denegada.
(MS 26000, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Primeira Turma, julgado em 16/10/2012, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-224 DIVULG 13-11-2012 PUBLIC 14-11-2012). (grifo meu).
12
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
documentação respectiva à esta Corte de Contas imediatamente após a conclusão.
3. CONCLUSÃO
c.1) aplicar multa, que deverá ser paga com recursos próprios, ao Sr.
Moacir Pinheiro Piovesan, nos termos do artigo 3º, II, “a”, da Resolução Normativa n.
17/2016 c/c artigo 74, da Lei Complementar Estadual n. 269/2007 c/c artigo 286, do
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, por seis vezes, em
razão das irregularidades GB08; GB13; GB15; GB16; GB17; e GB18;
c.2) aplicar multa, que deverá ser paga com recursos próprios, à Sra.
Larissa Fernanda Dias Azoia nos termos do artigo 3º, II, “a”, da Resolução Normativa
n. 17/2016 c/c artigo 74, da Lei Complementar Estadual n. 269/2007 c/c artigo 286, do
Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, por seis vezes, em
razão das irregularidades GB08; GB13; GB15; GB16; GB17; e GB18;
c.3) aplicar multa, que deverá ser paga com recursos próprios, ao Sr.
Alessandro Iserhagen Hydalgo nos termos do artigo 3º, II, “a”, da Resolução
Normativa n. 17/2016 c/c artigo 74, da Lei Complementar Estadual n. 269/2007 c/c
artigo 286, do Regimento Interno do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, por
seis vezes, em razão das irregularidades GB08; GB13; GB15; GB16; GB17; e GB18;
13
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.
c.4) determinar à gestão do Município de Porto dos Gaúchos que
promova imediatamente a anulação dos atos licitatórios que se efetivaram após a
publicação do edital, devendo este ser republicado sem as irregularidades apontadas
nestes autos, e, no caso de já ter sido celebrado o contrato, seja este anulado; e
(assinatura digital) 4
GETÚLIO VEL ASCO MOREIRA FILHO
Procurador de Contas
4Documento firmado por assinatura digital, baseada em certificado digital emitido por Autoridade Certificadora
credenciada, nos termos da Lei Federal nº 11.419/2006 e Resolução Normativa Nº 9/2012 do TCE/MT.
14
Este documento foi assinado digitalmente. Para verificar sua autenticidade acesse o site: http://www.tce.mt.gov.br/assinatura e utilize o código 7QCO1F.