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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

1ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI


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3210-7003/7573

Recurso Inominado n° 0002460-30.2019.8.16.0112

Juizado Especial Cível de Marechal Cândido Rondon

Recorrente(s): Sandro Euclides Bregoli

Recorrido(s): LOCALIZA IMOBILIÁRIA LTDA — ME

Relatora Designada: Melissa de Azevedo Olivas

EMENTA: RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. SENTENÇA DE INDEFERIMENTO DA INICIAL. INCOMPETÊNCIA DO
JUIZADO ESPECIAL PARA ANÁLISE DO FEITO. COMPLEXIDADE DA CAUSA.
NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA COMPLEXA PARA O ARBITRAMENTO.
PRECEDENTES DESTA 1ª TURMA RECURSAL. SENTENÇA MANTIDA. Recurso
conhecido e desprovido.

RELATÓRIO

Dispensado o relatório – Enunciado 92 do FONAJE.

VOTO

Satisfeitos estão os pressupostos de admissibilidade do recurso, tanto os objetivos


quanto os subjetivos, motivo pelo qual deve ser ele conhecido.

O autor visa, com a interposição do recurso inominado, a reforma da sentença que


indeferiu a petição inicial por incompetência dos Juizados Especiais. Sustenta a competência
dos Juizados para o arbitramento de honorários advocatícios.

Sem razão. Explico.

O reclamante ofertou a presente demanda de arbitramento de honorários visto que não


houve pactuação por escrito dos honorários a ele devidos enquanto procurador da ré por mais
de 07 (sete) anos.

E, em que pese o posicionamento recursal, para lides desta natureza o presente Juízo
não é competente, em razão da necessidade de produção de prova complexa.

O Juizado Especial tem procedimento próprio que é regido pela Lei nº 9.099/95, não
cabendo prova técnica.

A ação autônoma de arbitramento de honorários, necessita de averiguação e valoração


do trabalho desenvolvido pelo patrono.

O caso, portanto, não é de simples cobrança, mas sim verdadeira ação de arbitramento
de honorários (art. 22, §2º da Lei nº 8.906/94), o que é incompatível com o rito dos Juizados
Especiais Cíveis, justamente pela complexidade probatória.

Ressalta-se que não se suprime o direito da parte autora de receber pelo serviço
prestado, apenas está se reconhecendo a necessidade de apresentação de sua pretensão
frente à Justiça Comum.

Diante do exposto, correta a extinção do feito sem resolução do mérito, sendo este o
entendimento desta 1ª Turma Recursal.

Neste sentido:

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE COBRANÇA. ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. PRELIMINAR ACOLHIDA. INCOMPETÊNCIA DO JUIZADO
ESPECIAL PARA ANÁLISE DO FEITO. COMPLEXIDADE DA CAUSA. NECESSIDADE
DE PRODUÇÃO DE PROVA COMPLEXA PARA O ARBITRAMENTO. PRECEDENTES
DESTA 1ª TURMA RECURSAL. SENTENÇA ANULADA. PROCESSO EXTINTO SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Recurso conhecido e provido. (TJPR - 1ª Turma Recursal
– 0006072-68.2016.8.16.0083 – Francisco Beltrão - Rel.: Melissa de Azevedo
Olivas - J. 16.04.2019).

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. NECESSIDADE DE PERÍCIA PARA AVERIGUAR VALOR.
INCOMPATIBILIDADE COM O JUIZADO ESPECIAL. INCOMPETÊNCIA RECONHECIDA.
EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. SENTENÇA REFORMADA.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 1ª Turma Recursal -
0003940-36.2016.8.16.0116 - Matinhos - Rel. Desig. p/ o Acórdão: Nestário da
Silva Queiroz - J. 18.09.2018).

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS


ADVOCATÍCIOS. SENTENÇA QUE JULGOU EXTINTO O FEITO, SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO. INSURGÊNCIA RECURSAL DO REQUERENTE. INCOMPETÊNCIA DO
JUIZADO ESPECIAL PARA ANÁLISE DO FEITO. COMPLEXIDADE DA CAUSA.
NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVA COMPLEXA PARA O ARBITRAMENTO.
SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS (ART. 46, LJE). RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR - 1ª Turma Recursal -
0006841-06.2018.8.16.0019 - Ponta Grossa - Rel.: Maria Fernanda Scheidemantel
Nogara Ferreira da Costa - J. 10.12.2018).

Diante do exposto, e com respeito ao voto sugerido pelo então relator, voto pelo
desprovimento do recurso inominado interposto, mantendo-se a sentença que, por
indeferimento da inicial, julgou extinto o processo sem resolução do mérito, nos termos do
art. 51, II, da Lei nº 9.099/95.

Custas na forma da Lei estadual nº 18.413/14.

Embora citada, a recorrida não compareceu aos autos, tampouco constituiu advogado
(obviamente), assim, não há que se falar em condenação do recorrente ao pagamento de
honorários de sucumbência.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, esta 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por maioria dos
votos, em relação ao recurso de Sandro Euclides Bregoli, julgar pelo seu Não Provimento, nos
exatos termos do voto.

O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Vanessa Bassani, sem voto, e dele
participaram os Juízes Nestário da Silva Queiroz (relator vencido), Melissa de Azevedo Olivas
(relatora designada) e Maria Fernanda Scheidemantel Nogara Ferreira Da Costa.

Curitiba, 27 de março de 2020.

Melissa de Azevedo Olivas


Juíza Relatora Designada
O

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