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EDcl no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1822645 - SP

(2021/0012555-7)

RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


EMBARGANTE : ANA LUIZA BONUCCI DIETERICH
ADVOGADOS : CLITO FORNACIARI JÚNIOR - SP040564
FERNANDO HELLMEISTER CLITO FORNACIARI - SP194740
EMBARGADO : ANTONIO AUGUSTO DA ROSA NAGIB MURR
ADVOGADO : ROBERTO COSTA CAPUANO JUNIOR - SP186501

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC.
CONFIGURADA. EMBARGOS ACOLHIDOS COM EFEITOS INFRINGENTES.
1. Não havendo o Tribunal de origem apreciado as matérias suscitadas nos embargos
de declaração opostos pela ora embargante, configurada está a ofensa ao artigo 1.022
do Código de Processo Civil, a impor o retorno dos autos à origem para complementar
a devida prestação jurisdicional.
2. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os
Ministros da QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 22/11/2022 a
28/11/2022, por unanimidade, acolher os embargos de declaração, com efeitos modificativos,
nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e
Marco Buzzi votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.

Brasília, 28 de novembro de 2022.

MARIA ISABEL GALLOTTI


Relatora
Superior Tribunal de Justiça
EDcl no AgInt no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.822.645 - SP
(2021/0012555-7)

RELATÓRIO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI: Trata-se de embargos de


declaração opostos contra acórdão da Quarta Turma, assim ementado (fl. 693):

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. OFENSA AOS ARTS. 489 E 1.022 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015. INEXISTÊNCIA. REEXAME
DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ. DECISÃO
MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em ofensa aos arts. 489 e 1.022 do Código de
Processo Civil/2015 se o Tribunal de origem se pronuncia
suficientemente sobre as questões postas a debate, apresentando
fundamentação adequada à solução adotada, sem incorrer em
nenhum dos vícios elencados no referido dispositivo de lei.
2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria
fático-probatória (Súmula n. 7/STJ).
3. Agravo interno a que se nega provimento.

Insiste a ora embargante na violação dos artigos 489 e 1.022 do


Código de Processo Civil. Aponta omissão no acórdão ora embargado por deixar de
enfrentar os argumentos deduzidos no agravo interno acerca da existência de
negativa de prestação jurisdicional existente no acórdão do Tribunal de origem.
Aduz que o recurso especial merece ser provido para que seja
declarado nulo o acórdão da Corte local que julgou os embargos de declaração,
uma vez que não foram enfrentados dois pontos levantados pela parte, quais sejam
"valor do aluguel" e "definição das verbas de sucumbência".
A parte ora embargada não apresentou impugnação (fl. 709).
É o relatório.

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AREsp 1822645 Petição : 310391/2022 C542164155056281218854@ C06502340=461032461902@
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RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI


EMBARGANTE : ANA LUIZA BONUCCI DIETERICH
ADVOGADOS : CLITO FORNACIARI JÚNIOR - SP040564
FERNANDO HELLMEISTER CLITO FORNACIARI -
SP194740
EMBARGADO : ANTONIO AUGUSTO DA ROSA NAGIB MURR
ADVOGADO : ROBERTO COSTA CAPUANO JUNIOR - SP186501
EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. VIOLAÇÃO AO ART. 1.022 DO CPC.
CONFIGURADA. EMBARGOS ACOLHIDOS COM EFEITOS INFRINGENTES.
1. Não havendo o Tribunal de origem apreciado as matérias suscitadas nos
embargos de declaração opostos pela ora embargante, configurada está a ofensa ao
artigo 1.022 do Código de Processo Civil, a impor o retorno dos autos à origem para
complementar a devida prestação jurisdicional.
2. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos.

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VOTO

MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): Da análise dos


autos, verifico que a alegação de omissão é consistente.
O presente recurso foi extraído de decisão que negou seguimento a
recurso especial interposto em face de acórdão assim ementado (fl. 573):

AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE ALUGUEIS. CASAL


DIVORCIADO. APELADO PROPRIETÁRIO DE 50% DO IMÓVEL.
PROPOSITURA DA PRESENTE DEMANDA REVELA O
DESINTERESSE DO APELANTE EM PERMITIR A OCUPAÇÃO
EXCLUSIVA E GRATUITA DO IMÓVEL PELA EX-CÔNJUGE EM
SUA COTA-PARTE. COBRANÇA DE ALUGUEL DEVIDO A
PARTIR DA CITAÇÃO ATÉ A ADJUDICAÇÃO DOS OUTROS 50%
PELAS FILHAS DO CASAL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
NÃO PROVIDO.

Contra o referido julgado, a parte recorrente opôs embargos de


declaração alegando, em síntese: a) o acórdão não considerou que o valor devido
deve ser definido na proporção correspondente ao número de ocupantes do imóvel;
b) não foi analisado o pedido de redução do valor do aluguel (item 3 da apelação); c)
não houve exame do pedido de reconhecimento de sucumbência recíproca e
aplicação do art. 86 do Código de Processo Civil (item 4 da apelação).
Os embargos de declaração, no entanto, foram rejeitados sem enfrentar
os pontos indicados pela parte (fls. 620/623).
Por meio da decisão de fls. 672/674, confirmada pelo acórdão ora
embargado, neguei provimento ao agravo, por considerar completa a prestação
jurisdicional e incidente a Súmula 7/STJ.
Opôs a recorrente, então, os presentes embargos de declaração, ao
argumento de que foi omisso o acórdão agora embargado, que não se pronunciou
sobre os argumentos apresentados no agravo interno.
Assim posta a questão, assiste razão à embargante.
Com efeito, o acórdão ora embargado deixou de analisar as questões
apontadas no agravo interno, que indicam existência de omissão no julgamento da
apelação arguidas desde a petição de embargos de declaração opostos no Tribunal
de origem, referentes à ausência de análise do pedido de redução do valor do
aluguel fixado na sentença (item 3 do recurso de apelação) e de reconhecimento de
sucumbência recíproca, tendo em vista que o autor saiu mais vencido do que
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vencedor (item 4 do recurso de apelação).
Do exame dos acórdãos da Corte local, verifica-se que, de fato, mesmo
após oposição dos embargos de declaração, não houve pronunciamento acerca dos
pontos acima indicados (itens 3 e 4 do recurso de apelação).
Dessa forma, resta caracterizada violação ao art. 1.022 do Código de
Processo Civil, de modo que se impõe a cassação do acórdão que julgou os
embargos de declaração a fim de que o Tribunal de origem se pronuncie acerca dos
argumentos apontados como omisso no referido recurso, em especial os pedidos de
redução do valor do aluguel fixado na sentença e de reconhecimento de
sucumbência recíproca.
Em face do exposto, acolho os embargos de declaração, para,
atribuindo efeitos modificativos ao julgado, anular o acórdão de fls. 693/699 e a
decisão singular de fls. 672/674, e conhecer do agravo e dar parcial provimento ao
recurso especial, a fim de determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem para
novo exame dos embargos de declaração da ora embargante para que sejam
supridas as omissões acima indicadas.
É como voto.

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TERMO DE JULGAMENTO
QUARTA TURMA
EDcl no AgInt no AREsp 1.822.645 / SP
Número Registro: 2021/0012555-7 PROCESSO ELETRÔNICO

Número de Origem:
0700083-80.2012.8.26.0704 07000838020128260704 7000838020128260704

Sessão Virtual de 22/11/2022 a 28/11/2022

Relator dos EDcl no AgInt


Exma. Sra. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI

Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RAUL ARAÚJO

Secretário
Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI

AUTUAÇÃO

AGRAVANTE : ANA LUIZA BONUCCI DIETERICH


ADVOGADOS : CLITO FORNACIARI JÚNIOR - SP040564
FERNANDO HELLMEISTER CLITO FORNACIARI - SP194740
AGRAVADO : ANTONIO AUGUSTO DA ROSA NAGIB MURR
ADVOGADO : ROBERTO COSTA CAPUANO JUNIOR - SP186501

ASSUNTO : DIREITO CIVIL - COISAS - PROPRIEDADE - CONDOMÍNIO

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

EMBARGANTE : ANA LUIZA BONUCCI DIETERICH


ADVOGADOS : CLITO FORNACIARI JÚNIOR - SP040564
FERNANDO HELLMEISTER CLITO FORNACIARI - SP194740
EMBARGADO : ANTONIO AUGUSTO DA ROSA NAGIB MURR
ADVOGADO : ROBERTO COSTA CAPUANO JUNIOR - SP186501

TERMO

A QUARTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 22/11/2022 a 28/11


/2022, por unanimidade, decidiu acolher os embargos de declaração, com efeitos modificativos, nos
termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros João Otávio de Noronha, Raul Araújo, Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi
votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Raul Araújo.
Brasília, 29 de novembro de 2022

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