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Mapa do Direito – Prof.

Almir Fernandes
Rascunho
Recurso em Sentido Estrito – Art. 581, IV, CPP

Teoria do RESE
1 – CABIMENTO – Art. 581, CPP
2 – RESE x AGRAVO EM EXECUÇÃO – XI, XII, XVII, XIX, XXIII
3 – TEMPESTIVIDADE – 5 dias – Art. 586, CPP + 2 dias – Art. 588, CPP
4 – COMPETÊNCIA – Art. 591, CPP

Material licenciado para MANOEL LUIZ DA SILVA - CPF 00033446814. Proibida a reprodução, sujeito à responsabilização.
5 – EFEITO SUSPENSIVO – Art. 584, CPP
6 – JUÍZO DE RETRATAÇÃO – Art. 589, CPP
7 – DUPLO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE – Art. 591, CPP
8 – PEDIDOS NO CASO DE PRONÚNCIA
a) Impronúncia – Art. 414, CPP
b) Absolvição sumária – Art. 415, CPP
c) Desclassificação – Art. 419, CPP
d) Afastamento de qualificadoras
e) ATENÇÃO: Não se discute dosimetria e atenuantes nesse momento.

Informações do enunciado
1 – Nascido em 04/04/1991
2 – Fato ocorrido em 02/01/2010
- Menor de 21 anos, é atenuante, mas nesse caso não é tese
- Prescrição? Art. 109, I, CP
- Redução da prescrição pela metade – Art. 115, CP
- Pena máxima 30 anos, com redução da tentativa, 20 anos – Art.
121, §2º, VI, CP + Art. 14, II, CP
- Extinção da punibilidade – Art. 107, IV, CP
3 – Desferiu golpes na esposa, objetivo de causar a morte
4 – Após o ferimento, deixou o local sabendo que a esposa não iria morrer
- Desistência voluntária – Art. 15, CP
- Não foi tentativa – Art. 14, II, CP
5 – Lesão corporal grave
- Desclassificação – Art. 419, CPP
6 – Indiciado confirmou os fatos
- Confissão é atenuante, mas não é o momento
7 – Denúncia realizada em 22/01/2020

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8 – Art. 121, §2º, VI, CP, redação pela Lei 13.104/15 + Art. 14, II, CP
- Afastamento do feminicídio, irretroabilidade da lei penal
desfavorável – Art. 5º, XL, CRFB/88
9 – Denúncia recebida em 24/01/2020
10 – Antecedentes por ação em curso
- Não cabe suspensão condicional do processo
11 – Audiência de instrução sem intimação do réu
- Violação à ampla defesa – Art. 5º, LV, CRFB/88
12 – Decisão de pronúncia, intimação em 10/03/2020, terça-feira
- Prazo 16/03/2020
Estrutura da Peça
1 – Petição de Interposição
ENDEREÇAMENTO
NÚMERO DO PROCESSO
QUALIFICAÇÃO DO RECORRENTE
VERBO: interpor
NOME DA PEÇA + FUNDAMENTO
INDICAÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA
CABIMENTO – Art. 581, IV, CPP

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TEMPESTIVIDADE – Art. 586, CPP
JUÍZO DE RETRATAÇÃO – Art. 589, CPP
INTIMAÇÃO DO MP
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
REMESSA AO TJ
ENCERRAMENTO

2 – Petição de Razões
ENDEREÇAMENTO
1 – SÍNTESE PROCESSUAL
2 – PRELIMINARMENTE
a) DA VIOLAÇÃO AO DIREITO DA AMPLA DEFESA – Art. 5, LV, CRFB/88
b) DA PRESCRIÇÃO – Art. 121, §2º, VI, CP + Art. 14, II, CP + Art. 109, I,
CP + Art. 115, CP + Art. 107, IV, CP
3 – FUNDAMENTOS RECURSAIS
a) DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL – Art.
15, CP + Art. 419, CPP + Art. 129, CP + Art. 14, II, CP
b) DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA – Art. 121, §2º, VI, CP + Lei
13.104/15 + Art. 5º, XL, CRFB/88
4 – REQUERIMENTOS FINAIS
a) Conhecimento
b) Provimento para:
I. Nulidade da decisão de pronúncia
II. Extinção da punibilidade
III. Desclassificação para lesão corporal
IV. Subsidiariamente, afastamento da qualificadora
Encerramento
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DO
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE MARICÁ/RJ

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Processo número ...
RÔMULO, já qualificado nos autos acima, vem a presença de Vossa
Excelência, interpor
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com base no artigo 581, IV, do CPP, em
face da Sentença de pronúncia proferida nestes autos.
Considerando que foi proferida sentença de pronúncia, de acordo com o
artigo 581, IV do CPP, é cabível recurso em sentido estrito, portanto,
preenchido o requisito do cabimento.
A intimação da sentença ocorreu em 10/03/2020, terça-feira, e
considerando o prazo de 5 dias estabelecido no artigo 586 do CPP, o prazo
terminaria no domingo, sendo prorrogado para segunda-feira, portanto o
presente recurso está sendo protocolado no último dia do prazo, qual
seja, 16/03/2020.
Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do artigo 589 do
CPP.
Requer ainda a intimação do Ministério Público para, querendo,
apresentar contrarrazões.
Após a realização do juízo de admissibilidade, requer o recebimento do
presente recurso e a remessa das razões recursais ao Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro.
Termos em que, pede deferimento.
Local, 16/03/2020, Advogado, OAB.
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Inconformado com a sentença de pronúncia, vem o Recorrente apresentar
o presente recurso, nos seguintes termos.
1 – SÍNTESE PROCESSUAL
Em 02/01/2010, o Recorrente, nascido em 04/04/1991, pretendendo
matar sua esposa, desferiu golpes de faca em sua mão, e posteriormente
se arrependendo e desistindo de praticar o homicídio. Em 22/01/2020, o
Ministério Público ofereceu denúncia pelo crime de homicídio tentado,
com qualificadora de feminicídio.
Após a instrução processual, foi proferida sentença de pronúncia.

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2 – PRELIMINARMENTE
A – DA VIOLAÇÃO AO DIREITO DA AMPLA DEFESA
O magistrado a quo designou audiência de instrução e julgamento sem a
intimação do Recorrente, tendo ouvido a vítima e testemunhas de
acusação e defesa. Na oportunidade, a defesa manifestou o
inconformismo, em face do prejuízo causado ao Recorrente.
O artigo 5º, LV, da CRFB/88 estabelece o direito constitucional à ampla
defesa. No presente caso, o direito de ampla defesa foi violado pelo
magistrado, ao deixar de intimar o Recorrente de comparecer à audiência
de instrução e julgamento em que foram ouvidas as testemunhas.
Assim, resta clara a existência de nulidade processual, devendo a sentença
de pronúncia ser anulada, bem como todos os atos praticados a partir da
audiência de instrução, possibilitando ao Recorrente o exercício do direito
da ampla defesa.
B – DA PRESCRIÇÃO
O Recorrente foi denunciado pela prática do crime de homicídio com
qualificadora de feminicídio, previsto no artigo 121, §2º, VI, do CP, cuja
pena máxima é de 30 anos, na modalidade tentada, que conforme artigo
14, II, parágrafo único do CP, reduz a pena em no mínimo 1/3, o que
levaria a pena máxima no presente caso a 20 anos.
Pois bem, o artigo 109, I, do CP estabelece que a prescrição antes do
trânsito em julgado ocorre em 20 anos, quando o máximo da pena é
superior a 12 anos.
Entretanto, o recorrente na data dos fatos possuía menos de 21 anos, e o
artigo 115 do CP determina que a prescrição será reduzida à metade
quando o agente era menor de 21 anos na data do fato. Desta forma,
resta claro que a prescrição no presente caso é de 10 anos.
Considerando que o fato foi praticado em 02/01/2010, e a denúncia
somente foi recebida em 24/01/2020, foi ultrapassado o prazo
prescricional de 10 anos.
Portanto, requer o reconhecimento da prescrição, com a consequente

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extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, IV, do CP, quanto ao
crime de homicídio qualificado pelo feminicídio.
3 – DOS FUNDAMENTOS RECURSAIS
A – DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DE LESÃO CORPORAL
Conforme explicado anteriormente, o Recorrente tinha a intenção de
matar a sua esposa, entretanto, após desferir golpes de faca em suas
mãos, verificando que ela não iria morrer, desistiu de continuar em seu
objetivo inicial.
Assim, o Recorrente não pode ser julgado pela prática de homicídio na
modalidade tentada, vez que o resultado não ocorreu por sua vontade
própria, e não por circunstâncias alheias à sua vontade, conforme
especificado no artigo 14, II, do CP.
Portanto, resta claro ter ocorrido a desistência voluntária, pois o
Recorrente decidiu, voluntariamente, não continuar na execução do crime
de homicídio, devendo responder somente pelos atos que já praticou, de
acordo com o artigo 15 do CP.
E nesse sentido, o Recorrente somente praticou o ato descrito no crime de
lesão corporal grave, devendo responder somente por este crime, previsto
no artigo 129 do CP.
Por esses motivos, o Recorrente faz jus à desclassificação do crime de
homicídio qualificado pelo feminicídio, para o crime de lesão corporal
grave, que não é crime doloso contra a vida, afastando a competência do
Tribunal do Júri, devendo os presentes autos serem remetidos ao juízo
competente, nos termos do artigo 419, caput, do CPP.
B – DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA
Na remota hipótese de Vossas Excelências entenderem pela manutenção
da decisão de pronúncia, subsidiariamente requer o afastamento da
qualificadora do feminicídio, conforme será explicado abaixo.
O Recorrente foi denunciado pela suposta prática do crime de homicídio,
com a qualificadora de feminicídio, nos termos do artigo 121, §2º, VI, do
CP, com fatos ocorridos em 2010.
Entretanto, a qualificadora do feminicídio somente foi instituída no

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ordenamento jurídico brasileiro no ano de 2015, por meio da Lei
13.104/2015.
O artigo 5º, XL, da CRFB/88 estabelece o princípio da irretroabilidade da
lei penal desfavorável, determinando que a lei penal somente poderá
retroagir para beneficiar o réu.
Assim, considerando que a qualificadora somente foi instituída no
ordenamento jurídico após a prática dos fatos, não pode o Recorrente ser
prejudicado por essa alteração legislativa posterior.
Por esse motivo, o Recorrente faz jus ao afastamento da qualificadora do
feminicídio.
4 – REQUERIMENTOS FINAIS
Ante o exposto, requer:
a) O conhecimento do presente recurso, considerando estarem
presentes todos os pressupostos recursais;
b) O provimento recursal, no sentido de:
I. Declarar a nulidade da decisão de pronúncia, pela violação ao
princípio da ampla defesa;
II. O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva, com
a consequente extinção da punibilidade;
III. A desclassificação para o crime de lesão corporal grave, com a
remessa dos autos ao juízo competente;
IV. Subsidiariamente, o afastamento da qualificadora do
feminicídio.
Termos em que, pede deferimento.
Local, 16/03/2020, Advogado, OAB.

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