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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RS
BNFB
Nº 70038336566
2010/CÍVEL

RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. CULPA
CONCORRENTE. DANOS MATERIAIS. DANOS
MORAIS. DANOS ESTÉTICOS. AGRAVO RETIDO.
JUROS DE MORA.
A autora e os réus retornavam de um baile, por
volta das 5h da madrugada, pela RST/453, quando
o motorista, que vinha em alta velocidade, perdeu
o controle do veículo. Os ocupantes não utilizavam
o cinto de segurança. Culpa concorrente
caracterizada. Proporção mantida conforme fixada
na sentença.
Devida indenização por danos materiais, conforme
comprovados.
Danos morais e estéticos previstos na apólice de
seguro, na rubrica danos pessoais. Quantum
reduzido.
O proprietário do veículo envolvido em acidente de
trânsito é solidariamente responsável com o
condutor pelos prejuízos causados a terceiro. O
fato de não ser o proprietário do veículo quem o
estava dirigindo na ocasião do acidente não é
situação de perda de direitos e a Seguradora não
pode recusar o pagamento do sinistro.
Agravo retido improvido. Contestação protocolada
tempestivamente.
Juros contados do evento para o caso de
responsabilidade extracontratual (Súmula 54 do
STJ).
No que diz respeito à Seguradora, os valores
contidos na apólice deverão ser corrigidos desde a
contratação, devendo, ainda, incidir juros
moratórios a contar da citação da denunciada,
quando configurada sua mora.
À UNANIMIDADE, AGRAVO RETIDO IMPROVIDO,
PRIMEIRA E TERCEIRA APELAÇÕES
PARCIALMENTE PROVIDAS.
POR MAIORIA, SEGUNDA APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA

APELAÇÃO CÍVEL DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

Nº 70038336566 COMARCA DE ESTRELA

ISABEL CRISTINA PALADINI APELANTE/APELADA;

ELIO SPIELMANN APELANTE/APELADO;


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CARLOS SPIELMANN APELANTE/APELADO;

SUL AMÉRICA CIA NACIONAL DE


SEGUROS APELANTE/APELADO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Décima Primeira
Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar
provimento ao agravo retido e dar parcial provimento à primeira e terceira
apelações, e, por maioria, em dar parcial provimento ao segundo apelo,
vencido o Des. Antônio M. R. de Freitas Iserhard, que dava parcial
provimento em menor extensão.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os
eminentes Senhores DES. ANTÔNIO MARIA RODRIGUES DE FREITAS
ISERHARD E DES. LUIZ ROBERTO IMPERATORE DE ASSIS BRASIL.
Porto Alegre, 07 de dezembro de 2011.

DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS,


Relator.

RELATÓRIO
DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS (RELATOR)
Trata-se de ação de indenização proposta por ISABEL
CRISTINA PALADINI contra ELIO SPIELMANN e CARLOS SPIELMANN, na
qual narra que no dia 14.11.2004, quando retornava de um baile no veículo
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Celta de propriedade do primeiro demandado e conduzido pelo segundo,


sofreram um acidente por culpa do condutor em virtude dele dirigir em alta
velocidade. Relatou que o motorista perdeu o controle do automóvel, saiu da
pista e bateu contra um barranco do lado direito.
Os réus, em contestação, alegaram que não houve culpa do
motorista no ocorrido, tendo em vista que havia muita neblina e, por esta
razão, sequer era viável a condução em alta velocidade no local do acidente.
Aduziram que a autora era a única que viajava sem o cinto de segurança,
razão pela qual foi arremessada do automóvel no momento do impacto.
Denunciada a lide à SUL AMÉRICA CIA NACIONAL DE
SEGUROS, não aceitou a denunciação alegando que o primeiro
demandado, ao responder o questionário feito pela empresa, não mencionou
o segundo demandado como habitual condutor do veículo envolvido no
acidente.
Da sentença de parcial procedência dos pedidos formulados
pela autora e de procedência da denunciação da lide, apelam as partes.
ISABEL CRISTINA PALADINI, primeira apelante, alega que
não há falar em culpa concorrente, pois não ficou comprovado que a
utilização do cinto de segurança amenizaria os danos sofridos. Caso não
seja este o entendimento, requer a diminuição do percentual fixado a título
de culpa concorrente. Com relação ao valor das indenizações por danos
estéticos e morais, pugna pela majoração, em virtude da gravidade do
ocorrido e extensão dos danos sofridos; também pede a incidência de juros
a partir do evento danoso e condenação dos apelados na totalidade dos
ônus de sucumbência.
ÉLIO SPIELMANN e CARLOS SPIELMANN, segundos
apelantes, preliminarmente, reiteram os termos do agravo retido interposto
para que seja considerada intempestiva a contestação apresentada pela
Seguradora denunciada. No mérito, alegam que não tiveram culpa no
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evento, pois não ficou comprovado o alegado excesso de velocidade.


Alternativamente, pedem a divisão proporcional da culpa, bem como a
exclusão da condenação por danos materiais e a redução da condenação a
título de danos morais e estéticos, requerendo, igualmente, que os juros
incidam desde a citação, inclusive para a Seguradora.
SUL AMÉRICA COMPANHIA NACIONAL DE SEGUROS,
terceira apelante, alega, inicialmente, não ter obrigação de cobrir danos
causados por motorista que não foi especificado e sequer mencionado na
apólice. Sustenta que não há previsão contratual para danos estéticos e/ou
morais, devendo ao menos ser reduzida a indenização.
Com as contra-razões das partes, reiterando os argumentos já
expendidos, vieram os autos para julgamento.
É o relatório.

VOTOS
DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS (RELATOR)
Pelo que consta na inicial, a autora e os réus retornavam de
um baile no dia 14 de novembro de 2004, por volta das 5h da madrugada,
pela RST/453, sentido Garibaldi-Teutônia, quando ocorreu o acidente.
Pela versão da autora, o motorista vinha em alta velocidade,
razão pela qual perdeu o controle do veículo.
Ela, por força do acidente, sofreu fraturas no femur direito e
esquerdo, fratura em ossos do antebraço direito e foi submetida a tratamento
cirúrgico. Ficou com cicatrizes, razão do pedido de indenização por danos
estéticos.
A certidão de ocorrência nada esclarece. Apenas resume o
acidente no fato que o veículo transitava pela RST 453, quando o condutor
perdeu o controle e bateu no barranco.

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O motorista, por sua vez, alega que efetivamente saiu da pista


de rolamento para o acostamento da direita porque um outro veículo teria
invadido sua mão de direção; ele passou por cima de uma pedra e se
desgovernou, colidindo contra o barranco. Afirmou que a autora estava
sentada no banco traseiro e era a única a não usar cinto de segurança,
razão pela qual foi arremessada para fora do veículo.
De qualquer forma, ainda que o acidente tivesse ocorrido por
culpa de terceiro, o que não ficou comprovado nos autos, tal não elimina a
responsabilidade do causador direto do dano.
Conforme consta na apólice, o proprietário do veículo envolvido
no acidente era o réu Elio Spielmann, parte passiva legítima, portanto, para
responder à ação.
Por outro lado, quem dirigia o veículo na oportunidade era o
réu Carlos Spielmann, também parte passiva legítima para responder à
ação, pois causador dos danos.
Assim, o proprietário do veículo envolvido em acidente de
trânsito é parte passiva legítima para responder à ação de indenização, e é
solidariamente responsável com o condutor pelos prejuízos causados a
terceiro.
Ademais, a autora afirma que todos os ocupantes do veículo
beberam na festa e ninguém estava usando cinto de segurança na ocasião.
A prova testemunhal também foi no sentido que a autora não utilizava o cinto
quando ocorreu o acidente, tampouco os demais, bem como que o motorista
vinha em velocidade inadequada para o local.
Confirmando a culpa do motorista, transcrevo trecho da
fundamentação sentencial:
O fato é que o acidente ocorreu, e foi grave, inferindo-
se que a gravidade somente pode ser atribuída à
excessiva velocidade, posto que as fotografias
juntadas pelos requeridos nas folhas 49/52, como
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sendo do local do acidente, o que não foi impugnado


por nenhuma das partes, demonstram que embora
não exista acostamento propriamente dito, a lateral da
rodovia, antes da existência das pedras retratadas e
referidas pelos réus, é plana, e permitiria, caso
estivesse o condutor em velocidade adequada para o
local, a redução ou mesmo parada do veículo, se
efetivamente viesse outro, em sentido contrário.

E confirmando a culpa concorrente da autora:


No entanto, ainda que a culpa pelo acidente em si seja
do réu Carlos, a autora também teve parcela de
responsabilidade no que se refere à gravidade das
lesões que sofreu, pois incontestavelmente não estava
usando cinto de segurança no momento do acidente,
vindo a ser arremessada para fora do veículo, sendo
eivdente que, estivesse usando o cinto, a gravidade
das lesões seria inferior.

Assim, mantém-se a sentença pela culpa concorrente entre as


partes e na proporção fixada na sentença.
Quanto ao dano material, valho-me novamente dos termos da
sentença no sentido de que a autora deve ser ressarcida dos valores
comprovadamente gastos para sua recuperação, levando em conta o
abatimento em face da culpa concorrente.
O fato de não ser o proprietário do veículo quem o estava
dirigindo na ocasião do acidente não é situação de perda de direitos e a
Seguradora não pode recusar o pagamento do sinistro. Não há nas
condições gerais da apólice cláusula prevendo a hipótese de isenção de
obrigação no caso do veículo estar sendo dirigido por terceiro. Somente
poderia haver discussão a respeito do pagamento da cobertura se o terceiro
se enquadrasse nas situações previstas para a exclusão, o que não é o
caso.

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Quanto à intempestividade da contestação da Seguradora, não


prospera. Conforme se verifica, foi protocolada tempestivamente, ainda que
tenha ocorrido equívoco cartorário quanto ao foro competente. O AR foi
juntado em 17.01.2006 (terça-feira), o primeiro dia do prazo foi em
18.01.2006 (quarta-feira) e a petição foi protocolada em 01.02.2006 (quarta-
feira), no último dia do prazo recursal, tempestivamente, portanto. Assim,
tendo em vista os princípios da instrumentalidade e acesso à Justiça, a
contestação oferecida tempestivamente, ainda que protocolada em Comarca
diversa, deve ser recebida.
Neste sentido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA. BUSCA E APREENSÃO. RECURSO
PROTOCOLADO EM COMARCA DIVERSA.
TEMPESTIVIDADE. Protocolada a apelação cível
dentro do prazo recursal, porém em Comarca
diversa daquela onde corre o feito, impende o
reconhecimento da tempestividade do recurso
quando a irregularidade decorre de mero equívoco
da parte recorrente, em atenção aos princípios da
instrumentalidade e efetividade processuais.
Precedentes desta Corte e do Superior Tribunal de
Justiça. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO
POR DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de
Instrumento Nº 70021355946, Décima Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Judith dos
Santos Mottecy, Julgado em 24/09/2007).(Grifei).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. NEGÓCIOS JURÍDICOS


BANCÁRIOS. REVISIONAL C/C INDENIZAÇÃO.
REVELIA. ENDEREÇAMENTO EQUIVOCADO. Indevida a
decretação da revelia do agravante, porquanto a
defesa foi apresentada tempestivamente, via correio
(protocolo integrado), no último dia do prazo. O
equívoco no endereçamento da petição, por si só, não
tem o condão de anular o recebimento da peça na
Comarca de Vacaria. Agravo de instrumento provido,
de plano. (Agravo de Instrumento Nº 70044106854,
Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Julgado em
03/08/2011)
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Nego provimento ao agravo retido.

Os juros são contados do evento para o caso de


responsabilidade extracontratual, conforme disposto na Súmula 54 do STJ.
Neste sentido:
APELAÇÕES CÍVEIS E RECURSO ADESIVO.
RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE
TRÂNSITO. ATROPELAMENTO EM VIA URBANA.
(...)
Os juros moratórios, em caso de responsabilidade
civil extracontratual, incidem a partir do evento
danoso, consoante verbete de súmula nº 54 do STJ.
(...)
APELAÇÕES DO RÉU E DA LITISDENUNCIADA
PARCIALMENTE PROVIDAS. RECURSO ADESIVO
DA AUTORA IMPROVIDO. (Apelação Cível Nº
70042333963, Décima Primeira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto
Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 21/09/2011)

No que diz respeito à Seguradora, os valores contidos na


apólice deverão ser corrigidos desde a contratação, devendo, ainda, incidir
juros moratórios a contar da citação da denunciada, quando configurada sua
mora.
Neste sentido:
AGRAVO INTERNO. RESPONSABILIDADE CIVIL EM
ACIDENTE DE TRÂNSITO. INCLUI-SE A
INDENIZAÇÃO CORRESPONDENTE AO
PENSIONAMENTO MENSAL NA CATEGORIA DE
DANOS MATERIAIS. JUROS DE MORA INCIDEM
SOBRE O VALOR DA APÓLICE DESDE A CITAÇÃO,
PORQUANTO EVIDENCIADA A MORA DA
SEGURADORA, HAJA VISTA A AUSÊNCIA DE
PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DA OBRIGAÇÃO. POR
MAIORIA, NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO.
(Agravo Nº 70038802583, Décima Primeira Câmara

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Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Katia Elenise


Oliveira da Silva, Julgado em 06/10/2010)

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM


ACIDENTE DE TRÂNSITO. INVASÃO DE
CONTRAMÃO. COLISÃO. MORTE DE ENTE
QUERIDO.
(...)
Juros moratórios sobre os valores das coberturas
securitárias de 1% ao mês, desde a citação da
denunciada. Correção monetária pelo IGP-M desde a
contratação. Ônus da sucumbência readequado.
APELAÇÃO DOS AUTORES PARCIALMENTE
PROVIDA. APELAÇÃO DA LITISDENUNCIADA
PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESTA
EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDA. (Apelação
Cível Nº 70041424052, Décima Primeira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Roberto
Imperatore de Assis Brasil, Julgado em 06/07/2011)

Quanto à cobertura para os danos morais, a própria


Seguradora afirma que as garantias contratadas dizem respeito a danos
materiais e danos pessoais causado a terceiro, bem como afirma que a
garantia por dano estético está englobada na garantia por dano moral.
Assim, não há razão para excluir da indenização qualquer um
deles, logicamente observando o limite da apólice, conforme entendimento
deste Tribunal e do STJ. Ademais, os danos estéticos são espécie de danos
pessoais e encontram previsão, senão expressa, pelo menos implícita no
novo Código Civil, no art. 949 (art. 1538 CC/16).
No que diz respeito aos valores fixdos para os danos morais e
estéticos, o perito constatou que a autora não apresenta comprometimento
funcional mensurável de acordo com a tabela DPVAT para fins
indenizatórios; também afirmou que ela não ficou prejudicada para exercer
suas funções habituais e o prejuízo estético é leve, na proporção de 25%.
No entanto, é incontroverso que ela foi vítima de acidente de
trânsito e saiu lesionada do evento, tendo sido inclusive projetada para fora
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do veículo. Sofreu várias fraturas, necessitou de hospitalização e ficou sem


deambular por cerca de seis meses e depois necessitou utilizar muletas até
a recuperação.
As indenizações por certo são devidas, porém entendo que
deve haver certa redução nos montantes fixados. Assim, reduzo a
indenização por danos estéticos para o correspondente a 10 salários
mínimos e por danos morais para o correspondente a 30 salários mínimos,
lembrando que a culpa foi concorrente.
Diante do exposto, nego provimento ao agravo retido e dou
parcial provimento aos recursos, nos termos da fundamentação.

DES. ANTÔNIO MARIA RODRIGUES DE FREITAS ISERHARD


(REVISOR)
Com a devida vênia, estou em divergir do voto do Ilustre
Relator no que diz com a aplicação de juros de mora sobre o valor da
apólice, uma vez que entendo inexistir mora por parte da seguradora.
Saliente-se que surgirá o dever de reembolso tão-somente na
eventual condenação do segurado na lide principal.
Ademais, o valor a ser reembolsado já compreende os juros de
mora incidentes sobre a condenação.
Neste sentido:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO.
ACIDENTE DE TRÂNSITO. DANOS DECORRENTES DE
FURTO DE EQUIPAMENTOS DO VEÍCULO E LUCROS
CESSANTES. DENUNCIAÇÃO À LIDE. ALEGAÇAO DE
OMISSÃO. 1.Ausente omissão no que tange ao termo inicial
de incidência da correção monetária e dos juros legais
sobre a soma relativa aos lucros cessantes. 2.Parcial
acolhimento apenas para esclarecer que a correção
monetária sobre o valor da cobertura deve incidir a contar
da data da contratação, pelo IGP-M, sem a incidência de
juros moratórios, pois importaria dupla oneração, incluída na

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cobertura o pagamento dos honorários advocatícios,


respeitado-se o limite da apólice. Termo inicial para
atualização monetária da verba honorária que restou
condenado é a data da sentença, incidindo juros moratórios
quando intimado para o cumprimento da decisão. Embargos
de declaração parcialmente acolhidos. (Embargos de
Declaração Nº 70021972294, Décima Segunda Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Orlando Heemann
Júnior, Julgado em 13/12/2007)

Face ao exposto, dou parcial provimento ao apelo dos réus,


mas em menor extensão, nos termos da fundamentação. Quanto ao mais,
acompanho o Relator.

DES. LUIZ ROBERTO IMPERATORE DE ASSIS BRASIL - De acordo com


o Relator.

DES. BAYARD NEY DE FREITAS BARCELLOS - Presidente - Apelação


Cível nº 70038336566, Comarca de Estrela: "À UNANIMIDADE, NEGARAM
PROVIMENTO AO AGRAVO RETIDO E DERAM PARCIAL PROVIMENTO
À PRIMEIRA E TERCEIRA APELAÇÕES, E, POR MAIORIA, DERAM
PARCIAL PROVIMENTO AO SEGUNDO APELO, VENCIDO O DES.
ANTÔNIO M. R. DE FREITAS ISERHARD, QUE DAVA PARCIAL
PROVIMENTO EM MENOR EXTENSÃO."

Julgador(a) de 1º Grau: TRAUDELI IUNG

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