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MEMORIAS LUIZ – NA MADRUGADA DO DIA 01 JANEIRO 2020

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 5ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE PORTO ALEGRA/RS

PROCESSO Nº: ...

LUIZ, já qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move o MP, por seu advogado
que esta subscreve, (procuração em anexo), vem, à presença de Vossa Excelência,
apresentar ALEGAÇÕES EM FORMA DE MEMORIAIS, com fulcro no Art. 403, § 3º, e
404, parágrafo único, do Código de Processo Penal (CPP), pelos motivos de fato e de
direito a seguir:

I – DOS FATOS

(Breve resumo)

II – DO DIREITO

A) PRELIMINAR DE NULIDADE PROCESSUAL PELA EXTINÇÃO DA


PUNIBILIDADE EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE REPRESENTAÇÃO COM
RECONHECIMENTO DA DECADÊNCIA

O réu está sendo processado por crime de lesão corporal.

Todavia, nos termos do Art. 88 da Lei 9.099/95, a ação penal relativa aos crimes de
lesão corporal leve deve haver devida representação.

No caso em tela, a vítima é do sexo masculino e irmão do réu, e conforme enunciado,


a própria vítima ressaltou diversas vezes em não ter interesse de ver o réu
responsabilizado.

Ademais, passados mais de 6 (seis) meses do ocorrido sem representação da vítima,


ocorreu a DECADÊNCIA e por consequência, a EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE do
réu, nos termos do Art. 107, IV, do CP c/c Art. 38 do CPP c/c Art. 103 do CP.

Portanto, resta cristalina a NULIDADE DO PROCESSO, nos termos do Art. 564,


inciso III, alínea ‘’a’’ do CPP (faltou a devida representação), Art. 564, IV, do CPP
(faltou formalidade essencial).

B) PRELIMINAR DE NULIDADE POR NÃO OFERECIMENTO DA SUSPENSÃO


CONDICIONAL DO PROCESSO (ART. 89. DA LEI 9.099/95

O MP deixou de oferecer a suspensão condicional do processo, prevista no Art. 89 da


Lei 9.099/95, por imputar erroneamente o crime como sendo contra mulher no
contexto doméstico da Lei Maria da Penha 11.340/06.

Todavia, a vítima é do sexo masculino e não se enquadra na Lei 11.340/06.

Portanto, de rigor o oferecimento da Suspensão condicional do Processo, nos termos


do Art. 89 da Lei 9.099/95, já que o réu faz jus, já que a pena mínima cominada é
inferior a 1 ano.

C) NO MÉRITO: DO ESTADO DE NECESSIDADE QUE FUNCIONA COMO


EXCLUDENTE DE ILICITUDA

O réu praticou lesão corporal contra seu irmão.

Todavia, o réu agiu em ESTADO DE NECESSIDADE, uma vez que a casa estava
pegando fogo e buscando se salvar de perigo atual e iminente, causado por terceiro,
acabou violando integridade física de terceiro para resguardar sua própria integridade
física.

Nos termos do Art. 24 do CP, considera-se em ESTADO DE NECESSIDADE quem


pratica o fato para salvar-se de perigo atual, sendo assim, presente a EXCLUSÃO DE
ILICITUDE do ato, nos termos do Art. 23, II, do CP.

Portanto, resta patente a necessidade de ABSOLVIÇÃO do réu, nos termos do Art.


386, IV do CP, que diz que o juiz deve absolver o réu quando existir circunstância que
excluam o crime e isentem o réu de pena.

D) DA PENA BASE NO MÍNIMO LEGAL (ART. 59 /CP) 1ª FASE DA DOSIMENTRIA

Caso o magistrado entenda pelo prosseguimento do feito, a pena base deve ser
mantida no mínimo legal.
O réu é PRIMÁRIO e possui BONS ANTECEDENTES.

Portando de rigor a pena-base no mínimo legal, pois favoráveis as circunstâncias, nos


termos do Art. 59 do CP.

E) AFASTAMENTO DA REINCIDÊNCIA (ART. 61, I, CP) 2ª FASE DA DOSIMENTRIA

O juiz considerou o fato de o réu ter sido condenado por CONTRAVENÇÃO para
agravar a pena do réu.

Todavia, a contravenção NÃO É CONSIDERADA CRIME.

Portanto, de rigor o afastamento da circunstância da reincidência.

F) RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA IDADE DO RÉU +70 (ART. 65, I, CP)

Pugna-se pelo reconhecimento da atenuante s prevista no Art. 65, I, do CP, já que o


réu, atualmente, possui 72 anos de idade.

G) RECONHECIMENTO DA ATENUANTE POR AMENIZAR AS CONSEQUÊNCIAS

(ART. 65, III, alínea ‘’b’’ do CP)

Também de rigor a aplicação da atenuante prevista no Art. 65, inciso III, alínea ‘’b’’, do
CP, pois o réu, logo após o ocorrido, buscou minorar as consequências de seu ato,
levando a vítima, imediatamente, para o hospital e arcando com todo seu tratamento.

H) FIXAÇÃO DO REGIME ABERTO (ART. 33, § 2º, alínea ‘’c’’ do CP)

Pugna-se pelo regime ABERTO para cumprimento de pena, uma vez que o réu é
PRIMÁRIO E DE BONS ANTECEDENTES.

Ademais, o crime em comento é punido apenas com pena de DETENÇÃO e não


reclusão, com base no Art. 33, § 2º, alínea ‘’cc’’ do CP.

I) DA SUBSTITUIÇÃO DA PPL POR PRD

Como, o crime envolve violência, não cabe substituição.

Todavia, não sendo possível a substituição, considerar a primariedade do réu e bons


antecedentes para:

J) APLICAÇÃO DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA (ART. 77/CP)

Presente os requisitos para oferecimento da Suspensão Condicional da Pena,


prevista no Art. 77 do Código Penal.

III – DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer-se:

a) Reconhecimento da extinção da punibilidade;

b) Oferecimento da Suspensão condicional do processo;


c) Absolvição, nos termos do Ar.t 386, VI, do CPP;
Ou subsidiariamente
d) Pena base no mínimo legal, Art. 59 /CP;
e) Afastamento da reincidência, Art. 61, I, CP;
f) Reconhecimento da atenuante + 70, Art. 65, I, CP;
g) Reconhecimento da atenuante por amenizar consequências, Art. 65, III, b, CP;
h) Fixação do Regime aberto, Art. 33, § 2º, c, CP;
i) Substituição da PRD por PRL, se possível, Art. 44, do CP;
j) Suspensão condicional da pena, Art. 77, do CP;
k) Direito a recorrer em liberdade;
l) Direito a indenização mínima.

Termos em que

Pede deferimento

Local, data... (prazo dos memoriais: 5 dias)

Advogado: ...

OAB nº: ...

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