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NOEM IA LEONIDA BORGES – OAB/ SC 29759

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CB216.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE JOINVILLE/SC
Autos nº 0906075-09.2019.8.24.0038

ANGELO ANTONIO PEREIRA E VALDIRENE ALVES


SPADER, devidamente qualificado nos presentes autos, que lhe move a Justiça
Pública, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
apresentar Alegações Finais, pelas razões de fato e de direito a seguir
expostas:

I – DOS FATOS
Aduz a denúncia, que os ora Acusados ANGELO
e VALDIRENTE, teriam de comum acordo, atuado para inserir na unidade
prisional de Joinville, e lá deixado aparelho(s) celular(es), incidido assim, nas
sanções do artigo 317 e 349-A do Código Penal, e artigo 2º da Lei 12850/13.
As defesas prévias foram apresentadas às fls. 129
e 1229, respectivamente.
II – DO DIREITO

Quanto ao delito previsto no artigo 349-A, do CP, a Autoria


restou comprovada. Os denunciados Angelo e Valdirene confessaram a
prática.

Cumpre salientar que, por se tratar de direito subjetivo do


agente, a confissão espontânea é causa obrigatória de diminuição de pena,
principalmente em razão da ausência de agravantes.

Segundo o artigo 65, inciso III, alínea d, do Código Penal, são


causas de diminuição da pena:

“Artigo 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:


Inciso III - ter o agente:

Rua Pr incesa Izabel, nº 238 - sal a 109 – cent r o – Joinvill e/ SC – CEP 89201-904
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NOEM IA LEONIDA BORGES – OAB/ SC 29759

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
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d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime”.

Destarte, a confissão é considerada atenuante preponderante


sobre as agravantes, ante a sua importância para a convicção do Juiz.
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Quanto ao delito do artigo 317, do CP, a autoria do delito na


questão deste artigo encontra-se nebulosa e falha.

Ocorre que, o conteúdo probatório trazido aos autos não faz


transparecer de forma cabal e concreta, que a autoria do delito descrito na
Exordial recaia sobre o Acusado ANGELO e a Acusada VALDIRENE.
Inclusive, destaque-se que a Acusada VALDIRENE não
exerce função pública, motivo pelo qual, não lhe resta caracterizado a
tipificação do bojo do artigo 317, do CP.
Portanto fica clara a ausência das elementares do tipo penal do
artigo 317 do Código Penal, restando a impossibilidade de se imputar o crime de
corrupção passiva a Ré VALDIRENTE, por total atipicidade.
Por tal, requer-se a ABSOLVIÇÃO DA Acusada VALDIRENE
com lastro no artigo 386, VI, do CPP, por existirem circunstâncias que
isentem o réu de pena:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva,
desde que reconheça:
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;

VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena

Quanto ao Acusado ANGELO, milita a seu favor a confissão


espontânea, a qual deverá ser apreciada em primeira grandeza por Vossa
Excelência.

De outro norte, no que tange ao delito disposto no artigo 2, da


Lei 12.850/13, a absolvição é medida que se impõe!
No tocante ao crime em apreço, é patente a insuficiência
probatória da acusação para a caracterização do ilícito.

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Os denunciados Angelo e Valdirene estão sendo acusado de
integrar uma organização criminosa que fazia inserir aparelho celular no
interior do presidio de Joinville.
Contudo, os denunciados confessaram a prática do artigo 349,
e a Lei veda o bis in idem.
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É princípio geral de direito, e consiste na proibição de julgar-se


o mesmo fato duas ou mais.
O Eminente Ministro ROGÉRIO SCHIETTI leciona que a
garantia do ne bis in idem pode ser analisada sob a ótica material, como o direito
de não ser punido duas vezes pelo mesmo crime, ou sob a ótica processual,
como o direito a não ser processado mais de uma vez pelo mesmo fato (Cf.
CRUZ, Rogério Schietti Machado. A proibição de dupla persecução penal. Rio
de Janeira: Lúmen Júris, 2008, p. 13)
Desse modo, a pretensão de condenação configura manifesta
violação à garantia constitucional, por representar dupla incriminação (art 349
do CP e art. 2º da lei 12850) sobre o mesmo fato e sobre o mesmo sujeito –
embora esta dupla imputação seja totalmente improcedente. Há, portanto,
violação à garantia da segurança jurídica, presente no art. 5º, XXXVI, da
Constituição.
Dessa forma, devem os acusados serem absolvidos do delito
tipificado no artigo 2º, da Lei 12850, em decorrência do bis in idem
representando dupla incriminação, resultando em circunstância que excluem o
crime, com fulcro no art. 386, VI do CPP.

DA NÃO POSSIBILIDADE DO AUMENTO DE PENA no artigo 2º Lei


12850/13 - Princípio da congruência

A absolvição é o que se requer, e se espera.

Todavia, a prudência faz prever condenação exarada por


Vossa Excelência.

Certo que, em havendo condenação, e sobre a qual certamente


será demonstrado a irresignação mediante recurso de apelação, não poderá,
todavia, desde seu nascedouro, ser lançado o aumento de pena
pleiteado pelo ilustre Membro do Parquet, às fls. 1.515 de suas alegações
finais, pela vedação do Princípio da congruência!!

Destarte, em suas alegações finais, às fls. 1.515, no item


“3.3.6”, o Promotor de Justiça assim requer:

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Ainda, na peça citada, no item “3.3.5”, requereu:

Contudo, em sede de Denúncia, tão somente houve pedido de


condenação no “caput” do artigo 2º, da Lei 12.850/13 (fls. 4):

O Princípio da congruência ou adstrição encontra amparo legal


no Código de Processo Civil, nos seguintes termos:

Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza


diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou
em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Diante da inércia da jurisdição, o juiz há de devolver ao autor


da ação o que lhe pedido. Por esta razão, há de haver congruência ou
pertinência entre o pedido e o provimento judicial. Trata-se do princípio da
correlação entre a acusação e a sentença.

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Princípio da congruência, dessa forma, refere-se à
necessidade de o juiz decidir a lide (seja ela penal ou civil) nos limites do
pedido. Não podendo julgar de forma extra, ultra ou citra petita.

Nessa senda, o Ministro Marco Aurélio Bellizze assim definiu:


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“O princípio da correlação entre acusação e sentença, também


chamado de princípio da congruência, representa uma das mais
relevantes garantias do direito de defesa, visto que assegura a não
condenação do acusado por fatos não descritos na peça acusatória,
é dizer, o réu sempre terá a oportunidade de refutar a acusação,
exercendo plenamente o contraditório e a ampla defesa” (trecho do
voto do Ministro relator – REsp 1.193.929-RJ).

Neste raciocínio, o Ministro concluiu que a causa de aumento


de pena não pode ser presumida pelo julgador, devendo o fato que a
configura estar descrito pormenorizadamente na denúncia ou queixa.

Nesse sentido, decisão foi relatado no informativo de


jurisprudência nº 510, da Quinta Turma:

DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO.


CAUSA DE AUMENTO DE PENA. A causa de aumento de pena não
pode ser presumida pelo julgador, devendo o fato que a configurar
estar descrito pormenorizadamente na denúncia ou queixa. O princípio
da correlação entre acusação e sentença, também chamado de princípio
da congruência, representa uma das mais relevantes garantias do direito
de defesa, visto que assegura a não condenação do acusado por fatos
não descritos na peça acusatória. É dizer, o réu sempre terá a
oportunidade de refutar a acusação, exercendo plenamente o
contraditório e a ampla defesa. É certo que, a teor do disposto no
art. 383 do CPP, o acusado se defende dos fatos que lhe são atribuídos
na denúncia ou queixa, e não da capitulação legal, razão pela qual o juiz
poderá, sem modificar a descrição fática, atribuir-lhe definição jurídica
diversa, ainda que tenha de aplicar pena mais grave. Contudo, o fato que
determina a incidência do preceito secundário da norma penal
deverá estar descrito na peça acusatória, com o objetivo de viabilizar
o contraditório e a ampla defesa. Autorizar a presunção de causa de
aumento de pena, sem qualquer menção na exordial, configura inversão
do sistema de ônus da prova vigente no ordenamento processual, visto
que seria imposto à defesa o dever de provar a inexistência dessa
circunstância, e não à acusação o ônus de demonstrá-la. Precedentes
citados: HC 149.139-DF, DJe 2/8/2010; HC 139.759-SP, DJe 1º/9/2011.

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REsp 1.193.929-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
27/11/2012. (grifamos)

Considerando-se que o acusado se defende, antes de tudo e


em primeiro lugar, dos fatos imputados (narrados) (nisso consiste o princípio
da consubstanciação), não há dúvida que a sentença deve se limitar àquilo que 6

foi exposto (que foi narrado) na peça acusatória.

Em outras palavras: a sentença está rigorosamente atrelada ao


pedido feito (sententia debet esse conformis libello, nec ultra petita proferre
valet (a sentença não pode fugir do libelo, ou seja, da acusação).
A sentença ultra ou extra petita, que não tenha observado o
disposto no art. 384 do CPP (ou seja: que não tenha respeitado o contraditório
e a ampla defesa), é nula de pleno direito (nulidade absoluta).

Assim, demonstrado que a peça acusatória não requereu a


condenação com causa de aumento de pena, nula sua aplicação em fase de
sentença.

Nesse sentido, é inadmissível que os Denunciados, acusados


durante toda a instrução (dominada, por regra constitucional, pelo contraditório
e pela ampla defesa) pela prática de determinada conduta, surpreendentemente
se veja, ao cabo, acusado (em alegações finais) e condenado por outro
comportamento, de cuja comissão jamais se defendeu.

DA IMPOSSIBILIDADE DA PERDA DE BENS

Excelência, como bem demonstrado no decorrer dos autos,


pelos interrogatórios efetuados com ANGELO e VALDIRENE, na fase policial
e judicial, ambos compuseram união estável há cerca de 7 (Sete) anos, e,
formalmente documentaram o estado civil em março/2018.

Ambos trabalhavam remunerados.

Ambos adquiriram os bens conforme suas posses permitiam.

Inclusive, anexo, segue comprovante da aquisição dos


aparelhos apreendidos.

Por ocasião do cumprimento dos Mandados de Busca,


expedido nos Autos Nº 0900253-39.2019.8.24.0038, foram apreendidos os
seguintes itens:

MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO ANGELO (fls. 556 e 562), cumprido


no AUTO CIRCUNSTANCIADO de fls. 656 E 662:

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a) 01 (um) celular LG;

b) 01 (um) celular POSITIVO (nota fiscal anexa);

c) 01 (um) celular SAMSUNG (nota fiscal anexa).


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MANDADO DE BUSCA E APREENSÃO VALDIRENE (fls. 559), cumprido no


AUTO CIRCUNSTANCIADO de fls. 671:

d) 01 (um) celular MOTOROLA G5 (nota fiscal anexa);

e) 01 (um) notebook POSITIVO (nota fiscal anexa).

À restituição de bens apreendidos faz-se necessária a


demonstração da propriedade, licitude e desvinculação da coisa com os fatos
investigados, assim como a boa-fé do requerente, conforme se infere dos arts.
118, 119 e 120 do Código de Processo Penal.
Art.118. Antes de transitar em julgado a sentença final, as coisas
apreendidas não poderão ser restituídas enquanto interessarem ao
processo.

Art. 119. As coisas a que se referem os arts. 74 e 100 do Código Penal não
poderão ser restituídas, mesmo depois de transitar em julgado a sentença
final, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé.

Art.120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade


policial ou juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida
quanto ao direito do reclamante.

Destarte, ambos os denunciados trabalhavam, adquiriram


seus bens às suas próprias expensas, mediante suas remunerações, motivo
pelo qual, requer seja determinado a devolução do equipamento eletrônico
“Notebook”, e dos três aparelhos de celular cujas notas fiscais estão anexas.

Ainda, nada há que se falar no automóvel dos denunciados,


pois foi o mesmo pago parceladamente, mediante financiamento, não tendo
qualquer procedência ilícita com os fatos ora sendo apurados.

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Da dosimetria da pena

O princípio do ne bis in idem, do ponto de vista substancial,


traduz a proibição de sancionar ou punir alguém duas vezes pelo mesmo fato.
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Tendo em vista que, de acordo com todos os elementos
constantes dos autos, a pena-base deve ser aplicada em seu mínimo legal,
não se aplicando as causas de aumento de pena, posto que não requeridas em
sede de Denúncia.

Ademais, entende o Superior Tribunal de Justiça que


fundamentações vagas e genéricas não são idôneas para majorar a pena-base:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME


PREVISTO NOS ARTS 12 E 14, C/C ART. 18, INC. I, DA LEI N. 6.368/76.
DOSIMETRIA. PENA-BASE. CULPABILIDADE. MOTIVOS E
CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. FUNDAMENTAÇÃO VAGA, GENÉRICA
E ÍNSITA AO TIPO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. I - A
jurisprudência pátria, em obediência aos ditames do art. 59 do Código
Penal e do art. 93, IX da Constituição Federal, é firme no sentido de que a
fixação da pena-base deve ser fundamentada de forma concreta, idônea e
individualizada, não sendo suficiente referências a conceitos vagos e
genéricos, máxime quando ínsitos ao próprio tipo penal. II - Não constitui
fundamento idôneo à majoração da pena-base o simples fato de a
culpabilidade estar evidenciada "diante da fortíssima reprovação social
incidente sobre a conduta do réu que plenamente consciente da ilicitude de
seu comportamento, poderia ter se conduzido na conformidade da lei". O
mesmo ocorre com os motivos do crime, uma vez que o intuito de lucro fácil
é ínsito ao tipo penal de tráfico e associação para o tráfico, bem como as
consequências do delito que se baseou na menção ao dano à saúde
pública. Precedentes. Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 410956
MA 2017/0193548-4. Rel. Min: FELIX FISCHER, divulgado em
13/06/2018.)

Especificamente quanto ao delito do artigo 317, do


CP, e o artigo 2º, da Lei 12850/13, considerando quessão aqui referidos como
crimes antecedentes, incabível nova valoração sobre estes delitos na dosimetria
da pena, eis que eles integram o próprio tipo penal. É dizer: sem a corruptor e o
corrompido, a própria imputação não seria possível.

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Isto posto requer:

Em face do exposto, requer:

1. A absolvição de ANGELO e VALDIRENE no delito tipificado no artigo


2º, da Lei 12850, em decorrência do bis in idem representando dupla 9

incriminação, resultando em circunstância que excluem o crime, com


fulcro no art. 386, VI do CPP;
2. A absolvição da denunciada VALDIRENE pelo delito tipificado no
artigo 317, do CP, posto que o tipo penal da corrupção passiva exige,
como elemento fundamental do tipo, a condição de funcionário público
(ou função equiparada), sendo assim impossível tal imputação a Ré
VALDIRENE, motivo pelo qual sua absolvição é medida que se impõe
em razão de circunstancia que isente de pena, posto não exercer função
pública, com fulcro no art. 386, VI do CPP;
3. Caso o pedido acima exposto não seja acolhido, requer a aplicação da
pena-base no mínimo legal, com a ATENUANTE da confissão
espontânea aos Denunciados;
4. Requer seja mantido o vínculo empregatício de agente penitenciário do
denunciado Angelo;
5. Requer o direito de recorrer em liberdade;
6. Requer a manutenção do cargo de agente público do denunciado
ANGELO;
7. Requer a devolução dos aparelhos eletro-eletronicos apreendidos nos
autos.

Nestes termos,
Pede deferimento.
Joinville/SC, 08 de Junho de 2020.

_________assinatura digital________________
NOEMIA LEONIDA BORGES
OAB/SC 29759

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NOTEBOOK 14”

Angelo Ant onio Pereira


Adquirido em 20/ 02/ 2014

- ANEXO: Declaração de NOTA FISCAL


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Financiado

- ANEXO: NOTA FISCAL


Adquirido em 12/ 12/ 2017
CELULAR M OTOROLA M OTO G5

CÉDULA DE CRÉDITO DO FINANCIAM ENTO


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Celular POSITIVO

- ANEXO: NOTA FISCAL


Angelo Ant onio Pereira
Adquirido em 19/ 06/ 2019
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fls. 13

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Celular SAM SUNG J2

- ANEXO: NOTA FISCAL


Angelo Ant onio Pereira
Adquirido em 14/ 05/ 2019
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Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal

Autos n° 0906075-09.2019.8.24.0038

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Ação: Ação Penal - Procedimento Ordinário/PROC
Autor: Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Réu e Réu preso: Ângelo Antônio Pereira e outros

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Vistos etc.

O Ministério Público de Santa Catarina, no uso de suas


atribuições constitucionais (art. 129, I da CF/88) e legais (art. 24 do CPP),
alicerçado em procedimento investigatório criminal, propôs ação penal e
denunciou Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Guilherme
Rosenstein, Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli, dando os três
primeiros como incursos no art. 317 e art. 349-A, ambos do CP, por diversas
vezes; os dois últimos no art. 333 do CP, por diversas vezes, e todos eles
também no art. 2º, caput, da Lei nº 12850/13, porque:

Pelo menos desde o início do ano de 20191, nesta


cidade, os denunciados Ângelo Antônio Pereira,
Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva, Guilherme
Rosenstein e Lucas Fernando Comandolli associaram-se
em organização criminosa para o cometimento de crimes
de corrupção ativa e passiva com vistas à inserção de
aparelhos eletrônicos no Presídio Regional de Joinville.
1

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Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal

Em razão do exercício de funções de agente prisional por

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Ângelo, principalmente à conta de seu trânsito e condição
de acessibilidade no presídio citado, este, Valdirene,
Guilherme e Alex agiram visando obtenção de vantagens
indevidas, mais especificamente pecúnia, aos quatro
canalizadas para e diante da viabilização de ingresso de
celulares dentro das áreas de custódia e sua destinação
ao detento Lucas.
No período citado, Ângelo, Valdirene e Guilherme,
corruptores passivos na medida de suas culpabilidades,
os dois últimos em cooperação entre si e com o primeiro,

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receberam, direta e ou indiretamente, vantagens
indevidas para inserção de aparelhos telefônicos de
comunicação móvel sem autorização legal no
estabelecimento prisional. Estima-se que os dois
primeiros, conviventes que eram, perceberam pelo
menos R$ 30.000,00 (trinta mil reais) mediante o ingresso
de mais de vinte aparelhos telefônicos, enquanto ao
último houve pagamento, por Valdirene, de
aproximadamente R$ 12.500,00 (doze mil e quinhentos
reais).
Ângelo, agente prisional e por quase dois anos chefe de
segurança responsável pelo ergástulo em questão,
mediante o recebimento de vantagens e em razão das
atribuições de seu cargo, fez ingressar ao menos duas
dezenas de celulares no sistema prisional e entregou-os
a detentos variados, sobretudo pela via do preso Lucas
Fernando Comandolli, corruptor ativo. Valdirene, por sua
vez, alinhada com os desígnios do codenunciado Ângelo
e constantemente instigada por Guilherme, também
beneficiário do proveito dos crimes, era articuladora e
intermediadora do esquema, cabendo a ela o
recebimento e o repasse do dinheiro recebido de Alex, a
Ângelo e Guilherme, e dos equipamentos eletrônicos
preparados para entrada no cárcere ao servidor público.
Alex e Lucas, nesse passo, ofereceram e prometeram
vantagens financeiras indevidas a Ângelo, entregues a
ele por intermédio de sua convivente Valdirene, para
determiná-lo a praticar ato infringindo dever funcional.
Alex, alimentador material das inserções de aparelhos e
da incessante distribuição de vantagens indevidas, a par
de também beneficiar-se com parcelas delas, fazia o
preparo dos equipamentos, a entrega destes a Valdirene
e, confirmados seus recebimentos pelo recluso, o
2

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2ª Vara Criminal

pagamento a ela das propinas previamente combinadas.

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Lucas, por seu turno, interagia com Alex para encomenda
dos dispositivos, fazendo com que chegasse a este,
como pagamento e para viabilização do ciclo de
corrupção narrado, os valores com ele anteriormente
ajustados.
Todas as condutas delituosas destacadas estão
evidenciadas por informações colhidas com a instrução
do incluso Procedimento Investigatório Criminal n.
06.2019.00000899-9, dentre eles relatórios
confeccionados pelo Grupo de Atuação Especial de

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Combate às Organizações Criminosas GAECO Joinville,
áudios de interceptação telefônica (autos n.
0900253-39.2019.8.24.0038), dados da quebra de sigilos
bancários, fiscais e telemáticos (autos n.
0900254-24.2019.8.24.0038) e termos de interrogatórios.

Recebida a denúncia e citados os acusados, apresentaram


respostas escritas em peças apartadas, todos através de defensores
constituídos, exceção de Lucas Fernando Comandolli, assistido pela
Defensoria Pública.

Durante a instrução, inquiriram-se seis testemunhas, e


interrogaram-se os acusados ao final, época em que o acusado Lucas
Fernando Comandolli já era acompanhado de advogado constituído.

Não houve interesse das partes na realização de diligências.

Então, o processo seguiu para a fase de alegações finais, em


que o Ministério Público postulou a procedência parcial da denúncia, com
absolvição apenas do acusado Guilherme Rosenstein de todas as condutas a
ele imputadas; a Defesa dos acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene
Alves Spader pugnou a absolvição de ambos da prática do crime organização
criminosa, além da absolvição da segunda quanto ao delito de corrupção
passiva em razão da atipicidade e a aplicação da atenuante da confissão
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espontânea e moderação na aplicação das reprimendas; a Defesa do acusado

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Guilherme Rosenstein pugnou, preliminarmente, a nulidade das interceptações
telefônicas e a sua absolvição por não haver prova de ter concorrido para a
prática das infrações; e as Defesas dos acusados Alex Ribeiro da Silva e
Lucas Fernando Comandolli sustentaram as absolvições por insuficiência
probatória e, também, a desclassificação do crime de corrupção ativa para
aquele previsto no art. 349-A do CP, argumentando a Defesa do último, ainda,

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a configuração da litispendência em relação ao crime de organização
criminosa.

É o relatório.

Cuida-se de ação penal pública incondicionada em que se


atribui a Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader e Guilherme
Rosenstein a prática dos crimes de corrupção passiva, favorecimento real por
ingresso não autorizado de aparelhos celular em estabelecimento prisional e
organização criminosa, e a Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli
a prática dos delitos de corrupção ativa e organização criminosa.

De largada, sabe-se que é vedada a tomada de depoimento


de "pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam
guardar segredo" (art. 207 do CPP).

Nesse sentido, "compreende-se por função o encargo que


alguém recebe em virtude de lei, decisão judicial ou contrato, também
abarcando a função pública; por ministério entende-se o encargo em atividade
religiosa ou social (v.g., padre); por ofício subentende-se a atividade
eminentemente mecânica, manual; profissão é a atividade de natureza
intelectual, ou aquela que contempla a conduta habitual do indivíduo, tendo fim

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lucrativo" (Renato Brasileiro de Lima, in Manual de processo penal: volume

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único. 7. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Ed. JusPodivm, 2019, p. 717).

No entanto, por outro lado, "o sigilo profissional é exigência


fundamental da vida social que se deve ser respeitado como princípio de
ordem pública, por isso mesmo que o Poder Judiciário não dispõe de força
cogente para impor a sua revelação, salvo na hipótese de existir específica

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norma de lei formal autorizando a possibilidade de sua quebra" (STJ, RMS nº
9612/SP, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha).

Claro, porque, mudando o que precisa ser mudado, "a garantia


do sigilo das comunicações entre advogado e cliente não confere imunidade
para a prática de crimes no exercício da advocacia, sendo lícita a colheita de
provas em interceptação telefônica devidamente autorizada e motivada pela
autoridade judicial" (STJ, AgRg no HC nº 416098/RS, Rel. Min. Joel Ilan
Paciornik).

Logo, e não bastasse a falta de efetiva comprovação do


ministério exercido pelo acusado Guilherme Rosenstein, fato é que as
interceptações telefônicas produzidas no bojo dos autos foram todas
implementadas mediante decisões judiciais devidamente fundamentadas, e
não poderia ele, se cometesse crimes, amparar-se em sigilo que se
desenvolve unicamente na proteção de atividade profissional lícita, razão da
rejeição da preliminar respectiva.

No que releva, as materialidades encontram-se demonstradas


pela portaria de f. 07-09, relatórios de informações de f. 10-25, 39-44, 74-94,
138-163, 171-182, 337-420, 472-502, 542-553, 576-642 e 713-780,
comunicações internas de f. 35 e 508-511, boletim de ocorrência de f. 36-37,

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ofício de f. 428, termos de entrega de f. 505-507, 801, 804-805 e 807, relatório

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de diligências de f. 666-678, relatório de investigação de f. 880-927 e
1013-1020, autos circunstanciados de busca e apreensão de f. 940-941, 946-
949 e 955-957, certidão de f. 961, relatório final de f. 1057-1082, relatório de
análise prévia de f. 1093-1113, relatório da quebra de sigilo bancário e fiscal
de f. 1419-1437, relatórios de análise de f. 1537 e 1538-1545, além dos laudos
periciais anexados aos autos produzidos pela extração de dados dos telefones

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celulares apreendidos em poder dos acusados.

A respeito das autorias e tipicidades, testemunhou o interno do


Presídio Regional de Joinville/SC, Marcos José de Souza, que não é
faccionado, mas que cumpria pena na cela nº 8 do pavilhão nº 4 como
"companheiro". A entrada de drogas e celulares naquele pavilhão se dá
através dos agentes penitenciários Alicio e Nana (Ildemar L. Hess), pois ouviu
outros detentos mencionarem o fato e visualizou no celular de um deles pelo
aplicativo Whatsapp uma negociação de cinco aparelhos celulares pelo valor
de três mil reais e que estes deveriam ser entregues no dia 02.08.2017
durante o horário do banho de sol, os quais serão deixados na cela pelo
agente Nana durante a vistoria da cela, e que a provável cela a ser deixado o
material será na cela nº 7 da galeria B. Sobre as drogas, disse que o agente
Nana negocia diretamente com um detento do pavilhão nº 5 e de lá são
distribuídas aos demais, entrando em média quinhentos gramas de maconha a
cada entrega, recebendo dois mil reais pelo serviço. Os pagamentos ocorrem
via depósitos bancários e sempre anteriores às entregas. Por fim, afirmou que
existem agentes repassando informações sobre procedimentos e revistas aos
detentos (f. 39 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Novamente inquirido na fase extrajudicial, declarou que se


encontra preso há aproximadamente sessenta dias por crime de roubo, com

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condenação de quatro anos e oito meses em regime semiaberto. Em razão da

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prisão foi encaminhado para o Presídio Regional de Joinville, sendo alocado
na cela nº 8 da galeria B do pavilhão nº 4. Referente à negociação de
aparelhos celulares dos presos com agentes penitenciários, visualizou a
mensagem no aparelho celular dos reclusos de sua cela, que estava
ocorrendo negociação com outros presos através do aplicativo Whatsapp. A
conversa é realizada entre os presos para ratear os valores para comprar o

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aparelho celular. Quem vende os aparelhos celulares para os presos são
alguns agentes penitenciários do Presídio de Joinville. Não visualizou
conversa entre presos e agentes penitenciários. Foi realizado "passa pano"
nas celas do pavilhão nº 4, que consiste em arrecadar dinheiro de cada cela
para conseguir comprar os celulares. O preso de apelido Ticha da cela nº 9 é
quem faz o contato com os agentes penitenciários. O interno de apelido Beira-
Mar também comprou celulares dos agentes penitenciários. Os nomes dos
agentes penitenciários citados pelos presos como os que realizam o "corre"
seriam Nana e Alisson ou algum nome parecido com Alisson. Não sabe
descrever as características físicas dos agentes penitenciários Nana e Alisson,
pois nunca os viu. Seriam entregues cinco celulares pela quantia de três mil
reais. Os aparelhos celulares não são comprados pelos agentes porque são
entregues pela família dos reclusos. Os agentes somente entregam os
aparelhos celulares na unidade. O dinheiro da negociação seria depositado
em conta, não sabendo indicar em nome de qual pessoa. Existem comentários
que os agentes Nana e Alisson trazem drogas para o presídio, mas a entrega
nos pavilhões ocorre com ajuda dos presos em regalias. Cinco celulares
seriam entregues hoje, dia 02.08.2017, na galeria B do pavilhão nº 4. Os
presos comentaram que na data de hoje o plantão era do agente Nana, que
iria realizar a entrega. Estava escrito na mensagem do Whatsapp que
"amanhã os aparelhos vão chegar pelo agente Nana". O momento da entrega
ocorreria enquanto os agentes estivessem no pátio, de modo que os agentes

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deixariam os aparelhos na cela. Os celulares deveriam ser entregues na cela

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nº 9, na cela do recluso Ticha. Na data de ontem, 01.08.2017, conversou com
o diretor do presídio de Joinville/SC e indicou que havia celulares nas celas nº
7 e 12 da galeria B do pavilhão nº 4 e que provavelmente esses aparelhos
teriam sido trazidos pelos agentes penitenciários Nana e Alisson. Após ter
noticiado a situação envolvendo os agentes penitenciários foi transferido para
a Penitenciária Industrial de Joinville/SC ainda no final da tarde de ontem (f.

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40-41 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

O delegado de polícia civil, Walter André Miadaira Watanabe,


inquirido em juízo, declarou que as investigações se iniciaram no começo do
ano de 2019 depois do encaminhamento de um ofício pela Secretaria de
Justiça e Cidadania dando conta de que no ano anterior, em 2018, haviam
sido recolhidos diversos aparelhos celulares no interior do Presídio Regional
de Joinville/SC. Após o recebimento do ofício, o pessoal da inteligência do
DEAP informou a respeito de alguns agentes penitenciários suspeitos de
participar contribuir no ingresso desses celulares. Com essas informações,
optaram por iniciar as investigações através de interceptações telefônicas.
Inicialmente, foram indicados cinco agentes penitenciários que estariam
envolvidos, dentre eles Ângelo Antônio Pereira, Altair Lara, Heurins
Schatzmam, Nilo Jessé Melo Júnior e Alberto Inácio da Silva. Afora esses
cinco agentes penitenciários, foi-lhes informado também que haveria alguns
números de telefones celulares que estavam sendo utilizados dentro do
Presídio Regional de Joinville/SC. Por conta dessa situação, iniciando as
investigações e com base nas interceptações telefônicas, conseguiram
identificar que realmente havia conversas telefônicas dentro do sistema
prisional. Foram sete períodos de interceptações telefônica, tendo o GAECO
conseguido identificar três grupos. O primeiro incluía Ângelo Antônio Pereira, o
outro grupo era liderado por Heurins Schatzmam e o terceiro era Altair Lara.

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Nesse primeiro grupo, que era composto por Ângelo Antônio Pereira,

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participava com ele desse núcleo Valdirene Alves Spader e também foi
identificado Guilherme Rosenstein e depois Alex Ribeiro da Silva. Ainda, ao
final, quando tiveram acesso ao telefone celular do Alex é que identificaram o
Lucas Fernando Comandolli. No segundo grupo, Heurins estava envolvido
com Ketlyn Sabrina Guimarães e o Fábio Oberoli. No último grupo, com Altair
Lara, estavam os presos Sandro Luchini e Ederson Ramos. Esses eram os

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grupos formados. Durante as interceptações identificaram algumas conversas
desses particulares, principalmente no grupo um, da Valdirene com Guilherme.
É importante ressaltar que nenhum dos agentes penitenciários investigados
conversava sobre o ingresso de telefones celulares no presídio. Conseguiram
identificar a forma e também os personagens envolvidos por meio das
conversas dos particulares. Um ponto importante foi a interceptação telefônica
da investigada Valdirene, pois ela possuía uma relação conturbada com
Ângelo e descobriu que ele estava mantendo um relacionamento com outra
pessoa, quando então procurou os serviços de Guilherme Rosenstein, que
seria um pai de santo. Valdirene procurou com Guilherme serviços de
"amarração”, de "vingança”, vários tipos de serviço que Guilherme se
propunha a fazer na época. Para que o Guilherme pudesse fazer os trabalhos
solicitados, ele precisava ter um pouco de conhecimento da vida pessoal de
Valdirene, saber o que ela fazia e quem era Ângelo. Isso tudo foi repassado
por Valdirene e interceptado. Valdirene e Guilherme mantiveram mais de vinte
conversas telefônicas. Inicialmente Guilherme achou que ela não pagaria o
valor proposto, mas Valdirene aceitou e, durante essas conversas, Guilherme
perguntou como ela conseguia tanto dinheiro, quando então Valdirene revelou
que o marido dela, Ângelo, colocava celulares de forma ilegal dentro do
sistema prisional, falando inclusive de valores e a forma como colocavam. A
partir desse momento é que identificaram realmente a participação de um
agente público na inserção de celulares dentro do Presídio Regional de

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Joinville/SC. Com o passar do tempo, os trabalhos do Guilherme foram sendo

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realizados e Valdirene tinha que efetuar os pagamentos para ele. Então
marcaram por telefone um encontro próximo à loja Milium em Joinville/SC,
tendo a equipe do GAECO flagrando o momento em que Valdirene fez o
repasse de quatro mil, duzentos e cinquenta reais em espécie a Guilherme. Na
sequência, Guilherme percebendo que Valdirene realmente tinha dinheiro e
que era uma forma dele conseguir mais, ele começou a instigá-la a colocar

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cada vez mais celulares no sistema prisional e em uma conversa é possível
observar que eles falam na inserção de cem aparelhos, que resultaria no
montante de cento e setenta mil reais. Foram diversas conversas em que
Guilherme instigava a inserção de aparelhos por Valdirene. As conversas de
Valdirene e Guilherme iniciaram ainda no primeiro semestre de 2019 e, se não
se engana, o pagamento flagrado pela equipe foi em 27 ou 29 de junho. Após
o início dos diálogos entre Valdirene e Guilherme, não sabe dizer se foram
feitas novas inserções de celulares, pois não havia comunicação com o
administrativo do DEAP, para evitar eventual vazamento de informações. No
dia das buscas foram encontrados alguns aparelhos celulares. O último
depósito bancário relativo aos celulares foi no dia 30 de abril. No interrogatório,
Valdirene disse que as inserções iniciaram em dezembro de 2018 e
continuaram até maio de 2019, mas presumem que foi até 30 de abril,
justamente por ter sido o último dia de depósito efetuado na conta do filho da
Valdirene, o Lucas. Acredita que os acusados Valdirene e Ângelo não
suspeitavam que estivessem sendo investigados, mas por um determinado
período Ângelo ficou afastado das suas funções por conta da saúde do pai e
nesse período Valdirene não tinha a quem pedir para inserir os celulares lá
dentro. Ela até fez contato com o investigado Nilo Jessé, solicitando que ele
fizesse a inserção de celulares. Durante o monitoramento das conversas entre
Valdirene e Guilherme, conseguiram identificar o envolvimento de mais uma
pessoa no núcleo um, o quarto elemento seria Alex. Identificaram Alex porque

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em um dos diálogos Valdirene comentou que a pessoa que lhe repassava os

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celulares era uma pessoa de aproximadamente trinta e dois anos, moreno,
que tinha um Civic, que era caixeiro e era um cara muito perigoso. Naquela
época, o GAECO de Joinville/SC havia atuado em uma operação do GAECO
de Curitiba/PR e nesse apoio cumpriram mandados de busca e prisão na casa
de Alex. Com base nessas informações sobre a compleição física e as
qualidades desse quarto elementos é que conseguiram identificar Alex. A partir

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daquele momento começaram a incluir Alex na investigação. Descobriram que
Alex e sua esposa são proprietários de uma loja de celulares no BIG da
Avenida Beira-Rio e isso fez sentido. No próprio interrogatório Valdirene
confirmou os fatos e reconheceu Alex em uma fotografia apresentada.
Posteriormente, na análise do celular do Alex, foram encontradas conversas
com Valdirene. Ao final da investigação, durante a operação no dia 07 de
novembro de 2019, conseguiram angariar o aparelho celular do Alex e
verificaram que no aparelho dele havia contato com um preso, que era o Lucas
Fernando Comandolli. Assim, a partir da análise desse celular, conseguiram
fechar essa cadeia, que começava com o celular fora do sistema prisional com
o Alex, que passava o aparelho para Valdirene, que também instigada por
Guilherme, encaminhava o celular para Ângelo, ele que finalmente o entregava
ao preso Lucas Fernando Comandolli. Esse era o núcleo de particulares que
fazia a inserção de celulares no presídio. No seu interrogatório Ângelo também
confirmou essa dinâmica e revelou que em uma oportunidade esteve com
Valdirene para pegar os celulares, quando viu um veículo sedã cinza, que na
verdade era o Civic do Alex. Pediram o afastamento do sigilo bancário de
alguns investigados e na conta da investigada Valdirene, aliás, na conta do
filho dela, o Lucas, localizaram alguns depósitos no valor aproximado de
cinquenta mil reais. Na conta de Ângelo também localizaram depósitos de
aproximadamente vinte e seis mil reais. Os depósitos foram feitos entre
dezembro de 2018 a 30 de abril de 2019 e o período vai ao encontro do

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informado pelos próprios acusados como o período em que realizaram a

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inserção de celulares no sistema prisional. A informação do envolvimento do
Ângelo veio do setor de inteligência do DEAP, após o recebimento do primeiro
ofício. Durante o interrogatório, perguntaram a Ângelo se ele se recordava
como era a dinâmica para ingresso dos celulares no presídio, tendo ele
relatado que recebia os aparelhos de Valdirene e colocava-nos em sua
mochila, entrando com ela no sistema prisional. Ângelo relatou que até

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passava pela porta magnética, mas que ele não era revistado pelo fato de ser
agente penitenciário. Então ele colocava os celulares dentro do armário e
depois ele os buscava para lançá-los nas celas. Os aparelhos já vinham com
as identificações de quem seriam os destinatários e as celas que estavam
ocupando. Ângelo relatou, ainda, que se recordava do nome Lucas escrito
nessas identificações, sendo este Lucas Fernando Comandolli. Essa
informação fechou com aquela ideia inicial de que Alex seria uma ponta e a
outra seria Lucas Fernando Comandolli. Os pagamentos eram feitos somente
depois que os aparelhos eram entregues aos presos. Valdirene demonstrava a
Guilherme que Alex era uma pessoa perigosa, muito violenta, por ser caixeiro.
Durante os interrogatórios, tanto Ângelo como Valdirene relataram a forma
como era praticado o crime, o primeiro dando detalhes da parte intramuros do
presídio e a segunda a dinâmica dos fatos do lado de fora. Disse que esses
trabalhos de "amarração" e "vingança" oferecidos por Guilherme foram
verificados através das interceptações telefônicas, tendo a Valdirene
solicitado, inicialmente, um trabalho para afastar Ângelo de sua amante,
Josedalva, através de "vingança", com menções até mesmo a quebrar pernas.
Em um segundo momento, Guilherme começou a instigar Valdirene a colocar
mais celulares no interior do presídio para ele receber mais dinheiro dela.
Acredita que essas instigações por Guilherme se iniciaram em meados de
2019. Guilherme tomou conhecimento dos fatos narrados na denúncia desde o
princípio, pois já nas primeiras ligações Valdirene já teve que se abrir com

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Guilherme, por conta da relação dele, pois para ele fazer os trabalhos ele

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precisava conhecer um pouco. O Lucas seria o destinatário dos aparelhos. O
celular dentro do presídio é compartilhado com outros presos, mas quem
realmente era a ligação do Alex dentro do presídio, era o Lucas Fernando
Comandolli. Não houve ligação telefônica entre Lucas e Alex, mas pelo celular
apreendido com este último, puderam extrair dados que demonstram as
conversas entre os dois. Existe também uma ligação em que o Lucas, preso,

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telefona para a loja Ana Celulares procurando pelo Alex. Além disso, Ângelo
também relatou que os celulares eram destinados ao preso Lucas Fernando
Comandolli. Reiterou que os celulares já vinham com a identificação das celas
e os nomes dos presos a quem eram destinados. Com os celulares guardados
na mochila, antes de fazer as suas rondas, Ângelo ia até o armário, pegava os
celulares e os colocava nos bolsos. Depois entrava nas celas e os colocava
embaixo dos travesseiros, isso na condição chefe de segurança. Esclareceu
que Fábio Celso Oberoli, que apareceu no início das investigações, seria um
dos líderes do PGC no presídio e havia indícios de que ele também receberia
celulares. Acredita que Fábio e Lucas em certo momento dividiram a mesma
cela. Não se recorda de quando Fábio foi transferido para o presídio de
Blumenau/SC. Disse que Lucas não teve êxito em falar com Alex quando ligou
na loja Ana Celulares. O primeiro momento em que surgiu o nome do Alex foi
por meio da Valdirene, ainda no primeiro período de interceptação. Não há
comprovação material da inserção de celulares feita por Ângelo e Valdirene
até porque para isso precisariam colocar rastreadores nos celulares por eles
inseridos, e isso é humanamente impossível. No entanto, todos os indícios
levam a crer que os celulares foram de fato inseridos. Além disso, através das
confissões de Ângelo e Valdirene também conseguem identificar que era
através de Alex que os celulares chegavam a Lucas. Não bastasse, as
interceptações telefônicas e a extração de dados do telefone celulares de Alex
também confirmam a inserção de celulares no presídio. O período em que

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comprovadamente houve a inserção de celulares foi entre dezembro de 2018

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e maio ou final de abril de 2019, conforme confissões feitas e também
conforme os depósitos bancários feitos em favor de Valdirene, na conta do
filho dela, o Lucas Davi. Valdirene e Alex não se comunicavam por ligações
telefônicas, seus contatos deveriam por meio de Whatsapp, tanto que
conseguiram identificar no celular dele contato de Whatsapp com a Valdirene.
Não participou da apreensão do telefone do Alex, mas outro policial que está

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arrolado como testemunha participou. O celular foi encaminhado para perícia.
Todas as informações obtidas foram por meio de perícia. Depois do mês de
junho de 2019, não se recorda de elementos que configurem a inserção de
celular no presídio. As referências a "guri" que Valdirene fazia são sinônimas
de "cara". Alex já foi caixeiro e já foi preso, inclusive com o próprio Lucas
Fernando Comandolli. A prisão de Alex foi representada porque também havia
indícios de negociação de armas de fogo, então o envolvimento dele com o
crime não seria apenas a questão de inserção de celulares. A própria
Valdirene demonstrava a Guilherme o temor que tinha de Alex (f. 1449).

O policial militar Acir Miranda Júnior também prestou


depoimento em juízo e contou que participou das interceptações telefônicas,
transcrevendo áudios e também de algumas diligências de campo, como o
encontro entre Valdirene e Guilherme e o relatório de análise do telefone
celular do Alex. No celular de Alex, localizaram conversas dele com Lucas,
com um vulgo "Boquinha", com Rafael e mais uma pessoa da qual não se
recorda o nome, tratando da inserção de aparelhos celulares no presídio. Nas
conversas com Lucas, ele solicita a Alex a separação de um celular J7 para
que levasse depois até uma determina "cunhada", que seria a mulher de um
outro preso. Quanto às conversas com Rafael, este pediu a Alex que fizesse
contato com Ângelo para que ele avisasse com antecedência qualquer
eventual busca ou "batida" nas celas e nessa oportunidade Alex respondeu

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que o Ângelo estaria afastado por sessenta dias e naquela época Ângelo

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realmente estava afastado, conforme consulta que fizeram ao portal da SJC e
que consta no relatório. E também teve a situação da arma de fogo, em que
ele fez contato com uma quarta pessoa procurando uma arma para comprar.
Quanto aos prints de uma conversa entre Valdirene e o agente prisional Nilo,
não sabe como eles foram obtidos, pois não foi quem os obteve. A última
conversa verificada no celular de Alex era datada de novembro de 2019. Não

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se recorda se em novembro de 2019 Ângelo estava afastado de suas
atividades. Participou da apreensão do celular de Alex. Não recorda se o
celular estava na posse dele, na cama ou ao lado da cabeceira. Alex não
forneceu a senha do celular. O aparelho foi levado para perícia. As conversas
que mencionou anteriormente, foram identificadas após a apreensão e
ocorreram até novembro de 2019, mas não sabe especificar quando iniciaram.
Não sabe se a aquisição da arma de fogo por Alex chegou a se concretizar (f.
1449).

Seu colega de farda, Cristóvão Claudinei Morvan, também foi


ouvido em audiência judicial e declarou que participou da investigação e
cumpriu o mandado de busca na residência de Guilherme Rosenstein. Esse
núcleo específico é composto pelo casal Ângelo e Valdirene, que se
conheceram dentro do presídio na época em que Valdirene cumpria pena. E
esse relacionamento entre eles facilitou a prática do crime de inserção de
celulares no Presídio Regional de Joinville/SC. Com esse contato com o
mundo do crime, Valdirene acabou juntado essa condição dela com a
condição dele de agente prisional. Guilherme não foi localizado na sua casa,
ele foi preso posteriormente. Inicialmente Valdirene contratou Guilherme para
trazer Ângelo de volta para casa e afastá-lo de um relacionamento
extraconjugal que ele mantinha. Por isso, acabaram criando certa intimidade e
Valdirene abriu toda a vida dela com Ângelo, inclusive o negócio ilícito

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praticado por eles. Então Guilherme, vendo isso como uma possibilidade de

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conseguir dinheiro, começou a instigar e orientar Valdirene na forma como ela
deveria proceder para que o esquema de ingresso de celulares fosse mantida.
Esclareceu que aquele dinheiro que flagraram Valdirene entregando a
Guilherme, alguns dias antes, durante as interceptações, ficou muito claro que
foi proveniente da inserção de celulares dentro do presídio. Os pagamentos
feitos por Valdirene a Guilherme foram decorrentes de trabalhos de

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"afastamento", "broxamento" e "proteção". Foi a partir desse desentendimento
entre Ângelo e Valdirene que ela começou a detalhar o esquema a Guilherme.
Em determinado período, Ângelo se afastou novamente e Valdirene começou
a ter dificuldades em fazer a inserção dos celulares. Não se recorda
exatamente quando foi isso, mas tudo está descrito nos relatórios que fizeram.
Em alguns momentos os acusados tiveram dificuldades em fazer a inserção
dos celulares no presídio, que era justamente nos períodos em que Ângelo
saía de casa. Acredita que não haveria inserção de celulares sem a
contraprestação de pagamentos. Aliás, parte dos pagamentos feitos a
Valdirene foram utilizados na compra de um veículo Ford Ka pela acusada. A
ligação entre Alex e Lucas surgiu em uma ligação entre o último e Daiane,
onde ele cobrava muito a Daiane porque ele não estava conseguindo contato
com Alex, então ele solicitava que ela fosse atrás dele para fazer esse contato
com ele. Daiane era tia de Lucas. Já na sequência, interceptaram Lucas
realizando uma ligação para a loja de celulares de Alex, que está em nome da
esposa dele, a Renata. No mês seis, há uma ligação em que Valdirene aponta
todas as características físicas do "guri" que ela mencionava, como estatura
mediana, fala mansa, criminoso desde os dezesseis anos e que tinha até certa
afeição por ele. Posteriormente a esse fato, Valdirene cita o nome Alex em um
áudio sobre os serviços de proteção que havia solicitado. Com base nos dados
extraídos do aparelho celular apreendido com Alex, conseguiram entender que
ele era uma pessoa importante dentro do presídio, pois ele tinha contato com

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alguém, que seria o Ângelo, inclusive para passar informações de revistas e

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"rodo" dentro da unidade. Havia conversas de Alex com outros criminosos em
que esses terceiros pediam para ele "procurar o cara lá". Em determinado
diálogo Alex menciona que teve um atrito com Lucas porque "o cara lá tava
afastado" e ele estava com dificuldade de fazer a coisa caminhar. Durante as
interceptações Lucas encaminhou uma mensagem para Alex solicitando um
aparelho J7 e repassando o número de uma "cunhada" para fazer a entrega

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do celular. Essa linha do tempo iniciou a partir do mês seis, mas antes disso já
vinha recebendo indícios de quem seriam os envolvidos. A partir do mês seis é
que começou a "clarear" até que chegou nessa situação da conversa do Lucas
com a Daiane e posteriormente a ligação do Lucas para a loja Ana Celulares,
que foi quando constataram "poxa, era a pessoa que realmente
desconfiávamos". Depois do início das conversas entre Valdirene e Guilherme
há indícios da entrada de celulares no presídio, até porque a origem do
dinheiro entregue em espécie pela primeira ao segundo aqui na cidade de
Joinville/SC teve a sua origem revelada em um áudio que da semana anterior
entre Guilherme e Valdirene sobre a entrada de celulares. A conversa entre
Valdirene e Guilherme foi "deu certo, eu to com o dinheiro e vou te entregar".
Ela não tinha esse dinheiro, ela adquiriu esse dinheiro utilizado para pagar
Guilherme da inserção do aparelho telefônico e entregou na mão do
Guilherme. Se não se engana, existe um áudio em que Valdirene comenta que
quando não dá certo a inserção ela precisa devolver o dinheiro, mas não se
recorda se isso efetivamente ocorreu. No celular de Alex não havia indicativos
de contato direto entre ele a Ângelo, já que quem faria essa "ponte" seria a
Valdirene (f. 1449).

Por sua vez, o policial civil Renan César Vaz reiterou a


declaração dos outros investigadores, incluindo que no momento da
deflagração da operação já possuíam autorização para acessar os dados dos

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celulares apreendidos, de modo que em alguns casos conseguiram colher

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elementos de informação ainda durante o cumprimento dos mandado de
busca e apreensão, todavia, com encaminhamento posterior à perícia. Quanto
à quebra de sigilo bancário dos investigados, relatou que Valdirene nunca
depositava os valores recebidos pela prática dos ilícitos em sua conta bancária
e também nada obrigava ela a depositar esse dinheiro em uma conta bancária,
já que ela poderia guardá-lo em espécie ou mandar para outro lugar. Então

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esses valores que identificaram como sendo de origem ilícita é o mínimo que
ela recebeu com o envolvimento na inserção de celulares no presídio. Ou seja,
o montante provavelmente é ainda maior do que esse que conseguiram
levantar. Valdirene recebia o dinheiro em espécie de Alex em um local próximo
a sua casa, os valores englobavam a parte dela e a do Ângelo. Provavelmente
no mesmo dia ou no dia seguinte ela ia até uma agência bancária que fica há
cerca de trezentos metros da casa dela, fazia esse depósito não identificado
do valor dividido, sendo uma parte para a conta do Ângelo e a parte dela
depositada na conta do filho Lucas. Esses depósitos eram realizados com uma
frequência de duas semanas e ocorreram de dezembro de 2018 até o final do
mês de abril de 2019. Mas ela pode muito bem ter recebido ainda outros
valores que tenham sido guardados com ela ou depositados em outras contas
em nome de terceiros. Valdirene utilizou cerca de dez mil reais desses
recursos ilícitos para pagar parte de um veículo Ford Ka, que foi colocado em
nome do filho. As tratativas da compra desse veículo foram interceptadas e
nessa aquisição Valdirene também deu como pagamento um veículo que ela
já possuía. Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão não
localizaram qualquer valor em espécie nas residências dos acusados (f. 1449).

O diretor do Presídio Regional de Joinville/SC, Paulo Cleber


Sabei, também testemunhou e declarou que esteve na gerência do presídio
por um período de dois anos e meio, que compreendeu o final do ano de 2018

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e todo o ano de 2019. Questionado sobre a separação das facções criminosas

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dentro do ergástulo, respondeu que, em princípio, no pavilhão nº 5, são
alocados os integrantes e simpatizantes da organização criminosa PGC, no
pavilhão nº 4 há duas galerias ocupadas por integrantes do PCC e PGC. Já o
pavilhão nº 1 é destinado aos não faccionados. Essa separação é feita através
da autodeclaração dos próprios internos, pois já na entrada do ergástulo o
preso é questionado sobre ser integrante de alguma facção e com isso é

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alocado no pavilhão de destino. As revistas nas celas são feitas geralmente
pelos plantonistas, de acordo com a possibilidade. Geralmente eles tiram os
presos para o pátio e na sequência fazem a revista em cela. Durante as
revistas os internos estão sempre no pátio. Os plantões são organizados por
uma escala e o plantonista já sabe antecipadamente o dia que estará de
plantão. A quantidade de plantonistas depende da eventual apresentação de
algum atestado. Quando o plantonista chega na unidade, ele é direcionado
pelo supervisor ao pavilhão que deverá trabalhar naquele plantão. Os agentes
prisionais não passam pelo scanner corporal, até por uma questão de
logística, já que o estacionamento é dentro da unidade e o scanner fica na
portaria. No scanner passam somente visitantes, pois os advogados não
passam mais. As apreensões de celulares no presídio são bastante
frequentes. Pelo que se recorda, Ângelo ficou afastado a partir da metade do
ano de 2019. Lucas Fernando Comandolli e Alex Ribeiro da Silva são internos
do Presídio Regional de Joinville/SC. Não sabe onde eles estão alocados hoje,
mas na época, se não se engana, estavam alocados no pavilhão nº 5, que é o
pavilhão do PGC. Não acompanhou as investigações relacionadas ao
processo, mas estava na unidade prisional no dia em que foi realizada a
operação. Durante todo o ano de 2019 houve muitas apreensões de celulares.
Não tem como vincular a relação do agente Ângelo com alguma das
apreensões de celulares. Não se recorda se algum dos celulares apreendidos
foi vinculado ao detento Lucas (f. 1449).

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O investigado Heurins Schatzmam declarou ao delegado de
polícia que é agente penitenciário desde 2015. Sempre foi muito enérgico com
os presos e eles lhe odiavam, até já chegaram a causar tumultos para que não
entrasse nos pavilhões quando estava de plantão, então por isso passou um
tempo trabalhando no armamento. Nunca exerceu qualquer cargo de
confiança no sistema penitenciário. Exercia as atividades de contagem de

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presos, encaminhamentos para o pátio, revistas e escoltas. Fazem revistas
nas celas em todos os plantões, enquanto os presos estão no pátio e estão
sempre em quatro ou cinco agentes durante os procedimentos. Só não há
inspeção quando o efetivo está muito baixo, por questões de segurança.
Durante as revistas apreendem muitos objetos como drogas, celulares, armas
artesanais e já houve a apreensão de explosivos. Os pavilhões nº 4 e 5 são os
mais cheios e onde há mais apreensões. O número máximo de celulares
apreendidos em uma única vez por si foram cinco. Acredita que os presos não
gostavam de si porque encontrava muitos objetos, mas basta não ter preguiça
que encontra. A sua escala de plantão era 24h por 72h e logo após so
plantões voltava para Mafra/SC, onde mora. Nunca gostou muito de trabalhar
em Joinville/SC, pois é um lugar muito complicado. Foi afastado das suas
atividades em março ou maio de 2019, por tratamento psiquiátrico, e logo em
seguida pediu remoção para Mafra/SC. Durante o tempo que ficou em
Joinville/SC teve como chefes de segurança Camargo e Everton. Perguntado,
disse que Ângelo agora ocupa o cargo de chefe de segurança, mas pelo que
se recorda na época em que trabalhava em Joinville/SC, ele era supervisor.
Não sabe como os aparelhos celulares entram no presídio. Receberam há
algum tempo um body scanner, que foi doado. Não sabe operar o aparelho e
já viu que ele deixa algumas falhas. O aparelho é usado apenas para as
visitas dos presos. Os funcionários entram por outro local, em que é feita
apenas uma vistoria veicular no portão. Não é feita nenhuma revista pessoal

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nos agentes penitenciários ou terceirizados. Enquanto trabalhou em

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CC4BA.
Joinville/SC não soube do envolvimento de agentes penitenciários na inserção
de celulares no presídio. Nunca teve contato com presos, nem com familiares
deles. Já recebeu ligações em seu celular que acredita ser de presos, mas
atendeu uma única vez e depois disso foi orientado pelo setor de inteligência a
trocar de número. Nunca ouviu falar de Ketlyn Sabrina Guimarães ou de Fabio
Celso Oberoli. Não se recorda de ter recebido mensagens dessas pessoas.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Apresentado às mensagens interceptadas em seu celular, disse desconhecê-
las. No início do ano de 2019 foi chamado pelo chefe de segurança que lhe
informou que haviam apreendido um celular em Blumenau/SC e que lá havia
um registro do seu nome com a informação "que na hora que estivesse na
pista era para fazer você" e fez um registro dessa ocorrência. Negou ser
dependente químico. Por conta do tratamento médico não faz mais uso nem
de bebida alcoólica. Há pouco tempo teve um derrame. Tinha um veículo Fiat
Siena e trocou por um Fiat Punto quando se divorciou. Financiou a diferença
de valores em quarenta e oito parcelas de seiscentos reais. Possui conta no
Banco do Brasil em uma agência em Mafra/SC. O depósito de vinte mil reais
em sua conta no final do mês de junho de 2019 era dinheiro seu, que tinha de
reserva, guardado. A sua contadora lhe orientou a ter um pouco de dinheiro
em espécie por causa do imposto de renda. Não sabe do envolvimento de
Ângelo na inserção de celulares no presídio. Não tem qualquer amizade ou
desavença com ele, pois ele é uma pessoa muito prestativa. A única coisa que
sabe de Ângelo é que ele é casado com uma mulher que já foi presa, mas não
sabe o nome dela. Todos os celulares apreendidos eram registrados por meio
de CI, comunicação interna. Seu primeiro contador foi Colin e depois quem
fazia suas declarações era a Tchorney (arquivo "2019-11-19 Heurins" da mídia
dos interrogatórios depositada nos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Altair Lara, agente penitenciário, também foi inquirido na

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condição de investigado na fase policial, e declarou que quando começou a

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trabalhar em Joinville/SC os chefes de segurança foram Jonathan, Everton,
Camargo e Ângelo. Trabalha no plantão, em regime de 24h por 72h. Ângelo é
chefe de segurança desde 2017 ou 2018. Na época do Camargo e do Everton
eram muito rigorosos no presídio, todavia, houve uma reviravolta e acabaram
por tirá-los dos cargos, quando assumiu Ângelo. No seu plantão, que é o C,
trabalha com cerca de mais nove pessoas. Suas atribuições incluem tirar

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presos para o pátio, entregar alimentação, fazer revista em celas e preservar a
segurança do local. Existem quatro pavilhões no presídio, dois agente por
cada pavilhão. Seu apelido é Toco, pois sua família vendia lenha e quando era
pequeno só conseguia pegar os pedaços pequenos de madeira. No presídio,
apenas os agentes mais próximos lhe conheciam por Toco e se algum preso
ouve algum apelido, ele passa para todos os outos. Quando mataram o cabo
Joacir, era para ter sido ele. Foram na sua casa para lhe matar em três
oportunidades. Quem cuidou do seu caso foi o delegado Dirceu, que lhe
mostrou que eles tinham informações e fotos da sua casa. Também era
conhecido pelo apelido de Itajaí, por ter trabalho em Canhanduba. Sempre
pega ilícitos com com os presos durante os seus plantões. Uma vez um preso
lhe alertou que estavam "fazendo casinha" para ele, pois fazia muitas
apreensões. Disse que pelo que viu "esse caras são PGC", pelo que está na
folha, aquele Fábio Oberoli é PGC. Esses caras foram na sua casa, tentaram
lhe matar e teve que sair de casa com a sua mulher grávida, como é que
poderia estar "fazendo corre" para os caras? (arquivo "2019-11-20 Altair lara"
da mídia dos interrogatórios depositada nos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

O acusado Ângelo Antônio Pereira respondeu ao delegado de


polícia que foi chefe da segurança no Presídio Regional de Joinville/SC por
aproximadamente dois anos. Havia presos que lhe contavam que "o agente tal

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fazia, o agente tal fazia e vinham pela vigilância esses aparelhos". Os

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vigilantes eram os terceirizados. Era o pessoal da noite que lançava os
telefones. É agente penitenciário há dez anos. Sempre trabalhou em
Joinville/SC. Deixou o cargo de chefe de segurança em maio de 2019 a pedido
de Paulo, o diretor do presídio. A explicação que Paulo lhe deu foi em razão
do episódio em que havia feito o uso exagerado de bebida alcoólica enquanto
estava na posse de uma viatura descaracterizada do presídio, quando então

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
sua esposa Valdirene ligou para o presídio e pediu ajuda para levá-lo para
casa, tendo a história chegado aos ouvidos de Deividison. Possui união
estável com Valdirene há seis anos e a conheceu no presídio na época em
que ela cumpria pena. Foi preso em Curitibanos/SC, pois estava ajudando seu
pai, que está com câncer, a cuidar do sítio. Estava afastado das suas funções
há cem dias e no começo do mês de outubro fez plantão, pegou uma escolta
de um rapaz em uma clínica, levou um outro rapaz no ambulatório, foi ao
fórum, hospital e depois pegou novo atestado, por mais trinta dias. Enquanto
era chefe de segurança havia feito um pedido de transferência para
Curitibanos/SC. O motivo do seu afastamento é por depressão. Os presos lhe
apontaram os agentes Altair, Heurins e Nilo como os responsáveis por colocar
celulares no interior do presídio. Chegou a conversar com Altair sobre a
situação porque um preso lhe relatou que Altair estaria devendo para facção e
que queriam "pegar ele", então disse a ele que "o pessoal sabe onde tu faz
bico, que é em frente ao Deco restaurante e os cara querem te pegar". Após
isso, não deu muito tempo e passaram atirando na frente da casa dele. Não
sabe que tipo de dívida Altair tinha com a facção e também não sabe com qual
facção ele era relacionado. Sabia que Heurins trazia celulares para o interno
Fábio Oberoli. Houve uma situação em que, em princípio, Heurins estava
sozinho no pavilhão, quando ele abriu a porta, desceu as escadas e o preso
Fábio Oberoli saiu da cela sem nada e "voltou com coisa na mão". Presenciou
os fatos através das câmeras. A notícia que tinha era que Heurins não trazia

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apenas celular, mas também drogas. Pelo que sabe, Heurins morava em uma

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casa de esquina em Mafra/SC, sendo que na outra esquina havia um bar que
era ponto de venda de drogas e ele acabou se mudando desse local. Pelo que
os outros falam Heurins não era usuário, mas traficava. O envolvimento de
Nilo foi na época em que ainda era supervisor e pelo que sabe ele trazia
celulares para todo o presídio e não para um preso específico. Já chegou a
apreender celulares no valor de quatro mil reais. Altair apreendia muitos

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
celulares, todo plantão ele parecia com cinco ou seis celulares. Os aparelhos
apreendidos eram repassados para ele, chefe de segurança, e os deixavam
guardados na sala. Todos aparelhos precisavam ser endereçados em CI e
posteriomente o pessoal da Dinfre buscava os aparelhos. Os aparelhos que
não tinham CI deixava na sala para tentar descobrir em qual plantão haviam
sido apreendidos, bem como pavilhão e cela, para depois dar o
encaminhamento da Dinfre. Por semana era apreendida uma média de cinco a
seis celulares. Explicou que a cada seis celas, eles um X como "mocó". Então
quando achavam esses "mocós" apreendiam todos os celulares. Negou que
tenha inserido celulares no presídio. Valdirene também nunca pediu para que
colocasse celulares no presídio e declarou que jamais recebeu qualquer valor
para isso. Acredita que Valdirene não tem qualquer relação com a inserção de
celulares no presídio. Não conhece Alex Ribeiro da Silva ou Guilherme
Rosenstein. Não se recorda de ter recebido qualquer encomenda de um
sujeito que chegou em um veículo Honda Civic, cor grafite, na esquina da sua
casa, enquanto aguardava no seu automóvel com Valdirene (arquivo
"2019-11-11 Angelo Antonio A" da mídia dos interrogatórios depositada nos
autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Novamente interrogado pelo delegado de polícia, Ângelo


Antônio Pereira retratou a declaração anterior, assumindo que, de fato, já teria
inserido aparelhos celulares no sistema penitenciário nos meses de fevereiro e

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março de 2019, revelando que tudo começou com um contato que Valdirene

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recebeu. Ela conheceu uma pessoa e essa pessoa passou o contato de
Valdirene para outra pessoa. Não sabe identificar a primeira pessoa que
Valdirene conheceu, mas a segunda, que foi quem fez o contato com ela para
o ingresso de celulares foi Alex Ribeiro da Silva. Isso ocorreu antes de
fevereiro. As tratativas entre Alex e Valdirene eram apenas para adentrar
celulares na unidade prisional. Antes de dar qualquer resposta, Valdirene lhe

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perguntou sobre a possibilidade, quando negou o pedido. Todavia, Alex ficou
insistindo, então acabaram cedendo, também por insistência de Valdirene. Na
época, Valdirene trabalhava na maternidade Darcy Vargas. Disse que
Valdirene recebia os malotes de telefones e lhe entregava, os aparelhos eram
embalados em papel filme. Fazia uma checagem nos aparelhos, aqueles que
tinham fumo e isqueiro dispensava, não os levava para o presídio e mandava
Valdirene devolver para o cara. Os aparelhos vinham com carregador e fone.
Recebiam mil e quinhentos reais por cada aparelho, valor que era pago em
espécie a Valdirene. Os pagamentos eram feitos pelo próprio Alex, após a
confirmação do recebimento do aparelho pelo preso. Nunca foi com Valdirene
busca o dinheiro, mas a acompanhou em uma oportunidade quando foi buscar
celulares em um restaurante próximo a casa deles. Não sabe quem entregou
os celulares à Valdirene, pois não chegou a descer do carro. A pessoa estava
com um veículo sedã, de cor grafite. Naquela oportunidade, Valdirene desceu
do carro deles, foi até aquele outro veículo, embarcou e depois retornou com
um pacote contendo os celulares. Pelo que se recorda, inseriu celulares no
presídio em quatro oportunidades e em cada uma delas foram levados seis
celulares. Levava os celulares na mochila até o interior do presídio. Os
agentes penitenciários não passam pelo scanner corporal, mas apenas por
uma porta de metal, que é assistida por apenas um vigilante. Então, quando
há o aviso de porte de metal por qualquer agente penitenciário, o vigilante não
obsta a entrada. Os celulares ficavam dentro do seu armário até o momento

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em que o retirava para lançá-los. Os celulares já vinham com indicação do X e

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do nome do destinatário. A maioria dos celulares era para o pavilhão nº 5, com
nome de Alexandre, "Xandão". Acha que o Lucas Comandoli recebeu um
celular. Na última vez ele estava na cela nº 21. Lançava os celulares na cela
19. Não deixava os celulares em"jegas" específicas, que sempre lançava na
primeira "jega" da esquerda, embaixo do colchão. Deixava todos juntos, dentro
do malote. Deixava os celulares enquanto os presos estavam no pátio. Nunca

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fez o recolhimento de celulares que havia inserido. Já acompanhou Altair em
vistoria quando ele apreendeu celulares, mas não que tenha apreendido
diretamente. O valor de mil e quinhentos reais era dividido com Valdirene.
Usava os valores para pagar contas. Ficou sabendo que Alex Ribeiro da Silva
tem uma loja de celulares no Big. O dinheiro era entregue geralmente na
esquina de casa, mas não tinha horário certo. Soube que Valdirene contratou
um pai de santo quando se desentenderam, para deixá-lo impotente e acabar
com a outra. Valdirene comentou que os valores recebidos como propina pelos
celulares teriam sido destinados como pagamentos ao pai de santo. Não sabe
se Valdirene contou ao pai de santo que o dinheiro seria proveniente do
"corre". Não chegou a conhecer pessoalmente Guilherme. Quanto à inserção
de celulares pelos outros agentes, reiterou que Heurins levava aparelhos para
Fábio Oberoli e Altair e Nilo levavam para o pavilhão inteiro. Soube de um
episódio em que Nilo havia levado alguns aparelhos para o ABC dentro de um
balde, sobreposto com outro balde, mas isso é de conversa com os presos.
Além de Valdirene, acha que ninguém sabe da sua participação de inserção
de celulares no presídio. Acha que Valdirene pode ter procurado pelo agente
Nilo depois de ter dito que não queria mais participar do esquema. Ela lhe
pediu o telefone de Nilo, mas não tinha o contato dele. Então acha que
Valdirene conseguiu o número com outra agente penitenciária. Depois que se
afastou do trabalho, disse para Valdirene que não queria mais participar do
crime. Esclareceu que pegou o afastamento por causa da doença do pai e

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também por depressão, mas não porque havia perdido o cargo de chefia. É

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mais fácil inserir celulares durante o plantão do que como chefe de segurança.
Contou que os agentes do plantão, ao chegarem para trabalhar, entram com
as mochilas, passam pela porta de metal e vão até o alojamento. Lá, guardam
a mochila ou vão com ela até o pavilhão. Quando há inserção de celulares,
como são apenas dois agentes, quando o colega sai para o almoço, o outro
faz o lançamento. Como não fazia plantão, aproveitava o momento em que os

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presos estavam no banho de sol. Nunca aconteceu de lançar celulares e
depois outros agentes passarem para fazer revista e apreendê-los. Fazia a
inserção apenas de celulares, mas já lhe foi solicitado para inserir drogas,
serras. Arma de fogo, não. Os três agentes que mencionou fazem a inserção
de drogas. Sabe que Nilo é usuário de drogas, inclusive já esteve internado
em clínica de reabilitação. Depois da entrega, os presos confirmavam o
recebimento com Alex, que realizava o pagamento a Valdirene. Somente
agora os vigilantes começaram a ser revistados, mas à noite eles têm livre
acesso para ir ao carro e voltar. Não tem outro contato de fornecedor de
celulares além de Alex. Pelo que se recorda, a última vez que inseriu celulares
foi em maio ou abril. Recorda-se de ter apenas dois carregadores celulares
entre seus pertences. A anotação contendo o nome e o telefone de Guilherme
Rosenstein ele que havia feito, para tentar descobrir quem era, e no verso
havia anotado o número de Josevalda, que foi a mulher com quem se
relacionou. Não sabe dizer a origem dos carregadores e plugs que foram
encontrados nos seus pertences. Os celulares que inseria já vinham
embalados no papel filme com plug, cabo e carregador, além do papel com
nome e cela. Dos nomes se recorda apenas de Lucas, "Xandão",
"Matemático", mas tinham vários. Sabia que poderia estar sendo investigado,
mas quase não fala no celular. Valdirene comentou que outro agente havia
falado sobre a possibilidade dele estar sendo investigado. Alex sumiu durante
um tempo, pois houve uma "batida do P2". Devem ter recebido cerca de trinta

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mil reais, quinze mil para ele e quinze mil para Valdirene. Está arrependido do

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que fez, pois perdeu o emprego e torce para pegar um regime semiaberto
(arquivo "2019-11-11 Angelo Antonio B" da mídia dos interrogatórios
depositada nos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

No interrogatório judicial, o acusado Ângelo Antônio Pereira


voltou a repetir nos mesmos termos, esclarecendo que Valdirene recebeu uma

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ligação com uma proposta para levar celulares para o interior do presídio. A
pessoa que fez essa ligação não se identificou. Valdirene conversou com ele
sobre isso, aceitando a proposta. O valor pago por celular seria de mil e
quinhentos reais. De fato levou celulares para o presídio e não sabe dizer para
quem eles eram destinados, pois eram identificados apenas por cela. Os
aparelhos eram todos destinados à cela nº 20 do pavilhão nº 5. Não se
recorda se Lucas estava alocado nessa cela. Havia mais de dezenove presos
dentro da cela. Conhecia Alex do presídio. Não sabe como chegaram na sua
esposa para fazer a proposta, mas ela já foi presa, então talvez seja alguém
que conheceu lá dentro. Não se recorda em quantas oportunidades inseriu
celulares no presídio, mas acredita que tenha sido entre vinte e vinte e cinco
aparelhos. Os valores recebidos em contraprestação eram utilizados para
pagar algumas contas e o restante era depositado. Acredita que todos os
aparelhos que inseriu no sistema prisional foi Alex que entregou. Em todas as
oportunidades o pagamento era feito no ato da entrega do telefone. As
entregas dos aparelhos por Alex eram feitas em locais diversos e acredita que
tenha acompanhado Valdirene em uma oportunidade, mas não chegou a
descer do carro. Lucas Fernando Comandolli também era interno do presídio e
chegou na época em que era chefe de segurança. Desconhece o
envolvimento de Guilherme na prática, apenas sabe que Valdirene havia ido
conversar com um pai de santo na época em que haviam brigado e tinha saído
de casa. Ficou cerca de quinze dias fora de casa. Não sabe se ela fez entrega

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de celulares nesse período. Acredita que na mesma época em que pediu

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afastamento havia outro servidor também afastado, mas não se recorda quem
era. Levava cinco celulares por vez. Parte dos valores que foram identificados
como depositados na sua conta eram provenientes dessas inserções de
celulares, mas outra parte era de serviços que fazia por fora, pois trabalha com
o irmão da Valdirene, na marcenaria, recebendo cerca de cem reais por dia.
As inserções de celulares no presídio iniciaram no primeiro semestre de 2019.

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Entrou com celulares no presídio em torno de quatro oportunidades. Não
confirma sua declaração na fase extrajudicial de que entregou um celular ao
preso Lucas Fernando Comandolli, pois todos os celulares vinham com uma
identificação de apelido e com a indicação da cela, mas deixava todos os
aparelhos em uma cela específica, que era a de número 20. Recorda-se de
apelidos "Fausto" e "Gordo". Reiterou que foi apenas uma vez com Valdirene
buscar os celulares, mas que nunca a acompanhou na busca do dinheiro. Não
sabe dizer por que Valdirene procurou por Nilo. Havia conversas no presídio
de que Nilo também participaria do esquema de inserção de celulares.
Valdirene iniciou o contato com o pai de santo depois que saiu de casa.
Depois do registro de ocorrência que fez contra Valdirene parou de inserir
celulares no presídio, o que ocorreu depois que seu pai ficou doente e teve
que cuidar dele fora da cidade de Joinville/SC. Já tinha acordado com
Valdirene que não iriam mais inserir celulares. Nunca teve contato direto com
Alex e não sabe se depois do acordo de que iriam parar Valdirene ainda
manteve contato com ele. Valdirene procurou Nilo quando havia se separado
para tentar continuar com o esquema de inserção de celulares no presídio.
Realmente saiu de casa por conta de um relacionamento extraconjugal. Pegou
um afastamento, retornou para um plantão em abril, e em maio já pegou novo
afastamento. Quando foi preso ainda estava afastado. Nenhum celular era
inserido sem pagamentos. Quando acompanhou Valdirene na busca não
conseguiu ver quem era o fornecedor dos aparelhos e nas outras

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oportunidades, quando chegava em casa, os celulares já estavam lá,

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sustentando que Valdirene apenas informava que "o guri deixou aqui". Não
sabia quem era esse "guri". Valdirene mencionava vagamente o nome do Alex.
Objetivamente sabia que Alex estava envolvido com a entrega dos celulares
para Valdirene, mas não sabe dizer se em todas as oportunidades que
recebeu o celular foi Alex quem entregou. Ele e Valdirene decidiram que não
iriam mais continuar com o esquema quando retomaram o relacionamento. Os

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valores pagos como propina pelos celulares eram entregues pessoalmente a
Valdirene (f. 1449).

A acusada Valdirene Alves Spader, interrogada pela


autoridade policial, declarou que não faz parte de facção criminosa, que não
possui amigos ou qualquer tipo de contato com faccionados. Quanto à
inserção de celulares no presídio, confessou que praticava o crime juntamente
com Ângelo, que ela era a ponte e ele fazia o serviço. Ângelo é agente
penitenciário e é assim que tem acesso ao interior do presídio. Mantém
relação de união estável com ele desde o ano de 2013, tendo sido oficializada
no ano de 2018. Já esteve presa por tráfico e associação para o tráfico e foi
nessa época que conheceu Ângelo. Como é técnica em enfermagem, ganhou
a oportunidade de trabalhar na parte da saúde do presídio, então fazia a parte
administrativa, cuidava da medicação. Vários agentes penitenciários tinham
acesso à área administrativa e que muitos deles "a cobiçavam", mas sempre
se esquivava em razão da sua condição de presa. O Ângelo foi o único que
insistiu mais e quando começou a sair em temporária, ele foi atrás dela e
então começaram a sair. Aí quando voltava para o presídio, mantinham tudo
em off, porque não podiam ter essa relação entre agentes e presos. Isso foi
em 2013 e acabaram se envolvendo emocionalmente. No dia do seu alvará,
Ângelo estava lhe esperando com um buquê de flores no fórum e a levou para
casa. Lá ele conheceu a sua família e começaram o relacionamento, todavia,

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um dia foi surpreendida por uma mensagem em seu Facebook dizendo que

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CC4BA.
Ângelo era casado e tinha dois filhos pequenos. Depois descobriu que a
mensagem era da esposa dele. Então a mulher de Ângelo o mandou embora
de casa e naquele dia ele foi morar com ela. Viveram bem até outubro de
2018. Como sua pena havia sido extinta em 2017, conseguiu participar de um
processo seletivo pelo Estado e começou a trabalhar na maternidade Darcy
Vargas. Mas no dia que assumiu a vaga, em outubro de 2018, Ângelo saiu de

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casa. Então foi descobrir que ele tinha uma amante chamada Josevalda. Pelo
que sabe, Josevalda era recepcionista no presídio e acabou aceitando as
investidas de Ângelo e mesmo após sair do emprego, continuou se
encontrando com ele. Sempre pedia para Ângelo voltar, mas ele não queria,
até que ele voltou, em novembro daquele mesmo ano. No entanto, em maio
de 2019 ele saiu de casa de novo. No início do ano de 2019 recebeu uma
mensagem com uma proposta de colocar celular para dentro da cadeia. Não
sabe de quem eram as mensagens, pois Ângelo até tentava "puxar" os
números, mas não havia registro. Mas a pessoa com quem teve contato para
pegar o celular era Alex, que às vezes se identificava também por outros
nomes. Não sabe se Alex é nome verdadeiro dele. Havia também uma mulher,
que deu início às tratativas, mas não sabe o nome dela. Depois essa mulher
falou que lhe colocaria em contato com o tal Alex e que deveria negociar com
ele, que ele entregaria os celulares. Pegava os celulares com Alex na esquina
da sua casa. Às vezes Ângelo estava junto no carro, mas ele não gostava de
aparecer. Então descia do carro, buscava o pacote e retornava. Já viu Alex
chegar no local combinado com diversos carros, mas se recorda mais de um
Honda Civic, de cor grafite. No início pagavam mil e trezentos reais por celular,
depois passou para mil e quinhentos e chegou a mil e setecentos reais. O
esquema funcionou por cerca de cinco meses, até maio de 2019. Cada vez
que se encontrava com Alex, pegava de três a cinco celulares. Às vezes
pegava oito celulares por semana, mas Ângelo não conseguia inseri-los. Em

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uma semana Alex entregava os celulares e na outra entregava o dinheiro.

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Depois de receber o celular de Alex, entregava-nos a Ângelo, que os levava
para o interior do presídio e os lançava. Depois disso, os presos confirmavam
o recebimento com Alex, que informava Valdirene o dia que faria o pagamento.
Alex já chegou levar o dinheiro na mesma oportunidade em que entregava os
celulares. Os aparelhos já vinham preparados, eram os menores possíveis
enrolados em plástico filme e colocados em uma sacola. Acredita que tenham

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inserido cerca de vinte a vinte e cinco celulares no sistema prisional. Pegava o
dinheiro com Alex e contava apenas em casa. Não havia horário específico
para se encontrarem. Ângelo opinava na quantidade de celulares que
negociavam para inserir por semana, porque se dependesse de Alex levariam
dez por vez, mas Ângelo não tinha como entrar com tantos aparelhos de uma
só vez. Por diversas Ângelo saiu com os aparelhos para entregar, mas acabou
voltando com eles para casa. Isso acontecia quando um plantão não era bom,
quando havia algum procedimento repentino ou um homicídio. Então ele tinha
que voltar com os produtos por causa do procedimento na cadeia. Ângelo
deixava os aparelhos em um X combinado, no 20 ou no 21. Acredita que
dessas celas os presos iam repassando os celulares para as outras celas.
Ângelo ficava sabendo para qual X os celulares deveriam ir porque "o Alex
falava para mim, bota no 20, eu falava para o Ângelo, coloca no vinte, e o
Ângelo colocava no 20". Ângelo deixava os celulares embaixo dos colchões.
Não sabe quem eram os destinatários dos telefones. Todos os celulares foram
para a cela 20, mas não eram todos para aquela cela, dali eles mandavam
para as outras. Guilherme é um macumbeiro que contratou para fazer umas
macumbas para a amante do Ângelo. Está arrependida de ter colocado os
celulares para dentro do presídio. Recebeu cerca de vinte e cinco mil e Ângelo
mais vinte e cinco mil reais. Registrou Alex em seus contatos telefônicos como
"Natura Cosméticos" a pedido dele. Ângelo exercia a função de chefe de
segurança e a frequência de inserção dos aparelhos dependia dele. Pelo que

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Ângelo lhe contava, Altair, Nilo e um agente de Mafra/SC também faziam a

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inserção de aparelhos, mas não sabe se era com o fornecimento de Alex, pois
ele também nunca lhe falou nada. No entanto, lembra-se da oportunidade em
que falou para Alex que não queriam mais fazer, quando então ele disse "tudo
bem, mas tem outros agentes que fazem". Certa vez pegou o telefone de Nilo
no celular de Ângelo e entrou em contato com ele para ver se ele tinha
interesse em fazer o esquema, mas queria apenas saber por quanto ele

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estava entregando, já que Ângelo sempre disse que o valor que cobravam não
era o que os outros cobravam. Depois, revelou que na verdade Ângelo não
queria mais fazer e, caso Nilo aceitasse, passaria o contato dele para Alex,
pois foi Alex quem falou que Nilo fazia o esquema. Disse que "eles pediram de
tudo" para ingressar no presídio, mas aceitavam somente os celulares. Ângelo
concordou somente em levar celulares, já pediram para levar drogas e outros
objetos, mas nunca foi aceito. O preso beneficiado com os celulares seria o
vulgo "Boca" ou Rodrigo. Quando não era mais para esse "Boca", os celulares
foram para Lucas. Quando disse para Alex que não queriam mais continuar no
ilícito, ele comentou que conhecia Rafael Woitexem da época em que ainda
não era agente penitenciário, na sua loja de celular, e perguntou se ela não
poderia conseguir o número dele para ver se ele queria entrar no esquema.
Foi procurar por Alex na loja de celular do Big, mas as meninas da loja falaram
que não sabiam o nome do dono. Alex comentou que tinha uma loja de celular
"por aquela região", então foi lá perguntar, assim como foi em outras lojas. Os
celulares vinham preparados para entrar no presídio, mas vinha o mínimo de
coisas possíveis. Na última vez que recebeu os celulares de Alex, no seu local
de trabalho, Ângelo não conseguia mais entregar, por razões pessoais dele
dentro do presídio. Então entrou em contato com Alex para ele recolher esses
aparelhos, pois não fariam mais (arquivo "2019-11-11 Valdirene A Spader" da
mídia dos interrogatórios depositada nos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

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Interrogada em juízo, a acusada Valdirene Alves Spader voltou
a repetir que tudo começou no início do ano de 2019, quando recebeu uma
ligação de uma mulher que não se identificou, propondo o negócio. A proposta
foi de levar um aparelho celular para o interior do presídio, mas sem indicar
destinatários. Respondeu que iria pensar, já que não podia fazer sozinha e
precisava conversar com Ângelo. Pediu para que a mulher retornasse no dia

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seguinte. Naquele dia conversou com Ângelo e decidiram fazer. Ela e Ângelo
que chegaram ao valor de mil e trezentos reais para levar aquele primeiro
celular. Depois ficaram sabendo que poderiam ter pedido mais. No dia
seguinte a pessoa lhe retornou, era sempre ela que lhe ligava, de números
diferentes. Até que marcaram o encontro com a pessoa que iria lhe entregar o
aparelho. Essa pessoa apenas lhe pediu para orientar Ângelo a entregar o
aparelho no X 20 do P 5. A primeira vez encaminharam o celular por um
entregador em uma praça. Depois disso Alex começou a aparecer, algo em
torno de cinco vezes. Antes disso não conhecia Alex e foi ele que lhe falou o
próprio nome. Até pediu para Ângelo para investigar quem era, mas como não
tinha o sobrenome dele não conseguiram e também ele poderia ter inventado
qualquer nome para lhe passar, mas confirma que o rapaz que se identificou
como Alex era de fato o Alex presente na audiência no dia de hoje. Apenas na
primeira oportunidade Ângelo inseriu um aparelho, nas outras foram sempre
cinco. Depois da primeira vez, começaram a cobrar mil e setecentos reais por
aparelho nos pacotes com cinco celulares. Recebiam aproximadamente oito
mil reais por pacote. Depois que recebia os valores, depositava a parte do
Ângelo e quanto a sua parte gastava uma parte e depositava o restante. Os
depósitos eram feitos na agência bancária próxima a sua casa no bairro Costa
e Silva. Além desses valores ilícitos, tanto ela como Ângelo recebiam valores
dos seus trabalhos lícitos, de modo que o segundo recebia na época cerca de
seis mil e oitocentos reais por mês e ela algo em torno de três mil e oitocentos

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reais. Não conhecia Lucas Fernando Comandolli, nunca tinha visto. Nunca

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soube para quem eram os celulares, apenas que era para o X 20. Depois que
Ângelo arrumou uma amante e saiu de casa não prosseguiram mais na
inserção de celulares, isso foi em maio. Após quinze ou vinte dias, Ângelo
voltou para casa, mas o pai dele ficou doente e ele começou a pegar
atestados. Primeiro ele pegou férias, depois ficou pegando atestados de 30
dias. Depois veio o episódio no qual ele perdeu o cargo de chefe de

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segurança, em razão do uso da viatura quando estava bêbado. Nesse
ocorrido, precisou pegar a arma de Ângelo, pois ele queria se matar, e
também teve que esconder a chave da viatura para ele não sair com o veículo,
em razão disso teve que chamar dois colegas dele que estavam de plantão
para socorrê-lo. A última vez que colocaram celulares no presídio foi no final
de abril. Em maio de 2019 ele começou a pegar as férias e os atestados e até
hoje não voltou mais a trabalhar. Se não se engana ele até foi em um ou dois
plantões depois disso, mas para dar continuidade ao atestado. Guilherme
estava interessado no dinheiro, pois o procurou para lhe ajudar com a
separação de Ângelo e ele começou a dizer que poderiam fazer "vingança",
"broxamento" e trabalhos para ele voltar, mas depois descobriu que ele é um
falso pai de santo. Depois que soube do esquema, Guilherme começou a falar
que poderia fazer uma "proteção" para ela continuar fazendo por mais quatro
mil reais. Ela respondia que não podia continuar porque Ângelo não estava
mais indo trabalhar. Depois que descobriu que ele era um falso pai de santo
não entrou mais em contato com ele. Sentiu-se lesada por ele. Disse que
Guilherme na verdade não teve nada a ver com as inserções de celulares no
presídio, porque quando o conheceu, já tinham feito e já tinham parado, já que
conheceu Guilherme só depois que Ângelo saiu de casa. Nunca dividiu o
dinheiro do crime com Guilherme, apenas lhe pagava pelos trabalhos de
"vingança", "broxamento" etc., que ele fazia. Esclareceu que a sua procura
pelo Nilo foi para tentar achar um aliado lá dentro para ficar vigiando Ângelo e

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jamais negociou qualquer coisa com ele. Contou que sempre olhavam dentro

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da sacola para ver se não vinham mais coisas além dos aparelhos celulares,
pois nunca aceitaram levar nada além disso, mas cobravam a mais quando os
aparelhos vinham acompanhados de fone e carregador, por isso cada pacote
lhe gerava cerca de oito mil ou oito mil e quinhentos reais. Quando decidiram
que não iriam mais fazer não comunicou isso a Alex, disse que ficou
"enrolando ele", pois tinha medo de dizer que não iriam mais participar. Depois

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disso ele sempre ficava perguntando se iriam continuar. O valor de quarenta e
sete mil reais depositado na sua conta entre dezembro de 2018 e abril de
2019 não tem apenas origem ilícita, pois trabalhou naquela época como
técnica em enfermagem, quase todas as noites, por isso conseguiu juntar um
dinheiro. O depósito de dois mil e quinhentos reais de dezembro de 2018 foi
oriundo do seu trabalho lícito. Acredita que parte dos nove mil reais entregues
na compra do veículo pode ter tido origem ilícita. A última inserção de
celulares que fizeram foi antes do final do mês de abril e o pagamento era
sempre feito depois da confirmação do recebimento dos celulares pelos
presos. Ficou sabendo por Ângelo que o pavilhão nº 5 era destinado a presos
do PGC. Quando Guilherme começou a instigá-la a fazer as inserções,
começou a colocar medo nele, dizendo que as pessoas envolvidas eram
perigosas, mas sem realmente saber se eram ou não, só para Guilherme "sair
do meu pé". Desconfiava que a loja Ana Celulares ela de Alex, mas nunca viu
ele lá. Disse que em um primeiro momento pode ter se interessado
amorosamente "pelo guri" que lhe entregava os celulares. Alex tem como
características físicas ser baixo, moreno, magro. No momento da entrega dos
aparelhos, ela e Alex conversavam apenas sobre a destinação dos aparelhos
no presídio, para qual cela iriam. Nunca sofreu qualquer ameaça de Alex. Não
salvava o nome de Alex (f. 1449).

Iniciado o interrogatório extrajudicial do acusado Guilherme

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Rosenstein, a sua defesa requereu a designação de uma nova data para que

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pudesse ter acesso aos autos do inquérito policial antes de prestar
declarações, assim, foi designado pela autoridade policial novo horário para o
ato no dia seguinte, quando então esse acusado respondeu que trabalha
como pai de santo há três ou quatro anos. Divulga o seu trabalho na internet,
principalmente no Facebook, com as chamadas "faço trabalho de amarrações,
faço trabalho de vingança, faço trabalho de separação de casal". Coloca seu

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celular para contato. Em questão de tempo seu telefone começa "a bombar"
de mensagens perguntando sobre os serviços. Pelo que se recorda foi
procurado por Valdirene no mês de junho ou julho. Ela se identificou apenas
como Val. Então disse que para ajudá-la precisava saber da história dela,
como qualquer religioso ou qualquer outra profissão. Então Valdirene começou
a falar que amava um homem, mas que ele havia se separado dela para ir
atrás de uma moça mais jovem e mais bonita. Então disse poderia ajudá-la
inicialmente com um "broxamento", que o faria broxar para qualquer mulher,
menos para ela, além de uma "vingança" para separá-los, a "separação" e a
"amarração". Quanto aos valores do serviços, disse a Valdirene que custaria
algo em torno de doze a treze mil reais. Além disso, a cada jogo de búzios
cobrava quinhentos reais. Valdirene então falou "ok, vamos fazer". Para isso
precisava do nome completo e de fotografias das pessoas, quando então
Valdirene lhe mandou as fotos de Ângelo, de Josedalva, que era a amante
dele, e uma foto dela mesma. Esse contato foi em uma sexta-feira e Valdirene
pediu para começarem os trabalhos no sábado, que ela depositaria dois mil
reais e na lotérica e quinhentos reais no banco na segunda-feira. Pediu pelo
menos quatro mil reais de entrada, tendo ela pago o restante por envelope.
Achou inicialmente que Valdirene estava "de migué", pois com todo mundo é
assim, falam que vão fazer, mas no dia seguinte desistem. No entanto, no dia
seguinte Valdirene disse que o dinheiro estava na conta dele e como pensou
que era mentira pediu o comprovante do depósito, quando ela mandou uma

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fotografia. Então começou a fazer o trabalho. Disse que no dia seguinte veio a

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Joinville e como não conhece a cidade pesquisou na internet uma loja de
artigos religiosos, quando encontrou a Casa Yemanjá, em frente a uma loja
Milium. Comprou muitos artigos na loja, além de umas taças na Milium. Disse
para Valdirene que começaria os trabalhos na segunda-feira, tendo ela
assentido. Então começou o serviço na segunda, filmou tudo e mandou para
ela. Seu trabalho com ela foi isso, mas nesse meio tempo ela começou a lhe

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contatar todo dia, toda hora. Validerene estava lhe perturbando a todo o
momento, então como não tinha outros clientes, deu atenção cem por cento
para ela, já que estava pagando à vista e bem. O serviço que tinha feito até
aquele momento era de "broxamento". Depois Valdirene perguntou o que mais
poderiam fazer, logo, disse que poderiam partir para a "separação de casal", o
que custaria mais três mil reais. Então marcaram de se encontrar no Habibs de
Joinville/SC para receber o dinheiro. Perguntou se era só isso que ela iria
querer para não levar dinheiro "a menos" e depois pedir mais coisas. Valdirene
ficou de pensar e depois lhe disse que iria querer "vingança" e a "separação".
Disse que tais serviços custariam mais sete mil reais, então Valdirene disse
que pagaria, mas que precisaria ser em duas vezes, sendo quatro mil,
duzentos e cinquenta agora e o restante depois. Então foi se encontrar com
Valdirene, mas duvidou que ela lhe entregasse esse valor em mãos. Ficou
esperando por ela no mesmo local e logo ela apareceu e lhe entregou o
dinheiro. Depois de receber os valores, dirigiu-se novamente até a casa de
umbanda para comprar mais material. Gravou todos os serviços que fez para
Valdirene, tem três vídeos no seu celular, pois sabia que iria se incomodar no
futuro por ela ser da facção. Valdirene mencionou ser do PGC, mas no
começo nem sabia o que era isso, achou era uma fábrica. Depois Valdirene
começou a contar tudo que fazia, disse que colocava celular para dentro do
presídio. Ela contou que ganhava quatro mil reais trabalhando como técnica e
que Ângelo ganhava sete ou catorze mil reais como chefe no presídio, mas

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que a facção pagava mais. Isso foi lhe instigando, pois quanto mais Valdirene

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ganhasse, mais poderia cobrar pelos seus serviços. Logo, começou a dizer
para ela "vai lá e entrega", pois ela já estava entregando. Começou a instigá-la
para ela se dar bem. Ela disse que não queria fazer apenas um trabalho com
ele, mas vários. Inicialmente perguntou para Valdirene como ela tinha tanto
dinheiro "fácil", imaginando que ela deveria ser traficante ou que roubasse do
banco, mas ela lhe disse que ele nunca descobriria o que era. Depois disso

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começou a ganhar a confiança dela, quando então ela abriu o jogo da facção.
Quanto à entrada de celulares, Valdirene entregava os celulares a Ângelo e
ele os inseria no presídio. O número de telefone que utilizava para conversar
com Valdirene na época era 99989-3547. No primeiro pagamento ainda não
sabia que o dinheiro que Valdirene lhe pagava era proveniente do crime, ficou
sabendo apenas na segunda remessa. Valdirene falou que pegava os
celulares com o "guri", que seria o Alex. Depois ela lhe perguntou o que ele
poderia fazer para ela conseguir colocar mais celulares para dentro da cadeia
sem a polícia ver. Ele respondeu dizendo que poderia fazer um trabalho "cega
polícia". Antes de passar o valor para Valdirene foi conversar com o seu pai,
que lhe orientou dizendo que era perigoso, para parar e que para isso deveria
jogar um valor extremamente alto para que ela corresse. Ligou para Valdirene
e disse que queria conversar com ela pessoalmente, então marcaram um dia
para ela ir até Barra do Sul/SC. Ela foi até lá e então lhe disse que queria
duzentos e cinquenta mil reais para fazer. Valdirene reclamou dizendo que não
conseguia ganhar esse valor em seis meses, mas retrucou dizendo que era
esse o valor, do contrário não faria. Ela disse "pensa bem, Guilherme, se você
fizer menor pra mim e o pessoal da facção ver o que você tá fazendo, eles vão
querer procurar você para fazer trabalho com você da mesma coisa e você
começa a ganhar dinheiro também". Pensou um pouco, mas disse que seria
aquele valor mesmo. Disse que pensou nesse valor, pois caso ela topasse,
faria uma vez, pegaria o valor e sairia fora. No fim das contas, ela acabou não

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fechando. Valdirene é bi ou tripolar, pois um dia ela estava bem e no outro lhe

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xingava. Certa vez discutiu com Valdirene, pois ela lhe acusou de extorsão.
Poderia dar o preço que quisesse para os seus serviços, um milhão de reais
por exemplo e paga quem quer. Admitiu que instigou Valdirene a persuadir e
convencer Ângelo a colocar mais celulares ainda. Fez isso, pois Valdirene
estava lhe devendo dois mil e quinhentos reais, então disse para ela dar um
jeito de Ângelo colocar mais celulares, para que pudesse receber. Valdirene

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disse que recebia de cinco a oito mil reais por cada celular inserido. Esse valor
ela dividia com Ângelo. Eles recebiam mais ou menos oito mil reais por
semana. Valdirene disse que conseguiram colocar cem celulares no presídio,
mas que eles faziam isso há oito anos. Ela contou ainda que conheceu Ângelo
na cadeia, pois ele era agente penitenciário e ela presa. Tiveram um
envolvimento lá dentro e depois ela saiu. Aí surgiu essa oportunidade de
fazerem. Apresentado a uma gravação pelo delegado de polícia, confirmou a
sua voz como interlocutor da ligação, no telefone com final 3547. Esclareceu
que o termo "corre" diz respeito ao ingresso de celulares no presídio. Sabia
que a conduta de colocar celulares dentro do presídio era crime. Ao todo,
calcula ter recebido cerca de doze mil e quinhentos reais de Valdirene. Disse
que tem problemas mentais desde criança. Esclareceu que no mundo
espiritual as pessoas possuem cargos altos, como "juiz", "policial" etc., mas
não era nada, então inventou que sua mãe era "desembargadora", para que
ninguém lhe ameaçasse. Sofreu uma tentativa de homicídio dois dias antes de
ser preso, mas não tem a ver com Valdirene. Dentro do cárcere sua situação
está normal, não está sendo perseguido, mas está com medo. Valdirene lhe
relatou ainda que Ângelo utilizava as viaturas descaracterizadas do presídio
para ir se encontrar com a amante. Quando Ângelo foi para Curitibanos/SC,
Valdirene fez um boletim de ocorrência contra ele (arquivos "2019-11-11
Guilherme Rosenstein A" e "2019-11-12 Guilherme Rosenstein B" da mídia
dos interrogatórios depositada nos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

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Em juízo, o acusado Guilherme Rosenstein exerceu o direito
ao silêncio (f. 1449).

Os acusados Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando


Comandoli e a investigada Ketlyn Sabrina Guimarães, interrogados pela
autoridade policial, reservaram-se ao direito de permanência calados (arquivos

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"2019-11-11 Alex R da Silva" e "2019-11-12 Lucas F Comandoli – celulares"
da mídia dos interrogatórios depositada nos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Durante o interrogatório que presidi, o acusado Alex Ribeiro da


Silva respondeu que apenas foi fazer um favor para uma pessoa para levar um
telefone, perguntando para quem seria, disse que era sabido para quem era o
favor. Não pode citar nomes. Pediram para pegar o celular em um posto de
gasolina e o entregou para uma mulher em um restaurante. Nunca entregou
dinheiro. Fez isso apenas uma vez. Essa pessoa lhe pediu esse favor
novamente, mas fugiu, pois não queria fazer. Não sabia para onde iria o
celular e não se recorda quantos aparelhos eram. Não recebeu nada para
fazer isso. Disse que não conhece Guilherme e Ângelo. Está preso na cela nº
20 do pavilhão nº 5. Quando chegou no presídio pediu para ir para o pavilhão
nº 1, chamado ABC, mas disseram que o seu lugar era no pavilhão nº 5 e o
colocaram lá. Sua altura não passa de 170 cm. Negou fazer parte da
organização criminosa PGC. O rapaz que lhe pediu o favor foi aquele que
estava preso na cela nº 20 pavilhão nº 5. A sigla "tt" nas mensagens
encontradas no seu celular significa telefone. Acha que a pessoa lhe pediu o
favor porque moram no mesmo bairro (f. 1449).

Em arremate, observo que o acusado Lucas Fernando

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Comandolli, quando por mim interrogado, admitiu que entrou em contato com

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Alex para que ele entregasse alguns celulares. O contato foi feito através de
cartas e que Alex não sabia qual seria a destinação dos aparelhos. Não foi
Alex quem fez os pagamentos, ele somente fez o favor de entregar os
celulares. Quanto à propina paga ao chefe da segurança, disse que lhe
ofereceram e ele pagou. Esse favor que Alex lhe fez foi no segundo semestre
de 2019, mas ele não sabia do esquema de corrupção. Alex era seu amigo de

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infância, por isso lhe pediu o favor. Não se recorda de quantos celulares
recebeu e não sabe quantos aparelhos vinham em cada entrega. Também não
se recorda de valores. Outras pessoas faziam os pagamentos para ele na rua.
Não conhecia Valdirene e conhecia Ângelo por ser o chefe de segurança do
presídio, ele transitava pela unidade. Foram outras pessoas que entraram em
contato com Valdirene. Não tem conhecimento se os celulares que
ingressavam era compartilhados na cela. Trocou de cela várias vezes. Por fim,
negou integrar a organização criminosa PGC (f. 1449).

Assim delimitada a prova, não tenho a menor dúvida quanto à


prática dos delitos de corrupção ativa, corrupção passiva e favorecimento real
na modalidade de inserção de celulares em estabelecimento prisional.

Isso porque, segundo se extrai dos autos, as investigações


tiveram início após o recebimento pelo Ministério Público de um relatório de
informações confeccionado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às
Organizações Criminosas - GAECO - de Joinville/SC, datado de 12.02.2019.

As informações do documento elaborado pelo GAECO davam


conta das reiteradas denúncias anônimas recebidas quanto à atuação da
organização criminosa denominada Primeiro Grupo Catarinense - PGC nesta
cidade catarinense, que contava com a participação de terceiros, ainda que

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não faccionados, colaborando para o alcance dos objetivos de estruturação e

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organização da facção criminosa, mediante subvenções de ordem financeira
para movimentação de recursos ilícitos da facção.

Durante as apurações informais realizadas pelo órgão de


investigação, recebeu-se a informação de que Fábio Celso Oberoli, naquela
época já recluso no Presídio Regional de Joinville/SC, seria um dos principais

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articuladores do PGC no norte catarinense, sendo responsável pelo comércio
de drogas dentro e fora da unidade prisional, bem como pela aquisição e
venda de aparelhos celulares no intramuros do presídio e pelo fornecimento de
ferramentas para facilitação de fuga de detentos.

Havia ainda indicativos de que a atuação dos faccionados


contaria com a participação de agentes penitenciários, lotados no presídio
joinvilense, que atuariam como colaboradores ou até mesmo funcionários dos
custodiados e que tais agentes estariam facilitando a entrada de objetos
escusos no ergástulo local, trabalhando na entrega de drogas, ferramentas e
aparelhos telefônicos, tudo mediante contraprestação pecuniária ilícita.

Em um primeiro momento, foram apontados três agentes


penitenciários supostamente envolvidos no esquema ilícito, sendo eles
Heurins Schatzman, Altair Lara e Alberto Inácio da Silva, que seriam os
responsáveis pela entrega dos materiais ilícitos ao interno Fábio Celso Oberoli.

Naturalmente, esses informes causaram preocupação, à


medida que, como é cediço, a maioria das ordens emanadas para o
cometimento de crimes associados às organizações criminosas parte de
dentro do sistema prisional e, de regra, são veiculadas através do uso de
aparelhos de telefonia móvel, revestido-se a notícia do envolvimento de

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agentes prisionais na inserção de celulares no ergástulo local de verdadeira

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gravidade.

Deveras, após a instalação do scanner corporal na unidade


prisional de Joinville/SC, o número de apreensões de telefones celulares
deveria ter diminuído, já que o aparelho tinha a serventia de impedir a entrada
de materiais ilícitos no sistema por meio das visitas, logo, a persistência na

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apreensão de grande volume de celulares de fato indicava que os objetos
poderiam estar sendo inseridos pelos próprios agentes penitenciários, que não
se submetem ao procedimento do body scanner ou a revistas pessoais.

Como exemplo da expressividade dessas reiteradas


apreensões, destaca-se a operação realizada no Presídio Regional de
Joinville/SC no dia 21.05.2019, desencadeada por servidores da Secretaria de
Justiça e Cidadania, pela qual foram recolhidos quarenta e sete aparelhos
celulares, trinta e seis chips telefônicos e dois cartões de memória do interior
das celas dos pavilhões nº 4 e 5 do ergástulo, onde estão alocados membros
da facção criminosa PGC (f. 143 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Assim, dadas as constatações e em face da representação


formulada pelo parquet, houve a autorização da quebra de sigilo bancário e
fiscal dos investigados, bem como da interceptação telefônica dos ramais
utilizados por eles, além daquele utilizado pela companheira de Fábio Celso
Oberoli, Ketlyn Sabrina Guimarães.

Após o início das investigações, novas informações chegaram


ao conhecimento dos policiais, e apontavam que o agente penitenciário
Ângelo Antônio Pereira, então na função de chefe da segurança no Presídio
Regional de Joinville/SC, havia negociado com integrantes do PGC a entrada

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de três armas de fogo na unidade prisional para atender aos interesses da

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organização pelo valor de quarenta e cinco mil reais, dos quais ele já teria
recebido o montante de vinte mil reais, além de estar na posse das armas,
buscando um colega que pudesse auxiliar na concretização do intento
criminoso.

As informações ainda indicavam que a esposa do agente

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penitenciário Ângelo Antônio Pereira, a também acusada Valdirene Alves
Spader, estaria envolvida no esquema ilícito e teria tentado aliciar o agente
penitenciário Nilo Jessé de Mello Júnior para que ele providenciasse a efetiva
entrada das armas no presídio joinvilense.

A partir de então, houve também a autorização para


interceptação telefônica dos terminais utilizados pelo casal de acusados
Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader, eles que vivem em união
estável havia pelo menos seis anos e nos últimos tempos acabaram passando
por desentendimentos e separações.

Frisa-se que o acusado Ângelo Antônio Pereira é agente


penitenciário há dez anos e nos anos de 2018 e 2019 tinha lotação no Presídio
Regional de Joinville/SC, onde ocupava o cargo de chefe de segurança.

Sua companheira e acusada Valdirene Alves Spader foi presa


no ano de 2011 pelo crime de tráfico de drogas e associação para o tráfico,
quando então veio a conhecer o acusado Ângelo Antônio Pereira, justamente
em decorrência do contato mantido no ergástulo em que ele trabalhava e ela
cumpria pena.

Todavia, no mês de maio de 2019, os dois vieram a se

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separar, em razão de o acusado Ângelo Antônio Pereira manter um

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relacionamento extraconjugal.

Inconformada com o novo relacionamento do acusado Ângelo


Antônio Pereira, a corré Valdirene Alves Spader procurou pela ajuda do
também acusado Guilherme Rosenstein, autodenominado pai de santo, com o
objetivo de retomada do envolvimento amoroso com o primeiro.

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Aí, as equipes de investigação passaram a angariar maiores
informações acerca do esquema ilícito de corrupção destinado a promover a
inserção de telefones celulares no Presídio Regional de Joinville/SC,
protagonizado pelo núcleo composto pelos acusados Ângelo Antônio Pereira,
Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli.

Isso porque, ao contratar os serviços oferecidos pelo acusado


Guilherme Rosenstein, tais como "broxamento", "vingança", "amarração" e
"proteção", a acusada Valdirene Alves Spader a ele revelou um pouco sobre
sua vida pessoal, o que compreendia o relacionamento mantido com o
acusado Ângelo Antônio Pereira.

Ocorre que, após perceber que a acusada Valdirene Alves


Spader demonstrava disposição a desembolsar altas quantias pelos serviços
que oferecia, o que não era comum em seu meio de vida, o acusado
Guilherme Rosenstein não resistiu à curiosidade da descoberta da maneira
como ela ganhava dinheiro, e ali ela iniciou revelações do esquema criminoso
envolvendo presos faccionados e agentes penitenciários cujo palco era esta
cidade catarinense.

Antes, no entanto, já havia indícios do envolvimento do casal

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de acusados na prática de crimes, afinal, em um dos diálogos mantidos entre

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eles após a separação, a acusada Valdirene Alves Spader alega que Ângelo
Antônio Pereira havia depositado dois mil reais para a amante de nome
Josedalva, dinheiro este transferido através da conta do pai do investigado.

Além disso, extrai-se dos áudios interceptados que a acusada


perpetrou ameaças em desfavor do acusado Angêlo Antônio Pereira,

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consubstanciadas na publicidade dos comprovantes que possuía, a partir do
que poderia ir presa, mas ele a acompanharia e perderia o emprego: "Ângelo
liga para VALDIRENE perguntando se ela havia ligado para ele. VALDIRENE
responde que sim e pergunta se ele pode ir amanhã cedo fazer a procuração.
ÂNGELO responde que não pode, pois tem um monte de coisas para fazer.
VALDIRENE diz que já transferiu o dinheiro para o cara e tem que ser
amanhã, perguntando se ÂNGELO lembra que perguntou no banheiro e ela
falou que iria decidir ainda pelo carro, ÂNGELO responde que sim.
VALDIRENE diz que era só porque tinha que resolver do chuveiro primeiro,
falando que acabou de fazer a transferência. ÂNGELO pergunta se não é da
concessionária. VALDIRENE responde que sim, que transferiu primeiro para a
concessionária e agora ÂNGELO tem que passar a procuração desse carro
para eles. ÂNGELO diz que amanhã de manhã não pode, só a tarde,
VALDIRENE diz que teria de ser de manhã devido ao andamento das coisas,
vistoria e outros. ÂNGELO diz que pela manhã não pode, que tem uma
reunião com o advogado. VALDIRENE pergunta se é reunião do presídio.
ÂNGELO responde que é reunião do presídio. VALDIRENE pergunta até que
horas vai a reunião. ÂNGELO responde que não sabe até que horas vai.
VALDIRENE indaga ÂNGELO caso a reunião termine cedo. ÂNGELO diz que
lá ficar aberto ao meio dia. VALDIRENE diz que tem de ser no cartório onde
ÂNGELO tem assinatura reconhecida. ÂNGELO pergunta se ela não
consegue pegar essa procuração e entregar para ele. VALDIRENE explica que

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eles dão os dados e no cartório ÂNGELO vai pedir para fazer uma procuração

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pública, explicando que deu o Pálio e mais R$ 25.000,00 (Vinte e cinco mil
reais) na compra outro carro. VALDIRENE diz que pode ser a tarde.
Posteriormente ambos iniciam uma discussão. VALDIRENE fala que já pediu a
ÂNGELO para voltarem, mas ele não quer, perguntando o que o está
impedindo de voltar. ÂNGELO responde que já falou vários motivos.
VALDIRENE comenta que a JOSEDALVA mandou vários prints das

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conversas de ÂNGELO do dia 10 de dezembro, que ela disse que
ÂNGELO mandou um buquê de flores, que JOSEDALVA também disse
que ÂNGELO manda os agentes na casa dela e que a está incomodando.
VALDIRENE diz que ÂNGELO depositou R$ 2.000,00 (dois mil reais) da
conta de seu pai para ela, falando que ÂNGELO sabe que é verdade, pois
tem tudo gravado em seu celular para ela, utilizando a conta de seu pai.
VALDIRENE informa que já tinha avisado ÂNGELO para não ir atrás de
JOSEDALVA e ameaça dizendo que o dela está guardado, que ÂNGELO é
desacreditado e não tem medo das coisas acontecerem, que ele terá de ver
para crer e que terá que ver acontecer a tragédia, para dizer que foi um
miserável. VALDIRENE prossegue na discussão, dizendo que agora é só
dinheiro que quer de ÂNGELO, pois descobriu que ele é um baita de um
safadoe ameaça ÂNGELO, dizendo que ainda tem a união estável com ele, e
para desfazer precisam se desfazer de várias coisas, frisando que amanhã
quer ÂNGELO no cartório, pois já transferiu o dinheiro para o cara.
VALDIRENE ainda fala que ela vai para cadeia, mas que leva ÂNGELO
junto e alerta que tem todos os comprovantes e por isso fode com a
vida dele. VALDIRENE ainda fala que com isso, ÂNGELO vai para cadeia,
perde o emprego e assim nenhuma mulher vai querer ficar com ele.
VALDIRENE afirma que ÂNGELO está até o pescoço atolado de B.O com
ela" (mídia 57091619.Wav, de 21/05/2019, f. 971 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

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Nesse excerto, diga-se de passagem, antes mesmo de relatar
detalhadamente qualquer conduta praticada por eles a Guilherme Rosenstein,
a acusada Valdirene Alves Spader já demonstrava a guarda dos comprovantes
de depósitos dos valores recebidos pelo casal como propina em razão da
inserção de telefones celulares no Presídio Regional de Joinville/SC.

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Confirmando isso, a quebra de sigilo bancário dos acusados
demonstrou que no período entre 11.12.2018 e 30.04.2019 foram realizados
ao menos oito depósitos em dinheiro na conta do filho da acusada Valdirene
Alves Spader, tendo ela mesmo declarado em juízo que não depositava os
valores em sua conta por ainda não ter pago a multa penal relativa à
condenação anterior por ela ostentada, além de seis depósitos em espécie na
conta corrente do acusado Ângelo Antônio Pereira, realizados na mesma
agência bancária em que tem conta bancária o filho da corré, localizada a
quinhentos metros da residência do casal (f. 1419-1437).

Gize-se, ainda, que todos os depósitos foram efetivados sem a


identificação do depositante, de modo a dificultar a apuração da origem das
quantias.

Esses valores depositados na conta do filho da acusada


Valdirene Alves Spader entre os meses de dezembro de 2018 e abril de 2019
chegaram à monta total de quarenta e sete mil, novecentos e sessenta reais e,
em sua maioria, observaram uma certa periodicidade, dando a entender que,
de fato, tratavam-se dos valores quinzenalmente percebidos como propina
para inserção dos telefones celulares no ergástulo local (v. tabela 1 da f.
1422).

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Além disso, também os depósitos realizados na conta do

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acusado Ângelo Antônio Pereira demonstram praticamente a mesma
frequência e foram feitos quase sempre nos mesmos dias em que realizados
os depósitos na conta do filho da corré (v. tabela 2 da f. 1423).

De molde a corroborar os indicativos da prática delitiva


extraídos das suas contas bancárias, a própria acusada Valdirene Alves

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Spader revelou que "depois que recebia os valores, depositava a parte do
Ângelo e quanto a sua parte gastava uma parte e depositava o restante" (f.
1449), tendo o agente penitenciário também confessado que "os valores
pagos como propina pelos celulares eram entregues pessoalmente a
Valdirene" (f. 1449) e "utilizados para pagar algumas contas e o restante era
depositado" (f. 1449).

As gravações ainda revelaram que o casal de acusados, ainda


que temporariamente separado, tratava da aquisição de um veículo Ford Ka,
também registrado em nome do filho da acusada Valdirene Alves Spader, ela
que chancelou em juízo que "parte dos nove mil reais entregues na compra do
veículo pode ter tido origem ilícita" (f. 1449).

Sem peias, a disponibilidade dos valores arrecadados de


maneira ilícita pelo casal de acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene
Alves Spader pode ser extraída das conversas que a segunda manteve com
um vendedor de veículos acerca do pagamento em espécie do automóvel que
estava adquirindo: "VALDIRENE conversa com um vendedor de veiculo da
Ford identificado como VILMAR. VALDIRENE informa que esta com R$
17.000,00 em mãos, e o restante R$ 9.440,00 ela teria que tirar da conta
do LUCAS para formar o valor correto da compra. VALDIRENE é informada
que da conta do LUCAS poderá ser transferido direto para a concessionaria.

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VALDIRENE é informada que o dinheiro que ela esta na posse poderá ser

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depositado direto na conta da concessionaria" (mídia 57101171.Wav, de
23/05/2020, f. 975 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Registre-se, por oportuno, que a origem do valor de nove mil,


quatrocentos e quarenta reais que a acusada informou que ainda precisava
sacar da conta do filho é a mesma de destinação de todos os depósitos dos

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valores ilegítimos por ela embolsados.

A compra do novo veículo discutida pelo telefone teve


confirmação pela atuação dos agentes de campo, que acompanharam o
deslocamento da acusada Valdirene Alves Spader a bordo do veículo Fiat
Palio, placas MJL-0152, até a concessionária Ford Globo, onde adquiriu o
novo automóvel Ford Ka. Lá, um vendedor foi ao encontro de Valdirene e lhe
entregou alguns papéis, possivelmente os documentos necessários à
confecção da procuração pelo acusado Ângelo Antônio Pereira. Depois disso,
o casal de acusados encontrou-se no 1º Tabelionato de Notas e Protesto
desta comarca de Joinville/SC, como haviam combinado, onde realizaram os
procedimentos necessários para confecção da procuração pública. Após a
lavratura do documento, a acusada Valdirene Alves Spader voltou à
concessionária, onde deu continuidade aos trâmites da aquisição do veículo (f.
666-677).

Na sequência, ao retornar ao estabelecimento comercial, a


acusada Valdirene Alves Spader tomou conhecimento da falta de um papel, e
entrou em contato com o acusado Ângelo Antônio Pereira para que resolvesse
a situação: "VALDIRENE pede para ÂNGELO retornar ao cartório para tirar
uma cópia autenticada da CNH. ÂNGELO se revolta. Na sequencia ÂNGELO
diz que ela não vai precisar porque ele vai estar morto mesmo, VALDIRENE

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fala que não é agora. ÂNGELO fala que VALDIRENE ficou enchendo o saco

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dizendo que vai mandar matar ele. VALDIRENE nega" (mídia 57095264.Wav,
de 22/05/2019, f. 973 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Mais adiante, o casal volta a conversar sobre a divisão dos


valores recebidos como propina em razão da inserção de celulares no
presídio, quando o acusado Ângelo Antônio Pereira pergunta à corré Valdirene

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Alves Spader se ela não irá depositar a sua parte do valor proveniente dos
negócios ilícitos: "ÂNGELO liga pra VALDIRENE e pergunta se ela não vai
depositar a parte dele. VALDIRENE responde que não, porque ele estava
entregando dinheiro para a amante. VALDIRENE afirma ainda que colocou
o apartamento no advogado, porque não confia nele" (mídia 57114293.Wav,
de 25/05/2019, f. 975 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Como dito, o esquema criminoso levado a efeito por esses


dois acusados vem efetivamente chancelado pelas conversas travadas entre a
acusada Valdirene Alves Spader e o acusado Guilherme Rosenstein, tendo a
primeira contratado os serviços de pai de santo do segundo, para ali passar a
depositar nele toda a sua confiança, a ponto de revelar as circunstâncias dos
crimes de corrupção e inserção de telefones celulares no presídio joinvilense:
"Valdirene informa que para Ângelo começar a arcar com as despesas da
casa, ele terá que voltar para casa. Guilherme pergunta e se vocês fizerem
aquele esquema lá? Valdirene pergunta, qual? Guilherme lembra ela, do
celular. Valdirene informa que ele não está fazendo, e já se negou,
achando que pode ser uma armação. Guilherme opina para eles fazerem
apenas os negócios, e ficarem distantes, é dinheiro para ambos.
Guilherme fala que se Ângelo não quer fazer, é porque alguma coisa de
bosta (inaudível). Valdirene fala que Ângelo acha que, como ele faz, e
Valdirene recebe dos caras, e teoricamente seria o dinheiro meio a meio,

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ele pode achar que vai ser usado, que ela receberia por exemplo 50 mil e

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não repassaria a parte dele. Valdirene afirma que quando ele estava
dentro de casa, ele fazia, porque era depositado meio a meio em cada
conta. Guilherme induz Valdirene a falar para Ângelo que isso não vai
acontecer, que quem sai perdendo seria ele. Guilherme prossegue falando
que Valdirene é mulher e sabe manipular também. Valdirene informa que não
adianta, que ele irá voltar a fazer apenas quando ele voltar para a casa da

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
locutora" (mídia 57211759-Wav, de 20/06/2019, f. 167-168 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Em outro momento, a acusada Valdirene Alves Spader


continua a conversa com o corréu Guilherme Rosenstein e sinaliza que havia
ajustado a remessa de mais alguns telefones celulares para o interior do
Presídio Regional de Joinville/SC, de modo que os aparelhos estavam
preparados e no aguardo da concordância do acusado Ângelo Antônio Pereira
para o transporte ao ergástulo, demonstrando que a conduta havia sido
praticada em outras oportunidades anteriores: "Valdirene conversa com
Guilherme (pai de santo). Aos 00:00:42h, Guilherme fala que ele não quer
continuar com o "corre" mais, conforme Valdirene falou. Orienta Valdirene a
falar a Angelo que, como ele não quer continuar com o corre e o objetivo dela
era levantar dinheiro também, e ficar com Ângelo, que então ela está
desistindo de tudo e vai seguir a sua vida. Valdirene comenta que mandou
mensagem e que ele falou assim que ela que sabe, que se ela gosta ela
vem, e sobre o corre, ele não negou, ele só falou para ela, ainda não
pegar. Aos 00:03:51h Valdirene afirma que falou para ele que então se ele
decidisse por não fazer o corre, então ela não iria, e que afirma que não vai
mais mandar mensagem até ele retornar e mandar mensagem. Valdirene
comenta que pode ser dez horas da noite, que se der o ok e disser vem que aí
a gente conversa, que ele faz o corre mas não já, ai beleza. Guilherme

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confirma que entendeu. Valdirene comenta que el vem com a Parati pra

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Joinville, vai deixar a Parati no prédio e a gente vai com esse carro, que ele
tinha dito já que tinha alugado uma pousada, que ela nem sabe onde é, então
ela não sabe onde ele vai. Que amanhã eles iriam tirar o dia para passear.
Guilherme orienta Valdirene que fala a Angelo que os corre não vai
acontecer, que ai se Angelo falar que vai acontecer, que ela afirme que
vai dar Ok para o piazão, e que eles vão conversar na segunda-feira, pra

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ver o que ele vai falar. Valdirene comenta que o problema é que ela já deu
Ok para os caras, e que ela não pode dar pra trás, é palavra. Valdirene
afirma que o guri já está preparando, já está embalando. Valdirene
comenta que Guilherme viu dinheiro ali e pode ser ele volte pro corre.
Guilherme afirma que sim, no futuro. Valdirene fala que agora se viesse, não
seria dinheiro alto, que seria pelo menos cinco. Guilherme fala cinco, na outra
semana cinco, e assim por diante. Valdirene comenta que o dinheiro alto pode
ser pela venda do Apartamento, que hoje uma mulher foi ver e gostou.
Valdirene fala que quando ele vender ela já vai falar que os trinta mil vai pra
conta dela direto. Valdirene afirma que já que ela deu a palavra e o guri ficou
de trazer pra ela no domingo a noite. Guilherme comenta que Valdirene "se
fudeu", que ela vai ter que pagar oito mil e poucos reais para o cara.
Valdirene afirma que não, que ela fica com o celular na mão e fala para o
cara que o Angelo vai entregar mais pra frente. Ai o guri aceita né.
Guilherme fala que não entendeu nada do que ela falou do celular. Valdirene
explica que ela pegar o celular no domingo e o Angelo não fizer durante a
semana, o guri espera pra fazer semana que vem, ele é tranquilo.
Guilherme pergunta e se semana que vem o Angelo não fizer? Valdirene
afirma que se ela chegar a pegar na mão ela ai ela é obrigada a fazer e daí ela
é obrigada a obrigar o Angelo a fazer. Guilherme comenta que acha que ela
deveria falar isso pra ele já. Valdirene comenta que ele está sem celular agora,
e que vai esperar ele dar Oi no final do dia e perguntar pra ela o que ela

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resolveu, se vai vir ou não. Guilherme comenta que Valdirene mande

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mensagem para ele e fale" e daí, o guri chegou em mim , vai fazer ou não,
pelo menos a última". Que se Angelo falar eu não vou fazer, ai Valdirene que
pegue e saia fora de tudo. Valdirene concorda e afirma que aí é deixar ele
correr atrás, que ele tá amarrado mesmo. Valdirene afirma que quer ficar com
ele pra provar para aquela vagabunda que ela consegue ficar com ele a hora
que quiser e por causa dos corre. Guilherme afirma que o primeiro negócio até

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ela consegue, mas o segundo, o cara já está desistindo disso. Valdirene fala
que vamos ver. Guilherme pede para que ela pergunte a ele, e ela responde
que ele já respondeu que ainda não, que aí ela falou que já está na mão dela.
Guilherme pergunta dos dois mil, se Ângelo falou que vai lhe arrumar, e
Valdirene responde que não ele não falou nada" (mídia 57216231.Wav, de
21/06/2019, f. 168-169 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Em outra oportunidade, o acusado Guilherme Rosenstein,


ciente das condutas ilícitas levadas e efeito pela corré Valdirene Alves Spader
e pelo seu companheiro e também acusado Ângelo Antônio Pereira, orienta a
primeira a retomar o relacionamento com o segundo para que pudessem voltar
a lucrar com o esquema, visando, é claro, os valores que ela poderia pagar
pelos seus serviços de pai de santo depois de reiniciarem as práticas
criminosas: "GUILHERME perguntou o que VALDIRENE fará com ÂNGELO.
GUILHERME orientou VALDIRENE como deve proceder para voltar com
ÂNGELO, orientando a dizer: ÂNGELO eu também quero voltar contigo
para voltarmos com o esquema dos celulares, GUILHERME falou que não
adianta ele voltar e se recusar a fazer, pois ela perderá dinheiro. Na
sequência VALDIRENE garantiu que ele vai fazer o esquema dos
celulares. GUILHERME comentou que como ÂNGELO disse que quer ir
embora, VALDIRENE devia falar logo isso. GUILHERME orientou VALDIRENE
a dizer para ANGELO voltar a fazer as correrias com esses caras, pois caso

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ele peça transferência, ela se ferraria e ficaria sem dinheiro. GUILHERME

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instiga VALDIRENE para eles (ANGELO e VALDIRENE) levantarem o
máximo de grana que eles conseguirem. GUILHERME falou que se
conseguir passar esses 100 (cem) celulares, equivaleria a cento e setenta
mil reais. Na sequência VALDIRENE de forma pensativa, calcula o tempo
que levará para passar cinco celulares por semana no presídio. Adiante
GUILHERME falou que terão que ser 10 (dez) por semana e no total

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
seriam 40 (quarenta) celulares por mês, ou seja, levaria três meses.
VALDIRENE informou que hoje à noite o guri deu um oi . GUILHERME
perguntou para VALDIRENE há quanto tempo que ela não falava com o
guri, sendo respondido falava com ele quase todo dia. VALDIRENE falou
que além do negócio ela tem uma amizade com o guri, que ele é calmo,
estatura normal, não é gordo, tem 32 anos, fala pouco, porém é bandido
desde os dezesseis anos. VALDIRENE confessou que quando ela
começou com os corres, ela se interessou por ele, porém não foi
correspondida. GUILHERME perguntou como ela tem 100 (cem) por cento de
certeza que ANGELO fará o corre, VALDIRENE respondeu que eles estão
sem dinheiro. VALDIRENE falou que falaria para ANGELO fazer apenas por
um tempinho para levantarem uma grana" (mídia 57213268.Wav, de
21/06/2019, f. 497 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Com base nas informações da descrição do "guri", a equipe de


investigação do GAECO de Joinville/SC identificou o rapaz a quem se referia a
acusada Valdirene Alves Spader como o acusado Alex Ribeiro da Silva,
mormente porque fazia pouco tempo os policiais da região haviam prestado
apoio à equipe do GAECO de Curitiba/PR no cumprimento de mandados de
busca e apreensão na residência dele e de prisão temporária em seu desfavor,
decorrente de investigação de crime de furto em caixas eletrônicos, ocorrido
na comarca de São José dos Pinhais/PR, fatos estes narrados pelo próprio

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delegado de polícia em juízo (f. 1449).

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Naquela vez, também deram cumprimento a mandado de
busca e apreensão na loja em que trabalhava o acusado Alex Ribeiro da Silva,
de nome fantasia Ana Celulares, estabelecida na galeria de lojas no
Supermercado Big, na Rua Orestes Guimarães, 720, América, nesta cidade de
Joinville/SC, e registrada em nome de Renata Caroline Sebastião, mulher do

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mencionado acusado.

Aliás, neste particular, de pronto rechaço a tese defensiva de


incompatibilidade da descrição física realizada pela acusada Valdirene Alves
Spader com o acusado Alex Ribeiro da Silva, e assim se dá porque, para além
da convergência geral verificada - notadamente no tocante à estatura, por ela
apontada e por ele admitida como diminuta -, ela se mostrou taxativa ao
afirmar que quem fornecia os aparelhos celulares prontos para serem
encaminhados ao presídio, e realizava pessoalmente os pagamentos da
propina, era esse acusado Alex Ribeiro da Silva.

Em outra oportunidade, a acusada Valdirene Alves Spader


explicou ao corréu Guilherme Rosenstein os dias em que o agente
penitenciário e também acusado Ângelo Antônio Pereira realizava a inserção
dos telefones celulares no presídio, sendo as terças e sextas em um pavilhão
e as quintas em outro: "VALDIRENE conversou com GUILHERME e por volta
dos 04min40seg GUILHERME falou que está preocupado, pois, segundo sua
intuição, os celulares estão em cima e que o ANGELO vai desistir de fazer.
VALDIRENE perguntou como assim? GUILHERME falou que pressentiu que o
ÂNGELO não quer mais fazer. VALDIRENE questionou: fazer mais o que? e
logo em seguida voltou dizendo que é sobre os negócios. GUILHERME
comentou que o perigo é VALDIRENE. VALDIRENE disse que ela estaria

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pressionando ÂNGELO a fazer, mas que ele não quer. GUILHERME falou

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que ÂNGELO não vai fazer mais e que agora está preocupado com
VALDIRENE, pois o cara pode lhe entregar os celulares e ela ter que ficar
uma ou duas semanas com os aparelhos em mãos. GUILHERME ainda
comentou que o cara poderia cobrar dela e ela então precisaria pagar a
quantia de 8 mil reais. VALDIRENE respondeu que o negócio é ela não
pegar na mão e informou que ainda não pegou os celulares. GUILHERME

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
comentou que está pressentindo que ÂNGELO está falando histórias.
VALDIRENE indaga se GUILHERME estava querendo dizer que ela não pode
confiar em ÂNGELO e que ele não vai mais fazer, sendo respondido que tem
certeza que ANGELO não vai mais fazer. VALDIRENE respondeu dizendo que
acreditava que ÂNGELO iria fazer e aí seria a palavra dela contra a dele
(GUILHERME). GUILHERME comentou que tem uma ideia e sugeriu a
VALDIRENE que condicionasse a volta de ÂNGELO para casa mediante a
entrega dos 05 (cinco) celulares. GUILHERME sugeriu que se ÂNGELO
entregasse os celulares no domingo ou segunda-feira, ela poderia dizer
para ele voltar para casa e que então poderia coabitar. VALDIRENE
respondeu que na segunda ele (ANGELO) não poderia entregar, pois
estaria em Floripa trocando sua arma. GUILHERME perguntou qual dia
ÂNGELO poderia entregar, sendo respondido ele só poderia entregar nas
terças ou sextas em um pavilhão e quintas no outro. VALDIRENE
complementou dizendo que terça ele poderia entregar 5 (cinco) celulares
em um pavilhão e na quinta mais 5 (cinco) em outro. GUILHERME orientou
VALDIRENE a fazer isto então. VALDIRENE falou que são 10 (dez) e,
portanto, 17 mil reais de propina de uma só vez. VALDIRENE completou
dizendo que é isso que ela mandou o cara embalar. VALDIRENE explicou
que se o ÂNGELO entregar os celulares e ela não der a parte dele, por mais
que ambos não fiquem juntos, é meio a meio e que isso é um negócio.
GUILHERME falou que agora era ela quem controlaria. VALDIRENE

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concordou, mas asseverou que se ANGELO quiser ele vai lá abre a cela e

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retira o celular, caso não seja pago. GUILHERME falou para VALDIRENE dar
a parte do ÂNGELO. VALDIRENE falou que nessa parte ela não pode agir de
má fé. GUILHERME continuou a orientá-la e ambos voltaram a falar sobre
ÂNGELO e sua amante" (mídia 57217046.Wav, de 21/06/2019, f. 503 dos
autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Dando continuidade aos diálogos, a acusada Valdirene Alves
Spader admite ao seu conselheiro espiritual que condicionava o retorno para
casa do agente penitenciário, seu ex-companheiro e corréu Ângelo Antônio
Pereira à aceitação da continuidade da empreitada criminosa de corrupção e
inserção de aparelhos telefônicos no presídio, indicando ainda que estaria
para receber uma remessa de telefones celulares do acusado Alex Ribeiro da
Silva no dia seguinte: "VALDIRENE conversou com o interlocutor de nome
GUILHERME. Por volta dos 3 minutos de áudio GUILHERME perguntou
sobre o ÂNGELO e ainda falou se seria ele que queria fazer o corre.
VALDIRENE disse que o ÂNGELO queira voltar, porém algumas
condições foram impostas como eles já haviam combinado. VALDIRENE
explicou que uma das condições seria ÂNGELO fazer o corre, mas ele
estava negando. VALDIRENE informou que ficou sabendo que ÂNGELO
havia feito um B.O (Boletim de Ocorrência Policial) contra ela. VALDIRENE
ainda falou que xingou o ÂNGELO por isso e disse que não voltaria mais com
ele e mesmo assim ele teria que fazer o corre para ela. GUILHERME
perguntou o que ÂNGELO respondeu, sendo informado que ÂNGELO disse
que somente faria o corre se ela voltasse para ele. GUILHERME perguntou o
que VALDIRENE iria fazer, sendo respondido que teria que voltar com
ÂNGELO, pois esse era o seu propósito. VALDIRENE ainda comentou que
mandou ÂNGELO retirar o B.O que fez contra ela. GUILHERME qual foi a
resposta de ÂNGELO, sendo respondido que ele atenderia o pedido dela.

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GUILHERME perguntou para VALDIRENE se os celulares já estavam em

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cima, sendo respondido que ainda não e complementou dizendo que o
guri levaria para ela no serviço, amanhã. GUILHERME comentou que isso
atrapalharia o trabalho de VALDIRENE. VALDIRENE respondeu que não, pois
vai ser no seu intervalo de almoço que começa às 12 e termina às 13 horas.
VALDIRENE ainda falou que se não for assim ele teria que trazer para ela
durante a noite e desta forma seria pior. GUILHERME perguntou a

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VALDIRENE o que ANGELO fará com os celulares depois que ela
entregar os aparelhos para ele, sendo respondido que o cara levará para
ela a noite e o ANGELO mostrará que retirou a queixa. Assim,
VALDIRENE entregará os celulares para ÂNGELO fazer o corre. Depois
VALDIRENE veria se aceitaria ANGELO novamente para voltar para sua casa
ou não. GUILHERME riu e sussurrou. GUILHERME aconselhou VALDIRENE
mandar ÂNGELO fazer uns três corres para então ela voltar para ele e
assim ter a grana garantida. VALDIRENE disse para GUILHERME que
ANGELO lhe sugeriu a mudar de chip telefônico, caso eles retornem.
GUILHERME orientou VALDIRENE a não mudar de chip telefônico por
causa dos corres. VALDIRENE respondeu que os contatos dos corres e
do GUILHERME seriam anotados a parte. VALDIRENE disse que desta
forma afastaria outras pessoas" (mídia 57223079.Wav, de 23/06/2019, f. 504
dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Há também notícia de que certa vez revelou a acusada


Valdirene Alves Spader que o acusado Ângelo Antônio Pereira, além de
realizar a entrega dos aparelhos celulares aos internos, também promovia
recolhimentos das celas sem lavratura de termo de apreensão ou registro de
ocorrência, e ficava com os eletrônicos para si, desvelando igualmente a
quantia recebida por cada aparelho celular inserido no sistema prisional:
"GUILHERME fala sobre o valor dos seus trabalhos como Pai de Santo e

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valores oriundos dos corre. VALDIRENE informou GUILHERME que o

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dinheiro que estava para entrar era cinco (mil) e será meio a meio para
cada um. VALDIRENE exemplificou: se ele fizer cinco, vai dar quantos
mil? Ela continua, cinco que eu digo, são cinco celulares GUILHERME
fez a soma: se é mil e setecentos por telefone, dá oito e pouco e sobrará
quatro mil para cada um, VALDIRENE reforçou a fala de GUILHERME
então, é quatro (mil) e meio para cada um, GUILHERME prosseguiu na

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soma para o pagamento de seus trabalhos, informando que VALDIRENE
poderia pagar por semana por serem cinco celulares por semana.
VALDIRENE e GUILHERME fecham o acordo de parcelar os pagamentos
pelos trabalhos. GUILHERME optou por receber cinco pila (mil) de entrada e o
restante parcelado. VALDIRENE concordou em entregar cinco (mil) de entrada
e posteriormente, dois e meio e dois e meio. VALDIRENE falou sobre gastos
mensais que dificultavam o pagamento à vista. Aos 0:29:46 do áudio,
VALDIRENE falou que seu intuito é tirar os valores do corre para pagar
os trabalhos de GUILHERME. GUILHERME pediu para receber o dinheiro em
mãos. GUILHERME orientou VALDIRENE a mentir para ÂNGELO, pois seu
telefone poderia estar rastreado. Aos 1h26min25s do áudio, VALDIRENE
informou que isso não seria possível, porque ÂNGELO trocou de
aparelho a cada semana e que ele teria pego aparelhos dos presos.
Comentou que ÂNGELO iria até a cela, apreendeu o aparelho, não fez o
BO e daí os aparelhos ficariam para o ÂNGELO. GUILHERME pediu para
que VALDIRENE solicitasse para ÂNGELO desviar um aparelho que custa
cinco mil para ele. VALDIRENE informou que os presos não se apegam
em aparelhos bons, caro, apenas pequenos para a polícia não achar.
VALDIRENE continuou e relatou que um dia ÂNGELO trouxe um para ela
e que a bateria estava uma merda, dispensando-o" (mídia 57223102.Wav,
de 23/06/2019, f. 504 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

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Ao final do mês de junho de 2019, o acusado Ângelo Antônio

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Pereira passou a ser investigado administrativamente pelo uso indevido da
viatura do departamento penitenciário, em denúncia da acusada Valdirene
Alves Spader quando precisou solicitar o apoio de colegas para buscar o
veículo depois que ele havia bebido muito e ameaçava tirar sua vida (f. 1449),
e noticiou à acusada que havia sido informado pelo diretor do presídio acerca
da necessidade de afastamento do cargo de chefia: "GUILHERME falou que

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deu merda quando VALDIRENE fez a porra daquela denúncia.
GUILHERME solicitou para VALDIRENE resumir. VALDIRENE passou a
relatar que ÂNGELO foi chamado ontem pelo diretor do presídio e disse
que a corregedoria pediu para tirar ÂNGELO da chefia, pois estava sendo
investigado. Ofereceram duas opções para ele: ele volta a ser carcereiro
e fica trabalhando lá, ou fica um mês afastado. GUILHERME perguntou
qual foi a decisão dele e VALDIRENE informou que ele ainda não decidiu.
GUILHERME pergunta: ele vai fazer o corre ou não? e VALDIRENE
respondeu que ÂNGELO disse: se tu voltar para mim eu faço o corre,
mas se tu não voltar eu não faço. GUILHERME falou para VALDIRENE
aceitar. GUILHERME e VALDIRENE conversaram sobre boletins de
ocorrências registrados. VALDIRENE informou que conversou com um policial
e perguntou o que ela queria com um cara que fez um BO com a amante
contra ela, na sequencia VALDIRENE informa que não iria dizer que seria
devido ao corre, né?!. VALDIRENE informou que ÂNGELO retirará o boletim
que ele registrou contra a ela, porém GUILHERME alertou que ÂNGELO não
vai registrar um boletim de ocorrência contra ela. VALDIRENE afirmou que ele
vai inventar. GUILHERME falou que não pode inventar, pois vai cair todos em
contradição. VALDIRENE afirmou que realmente ela não fez nada contra ele,
pois ela não ameaçou ele. GUILHERME falou que não pode inventar porque
vai rodar todo mundo, inclusive ele, por estar na lista de chamada de
VALDIRENE. Aos 28min do áudio, VALDIRENE falou que se ele conseguir

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amanhã fazer o BO contra ela, que como GUILHERME já disse que ele pode

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não fazer porque não tem o que falar, porem eles já combinaram o que dizer.
Aos 0:48:55 do áudio, VALDIRENE falou que precisava de alguns dias para
saber se ele vai ficar essa semana lá. GUILHERME perguntou se
VALDIRENE estava com os produtos em cima. VALDIRENE respondeu
que sim. GUILHERME orientou VALDIRENE pegar ao máximo que ela
conseguir e lance os troços (celulares) para ÂNGELO. VALDIRENE

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
informou que ÂNGELO tem até sexta feira para fazer todos (entrega).
GUILHERME duvidou que ele consiga fazer 100 nesse período de tempo.
VALDIRENE corrigiu GUILHERME informando que é 100 (cem) celulares
ao longo do ano, porque ele somente faz de cinco em cinco. GUILHERME
dá a ideia de fazer de 10 em 10. VALDIRENE informou que não pode
interferir na organização deles, porque envolveu um monte de gente.
VALDIRENE supõe que se for feito cinco por semana, e GUILHERME vai
cobrar por mês, entrando essa quantidade seria oito mil por semana e, ela
rapidinho pagaria GUILHERME. VALDIRENE alertou do problema de
ÂNGELO ser afastado do presidio. No final do áudio, VALDIRENE informou
que ÂNGELO nunca conversou com os caras do corre" (mídia
57231518.Wav, de 25/06/2019, f. 506 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Durante os inúmeros diálogos travados entre os acusados


Valdirene Alves Spader e Guilherme Rosenstein, a primeira acabou por
detalhar a forma da inserção de telefones celulares no Presídio Regional de
Joinville/SC, mediante o recebimento de quantias indevidas, e até mesmo as
dificuldades na efetivação das entregas, não sem deixar de relatar a
periculosidade da facção criminosa integrada pelos corruptores ativos:
"VALDIRENE conversou com GUILHERME e por volta dos 37 minutos de
áudio este perguntou se o corre de VALDIRENE está 100% certo para a sexta-

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feira e aí eles vão poder se mexer. VALDIRENE respondeu que sim, mas que

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tem que esperar esse aí estar na mão. GUILHERME perguntou em que dia o
cara (ALEX RIBEIRO DA SILVA) vai trazer o bagulho (celular).
VALDIRENE respondeu que, na verdade, era para vir hoje à noite, só que
devido à chuva ele não entrou em contato ainda. GUILHERME falou para
VALDIRENE ficar livre para ele (ALEX), pois amanhã é quinta-feira.
VALDIRENE comentou que o prazo seria até amanhã à noite para ele

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
(ALEX) vir trocar a embalagem dos celulares. VALDIRENE comenta que
falou para ele (ALEX) se queria vir pegar e levar para casa, trocar a
embalagem dos celulares e depois trazer, mas que ele (ALEX) disse que
não. VALDIRENE continuou dizendo que ele (ALEX) disse que viria com o
carro até a casa dela e pararia em frente ao prédio e assim ela levaria
para ele (ALEX) e depois subiria de volta, sendo que ele (ALEX) tiraria o
pacote todo e embalaria novamente. GUILHERME perguntou porque eles
mesmos não embalam. VALDIRENE respondeu que é porque ÂNGELO é uma
pessoa ruim. GUILHERME fala algo inaudível. VALDIRENE respondeu que
não adianta falar, pois ÂNGELO não entrega e pronto. GUILHERME orientou
VALDIRENE falar para os caras que quando eles entregarem algo errado é
para ela dizer que eles têm que pagar o combinado, pois quem está se
arriscando são vocês e os caras estão cagando e andando. GUILHERME
falou para ela dizer que o combinado foi esse e que eles estão devendo 8
mil reais. VALDIRENE falou que só não cobra porque esse tipo de gente
sabe como é. GUILHERME comentou que VALDIRENE estava arriscando
seu pescoço. VALDIRENE respondeu que não interessava e falou que
não pode ameaçar, pois os caras são de facção criminosa. GUILHERME
pediu contato dos caras e disse que ele vai de cara a cara e ameaça e faz
acontecer. VALDIRENE falou que se GUILHERME ameaçá-los, eles vem e
acabam com VALDIRENE. GUILHERME respondeu que não acabam não.
VALDIRENE falou que esse negócio não é bom agir como deveriam e que já

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aconteceu uma vez e o cara vem embala novamente e lhe entregam.

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VALDIRENE explicou que a única coisa é que aí demora de uma semana para
a outra por causa do horário dos pátios e que terça e quinta se perder a
oportunidade terça e somente na sexta. GUILHERME continuou a orientando
VALDIRENE de como deve tratar com o cara. VALDIRENE comentou com
GUILHERME que estava desde a manhã informando que estava em casa e
não foi trabalhar e que ele poderia vir em qualquer horário. VALDIRENE

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
informou que ele respondeu que viria hoje à noite. GUILHERME falou que por
enquanto ele não veio. VALDIRENE respondeu que ele vem bem tarde.
GUILHERME perguntou se ÂNGELO não falou mais nada. VALDIRENE
respondeu que não conseguiu ver, pois estava no telefone falando com
GUILHERME. GUILHERME ensinou VALDIRENE a utilizar o WhatsApp
enquanto falava no telefone. VALDIRENE acessou o WhatsApp e comentou
que tem mensagens de ÂNGELO e do ALEX em seu telefone. GUILHERME e
VALDIRENE voltaram a conversar sobre ÂNGELO. VALDIRENE comentou
que se o ÂNGELO voltar, ela mesma abriria o pacote e embalaria novamente
(os celulares). GUILHERME perguntou por que VALDIRENE não fez isso,
sendo respondido que era porque ela gastaria um rolo de filme plástico.
GUILHERME argumenta que um rolo desses custa 10 reais. VALDIRENE
respondeu que é verdade e compara o gasto com o que vai receber que é
no valor de 8 mil (reais). GUILHERME falou que não conseguiu entender.
VALDIRENE comentou que vai entrar 8.200. GUILHERME fez as contas e
falou que são 8.400 (reais). VALDIRENE fez as contas utilizando a
calculadora e falou os números 1.700, vezes 5, dando um total de 8.500.
VALDIRENE ainda dividiu o valor por dois e disse que daria 4.250 (reais).
GUILHERME disse que o resto era para ela pedir para seu marido.
GUILHERME e VALDIRENE passaram a conversar sobre outros assuntos.
VALDIRENE comentou que começou juntamente com ÂNGELO a fazer os
corre desde dezembro (2018). VALDIRENE ainda explicou que muitas

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vezes eles estavam com o negócio em mãos para fazer, mas ÂNGELO

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trazia novamente para casa porque o plantão não era bom. VALDIRENE
explicou porque o plantão não era bom, sendo respondido que quando
ÂNGELO tinha a intenção de ir na cela e colocar o celular embaixo do
travesseiro, os agentes ficavam cuidando da movimentação de cada um
VALDIRENE ainda disse que no Presídio de Joinville todo mundo faz o
corre e por isso é sempre um querendo derrubar o outro. GUILHERME

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
perguntou se caso ÂNGELO perdesse o cargo de chefia ele vai continuar
conseguindo fazer corre, sendo respondido que aí (plantão) ele consegue
mesmo. VALDIRENE comentou que eles estavam loucos para que
ÂNGELO deixasse o cargo de chefia e assim pudesse fazer mais corres.
VALDIRENE continuou a conversar com GUILHERME sobre a entrega dos
celulares que estava para ocorrer nesta sexta-feira. VALDIRENE ainda
deu mais detalhes dizendo que ÂNGELO carregou os telefones no bolso
para entregar na cela. VALDIRENE ainda comentou que quando ÂNGELO
colocou os celulares na cela e algum agente encontra antes de os presos
saírem do pátio, ÂNGELO e VALDIRENE é quem pagam a conta, ou seja,
ficam com o prejuízo. VALDIRENE comentou que até hoje ÂNGELO precisou
pagar por um aparelho, mas que foi bem no começo e ele era burro.
VALDIRENE ainda falou que na época não dava 5 aparelhos para ele entregar
e que somente conseguia um. VALDIRENE comentou que somente na
sexta-feira à noite terá certeza se os aparelhos foram entregues e aí
geralmente no sábado pela manhã o cara vem entregar o dinheiro.
VALDIRENE comentou que o mais certo para GUILHERME era receber o
dinheiro na segunda. GUILHERME pressionou VALDIRENE para receber seu
dinheiro no sábado ainda" (mídia 57248052.Wav, de 26/06/2019, f. 507-508
dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

O encontro entre os acusados Valdirene Alves Spader e

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Guilherme Rosenstein realmente aconteceu no dia 28.06.2019 e teve

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monitoramento velado da equipe de investigação, tanto que retratado nas
imagens de f. 512-513 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038, das quais se
visualiza a entrega de dinheiro em espécie pela primeira ao segundo.

Mais um áudio relevante, pois, agora a revelar os valores


recebidos pelos acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
por cada telefone celular inserido no presídio de Joinville/SC e comprovar que
o esquema ilícito teve início ainda ao final do ano de 2018, além de
demonstrar a ciência do casal acerca da periculosidade da dupla Alex Ribeiro
da Silva e Lucas Fernando Comandolli, atuante na outra ponta do esquema,
justamente por integrarem a organização criminosa PGC.

A confirmação do envolvimento da dupla com essa facção


criminosa catarinense veio através do depoimento do diretor do Presídio
Regional de Joinville/SC, a testemunha Paulo Cleber Sabei, enfático ao
afirmar que o pavilhão nº 5 do Presídio Regional de Joinville/SC é destinado
única e exclusivamente aos presos integrantes da organização criminosa
Primeiro Grupo Catarinense, ao revés do pavilhão nº 4 que além de hospedar
os internos integrantes desta facção, abriga também integrantes da facção
paulista PCC (f. 1449).

E tem mais, porque a alocação dos presos é feita após as


chegadas ao ergástulo, quando são questionados sobre eventual
envolvimento com as organizações estabelecidas neste Estado, evitando-se,
assim, confrontos intramuros.

Logo, desmerece acolhida a intelecção defensiva do acusado


Alex Ribeiro da Silva a esse respeito, ele que, além de ter sido questionado

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sobre o envolvimento com a facção criminosa quando chegou ao ergástulo,

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está alocado na cela de nº 20, justamente aquela informada pelos acusados
Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader como a destinatária potencial
e principal dos telefones celulares por aquele preparados quando ainda se
encontrava em liberdade.

Mais adiante, há referência de novo contato da acusada

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Valdirene Alves Spader com o também acusado Guilherme Rosenstein, em
que reportou a ideia de "dar um tempo" na inserção dos celulares no presídio
porque eram alvo de investigação, e o acusado Ângelo Antônio Pereira
perdera o cargo comissionado de chefe de segurança em razão disso, tanto
que o acusado Alex Ribeiro da Silva, fornecedor material dos aparelhos, teria
ido até a sua casa recuperar a última remessa dos eletrônicos, a partir de
abordagem da polícia: "VALDIRENE informou que hoje ele (ANGELO) está
de plantão e que ele foi retirado do cargo de chefe e retiraram a Parati
(carro) dele. VALDIRENE informou que teria que pagar parcelado aquele
dinheiro para o guri (ALEX), porque não deu certo mais de entregar (fazer
o corre). Comentou que quinta-feira ele (ALEX) foi buscar os aparelhos e
teoricamente teria que devolver o dinheiro, mas não devolveu porque o
dinheiro foi usado para entregar para o GUILHERME. VALDIRENE
comentou que repassou ao guri (ALEX) apenas dois mil reais que era parte do
ÂNGELO. Comentou também que teria que pagar o restante parcelado em
seis vezes de mil reais. VALDIRENE continuou informando que o guri
(ALEX) pegou os celulares de volta, está andando de moto-taxi e ainda está
fora de casa, porque vieram atrás (polícia). VALDIRENE acreditou que o que
aconteceu foi grave, porque ele (ALEX) pegou e quebrou os celulares.
VALDIRENE informou que agora está sem contato. VALDIRENE se preocupou
quando forem fazer os corres, e ela continua relatando que o guri (ALEX) disse
para ela comprar um chip novo e levar na lavação em um bairro que ele disser

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para ela. VALDIRENE explicou que compraria um chip novo e repassaria para

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as pessoas mais próximas com o CPF dela e outro seria cadastrado com um
outro CPF, em outro aparelho e deixaria para o guri (ALEX) dos corres.
GUILHERME perguntou se está foda de passar celulares na cadeia.
VALDIRENE informou que ÂNGELO não está fazendo. VALDIRENE falou
que seria bom eles darem um tempo até final do ano, porque estão sendo
investigados. VALDIRENE falou que lançaria número novo para o guri

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
(ALEX) e aguardaria ele ligar falando quando fosse para fazer, daí bastaria ver
o plantão do ÂNGELO. VALDIRENE informou que ÂNGELO está fodido,
porque está sem carro e pegaria atestado para dar um tempo no trabalho"
(mídia 57308351.Wav, de 07/07/2019, f. 514 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Indo adiante, volto a insistir, a natureza turbulenta do


relacionamento entre os acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves
Spader fazia com que, sempre que o casal se afastasse, partisse ela para as
confidências da sua vida pessoal ao seu conselheiro espiritual e também
acusado Guilherme Rosenstein, quando então acabava por compartilhar os
ilícitos por eles praticados e demonstrar que o companheiro era fundamental
na efetivação dos crimes de inserção de aparelhos celulares no sistema
penitenciário e corruptor passivo, admitindo apenas retomar o relacionamento
com o objetivo de manter os proventos ilícitos.

Por outro lado, especificamente quanto aos acusados Alex


Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli, repito, havia no início a
referência à existência de pelo menos três núcleos distintos praticando ilícitos
no interior do Presídio Regional de Joinville/SC, e assim, durante a
investigação daquele envolvido com o tráfico de drogas e a associação para
tal fim, descobriu-se o envolvimento do acusado Lucas Fernando Comandolli,

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recluso no sistema prisional, também na inserção de telefones no intramuros

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do ergástulo local, valendo-se do auxílio material do acusado Alex Ribeiro da
Silva, proprietário do estabelecimento comercial Ana Celulares, para a prática
dos crimes.

A atuação do acusado Alex Ribeiro da Silva encontra-se desde


os primórdios expressamente revelada pela acusada Valdirene Alves Spader

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
durante as interceptações telefônicas, seguro que, afora o apontamento das
características físicas, o nome acabou expressamente afirmado ao pai de
santo: "Aos 02min20seg, VALDIRENE indagou sobre uma pergunta que
GUILHERME havia lhe feito e este respondeu que era sobre a proteção da
pessoa envolvida com crime. GUILHERME informou que a proteção é cara,
mas que se VALDIRENE quiser ele poderia fazer uma (proteção) para uma
pessoa (acreditamos que seja o ALEX) e a outra seria para ela. VALDIRENE
disse que não repassará valor para ele (ALEX) pois não sabe qual material
precisará para fazer a proteção. VALDIRENE disse que faria propaganda dos
serviços de GUILHERME, dizendo sobre os benefícios, pois cega polícia etc.
GUILHERME perguntou se ele (identificado como ALEX RIBEIRO DA
SILVA) teria dinheiro para pagar a proteção, VALDIRENE respondeu que
sim, pois eles são caixeiros, assaltante de banco, andam de CIVIC e não
trabalham. VALDIRENE comentou que eles tem dinheiro. Aos 10min20seg,
VALDIRENE falou que aceitou ÂNGELO, pois seu propósito era o corre e
agora não tem mais (corre). GUILHERME falou: por enquanto. Aos
11min05seg, GUILHERME pediu para VALDIRENE conversar com BETO
para ele fazer a proteção contra a polícia. VALDIRENE informou que não
seria BETO, mas sim ALEX. Aos 12min06seg, VALDIRENE disse que o
nome dele seria ALEX, pois um dia encontrou um chip no bolso do
ANGELO e viu que nos contatos tinha o ALEX, por isso que VALDIRENE
teria o contato dele. VALDIRENE disse que os caras (envolvidos com o

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corre) não sabiam o nome dela. Comentou que já se passou por FLOR, ROSE

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etc. VALDIRENE comentou que trocaria de número (celular) e ALEX pediu
para ela (VALDIRENE) informar que seria PATRÍCIA. VALDIRENE falou que
as pessoas não entendiam porque ela aceitou o ÂNGELO novamente,
mas foi devido ao corre. VALDIRENE comentou que como não haveria
mais corre, não saberia se ficaria com ANGELO. Disse que avaliaria.
GUILHERME disse que, então, ela teve um prejuízo e VALDIRENE

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
respondeu que não porque tudo que foi pago para GUILHERME foi com
dinheiro do corre e não do dinheiro suado. GUILHERME perguntou se os
caras não entraram mais em contato, VALDIRENE respondeu que não, pois
eles estariam com medo. GUILHERME falou que com proteção não precisaria
ficar com medo" (mídia 57344285.Wav, de 12/07/2019, f. 517 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Logo, para mim é indiscutível atuação do acusado Alex Ribeiro


da Silva como fornecedor material dos celulares a serem inseridos no
ergástulo joinvilense.

De igual modo, denoto que, durante as interceptações


telefônicas levadas a efeito no terminal utilizado pelo preso e acusado Lucas
Fernando Comandolli, verificou-se que no mês de julho de 2019 a situação da
inserção de aparelhos no ergástulo passava por dificuldades, o que o levou a
pedir auxílio a uma tia que se encontrava em liberdade, a quem rogou fosse
atrás do fornecedor dos aparelhos, o acusado Alex Ribeiro da Silva: "LUCAS
questionou se DAIANE falou como Alex. DAIANE respondeu que não.
LUCAS pediu para DAIANE ir na loja de Alex. LUCAS falou para DAIANE
que era para hoje, se referindo a uma situação, e DAIANE concorda.
LUCAS reforçou que ela tem que falar com ele, se referindo a Alex.
LUCAS perguntou se ele lançou 70 para Debora e DAIANE disse que vai ir lá

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depois levar. LUCAS perguntou se ela sabe onde é a casa de Alex,

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próximo a chaminé. DAIANE diz que não sabe onde é, mas que ela vai na
casa dele" (mídia 57273705.Wav, de 01/07/2019, f. 257 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Esse áudio revela explicitamente que o acusado Alex Ribeiro


da Silva era o elo entre o preso Lucas Fernando Comandolli e os acusados

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Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader para que os aparelhos
celulares chegassem até o presídio.

Nesse sazão, o áudio concomitantemente derrui a tese dos


acusados Lucas Fernando Comandolli e Alex Ribeiro da Silva de que este
último teria participado do esquema ilícito de corrupção e inserção de celulares
em uma única oportunidade sem saber do destino do aparelho e apenas como
uma espécie de favor, mormente porque àquela altura o acusado Ângelo
Antônio Pereira já havia inserido pelo menos oito malotes de aparelhos
telefônicos – número respectivo aos depósitos feitos pela acusada Valdirene
Alves Spader na conta bancária do filho -, e em todas as ocasiões com o
fornecimento material dos eletrônicos pelo acusado Alex Ribeiro da Silva,
conforme declaração expressa da acusada Valdirene Alves Spader em juízo,
"Alex começou a aparecer, algo em torno de cinco vezes" (f. 1449), o que foi
chancelado também pelo interrogatório do acusado Ângelo Antônio Pereira de
que "acredita que todos os aparelhos que inseriu no sistema prisional foi Alex
que entregou" (f. 1449).

Retira-se ainda das mensagens de f. 1109-1113 que o


acusado Alex Ribeiro da Silva encaminhou ao indivíduo de alcunha "Boquinha"
mensagens acerca da pressão exercida pelo acusado Lucas Fernando
Comandolli para o prosseguimento das práticas delitivas, inclusive mediante

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emprego de ameaça, e revelam que em outras oportunidades auxiliou o último

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na entrada de celulares na unidade prisional: "ALEX: "Caslu não chamo
mais" (CASLU é o vulgo atribuído a Lucas Fernando Comandolli. Representa
o nome de LUCAS de trás para frente); BOQUINHA 00:09: "na verdade até vi
uma ideia dele ali mandando um salvão ali, mais é no outro telefone que fica
em casa, mais não falei com ele mais, mais ele mandou um salva pra mim
esses dias"; ALEX: "a pode crê", "bicho fica bravo ali nem chamo mais"

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
(refere-se a Lucas); ALEX: "o cara lá pego mais 30 dia de atestado" (se
referindo a Ângelo); BOQUINHA 00:06: "tranquilo o importante é dar certo,
uma hora da certo, nem que demore mais 30 dias, o importante é dar certo";
BOQUINHA 00:06 "nunca ne parça, a gente sabe que não depende de nós ne,
infelizmente a gente está na mão deles"; ALEX: "aí falo pra nóis aqui na rua
é fácil fala", "já não gostei", "tendeu", "sempre fiz o que pude fazer" (f.
1103).

Mais à frente, o interlocutor "Boquinha" chancela que a função


do acusado Alex Ribeiro da Silva no esquema ilícito era mesmo o
fornecimento dos aparelhos celulares que seriam inseridos nos sistema
prisional por intermédio do agente penitenciário: "BOQUINHA 00:06 "é foda
mano o cara não depende disso ali ne Alex, o cara ta aqui na rua, eu tô ligado
que sempre fez memo pô, não é assim também não depende de nós,
depende dos caras lá, nois fica numa sinuca de bico não tem o que fazer
ne mano, porque tudo depende deles, nada depende de nós, única coisa
que depende de nós é fazer chegar o telefone na mão deles, mais nada
pô" (f. 1104).

O afastamento do corruptor passivo Ângelo Antônio Pereira


das suas funções realmente afetou o recebimento dos aparelhos celulares
pelos presos, porque em determinado momento outro interlocutor, identificado

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como Rafael Inácio de Souza, reclama com o acusado Alex Ribeiro da Silva

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CC4BA.
sobre a dificuldade de ter acesso a novos aparelhos no ergástulo após a perda
do cargo por aquele primeiro acusado: "RAFAEL 00:08 "e o correzinho lá,
não vai voltar nunca mais? Acho que os gurizão do p4 perderam tudo
hoje"; RAFAEL 00:04 "os caras estão desde ontem sem ver o celular";
ALEX reclama "pô esse cara entro novo voto pra foder ne", "esse cara ta
fodendo com tudo" (Alex refere-se ao novo chefe de segurança da

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
unidade que alterou regras de segurança na unidade) (...) RAFAEL 00:04
fala "só aquele teu amigo lá, aquele louco lá pra ajudar de novo"; ALEX
responde "ta de atestado mais 30" "disse tão de olho nele lá" (f. 1099).

Outrossim, ao que se tem, após o afastamento do


companheiro das funções de chefia no estabelecimento prisional, a acusada
Valdirene Alves Spader até tentou prosseguir no esquema ilícito, quando
procurou Nilo Jessé de Mello Junior, ainda no mês de maio de 2019, e a ele
questionou do interesse em ocupar o lugar do acusado Ângelo Antônio Pereira
no intento criminoso, aproveitando-se, é claro, da idêntica posição de agente
penitenciário e da facilidade de fazer ingressar no ergástulo local na posse dos
telefones celulares, o que, todavia, foi prontamente rechaçado, conforme se
extrai das imagens de f. 97-98 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038.

No mais, foram diversos os diálogos mantidos pelo acusado


Lucas Fernando Comandolli sobre a jornada da tia à procura do fornecedor de
celulares e também acusado Alex Ribeiro da Silva: "LUCAS cobra de
DAIANE a responsabilidade. Manda que vá atrás dele e DAIANE fala que
não vai sair a noite com chuva, que já foi uma vez e ele não estava.
DAIANE manda que ele mande João ir" (mídia 57276630.Wav, de
01/07/2019, f. 257-258 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038.

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E ainda: "LUCAS cobra de DAIANE a "responsa". Manda

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CC4BA.
que ela fale com esse "demônio", se ele sumiu ela vá até a casa dele, fale
com a mulher dele. Cobra que ele tem que "chegar" em LUCAS até hoje a
noite. Reforça a "responsa" novamente" (mídia 57276651.Wav, de
01/07/2019, f. 258 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

No dia seguinte, ainda sem contato com o parceiro, o acusado

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Lucas Fernando Comandolli demonstrava impaciência com a situação, quiçá
pela cobrança exercida por outros presos integrantes da facção criminosa
acerca da interrupção no fornecimento de telefones celulares no presídio local:
"LUCAS perguntou se DAIANE estaria indo lá (se referindo a loja do Alex).
DAIANE respondeu que sim. DAIANE pediu para LUCAS ficar calmo.
LUCAS disse que não tem como ficar. DAIANE falou para esperar para se
resolve. LUCAS falou para ela ir atrás "desse demonho" (se referindo ao
Alex) e mandar ele atender o telefone" (mídia 57278536.Wav, de
02/07/2019, f. 258 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038).

Momentos depois, a tia do acusado Lucas Fernando


Comandolli detalha ao preso que esteve na loja de celulares do acusado Alex
Ribeiro da Silva e que deixou recado a fim de que ele retornasse as ligações o
quanto antes: "DAIANE informou LUCAS que Alex não estava na loja.
LUCAS perguntou se ela deixou recado. DAIANE disse que sim e que ele
vai chegar no local. DAIANE diz que a funcionária da loja vai passar o
recado, disse também que deixou o seu número do celular para ele
retornar a ligação. LUCAS perguntou se ela foi lá ou tratou por telefone, e
DAIANE diz que foi ao local, e que esta retornando para casa. LUCAS
perguntou se ele (Alex) vai fazer contato com ela e DAIANE confirma"
(mídia 57278996.Wav, de 02/07/2019, f. 258 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

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Ainda no curso das investigações, constatou-se que o IMEI nº
352930093734300 era utilizado pelo investigado Fábio Celso Oberoli, que se
encontrava preso no Presídio Regional de Joinville/SC na companhia do
acusado Lucas Fernando Comandolli. No dia 21.05.2019, entretanto, o
investigado Fábio Celso Oberoli acabou transferido para a unidade prisional de
Blumenau/SC, onde cumpriria medida disciplinar. Com isso, o referido terminal

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
passou a ser utilizado por elevado número de reclusos da ala masculina,
especialmente pelo acusado Lucas Fernando Comandolli, que aparentemente
assumiu a posição antes ocupada pelo investigado Fábio Celso Oberoli,
atuando nos assuntos de interesse da organização criminosa.

Detidamente quanto aos fatos em análise, a interceptação do


aparelho logrou gravar o momento em que o acusado Lucas Fernando
Comandolli, após ser informado por sua tia da tentativa infrutífera de encontro
com o acusado Alex Ribeiro da Silva, faz contato telefônico com a loja Ana
Celulares, de propriedade deste último: "LUCAS fez contato com Ana
Celulares e falou com a funcionária do local. LUCAS pediu para fala com
o Alex, sendo que foi informado por ela que ele não se encontrava na
loja. LUCAS pediu para ela anotar um recado urgente, sendo que era para
ela avisar o Alex para ele entrar em contato com ele. A funcionária
perguntou se ele (Alex) sabe quem é, e LUCAS diz que sim, porque "ele
não é bobo". LUCAS disse para ele fazer contato com ele ou com a
DAIANE. LUCAS reforçou que está tentando contato com ele a três ou
quatro dias e não sabe o que está acontecendo e que Alex trocou até de
telefone" (mídia 57278464.Wav, de 02/07/2019, f. 261 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Mais de um mês depois, o acusado Alex Ribeiro da Silva

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finalmente voltou a contatar o preso Lucas Fernando Comandolli, o que,

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todavia, não apagou o tempo passado sem dar explicações e chegou a
vivenciar promessas de morte: "Lucas então informa que o maninho lá da
loja de celular chegou nele. Jenifer pergunta que maninho. Lucas
pergunta se Jenifer se lembra e logo após responde que é o mano da loja
e interrompe dizendo que vai estender uma roupa no varal. Ao fundo Lucas
conversa com um tal Marlon. Lucas volta a falar com Jenifer e comenta que

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
está somente esperando ver e diz que amanhã vai vir no Presídio fazer a
carteirinha e que já esta com o papel lá no cartório e amanhã meso ela vai vir
no Presídio pela manhã. Lucas então comenta que se depender do
Fabinho e do Bogá, o cara morre" (mídia 57461527.Wav, de 15/08/2019, f.
391-392 dos autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038) e "Lucas Comandolli em
conversa com sua namorada Jenifer de Souza, ambos detentos reclusos no
Presídio Regional de Joinville, conversam sobre sua relação e por volta dos 55
segundos de áudio, Lucas comenta que está tudo 10 e que o menino da
loja de celulares voltou a fazer contato. Jenifer pergunta e dai. Lucas
responde que está tudo certo e diz que vai desenrolar o que tem e que a
noite vai chegar nela, mas agora precisa mandar o radinho (celular) para lá"
(mídia 57465223.Wav, de 15/08/2019, f. 392 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038).

Assim, frente a tão vasto contexto probatório, a condenação


dos acusados Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da
Silva e Lucas Fernando Comandolli pela prática de crimes de favorecimento
real na modalidade de inserção de aparelhos celulares em estabelecimento
prisional é medida que se impõe, não sem deixar de justificar que, quanto aos
dois últimos, independente de a capitulação passar ao largo da questão, a
narrativa da exordial compreende a conduta do acusado Alex Ribeiro da Silva
em preparar os aparelhos celulares e entregá-los à acusada Valdirene Alves

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Spader, que posteriormente os repassava ao acusado Ângelo Antônio Pereira,

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agente prisional responsável pela entrega dos eletrônicos ao preso Lucas
Fernando Comandolli na cela nº 20 do pavilhão nº 5 do Presídio Regional de
Joinville/SC, este último que encomendava e orientava o acusado Alex Ribeiro
da Silva no repasse dos aparelhos.

Deveras, as condutas praticadas pelos acusados Ângelo

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva e Lucas
Fernando Comandolli encontram-se tipificadas no art. 349-A do CP, através do
qual "pune-se o agente que ingressar (fazer entrar), promover (agenciar),
intermediar (interceder), auxiliar (assistir) ou facilitar (ajudar) a entrada de
aparelho telefônico" (Rogério Sanches Cunha, in Manual de Direito Penal:
parte especial (arts. 121 ao 361). 9. ed. rev., ampl. e atual. Salvador:
Juspodium, 2017, p. 941).

Nesse sentido, "ingressar significa fazer com que efetivamente


ingresse, entre no estabelecimento prisional; promover diz respeito a
diligenciar, tomando as providências necessárias para a entrada; intermediar é
interceder, intervir, servindo o agente como um intermediário entre o preso que
deseja possuir o aparelho de comunicação e um terceiro, que se dispõe a
fornecê-lo; auxiliar é ajudar de alguma forma; facilitar é remover os obstáculos,
as dificuldades, permitindo a entrada do aparelho telefônico de comunicação
móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal" (Rogério Greco, in Código
Penal: comentado. 11.ed. Niterói, RJ: Impetus, 2017, p. 1805).

E independente da permanência do acusado Lucas Fernando


Comandolli dentro do cárcere, "mesmo estando preso, dentro dos limites de
estabelecimento prisional fechado, é possível que o agente venha a promover,
intermediar ou auxiliar a entrada de aparelho telefônico de comunicação

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móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, naquele estabelecimento

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192CC4BA.
prisional em que se encontrar ou em outro" (Rogério Greco, in Código Penal:
comentado. 11.ed. Niterói, RJ: Impetus, 2017, p. 1807).

De fato, o delito é normalmente cometido por particulares, mas


"o próprio preso pode ser sujeito ativo do delito em duas situações: a) na
condição de autor, quando, por exemplo retorna ao sistema prisional após

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saída temporária ocultando que tem em seu poder aparelho; b) na condição de
partícipe quando, por exemplo, encomenda o aparelho ao seu advogado.
Nestes casos está incurso no ilícito penal e na falta grave descrita no art. 50,
VII, da Lei de Execuções Penais" (Victor Eduardo Rios Gonçalves, in Direito
Penal Esquematizado: parte especial. 7. ed. São Paulo, Saraiva, 2017, n.p).

Com efeito, "quem, de qualquer modo, concorre para o crime


incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade" (art. 29,
caput, do CP).

Nesse cenário, não há se falar em ofensa ao princípio da


correlação, porquanto "não se exige, então, a adoção de quaisquer
providências instrutórias, bastando a prolação da sentença com a capitulação
jurídica (do fato) que parecer mais adequada ao juiz. Nem mais, nem menos,
sobretudo porque o réu não se defende da capitulação, mas da imputação da
prática de conduta criminosa. Por isso, ainda que da nova definição jurídica
resulte pena mais grave, não haverá qualquer prejuízo à defesa (pelo menos
em face do Direito)" (Eugênio Pacelli de Oliveira, in Curso de Processo
Penal. 21.ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2017. p. 659).

Em outras palavras, "o acusado se defende dos fatos narrados


na denúncia e não da capitulação legal nela contida" (STJ, REsp nº

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1504724/DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz).

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Superado o ponto, vejo que, para além da vasta prova pelas
interceptações telefônicas e quebra de sigilo de dados telefônicos e bancários,
os próprios agentes públicos responsáveis pela investigação enfaticamente
confirmaram em juízo todos os indícios levantados na fase investigativa acerca
do envolvimento do bando no esquema de inserção de aparelhos celulares no

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estabelecimento prisional, dando conta de que "conseguiram fechar essa
cadeia, que começava com o celular fora do sistema prisional com o Alex, que
passava o aparelho para Valdirene, que também instigada por Guilherme,
encaminhava o celular para Ângelo, ele que finalmente o entregava ao preso
Lucas Fernando Comandolli. Esse era o núcleo de particulares que fazia a
inserção de celulares no presídio" (f. 1449).

Aí, não custa recordar que "em investigações complexas, o


depoimento dos agentes públicos que participam da colheita de provas ganha
especial importância, considerando que na grande maioria das vezes são os
únicos a terem contato com elementos que indiquem a participação dos
acusados no crime" (TJES, AC nº 0021910-56.2016.8.08.0024, de Vitória, Rel.
Des. Adalto Dias Tristão).

E não lograram as Defesas, nem de longe, desconstituir os


dizeres dos agentes da lei, ou apontar alguma razão pela qual os testemunhos
deles seriam desmerecedores de credibilidade.

Não fosse o suficiente, as condutas praticadas pelos acusados


Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva e Lucas
Fernando Comandolli vêm chanceladas pelas próprias confissões dos dois
primeiros e do último de que concorreram para a prática do esquema ilícito de
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inserção de telefones celulares no presídio joinvilense, no qual o último

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ocupava a posição inicial na cadeia fornecedora, encomendando e adotando
as medidas necessárias a efetivar o ingresso dos celulares no presídio para
seu próprio proveito e também para a distribuição entre os demais faccionados
alocados no pavilhão nº 5 do Presídio Regional de Joinville/SC, enquanto o
acusado Alex Ribeiro da Silva atuava como intermediador do negócio entre o
acusado preso e o agente penitenciário que realizava as entregas, além de

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preparar os aparelhos telefônicos para que pudessem ser aproveitados no
interior da unidade prisional, em consideração às dificuldades técnicas lá
existentes.

Posteriormente à preparação dos aparelhos, o acusado Alex


Ribeiro da Silva efetuava suas entregas à acusada Valdirene Alves Spader,
sempre mediante combinação prévia através do aplicativo Whatsapp dos
locais de encontro, ela que também ocupava a posição de intermediadora do
negócio ilícito entre os particulares e o seu companheiro, agente público e
também acusado Ângelo Antônio Pereira, valendo-se provavelmente dos seus
antigos contatos da época em que se encontrava reclusa.

Por fim, já na posse dos aparelhos recebidos da corré, o


acusado Ângelo Antônio Pereira, na facilidade conferida pelo cargo de chefe
de segurança no ergástulo local e com livre circulação na unidade prisional,
levava os telefones celulares até o alojamento, depois esperava o melhor
momento para retirá-los da mochila e colocá-los em seus bolsos, quando
então direcionava os aparelhos à cela nº 20 do pavilhão nº 5.

Naquela cela, enquanto os internos estavam no pátio, os


aparelhos eram deixados embaixo de um colchão e, com o retorno às suas
acomodações, eram recebidos pelo preso e acusado Lucas Fernando

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Comandolli, ele que, não custa insistir, era quem encomendava e organizava a

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entrega dos aparelhos com o fornecedor material, o acusado Alex Ribeiro da
Silva, para depois distribuir entre os diversos membros da organização
criminosa recolhidos ao Presídio Regional de Joinville/SC.

Neste ponto, apesar de o acusado Alex Ribeiro da Silva ter


admitido a entrega de um aparelho celular a uma mulher que não sabe

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identificar, a pedido do corréu Lucas Fernando Comandolli, ele negou ciência
da destinação do aparelho, circunstância que, adianto, obsta o
reconhecimento da confissão quanto a ele, porque naturalmente não confessa
quem sustenta que "não sabia para onde iria o celular e não se recorda
quantos aparelhos eram" (f. 1449), versão ainda sustentada – em aparente
combinação de estórias - na confissão do último de que "entrou em contato
com Alex para que ele entregasse alguns celulares. (...) o contato foi feito
através de cartas e que Alex não sabia qual seria a destinação dos aparelhos"
(f. 1449).

Assim, "as confissões judiciais ou extrajudiciais valem pela


sinceridade com que são feitas ou verdade nelas contidas, desde que
corroboradas por outros elementos de prova inclusive circunstanciais" (JC
59/289).

De igual, conveniente insistir, no particular, que "é vedado ao


Magistrado proferir sentença condenatória baseada exclusivamente em
elementos de convicção colhidos nos autos do inquérito policial. Inteligência do
artigo 155 do Código de processo penal (com redação dada pela Lei nº
11.690/2008). Por outro lado, a existência de provas colhidas em juízo, sob o
crivo do contraditório, que corroborem a veracidade dos elementos produzidos
extrajudicialmente, sustentando a versão apresentada pela acusação, é

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suficiente para autorizar a manutenção da integridade do édito condenatório"

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(STJ, AgRg no HC nº 118761/MS, Rel. Min. Celso Limongi).

Ademais, não passa despercebida a tentativa dos acusados


Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli em diminuir a
responsabilidade penal do primeiro quanto ao reiterado fornecimento de
aparelhos celulares e também no pagamento das propinas, mas as provas

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produzidas convergem para a comprovação da sua participação no esquema
ilícito, mormente pela declaração da corré Valdirene Alves Spader no que diz
respeito às diversas vezes em que recebeu os aparelhos e também os valores
ilícitos, pessoalmente, daquele primeiro acusado, tudo confirmado pelo
acusado Angelo Antônio Pereira, para quem "objetivamente sabia que Alex
estava envolvido com a entrega dos celulares para Valdirene" (f. 1449).

Desse modo, "a confissão e delação de corréu, corroborada


por outros meios de prova, bastam para estribar a condenação do agente, e é
irrelevante a simples negativa de autoria" (TJRO, AC nº
0019857-10.2014.8.22.0501, de Porto Velho, Rel. Des. Valter de Oliveira).

Em outras palavras, "a delação vinda de corréu, que, sem


procurar se eximir de culpa, aponta a responsabilidade de seus comparsas,
constitui elemento probatório de confiança e autoriza a condenação" (TJMG,
AC nº 1.0073.17.004232-6/00, de Bocaiuva, Rel. Des. Adilson Lamounier).

Ou ainda:

HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. DESCABIMENTO. LATROCÍNIO.
CONDENAÇÃO. DELAÇÃO DO CORRÉU
CORROBORADA POR OUTROS ELEMENTOS DE
PROVA. ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE
83

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PROVAS. IMPOSSIBILIDADE NECESSÁRIO

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REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO
INADMISSÍVEL NA VIA ELEITA. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL NÃO EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS NÃO
CONHECIDO. (...) No caso dos autos, ao contrário do
alegado pelo impetrante, a condenação do paciente
baseou-se, além da delação do corréu, em outras provas
testemunhais, prestadas sob o crivo do contraditório, que
corroboram a versão apresentada pelo delator. - Tendo
as instâncias ordinárias demonstrado exaustivamente a
materialidade e a autoria do delito, é inadmissível, em

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sede de habeas corpus, o conhecimento do pleito de
absolvição por falta de provas, ante o necessário
revolvimento fático-probatório incompatível com os
estreitos limites do remédio constitucional. Precedentes.
Habeas corpus não conhecido. (STJ, HC nº 231675/SP,
Rel. Des. Conv. Marilza Maynard).

De resto, a condição do acusado Alex Ribeiro da Silva de


proprietário de uma loja de celulares vai ao encontro das informações de que
ele mesmo teria o conhecimento técnico para preparar os aparelhos para
posterior utilização dos presos, sempre sob a orientação e pedidos de
funcionalidade do preso e acusado Lucas Fernando Comandolli, porque em
razão da precariedade de tomadas para carregamento dos aparelhos que, a
bem da verdade, deveriam ser banidas das celas -, incorporava um cabo
externo aos celulares para carga da bateria, a teor das imagens de f. 537 dos
autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038.

Em suma, tenho por suficientemente demonstrado que os


acusados Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da
Silva e Lucas Fernando Comandolli, de forma voluntária e consciente,
aceitaram ingressar, promover e intermediar a entrada de aparelhos celulares
para o interior do presídio desta cidade, cada um na medida de suas
culpabilidades, os dois primeiros mediante recompensas pecuniárias
efetivadas pela segunda dupla.
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Claro, pois "o ingresso ou a tentativa de ingresso em casa
prisional na posse de aparelho telefônico é conduta típica atentatória à
administração da justiça" (TRRS, RC nº 71008026882, de Rio Grande, Rel.
Juíza Keila Lisiane Kloeckner Catta-Preta).

Por amor à fundamentação, deixo assentado que

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"desnecessária a realização da perícia para aferição da funcionalidade do
aparelho, conforme entendimento do STJ" (TRRS, RC nº 71008129116, de
Santa Maria, Rel. Juiz Luis Gustavo Zanella Piccinin).

Mais especificamente quanto aos acusados Valdirene Alves


Spader e Alex Ribeiro da Silva, que intermediaram e auxiliaram na prática
delitiva, garantindo assim o sucesso da empreitada criminosa, "o crime de
ingresso de aparelho telefônico em estabelecimento prisional (art. 349-A do
CP) é de ação múltipla alternativa. Ao auxiliar ou intermediar o ingresso do
aparelho telefônico de comunicação, sem autorização legal, em
estabelecimento prisional, o agente realiza conduta típica formal" (TJDF, AC nº
0011840-42.2017.8.07.0001, de Brasília, Rel. Des. Jair Soares).

A seu turno, mais uma vez enfatizo, quanto às condutas


praticadas pelo acusado Lucas Fernando Comandolli, "provado que o réu
promoveu, sem autorização, o ingresso de aparelho telefônico em
estabelecimento prisional, deve ser condenado nos termos do art. 349-A do
Código Penal" (TJMG, AC nº 10710140026299001, de Vazante, Rel. Des.
Catta Preta).

A propósito:

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APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE TRÁFICO DE

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DROGAS E INGRESSO DE APARELHO DE TELEFONIA
MÓVEL EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL [ART. 33,
CAPUT, DA LEI N. 11.343/06 E ART. 349-A, DO
CÓDIGO PENAL]. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
RECURSO DA DEFESA. (...) CRIME DO ART. 349-A,
DO CÓDIGO PENAL: PRETENDIDA ABSOLVIÇÃO
PELA AUSÊNCIA DE PROVAS E POR APLICAÇÃO DA
FIGURA DO ART. 17 DO CÓDIGO PENAL.
MATERIALIDADE E AUTORIA DEVIDAMENTE
COMPROVAS. CRIME DE MERA CONDUTA QUE

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INDEPENDE DO RESULTADO NATURALÍSTICO. RÉ
QUE INGRESSOU NO ESTABELECIMENTO
PRISIONAL NA POSSE DE APARELHOS
TELEFÔNICOS PARA REPASSÁ-LOS AOS
DETENTOS. DELITO CARACTERIZADA. "O delito
previsto no art. 349-A do Código Penal é de mera
conduta, bastando para a sua consumação que o agente
incorra em um dos cinco verbos descritos na norma penal
incriminadora: "ingressar, promover, intermediar, auxiliar
ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização
legal, em estabelecimento prisional" (TJSC, Apelação
Criminal n. 2012.055215-9, de Blumenau, rel. Des. Sérgio
Rizelo, Segunda Câmara Criminal, j. 15-04-2014)".
FIGURA DO CRIME IMPOSSÍVEL INAPLICÁVEL NO
CASO PRESENTE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. (TJSC, AC nº
0030295-09.2013.8.24.0038, de Joinville, Rel. Des.
Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer).

Já no que diz respeito aos crimes de corrupção ativa e


passiva, extrai-se das provas amealhadas que os acusados Alex Ribeiro da
Silva e Lucas Fernando Comandolli, mais que ofereceram, proporcionaram
vantagem indevida aos acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves
Spader para as repetidas e concretizadas inserções de aparelhos celulares no
Presídio Regional de Joinville/SC.

Vale, aliás, o registro de que a condenação dos acusados pela

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prática tanto dos crimes de corrupção como de inserção de celular em

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estabelecimento prisional não viola o princípio do ne bis in idem, à míngua da
configuração, na espécie, de vínculo de subsidiariedade entre os tipos penais,
os primeiros protetivos da administração pública como um todo, enquanto o
último busca acautelar mais especificamente a administração da justiça, logo,
há "autonomia dos delitos e um não constitui fase normal de preparação ou
execução do outro, pois podem ser praticados de forma independente e

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isolada" (TRF1, AC nº 0034152-63.2011.4.01.3900/PA, Rel. Des. Fed. Mário
César Ribeiro).

De concreto, demonstrou a instrução, a não mais poder, que


após a acusada Valdirene Alves Spader ser procurada por uma mulher ainda
não identificada que propôs o início do esquema ilícito de inserção de
telefones celulares no ergástulo local, ela que contou com a aquiescência e,
além, o auxílio material do agente penitenciário e também acusado Ângelo
Antônio Pereira, o quarteto estabeleceu que o esquema de corrupção
consistiria, inicialmente, no pagamento de um mil e trezentos reais por cada
aparelho telefônico entregue aos presos, vindo, ao final do esquema, esse
valor alcançar a monta de um mil e setecentos reais por unidade móvel celular.

Após o recebimento dos aparelhos, cada um dos reclusos


fazia contato com o acusado Alex Ribeiro da Silva, confirmando a entrega da
encomenda, de molde a autorizar os pagamentos das propinas aos acusados
Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader, não sem antes receber os
valores do acusado Lucas Fernando Comandolli, que confessou ser o
corruptor ativo do esquema, declarando que "outras pessoas faziam os
pagamentos para ele na rua" (f. 1449).

Nesse quadrante, os acusados Ângelo Antônio Pereira e

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Valdirene Alves Spader também confessaram o recebimento de propina para a

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entrega de celulares no interior do ergástulo local, em ordem a confirmar os
pelo menos catorze depósitos provenientes dos negócios ilícitos identificados
em suas contas correntes, sendo seis operações na conta do primeiro e oito
delas na conta do filho da segunda que era por ela administrada, o que não
deixou alternativa à acusada Valdirene Alves Spader senão confessar o
recebimento de todos os valores das mãos do acusado Alex Ribeiro da Silva

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(f. 1449).

Sendo assim, ainda que os acusados Alex Ribeiro da Silva e


Lucas Fernando Comandolli tenham se valido inicialmente de terceiros para
conseguir contato e adesão ao crime de inserção de celulares no presídio
pelos outros dois, posteriormente foram eles que providenciaram, organizaram
e realizaram os pagamentos das propinas.

Ainda, quanto à acusada Valdirene Alves Spader, merece


realce que "é possível a participação de particular no delito de corrupção
passiva, face a comunicabilidade das condições de caráter pessoal
elementares do crime" (STJ, RHC nº 7717/SP, Rel. Min. Gilson Dipp).

Em suma, "é inafastável a possibilidade de co-autoria nos


crimes de responsabilidade funcional" (RT 513/391).

Por isso, concretizada e provada a inserção ilícita pelos dois


corruptores ativos dos telefones celulares fornecidos aos dois corruptores
passivos no Presídio Regional de Joinville/SC, não há como escapar de que "o
crime de corrupção ativa, assim como o delito previsto no art. 317 do Código
Penal, pressupõe a existência de nexo de causalidade entre a oferta ou
promessa de vantagem indevida a funcionário público, e a prática, o retardo ou

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a omissão de ato de ofício de sua competência" (STJ, HC nº 134985/AM, Rel.

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Min. Jorge Mussi).

De conseguinte, "aquele que solicita e recebe vantagem


indevida, em seu nome ou de terceiro, incide nas penas do art. 317, caput, do
Código Penal, não havendo de se falar na ausência de dolo específico quando
sabedor do ilícito praticado intermediando negócio fraudulento praticado por

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outrem" (TJMS, AC nº 2009.004006-3/0000-00, de Campo Grande, Rel. Des.
Carlos Eduardo Contar).

Para mais de tudo, exerceu o acusado Ângelo Antônio Pereira


por aproximadamente dois anos a função gratificada de chefe de segurança
no Presídio Regional de Joinville/SC, período em que se aproveitou do seu
cargo para realizar a inserção dos aparelhos no estabelecimento prisional,
fatos confirmados tanto por ele como pela companheira - a também acusada
Valdirene Alves Spader -, de modo que demonstrou ela a ciência conjunta
desta circunstância de caráter pessoal do corréu.

Assim, como identicamente dito antes, tratando-se a condição


pessoal do acusado Ângelo Antônio Pereira de ocupante de cargo de chefia
de elementar da figura circunstanciada do crime de corrupção passiva, "isto é,
pertencentes ao próprio tipo" (RT 683/333), não há vedação à sua
comunicação à acusada Valdirene Alves Spader.

Inquestionavelmente, "pondera Nelson Hungria que a


incomunicabilidade das circunstâncias pessoais cessa quando estas entram
na própria noção do crime. No homicídio qualificado, por exemplo, as
qualificativas de caráter pessoal ex capite executoris, se estendem aos
participantes" (RJTJESP 62/354).

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Tal decorre de que "as circunstâncias objetivas previstas (...),
consoantes o art. 30 do Código Penal, comunicam-se a todos os agentes
envolvidos no crime" (TRF3, AC nº 0000571-07.2018.4.03.6115/SP, Rel. Des.
Fed. Maurício Kato).

Existe demonstração suficiente, portanto, de que o acusado

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Ângelo Antônio Pereira exercia atribuições excepcionais na unidade prisional,
que o diferenciava dos demais servidores ocupantes do mesmo cargo, e de
que a acusada Valdirene Alves Spader possuía ciência inequívoca dessa
condição, fazendo incidir para ambos a majorante a que alude o art. 327, § 2º
do CP.

Diante disso, "se o agente que recebeu a vantagem indevida


for ocupante de cargo em comissão ou função de direção ou assessoramento,
responde pelo dispositivo do § 2º do art. 327 do Código Penal" (TJMG, AC nº
1.0388.15.002020-3/001, de Luz, Rel. Des. Catta Preta).

Ou:

APELAÇÃO CRIMINAL. CORRUPÇÃO ATIVA E


PASSIVA (ARTS. 317 E 333 DO CÓDIGO PENAL).
SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA
ACUSAÇÃO. DOSIMETRIA. CAUSA DE AUMENTO
DE PENA. ART. 327, § 2º DO CÓDIGO PENAL.
OCUPANTE DE FUNÇÃO GRATIFICADA.
ATRIBUIÇÕES DE DIREÇÃO E CHEFIA. INCIDÊNCIA.
Demonstrado que o acusado, servidor público, era à
época dos fatos ocupante de função gratificada com
atribuições de direção e chefia, é devida a incidência da
causa de aumento de pena prevista no art. 327, § 2º, do
Código Penal. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS.
CULPABILIDADE. VALORAÇÃO NEGATIVA. BIS IN
IDEM. EXCLUSÃO. Diante do reconhecimento da
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incidência de majorante específica, deve ser, de ofício,

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excluída valoração negativa em circunstância judicial
promovida com base na mesma situação de fato, sob
pena de bis in idem. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. DE OFÍCIO, READEQUADA A APLICAÇÃO
DA PENA. (TJSC, AC nº 0006599-96.2012.8.24.0031, de
Indaial, Rel. Des. Nelson Maia Peixoto).

No mais, não se pode deixar de registrar que "a pena é

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aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica
infringindo dever funcional" (art. 317, § 1º do CP).

Só que, na prática, a majorante não comporta aplicação, pois


"se a violação praticada pelo agente público constituí, por si só, um novo
crime, haverá concurso formal ou material (a depender do caso concreto) entre
a corrupção passiva e a infração dela resultante. Nessa hipótese, no entanto,
a corrupção deixa de ser qualificada, pois do contrário estaríamos no campo
do bis in idem, considerando-se o mesmo fato duas vezes em prejuízo do
funcionário réu" (Rogério Sanches Cunha, in Manual de Direito Penal: parte
especial (arts. 121 ao 361). 9. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Juspodium,
2017, p. 804).

Por outro lado, é conhecido que "quando há acusação de


corrupção passiva na modalidade de 'receber, para si ou para outrem', essa
modalidade de corrupção passiva implica a existência de corrupção ativa na
modalidade de 'oferecer vantagem indevida" (STF, HC nº 74373/GO, Rel. Min.
Moreira Alves).

E, ipso facto, o oferecimento de vantagens indevidas


caracterizadores do delito de corrupção ativa foi concretizado pelos
acusados Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli, resultando em
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mais de setenta e quatro mil reais em pagamentos em espécie ao agente

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público e sua companheira como contraprestação pela inserção de telefones
celulares no ergástulo.

Então, "o crime de corrupção ativa é formal e instantâneo,


consumando-se com a simples promessa ou oferta de vantagem indevida"
(STJ, CC nº 110304/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho).

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Por sua vez, o acusado Alex Ribeiro da Silva, ao aderir à
conduta praticada pelo corréu Lucas Fernando Comandolli, dispondo-se a
formalizar o pagamento dos numerários aos corruptores passivos, aceitou as
consequências decorrentes, certo que, sobretudo a considerar a sua conduta
ativa na preparação material dos aparelhos celulares a serem inseridos no
sistema prisional como conduta ilícita decorrente da corrupção, acabou por
figurar como coautor dos delitos, ou seja, "quem, de qualquer modo, concorre
para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade" (art. 29, caput, do CP).

E a pena de ambos exige majoração (art. 333, parágrafo


único, do CP) em decorrência da efetiva prática de atos ilícitos, infringindo
dever funcional, pelo funcionário público corrompido, para o que, não se
discute, "trata-se no caso de condição de maior punibilidade do delito em que
se justifica a agravação da pena pelo dano maior causado à Administração
Pública" (Julio Fabbrini Mirabete, in Manual de Direito Penal: parte especial. v.
3, 21 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 369).

Pelo efetivo pagamento de vantagem indevida pelos acusados


Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli aos corréus Ângelo
Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader, que aceitaram as promessas de tais

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vantagens, caracterizado está o repetido crime de corrupção ativa, derruindo

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de vez, inclusive, qualquer hipótese de desclassificação, mesmo porque
"impõe-se a condenação quando comprovadas estão a autoria e materialidade
dos delitos de (...) corrupção ativa, afastando-se o pleito desclassificatório"
(TJMG, AC nº 10079180122388001, de Contagem, Rel. Des. Pedro Coelho
Vergara).

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A jurisprudência orienta:

APELAÇÃO CORRUPÇÃO ATIVA E PASSIVA


QUALIFICADA AGENTE PENITENCIÁRIO QUE
RECEBE VANTAGEM INDEVIDA PARA INTRODUZIR
APARELHOS CELULAR NO PRESÍDIO AUTORIA E
MATERIALIDADE COMPROVADAS ABSOLVIÇÃO
Impossibilidade. Diante da confissão da acusada, aliada
às provas colhidas e aos documentos juntados, não cabe
sequer cogitar a absolvição. (...). (TJSP, AC nº
0003589-36.2005.8.24.0483, de Presidente Venceslau,
Rel. Des. J. Martins).

Dando seguimento, considero comprovadas pelo menos oito


práticas delitivas de favorecimento real, corrupção passiva e corrupção ativa,
que se adéquam ao número de depósitos realizados na conta corrente
administrada pela acusada Valdirene Alves Spader, ponto em que o casal
acusado foi interceptado discutindo a ausência de alguns repasses pela
primeira à conta do acusado Ângelo Antônio Pereira - "ÂNGELO liga pra
VALDIRENE e pergunta se ela não vai depositar a parte dele. VALDIRENE
responde que não, porque ele estava entregando dinheiro para a amante.
VALDIRENE afirma ainda que colocou o apartamento no advogado, porque
não confia nele" (mídia 57114293.Wav, de 25/05/2019, f. 975 dos autos nº
0900253-39.2019.8.24.0038) , o que leva à conclusão de que a acusada
Valdirene Alves Spader pode ter deixado de efetuar dois depósitos na conta
do companheiro, o que, todavia, não desnatura a condição dele em ter
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aceitado a promessa das vantagens ilícitas também nas duas oportunidades

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em que não houve o efetivo repasse de valores pela corré.

Dessa forma, tenho por claramente configurada a continuidade


delitiva entre cada um dos crimes de favorecimento real, bem como os de
corrupção ativa e passiva descritos na denúncia (art. 71, caput, do CP), porque
se operaram em momentos diversos, mas de forma sucessiva, tendo os

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depósitos dos valores pagos a título de propina ocorrido em média a cada
quinze dias, estes que somente eram efetivados após a confirmação do
recebimento de cada uma das remessas dos aparelhos pelos presos, certo
que "acerca do lapso temporal, um dos requisitos do crime continuado, esta
Corte tem decidido no sentido de que "inexistindo previsão legal expressa a
respeito do intervalo temporal necessário ao reconhecimento da continuidade
delitiva, presentes os demais requisitos da ficção jurídica, não se mostra
razoável afastá-la, apenas pelo fato de o intervalo ter ultrapassado 30 dias
(AgRg no AREsp n. 531.930)" (STJ, AgRg no REsp nº 1758459/PR, Rel. Min.
Leopoldo de Arruda Raposo).

Ou, "quando o agente, por meio de mais de uma ação, pratica


crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar e maneira de
execução, presume-se serem os subsequentes mera continuação do primeiro"
(TJSC, AC nº 2011.004053-4, de Campo Erê, Rel. Des. Ricardo Roesler).

De outro norte, verifica-se que, tal qual sustentou o parquet em


suas derradeiras alegações, em que pese presente a instigação do acusado
Guilherme Rosenstein à corré Valdirene Alves Spader a prosseguir na
empreitada criminosa desde muito antes instalada, não se demonstrou que a
partir do início do seu contato com a acusada perpetrou-se qualquer ato de
corrupção, inserção de aparelhos celulares no estabelecimento prisional ou,

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ainda, que o vinculasse à organização criminosa.

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É que os depósitos bancários levados a efeito nas contas
correntes administradas pelos acusados Ângelo Antonio Pereira e Valdirene
Alves Spader apenas ocorriam após a confirmação dos presos do recebimento
dos eletrônicos em suas celas, assim, e como o último depósito ilícito foi
registrado em 30.04.2019, não há como admitir a consumação de delitos após

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 01/07/2020 às 13:34 .
esse marco, nem sequer a sua tentativa.

Então, como bem se sabe, "o ajuste, a determinação ou


instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado" (art. 31 do CP).

Na lição da doutrina, "sendo a participação uma atividade


acessória, sua punição dependerá, obrigatoriamente, da conduta do autor.
Assim, se o autor der início à execução de um crime para o qual fora
determinado ou auxiliado materialmente pelo partícipe, a partir desse instante
permite-se a responsabilização penal pela participação. Caso contrário, ou
seja, se o fato praticado pelo autor permanecer tão somente na fase da
cogitação, ou mesmo naquela correspondente aos atos preparatórios, a
participação não será punível" (Rogério Greco, in Código Penal: comentado.
11 ed. Niterói, RJ: Impetus, 2017, p. 194-195).

Desse modo, reconheço a inexistência, nos autos, de provas


suficientes e seguras a embasar o édito condenatório do acusado Guilherme
Rosenstein quanto aos crimes de favorecimento real por inserção de celulares
em estabelecimento prisional, corrupção passiva e organização criminosa, e
pondero que "não é possível condenar o agente com base exclusivamente na
prova oral colhida na fase indiciária e não confirmada por nenhum elemento

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concreto em Juízo" (TJSC, AC nº 2013.052622-9, de Jaraguá do Sul, Rel. Des.

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Carlos Alberto Civinski).

Ora, a fase indiciária contou com elementos indicativos de


autoria, no entanto, não foram confirmados em juízo, em especial pelas
declarações dos acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves Spader
de que a partir do mês de maio de 2019 não realizaram mais a inserção de

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celulares na unidade prisional, elas que vêm corroboradas, como já visto, pela
quebra de sigilo bancário da dupla.

Enfim, a denúncia deságua na total improcedência em relação


ao acusado Guilherme Rosenstein, pois "constatada a insuficiência do acervo
probatório quanto à participação do réu nos delitos descritos, é de ser julgada
improcedente a denúncia, nos termos do art. 386, V, do Código de Processo
Penal" (STJ, AP nº 331/PI, Rel. Min. Aldir Passarinho Júnior).

Confira-se:

APELAÇÃO CRIMINAL. (...). RECURSO DA DEFESA.


PLEITO ABSOLUTÓRIO FUNDADO NA AUSÊNCIA DE
PROVAS DA AUTORIA. DÚVIDA ACERCA DA PRÉVIA
CIÊNCIA DO RECORRENTE SOBRE O COMETIMENTO
DO CRIME. DEPOIMENTO DO CORRÉU E DOS
POLICIAIS MILITARES QUE EFETUARAM A PRISÃO
EM FLAGRANTE QUE NÃO CONCLUEM PELA
PARTICIPAÇÃO DO APELANTE NO ILÍCITO.
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO.
ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE. INTELIGÊNCIA DO
ART. 386, V, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
SENTENÇA REFORMADA. Se da análise dos elementos
probatórios contidos nos autos não for possível extrair a
certeza necessária acerca da autoria delitiva do acusado,
a absolvição é medida obrigatória, com fundamento no
princípio in dubio pro reo. RECURSO PROVIDO (TJSC,
AC nº 2011.097325-7, de São Miguel do Oeste, Rel. Des.
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Roberto Lucas Pacheco).

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Caminhando para o fim, imputou-se também aos acusados a
constituição de organização criminosa, e concluiu o parquet que "Ângelo
Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva e Lucas
Fernando Comandolli associaram-se em organização criminosa para o
cometimento de crimes de corrupção ativa e passiva com vistas à inserção de

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aparelhos eletrônicos no Presídio Regional de Joinville" (f. 1513), em especial
porque "as provas colhidas no curso da investigação e da instrução processual
delimitaram com clareza o papel exercido por cada um dos réus no
funcionamento da organização criminosa" (f. 1513).

No entanto, "para a caracterização do crime de organização


criminosa, necessário o preenchimento concomitante de quatro requisitos: (a)
associação de quatro ou mais pessoas; (b) estruturação ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informal; (c) objetivo de obter
vantagem de qualquer natureza, seja direta ou indiretamente; (d) por meio de
infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos ou de
caráter transnacional (Lei nº 12.850/2013, art. 1º, § 1º)" (TJSC, AC nº
0900310-82.2017.8.24.0020, de Criciúma, Rel. Des. Júlio César M. Ferreira de
Melo).

Aqui, de se ver que, conquanto tenham os acusados Ângelo


Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva e Lucas
Fernando Comandolli concorrido para a prática dos crimes de corrupção e
inserção de telefones celulares no estabelecimento prisional, tudo mediante a
efetiva divisão de tarefas já exaustivamente delineada, não existe nos autos
provas da sua estruturação ordenada na prática dos ilícitos.

E "os elementos caracterizadores do novo delito começam a


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se aprofundar quando o § 1º do artigo 1º da Lei nº 12.850/2013, em sua

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definição do que deve ser entendido como organização criminosa, exige rígida
hierarquia estrutural, ao estabelecer que a organização criminosa depende da
presença de uma associação estruturalmente ordenada. Com efeito, a
hierarquia estrutural está ligada diretamente à própria idéia teórica de
organização criminosa, na qual deve existir uma detalhada e persistente
cadeia de comando a garantir que as atividades criminosas se desenvolvam

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de forma eficiente no atingimento dos objetivos do grupo delinqüencial. Assim,
tem-se um primeiro ônus probatório para que possa a acusação contra
determinada pessoa deslocar-se do delito de formação de quadrilha ou bando
e ingressar no tipo de organização criminosa, qual seja, a efetiva comprovação
da hierarquia estrutural assemelhada ao sistema empresarial. Esse dado não
pode, em hipótese alguma, ser presumido, pois diz respeito ao próprio
preenchimento do tipo penal, eis que organização criminosa, como grafado no
artigo 2º, da Lei 12.850/2013, é puro elemento normativo, que deve ser
complementado pela efetiva demonstração, no caso concreto, de que todos os
elementos de sua conceituação, prevista no § 1º do artigo 1º da mesma lei,
que devem necessariamente se fazer presentes" (TJBA, CJ nº
0019701-39.2017.8.05.0000, da Capital, Rel. Des. Mario Alberto Simoes Hirs).

Melhor dizendo, "é característica da organização criminosa a


existência de vários níveis de hierarquia" (TJFD, AC nº
0011181-83.2015.8.07.0007, de Taguatinga, Rel. Des. Sandra de Santis).

Na prática, o que se pode afirmar, com maior certeza, é que os


acusados reuniram-se em concurso de agentes com o objetivo único e
exclusivo de atender a seus interesses particulares e não para manutenção,
qualificação ou especialização de uma organização criminosa, sobretudo
porque o lapso temporal transcorrido, apesar de considerável, não parece

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exorbitante e os próprios acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves

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Spader decidiram por "espontaneamente" encerrar as práticas delitivas.

Lado outro, não olvido o envolvimento dos acusados Alex


Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli com a organização criminosa
PGC, que fez com que estejam recolhidos no pavilhão nº 5 do Presídio
Regional de Joinville, destinado apenas aos integrantes e simpatizantes,

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todavia, a denúncia passou ao largo da questão e também não foi objeto de
qualquer aditamento.

Bem como narrou o órgão ministerial, "conquanto o grupo


constituído pelos 4 denunciados fosse vinculado ao Primeiro Grupo
Catarinense (PGC), porquanto os celulares eram sempre entregues a detentos
desta facção, trata-se de organizações criminosas distintas e independentes"
(f. 1514).

De sorte que "fere o princípio da correlação a condenação do


réu por fato não atribuído na denúncia. Assim, à míngua de aditamento, a
sentença condenatória somente pode responsabilizar penalmente a conduta
descrita na inicial acusatória, de modo que deve ser afastada, de ofício, a
condenação por crime em que a conduta do agente não foi relatada" (TJSC,
AC nº 2011.025143-6, de Caçador, Rel. Des. Jorge Schaefer Martins).

A jurisprudência orienta:

SENTENÇA - CONDENAÇÃO POR FATO DIVERSO


AO DESCRITO NA DENÚNCIA - INEXISTÊNCIA
DE CORRELAÇÃO - VÍCIO INSANÁVEL - RECURSO
EXCLUSIVO DA DEFESA - ABSOLVIÇÃO QUE SE
IMPÕE - PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS -
APELO DEFENSIVO PROVIDO. Constatada nulidade
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não aventada no recurso interposto única e

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exclusivamente pela defesa, em homenagem e
respeito às Súmulas 160 e 453 do STF e do art. 617
do CPP, o melhor caminho e solução é a prolação de
decreto absolutório, eis que nova sentença poderia
advir em prejuízo ao réu. (TJSC, AC nº
1999.017140-0, de Chapecó, Rel. Des. Jorge Mussi).

Desse modo, não evidenciada a caracterização do crime

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previsto no art. 2º da Lei nº 12850/13 por ausência de estrutura ordenada e
hierárquica, imperativas as absolvições.

A bem da elucidação da questão:

APELAÇÃO CRIMINAL DEFENSIVA ORGANIZAÇÃO


CRIMINOSA- ABSOLVIÇÃO DOS APELANTES QUE
SE IMPÕE- AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES
PARA A CONDENAÇÃO - (...) - RECURSOS
PROVIDOS Se não existem nos autos provas
suficientes de que os réus formavam organização
criminosa, com todas as elementares exigidas pelo
art.art. 2.º da Lei n.º 12.850/13 para a caracterização
do delito, devem ser os apelantes absolvidos por força
do postulado do in dubio pro reo. (...). (TJMS, AC nº
0002901-98.2018.8.12.0001, de Campo Grande, Rel.
Des. Geraldo de Almeida Santiago).

Passo à aplicação das penas (art. 68, caput, do CP), seara em


que aproveito o ensejo para ressaltar a compreensão pessoal da
desproporcionalidade entre a conduta praticada pelos agentes criminosos e a
resposta estatal encartada na pena prevista para o delito de favorecimento
real na modalidade de inserção de celulares em estabelecimento prisional, no
que "chama a atenção a pequeneza, a brandura da pena (resposta Estatal ao
comportamento humano indesejado), desproporcional considerando a
gravidade da conduta incriminada. Nesse tanto, merece ser lembrada a lição
de Paulo Queiroz: "Convém notar, todavia, que o princípio da
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proporcionalidade compreende, além da proibição de excesso, a proibição de

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insuficiência da intervenção jurídico-penal. Significa dizer que, se, por um lado,
deve ser combatida a sanção penal desproporcional porque excessiva, por
outro lado, cumpre também evitar a resposta penal que fique muito aquém do
seu efetivo merecimento, dado o seu grau de ofensividade e significação
político-criminal, afinal a desproporção tanto pode dar-se para mais quanto
para menos. Exemplo disso - de insuficiência da resposta estatal - são os

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crimes de abuso de autoridade previstos na Lei 4.898/65, que comina, para as
graves infrações que define, pena de detenção de dez dias a seis meses (art.
6°, § 3°, b).". Nos artigos 319-A e 349-A temos mais exemplos de
desproporcionalidade" (Rogério Sanches Cunha, in Manual de Direito Penal:
parte especial (arts. 121 ao 361). 9. ed. rev., ampl. e atual. Salvador:
Juspodium, 2017, p. 940).

No mais, "em se tratando de crime continuado, não há falar em


fixação da pena-base de cada ilícito praticado individualmente (art. 71 do CP).
Verificado que os delitos são idênticos, aplica-se a pena de um só dos delitos,
aumentando de um sexto a dois terços" (STJ, HC nº 91430/MG, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima).

Assim, neste primeiro momento (art. 59, caput, do CP),


considero reprováveis as condutas e as culpabilidades emergem dos autos de
forma induvidosa, extrapolando a normalidade para o acusado Lucas
Fernando Comandolli, à medida que cometeu os crimes no interior do Presídio
Regional de Joinville/SC enquanto resgatava outras reprimendas (v. autos nº
0014147-44.2018.8.24.0038, 0010393-94.2018.8.24.0038,
0007610-32.2018.8.24.0038, 0005340-35.2018.8.24.0038,
0005191-39.2018.8.24.0038, 0002819-20.2018.8.24.0038 e
0024286-60.2015.8.24.0038), dando de ombros, portanto, ao caráter

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ressocializador da sanção penal, sem interesse em fazer jus ao retorno ao

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convívio da sociedade; o acusado Lucas Fernando Comandolli registra maus
antecedentes, como decorrência da condenação levada a efeito nos autos nº
0017171-51.2016.8.24.0038 que tramitaram perante o r. juízo da 4ª Vara
Criminal desta comarca de Joinville/SC, cujo trânsito em julgado para a
acusado ocorreu em 22.01.2020, uma vez que condenações referentes as
fatos anteriores com trânsito em julgado posterior "denota os seus maus

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antecedentes" (STJ, HC nº 386992/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas), e sem
ignorar que "a apreciação desfavorável dessa circunstância judicial não
comportará exclusão se se apurar, em consulta ao sistema informatizado do
tribunal, que tais registros criminais efetivamente transitaram em julgado em
data anterior à prolação da sentença, pois, pois, nesta hipótese, ressoa
evidente que, desde a prolação do provimento jurisdicional guerreado, o
magistro que o subscreveu já poderia invocá-los para o fim de qualificar o réu
como portador de maus antecedentes" (TJDF, AC nº
0011902-12.2013.8.07.0005, de Planaltina, Rel. Des. Nilsoni de Freitas
Custodio); não bastasse, as condenações certificadas à f. 1446-1447 e
1150-1152 sobejam para fins de reincidência (v. TJSC, AC nº
0000157-69.2014.8.24.0282, de Jaguaruna, Rel. Des. José Everaldo Silva),
adotada exasperação mais gravosa – dois terços – em razão dos seis registros
anteriores, afora aquele apto a configurar a agravante (v. TJSC, AC nº
0015916-56.2013.8.24.0008, de Blumenau, Rel. Des. Carlos Alberto Civinski);
nada se demonstrou de concretamente desabonador quanto às
personalidades; mas a conduta social do acusado Alex Ribeiro da Silva está a
merecer a devida aquilatação, por vir apontado, durante toda a investigação, e
após confirmado em juízo, como integrante da facção criminosa PGC,
fomentadora do desenvolvimento do tráfico de drogas neste estado
catarinense, inclusive no intramuros dos estabelecimentos prisionais, tal qual a
inserção ilícita de telefones celulares que ora se apura, que de forma alguma

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pareceu intimidar o quarteto na prática delitiva, insistindo que os arquivos

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localizados no celular dele demonstram a sua vinculação à facção, como
diálogos em que se utilizam das expressões "cunhado" e "cunhada", utilizados
reciprocamente entre os membros da organização criminosa, além da sua
alocação no pavilhão nº 5 do Presídio Regional de Joinville/SC, destinado
apenas aos integrantes da facção catarinense, notoriamente vinculada ao
Comando Vermelho atuante no Estado do Rio de Janeiro - "o Comando

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Vermelho se comprometeu a disponibilizar quantas armas fossem necessárias
aos criminosos de Santa Catarina. A facção do Rio de Janeiro ainda ofereceu
treinamento no manuseio de fuzil e metralhadoras, a ser feito nos morros
cariocas" (v. https://www.nsctotal.com.br/noticias/pgc-e-comando-vermelho-do-
rio-de-janeiro-mantem-alianca-desde-2011) -, razão pela qual "demonstrado o
envolvimento do acusado com facção criminosa amplamente vascularizada
pelo Estado de Santa Catarina, viável se mostra a exasperação da pena-base
no que toca à conduta social" (TJSC, AC nº 0002748-51.2017.8.24.0006, de
Barra Velha, Rel. Des. Luiz Antônio Zanini Fornerolli); deixo de considerar o
engajamento à facção criminosa como vetor desfavorável ao acusado Lucas
Fernando Comandolli em razão de estar sendo processado pela figura típica
desta conduta (v. autos nº 0906081-16.2019.8.24.0038), durante o mesmo
período; os motivos são inerentes aos tipos penais; as circunstâncias, apesar
da gravidade concreta do corrompimento, com prejuízo à retirada do convívio
social inerente ao cárcere, não merecem aquilatação porque os acusados
respondem pelo crime específico; as consequências sim são graves e exigem
resposta adequada, porque as oito remessas de telefones celulares
totalizaram nada menos que quarenta aparelhos eletrônicos sob a guarda dos
internos, utilizados, como se sabe, na determinação de práticas criminosas
efetivadas na comunidade, que são arquitetadas e determinadas, em sua
grande maioria, de dentro das unidades prisionais, de modo que os celulares
são a forma que os internos encontraram de não perder contato com o mundo

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exterior e também, em muitas das vezes, a posição de destaque que ocupam

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nas organizações criminosas, valendo o registro de que "muralhas, arames
farpados e sistemas de vigilância não são capazes de impedir detentos de
cometer novos crimes e orientar comparsas nas ruas. Quatro complexos
penitenciários, localizados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, em
Santa Catarina e Maranhão são apontados por juízes, promotores e
advogados como os principais focos de concentração de facções. Os líderes

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presos atuam como "conselheiros deliberativos" para crimes que acontecem
do lado de fora – de ataques ao poder público à execução de desafetos. (...)
Nas escutas, o mais comum é flagrar crimes relacionados a cobranças de
dívidas, execuções dos tribunais do crime"" (v.
https://veja.abril.com.br/brasil/ordens-de-chefes-do-crime-partem-de-quatro-
penitenciarias/).

Então, como "a legislação penal deixou de indicar a fração de


aumento exata para incidir sobre as circunstâncias judiciais consideradas
desabonadoras, assim como sobre as circunstâncias agravantes, de modo que
as decisões rumam, comumente, à adoção do patamar de 1/6 (um sexto). Por
outro lado, é certo que a aplicação da pena insere-se dentro de um juízo de
discricionariedade do julgador que, atento às exigências fáticas do caso e
subjetivas do réu, pode exceder aquele percentual, desde que respeitados os
parâmetros legais e o dever de fundamentação" (TJSC, RC nº
4001182-17.2017.8.24.0000, de Joinville, Rel. Des. Volnei Celso Tomazini),
fixo as penas-base para os acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene
Alves Spader em quatro meses de detenção para cada crime de favorecimento
real e em dois anos de reclusão, com dez dias-multa, para cada crime de
corrupção passiva; para o acusado Alex Ribeiro da Silva em quatro meses e
quinze dias de detenção para cada crime de favorecimento real e dois anos e
quatro meses de reclusão, com onze dias-multa, para cada crime de corrupção

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ativa; e para o acusado Lucas Fernando Comandolli em seis meses e quinze

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dias de detenção para cada crime de favorecimento real e em três anos e oito
meses de reclusão, somados de dezessete dias-multa, para cada crime de
corrupção ativa.

Na segunda fase, aplica-se a atenuante da confissão


espontânea para os acusados Ângelo Antônio Pereira e Valdirene Alves

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Spader (art. 65, III, "d" do CP), ela que traz a pena de cada crime de
favorecimento real do primeiro de volta a três meses e dez dias de detenção,
não altera a pena de cada crime de corrupção passiva (v. Súmula nº 231 do
STJ) e se compensa com a agravante da reincidência quanto à primeira (art.
61, I do CP) nos autos nº 00029108-34.2011.8.24.0038 (f. 1126).

Por outro lado, é dupla a reincidência do acusado Lucas


Fernando Comandolli (art. 61, I do CP), decorrente das condenações nos
autos nº 0809095-73.2014.8.24.0038 e 0801757-78.2014.8.24.0038 (f. 1154 e
1155), ele que também confessou os crimes (art. 65, III, "d" do CP), de modo
que "é possível efetuar a compensação parcial da atenuante da confissão
espontânea com a agravante da reincidência, quando for dupla a reincidência"
(TRF4, AC nº 5003295-58.2018.4.04.7002/PR, Rel. Des. Fed. Salise Monteiro
Sanchotene), mantenho a incidência de somente uma, pelo que aumento a
pena em um sexto, a qual fica provisoriamente fixada em sete meses e
dezessete dias de detenção para cada crime de favorecimento real e em
quatro anos, três meses e dez dias de reclusão para cada crime de corrupção
ativa, com a ressalva de que "diversamente do que ocorre com a pena
privativa de liberdade, a pena de multa está sujeita ao critério bifásico, não
podendo ser majorada ou minorada em razão da existência de circunstâncias
atenuantes ou agravantes" (TJSC, AC nº 2012.060980-5, de Rio do Sul, Rel.
Des. Roberto Lucas Pacheco).

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Na última etapa, incide para os acusados Ângelo Antônio
Pereira e Valdirene Alves Spader a causa de aumento de pena prevista no art.
327, § 2º do CP para cada crime de corrupção passiva, o que leva a
reprimenda da dupla a dois anos e oito meses de reclusão, com treze dias-
multa. Para os acusados Alex Ribeiro da Silva e Lucas Fernando Comandolli,
aplica-se também a majorante prevista no parágrafo único do art. 333 do CP, o

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que faz subir a pena do primeiro ao patamar de três anos, um mês e dez dias
de reclusão, mais catorze dias-multa, e a do último a cinco anos, oito meses e
treze dias de reclusão, somados de vinte e dois dias-multa.

Por fim, incide a causa de aumento atrelada à continuidade


delitiva quanto a cada um dos crimes de favorecimento real mediante a
inserção de celular em estabelecimento prisional, de corrupção ativa e de
corrupção passiva (art. 71, caput, do CP), razão pela qual se reconhece a
prática de um único crime de cada espécie, cujas penas ficam majoradas em
dois terços (v. STJ, HC nº 1699051/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz), de
modo que, agora, as reprimendas dos crimes de favorecimento real alcançam
o patamar de cinco meses e dezesseis dias de detenção para o acusado
Ângelo Antônio Pereira, seis meses e vinte dias de detenção para a acusada
Valdirene Alves Spader, sete meses e quinze dias de detenção para o
acusado Alex Ribeiro da Silva e um ano e dezoito dias de detenção para o
acusado Lucas Fernando Comandolli; enquanto as penas para os crimes de
corrupção passiva atingem a soma de quatro anos, cinco meses e dez dias de
reclusão, com vinte e um dias-multa, para cada um dos acusados Ângelo
Antonio Pereira e Valdirene Alves Spader, e, finalmente, as reprimendas pelos
crimes de corrupção ativa chegam a cinco anos, dois meses e seis dias de
reclusão, mais vinte e três dias-multa, para o acusado Alex Ribeiro da Silva, e
nove anos, seis meses e um dia de reclusão, com trinta e seis dias-multa para

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o acusado Lucas Fernando Comandolli, estas que desde já torno definitivas,

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destacando que apesar de configurado o concurso material (art. 69, caput, do
CP) entre os crimes de corrupção - tanto na modalidade ativa como passiva - e
o de favorecimento real, "diante da natureza distinta das penas de reclusão e
detenção e levando em conta a redação dos artigos 69 e 76 do Código Penal,
mostra-se impossível somar a pena de reclusão com a pena de detenção"
(TJSC, AEP nº 0000801-18.2017.8.24.0052, de Porto União, Rel. Des. Paulo

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Roberto Sartorato).

Fixo os valores dos dias-multa sempre no valor mínimo legal


(art. 49, § 1º do CP), à míngua de elementos que permitam apurar as
capacidades econômicas dos acusados (art. 60, caput, do CP).

Em razão das ruins circunstâncias judiciais, das reincidências


e das quantidades de pena, adoto o regime fechado para o resgate inicial da
pena de reclusão dos acusados Valdirene Alves Spader e Lucas Fernando
Comandolli (art. 33, §§ 2º, "a" e 3º do CP), destacando, quanto à primeira, que
"não é viável a fixação de regime de cumprimento diverso do inicialmente
fechado ao acusado reincidente condenado a pena superior a quatro anos de
reclusão" (TJSC, AC nº 0003822-59.2019.8.24.0038, de Tubarão, Rel. Des.
Sérgio Rizelo), enquanto os acusados Ângelo Antônio Pereira e Alex Ribeiro
da Silva iniciarão o resgate da pena de reclusão em regime semiaberto (art.
33, § 2º, "b" do CP).

Diferente, adoto o regime inicial semiaberto quanto às penas


de detenção dos dois primeiros (Valdirene Alves Spader e Lucas Fernando
Comandolli) e o aberto para as penas de detenção dos últimos (Ângelo
Antonio Pereira e Alex Ribeiro da Silva), pois que "a de detenção deve ser
cumprida, inicialmente, em regime semiaberto (acima de quatro anos ou

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reincidente), ou aberto (não superior a quatro anos, sendo primário o agente).

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A regressão (sanção imposta ao reeducando faltoso) pode fazer com que um
crime, punido com detenção, seja executado no fechado (porém, como
incidente da execução, jamais como regime inicial - art. 33, caput, do CP e 133
da LEP)" (Rogério Sanches Cunha, in Código Penal para concursos. 7.ed.
Salvador: Juspodium, 2014, p. 124).

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São de todo incogitáveis as substituições por penas restritivas
de direito (art. 44, I, II e III e art. 69, § 1º, ambos do CP), ou mesmo concessão
de sursis (art. 77, caput, I e II, do CP).

À derradeira, faço constar que ''a interpretação a contrario


sensu do artigo 92, parágrafo único, do Código Penal, mostra serem tais
efeitos automáticos, ou seja, não precisam ser expressamente declarados na
sentença. Toda condenação os produz" (Cleber Masson, in Direito Penal
Esquematizado - parte geral. 2.ed. São Paulo: Método, 2009, p. 791).

O efeito extrapenal da perda do cargo ou da função pública é


cabível, em qualquer hipótese, quando a pena for superior a quatro anos (art.
92, I, "b" do CP) ou nos casos específicos de crimes cometidos com abuso de
poder ou violação de dever para com a administração pública, quando exceder
um ano (art. 92, I, "a", do CP).

Imperativa, assim, a perda do cargo do acusado Ângelo


Antônio Pereira, seja em razão da quantidade de penas aplicadas ou porque,
sem dúvida alguma, os crimes foram praticados com grave violação de dever
para com a administração pública, afinal, figurou como elemento indispensável
no concurso de agentes para a prática do crime de inserção de telefones
celulares no Presídio Regional de Joinville/SC ao longo de pelo menos meio

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ano, sempre mediante considerável contraprestação pecuniária dos

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particulares envolvidos no esquema criminoso, fato que caracterizou também a
prática do crime de corrupção passiva, isso tudo, frise-se, na qualidade de
agente prisional, de quem se esperava justamente o contrário, em especial
porque dentre suas funções deveria "atuar em conformidade com a Lei de
Execuções Penais" (item 29 do anexo II da Lei Complementar nº 675/2016),
que por sua vez veda o acesso de presos a aparelhos telefônicos (art. 50, VII

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da LEP).

Cita-se:

REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO. LAUDO
PERICIAL QUE NÃO APONTA AS LESÕES
SOFRIDAS. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. PERDA DO CARGO
PÚBLICO. EFEITO EXTRAPENAL DA CONDENAÇÃO.
AGENTES PENITENCIÁRIOS. CRIME COMETIDO
COM ABUSO DE PODER. POSSIBILIDADE.
RECURSO IMPROVIDO. 1. Desconstituir o
entendimento do Tribunal de origem, para se
reconhecer que o laudo pericial não identificou as
lesões sofridas pela vítima e concluir pela inexistência de
prova para a condenação, exigiria o reexame do conjunto
fático-probatório dos autos, inviável na via eleita ante o
óbice da Súmula 7/STJ. 2. A perda do cargo público,
como consequência extrapenal, está devidamente
fundamenta em razão da quantidade da pena aplicada e
por terem os agentes penitenciários se valido do cargo
para a prática do delito. 3. Não há que se falar em
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos, haja vista que a violência ou grave ameaça
é elemento do tipo do crime de coação no curso do
processo (art. 344 do CP), pelo qual os acusados foram
condenados, não se verificando o cumprimento do
requisito exigido pelo artigo 44 do Código Penal. 4.
Agravo regimental desprovido(STJ, AgRg no AREsp nº
1031908/DF, Rel. Min. Jorge Mussi).
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Sob perspectiva diversa, descabe cogitar do decreto de

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perdimento desejado nas alegações ministeriais (f. 1516 e nota de rodapé), o
que pressupunha a apreensão física dos valores, inexistente nesta ação penal,
que não contou com pleitos de medidas assecuratórias cautelares tanto nas
investigações quanto durante a tramitação, enquanto os objetos retidos são de
diminuto valor econômico, irrisório em comparação ao valor buscado,
recomendando as inutilizações (art. 317, IV do CNCGJ).

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Diante de todo o exposto, julgo procedente em parte a
denúncia para absolver Guilherme Rosenstein da imputação de cometimento
de delitos tipificados no art. 317, caput, no art. 349-A, ambos do CP, e no art.
2º da Lei nº 12850/13, o que faço com amparo no art. 386, VII do CPP, e
absolver Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader, Alex Ribeiro da Silva
e Lucas Fernando Comandolli da imputação de cometimento do delito
tipificado no art. 2º da Lei nº 12850/13, o que faço com amparo no art. 386, VII
do CPP. Condeno, todavia, Ângelo Antônio Pereira ao cumprimento das penas
privativas de liberdade de cinco meses e dezesseis dias de detenção, em
regime aberto, e quatro anos, cinco meses e dez dias de reclusão, em regime
inicial semiaberto, mais o pagamento de vinte e um dias-multa, no valor
unitário mínimo (art. 49, § 1º do CP), por infração ao art. 317, caput, c/c art.
327, § 2º, e art. 349-A, todos do CP, por oito vezes cada, na forma do art. 71,
caput, do CP entre os delitos da mesma espécie e na forma do art. 69, caput,
também do CP, entre os delitos de espécies distintas. Condeno, também,
Valdirene Alves Spader ao cumprimento das penas privativas de liberdade de
seis meses e vinte dias de detenção, em regime inicial semiaberto, e quatro
anos, cinco meses e dez dias de reclusão, em regime inicial fechado, mais o
pagamento de vinte e um dias-multa, no valor unitário mínimo (art. 49, § 1º do
CP), por infração ao art. 317, caput, c/c art. 327, § 2º, e art. 349-A, todos do
CP, por oito vezes cada, na forma do art. 71, caput, do CP entre os delitos da

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mesma espécie e na forma do art. 69, caput, também do CP, entre os delitos

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de espécies distintas. Condeno, ainda, Alex Ribeiro da Silva ao cumprimento
das penas privativas de liberdade de sete meses e quinze dias de detenção,
em regime aberto, e cinco anos, dois meses e seis dias de reclusão, em
regime inicial semiaberto, mais o pagamento de vinte e três dias-multa, no
valor unitário mínimo (art. 49, § 1º do CP), por infração ao art. 333, parágrafo
único, e art. 349-A, ambos do CP, por oito vezes cada, na forma do art. 71,

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caput, do CP entre os delitos da mesma espécie e na forma do art. 69, caput,
também do CP, entre os delitos de espécies distintas. Condeno, por fim, Lucas
Fernando Comandolli ao cumprimento das penas privativas de liberdade de
um ano e dezoito dias de detenção, em regime inicial semiaberto, e nove anos,
seis meses e um dia de reclusão, em regime inicial fechado, mais o
pagamento de trinta e seis dias-multa, no valor unitário mínimo (art. 49, § 1º do
CP), por infração ao art. 333, parágrafo único, e art. 349-A c/c art. 29, caput,
todos do CP, por oito vezes cada, na forma do art. 71, caput, do CP entre os
delitos da mesma espécie e na forma do art. 69, caput, também do CP, entre
os delitos de espécies distintas. Nego a substituição das reprimendas por
restritivas ou a concessão de sursis, conforme a fundamentação. Custas pelos
quatro acusados condenados (art. 804 do CPP). Concedo aos acusados
Ângelo Antônio Pereira, Valdirene Alves Spader e Lucas Fernando Comandolli
o direito de recorrerem em liberdade (art. 387, § 1º do CPP), benesse
inaplicável ao acusado Alex Ribeiro da Silva, sem incompatibilidade disso com
o regime adotado (v. STJ, RHC nº 45421/SC, Rel. Des. Conv. Newton
Trisotto), pois permaneceu preso durante toda a tramitação e persistem os
fundamentos declinados à f. 1023-1025 e reavaliados à f. 1203-1204,
1309-1311 e 1469-1470, caso em que "não configura ilegalidade a remissão,
na sentença, aos motivos do ato que implicara a prisão preventiva, dada a
ausência de alteração do quadro fático-processual desde a data da decretação
da referida medida" (STF, HC nº 101248/CE, Rel. Min. Luiz Fux), afinal, "não

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há lógica em deferir ao condenado o direito de recorrer solto quando

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permaneceu segregado durante a persecução criminal, se persistentes os
motivos para a preventiva" (STJ, HC nº 396974/BA, Rel. Min. Jorge Mussi).
Decreto a perda do cargo do cargo público ocupado pelo acusado Ângelo
Antônio Pereira (art. 92, I, "a" do CP). Mantenho, outrossim, as medidas
cautelares diversas da prisão direcionadas aos acusados Valdirene Alves
Spader e Ângelo Antonio Pereira na decisão de f. 719-720 dos autos nº

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0900253-39.2019.8.24.0038, cujas necessidade e adequação naturalmente
vêm reforçadas pela fundamentação veiculada nesta sentença. Transitada em
julgado, atualizem-se os históricos de parte, com automáticas inclusões no rol
dos culpados (art. 1º, I do Apêndice XVI do CNCGJ) e comunicação à Justiça
Eleitoral (art. 1º do Provimento nº 04/2011 da CGJ), efetue-se o cálculo e
intimação para pagamento das custas (art. 175 do CNCGJ) e das penas de
multa (art. 381 do CNCGJ), aguardando-se pela execução ministerial destas
últimas no prazo de noventa dias (v. Circular nº 121/2020 da CGJ), cadastrem-
se no CNCIAI (art. 1º, I, "e" da LC nº 64/90 e art. 1º da Resolução nº 44/2007
do CNJ), inutilizem-se as mídias depositadas em cartório (art. 317, IV do
CNCGJ) e os eletrônicos que permanecerem retidos sem reclamação em
prazo de noventa dias (art. 123 do CPP), formem-se os processos de
execução definitivos (art. 1º da Resolução nº 113/2010 do CNJ), expeçam-se
mandados de prisão em desfavor dos acusados Ângelo Antônio Pereira,
Valdirene Alves Spader e Lucas Fernando Comandolli (art. 283, caput, do
CPP), a serem registrados (art. 289-A, caput, do CPP e art. 5º, caput, da
Resolução nº 251/2018 do CNJ), contendo as informações imprescindíveis
(art. 6º, caput, da Resolução nº 251/2018 do CNJ) e, se existente o provisório
para o acusado Alex Ribeiro da Silva, disponibilizem-se as peças para
conversão (art. 11 da Resolução nº 113/2010 do CNJ), e oficie-se à autoridade
administrativa competente para ciência da decretação da perda da função
pública pelo acusado Ângelo Antônio Pereira (art. 691 do CPP).

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De imediato, formem-se incidentes de restituição em apartado,
o primeiro a iniciar pela petição de f. 1550-1558 e os documentos de f. 1576,
1578, 1581 e 1583, ademais com cópias dos termos de apreensão de f. 946-
948, 955-957 e 961 e desta sentença condenatória, e o segundo a iniciar pela
petição de f. 1585-1587, com cópia do termo de apreensão de f. 1110 dos
autos nº 0900253-39.2019.8.24.0038, seguindo-se neste último caso a

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intimação do requerente para comprovação cabal das propriedades do
telefone celular, no prazo de cinco dias (art. 120, § 1º do CPP), e em ambos a
abertura de vista ao Ministério Público (art. 120, § 3º do CPP).

Também de imediato, informe-se a prisão do acusado Alex


Ribeiro da Silva ao r. juízo da 1ª Vara Criminal desta comarca de Joinville/SC
para instrução dos autos nº 0041921-93.2011.8.24.0038, certifique-se a prisão
dele nos autos nº 0002195-73.2015.8.24.0038 e recomende-se onde se
encontra preso.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Joinville (SC), 26 de junho de 2020.

Luís Paulo Dal Pont Lodetti


Juiz de Direito

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NOTEBOOK 14”

Angelo Ant onio Pereira


Adquirido em 20/ 02/ 2014

- ANEXO: Declaração de NOTA FISCAL


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Financiado

- ANEXO: NOTA FISCAL


Adquirido em 12/ 12/ 2017
CELULAR M OTOROLA M OTO G5

CÉDULA DE CRÉDITO DO FINANCIAM ENTO


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Scanned by TapScanner
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4026.
fls. 137

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4026.
Celular POSITIVO

- ANEXO: NOTA FISCAL


Angelo Ant onio Pereira
Adquirido em 19/ 06/ 2019
fls. 136

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4027.
fls. 137

Scanned by TapScanner
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4027.
Celular SAM SUNG J2

- ANEXO: NOTA FISCAL


Angelo Ant onio Pereira
Adquirido em 14/ 05/ 2019
fls. 137

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4028.
fls. 138

Scanned by TapScanner
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por NOEMIA LEONIDA BORGES e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:17 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4028.
fls. 138

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4185.
fls. 139

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4185.
fls. 140

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4185.
fls. 141

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:22 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F4185.
fls. 142

PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA


Comarca - Joinville
2ª Vara Criminal Réu Preso
Processo n. 0001694-46.2020.8.24.0038

CERTIDÃO
Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC
Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outro

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F436F.
:

CERTIFICO que por inconsistência do sistema SAJ, a petição a ser copiada na


documentação de pp. 10-13 e 134-137, não trouxe os documentos solicitados, que
ao final foram digitalizados nas pp. 138-141.

Joinville (SC), 03 de julho de 2020.

Cristina Soares
M10606

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:31 .

1
fls. 143

PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA


Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal Réu Preso
Processo n. 0001694-46.2020.8.24.0038

ATO ORDINATÓRIO
Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC
Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outro

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F43E1.
:

Encaminho os presentes autos para manifestação do Ministério Público.

Joinville (SC), 03 de julho de 2020.

Cristina Soares
M10606

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:32 .

1
fls. 144

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 192F43EE.
CERTIDÃO DE REMESSA PARA O PORTAL ELETRÔNICO

Autos nº 0001694-46.2020.8.24.0038

Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC


Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outros
:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 12:33 .
CERTIFICA-SE, que em 03/07/2020 o ato judicial anexo foi
encaminhado para publicação no portal eletrônico.

Movimentação relacionada ao ato remetido: Encaminho os presentes


autos para manifestação do Ministério Público.

Joinville (SC), 03 de julho de 2020.

Ministério Público do Estado de Santa Catarina


Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Advogado Selecionado << Informação indisponível >>

Endereço: Av. Hermann August Lepper, 980, Saguaçú - CEP 89221-902, Fone: (47) 3461-8576, Joinville-SC - E-mail:
joinville.criminal2@tjsc.jus.br
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PR e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 03/07/2020 às 19:38 .
fls. 145

SC
PODER JUDICIÁRIO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19300A8A.
CIÊNCIA DA INTIMAÇÃO

Autos nº: 0001694-46.2020.8.24.0038


Foro: Joinville

Declaramos ciência nesta data, através do acesso ao portal eletrônico, do teor do


ato transcrito abaixo.

Data da Intimação: 03/07/2020 19:33:11


Prazo: 5 dias
Intimado: Ministério Público de Santa Catarina
Teor do Ato: Encaminho os presentes autos para manifestação do Ministério
Público.

Joinville (SC), 3 de Julho de 2020


.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANE NICOLI GRACIANO e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, protocolado em 03/07/2020 às 19:33 , sob o número WJVE20200172972
fls. 146

______________________________________________________________________________________________________________________
7ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE JOINVILLE

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA


COMARCA DE JOINVILLE/SC

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19300AC7.
Autos n. 0001694-46.2020.8.24.0038

Trata-se de pedido de restituição formulado por ÂNGELO


ANTONIO PEREIRA E VALDIRENE ALVES SPADER, visando à devolução dos
aparelhos celulares e notebook apreendidos em decorrência do cumprimento da
medida de busca e apreensão deferida por este Juízo no incidente cautelar n.
0900243-39.2019.8.24.0038.
Os autos vieram ao Ministério Público para manifestação.
É o relatório.
Comprovou-se a propriedade do notebook Positivo, smartphone
Samsung G2, aparelho celular Motorola Moto G5 e Smartphone positivo (pp.
184-141).
Impende destacar, contudo que, em análise do Auto de Busca e
Apreensão também colacionado, infere-se que, dos bens comprovados, apenas o
celular Motorola e o notebook Positivo foram apreendidos. Os demais bens listados
são estranhos ao processo, não devendo ser objeto de análise deste pleito.
Ademais, cumpre observar que outros bens também foram apreendidos na posse
dos requerentes, não tendo estes, no entanto, comprovado tal a propriedade.
Constata-se que os aparelhos outrora apreendidos já foram
periciados e já proferida sentença na ação penal correspondente.
Logo, embora não tenha havido o trânsito em julgado, a instrução já
fora encerrada, de modo que os bens em questão não mais interessam ao
processo.

______________________________________________________________________________________________________________________
R. Hermann Augusto Lepper, 980 Fórum de Joinville - Saguaçú - CEP: 89221-902 - Joinville/SC - Telefone: Telefone do órgão <<
Nenhuma informação disponível >>
Joinville07PJ@mpsc.mp.br
1-2
.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ADRIANE NICOLI GRACIANO e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, protocolado em 03/07/2020 às 19:33 , sob o número WJVE20200172972
fls. 147

______________________________________________________________________________________________________________________
7ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE JOINVILLE

Portanto, inexistem motivos para manutenção da apreensão do


bens cuja propriedade já restou comprovada.

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19300AC7.
Diante desses fundamentos, manifesta-se o Ministério Público
favorável ao pedido de restituição notebook Positivo e do aparelho celular Motorola
Moto G5.

Joinville, 03 de julho de 2020.

[assinado digitalmente]
ADRIANE NICOLI GRACIANO
Promotora de Justiça Substituta

______________________________________________________________________________________________________________________
R. Hermann Augusto Lepper, 980 Fórum de Joinville - Saguaçú - CEP: 89221-902 - Joinville/SC - Telefone: Telefone do órgão <<
Nenhuma informação disponível >>
Joinville07PJ@mpsc.mp.br
2-2
fls. 148

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal

Autos n° 0001694-46.2020.8.24.0038

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19320FF8.
Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC
Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outro
:

Vistos etc.

É certo que "é possível a restituição de bens apreendidos


antes do trânsito em julgado da sentença final, contudo a devolução depende
do fato de os bens apreendidos não interessarem ao processo e de não haver

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 06/07/2020 às 17:37 .
dúvidas quanto ao direito sobre eles reivindicado (arts. 118 e 120 do CPP)"
(STJ, AgRg no REsp nº 1541017/ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior).

Neste caso, há comprovação da propriedade do notebook e do


telefone celular Motorola G5 listados no auto de apreensão juntado à f. 17,
através dos documentos de f. 138 e 139, e também dos aparelhos de telefone
celular marcas Positivo e Samsung listados à f. 20, conforme os documentos
de f. 140 e 141.

Assim, "o art. 120 do Código de Processo Penal dispõe que,


caso não exista dúvida quanto ao direito do Requerente, a restituição de bens
poderá ser ordenada pela autoridade judicial" (STJ, AgRg no Ag nº
1164691/MG, Rel. Min. Laurita Vaz).

Por outro lado, faltou demonstração razoável no que diz


respeito ao telefone celular da marca LG, e repito, "a prova inequívoca da
propriedade do bem é requisito indispensável à sua restituição" (STJ, AgRg na
Pet nº 10042/AP, Rel. Min. João Otávio de Noronha).

Diante disso, defiro em parte a restituição pleiteada à f. 06-07,


mediante termo.

Tudo feito, desapensem-se e arquive-se, com cópia no


principal.

Intimem-se.

Joinville (SC), 06 de julho de 2020.

Luís Paulo Dal Pont Lodetti


Juiz de Direito

Endereço: Av. Hermann August Lepper, 980, Saguaçú - CEP 89221-902, Fone: (47) 3461-8576, Joinville-SC - E-mail:
joinville.criminal2@tjsc.jus.br
fls. 149

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal

CERTIDÃO DE REMESSA PARA O PORTAL ELETRÔNICO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 1932332B.
Autos nº 0001694-46.2020.8.24.0038

Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC


Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outros
:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 06/07/2020 às 17:37 .
CERTIFICA-SE, que em 06/07/2020 o ato judicial anexo foi
encaminhado para publicação no portal eletrônico.

Movimentação relacionada ao ato remetido: Diante disso, defiro em


parte a restituição pleiteada à f. 06-07, mediante termo. Tudo feito, desapensem-se e
arquive-se, com cópia no principal. Intimem-se.

Joinville (SC), 06 de julho de 2020.

Ministério Público do Estado de Santa Catarina


Ministério Público do Estado de Santa Catarina
Advogado Selecionado << Informação indisponível >>

Endereço: Av. Hermann August Lepper, 980, Saguaçú - CEP 89221-902, Fone: (47) 3461-8576, Joinville-SC - E-mail:
joinville.criminal2@tjsc.jus.br
fls. 150

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE JOINVILLE Emitido em: 08/07/2020 20:04
Certidão - Processo 0001694-46.2020.8.24.0038 Página: 1

.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, protocolado em 01/07/2020 às 12:30 , sob o número DJVE20000040021
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 193596EE.
CERTIDÃO DE REMESSA DE RELAÇÃO

Certifico que o ato abaixo consta da relação nº 0435/2020, encaminhada para publicação.

Advogado Forma
Noemia Leonida Borges (OAB 29759/SC) D.J

Teor do ato: "Diante disso, defiro em parte a restituição pleiteada à f. 06-07, mediante termo. Tudo feito,
desapensem-se e arquive-se, com cópia no principal. Intimem-se."

Joinville, 8 de julho de 2020.


fls. 151

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE JOINVILLE Emitido em: 10/07/2020 09:30
Certidão - Processo 0001694-46.2020.8.24.0038 Página: 1

.
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, protocolado em 01/07/2020 às 12:30 , sob o número DJVE20000040021
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19377882.
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO DE RELAÇÃO

Certifico que o ato abaixo, consta da relação nº 0435/2020, inclusa no Diário da Justiça Eletrônico nº
3341, cuja data de publicação considera-se o dia 10/07/2020, com início do prazo em 01/01/1900, conforme
disposto no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça e Resolução n° 04/07-TJ.

Advogado Prazo em dias Término do prazo


Noemia Leonida Borges (OAB 29759/SC) 5 05/01/1900

Teor do ato: "Diante disso, defiro em parte a restituição pleiteada à f. 06-07, mediante termo. Tudo feito,
desapensem-se e arquive-se, com cópia no principal. Intimem-se."

Joinville, 10 de julho de 2020.


Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA PR e SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 10/07/2020 às 19:27 .
fls. 152

SC
PODER JUDICIÁRIO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19386F9F.
CIÊNCIA DA INTIMAÇÃO

Autos nº: 0001694-46.2020.8.24.0038


Foro: Joinville

Declaramos ciência nesta data, através do acesso ao portal eletrônico, do teor do


ato transcrito abaixo.

Data da Intimação: 10/07/2020 19:07:59


Prazo: 5 dias
Intimado: Ministério Público de Santa Catarina
Teor do Ato: Diante disso, defiro em parte a restituição pleiteada à f. 06-07,
mediante termo. Tudo feito, desapensem-se e arquive-se, com cópia no principal.
Intimem-se.

Joinville (SC), 10 de Julho de 2020


fls. 153

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SANTA CATARINA - COMARCA DE JOINVILLE Emitido em: 14/07/2020 19:05
Certidão - Processo 0001694-46.2020.8.24.0038 Página: 1

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 193C075F.
CERTIDÃO DE PUBLICAÇÃO DE RELAÇÃO

Certifico e dou fé que o ato abaixo, consta da relação nº 0435/2020, inclusa no Diário da Justiça
Eletrônico nº 3341, cuja data de publicação considera-se o dia 10/07/2020, com início do prazo em
13/07/2020, conforme disposto no Código de Normas da Corregedoria Geral da Justiça e Resolução n°
04/07-TJ.

Advogado Prazo em dias Término do prazo


Noemia Leonida Borges (OAB 29759/SC) 5 17/07/2020

Teor do ato: "Diante disso, defiro em parte a restituição pleiteada à f. 06-07, mediante termo. Tudo feito,

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODNEI COSTA FLORES, liberado nos autos em 14/07/2020 às 19:05 .
desapensem-se e arquive-se, com cópia no principal. Intimem-se."

Do que dou fé.


Joinville, 14 de julho de 2020.

Escrivã(o) Judicial
fls. 154

PODER JUDICIÁRIO DE SANTA CATARINA


Comarca de Joinville
2ª Vara Criminal
Processo n. 0001694-46.2020.8.24.0038

CERTIDÃO DE ARQUIVAMENTO
Ação: Restituição de Coisas Apreendidas/PROC
Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outro

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 194ED5F8.
:

CERTIFICO, com relação aos autos em epígrafe, em cumprimento ao Código de Normas da


Corregedoria-Geral da Justiça, informando o seguinte:

I a existência de sentença de extinção, decisão terminativa ou acórdão transitado em julgado e de


ordem judicial para o arquivamento definitivo;

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SANTA CATARINA TRIBUNAL DE JUSTICA, liberado nos autos em 30/07/2020 às 17:54 .
II a inexistência de petições/documentos pendentes de juntada;

III - a inexistência de depósitos judiciais, requisição de precatório ou pagamento de obrigações de


pequeno valor pendentes de pagamento;

IV a inexistência de bens apreendidos ou acautelados em depósitos iniciais pendentes de


destinação; e

V a inexistência de penhora/hipoteca e de depósito incidente sobre móveis e imóveis pendentes de


levantamento.

E, em cumprimento à decisão judicial, arquivo os presentes autos.

Joinville (SC), 30 de julho de 2020.

Maristela Maria Maia


M3841

1
fls. 155

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca - Joinville
2ª Vara Criminal

Ofício n. 0001694-46.2020.8.24.0038-0-0001
Joinville, 25 de setembro de 2020

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19894A5D.
Autos n. 0001694-46.2020.8.24.0038
Ação: Restituição de Coisas Apreendidas
Requerente: Ângelo Antônio Pereira e outro /
Juiz de Direito: Luís Paulo Dal Pont Lodetti
Analista Jurídico: Maristela Maria Maia

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por LUIS PAULO DAL PONT LODETTI, liberado nos autos em 25/09/2020 às 18:13 .
Senhor Delegado,

Encaminho a Vossa Senhoria cópia da r. Decisão deferindo a


restituição do notebook apreendido a Valdirene Alves Spader.
Atenciosamente,

Luís Paulo Dal Pont Lodetti


Juiz de Direito
Código de Normas da Corregedoria-Geral de Justiça Art. 212
DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE
Lei nº 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”.
(via e-mail)

GAECO Joinville - SC
Rua Dona Francisca, 1020, Saguacu
Joinville-SC
CEP 89221-006

Endereço: Av. Hermann August Lepper, 980, Saguaçú - CEP 89221-902, Fone: (47) 3130-8576, Joinville-SC - E-mail: joinville.criminal2@tjsc.jus.br
0123021010 45678798
5  75   48678  456
6789:9;:<=>?@7?A>97B>>C
fls. 156

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 198FEC79.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 06/10/2020 às 14:40 .

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TERMO DE RESTITUIÇÃO

Aos 13 dias do mês de outubro de 2020, na sede do Grupo de Atuação


Especial de Combate às Organizações Criminosas - GAECO, da região de Joinville, o
subscritor, ERIC ISSAO URATANI, Delegado de Polícia cedido ao GAECO de Joinville,
nos autos n° 0001694-46.2020.8.24.0038, procedeu à restituição do objeto apreendido,
abaixo discriminado, à recebedora, Senhora VALDIRENE ALVES SPADER, portadora
da cédula de identifidade RG n° 4.200.431, inscrita no CPF sob n° 030.602.469-12:

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 15/10/2020 às 12:37 .
- notebook, marca POSITIVO, 55006, n° série 1A700XH1V.

Joinville, 13 de outubro de 2020.

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Recebedora:
VALDIRENE ALVES SPADER

Rua Dcns Frandsca. n, 1020, bairro Saguaçu. Joinville - SC, CEP: 89,221-006
Elma;l: S33Cuioinvi!le@mo^m3^r- Fone: (47) 3432-2258 - Fa'< (^7) 3432-2253
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 15/10/2020 às 12:37 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 1999063A.
Processo de restituição de bem apreendido. - Joinville - 2a Crime Page 1 of 1
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Processo de restituição de bem apreendido.

valdirene spader <vallspader@gmail.com>


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Para:Joinville - 2a Crime <joinville.criminal2@tjsc.jus.br>;

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19A8A5C9.
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Boa tarde, Eu, Valdirene Alves Spader, venho através deste, solicitar  uma posição  do setor responsável sobre a devolução  de bens apreendidos.

Segue autos.
00016944620208240038
Obrigada 

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por SIMONE AVI PERINI, liberado nos autos em 09/11/2020 às 12:54 .

https://email.tjsc.jus.br/owa/ 09/11/2020
0120023131 45678798
5 59456  48678  456
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19A9A549.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por CRISTINA SOARES, liberado nos autos em 10/11/2020 às 11:47 .
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODNEI COSTA FLORES, liberado nos autos em 13/11/2020 às 15:16 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19AB0B24.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODNEI COSTA FLORES, liberado nos autos em 13/11/2020 às 15:31 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19AD0D48.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RODNEI COSTA FLORES, liberado nos autos em 16/11/2020 às 14:39 .
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsc.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0001694-46.2020.8.24.0038 e código 19AD2179.

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