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MEDICINA LEGAL E DEONTOLOGIA MÉDICA Vinícius Moura – MED XVIII 1

MEDICINA LEGAL E DEONTOLOIA MÉDICA

A MEDICINA LEGAL

Especialidade médica (Associação Brasileira de Medicina Legal e Perícias Médicas).

• Definição ampla:
– Áreas de atuação da Medicina na interface com o Direito.

• Principais áreas de atuação:


– Criminal (enfoque da disciplina!)
– Civil
– Trabalhista / Previdenciária / Ética

• Principais modos de ser exercida:


– Criminal: concurso público estadual (médico-legista), nomeação por autoridade (perito ad
hoc) ou escolha da parte (assistente técnico)
– Civil: escolha da parte (assistente técnico) ou nomeação por autoridade

• Apenas 1 programa de residência médica (USP-SP).

A DEONTOLOGIA MÉDICA

Estudo dos deveres do Médico.

• Quatro esferas de reponsabilidade:


– Civil
– Penal
– Administrativa
– Ética

Lei 3.268 de 30/09/1957 - Dispõem sobre os conselhos e o exercício da Medicina

• Art. 17 - Os médicos só poderão exercer legalmente a medicina, em qualquer de seus


ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos, diplomas, certificados ou
cartas no Ministério da Educação e Cultura e de sua inscrição no Conselho Regional de
Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.

• Art. 20 - Todo aquele que mediante anúncios, placas, cartões ou outros meios quaisquer
se propuser ao exercício da medicina, em qualquer dos ramos ou especialidades, fica
sujeito às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da profissão, se não estiver
devidamente registrado.

• Art. 18 - Aos profissionais registrados de acordo com esta lei será entregue uma carteira
profissional que os habitará ao exercício da medicina em todo o País.

– § 2º Se o médico inscrito no Conselho Regional de um Estado passar a exercer, de


modo permanente, atividade em outra região, assim se entendendo o exercício da
profissão por mais de 90 (noventa) dias, na nova jurisdição, ficará obrigado a requerer
inscrição secundária no quadro respectivo, ou para ele se transferir, sujeito, em ambos os
casos, à jurisdição do Conselho local pelos atos praticados em qualquer jurisdição, em
qualquer de seus ramos ou especialidades, após o prévio registro de seus títulos,
diplomas, certificados ou cartas no Ministério da Educação e Cultura e de sua inscrição no
Conselho Regional de Medicina, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.
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RESOLUÇÃO CFM 2.221/2018

CONSIDERANDO a Portaria CME nº 01/2016, homologada pela Resolução CFM nº


2.148/2016, que disciplina o funcionamento da Comissão Mista de Especialidades (CME),
composta pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), pela Associação Médica Brasileira
(AMB) e pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), que normatiza o
reconhecimento e o registro das especialidades médicas e respectivas áreas de atuação
no âmbito dos Conselhos de Medicina;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em reunião plenária de 23 de novembro de


2018; RESOLVE:

Art. 1º Homologar a Portaria CME nº 1/2018, em anexo, que atualiza a relação de


especialidades e áreas de atuação médicas aprovadas pela CME.

A) RELAÇÃO DAS ESPECIALIDADES RECONHECIDAS (55):

1.Acupuntura 2.Alergia e imunologia 3.Anestesiologia 4.Angiologia 5.Cardiologia 6.Cirurgia


Cardiovascular 7.Cirurgia da Mão 8.Cirurgia de Cabeça e Pescoço 9.Cirurgia do Aparelho
Digestivo 10.Cirurgia Geral 11.Cirurgia Oncológica 12.Cirurgia Pediátrica 13.Cirurgia
Plástica 14.Cirurgia Torácica 15.Cirurgia Vascular 16.Clínica Médica 17.Coloproctologia
18.Dermatologia 19.Endocrinologia e Metabologia 20.Endoscopia 21.Gastroenterologia
22.Genética Médica 23.Geriatria 24.Ginecologia e Obstetrícia 25.Hematologia e
Hemoterapia 26.Homeopatia 27.Infectologia 28.Mastologia 29.Medicina de Emergência
30.Medicina de Família e Comunidade 31.Medicina do Trabalho 32.Medicina de Tráfego
33.Medicina Esportiva 34.Medicina Física e Reabilitação 35.Medicina Intensiva
36.Medicina Legal e Perícia Médica 37.Medicina Nuclear 38.Medicina Preventiva e
Social 39.Nefrologia 40.Neurocirurgia 41.Neurologia 42.Nutrologia 43.Oftalmologia
44.Oncologia Clínica 45.Ortopedia e Traumatologia 46.Otorrinolaringologia 47.Patologia
48.Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial 49.Pediatria 50.Pneumologia 51.Psiquiatria
52.Radiologia e Diagnóstico por Imagem 53.Radioterapia 54.Reumatologia 55.Urologia.

B) RELAÇÃO DAS ÁREAS DE ATUAÇÃO RECONHECIDAS (59):

1. Administração em saúde 2. Alergia e imunologia pediátrica 3. Angiorradiologia e cirurgia


endovascular 4. Atendimento ao queimado 5. Cardiologia pediátrica 6. Cirurgia bariátrica 7.
Cirurgia crânio-maxilo-facial 8. Cirurgia do trauma 9. Cirurgia videolaparoscópica 10.
Citopatologia 11. Densitometria óssea 12. Dor 13. Ecocardiografia 14. Ecografia vascular
com doppler 15. Eletrofisiologia clínica invasiva 16. Emergência pediátrica 17.
Endocrinologia pediátrica 18. Endoscopia digestiva 19. Endoscopia ginecológica 20.
Endoscopia respiratória 21. Ergometria 22. Estimulação cardíaca eletrônica implantável 23.
Foniatria 24. Gastroenterologia pediátrica 25. Hansenologia 26. Hematologia e
hemoterapia pediátrica 27. Hemodinâmica e cardiologia intervencionista 28. Hepatologia
29. Infectologia hospitalar 30. Infectologia pediátrica 31. Mamografia 32. Medicina de
urgência 33. Medicina do adolescente 34. Medicina do sono 35. Medicina fetal 36.
Medicina intensiva pediátrica 37. Medicina paliativa 38. Medicina tropical 39. Nefrologia
pediátrica 40. Neonatologia 41. Neurofisiologia clínica 42. Neurologia pediátrica 43.
Neurorradiologia 44. Nutrição parenteral e enteral 45. Nutrição parenteral e enteral
pediátrica 46. Nutrologia pediátrica 47. Oncologia pediátrica 48. Pneumologia pediátrica
49. Psicogeriatria 50. Psicoterapia 51. Psiquiatria da infância e adolescência 52. Psiquiatria
forense 53.Radiologia intervencionista e angiorradiologia 54. Reprodução assistida 55.
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Reumatologia pediátrica 56. Sexologia 57. Toxicologia médica 58. Transplante de medula
óssea 59. Ultrassonografia em ginecologia e obstetrícia.

RESOLUÇÃO CFM 1.974/2011

CONSIDERANDO que a publicidade médica deve obedecer exclusivamente a princípios


éticos de orientação educativa, não sendo comparável à publicidade de produtos e
práticas meramente comerciais (Capítulo XIII, artigos 111 a 118 do Código de Ética
Médica);

• Art. 2º - Os anúncios médicos deverão conter, obrigatoriamente, os seguintes dados:

a) Nome do profissional;
b) Especialidade e/ou área de atuação, quando registrada no Conselho Regional de
Medicina;
c) Número da inscrição no Conselho Regional de Medicina;
d) Número de registro de qualificação de especialista (RQE), se o for.

• Art.3º - É vedado ao médico:

a) Anunciar, quando não especialista, que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças
específicas, por induzir a confusão com divulgação de especialidade;

b) Anunciar aparelhagem de forma a lhe atribuir capacidade privilegiada;

c) Participar de anúncios de empresas comerciais ou de seus produtos, qualquer que seja


sua natureza, dispositivo este que alcança, inclusive, as entidades médicas sindicais ou
associativas (alterado pela Resolução CFM n. 2.126/2015);

d) Permitir que seu nome seja incluído em propaganda enganosa de qualquer natureza;

e) Permitir que seu nome circule em qualquer mídia, inclusive na internet, em matérias
desprovidas de rigor científico;

f) Fazer propaganda de método ou técnica não reconhecida pelo Conselho Federal de


Medicina como válido para a prática médica; (alterado pela Resolução CFM n.
2.126/2015);

g) Expor a figura de seu paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de
tratamento, ainda que com autorização expressa do mesmo, ressalvado o disposto no
art.10 desta resolução;

h) Anunciar a utilização de técnicas exclusivas;

i) Oferecer seus serviços por meio de consórcio e similares;

j) Oferecer consultoria a pacientes e familiares como substituição da consulta médica


presencial;

k) Garantir, prometer ou insinuar bons resultados do tratamento;

l) Fica expressamente vetado o anúncio de pós-graduação realizada para a capacitação


pedagógica em especialidades médicas e suas áreas de atuação, mesmo que em
instituições oficiais ou por estas credenciadas, exceto quando estiver relacionado à
especialidade e área de atuação registrada no Conselho de Medicina.
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• Art. 8º - O médico pode, utilizando qualquer meio de divulgação leiga, prestar


informações, dar entrevistas e publicar artigos versando sobre assuntos médicos de fins
estritamente educativos.

• Art. 9º - Por ocasião das entrevistas, comunicações, publicações de artigos e


informações ao público, o médico deve evitar sua autopromoção e sensacionalismo,
preservando, sempre, o decoro da profissão.

§ 1º Entende-se por autopromoção a utilização de entrevistas, informações ao público e


publicações de artigos com forma ou intenção de:

a) Angariar clientela;

b) Fazer concorrência desleal;

c) Pleitear exclusividade de métodos diagnósticos e terapêuticos;

d) Auferir lucros de qualquer espécie;

e) Permitir a divulgação de endereço e telefone de consultório, clínica ou serviço.

§ 2º Entende-se por sensacionalismo:

a) A divulgação publicitária, mesmo de procedimentos consagrados, feita de maneira


exagerada e fugindo de conceitos técnicos, para individualizar e priorizar sua atuação ou a
instituição onde atua ou tem interesse pessoal;

b) Utilização da mídia, pelo médico, para divulgar métodos e meios que não tenham
reconhecimento científico;

c) A adulteração de dados estatísticos visando beneficiar-se individualmente ou à


instituição que representa, integra ou o financia;

d) A apresentação, em público, de técnicas e métodos científicos que devem limitar-se ao


ambiente médico;

e) A veiculação pública de informações que possam causar intranquilidade, pânico ou


medo à sociedade;

f) Usar de forma abusiva, enganosa ou sedutora representações visuais e informações que


possam induzir a promessas de resultados.

• Art. 12 - O médico não deve permitir que seu nome seja incluído em concursos ou
similares, cuja finalidade seja escolher o “médico do ano”, “destaque”, “melhor médico” ou
outras denominações que visam ao objetivo promocional ou de propaganda, individual ou
coletivo.

• Art. 13-

§2º É vedada a publicação nas mídias sociais de autorretrato (selfie), imagens e/ou áudios
que caracterizem sensacionalismo, autopromoção ou concorrência desleal.

§ 3º É vedado ao médico e aos estabelecimentos de assistência médica a publicação de


imagens do “antes e depois” de procedimentos, conforme previsto na alínea “g” do artigo
3º da Resolução CFM nº 1.974/11.
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• Art. 15 - A Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos terá como finalidade:

a) Responder a consultas ao Conselho Regional de Medicina a respeito de publicidade de


assuntos médicos;

c) Propor instauração de sindicância nos casos de inequívoco potencial de infração ao


Código de Ética Médica;

d) Rastrear anúncios divulgados em qualquer mídia, inclusive na internet, adotando as


medidas cabíveis sempre que houver desobediência a esta resolução;

RESPONSABILIZAÇÃO ÉTICA

Base: Lei 3268/1957

• Art. 22 - As penas disciplinares aplicáveis pelos Conselhos Regionais aos seus membros
são as seguintes:

a) advertência confidencial em aviso reservado;

b) censura confidencial em aviso reservado;

c) censura pública em publicação oficial;

d) suspensão do exercício profissional até 30 (trinta) dias;

e) cassação do exercício profissional, ad referendum do Conselho Federal.

Resolução CFM 2023/2013


- Dispõem sobre as normas das sindicâncias e processos ético-profissionais.
- Instauração de sindicância:
- Ex officio;
- Mediante denúncia identificada.
- Instauração de processo ético-profissional:
- Após julgamento da sindicância.
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RESOLUÇÃO CFM Nº 2217/2018


Princípio fundamental nº7:

• VII - O médico exercerá sua profissão com autonomia, não sendo obrigado a prestar
serviços que contrariem os ditames de sua consciência ou a quem não deseje, excetuadas
as situações de ausência de outro médico, em caso de urgência ou emergência, ou
quando sua recusa possa trazer danos à saúde do paciente.

Princípios fundamentais nº1 e 2:

• I - A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e


será exercida sem discriminação de nenhuma natureza.

• II - O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual


deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.

• Art. 23. Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade
ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto.

• Art. 33. Deixar de atender paciente que procure seus cuidados profissionais em casos de
urgência ou emergência, quando não haja outro médico ou serviço médico em condições
de fazê-lo.
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No exemplo citado

• Art. 18. Desobedecer aos acórdãos e às resoluções dos Conselhos Federal e Regionais
de Medicina ou desrespeitá-los.

- Art. 102. Deixar de utilizar a terapêutica correta, quando seu uso estiver liberado no País.

- Art. 111. Permitir que sua participação na divulgação de assuntos médicos, em qualquer
meio de comunicação de massa, deixe de ter caráter exclusivamente de esclarecimento e
educação da sociedade.

• Art. 112. Divulgar informação sobre assunto médico de forma sensacionalista,


promocional ou de conteúdo inverídico.

• Art. 113. Divulgar, fora do meio científico, processo de tratamento ou descoberta cujo
valor ainda não esteja expressamente reconhecido cientificamente por órgão competente.
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No exemplo citado

- Art. 30. Usar da profissão para corromper costumes, cometer ou favorecer crime.

• Art. 38. Desrespeitar o pudor de qualquer pessoa sob seus cuidados profissionais.

• Art. 40. Aproveitar-se de situações decorrentes da relação médico-paciente para obter


vantagem física, emocional, financeira ou de qualquer outra natureza.

O QUE FAZ A MEDICINA LEGAL?

• Perícia médica: todo ato médico com o propósito de contribuir com as autoridades
administrativas, policiais ou judiciárias com conhecimentos específicos da área médica;

– Colabora com a investigação policial: pode oferecer provas objetivas para uma
investigação.

Peritos oficiais

• Função do perito: atender a autoridades competentes no sentido de verificar o caso.


Não defender ou acusar! “visum et repertum”: ver e repetir.

• Atuação: verificar, procurar e interpretar os vestígios materiais dos fatos ocorridos.

• “Corpo de delito”: todos os elementos materiais da conduta incriminada, inclusive


meios ou instrumentos de que se sirva o criminoso.

A Medicina Legal em Minas Gerais

• Exercida de 3 maneiras principais:


– Por concurso público estadual: médico legista.

• Uma das carreiras da Polícia Civil de Minas Gerais.

• Últimos concursos: 2006 (1024 inscritos) e 2013 (1687 inscritos).


– Por nomeação de autoridade: perito ad hoc.
– Por escolha da parte: assistente técnico.

• Um Instituto Médico Legal, em Belo Horizonte.

• Postos médico-legais nas maiores cidades do interior:


– Conselheiro Lafaiete, Divinópolis, Araxá, Uberlândia, Montes Claros, Ouro Preto, etc.

• Cerca de 300 médicos legistas (concursados) no estado, sendo 70 no IML-BH.

QUE TIPOS DE EXAMES SÃO REALIZADOS NO IML?

- Lesão corporal - Sanidade mental - Aval. conduta


- Verificação embriaguez - Sanidade física profissional
- Conjunção carnal - Perícia de idade - Perícias de
- Ato libidinoso - Antropologia forense intoxicações
- Perícia de aborto - Odontologia forense - Necropsias
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Necropsia

• Necropsia, autópsia ou tanatópsia: é o exame externo e interno de um cadáver.

– Necropsia X autópsia

• Pode ser realizada com finalidade clínica ou forense:

• Clínica: na maioria das vezes com autorização da família, realizada em SVO’s e


hospitais, geralmente por patologistas.

• Forense: não é necessária a autorização da família, realizada geralmente no IML ou


postos médico-legais, por legistas.

• Principais propósitos da necropsia forense:

– Determinar a causa mortis.


– Determinar o tempo decorrido da morte.
– Distinguir lesões intra-vitam e post-mortem.
– Identificar o corpo.
– Fornecer elementos para a determinação da causa jurídica da morte (se homicídio,
suicídio ou acidente).
– Materializar um ou mais delitos.

QUANDO É NECESSÁRIA UMA NECROPSIA MÉDICO-LEGAL?

• Duas indicações básicas:


– Morte violenta (decorrente de causas externas).
– Morte suspeita (de ser decorrente de causas externas ou de inobservância de regra
técnica de profissão, arte ou ofício).

Código de Processo Penal - Decreto-Lei 3.689 de 03/10/1941.

• CAPÍTULO II (artigos 158 a 184):


– DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS PERÍCIAS EM GERAL.

• Art. 158: Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Código de Processo Penal – modificado em parte

pela lei 11.690 de 09/06/2008

Art. 159: O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portador de diploma de curso superior.

– § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as
que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame.

– § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o


encargo.

– § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao


querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico.
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Código de Processo Penal - Decreto-Lei 3.689 de 03/10/1941.

- CAPÍTULO VI (artigos 275 a 281): DOS PERITOS E INTÉRPRETES.

• Art. 277: O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo,..., salvo
escusa atendível.

• Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade


poderá determinar a sua condução.

• Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos,
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o
que declararão no auto.

Art. 167: Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os
vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.

• Art. 182: O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou
em parte.

Código de Ética Médica - Resolução CFM 2217/2018.

• Art. 93 – É vedado ao médico ser perito ou auditor do próprio paciente, de pessoa de sua
família ou de qualquer outra com a qual tenha relações capazes de influir em seu trabalho
ou de empresa em que atue ou tenha atuado.

Código Penal - Decreto-Lei 2.848 de 07/12/1940.

• Art. 18 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

– Crime doloso:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

– Crime culposo:
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou
imperícia.

- Homicídio simples:
• Art 121. Matar alguém:
Pena: reclusão, de seis a vinte anos.

- Homicídio culposo:
§ 3o Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
Pena: detenção, de um a três anos.

§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de


inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar
imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
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TIPOS DE MORTE

• Morte “natural”: decorrente de causas não traumáticas, sem transferências de energia.

• Morte violenta: decorrente de causas externas, não “naturais” (homicídio, suicídio ou


acidente).

• Morte suspeita: “quando há possibilidade de não ter sido natural a sua causa”.

– Nos casos de morte suspeita ou violenta é obrigatório o exame de corpo de delito


(artigo 158 do CPP).

Causas jurídicas de morte violenta

• Acidente: “não intencional” – sem delito a apurar.

• Homicídio: com delito a apurar.

• Suicídio: sem delito a apurar (a princípio...).

– Não é atributo do médico-legista determinar a causa jurídica de morte violenta!

– O exame médico-legal é uma das peças no inquérito policial!

DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS

Principais Documentos Médico-Legais

•Receitas e solicitação de exames (ML eventuais)


•Atestados
•Relatórios: laudo/auto
-Perícia no vivo
-Perícia no morto
-Indireto
•Parecer médico-legal
•Declaração de óbito  “Atestado de óbito” –Modelo internacional de Atestado de Óbito

RECEITAS E SOLICITAÇÃO DE EXAMES

Código de Ética Médica Resolução CFM no 2217/2018:

Capítulo V - RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES

Art.37: É vedado prescrever tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do


paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de
realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente após cessar o impedimento, assim
como consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa.

Parágrafoúnico: O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de


outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina.
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Capítulo III –RESPONSABILIDADE PROFISSIONAL

Art.4º: É vedado deixar de assumir a responsabilidade de qualquer ato profissional que


tenha praticado ou indicado, ainda que solicitado ou consentido pelo paciente ou por seu
representante legal.

Art.5º: É vedado assumir responsabilidade por ato médico que não praticou ou do qual
não participou.

Ou seja: para prescrever é necessário examinar o paciente e ao prescrever se assume


responsabilidade pela prescrição...

Art 11º: É vedado receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a
devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina da sua
jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, laudos ou
quaisquer outros documentos médicos

PARECER CONSULTA
3575/2008

- TEMA: transcrição de receitas


- EMENTA: constitui infração ética prescrever tratamento sem exame direto do paciente,
salvo em casos de urgência e impossibilidade comprovada de realizá-lo.

ATESTADO MÉDICO

•Definições:

“Atestar é certificar por escrito”.

“Documento que resume, de forma objetiva e singela, um fato médico e suas


conseqüências”.

“Documento que atesta a veracidade em relação a datas, assistência, internações,


necessidade de exames complementares, todos de maneira genérica, não especificando a
doença”.

Código de Ética Médica:


CAPÍTULO IX -SIGILO MÉDICO –É vedado...

Art 73º: Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua
profissão, salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito do paciente

Parágrafo único: Permanece essa proibição

a) mesmo que o fato seja de conhecimento público ou o paciente tenha falecido


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b) quando de seu depoimento como testemunha (nessa hipótese, o médico


comparecerá perante a autoridade e declarará seu impedimento)
c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de revelar
segredo que possa expor o paciente a processo penal

Art 74º: Revelar sigilo profissional relacionado a paciente criança ou adolescente, desde
que estes tenham capacidade de discernimento, inclusive a seus pais ou representantes
legais, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente.

CAPÍTULO X –DOCUMENTOS MÉDICOS. É vedado...

- Art 80º: Expedir documento médico sem ter praticado o ato profissional que o justifique,
que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade

- Art 82º: Usar formulários institucionais para atestar, prescrever e solicitar exames ou
procedimentos fora da instituição a que pertençam tais formulários

- Art 83º: Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente ou quando não tenha
prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plantonista,
médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico legal

- Art 84º: Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, exceto
quando houver indícios de morte violenta

-Art. 85º: Permitir o manuseio e o conhecimento dos prontuários por pessoas não
obrigadas ao sigilo profissional quando sob sua responsabilidade.-Art. 87: Deixar de
elaborar prontuário legível para cada paciente.

§1º O prontuário deve conter os dados clínicos necessários para a boa condução do caso,
sendo preenchido, em cada avaliação, em ordem cronológica com data, hora, assinatura e
número de registro do médico no Conselho Regional de Medicina.

§2º O prontuário estará sob a guarda do médico ou da instituição que assiste o paciente.

§3º Cabe ao médico assistente ou a seu substituto elaborar e entregar o sumário de alta
ao paciente ou, na sua impossibilidade, ao seu representante legal.

-Art.91º: Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, solicitado pelo


paciente ou por seu representante legal.

- Art 88º: Negar ao paciente ou, na sua impossibilidade, a seu representante legal, acesso
a seu prontuário, deixar de lhe fornecer cópia quando solicitada, bem como deixar de lhe
dar explicações necessárias à sua compreensão, salvo quando ocasionarem riscos ao
próprio paciente ou a terceiros

- Art 90º: Deixar de fornecer cópia do prontuário médico de seu paciente quando de sua
requisição pelos Conselhos Regionais de Medicina

- Art 91º: Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solicitado
pelo paciente ou por seu representante legal.
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ATESTADO FALSO

Código Penal Brasileiro Falsidade de atestado médico


Art 302: Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso
Pena: detenção, de 1 mês a 1 ano.

DECLARAÇÃO / “ATESTADO” DE ÓBITO

•Finalidades
–Confirmar a morte.
–Determinar a causa da morte.
–Satisfazer interesses de ordem civil, estatístico demográfica e político-sanitária.

Morte e o Direito

• Inscrever em registro público nascimento e morte

- Lei dos Registros Públicos

Art 29º: Serão declarados nos Registros Civis de Pessoas


I. os nascimentos
II. os casamentos
III. os óbitos

DECLARAÇÃO DE ÓBITO: Lei 6 126 1975

“Nenhum sepultamento será feito sem certidão oficial de registro do local de falecimento,
extraída após lavratura do assento de óbito, em vista de atestado médico, se houver no
lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou
verificado a morte”

• RESOLUÇÃO CFM nº 1 779 2005

Art 1º: O preenchimento dos dados constantes na declaração de óbito são da


responsabilidade do médico que a atestou.

Art 2º: Os médicos no preenchimento da declaração de óbito obedecerão as seguintes


normas.

Responsabilidade de atestar o óbito

I. Morte SEM assistência médica (“Natural”)

a) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbitos (SVOs): A Declaração de Óbito


deverá ser fornecida pelos médicos do SVO.

b) Nas localidades sem SVO: A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos médicos
do serviço público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento na sua ausência,
por qualquer médico da localidade.
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II. Morte COM assistência médica (“Natural”)

a)A Declaração de Óbito deverá ser fornecida, sempre que possível, pelo médico que
vinha prestando assistência ao paciente

b) A Declaração de Óbito do paciente internado sob regime hospitalar deverá ser fornecida
pelo médico assistente e, na sua falta por médico substituto pertencente à instituição.

c) A declaração de óbito do paciente em tratamento sob regime ambulatorial deverá ser


fornecida por médico designado pela instituição que prestava assistência, ou pelo SVO.

d) A Declaração de Óbito do paciente em tratamento sob regime domiciliar (Programa


Saúde da Família, internação domiciliar e outros) deverá ser fornecida pelo médico
pertencente ao programa ao qual o paciente estava cadastrado, ou pelo SVO, caso o
médico não consiga correlacionar o óbito com o quadro clínico concernente ao
acompanhamento do paciente.

• Paciente natimorto (“Natural”):

Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe ficam obrigados a
fornecer a Declaração de Óbito quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20
semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 ( gramas e/ou estatura igual
ou superior a 25 cm.

• Paciente com morte violenta ou suspeita

A Declaração de Óbito deverá, obrigatoriamente ser fornecida pelos serviços médico


legais

DECLARAÇÃO DE ÓBITO - RESOLUÇÃO CFM nº 1 641 2002

Art 1º: É vedado aos médicos conceder declaração de óbito em que o evento que levou à
morte possa ter sido alguma medida com intenção diagnóstica ou terapêutica indicada por
agente não médico ou realizada por quem não esteja habilitado para fazê-lo, devendo,
neste caso, tal fato ser comunicado à autoridade policial competente a fim de que o corpo
possa ser encaminhado ao Instituto Médico Legal para verificação da causa mortis.

A D.O. vai ser sempre feita em 3 Vias:


1. Branca: SMS
2. Amarela: Família  Cartório
3. Rosa: variável (IML /hospitais / posto de saúde)

A DO possui 09 blocos, sendo o bloco VI o de nosso interesse, pois nele constam as


CONDIÇÕES E CAUSAS da morte do indivíduo:
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LAUDOS / RELATÓRIOS: PERÍCIAS NO VIVO E NO MORTO

Composição do laudo

• Preâmbulo: solicitante, peritos, local, data, hora, tipo de perícia


•Histórico: “anamnese médico legal” - próprio examinado ou colhido da guia / relatório
médico
• Descrição
• Discussão -se necessário- elementos históricos não batem com a lesão
• Conclusão afirmativa ou negativa
• Quesitos perguntas com finalidade de estabelecer elementos de um fato típico 
padronizados
• Resposta aos quesitos

Quesitos (Definições):
Perguntas objetivas que buscam direcionar a conclusão da perícia em determinado sentido
(enquadramento em determinado crime, defesa de determinado ponto de vista, etc).

Podem ser obrigatórios ou complementares (suplementares) na esfera criminal


- Quesitos obrigatórios: Podem variar de estado para estado. Em Minas Gerais foram
definidos pelo Decreto Estadual 5.141 de 25/10/1956.
- Quesitos complementares (suplementares): Podem ser formulados pela autoridade
policial/judiciária, por advogados, assistentes técnicos ou pelo próprio acusado/vítima.

Quesitos –necropsia
Decreto Estadual 5.141 de 25/10/56

1º) Houve morte? Ex.: sim, não, sem elementos para afirmar.
2º) Qual a causa da morte? Ex.:TCE contuso, hemorragia interna secundária a...,
indeterminada...
3º) Qual o instrumento ou meio que produziu a morte? Ex.:Pérfuro-contundente,
contundente, corto-contundente, físico-químico, biodinâmico, sem elementos para
afirmar...
4º) A morte foi produzida com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou
outro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultar em perigo comum? Ex.: sim, não,
sem elementos para afirmar, prejudicado.

CONCEITO E DIAGNÓSTICO DE MORTE

É um processoe não um momento! As definições de diagnóstico são historicamente


modificadas:
–Até meados da década de 1960: ausência de circulação e respiração.
–Após 1967: funções encefálicas passaram a ser consideradas.

Elementos diagnósticos básicos:

–Ausência de circulação;
–Ausência de respiração;
–Acidificação dos líquidos tissulares;
–Ausência de funções encefálicas.
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FENÔMENO DE LÁZARO:
– Retorno espontâneo da circulação após parada de manobras de reanimação
– Geralmente ocorre dentro de 10 min da parada das manobras

Outros Lázaro’s na Medicina

Sinal de Lázaro: Reflexos espinais em paciente com morte encefálica.


Síndrome de Lázaro: Recuperação inesperada de uma criança após doença grave.
Complexo de Lázaro: Alterações psicológicas após situações de doença grave, quase
morte ou após PCR.
Premonição de Lázaro: Melhora inesperada em pacientes terminais.
Efeito de Lázaro: Sobrevivência de uma determinada espécie após extinções em massa.

Resolução CFM n o 2.173/2017

Art 1º: Os procedimentos para determinação de morte encefálica (ME) devem ser
iniciados em todos os pacientes que apresentem coma não perceptivo, ausência de
reatividade supraespinhal e apneia persistente, e que atendam a todos os seguintes pré
requisitos

a) presença de lesão encefálica de causa conhecida, irreversível e capaz de causar


morte encefálica
b) ausência de fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico de morte
encefálica
c) tratamento e observação em hospital pelo período mínimo de seis horas Quando a
causa primária do quadro for encefalopatia hipóxico isquêmica, esse período de
tratamento e observação deverá ser de, no mínimo, 24 horas
d) temperatura corporal (esofagiana,vesical ou retal) superior a 35°C, saturação
arterial de oxigênio acima de 94% e pressão arterial sistólica maior ou igual a
100mmHg ou pressão arterial média maior ou igual a 65mmHg para adultos, ou
conforme a tabela a seguir para menores de 16 anos:

Art. 2º: É obrigatória a realização mínima dos seguintes procedimentos para determinação
da morte encefálica

a) dois exames clínicos que confirmem coma não perceptivo e ausência de função do
tronco encefálico
b) teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após
estimulação máxima dos centros respiratórios
c) exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica
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Art 3º: O exame clínico deve demonstrar de forma inequívoca a existência das seguintes
condições:

a) coma não perceptivo


b) ausência de reatividade supraespinhal manifestada pela ausência dos reflexos
fotomotor córneo palpebral oculocefálico vestíbulo calórico e de tosse

§1º: Serão realizados dois exames clínicos, cada um deles por um médico diferente,
especificamente capacitado a realizar esses procedimentos para a determinação de morte
encefálica

§2º: Serão considerados especificamente capacitados médicos com no mínimo um ano de


experiência no atendimento de pacientes em coma e que tenham acompanhado ou
realizado pelo menos dez determinações de ME ou curso de capacitação para
determinação em ME, conforme anexo III desta Resolução

§3º: Um dos médicos especificamente capacitados deverá ser especialista em uma das
seguintes especialidades medicina intensiva medicina intensiva pediátrica, neurologia,
neurologia pediátrica, neurocirurgia ou medicina de emergência Na indisponibilidade de
qualquer um dos especialistas anteriormente citados, o procedimento deverá ser concluído
por outro médico especificamente capacitado

§4º: Em crianças com menos de 2 ( anos o intervalo mínimo de tempo entre os dois
exames clínicos variará conforme a faixa etária dos sete dias completos recém nato a
termo até dois meses incompletos será de 24 horas de dois a 24 meses incompletos será
de doze horas Acima de 2 ( anos de idade o intervalo mínimo será de 1 ( hora

Art 4º: O teste de apneia deverá ser realizado uma única vez por um dos médicos
responsáveis pelo exame clínico e deverá comprovar ausência de movimentos
respiratórios na presença de hipercapnia PaCO 2 superior a 55 mmHg)

Parágrafo único: Nas situações clínicas que cursam com ausência de movimentos
respiratórios de causas extracranianas ou farmacológicas é vedada a realização do teste
de apneia, até a reversão da situação.

Art 5º: O exame complementar deve comprovar de forma inequívoca uma das condições

a) ausência de perfusão sanguínea encefálica ou

b) ausência de atividade metabólica encefálica ou

c) ausência de atividade elétrica encefálica

§ 1º: A escolha do exame complementar levará em consideração situação clínica e


disponibilidades locais

§ 2º: Na realização do exame complementar escolhido deverá ser utilizada a metodologia


específica para determinação de morte encefálica

§3º: O laudo do exame complementar deverá ser elaborado e assinado por médico
especialista no método em situações de morte encefálica

Art 6º: Na presença de alterações morfológicas ou orgânicas, congênitas ou adquiridas,


que impossibilitam a avaliação bilateral dos reflexos fotomotor, córneo palpebral, óculo
MEDICINA LEGAL E DEONTOLOGIA MÉDICA Vinícius Moura – MED XVIII 19

cefálico ou vestíbulo calórico sendo possível o exame em um dos lados e constatada


ausência de reflexos do lado sem alterações morfológicas, orgânicas, congênitas ou
adquiridas, dar se á prosseguimento às demais etapas para determinação de morte
encefálica

Parágrafo único: A causa dessa impossibilidade deverá ser fundamentada no prontuário

Art 8º: O médico assistente do paciente ou seu substituto deverá esclarecer aos familiares
do paciente sobre o processo de diagnóstico de ME e os resultados de cada etapa
registrando no prontuário do paciente essas comunicações

Art 9º: Os médicos que determinaram o diagnóstico de ME ou médicos assistentes ou


seus substitutos deverão preencher a DECLARAÇÃO DE ÓBITO definindo como data e
hora da morte aquela que corresponde ao momento da conclusão do último procedimento
para determinação da ME.

Parágrafo único: Nos casos de morte por causas externas a DECLARAÇÃO DE ÓBITO
será de responsabilidade do médico legista, que deverá receber o relatório de
encaminhamento médico e uma cópia do TERMO DE DECLARAÇÃO DE MORTE
ENCEFÁLICA.
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Resolução CFM no1826/2007

Art. 1º: é legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando
determinada a morte encefálica em não-doador de órgãos, tecidos e partes do corpo
humano para fins de transplante, nos termos do disposto na Resolução CFM nº 1.480, de
21 de agosto de 1997, na forma da Lei nº 9.434, de 4 de fevereiro de 1997.

–§1º O cumprimento da decisão mencionada no caputdeve ser precedida de comunicação


e esclarecimento sobre a morte encefálica aos familiares do paciente ou seu representante
legal, fundamentada e registrada no prontuário.

–§2º Cabe ao médico assistente ou seu substituto o cumprimento do caputdeste artigo e


seu parágrafo 1º.

ESTUDO MÉDICO-LEGAL DOS TRANSPLANTES

CF 1.988: Proíbe expressamente o comércio de órgãos e tecidos do corpo humano.


(Artigo 199, parágrafo 40)

Decreto n n°9.175: 18/10/2017

Art 1 º A disposição gratuita e anônima de órgãos, tecidos, células e partes do corpo


humano para utilização em transplantes, enxertos ou outra finalidade terapêutica, nos
termos da Lei nº 9 434 de 4 de fevereiro de 1997 observará o disposto neste Decreto.

Parágrafo único: O sangue, o esperma e o óvulo NÃO ESTÃO compreendidos entre os


tecidos e as células a que se refere este Decreto

Art 17: A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano poderá ser
efetuada após a morte encefálica, com o consentimento expresso da família, conforme
estabelecido na Seção II deste Capítulo

§ 1º: O diagnóstico de morte encefálica será confirmado com base nos critérios
neurológicos definidos em resolução específica do Conselho Federal de Medicina CFM

§ 2º: São dispensáveis os procedimentos previstos para o diagnóstico de morte encefálica


quando ela decorrer de parada cardíaca irreversível, diagnosticada por critérios
circulatórios

§ 3º: Os médicos participantes do processo de diagnóstico da morte encefálica deverão


estar especificamente capacitados e não poderão ser integrantes das equipes de retirada
e transplante

§ 4º: Os familiares que estiverem em companhia do paciente ou que tenham oferecido


meios de contato serão obrigatoriamente informados do início do procedimento para
diagnóstico da morte encefálica

§ 5º: Caso a família do paciente solicite, será admitida a presença de médico de sua
confiança no ato de diagnóstico da morte encefálica

Art 19º: Após a declaração da morte encefálica, a família do falecido deverá ser
consultada sobre a possibilidade de doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo
humano para transplante, atendido o disposto na Seção II do
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Capítulo III

Parágrafo único: Nos casos em que a doação não for viável, por quaisquer motivos, o
suporte terapêutico artificial ao funcionamento dos órgãos será descontinuado, hipótese
em que o corpo será entregue aos familiares ou à instituição responsável pela necropsia,
nos casos em que se aplique

Art 20º: A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano, após a morte,
somente poderá ser realizada com o consentimento livre e esclarecido da família do
falecido, consignado de forma expressa em termo específico de autorização

§ 1º: A autorização deverá ser do cônjuge, do companheiro ou de parente consanguíneo,


de maior idade e juridicamente capaz, na linha reta ou colateral, até o segundo grau, e
firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte

§ 2º: Caso seja utilizada autorização de parente de segundo grau, deverão estar
circunstanciadas, no termo de autorização, as razões de impedimento dos familiares de
primeiro grau.

§ 3º: A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano de falecidos


incapazes, nos termos da lei civil, dependerá de autorização expressa de ambos os pais,
se vivos, ou de quem lhes detinha, ao tempo da morte, o poder familiar exclusivo, a tutela
ou a curatela

Art 21: Fica proibida a doação de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano em
casos de não identificação do potencial doador falecido

Art 25: A necropsia será realizada obrigatoriamente no caso de morte por causas externas
ou em outras situações nas quais houver indicação de verificação médica da causa da
morte

§ 1 º A retirada de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano poderá ser efetuada
desde que não prejudique a análise e a identificação das circunstâncias da morte

§ 2 º A retirada de que trata o § 1 º será realizada com o conhecimento prévio do serviço


médico legal ou do serviço de verificação de óbito responsável pela investigação, e os
dados pertinentes serão circunstanciados no relatório de encaminhamento do corpo para
necropsia

§ 3 º O corpo será acompanhado do relatório com a descrição da cirurgia de retirada e dos


eventuais procedimentos realizados e a documentação será anexada ao prontuário legal
do doador, com cópia destinada à instituição responsável pela realização da necropsia

§ 4 º Ao doador de órgãos, tecidos, células e partes do corpo humano será dada a


precedência para a realização da necropsia, imediatamente após a cirurgia de retirada,
sem prejuízo aos procedimentos descritos nos § 2 º e § 3 º
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DOADOR VIVO

• Pessoa juridicamente capaz pode dispor gratuitamente de T/O/PCH para fins


terapêuticos - em cônjuges ou parentes consangüíneos até o 4 º grau, inclusive, ou - em
qualquer outra pessoa mediante autorização judicial.

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