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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RS
ALPV
Nº 70040386187
2010/CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. CONVERSÃO DE SEPARAÇÃO


EM DIVÓRCIO. PARTILHA. DIVISÃO DE VEÍCULO
FINANCIADO, COM PAGAMENTO PARCIAL APÓS
A SEPARAÇÃO.
Tendo sido adotado o regime da comunhão parcial
de bens, devem integrar a partilha os bens
adquiridos na constância do casamento a título
oneroso, no que se incluem as parcelas do
financiamento contraído para aquisição de imóvel
pagas durante o convívio. As parcelas pagas pela
apelante após a separação fática do casal não
integram a partilha.
APELAÇÃO PROVIDA.

APELAÇÃO CÍVEL SÉTIMA CÂMARA CÍVEL

Nº 70040386187 COMARCA DE GRAVATAÍ

L.T.K. APELANTE
..
G.K. APELADO
..

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível
do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento à
apelação.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES. JORGE LUÍS DALL´AGNOL (PRESIDENTE) E DR.
ROBERTO CARVALHO FRAGA.
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Porto Alegre, 08 de junho de 2011.

DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO,


Relator.

RELATÓRIO
DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR)
Cuida-se de apelação interposta por Leni T. K. à sentença de
fls. 194/195 que, nos autos da ação de separação judicial litigiosa ajuizada
em face de Gilberto K., julgou parcialmente procedente a demanda, para o
fim de decretar a separação do casal e determinar a realização da partilha
de bens adquiridos durante o matrimônio à razão de 50% para cada uma
das partes, devendo a autora retornar a utilizar o nome de solteira.
Nas razões recursais, a autora insurge-se contra parte da
sentença que determinou a partilha integral do imóvel financiado junto à
Caixa Econômica Federal. Aduz que apenas oito parcelas foram pagas no
curso do matrimônio, tendo assumido as prestações com exclusividade após
a separação de fato. Entende injusta a partilha da totalidade do bem em
questão, visto que a separação fática ocorreu em agosto de 2007, sendo a
única responsável pelo pagamento das parcelas a partir de então. Colaciona
jurisprudência, requerendo a reforma da sentença no tópico, para excluir da
partilha as prestações pagas pela autora após a separação de fato do casal.
Requer o provimento do recurso (fls. 205/211).
Decorrido o prazo sem oferecimento de contrarrazões (fl. 213),
vieram os autos a este Tribunal.

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O Ministério Público, neste grau, pelo eminente Procurador de


Justiça, Dr. Luiz Cláudio Varela Coelho, declinou da intervenção (fls.
220/221).
Registre-se, por fim, que foi cumprido o comando estabelecido
pelos artigos 549, 551 e 552, todos do CPC.
É o relatório.

VOTOS
DES. ANDRÉ LUIZ PLANELLA VILLARINHO (RELATOR)
Trata-se de apelação interposta por Leni T. K. à sentença de
fls. 194/195 que, nos autos da ação de separação judicial litigiosa ajuizada
em face de Gilberto K., julgou parcialmente procedente a demanda, para o
fim de decretar a separação do casal e determinar a realização da partilha
de bens adquiridos durante o matrimônio à razão de 50% para cada uma
das partes, devendo a autora retornar a utilizar o nome de solteira.
Insurge-se a apelante contra a determinação de partilha
igualitária do imóvel da Rua Coronel Paiva, 81, Bairro Morada do Vale I,
Gravataí/RS, alegando que apenas oito parcelas do financiamento foram
pagas no curso do convívio entre as partes, descabendo a inclusão na
partilhar das parcelas pagas pela autora após a separação de fato do casal.
As partes contraíram matrimônio em 23 de janeiro de 1988,
adotando o regime da comunhão parcial de bens (fl. 13).
Da análise da prova coligida, notadamente do documento de
fls. 21/24, percebe-se que o imóvel em questão foi adquirido pelas partes em

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11.12.2006, mediante financiamento perante a Caixa Econômica Federal, a


ser pago em 59 meses.
Ainda que se considere como bem adquirido na constância do
casamento, não há falar em partilha da totalidade do bem. Isso porque, em
se tratando de bem financiado, somente cabe a partilha do valor pago até o
término do casamento, que ocorreu no momento da separação de fato, em
agosto de 2007.
A data da separação fática do casal restou incontroversa nos
autos e está amplamente retratada no Boletim de Ocorrência de fl. 19,
lavrado em 07.08.2007.
Desse modo, somente é possível a partilha dos valores pagos
até o mês de agosto de 2007, excluindo-se desta as parcelas pagas pela
autora após a separação de fato. Impende ressaltar que a alegação da
autora, no sentido de que assumiu com exclusividade o pagamento das
parcelas do financiamento após o término do casamento, não foi contestada
pelo varão.
Sobre tema, a jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. PARTILHA DE BENS.


CASAMENTO CELEBRADO PELO REGIME DA
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. Imóvel adquirido
através de financiamento. Deve ser partilhado, por
metade, apenas o valor das prestações
efetivamente pagas durante a constância do
casamento, porquanto, após a separação, as
prestações foram integralmente pagas pela ex-
cônjuge. Inexistência de prova de que o apelante
tenha repassado à ex-cônjuge 50% do valor obtido
com a venda do automóvel adquirido pelo então casal.
Apelação e recurso adesivo desprovidos. (Apelação
Cível Nº 70031677222, Sétima Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol,
Julgado em 23/02/2011) (grifei)

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APELAÇÃO. AÇÃO DE PARTILHA.


RECONHECIMENTO DE BENS COMUNS.
FORMAÇÃO DE CONDOMÍNIO. BEM IMÓVEL.
PERCENTUAL. REDISTRIBUIÇÃO. [...] Um
apartamento e a respectiva garagem foram adquiridas
antes do casamento pelo varão por financiamento, em
252 parcelas. Destas, 125 foram efetivamente pagas
antes da celebração do matrimônio. As restantes 127
foram pagas depois do casamento. O percentual
equivalente às parcelas pagas durante o
casamento é comum e deve ser partilhado
igualmente entre as partes. DERAM PARCIAL
PROVIMENTO AOS APELOS. (Apelação Cível Nº
70026292003, Oitava Câmara Cível, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em
12/03/2009) (grifei)

Desta forma, em relação ao imóvel da Rua Coronel Paiva, 81,


Bairro Morada do Vale I, Gravataí/RS, incluem-se na partilha apenas as
parcelas do financiamento pagas até a separação de fato do casal, ocorrida
em agosto de 2007, excluindo-se aquelas vencidas a partir de setembro de
2007, sob pena de enriquecimento sem causa por parte do varão.
Quanto à sucumbência, considerando-se o resultado do
presente recurso, deverá o demandado arcar com a integralidade das
custas, bem como honorários de R$ 1.000,00 ao patrono da autora, restando
suspensa a exigibilidade, em razão da AJG deferida na origem (fl. 163).

Isto posto, dou provimento à apelação.

DR. ROBERTO CARVALHO FRAGA (REVISOR) - De acordo com o


Relator.

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DES. JORGE LUÍS DALL´AGNOL (PRESIDENTE) - De acordo com o


Relator.

DES. JORGE LUÍS DALL´AGNOL - Presidente - Apelação Cível nº


70040386187, Comarca de Gravataí: "DERAM PROVIMENTO À
APELAÇÃO. UNÂNIME."

Julgadora de 1º Grau: DULCE ANA GOMES OPPITZ

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