Alegações Finais - HELOISA

AO JUÍZO DO 2ª JUIZADO DE JUDICIÁRIA DE CEILÂNDIA-DF
Processo nº 0732022-26.2022.8.07.0003
ROGERIO DA SILVA MARQUES, já qualificado nos autos do processo em

epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência por intermédio dos
advogados do Núcleo de Prática Jurídica do Centro Universitário Projeção –
NPJ/UNIPROJEÇÃO, tempestivamente, e com fulcro no Artigo 403 do Código de
Processo Penal, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS
Pelos seguintes fatos a serem expostos.
I. DOS FATOS
Dá-se aos fatos, que o senhor ROGERIO DA SILVA MARQUES, foi oferecida pelo
Ministério Público do Distrito Federal pela a infração penal prevista no artigo 157, do
Código Penal.
Em 8 de novembro de 2022, por volta de 14h50, em frente à loja GRAVIA, situada
na QNM 12, Via NM 12B, Lote 38, Ceilândia/DF, o denunciado, subtraiu, em proveito
próprio, mediante grave ameaça exercida contra a pessoa, o veículo VW/UP, placa
PAH9708/DF, cor branca, que se encontrava na posse de VIVIANE RIBEIRO DOS
SANTOS, bem como duas bolsas em couro pertencentes à VIVIANE.
A denúncia foi recebida na decisão de ID nº 151399099. Realizada a audiência de
instrução e julgamento cuja consta a ata no ID nº 157692308, a defesa do réu vem,
humildemente, diante este juízo, apresentar as alegações finais.
CASA DO CIDADÃO – TAGUATINGA NORTE - CNB 14 Lote 10 Loja 01/02 • (61) 3042-0520• Horário de funcionamento: 08h às
11h e das 14h às 17h – GUARÁ II - AE 10 Lt. C.- Guará II • (61) 3038-6542. Horário de funcionamento: 12h às 17h - CEILÂNDIA
NORTE – QNM 30, módulos H, I, J. - Ceilândia Norte. (61) 3038-6118 – Horário de funcionamento: 12h às 17h. SOBRADINHO –
Setor de Indústrias, Quadra 02, R/B Lotes 01/06 – Sobradinho I (P13) (61) 3022-9520 • Horário de funcionamento: 08h às 11h e das
14h às 17h.
II. DO DIREITO
DA INSUFICIENCIA DAS PROVAS
É sabido que o depoimento da vítima, mesmo em crimes patrimoniais, como prova isolada,
sem amparo em outras provas, não pode ser apto a embasar eventual condenação. É o
entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
"RÉUS CONDENADOS PELO CRIME DE
FURTO QUALIFICADO - APELO DO MP
PELA CONDENAÇÃO PELO DELITO DE
ROUBO - PROVA ORAL
ISOLADA - APELACÃO DA DEFESA
PARA REDUÇÃO DAS PENAS-BASE
AOS PATAMARES MÍNIMOS.
IMPOSSIBILIDADES - NEGADO
PROVIMENTO A AMBOS OS RECURSOS.
1. A palavra da vítima merece prestígio nos crimes contra o patrimônio. No entanto,

somente este depoimento, inseguro e sem amparo em outras provas, não é suficiente a
embasar condenação pelo crime de roubo.
2.Negado provimento aos apelos do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e
do réu.
(Acórdão n. XXXXX, 20080110921632APR,
Relator JOÃO TIMOTEO DE
OLIVEIRA, 2a Turma Criminal, julgado em
18/06/2010, DJ 02/07/2010 p.
162)"
"PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO
CIRCUNSTANCIADO. CONDENA-ÇÃO.
DEPOIMENTO DA VÍTIMA. PROVA
ISOLADA. IN DUBIO PRO REO.
2
NORTE – QNM 30, módulos H, I, J. - Ceilândia Norte. (61) 3038-6118 – Horário de funcionamento: 12h às 17h. SOBRADINHO – Setor
de Indústrias, Quadra 02, R/B Lotes 01/06 – Sobradinho I (P13) (61) 3022-9520 • Horário de funcionamento: 08h às 11h e das 14h às
17h.
3. O depoimento da vítima, desde que coerente e harmônico com as demais provas
coligidas, traz contornos de importância a autorizar a condenação por crime contra o
patrimônio. Contudo, quando a fala desta está isolada, sem nenhuma outra evidência a lhe
amparar, e ainda se verifica inconsistências em seu teor, deve incidir o princípio do in
dúbio pro reo para absolver a parte ré, com fulcro no artigo 386, inciso VII, do Código de
Processo Penal.
4. Apelação do acusado provida. Prejudicado o recurso do Ministério Público.
(Acórdão n. XXXXX, 20100710210858APR,
Relator JOÃO TIMOTEO DE
OLIVEIRA, 2a Turma Criminal, julgado em
06/10/2011, DJ 18/10/2011 p.
175)."
In casu, contrariando a manifestação da vítima, há nos autos o direito ao silencio
utilizado pelo acusado, em juízo.
Cumpre ressaltar que não houve nenhuma testemunha presencial nos autos que
corroborasse a imputação da vítima, cuja declarações restaram isoladas nos autos. Assim,
há imputação da vítima, que se mostra isolada do conjunto probatório, ainda em
depoimento em juízo a vitima falou que teve um momento que duvidou se era mesmo
aquele o responsável pelo roubo.
"A condenação exige prova irrefutável da autoria. Quando o suporte da acusação
enseja dúvidas, melhor é absolver"
Conclui-se, assim que as provas indicadas pelo Parquet não passam de indiciárias,
sendo insuficientes para uma condenação penal.
DA PERÍCIA VEÍCULO
Após análise dos vestígios de impressões Papiloscópicas coletados na perícia

referente à Ocorrência Policial no 14496/2022-15a DP, realizada no veículo VW Up
PAH9708/DF, localizado no pátio da 15a DP, bem como pelo Laboratório deste Instituto
de Identificação nos objetos apreendidos quando do exame no veículo, importa informar o
que se segue.
Em relação ao denunciado, obteve-se RESULTADO NEGATIVO para os padrões
de ROGÉRIO DA SILVA MARQUES, RG no 3.355.608 SSP/DF. Informa-se que restam
3
17h.
fragmentos de impressão digital e palmar não identificados e em condições de serem
submetidos a exame de confronto.
DA INEXISTENCIA DE AMEAÇA OU GRAVE AMEAÇA
Para configuração do delito imputado ao réu, insta consignar a ausência de duas

elementares indispensáveis do tipo, quais sejam: violência ou grave ameaça.
Tratam-se de requisitos indispensáveis à configuração do tipo penal, nessa esteira de
raciocínio, para a aplicação da reprimenda, posto que o papel ressocializador, na atual
conjuntura do sistema penitenciário, é utopia, faz-se mister que a subtração tenha ocorrido
mediante violência ou grave ameaça, sem as quais, não há que se falar em roubo.
" Para que se configure a grave ameaça, é preciso que ela seja séria e efetiva, a fim e
impedir que as vitimas resistam, sendo certo que, a simples ordem de entrega de objetos,
ainda que aliada ao número de agentes, não se mostra bastante e suficiente para configurar
o crime de roubo "(RJDTACRIM 23/298).
" Para fins de tipificação de roubo, não se pode considerar grave uma ameaça verbal de
morte recebida de agente visivelmente embriagado, que afinal, foi até apontado como
dependente do álcool "(JTACRIM 98/281).
Como se pode notar claramente no teor da denúncia, não há que se falar em violência
ou grave ameaça que pudesse enquadrar o acusado no teor do artigo 157 do Código Penal
Brasileiro.
SUBSIDIÁRIA DE MÉRITO.
Todavia, se esse juízo considerar procedente o pedido do Ministério Público e sua
condenação pelo crime de ameaça, é necessário pontuar quanto a primeira fase da
dosimetria o que se dá luz o artigo 63 do CP e o artigo 5º, inciso LVII da CF
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,

depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o
tenha condenado por crime anterior. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de
sentença penal condenatória;
4
17h.
Pede-se então que o mesmo seja condenado apenas ao pagamento de multa, visto que
não há a necessidade da condenação privativa de liberdade.
DO DIREITO AO SILÊNCIO
O Direito ao Silêncio do investigado e do réu se trata de direito fundamental e jamais

pode ser utilizado em seu desfavor, que é exatamente o que se pretende na denúncia em
análise.
Trata-se de preceito constitucional de obrigatória. Razão pela qual o simples silêncio

do acusado não pode ter interpretação desfavorável.
III. DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer:

a) Que seja o réu absolvido pela falta de materialidade do crime nos termos do artigo
386, inciso VII.
b) Subsidiariamente, a fixação da multa pelo crime de ameaça, caso o juízo julgue
necessária a condenação, observando os bons antecedentes do réu de acordo com o
artigo 63 do CP e artigo 5º, LVII da CF, bem como o arrependimento posterior que
atenua a pena de acordo com o artigo 65, III, B do CP.
c) Diante do exposto, requer seja reconhecida a falta de provas e seja decidido pela
absolvição por falta de provas, conforme artigo 386, incisos II, V e VII, do Código
de Processo Penal.
d) Caso não seja esse o entendimento de Vossa Excelência, que seja a pena cominada
no mínimo legal, de acordo com o artigo 59, do Código Penal.
Nestes termos, requer deferimento.

Taguatinga/DF, 31 de MAIO de 2023.
ELMA OLIVEIRA DE ANDRADE MUNIZ
Advogada Orientadora NPJ/UniProjeção
OAB/DF 42.243
5
17h.
HELOISA ALVES LIMA
Estagiário NPJ/UniProjeção
Matricula 201721069
6
17h.

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DA INSUFICIENCIA DAS PROVAS

1. A palavra da vítima merece prestígio nos crimes contra o patrimônio. No entanto,

Após análise dos vestígios de impressões Papiloscópicas coletados na perícia

DA INEXISTENCIA DE AMEAÇA OU GRAVE AMEAÇA

Para configuração do delito imputado ao réu, insta consignar a ausência de duas

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime,

O Direito ao Silêncio do investigado e do réu se trata de direito fundamental e jamais

Trata-se de preceito constitucional de obrigatória. Razão pela qual o simples silêncio

III. DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer:

Nestes termos, requer deferimento.

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